Distribuição Gratuita
Ano I - Edição no 4 - Setembro / Outubro 2011
Entrevista
Memória
Vereador Gilberto Natalini abre seu gabinete para que moradores protocolem pedido de construção de UBS no bairro. página 7
Rua Engenheiro Fox é uma homenagem a engenheiro inglês da SPR, responsável pela construção das ferrovias em São Paulo. página 6
O fim do túnel
Urbanismo
THIAGO LIBERATORE
Se promessa da CPTM for mesmo dívida, passagens de nível na Lapa serão extintas em 2015, com a construção de moderna estação. página 3
Conservação do local é precária
Subprefeitura da Lapa leva adiante projeto de revitalização do Largo da Lapa, resgatando sua função urbana, como a integração dos moradores com esse espaço público. Projeto arquitetônico e paisagístico, elaborado pela empresa Tec Urbes, vencedora de licitação, foi apresentado e debatido com a comunidade da Lapa de Baixo. página 4
editorial
Obras e serviços
É
mais do que bem-vinda a decisão da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) de levar adiante a decisão de construir uma nova Estação Lapa, unificando, dessa maneira, o embarque e desembarque de passageiros que se utilizam das linhas 7 (Estação da Luz – Jundiaí) e 8 (Júlio Prestes-Itapevi). Do ponto de vista técnico, a decisão foi tomada por conta do aumento da demanda (em boa parte devido ao uso do bilhete único), que tem gerado problemas nas plataformas, que já não mais oferecem conforto e segurança aos passageiros. Outras estações na região da Subprefeitura da Lapa, como a Água Branca, por exemplo, passarão por processo semelhante de reforma, de modo a atender o fluxo cada vez maior de usuários que recorrem ao transporte coletivo por meio de trilhos. A título de memória histórica, vale a pena recordar que a Estação Lapa na linha de Jundiaí nasceu em 1889. Em 1979 recebeu a configuração atual. Na linha que vai até a Itapevi, a Estação Lapa data de 1958, mas a plataforma de embarque e desembarque da estação foi terminada apenas em 1961. A atual plataforma é obra entregue em 25 de janeiro de 1979, dia do aniversário da cidade de São Paulo. Do ponto de vista da zeladoria urbana, o projeto da nova Estação Lapa contempla antiga demanda dos moradores
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da Lapa de Baixo: respeito ao pedestre que se desloca do bairro para a Lapa e vice-versa. De fato, é inaceitável que tais deslocamentos sejam feitos, ainda hoje, por passagens de nível totalmente inseguras e sujas. Uma delas, a da John Harisson, sequer pode ser considerada como um túnel que liga um bairro ao outro. Na verdade, trata-se de antiga galeria de águas pluviais adaptada como passagem de nível. Com a construção da futura estação, novos e modernos acessos serão criados, permitindo a ligação Lapa-Lapa de Baixo de forma adequada e cidadã. Não obstante os esforços da subprefeitura em melhorar as condições da circulação nas passagens de nível – colocação de bomba hidráulica e rigor na fiscalização do comércio ambulante, impedido de ficar nesses locais por conta da Operação Delegada – é preciso que o poder público promova, com urgência, ações em favor dos usuários do trem e dos moradores. Afinal, a obra proposta pela CPTM só estará concluída em 2015, segundo cronograma apresentado pela empresa, isso num cenário de normalidade jurídica em relação ao andamento do processo de licitação. Caso ocorram recursos judiciais impetrados por uma oumais empresas que venham a se habilitar para a execução do projeto, o prazo de entrega será ainda maior. Vale lembrar que, recentemente,a licitação para obras de combate às en-
chentes na movimentada região da Rua Guaicurus e Viaduto da Lapa ficou parada na Justiça por vários meses, comprometendo a execução de um projeto que, se não for implementado inviabiliza a inauguração do Poupatempo prevista ainda neste segundo semestre. A manutenção das passagens de nível da CPTM, por força de um acordo entre Prefeitura e governo estadual, é de responsabilidade do poder público municipal. Cabe, então, ao prefeito Gilberto Kassab agir em benefício da população e autorizar serviços de revitalização nessas passagens em particular iluminação e pintura (interEDUARDO FIORA na e externa).
