. palavras de olhar
viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu
viu? fiu-fiu viu? ó! psiu fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu viu? psiu ó! fiu-fiu psiu viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó!
psiu ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu viu? ó! psiu fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu viu? psiu ó! fiu-fiu psiu viu? psiu,
ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu
ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu
viu? viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiufiu viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó!
psiu viu? fiu-fiu viu? ó! psiu fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu viu? psiu ó! fiu-fiu psiu viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu
viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó!
psiu viu? fiu-fiu viu? viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó!
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fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu viu? viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó!
fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu
psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu viu? ó! psiu
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fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu
psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu viu? ó! psiu
fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu viu? psiu ó! fiu-fiu psiu viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó!
fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu ó! viu? fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó! psiu viu? fiu-fiu ó! psiu viu? fiu-fiu viu? viu? psiu, ó! fiu-fiu psiu, ó! fiu-fiu, viu? ó! psiu viu? fiu-fiu, ó! fiu-fiu psiu ó! fiu-fiu viu? ó!
Toc –toc-toc A campainha Emudeceu. Toc-toc-toc O olho mágico Não viu. Toc-toc-toc Tem gente Ausente Na porta.
Palavras Em pressa Imprecisas Impressas A palavra
Precisa?
A palavra enxerga Não vê.
O que vê a palavra?
V i g e n t e V
i
g
i
l
V i v e n d o V i n g a n ç a s V
i
r
i
s
V i g o r o s o s V i c e j a n d o V i l a n i a s
V í s c e r a s V i s c o s a s Vituperando V í t i m a s
Vitrificante V i s l u m b r e V i n d o u r o
V i r ó t i c a s V i r t u d e s V i r t u a i s
Vermelho de ver-te espelho Vertendo de ver-me vergonha
VER ISTO?
desISTO dISTO resISTO insISTO nISTO
EXISTO!
. coisa de falar
A voz no poema aflora. A calma, meio dia da alma, refĂşgio de poeta. A voz da poesia silencia.
Poema, pequeno oรกsis para as coisas.
Palavra. Desfeita, desapegada, jazida. Poesia.
O s il ê n c i o o s c il a , a vo z s ib ila e gr it a . Ap e lo À pele
Fica .
100 x sem vozes sem vez, exclusĂŁo. Raiz quadrada, Noves fora, nada.
-1 SolidĂŁo.
Todo poรงo cala,
tudo posso.
O fundo traga,
todo pรณ inala.
Espelho fino, estilhaรงa.
O buraco da agulha, o alfinete e o prego. O buraco da agulha, o gatilho, a bala no cano. O buraco da agulha, a sutura, o berro na cara. O buraco da agulha.
A pose
comenta
o nobre.
A posse
fomenta
e come.
Na goela
o homem
a fome.
O avesso do
A moeda,
A palavra da palavra,
avesso,
o verso,
o semen,
o reverso.
a cara.
a lavra.
Na ver ve das palavras todas as coisas invernam.
. paisagens
A maré O mar A maré O mar Amar é Amarar O mar é Marejar A morte Clama Na morada Do mar A maré O mar A maré O mar Amor tecido Na rocha A morte Arada Em marfim
Desenho com a lua infinitos olhares. À mão, não. Então, pelos olhos, continuo afirmando a lua em mares contínuos. À mão, não. Desenho com a lua intermináveis infinitos.
Ao invés do invés, o mesmo.
Do convés As marés Da porta A saída Da estrada O horizonte Da janela O olhar Do andar O solo Da fechadura O segredo
Cirr ustratos Stratocumulus Cirrus Altostratus Cumulunombus Stratus Altocumulus Nimbostratus Cumulos Cirrocumulus
Nuvens de mim sonham acordadas em campos de cristais de gelo. Iluminam as têmporas embranquecidas pelo tempo. Nuvens para mim, em corpo febril sobre lençóis espalhados pelo chão. Nuvens, em novelos líquidos, enrolados nas pernas trêmulas, acirram desejos, e transpiram acúmulos trazidos pela distância. Nuvens em mim deságuam tempestades, gemendo raios e trovões.
O concreto flutua, entrelinhas astrais. O concreto flutua, entremeios ausentes. O concreto flutua, entrementes.
Concreto. Meus versos sĂŁo de plĂĄstico. Concreto, minha poesia em vasos.
Concreto. As linhas dos prĂŠdios, a forma dos carros.
