Revista Conexão Japão - Edição Agosto de 2018

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JAPÃO CONEXÃO

AGOSTo - 2018

quioto A cidade dos milhares de templos conheca a historia da kappa japonesa

nove Trabalhos japoneses Inusitados! ​​

entrevista com hideo kojima


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agosto - 2018

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atualidade

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entrevista

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curiosidades

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capa

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mitos e lendas

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poemas e historias

Japão recorda 73 anos do bombardeiro de Hiroshima

Descubra como pensa Hideo Kojima em seu novo game.

Nove Trabalhos Inusitados ​​ que Existem no Japão!

Os problemas que um trabalhador no Japão passa atualmente.

Kappa: A lenda do filho do rio do Japão.

“O mestre e o samurai”



“EXCEPCIONALMENTE FIEL AO LIVRO” “LINDO!”

BASEADO NO ROMANCE DE HARUKI MURAKAMI

NORWEGIAN WOOD ESCRITO E DIRIGIDO POR TRAN ANH HUNG


Atualidade

06/08/2018

Menina lança lanternas de papel no rio Motoyasu de frente para a Cúpula da Bomba Atômica

Japao recorda 73 anos do bombardeio nuclear de Hiroshima

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ançada em 6 de agosto de 1945, ‘Little Boy’ causou a morte de 140 mil pessoas no próprio dia e nas semanas seguintes; três dias depois, outra bomba atômica ating iu Nagasaki. ‘Se a humanidade esquecer a história ou deixar de confrontar-se com ela, poderíamos voltar a cometer um erro terrível’, afirmou prefeito em cerimônia. Uma sirene foi ouvida nesta segunda-feira (6) em Hiroshima, 73 anos depois do primeiro bombardeio nuclear da história, em uma cerimônia marcada pela advertência do prefeito da cidade sobre a volta do nacionalismo no mundo. No dia 6 de agosto de 1945, às 8h15 locais, o bombardeiro B-29 americano “Enola Gay” lançou sobre a cidade a bomba atômica chamada de “Little Boy”, o que provocou no

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texto de France Presse próprio dia e nas semanas seguintes a morte de 140 mil pessoas. “Se a humanidade esquecer a história ou deixar de confrontar-se com ela, poderíamos voltar a cometer um erro terrível. Por isto devemos continuar falando de Hiroshima”, declarou o prefeito Zaumi Matsui. “Os esforços para eliminar as armas nucleares devem continuar. Alguns países se mostram abertamente nacionalistas e modernizam seu arsenal nuclear, avivando tensões que foram mitigadas com o fim da Guerra Fria”, completou. O primeiro-ministro Shinzo Abe usou um tom menos categórico, em um discurso que voltou a deixar evidente as contradições japonesas sobre a questão das armas nucleares. No ano passado, o Japão decidiu

não assinar um tratado para proibir as armas atômicas, adotado na ONU, concordando assim com as potências nucleares que mencionam a ameaça norte-coreana para denunciar a ingenuidade do texto. “Nos últimos anos ficou claro que existem divergências entre países sobre as formas de reduzir as armas nucleares”, declarou Abe. “Nosso país quer atuar com paciência para servir de ponte entre as duas partes e liderar os esforços da comunidade internacional para a desnuclearização”, completou. Três dias depois da destruição de Hiroshima, uma segunda bomba atômica - “Fat Man” - atingiu a cidade de Nagasaki. Em 15 de agosto de 1945, o Japão anunciou sua rendição, o que abriu o caminho para o fim da Segunda Guerra Mundial.


28/08/2018

Japao diz que Coreia do Norte ainda e "ameaca grave e iminente"

Pessoas assistem uma TV transmitindo notícias sobre a Coreia do Norte disparando o que parecia ser um míssil balístico intercontinental (ICBM) que chegou perto do Japão em Seul, na Coreia do Sul, em novembro de 2017 — Foto: Kim Hong-Ji/Reuters

