Indestrutível
Copyright 2016 Luciana Vargas Este e-book é para uso pessoal. Não é permitida revenda, cópia total ou parcial deste livro sob quaisquer meios existentes sem autorização por escrito do autor. Se você gostou da história, por favor, indique um link original de compra do livro para outros leitores. Obrigada pelo apoio. Capa: Mirella Santana Revisão: Elimar Souza
Capítulo 1 14 de Fevereiro de 2015 – Valentine’s Day Chicago News – Edição Noturna: Roubo de Colar Centenário Choca a Cidade. A joia pertencia a avó do prefeito e estava na família há cento e vinte anos. O valor estimado é de três milhões e meio. Polícia não tem informações sobre o ladrão.
Daniel Já faz alguns anos que acho o Dia dos Namorados um pé no saco. Não me lembro quando eu gostei dele, talvez aos dezesseis anos quando juntava a grana da caixa de chocolate, trabalhando no mercado do meu pai. Então levava a namorada do colégio para passear e a gente terminava no banco de trás do carro. Por isso que ser adulto às vezes é uma droga. Eu me dava bem quando era um moleque cheio de espinhas do ensino médio e agora, só me ferro. Como um detetive da polícia de Chicago, eu só pegava bandido, mesmo em um dia especial. E eles não eram cheirosos como as minhas memórias das namoradas de colégio. Alguns diriam que eu até fui promovido, porque não usava mais uniforme, não pegava mais bêbados na rua e nem bandido de supermercado. Eu gostava de roubo importante. Devo ter adquirido o gosto quando eu roubava dois dólares da carteira do meu velho. Aos catorze anos, isso era considerado um grande roubo lá em casa, cumpri muitas penas severas por isso. Peguei gosto. Saí do crime e passei a perseguir os amigos que gostavam de fazer roubos de milhões de dólares. De dois dólares para dois milhões de dólares era uma promoção e tanto. Mas era Dia dos Namorados. Então saí para comemorar com a minha Guiness, na temperatura certa, escura, cremosa e fazendo meu copo suar. E estava frio lá fora.
Frio o suficiente para querer companhia. Não eu. Hoje não, estava bem com a cerveja. Eu estava curtindo a solidão quando o trabalho resolveu me perseguir. Bem, trabalho em forma feminina de talvez um metro e setenta. Os saltos a deixavam mais alta e confundiam minha estimativa. Ela entrou carregando seu casaco claro, com seu corpo curvilíneo abraçado por um vestido de tecido grosso e justo. A última vez que vi a Srta. Di Pietro, alguém havia roubado cerca de um milhão e meio em pedras preciosas de uma casa de ricaços. Mas deixaram todo o resto para trás. E ela tinha avaliado as peças que iriam a leilão no dia seguinte. Meus colegas disseram que ela devia ser suspeita, porque uma mulher assim não podia ser boa, não era justo. Piadas a parte, ela não fez nada, só avaliou. E eu nem sei se ela teve tempo de ser paga. Sei que quando ela entrou na cena do crime, convocada para estimar a perda e prestar informações, eu devia estar pensando em diamantes, platina, anéis e colares. Mas minha mente ficou em branco. E ela cravou o olhar em mim. Eu não a acusaria de um crime baseado apenas na aparência dela, mas se dependesse do olhar, aí sim, ela devia ir para a cadeia. Não dava para explicar aquele olhar que ela dava, era esperto, malicioso, atento e provocante. Como alguém preparando uma armadilha que sabia que ia dar certo. Conversamos e ela foi embora, dizendo sentir muito pelo crime e me olhou por cima do ombro, enquanto eu não conseguia deixar de olhá-la partir. Eu falei com ela mais uma vez, pelo telefone, pedindo informações das peças e para saber se ela tinha certeza de que não havia dito a alguém sobre o que iria avaliar. Ela riu na minha cara e disse que era uma profissional. E não comentava sobre seus trabalhos por aí. A Srta. Di Pietro pediu um drink e logo depois me pegou olhando para ela. De novo. Ela também me flagrou fazendo isso quando eu devia estar analisando uma cena de crime. Ela pegou seu copo e veio na minha direção, eu recostei contra o meu canto no estofado de couro do bar e a observei. Ainda bem que vim vestido para a ocasião, ou seja, com meu uniforme diário. Era fácil andar bem vestido por aqui, fazia frio até quando devia fazer calor. Você comprava um bando de peças em tons neutros e escuros e hoje, estava frio para caramba lá fora. Uma calça de tecido, um camisa, um suéter ou um colete, casaco e dependendo, um sobretudo. Qual é, eu era um detetive de Chicago. Aqueles caras velhos dos seriados policias, com o terno cor de carne e mal cortado, era tudo mentira. No dia que nos encontramos naquele roubo, era dia, mas acabei de descobrir que o efeito da luz na pele dela não desapontava em hora alguma. A cor