zes de iniciar um movimento em direção à revitalização do bairro, onde um jovem ator, com apenas 10 anos de vida no bairro, as Faculdades Integradas Rio Branco, se mostrava pronto a encarar esse desafio. Para discutir as mudanças necessárias para revitalizar a Lapa de Baixo nada melhor do que um meio de comunicação dirigido para quem mora e/ou trabalha no bairro e editado por uma empresa, a Página Editora, que há 15 anos se dedica à difusão da informação em caráter regional, mais especificamente, em bairros da Zona Oeste de São Paulo.
Uma parceria entre Página Editora e Faculdades Integradas Rio Branco possibilitou o nascimento do Nova Lapa, no segundo semestre de 2010 num modelo bem definido: os alunos dos cursos de Jornalismo e Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco participam do Nova Lapa ativamente, seja apurando e escrevendo reportagens, seja diagramando as páginas do jornal, cujo projeto gráfico foi concebido por estudantes matriculados no curso de Editoração. Toda essa produção é coordenada por profissionais da Página Editora, que também é respon-
DIRETOR
Ubirajara de Oliveira EDITOR
Eduardo Fiora REDAÇÃO E REPORTAGEM
Diego de Castro Bremer, Patrícia Candelária eTatiana Lanzelotti (alunos do curso de Jornalismo das Faculdades Integradas Rio Branco) PROJETO GRÁFICO
Bárbara Gabriela Duram Santos, Daniele Correia Szakacs, Monike Pereira, Sérgio Luiz Lopes (alunos do curso de Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco) DIAGRAMAÇÃO
Luciana Silva Rodrigues, (aluna do curso de Editoração das Faculdades Integradas Rio Branco) PUBLICIDADE
Rosana Braccialli DISTRIBUIÇÃO
Pedro de Jesus Secco IMPRESSÃO
Prol Gráfica TIRAGEM
3 mil exemplares O Jornal Nova Lapa é uma publicação bimestral da Página Editora Rua Marco Aurélio, 780 Vila Romana - CEP 05048-00 Tel.: 3874-5533 Distribuição gratuita na Lapa de Baixo
objetivo e parceria Iniciativa da Página Editora, o Jornal Nova Lapa é projeto pioneiro no âmbito do jornalismo regional ou comunitário, classificações usadas quando se quer falar sobre jornais com circulação restrita a determinados bairros de uma cidade. O pioneirismo se dá pelo modo com que foi concebido e pela forma com que é produzido. A gestação do Nova Lapa teve início em 2009. Naquele ano, lideranças comunitárias colocaram na pauta de discussões a fragilidade do atual tecido urbano da Lapa de Baixo e formas de atuação capa-
sável pela captação dos recursos financeiros que viabilizam a publicação do jornal. A essa parceria inicial se juntou, posteriormente, grupo Editorial Pearson (do qual fazem parte prestigiosas publicações como o jornal Financial Times e a revista The Economist, além de livros com o selo Penguim e Makron Books). A Pearson entendeu, perfeitamente, a dimensão e o alcance do projeto e decidiu difundir no Nova Lapa mensagens de caráter institucional, viabilizando, assim, essa primeira etapa do projeto. Novos parceiros estão sendo sondados e convidados a participar do projeto
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transporte
THIAGO LIBERATORE
Luz no final do túnel: CPTM unificará embarques TATIANA LANZELOTTI
Uma antiga fonte de confusão para os usuários dos trens da CPTM, formalizada inclusive nos mapas de linhas colocados nos vagões e nas plataformas, vai finalmente terminar. A Lapa deve ganhar uma nova estação de trem que unificará o embarque das duas linhas que cruzam o bairro: Diamante ( Julio Prestes – Amador Bueno) e Rubi (Barra Funda – Francisco Morato), que contavam com estações próximas, com o mesmo nome, mas que efetivamente não possuíam nenhuma ligação física. Os planos da CPTM – Companhia Paulista de Trens Metropolitanos – foram apresentados pelo diretor de planejamento da empresa, Silvestre Eduardo Rocha Ribeiro, ao deputado federal Carlos Zarattini e ao deputado estadual Luiz Claudio Marcolino, ambos do PT e membros do G-10, grupo de deputados federais e estaduais engajados com as questões referentes à região da Subprefeitura da Lapa. De acordo com o calendário da CPTM, ainda neste semestre será apresentado o primeiro projeto executivo da nova estação. Em 2012 serão feitos ajustes no projeto e as licitações das obras, que iniciam em 2013. A nova estação Lapa será entregue à população no início de 2015. Ela será totalmente acessível e vai estar localizada na rua John Harrison, com entradas e saídas pela Rua 12 de Outubro, pelo terminal de ônibus e também pela Lapa de Baixo” afirmou Rocha Ribeiro. Assim, os túneis usados para atravessar a linha do trem serão eliminados.