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C oreia do Norte continua representando “uma ameaça grave e iminente”, considerou nesta terça-feira (28) em seu relatório anual o ministro japonês da Defesa, apesar dos progressos diplomáticos dos últimos meses. No ano passado, em um momento de fortes tensões com Pyongyang pelos disparos de mísseis e testes nucleares, o presidente americano, Donald Trump, prometeu “fogo e fúria” contra a Coreia do Norte. Mas os Jogos Olímpicos de Inverno organizados na Coreia do Sul facilitaram uma aproximação que culminou em uma cúpula histórica, em 12 de junho em Singapura, entre Trump e o dirigente norte-coreano, Kim Jong-Un. No entanto, Tóquio mantém uma posição inflexível: “não há mudanças em nossa conclusão da ameaça

representada pelas armas nucleares e os mísseis norte-coreanos”, insiste o relatório. Esta ameaça, que continua sendo “sem precedentes”, de acordo com o Ministério, “prejudica consideravelmente a paz e a segurança da região e da comunidade internacional”, segundo o documento. O ministro da Defesa, Itsunori Onodera, leva em conta o “diálogo” estabelecido entre Coreia do Norte e seus antigos inimigos, mas destacou que “não podemos ignorar o fato que, ainda hoje, Pyongyang possui centenas de mísseis que colocam quase todo o conjunto do território japonês ao seu alcance”. Em resposta, o governo japonês reforça suas capacidades de defesa com regularidade. No fim de julho, anunciou um investimento de US$ 4,2 bilhões nos próximos 30 anos

para instalar e explorar o dispositivo terrestre americano de interceptação de mísseis. Além disso, o Japão reafirmou as suas “vivas preocupações” com as ambições militares e navais da China. Pequim “tenta modificar o status quo à força” na região, segundo o governo japonês. A porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Hua Chunying, rechaçou os assinalamentos do Japão, considerando que se tratam de “acusações infundadas” e “irresponsáveis”. “Esperamos que os japoneses não usem todo o tipo de desculpas para aumentar suas forças militares, mas que olhem para um panorama mais amplo de uma relação estável com a China”, disse.

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entrevista

13/06/2018

Hideo Kojima diz que fez jogo esquisito e misterioso de proposito para "incentivar imaginacao" Em entrevista exclusiva ao G1 na E3 2018, game designer falou sobre jogo intrigante: “Hoje em dia, todas as respostas estão por aí. Para mim, é mais interessante quando as pessoas podem imaginar”. texto de Bruno Araujo

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“Eu vim pra confundir. Eu não vim pra me explicar“.

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oderia ser só uma letra do Charlie Brown Jr., mas o verso acima descreve com igual precisão a mente do japonês Hideo Kojima. Game designer conhecido de nome, com pinta de gênio e criador de “Metal Gear“, uma das franquias mais populares dos videogames, Kojima é aquele tipo de cara que vive em seu próprio mundinho. E que, justamente por ser assim, mais

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uma vez é dono do jogo mais intrigante e esquisito do pedaço: “Death Stranding“. Os trailers divulgados até o momento têm feito um bom trabalho em manter o público engajado pelo seu mistério. Há bebês que se desmancham em óleo, criaturas voadoras e rostos famosos, mas muito pouco da trama e do que é, de fato, o jogo. Sobram perguntas para nenhuma

resposta e, pelo que apareceu até agora, pode-se até dizer que “Death Stranding” é um game de esporte. É que Kojima é uma figura muito peculiar. Em entrevista exclusiva ao G1 na E3 2018, repleta de exigências quanto aos temas abordados (Konami foi vetado), ele consegue ir de uma inesperada reflexão trabalhista...


hideo kojima Esse é o jeitinho Kojima de ser. Com uma metodologia que diz ter pegado emprestado dos filmes independentes, o game designer de 54 anos não quer facilitar a vida de ninguém: “Hoje em dia, todas as respostas estão por aí. Você procura e encontra as informações. Mas pra mim, é mais interessante quando as pessoas podem imaginar“, ele diz. “Estou distribuindo pistas, mas as respostas eu espero que as pessoas só descubram por conta própria quando o jogo sair”. O que o projeto “Death Stranding” significa pessoalmente pra você? Eu trabalhei para uma companhia [Konami] por mais de 30 anos. E agora tenho a minha empresa, tentando fazer as minhas coisas. Então esse projeto significa me reconectar aos jogadores, fãs, amigos, a muitas pessoas ao meu redor. E isso também é o tema do jogo. Me reconectar. Desde que você revelou “Death Stranding” há dois anos, o público

tem ficado cada vez mais animado com o jogo porque acredita muito no seu trabalho. Mas também rola uma confusão com os trailers. É intencional? Deixar todo mundo tentando adivinhar sobre o que se trata “Death Stranding“?

Vários atores famosos, como Norman Reedus, Mads Mikkelsen e agora Léa Seydoux e Lindsay Wagner, estão envolvidos nesse projeto. Quais são as maiores contribuições que essas pessoas podem trazer para o jogo?