dela me lembrava canela ou um caramelo denso, mas parecia dourado, especialmente com o tom da luz batendo em sua pele. Cara, eu adorava caramelo, só pedia meu café com isso e com leite e ainda temperava com canela. Como a pele dela, que cor fantástica. Sob a luz amarelada e baixa do bar, ela parecia um ser sobrenatural. – Detetive Nowak – ela parou ao lado da minha mesa para um. – Sozinho e ainda sem os diamantes? Ou só esperando? Eu acho que ela estava me provocando. Não achei aqueles diamantes ainda e ela sabia disso. – Sozinho e sem diamantes – eu respondi. Ela olhou para baixo, na direção da única cadeira. – Posso? Não sei se ela esperava minha resposta, mas sentou enquanto eu ainda assentia, deixou seu drink na mesa e cruzou as pernas. – E você, Srta. Di Pietro? Sozinha e... – eu olhei o pulso dela, havia uma bela pulseira ali e um colar discreto no seu pescoço. – Com alguns diamantes, imagino. – Sozinha, isso é imitação, não saio pela rua essa hora com meus diamantes – ela sorriu e bebeu, depois me olhou e ofereceu sua mão, com dois anéis e longas unhas pintadas de vinho. – Robyn Di Pietro, não sou mais sua suspeita. Já pode usar o meu primeiro nome. – Daniel Nowak – eu apertei a mão dela. – E você nunca foi suspeita, então pode me chamar só de Daniel. – Então você me ligou e fez todas aquelas perguntas só para ouvir minha voz de novo? – ela pendeu a cabeça, deixando seu cabelo castanho e brilhante cair por cima do seu ombro e me olhou como se eu fosse aquele adolescente pego no flagra. Ainda bem que eu estive mesmo fazendo meu trabalho, ou isso seria extremamente constrangedor. – Podia não ser suspeita, só descuidada, mas como deixou bem claro, você é uma profissional e não comenta sobre seu trabalho. – É perigoso – ela deu um sorriso de lado. – Imagino que sim. O Ancoras era um lugar ótimo e de origem australiana, servia mais de noventa tipos de cerveja e oferecia um bom cardápio de petisco e jantar. Era aconchegante, não era lotado de turistas e felizmente, também não era um local que meus conhecidos da polícia frequentavam. Ser em Old Town ajudava nisso, mas era Dia dos Namorados, estava cheio de gente passando, casais entrando e saindo. E gritarias ocasionais quando um pedido de casamento era
aceito e todos os casais do local ganhavam uma rodada grátis. Era tradição do bar. Nunca ganhei nada, nunca vim aqui acompanhado em Dia dos Namorados. – Posso? – perguntou Robyn, levantando da cadeira onde toda hora alguém batia em seu braço e mudando para o estofado de couro onde eu estava. Ela se sentou ao meu lado e puxou seu copo para mais perto, eu tomei mais um gole de cerveja. – É Robyn, mas meu pai só me chama de Rosetta – ela disse, divertida, agora eu podia ouvi-la melhor mesmo sob o som das pessoas e da televisão, que mostrava o jornal cobrindo algum crime. Eu devia me interessar pelo crime que o jornal não parava de passar e até os casais estavam dando uma olhada rápida, mas Robyn não estava dando a mínima para a TV. – Minha mãe me chama de Dan – respondi. – Já estamos íntimos o suficiente para eu não me sentir mais estranha bebendo com o detetive que me ligava para saber se roubei algo. Eu abri um sorriso, se ela fosse mesmo uma suspeita, eu teria a visto mais vezes e não apenas no dia do roubo. E eu teria gostado disso. – Por que você está sozinha e bebendo esse negócio colorido, logo nessa noite fria e incomoda? – Não sabia o que ela havia pedido, mas era vermelho, cremoso e parecia doce. – E por que você está aqui amargando a solidão e enchendo a cara de cerveja? – Ei, estou cuidando desse copo aqui há um tempo. Robyn olhou em volta e o local estava mais cheio que o habitual. O ambiente era agradável, não costumava ver muita gente de pé. O lugar era um bar e restaurante dividido em dois ambientes bem separados e continua para o fundo, mas era exatamente para lá que os casais iam para se babarem de romantismo em um jantar a dois. E devia ser por isso que nós dois estávamos daquele lado e naquele canto. – Você não odeia o Dia dos Namorados? – ela fez uma expressão de pouco caso e revirou os olhos. – Um pouco, sim – eu tive que admitir. – Todo mundo faz a mesma coisa, nos mesmos locais, compra flores, bombons... todo ano. E se você trocar de namorado todo ano, imagina a chateação de fazer tudo de novo. – Ou se não tem nenhum, nunca – contrapus. – Deve ser um saco – ela bebeu mais um gole de sua bebida gelada.