Passagem atual é fonte de queixas por parte da população
Pensando na Operação Urbana Lapa Brás, que prevê o aterramento dos trilhos, as entradas da nova estação serão subterrâneas.
“Nova estação será totalmente acessível e estará localizada na rua John Harrison com acessos pela Rua 12 de Outubro” Dessa forma, quando as obras da Operação Urbana estiverem concluídas, a estação já estará adaptada. Corte nos recursos Luiz Claudio Marcolino, tomando por base os problemas
enfrentados pelos usuários da CPTM faz uma análise da política de investimento em transporte metropolitano no Estado de São Paulo nos últimos anos. Segundo ele, houve um corte na aplicação dos recursos no setor no governo Serra. “A redução foi mais de 50% só para o primeiro semestre de 2011”, denunciou Marcolino, que vê uma continuidade na redução pelo governo atual. “Além disso, falta proposta para a política de investimentos”, afirma Marcolino Para o deputado, quem paga por isso é a população, que “sofre com as superlotações e as panes ocorridas nos trens do Metrô nos últimos anos”. De acordo com o parlamentar, do G-10 tanto em qualidade quanto em quantidade a situação dos transportes metropolitanos de São Paulo é muito ruim. “Nesse quesito, lamentavelmente, ainda estamos abaixo da média mundial”, afirmou Luiz Marcolino
Deputado cobra agilidade em projeto “Cobramos os prazos para as obras de requalificação da Estação Lapa, que se encontra deteriorada, com problemas de acessibilidade e vem, inclusive, depreciando o bairro”. É o que sustenta o deputado federal Carlos Zarrtini (PT). “Mais uma vez, em nome dos vários projetos e estudos que devem ser feitos e da não prioridade com a vida
do povo, os prazos apresentados pelo Governo do Estado para a solução dos problemas são bastante largos, ultrapassam os 4 anos. Enquanto isso, a população mais pobre continua tendo de utilizar um péssimo transporte público e o caos no trânsito vai aumentando, já que muitas pessoas passam a utilizar o automóvel como meio de transporte mais confortável”.