Intencional ou não, é claro que as respostas para tudo estão dentro do jogo. As pessoas irão entender tudo quando ele for lançado. Não tenho a intenção de dar todas as respostas para promover “Death Stranding“ antes mesmo de ele estar pronto. As pessoas estão conectadas à internet, debatem e nós observamos tudo isso. E essa é a minha esperança, meu desejo é esse. Que as pessoas tenham essas discussões. Por exemplo, em um romance de mistério, existe um assassinato, um assassino, e os leitores teriam que descobrir quem é o assassino só no final do livro. Só que agora você tem uma infraestrutura de distribuição de informação que torna muito fácil descobrir quem é o culpado. Mas eu não acho isso divertido, não acho que isso entretém.

Atualmente, você consegue capturar todas as expressões dos atores e atrizes. Suas silhuetas, cada um dos seus traços. Até a sua aura, por assim dizer. Qualquer característica intangível pode finalmente ser expressada pela tecnologia, 100% digitalmente. E isso era impossível. O mistério em torno de “Death Stranding” existe como uma maneira de os fãs debaterem e teorizarem sobre o jogo. E isso de alguma forma colabora com seu trabalho, do mesmo jeito que os atores, que também estão colaborando. Você encara esse ciclo de desenvolvimento como uma grande parceria com público e equipe? Eu não posso colocar tudo o que as pessoas pedem, isso seria impossível. Mas mais do que receber cola-

‘Death Stranding’ — Foto: Divulgação / Sony

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borações das pessoas, eu quero me conectar com todo mundo. Você disse que o protagonista Sam é totalmente diferente des outros personagens de videogames. O que você pode falar sobre a sua personalidade? E como Norman lhe ajudou a trabalhar essa figura? A maioria dos personagens principais de games são da elite, são grandes heróis. Ou pessoas que têm poder político, são do exército, da polícia. Nos quadrinhos, você tem heróis que são princesas, deuses, reis. Nesse caso, Sam não tem nenhum poder público ou político. Ele é apenas um operário dessa organização. Ele até tem algumas habilidades únicas, mas o personagem foi desenhado de uma forma bem diferente do que tenho feito ultimamente. Suas roupas, seus equipamentos... Se você observar, por exemplo, as suas roupas, existem algumas linhas brilhantes que são símbolos de pes-

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soas que trabalham em construções. Já os objetos que podem parecer uma arma, a cor base deles é de elementos encontrados em locais de construções. Eu acho que isso vai passar uma impressão diferente. É um personagem mais próximo dos jogadores. Eu entrei nessa indústria por causa de Mario. E ele é um dos exemplos mais fáceis para lembrar como a maioria dos personagens de games têm habilidades especiais. Eles podem correr muito rápido, pular muito alto. Mas nesse caso é totalmente o oposto. Sam é uma pessoa normal. Ele anda na velocidade de uma pessoa normal. E parece ter habilidades comuns. Nesse caso, a humanidade de Norman, e o próprio Norman, se encaixaram muito bem com o personagem. Você sempre fala que é apaixonado por filmes. E longas como “Aniquilação” e “Raw” pintaram no seu Twitter como alguns dos que você

mais gostou de assistir neste ano. Há outras influências do cinema te ajudando a moldar a ideia de “Death Stranding”? Eu ouço muito essa pergunta e sempre fico intrigado. Porque não é como se eu assistisse um filme e falasse “Ok, essa será a referência para o que eu faço”. Eu assisto muitos filmes, absorvo e digiro o que vi e eles se tornam parte do que eu sou e do que eu crio. Sempre acho essa pergunta um pouco desconcertante. “Death Stranding” é um novo começo para você e sua equipe. Um novo estúdio, uma nova tecnologia. Foi com isso que você sempre sonhou para a sua carreira? Ter toda a liberdade possível para dar vida às suas ideias e inspirações? Essa também é uma questão que eu ouço bastante. Mas, por exemplo, hoje eu já tive várias ideias que gostaria de fazer. Todo dia tenho novas ideias que quero botar em prática.


pro pa gan da

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curiosidades

20/07/2018

nove Trabalhos Inusitados ​​ que Existem no Japao!

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texto de Silvia Kawanami

o Japão, o termo alemão arbeit é chamado de arubaito (アルバイト), ou simplesmente baito. Essa expressão é usada para se referir a empregos de meio período. Existem muitas razões para as pessoas fazerem baito e ganhar um dinheirinho extra é uma delas.