– Ninguém acreditaria que não dizemos isso por amargura. – Sim, mas o sexo deve ser uma merda – ela completou e fez uma expressão irônica. – Pensa no cenário, você nem está com vontade de sair. Mas é Dia dos Namorados, você tem que fazer um agrado, jantar, cinema ou alguma coisa. Qualquer coisa, nem que seja sofá, comida encomendada e um tempo a dois. – E depois, vai que você está cansado ou não está no clima – ela continuou minha história. – Não tem como você ir para casa ou para um hotel com sua namorada e dizer: Querida, estou com dor de cabeça – eu brinquei e Robyn sorriu. – Quando você estiver pensando em dizer isso, ela aparece vestida de enfermeira sexy e você vai ter que dar o seu jeito, nem que seja a manivela! – ela riu. – Ou você não está nem um pouco no clima para aturar o cara e ele prepara uma noite de amor num hotel que, na verdade, ele nem poderia pagar. Como sair dessa sem magoá-lo? – eu completei. – Ai, que morte horrível – ela sorriu. – Vai ter que fingir orgasmo com certeza. – Como eu faço para fingir? – Ei... – ela levantou a sobrancelha para mim. – Mas se a pessoa é aquela que te deixa cheio de vontade de tirar a roupa só com um beijo, isso deve resolver, não? Eu olhei para a boca dela de novo, eu já devia ter reparado ali umas dez vezes, ao menos todas as vezes em que ela dava aquele leve sorriso. E também porque a cor chamava minha atenção, ela estava usando um batom escuro, uma espécie de vermelho puxado para o vinho e estava perfeitamente aplicado. Nem podia dizer se ela não mandou alguém aplicar, mas fosse o que fosse, ele não brilhava. E chamava meu olhar para seus lábios cheios o tempo todo. – Costuma dar certo, mas... em todos os dias dos namorados? Não dá para ter essa sorte – perguntei e foquei nos olhos dela, também não sabia dizer a cor deles, eram castanho-claros, mas um tanto acinzentados. Nada nela era simplesmente descrito, ela era essa mistura louca, bela e única. – Todos? – ela terminou seu drink e recostou. – Essas pessoas nunca ficam amargando a solidão nesses dias como nós? É até legal. – Eu não sei, não faço isso faz tempo. – Isso de preparar um dia especial ou beber com a sua ex-suspeita? – ela indagou, apoiando seu cotovelo na beira da mesa e segurando o rosto. O brilho do cabelo dela caindo pelo seu ombro atraiu minha atenção, era melhor do que travar nos seus lábios outra vez. Não que Robyn parecesse
se importar, ela estava sentada perto de mim, com as pernas cruzadas e me olhando daquele jeito, às vezes seus olhos brilhavam de provocação. Eu olhava para ela e tinha plena noção de que ela estava muito acima da minha liga. Aliás, eu morava lá perto do Chicago Cubs e a gente estava perdendo todos os jogos. Estava ali sentado, olhando para a mulher mais sensual que já conheci e parecia que estava na liga juvenil e querendo ganhar o campeonato na liga profissional. Era como usar bijuteria a vida toda e do nada colocar um colar de diamantes de um milhão. Mas minha companhia avaliava esses diamantes. – Ambos – eu respondi. – Mas a segunda opção parece muito mais atraente. Se eu não estivesse tendo alucinações, parecia que a dama mais bela do condado queria companhia. Minha companhia. Ela era excêntrica, com certeza. – Quão atraente? – ela levantou a sobrancelha para mim. – O suficiente para uma noite toda – eu especifiquei, despachando a discrição. – Você fica a fim de todas as suas suspeitas? – ela tornou a recostar e ficou me olhando por sobre a linha do seu ombro. – Nunca fiz isso. A resposta dela foi me olhar seriamente e eu completei: – Até agora. – Agora? – Ela tornou a levantar a sobrancelha. – Até te conhecer. – Eu nunca me interessei por um policial... Até te conhecer – ela respondeu. Umedeci os lábios e um leve sorriso apareceu na minha face. – E eu achei que