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JORNAL NOVA LAPA
TIAGO DE CARLI
urbanismo
Revitalização recuperará as funções urbanas perdidas ao longo do tempo
PATRÍCIA CANDELÁRIA
Numa feijoada organizada pela Associação Amigos da Lapa de Baixo, foi apresentado o projeto de reurbanização do Largo da Lapa, localizado nos cruzamentos da Rua Félix Guilhem com Rua Engenheiro Aubertin. Uma vez concretizado,o projeto beneficiará toda a população residente da área. “O objetivo é melhorar a circulação e segurança do pedestre, permitir acessibilidade a deficientes físicos, propiciar lazer e conforto para todas as idades” afirma o subprefeito da Lapa, Carlos Fernandes, que teve a iniciativa de propor a revitalização da área. A reforma será entregue ainda este ano pela empresa TC Urbes, especializada em arquitetura e paisagismo; com o financiamento da subprefeitura. Os espaços não utilizados serão integrados e haverá 95% de permeabilidade da área através de pisos drenan-
tes. A preservação e ampliação da massa arbórea serão feitas com o plantio de árvores como: Ipê roxo e amarelo, Pau- Brasil, Quaresmeira e Pitangueira. Além de diversas flores e plantas rasteiras, com texturas, cores e alturas diferenciadas, as quais darão mais vida à região. Os pedestres serão priorizados, mediante a redução da velocidade, e conseqüente diminuição do tráfego de veículos. Ocorrerá, ainda, a melhoria da área de lazer, com outras atividades como pequenos shows e feiras. Haverá a implantação de novos postes de luz, mesas de jogos, e bancos de madeira com encosto. Os espaços serão organizados respectivamente em: jardim, boulevard, área de estar e jogos, área de estar e convívio, praça da música, banca de jornal e paraciclos. A comunidade acolheu positivamente a iniciativa da subprefeitura. Para o morador José Trindade: “O projeto vai contemplar a melhoria da Lapa”. Na mesma
linha segue a vice-presidente da Associação Amigos da lapa de Baixo, Rosana Atafin: “O projeto vai atender às expectativas da área trazendo grandes benefícios”. Segundo Simone Gatti, arquiteta responsável pela proposta apresentada à comunidade, o atual espaço utilizado pela população não tem estrutura e é uma região muito carente de área verde. “Acreditamos que requalificando áreas como esta, melhorando o paisagismo, as calçadas, possibilitando que as pessoas se apropriem dos espaços públicos, haverá uma melhora na questão da segurança”, afirma Simone. “Isso possibilita a criação de um espaço de lazer. Melhora também a mobilidade em relação aos veículos e ao pedestre, que hoje não se desloca com segurança, porque as calçadas não têm estrutura para isso. É um potencializador de melhoria urbana que começa com um pequeno projeto e depois pode se expandir em vários outros”.
“Para moradores, o projeto de reurbanização atende às expectativas e trará melhorias para a Lapa de Baixo”
A revitalização do Largo da Lapa começou a ser avaliada ainda no primeiro semestre de 2010, quando subprefeito da Lapa, Carlos Fernandes, reuniu sua equipe para estudar as demandas dos moradores e comerciantes da Lapa de Baixo. Era um momento em que o bairro esatva no centro das atenções por conta do anúncio da Operação Lapa-Brás, que uma vez aprovada modificará completamente mão só a Lapa de Baixo, mas boa parte da Lapa e também da Vila Pompeia. Decidiu-se, então, pela contratação de uma empresa, via licitação, capaz de elaborar projeto executivo (completo), arquitetônico e paisagístico de uma área, que, no passado, cumpria importante papel urbano, mas que, ao longo do tempo, passou por um processo de desvalorização. A vencedora do processo de licitação foi a TC Urbes, empresa que já havia participado de outra concorrência, o projeto de revitalização da Praça Guernio Ricciotti, no Distito do Jaguará. TIAGO DE CARLI
Sub apresenta e debate reurbanização do Largo
Projeto completo
Largo é um dos mais importantes da região
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zeladoria
Reforma depende de liberação orçamentária
Melhorias na passagem de nível na Rua John Harrison, dependem da liberação, por parte do prefeito Gilberto Kassab, de R$ 100 mil, valor de emenda parlamentar ao orçamento municipal, de autoria do vereador Eliseu Gabriel (PPS), membro do G-8, grupo de vereadores engajados com as questões da região da Sub Lapa. A emenda encaminhada por Eliseu teve como destino final a Secretaria Municipal de Infraestrutura Urbana e Obras (Siurb) e fazia parte da cota de R$ 3 milhões a que cada vereador tinha direito de incorporar ao orçamento aprovado pela Câmara no final de 2010, num total de R$ 165 milhões. Porém, o prefeito Gilberto Kassab acabou congelando R$ 55 milhões. Sendo assim, cada parlamentar teve sua cota reduzida para R$ 2 milhões em emendas. Os R$ 100 mil liberados via
Eliseu Gabriel para a passagem de nível estavam incorporados, justamente, na cota de R$ 1 milhão congelado.