1 Baloon Watcher – Observador de balões Entre alguns dos trabalhos mais estranhos de meio período está o “Baloon Watcher”. Certa vez, no site da “Hello Work”, agência de empregos do governo japonês, havia uma empresa que estava recrutando pessoas para serem “Vigilantes de Anúncios em Balão”, um tipo de publicidade usada por grandes empresas e lojas de departamento. De acordo com o anúncio, o valor pago era de 5.300 a 7.300 ienes por dia, dependendo do número de horas de trabalho. Nada mal, levando em consideração que o serviço envolve basicamente ficar de olho nos balões para garantir que eles permaneçam adequadamente inflados e que não se desviem. E aí, toparia ser um “Baloon Watcher” nas horas vagas?

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Mas a verdade é que existem alguns serviços part-times muito incomuns no Japão e hoje nós vamos explorar alguns deles. Tenho certeza que você vai se impressionar com a nossa lista com trabalhos pra lá de inusitados encontrados na Terra do Sol Nascente.

2 Namorado (a) de aluguel A empresa Rentaru Kareshi permite que senhoras aluguem namorados. Beijar e sexo estão fora de questão, mas você pode segurar a mão e abraçar seu “namorado de aluguel”. A própria empresa declarou : “40% dos clientes são donas de casa e 50% solicitaram o serviço mais de uma vez. Esse serviço também é oferecido ao público masculino por algumas empresas. O “Moe Date” é um serviço de “aluguel de namoradas”, no qual muitos homens tem tido a oportunidade de vivenciar um namoro, mesmo que por um dia. Como deu pra perceber, muitas pessoas no Japão tem dificuldades de iniciar um relacionamento amoroso com o sexo oposto.

3 ‘Sakura’ – Convidados de casamento Este é um trabalho a tempo parcial no Japão, onde as pessoas podem se candidatar para serem “convidados de casamento”. Além de receberem dinheiro pelo serviço, os convidados podem comer as guloseimas do casamento de graça, como qualquer outro convidado. Os requisitos principais para esse serviço é ter boas maneiras e noções de hospitalidade. A Dairi é uma dessas empresas que contratam “convidados de casamento”, que são chamadas como “sakura” (サ クラ). Os candidatos precisam simplesmente comparecer a uma cerimônia de casamento para fazer parecer que há muitos convidados. O pagamento varia entre ¥5.000 a ¥10.000. Além de casamentos, essas pessoas podem ser chamadas para outros eventos!


curiosidades

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Observadores de locais para Jidouhanbaiki

Summelier – Sommelier de Vinagre

Narabiya – Substituto de lugar na fila Profissional

Com mais de 5,5 milhões de Jidouhanbaiki (máquinas de venda automática), você pode imaginar que a restrição de espaço é um grande problema. Não é fácil encontrar um ponto legal para implantar uma dessas maravilhas modernas e as empresas estão dispostas a pagar um bom dinheiro para obter uma boa seleção de pontos de colocação.

Mitsuyasu Uchibori é considerado o principal especialista em vinagre do Japão e seu ofício é chamado de “summelier (um trocadilho com a palavra “su” que significa vinagre em japonês). A família de Uchibori produz vinagre nas montanhas da província de Gifu há mais de 130 anos e seu nariz e palato foram treinados para detectar e distinguir vários níveis e notas de acidez.

Enquanto houver filas no mundo, os Narabiyas sempre terão serviço à rodo. Esses freelancers terão prazer em esperar em longas filas, contanto que você pague algum dinheiro por isso é claro. O valor pode variar, mas custa cerca de 15.000 ienes por até seis horas.

7 Ikemeso Danshi – Homem bonito que chora “Ikemeso Danshi” é a abreviação de “Ikemen de mesomeso naku dansei”, que podemos traduzir como “homens de boa aparência que choram”. Você deve estar se perguntando, que tipo de emprego é este? Bom, os “Ikemeso Danshi” são contratados para enxugar as lágrimas de suas clientes, aconselhando-as e ajudando-as a lidar com suas emoções O serviço foi idealizado pelo fundador da rui-katsu, Hiroki Terai, que fez do “alívio das tensões”, um negócio bastante lucrativo. Os contratados podem ganhar cerca de 8.000 ienes por hora, mas o trabalho provavelmente é bem instável, financeiramente e emocionalmente.