Num avesso de cÊu, a lua escorre pelas nuvens e se dissolve em terra. Num avesso de cÊu, a lua escorre pela vidraça e se esconde em mim.
Palavras silentes no labirinto da pele.
. coisa de crer
A Deus. De tanto ser, crĂŞ ser. Esqueceu de ver, devir, de voar. De repente, mirĂades, mil vezes dez mil. Cresceu o ser de tanto olhar. Adeus.
Trindade.
Um terço, ajoelho e berro. Um terço de mim é saudade, um terço, para ti, é oração.
Uma marca no corpo de deus. Células se reproduzem à sua revelia. Átomos desorganizados flutuam num mar de insanidades. E o deus combatente se livra de nós, preservando os fluxos que infinitos nos encerram.
Soma
Une versos o corpo de deus. Universos de átomos somos. Semânticas redes de criação, verbo divino em palavra carne.
Ávida, a dúvida devida orbita. Duvida da dádiva viva. Aflita, a dúvida na vida. Na dúvida a vida gravita
Pouso só, penso solo, ouso pólen. Lentamente louco. Aquém é pouco.
Ser pรณ, Poente. Tรฃo rente, Sรณ gente.
. as horas
NTE O P e entre
dias
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e d r
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Sossego de pérola descansa no fundo da concha. Grão por grão. Sem pressa, sem o tempo de gente que olha. Silêncio de pérola acontece sem nada dizer,
simplesmente rola.
A destempo, Desperto longe de casa. Um desmundo desรกgua Num mar de desvarios. A destempo, O destino encadeia Renovados desatinos. Desencantados, Alguns desaparecem, Desenfreados, Outros despontam.
A destempo, Novos desvelos Se desviam pelo avesso Da destemperada monotonia. Desavenças, despedidads, DespropÊrios, indecencias. O estabelecido não se Desprende prontamente E a destempo O desejo desterra.
Num istmo suspenso um ĂĄtimo sem ritmo. Sujeitos suportam conceitos supostos. Complexo tempo que nĂŁo sobra.
Num ĂĄtimo suspenso sem ritmo. Sussurros suspeitos de sobras supostas. Sujeitos suportam O convexo tempo que nĂŁo dobra.
Passa
o tic,
passa
o tac,
Passa
o passo.
Passar,
eu posso.
O passa,
passa.
passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa passapassapassapassapassapassapassapassapassapassapasapassapassa
imperman ĂŞ ncia
fica
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Atravessar, passa. Tr a n s m i t i r , passa. E x c e d e r , passa. Tr a n s f e r i r, passa. S u p o r t a r , passa. Acontecer, passa. D e s a p a r e c e r, passa.
V
vai
o
c
ĂŞ
passar
p a s s a n d o
o
n
t e m p o
ĂŁ
o
vai passar.
Pari passu, O fosso A funda O poรงo A poรงa O preรงo A tulha O futuro A sombra.
Pari passu, O passo do passado apaga, a pressa do mundo, a praga.
Em pausa o tempo inspira Em pontos o gesto respira Em pausa o tempo suspenso suspira Em pontos o gesto respira Na pausa o tempo inspira Na pausa o tempo suspenso suspira Em pontos o gesto respira Em pausa o tempo inspira Em pausa o tempo suspira Em pausa o tempo suspenso respira Em pontos o gesto transpira
O gesto continuamente O gesto continuamente Continuamente Os pontos continuamente Os pontos continuamente Continuamente O tempo continuamente O tempo continuamente
. coisa de fazer
A rua assa seus miolos no asfalto. Arruaรงa. Caminho sem volta. Rebeliรฃo.
Amassei o papel antes de escrever. O escrito saiu rasgado, sem palavras, as letras ficaram turvas. E a poesia, incompetĂŞncia do poeta, foi esculpida em pequenos pĂĄssaros sobre a mesa.
qu
a rei a ter r a lar de estre la tĂŁo dis tan t
qu
e jĂĄ paz sou
o feito afaga o gesto
rarefeito
o resto apaga
em for ma refaço disfarço distorço
de sonho composto o retrato o plausível
retorno em força descanso desfaço
em imagem o sentido visível o espaço
de aรงo refeito o jeito o peito
em for ma componho desfoco contorรงo
ao passo em ato o leito o cansaรงo
desfeito engano refaรงo construo
Tomei um café sem testemunhas. Silente, a xícara me acolheu, o grão liquifeito escorreu pelos dedos, engoli as palavras pelos olhos úmidos.