Novos recursos Se por um lado a Lapa de Baixo perde com o congelamento de verbas do Orçamento, por outro o bairro ganha com a liberação de recursos via emenda parlamentar ao orçamento municipal feita pelo vereador Roberto Trípoli (PV), líder do governo Kassab na Câmara Municipal. Recentemente, ao participar de almoço na sede da Associação Amigos da Lapa de Baixo, Trípoli confirmou a liberação de um R$ 1 milhão para obras e serviços na região da Subprefeitura da Lapa. Parte dessa verba (R$ 200 mil) será usada no projeto de reurbanização do Largo da Lapa. “Não adianta colocar dinheiro onde tem gente que não sabe gastar. Tendo um bom subprefeito, como é o caso do
Carlos Fernandes, colocamos emenda no orçamento”, afirma Trípoli. A emenda do vereador do PV beneficiará, sobretudo, áreas verdes da região da Subprefeitura da Lapa. Operação Urbana No almoço com a comunidade, Trípoli falou, também, sobre as Operações Urbanas (Lapa-Brás e Água Branca), ambas com implicações diretas e indiretas na região da Lapa de Baixo. “Líder do governo, é meu dever encaminhar esse projetos para que sejam votados no plenário da Câmara. Mas estarei sempre aberto ao diálogo com a sociedade, que tem o direito de apresentar sugestões em relação ásd dus Operações Urbanas”, afirmou Roberto Trípoli. . THIAGO LIBERATORE
THIAGO LIBERATORE
Retida verba para passagem de nível
Antigo problema A passagem de nível da John Harrison, região do Mercado da Lapa, é um dos problemas crônicos do Bairro. Improvisada como ligação Lapa-Lapa de Baixo, o local, na verdade, é uma antiga galeria adaptada. A comunidade, há anos, protesta em relação às condições da passagem pedindo segurança, limpeza, iluminação. A questão da segurança melhorou durante o dia, quando está valendo a Operação Delegada (parceria entre Prefeitura e governo estadual com a PM atuando na fiscalização dos ambulantes). Porém à noite, o local é considerado inseguro pela população. (TL e EF)
Tripoli (D) e Fernandes visitaram o bairro
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JORNAL NOVA LAPA
REPRODUÇÃO
memória Abrir túneis era a tarefa mais árdua e perigosa de toda a construção e permaneceu assim durante todo o século. O emprego de tecnologia mais avançada na perfuração de túneis, como perfuratrizes de ar comprimido e dinamite, só ocorreu no final da década de 1870. Homens e animais
Engenheiro Fox e a ferrovia em São Paulo Em fevereiro de 2010, Maria Lúcia Lamounier (Professora Associada do Departamento de Economia da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto, FEA-RP/USP) apresentou no II Congresso Latino-Americano de História Econômica (CLADHE II), Cidade do México, o trabalho “A construção de ferrovias no Brasil no século XIX: empresas, empreiteiros e trabalhadores”. O texto da docente, mostra, entre outras cosias, as dificuldades inerentes à grande obra de engenharia e traz importantes depoimentos de engenheiros da São Paulo Railway (SPR), empresa inglesa responsável pela implantação das ferrovias no século retrasado. Foi a partir dessa infraestrutura dos trilhos que a região da Lapa passou a se desenvolver economicamente. Um dos relatórios citados pela docente da USP leva a assinatura do engenheiro inglês Daniel Fox. Na Lapa de Baixo, a Rua Engenheiro Fox é uma homenagem a esse profissional dos trilhos. “ Os relatórios dos engenheiros que administravam as obras de construção das ferrovias trazem descrições minuciosas dos diversos
tipos de dificuldades que eram encontradas”, conta Maria Lúcia. O relato de Daniel Fox contém inúmeros exemplos dos obstáculos enfrentados por sua equipe durante a construção da estrada que ligava Santos a Jundiaí, especialmente na serra. Fox (1870) observa que: “[...] apenas aqueles engenheiros que tenham feito levantamentos topográficos em florestas tropicais podem ter uma idéia clara do imenso trabalho envolvido na exploração e seleção de uma rota de ferrovia em um país como o Brasil, especialmente nas escarpas da Serra do Mar. Para aumentar ainda mais as dificuldades, a serra [...] da garganta mais profunda ao pico mais elevado, é coberta com floresta quase impenetrável, através das qual o explorador tem de se guiar por trilhas estreitas [...] A equipe de exploradores permanece na selva por três semanas de cada vez, vivendo em barracos cobertos com folhas de palmito, expostos às chuvas tropicais e privações sobre as quais é difícil dar uma idéia”. Grandes desafios De acordo com Maria Lúcia, a construção de uma ferrovia