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Especialista em mau cheiro

Oshiya – Empurrador Profissional

Conhecido oficialmente como “Operadores de Medição Olfativa”, este trabalho requer realmente uma certificação nacional. O Japão é um dos poucos países a ter uma lei aplicável a odores no ambiente, conhecida como “Lei de Controle de Odores Ofensivos”. Os operadores de odores são obrigados a encontrar a fonte de maus odores e garantir que os limites de odores sejam mantidos para salvaguardar a população em geral. Atualmente, existem mais de 2.000 operadores de medição olfativa no Japão. Acredita-se que esses operadores ganhem anualmente em torno de 2,5 milhões de ienes a 5 milhões de ienes.

O Japão é de fato uma nação trabalhadora e se sente na obrigação de garantir que todas as pessoas cheguem a tempo em seus trabalhos. Por este motivo, as empresas ferroviárias contratam pessoas para empurrar passageiros dentro dos trens, um ofício chamado Oshiya. Como sabemos, várias linhas ferroviárias ficam incrivelmente congestionadas, especialmente na hora do rush, como pela manhã ou no fim da tarde. A função dos oshiya é colocar o máximo possível de pessoas no interior dos trens e metrôs antes de suas partidas.

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capa

30/08/2017

QUIOTO: a cidade dos milhares de templos Q

uioto, cidade localizada no centro sul do país, já foi a capital país até 1868, antes de passar para a metrópole de Tóquio. Conhecida também como a cidade dos samurais, ela preserva muitos prédios, templos e santuários bem antigos, que felizmente foram poupados da destruição na Segunda Guerra Mundial, quando cidades do Japão foram bombardeadas. Todos os templos proporcionam tanto aos seus membros quanto aos turistas uma verdadeira imersão religiosa. Caminhar pela cidade é um ótimo programa para observar cada detalhe e admirar como cada templo consegue ser mais bonito e energético que o outro. É impressionante, pois por todos os cantos se vê um altar, até mesmo em entradas de restaurantes é possível encontrar.

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texto de falandodeviagem.com.br Quioto também passou a ser bem conhecida por nome em 1997, quando depois de uma conferência foi elaborado o Protocolo de Quioto, que trata sobre redução de gases de efeito estufa. Hoje a cidade recebe diariamente muitos turistas e com mais de 1.800 templos é difícil definir quais priorizar, pois são muitos de origem budista e xintoísta principalmente, mas há também outros de religiões menores no país, como shinshukyô, shinkô-shukyô, cristão e o messiânico. Nossa visita na cidade durou apenas 2 dias inteiros, mas vale ficar pelo menos 5 dias inteiros, pois com certeza faltará tempo para visitar todos os lugares interessantes. Utilizamos o Bus Day Pass (Kyoto Bus) que é o mais recomendado e fácil

de comprar nas bancas de jornal. Pegamos o mapa da cidade e logo começamos pelo magnífico Kinkaku-ji, o Pavilhão Dourado, que se encontra com um lago a sua volta refletindo um lindo espelho na água. Ele é coberto de folha de ouro puro e já foi refeito algumas vezes devido a incêndios sofridos. Parece mais um quadro pintado de tão lindo! Ele fica no ponto Kinkakuji-michi, onde passam as linhas de ônibus 12, 59, 101, 102, 04 e 205.


quioto : a cidade dos milhares de templos

Caminhando pelos jardins, há um altar onde muitos religiosos aproveitam para orar.

Já no final da tarde fomos visitar o ao santuário e jardins do Heiankyo, que precisa de agendamento para uma visita guiada. No verão você verá um verde bem vivo por todos os jardins do Japão.

Depois seguimos para visitar o templo Daikakuji, que fica no ponto das linhas de ônibus 28, 61, 64, 71, 74 e 91.

Em frente ao Daikakuji é onde se encontra o Mokichi Okada Memorial Museum. Ambos ficam mais distantes da área central de Quioto e próximos aos pontos das linhas de ônibus 10, 11, 26 e 59.

Terminamos o dia na área de Gion, conhecida como o antigo bairro da geishas, que é um local bem movimentado e também indicado para hospedagem, pois fica perto de muitos pontos de interesse turístico. Há diversos restaurantes pelas ruas e os que ficam nos andares mais altos dos prédios normalmente são os mais frequentados pelos japoneses.

Lá você irá comer somente pratos típicos, porém pela barreira do idioma pode ser que ninguém do restaurante fale inglês e que você tenha que procurar por mais de um estabelecimento (caso queira um dos restaurantes nos andares mais altos dos prédios).