esse seria o pior Dia dos Namorados em anos. Frio demais. Sozinho demais e nada para me distrair – meu olhar voltou para os lábios dela. O olhar dela se desviou subitamente para o meu e eu a vi piscar lentamente como se concordasse. Robyn cruzou as pernas para o meu lado, aproximou-se e depositou um beijo nos meus lábios, simples assim. Eu devolvi o beijo e ela me lançou um olhar de diversão. Coloquei as mãos em sua cintura e a puxei mais para o meu canto do estofado, Robyn continuava com aquele olhar, como se dissesse: Continue, entretenha-me, estou disponível para que me divirtam essa noite. Prendi o olhar naquela boca tão bem pintada e a beijei de verdade. Segurei seu rosto e seu ombro, inclinando-a mais para mim e pressionei sua boca, passei a língua por entre aqueles lábios macios e senti seu gosto. Ela devolveu, apoiando a mão no meu peito e deixando seu torso encostar-se no meu. Eu a beijava com a maior vontade, aquela de quem esteve secretamente pensando nisso e guardando a fantasia. Eu ia para cima dela, buscando sua boca, perse-
guindo aquele beijo. Afastei os lábios e com a dedicação que havíamos feito, achei que veria uma bagunça por causa do batom, mas ele só havia desbotado, não havia manchado meu rosto e nem o dela, era seco demais para isso. Toquei os lábios e só havia resquícios, fiquei fascinado com aquilo. E com vontade de tirar toda a cor que sobrou. Robyn chegou mais perto, saiu do estofado e sentou de lado sobre as minhas coxas, depositando aquele lindo traseiro redondo no meu colo. E eu não tinha mais como esconder a ereção. E nem negar que havíamos sofrido um sério caso de tesão instantâneo e mútuo desde que nos conhecemos naquele roubo. De que adiantava esconder agora? – Vem cá, detetive, não seja tímido. Eu não vou morder. Não muito – a voz dela era tão baixa e sedutora que mesmo se eu tivesse uma gama de timidez em mim, ela seria destruída. Ela me segurou pelo pescoço e beijou minha boca com vontade, eu retribuí na hora, apertei sua cintura e descansei a mão sobre sua coxa. Seu vestido havia subido e senti a maciez da sua coxa depois da barra da meia grossa e sete oitavos que ela usava para se aquecer. Deslizei a mão, experimentando. Desde que coloquei os olhos nela, sabia que sua pele seria sedosa ao toque e se um dia a tocasse, seria uma perdição. Mas que se danasse, eu gostava de me perder. Coloquei as mãos na pele dela, toquei seu pescoço, seu colo, seu rosto, desci pelas mangas até encontrar pele e voltei a segurar em sua coxa, sentindo-a até meus dedos serem cobertos pela barra do vestido de lã. E Robyn me tocava de volta, esfregava suas mãos pela minha camisa, pressionava meu peito e apertava seu corpo no meu. Seus seios estavam cobertos por um daqueles sutiãs com bojo. Porém, eu podia imaginar perfeitamente os seus mamilos eretos por trás deles; eu queria chupá-los, na verdade, eu estava pronto para chupá-la inteira, por cada pedaço do seu corpo. Puxei o ar quando ela parou de me beijar e descansou seus antebraços nos meus ombros e me olhou maliciosamente. Não havia mais batom, nossos beijos não foram os mais delicados. Robyn se aproximou e lambeu meus lábios com a pontinha da língua, eu já estava no ponto de pressão e ela piorava a situação. Ela fez de novo, brincando comigo e eu devolvi. Apesar de querer jogá-la na cama, o momento estava bom demais com ela me dando beijos sensuais, lentos e quentes. Senti as mãos dela subindo pela minha nuca e seus dedos entraram pelo meu cabelo e Robyn arranhou meu couro cabelo com as pontas de suas unhas e desceu arranhando levemente até a minha nuca, enquanto sugava meus