envolvia uma série de tarefas complexas. “A completa ausência de mapas precisos e confiáveis tornava necessária a realização de um levantamento geográfico e topográfico da área antes de se projetar a rota da ferrovia. Terminado o levantamento, podiam se iniciar os trabalhos de construção, que incluíam a derrubada da mata, a preparação do terreno (drenagem de pântanos, movimentos de terra, incluindo escavações, transporte, depósito e outros), nivelamento do leito (o restante da terraplenagem, aterros e taludes e abertura de túneis), projetos de alvenaria (para reforçar taludes, túneis e pontes, construir as estações e depósitos) e assentar a via permanente (dormentes, trilhos e lastro)”. Todas essas tarefas, os trabalhos das obras que compreendiam as duas fases de execução, chamadas de ‘infraestrutura’ (terraplenagem, obras de arte, e obras acessórias) e ‘superestrutura’ (assentamento dos trilhos, sinais, desvios e estrutura metálica das pontes), exigiam uma grande quantidade de técnicos e de trabalhadores não qualificados.
REPRODUÇÃO
Obra na serra foi trabalho ousado
O engenheiro Fox destacava que o transporte do equipamento era um dos fatores que tendiam a aumentar as dificuldades e o custo da construção de ferrovias em uma região como São Paulo. Importados da Inglaterra, os equipamentos e materiais tinham de ser transportados até o local da obra. Em maio de 1861, Fox tinha encontrado “atolado na lama, um carro de boi puxado por oito animais e três homens” que estava há sete dias transportando um fole e outros equipamentos de um ferreiro desde o pé da Serra até o cruzamento da ferrovia com o Rio Grande, uma distância de 20 milhas”. Segundo Fox, o custo por tonelada transportada dos materiais e equipamentos pesados, de partes de viadutos e pontes, na subida da serra, antes da ferrovia funcionar era altíssimo. As linhas eram, em geral, divididas em seções, cada uma a cargo de um engenheiro responsável (chefe de seção), que tinha sob sua supervisão engenheiros resi-
dentes responsáveis por seções menores, algumas de seis a nove quilômetros de comprimento, de acordo com a complexidade das obras. As tarefas eram realizadas por turmas de trabalhadores (sondadores, roçadores, cavouqueiros, condutores, niveladores, e outros) sob a supervisão de um capataz. Para o movimento de terras inicial utilizavam-se cavalos e bois. Tração animal, no entanto, só era utilizada para distâncias superiores a 450 metros; para distâncias superiores a 1.400 metros, geralmente construía-se uma linha temporária auxiliar. Estas obras exigiam centenas de trabalhadores. Colocar os trilhos e o balastro requeria um número menor de trabalhadores, mas ainda assim era necessário cerca de 200 homens para assentar um quilômetro. Os trabalhadores que se ocupavam do assentamento da via permanente manejavam entre 110 a 140 toneladas por dia, incluindo trilhos e dormentes. Os trilhos e acessórios eram carregados dos depósitos no começo da linha até o final por vagões. O trabalho de descarregar os vagões e carregar os trilhos até o local de assentamento era manual e exigia homens com grande força física e boa coordenação para evitar acidentes. Havia fornecedores que entregavam os dormentes ao longo da linha. (fonte: www.historiasdalapa. blogspot.com)
Fox trabalhou numa obra que marcou época
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entrevista
DIEGO DE CASTRO BREMER
Membro do G-8, o grupo de vereadores engajados com as questões da região da Subprefeitura da Lapa, Gilberto Natalini (PV), médico de formação, garante: se formalmente a reivindicação comunitária de implantação de equipamentos na área da saúde chegar ao seu gabinete, imediatamente será aberto diálogo com a Secretaria Municipal de Saúde. No intervalo de uma agitada seção da Câmara Municipal, Natalini concedeu ao Jornal Nova Lapa a seguinte entrevista. Vereador, em relação à falta de Ama e sobretudo de uma UBS na Lapa de Baixo, o que pode ser feito para que o bairro tenha esses equipamentos?