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O segundo dia reservamos para conhecer melhor a área de Gion e seus arredores. A região é grande e merece ser bem percorrida. Pelo mapa os pontos parecem perto uns dos outros, mas não são. Comprar o Bus Day Pass é o mais recomendado. Claro que caminhamos bastante, mas para ir a alguns templos é melhor otimizar o tempo e pegar um ônibus. Começamos a área na direção do caminho de bambus do templo Tenryu-ji. Descemos no ponto Gion, onde passam as linhas de ônibus 12, 46, 100, 201, 202, 203, 206 e 207. Até chegarmos no caminho de bambus passamos por diversos pequenos templos.

Para quem não quer caminhar há os Riquixás pelas ruas, que é um meio transporte de tração humana que puxa carroças com pessoas, principalmente turistas.

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03/08/2015


quioto : a cidade dos milhares de templos

Por Quioto ser uma cidade que recebe muitos turistas, há muitas placas indicando diversos lugares (em inglês), então é fácil se locomover.

Na área de baixo do santuário há três fontes, cada uma com um significado: prosperidade, amor e longevidade. As pessoas fazem fila na frente e se recomenda beber somente uma das fontes, pois consideram que mais de uma é visto como ambição exagerada. O ponto do templo é em Kiyomizudera, onde passam as linhas de ônibus 100, 202, 206 e 207.

Terminando o caminho de bambus, que parece mais uma floresta de bambus, andamos um pouco mais pela área de Gion e fomos conhecer o templo Kiyomizudera, que é um dos Monumentos Históricos da Antiga Quioto e patrimônio mundial da UNESCO. Ele é todo construído de madeira e sem nenhum prego usado em toda a estrutura.

Na parte da tarde fomos para o grandioso templo Fushimi Inari-taisha, um lugar com muitas subidas e trilhas na montanha e que de tão grande é fácil passar horas e mesmo assim não conhecer tudo. São diversos templos pequenos espalhados pelos 4 quilômetros de trilhas, onde em 3 horas achamos pouco perto do que ele proporciona.

Quioto é uma cidade linda, cheia de cultura, com muitos templos e com muita movimentação. Uma cidade imperdível para quem visita o Japão. Deixamos Quioto com a certeza de que ainda voltaremos para conhecer muitos mais templos, além de seus arredores, que também são áreas espetaculares.

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mitos e lendas

07/2018

KAPPA: A LENDA DO FILHO DO RIO NO JAPaO texto de Cacadoresdelendas.com.br

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K appa (filho do rio), é um antigo yōkai encontrado no vasto folclore japonês. Também é conhecido como Kawataro (menino do rio), Komahiki (puxador de cavalo), ou Kawako (criança do rio). É uma criatura mística que vive em rios, lagoas e lagos, por vezes classificado como um bakemono. Reconhecidamente maléfico, a ele é atribuído à maioria dos afogamentos de mulheres e crianças. Porém, dependendo da região, pode ser visto como uma criatura benevolente. Kappa deu origem a inúmeras lendas na “Terra do Sol Nascente”. Uma origem para os Kappas pode ser a de que eles sejam os fantasmas de pessoas afogadas. Ou seja, qualquer lagoa ou rio pode ter um. Eles possuem imensa força e podem facilmente dominar um humano. Em-

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bora a fonte deste poder venha da água armazenada dentro da depressão em sua cabeça. Esvaziar essa depressão enfraquece o Kappa, e isso pode ser feito curvando-se para o kappa após o encontro com um. Em uma demonstração de boas maneiras a criatura vai se curvar para trás e, assim, despejar o conteúdo de seu poder dando uma vantagem a vítima. Consideradas hermafroditas, essas criaturas assemelham-se a anões, tem o tamanho de uma criança, e a altura varia de 60 cm até um metro (dependendo da região). Com mãos e os pés palmípedes, em suas costas ostentam uma grossa carapaça de tartaruga. Sua descrição mais comum é de uma criatura, as vezes cabeluda, corpo escamoso, cor da pele variando do verde ao azul, amarelo e até mesmo vermelho. Seu rosto pode conter um

nariz adunco ou mais parecido com o de um macaco. Coroando a sua cabeça, há uma depressão circular cheia de água, necessária para manter seus poderes sobrenaturais quando fora d’água. Um kappa coberto com cabelo é conhecido como um Hyosube (uma classe mais cruel de Kappa). Kappa são geralmente vistos como instigadores perniciosos, suas ações podem variar de pequenas travessuras relativamente inocentes a ações mortais. O Kappa tem os gostos como o de um vampiro, ataca as pessoas quando se banham em lagos ou rios, sugando-lhes o sangue. Diz a lenda que, em algumas regiões do Japão, ele faz duas vítimas por ano. Quando estas saem da água mostram a pele empalidecida e vão definhando aos poucos até falecerem. Essas criaturas adoram passagens de gás, a qual sempre os deixa com