Com Zé, desatino. Sem Tom, desafino um samba canção de trêmulas letras sem música.
Cabelos e plantas cresciam no alto do prédio. Bem embaixo do meu nariz e um pouco acima do céu da boca. No gesto do flash, auroras boreais se anunciavam no box do banheiro. Surgiam desenhos limpos de cabelos recém lavados, banhados à luz de velas e colhidos nos roseirais que brotavam no telhado da janela. Tudo feito na ponta dos dedos. Nada decorado. A nudez era necessária, pois não se deve querer que os fios se prendam nas roupas, nem que as roupas sequem a pele.
A fatura, farta do cotidiano de banhos frios em dias quentes, despertava devaneios em linhas curvas. Às vezes, alguns pentelhos se misturavam a eles nos quadrados cerâmicos que assavam no forno da cozinha, não muito distante dali. Lágrimas pingavam do chuveiro fazendo espuma branca aos borbotões. Elas rolavam joelho abaixo levando um ou outro fio que sofria dos nervos. Fraquinho, coitadinho! Não fora pelas mãos pouco habilidosas, mas de caridade onírica, que os recolhia dando-lhes abrigo e testemunho através da inutilidade necessária da colheita, teriam descido pelo ralo, indo desaguar num bueiro qualquer da cidade que não dormia.
. caminhante
A libĂŠlula burla o vento, bole com o tempo. A leveza liberta. Eu? Carrego terra na sola dos pĂŠs, semeio passos em vĂŁo. Livre?
O caminho é tudo que levo. Às vezes, sigo por aí feito poeira sem vento, outras, feito andorinha no fio. Repouso. O caminho a inventar, o caminhar.
O caminho é tudo que leve se ausenta.
Caminho nas entrelinhas. Entre tantos passos, entre parentesis, A poesia Caminhas Entre linhas. Entretanto, (entre poesias) existias. Ias alĂŠm e mais.
De lírios não vejo nem a cor. Nas vigas navego, vagueando em ondas de (s) construção. Sou por aí multiplicada, Miríades de mim desconectada.
Sítio da Conceição Rua Wilma Flor Rua Cacheiras das Graças Rua Cachoeira do Triunfo Rua Cacheira Morena Rua Velho Tema Rua Pequeno Romance Rua Feliz Regresso Rua Semente de Amor Rua Doce Coração Rua Milagre dos Peixes Rua Comitiva Esperança Rua Cabocla da Lua Nova Rua Conto de Areia Rua Lua Cirandeira Rua Canção da Indiazinha Rua Caderno de Viagem Rua Pai Nosso Rua Igarapé Serra Encantada Rua Igarapé Torre da Lua Rua Igarapé Santa Cruz Rua Igarapé da Fartura Rua Igarapé da Idéia Rua Quinta Sinfonia Rua Sonata do Adeus Rua Constelação Rua Madeira de Cheiro Rua Nascente Rua Meu destino.
Na rua dos pensamentos poéticos, madeira tem cheiro e as mulheres são flores que perfumam a torre da lua. Lá, as cachoeiras tem Graças e triunfam sobre o velho tema da dor. Na rua dos pensamentos poéticos, pequenos romances regressam felizes como sementes de amor plantadas nos doces corações de morenas cacheadas. Lá, os peixes se multiplicam em comitivas de esperança, enquanto a cabocla encanta a lua nova com seus contos de areia. Na rua dos pensamentos poéticos. A lua cirandeira recita versos de Cecília rascunhados em cadernos de viagem. Uma serra encantada ainda pulsa na memória. Lá, igarapé é crente, reza o pai-nosso ao pé da santa cruz. Lá, igarapé é farto de ideias e musicalidade. Suas águas ecoam sinfonias. Na rua dos pensamentos, a nascente dos destinos poéticos se constela, no periférico leste distante.
Como uma fita de moebius amanheci duas vezes na ausência dos teus olhos. Adormeci profundamente na presença da tua saudade. Silenciei três vezes o suspiro do beijo anelante.
E n q u a n to E n q u a n to E n q u a n to E n q u a n to E n q u a n to E n q u a n to E n q u a n to
você você você você você você você
dor m ia dor m ia dor m ia dor m ia dor m ia dor m ia dor m ia
Leve, a pedra pensa.
Leve a pedra a pensar.
Leve a pedra, apesar.