O que podemos é pedir ao secretário a UBS e o AMA. Eu nunca recebi nenhum pedido neste sentido nos meus 10 anos de mandato. Não recebi de ninguém da população da Lapa: de nenhum jornalista, de nenhum representante, de ninguém pedindo o UBS na Lapa de Baixo e uma unidade AMA no Centro da Lapa. O que recebi foi pedido da transferência da UBS da Vila Ipojuca, do local que ela está para um local maior. E como está essa situação?
Isso nós estamos encaminhando. Estamos verificando. Existe um problema que é não poder construir uma UBS por conta da questão do zoneamento urbano na Vila Ipojuca. Outra dificuldade é encontrar na região um local um imóvel que seja maior do que já está funcionando.Nós estamos acompanhando isso com a sociedade Amigos da Vila Ipojuca. Quanto
à UBS na Lapa de Baixo é preciso que se faça um pleito junto à autoridade (Secretaria de Saúde). Não sei se alguém já fez. Se alguém já fez o pleito tem que ser reforçado.
“Podemos pedir UBS e a AMA, mas eu nunca recebi pedido neste sentido nos meus 10 anos de mandato”. Daria para colocar isso no orçamento deste ano ou seria obra para ser contemplado no próximo orçamento?
Primeiro nós temos que ver na Secretaria da Saúde se existe algum projeto nesse sentido. Temos que ver qual a necessidade real, a necessidade epidemiológica, a necessidade populacional de se ter uma UBS. Então precisamos conversar com a secretaria. Agora, a comunidade que está reivindicando isso ou quem está reivindicando isso, se quiser a nossa ajuda, nos procure aqui na Câmara. Nós estamos à disposição. Tenho todo o interesse de ajudar como eu faço com todo
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Uma porta que se abre na Câmara Municipal de SP
examinada. Ninguém pode obrigar o morador de rua ou qualquer cidadão a fazer exame de próstata, fazer exame de sangue, fazer exame de mama, porque quem manda no corpo da gente é a gente mesmo. Agora, isso teria que ser feito a partir de um trabalho social, que não é um trabalho obrigatoriamente da SecreNa Lapa de Baixo existem muitos taria da Saúde. Ela tem que atender, moradores em situação de rua,.O mas aquelas instituições, entidades, que fazer para que eles tenham ONGs, que são centenas ou milhaatendimento na área da saúde? res, têm um trabalho de abordagem específica em relação à população de Constitucionalmente, o morador de rua. O mesmo acontece com a Secrerua tem direito a ter um atendimento taria Municipal de Desenvolvimento de saúde como qualquer cidadão. Se e Assistência Social. alguma unidade de saúde negar atendimento de saúde ao morador de rua, “Pela Constituição, está transgredindo a Constituição todo morador de rua Federal. Tem que ser denunciado e ser punido. Qualquer unidade de saúde tem direito a ter um tem a obrigação, sendo procurada, atendimento de saúde de atender. Além disso, a Secretaria como qualquer cidadão”. Municipal de Saúde tem colocado, principalmente no centro, algumas equipes de saúde da família voltadas Muitos recusam as ofertas de exclusivamente para o atendimento atendimento e acolhimento ofeao morador de rua. Existem várias recidas pela Prefeitura. equipes aqui no centro da cidade Em muitos casos são alcoólatras, que fazem esse trabalho.E a própria Unidade Básica de Saúde do Bairro outras vezes tem alguma questão de tem a obrigação de abrir as portas droga, tem doenças crônicas. São e atender as pessoas, como atende pessoas que estão em uma situação qualquer um. O morador de rua não psicologicamente deprimidas que é mais e nem menos brasileiro do que elas não querem cuidar de si própria, qualquer um de nós. Ele só está em elas querem que o mundo caminhe.É condições de morar na rua, mas ele é um negócio muito delicado Você brasileiro, cidadão que tem os direitos também não pode obrigar ele a ir até a unidade fazer qualquer exame, que a Constituição garante a qualnão pode fazer um furo nele para quer um de nós. colher um sangue, se ele não autoriComo convencer um morador de zar. Não pode internar. Muitos são rua a fazer um exame de prósta- alcoólatras e muitas vezes a prefeita, e uma mulher sem teto a sub- tura quer internar ou levar para um meter a um exame de mama? albergue e eles, por conta da companhia de um cachorro, não vão para Ninguém pode obrigar ninguém a o albergue, pois não podem levar o fazer qualquer exame. Essa é outra animal para dentro do albergue.É cláusula constitucional. A pessoa só uma situação muito difícil do ponto vai ser examinada se ela anuir ser de vista do atendimento. mundo que me procura,. Se não existir nenhum planejamento, nós temos que fazer uma indicação, uma proposição e entrarmos com o pedido de Unidade Básica de Saúde e de AMA. Nós já conquistamos tantas unidades Básicas de Saúde em São Paulo, tantas Amas.