kappa odor de peixe. Maliciosos, também podem tentar olhar por baixo dos quimonos das mulheres, e nadar para baixo dos encanamentos a fim de golpear as nádegas das pessoas enquanto defecam. Assim como, mostrando o seu lado mais cruel, também podem tentar dominar uma pessoa ou animal para afogá-los. Um dos maiores prazeres do Kappa é desafiar os seres humanos para um confronto. Eles desafiam transeuntes para jogos como “Puxe-meu-dedo” e luta de sumô. Caso a vitória seja do yokai, ele geralmente afoga e devora o perdedor. Embora ele seja temível e briguento, é também extremamente educado, e sabendo tirar proveito dessa qualidade oportuna, poder-se-á ter uma chance de escapar da morte ao ser desafiado por ele. Quem receber um desafio do Kappa, deve se curvar profundamente diante dele, que por sua vez sentirá o dever de retribuir inclinando-se cortesmente, e ao fazê-lo, o líquido que é a fonte de sua força, escorrerá do orifício de seu crânio, deixando-o fraco. Então, ao desafiado cabe fugir o mais rápido possível, pois a fraqueza do Kappa é momentânea e o fluído se regenera ao simples contato com

a água. Mas, mesmo estando fraco, querer derrotar a criatura pode ser um desastre, pois dizem que o Kappa é indestrutível. Um conto fala de um samurai que aceitou o pedido de um kappa para um cabo-de-guerra. Felizmente, enganando o youkai, o guerreiro usou um cavalo para puxar em seu lugar. O demônio caiu, derramando o conteúdo de sua cabeça no chão. Então fraco demais para fugir, o kappa prometeu ensinar ao samurai seu conhecimento sobre massagem, caso pudesse ser liberado. Os Kappas são muito bem informados sobre assuntos de irrigação e medicina, a lenda diz que eles ensinaram a arte de configuração óssea para a humanidade. Podem restaurar seus ossos se forem quebrados em questão de minutos, e se parte de seu corpo for arrancada, ele pode prendê-la, unindo seus ossos e carne ao corpo, regenerando-se rapidamente. Em algumas lendas, conta-se que ele pode fazer crescer seus membros novamente. A lenda “A Criança do Rio”, conta que os japoneses aprenderam a curar fraturas com um Kappa, que ofereceu seus conhecimentos em troca do seu

Ilustração de um Kappa

braço que fora amputado por aldeões em um Vilarejo. Ele pediu aos moradores que trouxessem seu membro de volta, a comunidade então forçou o kappa a assinar um contrato em troca do braço perdido. A partir de então, o kappa passou a entregar um monte de peixes para a aldeia e advertir outros kappas para não passarem próximo ao povoado… Nas cidades da província de Shimane, os aldeões se referem ao Kappa como Kawako “A criança do Rio”. Existe um pequeno vilarejo na cidade de Matsue, onde às margens de um rio, foi erguido um pequeno templo conhecido como Kawako-no-miya,“Templo do Kawako”, que dizem conter um documento assinado pelo próprio Kappa. Em tempos idos, um Kawako (Kappa) que morava no rio de um vilarejo próximo a cidade de Matsue, adquirira o mau hábito de matar muitos habitantes das vizinhanças, inclusive seus animais domésticos. Em certa ocasião, um cavalo foi até o rio beber água, e o Kawako, tentando capturá-lo, avançou rapidamente para abocanhar seu dorso. Devido a estatura do cavalo, bem maior ao do Kawako, este acabou quebrando o pescoço, mas apesar da

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mitos e lendas

dor que sentia, recusou-se a soltar o animal. O cavalo ficou apavorado e empinou logo em seguida, saltou para a outra margem do rio, pulou a ribanceira e correu para o campo, sempre com o Kawako agarrado à sua crina. Do outro lado do campo, o dono do cavalo viu aquela cena inusitada e, juntamente com outros camponeses, foi ao encalço da estranha dupla conseguindo capturá-los. Seguraram fortemente a Criança do Rio, “Vamos matar esta terrível criatura”, disseram, “pois está provado que cometeu muitos crimes hediondos e faremos bem de nos livrarmos de tão temível monstro”. “Não”, replicou o dono do cavalo, “não vamos matá-lo. Vamos fazê-lo jurar que nunca mais matará nenhum dos habitantes da vila, nem seus animais”. Dado o fato, foi redigido um documento no qual o Kawako foi convidado a ler e assinar. “Não sei escrever”, disse a criatura arrependida, “mas posso mergulhar minha mão na tinta e a colocar sobre o documento, como prova do meu arrependimento e da minha palavra”. Depois do acordo firmado, o Kawako foi liberado e autorizado a voltar para o rio, mantendo-se a partir desse dia, fiel à sua promessa.