lábios e se apertava contra mim. Eu me arrepiei inteiro, da nuca à ponta dos meus dedos e até a cabeça do meu pau. Apertei sua cintura e ela me mordiscou e eu adorei o sinal verde. Mordi de volta e suguei aqueles lábios carnudos. Nós estávamos descarregando a vontade naquele canto do bar, dando conta das preliminares ali mesmo. Senti algo vibrando enquanto ela se ajeitava no meu colo, fazendo minha ereção pulsar. E que momento estranho para algo vibrar insistentemente. Eu estava numa nuvem de excitação quente, sentindo as curvas dela nas minhas mãos, imaginando aquele vestido saindo de cima do seu corpo. E algo vibrava no meu bolso? Para ter noção do quanto ela estava bem instalada no meu colo, Robyn afastou os lábios e olhou para baixo. – Hum, garotão, se você não tem uma prótese vibratória aí embaixo, então isso é um celular. Puta merda, agora? Se não fosse alguma ex bêbada e ligando para dizer desaforo, só podia ser merda. O pior, é que era exatamente isso: Meu chefe. – Desculpa, eu preciso... – eu odiei dizer aquelas palavras. Ela assentiu e eu coloquei o telefone no ouvido. – Desculpa o horário, mas sua unidade foi toda chamada de volta – era a voz do comandante, eu não podia simplesmente desligar na cara dele. – Para que? – perguntei, a contragosto. – Roubo de colar centenário, você não viu? A imprensa já caiu em cima. – Estou ocupado, mas eu pego o caso – respondi. – Você não entendeu, detetive. Tem que vir agora. O prefeito está aqui. – Manda ele ir dormir – respondi. – Você gosta do seu emprego, Nowak? – ele disse mais baixo, se o prefeito estava lá, ele provavelmente estava escondido em um canto para ter privacidade. – Eu também gosto do meu. E não estou nem aí se você é fantástico no que faz, eu também fui arrancado de casa, da cama da minha mulher e no Dia dos Namorados. Ela não está feliz – ele disse a última frase de forma bem explicada. – Seu nome já está na boca do prefeito, se não queria ser reconhecido, não devia ter resolvido tantos casos. Vem pra cá agora. É claro que o comandante desligou na minha cara depois de deixar seu ponto bem claro, ninguém ia pegar leve com a porra do prefeito na central de polícia. Robyn olhava para mim como se já soubesse que não ia ganhar seu presente de Dia dos Namorados. – Eu tenho que... – eu comecei. – Eu sei, tudo bem – ela me deu um beijo leve, um péssimo prêmio de consolação para todo o paraíso que eu estava a ponto de ver.
Nós ficamos de pé e ela se ocupou em ajeitar seu vestido, eu sabia que nunca mais conseguiria uma chance daquela para pôr minhas mãos nela. Resolvi me despedir, pois mesmo que ela me esquecesse logo, eu ia embora com o gosto dela na boca e a sensação do seu corpo no meu. Robyn levantou a cabeça e eu a puxei e beijei, abracei seu corpo, apertando-a contra mim, envolvendo suas costas e descendo os braços para sua cintura. Segurei com vontade e enchi as mãos, porque a noite lá fora estava fria pra cacete e eu precisava chegar até a central de polícia. E precisava de umas memórias. Um cara sem tempo como eu, precisava das suas memórias. Quando a soltei, ela também havia se agarrado a mim com tanta vontade que nossos corpos pareciam ter se colado de verdade e nossas bocas davam a impressão de ter se fundido, não foi fácil separar a briga. E assim que estava livre, Robyn piscou algumas vezes e me olhou com apreciação, pegou seu casaco e se virou de costas, como se me dissesse para ajudá-la a vesti-lo. Eu ajudei e aproveitei o momento. Ela se virou logo depois, estampou um sorriso cheio de charme e disse: – Até qualquer dia, detetive – então partiu para a saída. Eu peguei meu próprio casaco e também fui saindo enquanto o vestia, rezando para minhas bolas perderem a cor azul que deviam estar agora pelo menos até a próxima semana. Ótima noite para resolver a droga do caso do prefeito, aquele filho da puta, empata foda do caralho. Se não fosse a merda de um prefeito e só um cara rico normal, só me chamariam amanhã.