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JORNAL NOVA LAPA
parceria
Paleatra de Juca Kfouri foi muito concorrida
TATIANA LANZELOTTI
Durante a 11ª Semana da Comunicação das Faculdades Integradas Rio Branco vários profissionais renomados da área, entre eles Juca Kfouri e Heródoto Barbeiro, falaram sobre como a atual situação do mercado de trabalho influencia o ingresso de jovens profissionais. Segundo o publicitário Celso Figueiredo, diretor da Universidade Mackenzie, o mercado publicitário está vivendo uma
grande revolução. É muito difícil um recém formado entrar na publicidade tradicional, porém na nova publicidade, baseada nas redes sociais, há muitas oportunidades de trabalho: “Está bombando. Tem muita vaga para quem tem vontade de experimentar caminhos novos e marcas diferentes.” Quem pretende iniciar a carreira no mercado publicitário precisa ter habilidade com ferramentas de tecnologia como Dreamweaver, Flash, editores de vídeo
“Estamos vivendo um bom momento, basta ter preparo e meter as caras”. e Photoshop. “Mas o principal mesmo é vontade de se atirar no assunto”, concluiu Figueiredo. O jornalista Juca Kfouri também acredita que as novas mídias ampliaram as oportu-
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nidades para os profissionais da comunicação: “Estamos vivendo um bom momento, basta ter preparo e meter as caras. Não ter vergonha de oferecer seus serviços”. Heródoto Barbeiro, jornalista recém-contratado do Canal Record News, acredita que as dificuldades que os jornalistas enfrentam para conseguir trabalho são as mesmas encontradas pelos profissionais de qualquer outra área: “Ter simplesmente o diploma e sair por aí procurando vaga, não vai levar à lugar nenhum. Mas quem se esforça, quem tem credibilidade, vai encontrar. É preciso estudar, se aprimorar.” Para Heródoto, a idade e a aparência física não influem na hora de um jornalista encontrar uma vaga: “Eu mesmo, que não sou nenhum Rodrigo Faro e já estou com 65 anos, acabei de ser contratado”. Segundo Daniel Berlanga, diretor da gráfica Color System, o jovem que pretende trabalhar na indústria gráfica, pode se especializar em cursos técnicos de colorimetria, densitometria, gerenciamento de cores, corte e vinco e acabamentos, que são oferecidos pelo Senai. Para aqueles que pretendem fazer uma graduação, tecnologia gráfica e publicidade e propaganda são cursos que oferecem boas oportunidades no mercado gráfico.
Heródoto Barbeiro DIVULGAÇÃO
EDUARDO FIORA
Novas mídias ampliam oportunidades de emprego
Daniel Berlanga
Se você só espera um diploma do seu curso superior, esqueça. A proposta das Faculdades Integradas Rio Branco vai muito além: vai ao extremo para cumprir o compromisso de ser a formadora de um profissional, de uma pessoa, de você. Por isso, os cursos são dureza mesmo, mas a Rio Branco não podia fazer por menos. Por isso, se você quer mais, faça Rio Branco.
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