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Segundo o folclore, existe um modo de proteger-se do Kappa, mas este tem que ser precavido, pois a pessoa tem sempre que andar com cascas de pepino, e o Kappa tem que estar dentro d’água. Pois, além de sangue e carne fresca, o kappa também gosta de vegetais. Adoram principalmente berinjelas e pepinos. Diz-se que, se você talha o seu nome e idade, assim como a de seus familiares nas cascas de um pepino e, em seguida o joga na água para um kappa com fome, vai garantir que ele nunca possa prejudicá-los. Ao aceitá-lo, sentir-se-á moralmente obrigado a retribuir a gentileza, não fazendo mal a essas pessoas por ser educado e honrado. É devido a essa crença que o “makimono” (enrolados de arroz com pepino) se chama “Kappamaki”. Estas estranhas criaturas podem até fazer amizade com os seres humanos em troca de presentes e ofertas. E uma vez feito amizade, kappas são conhecidos por executar qualquer número de tarefas para seus novos amigos, como ajudar os agricultores a irrigar suas terras. Ocasionalmente, eles tem o dom de trazer peixe fresco, que é considerado como um sinal de boa sorte para a família que o recebe.

Ainda hoje, existem alguns festivais destinados a aplacar o kappa na esperança de receber uma boa colheita. Estas festas geralmente ocorrem durante os dois equinócios do ano, quando as criaturas viajam dos rios para as montanhas e vice-versa. Um Kappa também pode ser enganado a ajudar as pessoas, sendo que seu profundo senso de decoro, por exemplo, não lhes permitirá quebrar um juramento. Devido a estes aspectos benevolentes, alguns santuários são dedicados à adoração do kappa.

Estátua de um Kappa


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poemas e historias

"O mestre e o samurai" Certo dia, um Samurai, que era um guerreiro muito orgulhoso, veio ver um Mestre Zen. Embora fosse muito famoso, ao olhar o Mestre, sua beleza e o encanto daquele momento, o samurai sentiu-se repentinamente inferior. Ele então disse ao Mestre: - Por quê estou me sentindo inferior? Apenas um momento atrás, tudo estava bem. Quando aqui entrei, subitamente me senti inferior e jamais me sentira assim antes. Encarei a morte muitas vezes, mas nunca experimentei medo algum. Por quê estou me sentindo assustado agora? O Mestre falou: - Espere. Quando todos tiverem partido, responderei. Durante todo o dia, pessoas chegavam para ver o Mestre, e o samurai estava ficando mais e mais cansado de esperar. Ao anoitecer, quando o quarto estava vazio, o samurai perguntou novamente: - Agora você pode me responder por que me sinto inferior? O Mestre o levou para fora. Era um noite de lua cheia e a lua estava justamente surgindo no horizonte. Ele disse: - Olhe para estas duas árvores, a árvore alta e a árvore pequena ao seu lado. Ambas estiveram juntas

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ao lado de minha janela durante anos e nunca houve problema algum. A árvore menor jamais disse à maior Por quê me sinto inferior diante de você? Esta árvore é pequena e aquela é grande - este é o fato, e nunca ouvi sussurro algum sobre isso. O samurai então argumentou: Isto se dá porque elas não podem se comparar. E o Mestre replicou: - Então não precisa me perguntar. Você sabe a resposta. Quando você não compara, toda a inferioridade e superioridade desaparecem. Você é o que é e simplesmente existe. Um pequeno arbusto ou uma grande e alta árvore, não importa, você é você mesmo. Uma folhinha da relva é tão necessária quanto a maior das estrelas. O canto de um pássaro é tão necessário quanto qualquer grande orador, pois o mundo será menos rico se este canto desaparecer. Simplesmente olhe à sua volta. Tudo é necessário e tudo se encaixa. É uma unidade , ninguém é mais alto ou mais baixo, ninguém é superior ou inferior. Cada um é incomparavelmente único. Você é necessário e basta. Na Natureza, tamanho não é diferença. Tudo é expressão igual de vida.


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東京へ行きま しょうか? Devo ir à Tóquio?

もちろん。 Sem dúvidas que sim


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