Robyn Peguei um táxi e fui lamentando mentalmente até em casa. Entrei e chutei meus sapatos para longe, para melhorar tinha começado a nevar levemente enquanto eu estava no colo do policial mais gostoso do Estado. Além de ficar na mão, ainda cheguei em casa com os dedos congelados. Ótima noite! E isso porque eu adoraaaava o Dia dos Namorados. Só que não. Fui até o balcão da cozinha e coloquei minha bolsa, abri o zíper escondido no fundo, peguei um guardanapo e tirei de lá o mais lindo colar centenário que eu já havia tocado em minha vida. Deixei a joia ao lado da bolsa e bufei de ódio. Porra de prefeito! Eu devia saber que ele ia dar um chilique por causa de um dos colares da vovó rica e ia chorar na central de polícia. É claro que ia chamar todos os pobres policiais de volta de sua folga de Dia dos Namorados.
Bem, folga não... e não todos. Só a unidade que lidava com os roubos especiais – de preferência, milionários. Coincidentemente, a unidade do meu detetive gato, gostoso, bom de beijo e nossa... que pegada. Passei vários minutos sentada em cima de uma ereção enorme, para o meu deleite e acabei sozinha na noite. Arranquei a roupa e joguei tudo para os lados. O colar perdeu completamente a graça. O jeito era tomar banho quente na banheira e levar meu vibrador à prova d’agua. Não havia como dormir excitada daquele jeito. Devia estar escrito na minha testa: Calcinha molhada. De qualquer forma, não foi planejado. Eu não ia usar AQUELE álibi. Porque eu nunca vi um álibi mais frustrante. Eu estaria bebendo, na rua, sozinha. E aí o detetive Nowak entrou no meu campo de visão. De novo. Quando o encontrei no meu roubo anterior, ele me deu aquele olhar de “te pego lá fora. E pego com vontade”. E eu gostei, não curtia qualquer babaca me dando uma olhada. Mas eu gostei, porque ele cabia direitinho no meu número e eu estava interessada. Fazia meu tipo. No caso, o tipo imaginário, aquele que a gente via na ficção e pensava: Ah, se eu pegasse... Faria miséria. Eu tentei fazer miséria, mas o prefeito entrou no meio. Enfim, o detetive Nowak era um perigo na minha vida, por motivos óbvios, seria um caso proibido. E gostoso, com certeza quente pra caramba. Bati os olhos nele e sofri de atração instantânea e arrebatadora. Já pensei logo como devia ser embaixo daquele casaco. No dia do roubo ele estava com um casaco simples e o tirou para examinar a cena e falar com o dono do cofre que estava histérico. E nas poucas vezes que eu via um cara daquele tamanho, preencher bem daquele jeito uma simples camisa de botão e manga comprida, tinha que prestar atenção. Dava para ver a manga delineando bíceps do tamanho certo e eu não sabia como os botões estavam tão perfeitos, porque dava para ver formatos de músculos. Meu detetive preferido era o tipo que você imaginava correndo metade da cidade atrás de bandido, num fôlego só e se jogando em cima do meliante, já de algema em punho. Loucura pura. Então coloquei os olhos em cima daquilo tudo e pensei logo: É gay. Claro que devia ser gay, todos os melhores caras que eu conhecia eram gays. Como que aquele detetive fantástico não seria? Perdi logo as esperanças. Nunca tive fantasias eróticas com meus amigos gays, pegava mal, até porque eu geralmente conhecia o namorado/marido e até os filhos do casal. Minha mente não conseguia. Em segundo lugar, pensei se estavam gravando algum seriado e eu tinha roubado a casa errada. Quem nunca? Porque recentemente começaram a
gravar com uns detetives gatíssimos. Pararam com aquele negócio de colocar só personagens femininas e bonitas como detetives competentes nos seriados policiais, como se elas fossem obrigadas a agradar a visão do público masculino. E finalmente passaram a agradar todo mundo, colocando uns homens bonitos também. Mas não, brincadeiras à parte, eu sabia muito bem que estava no lugar certo. E minha farra de passar despercebida pela unidade de roubos especiais havia acabado, justamente por causa do... Detetive Nowak. Aquele mesmo que eu estava tentando entrar dentro das calças essa noite. Quando ele olhou para mim, eu soube que tinha chances, só não planejei usá-las. A vida era muito injusta. Dei mais uma olhada para o colar centenário do prefeito e suspirei. Bem, uma garota tinha que comer. Apesar de que não pretendia desmontá-lo e vende-lo, acho que foi mais capricho. E queria testar o sistema de segurança para o meu próximo trabalho. Seria num sistema similar. Afundei na banheira quente – sem ligar o vibrador ainda – e pensei nas contas da joalheria. Juro que pensei até no meu pai e na minha tia para ver se abaixava meu fogo. Papai se meteu num investimento furado, perdeu grande parte do nosso dinheiro. Nós tínhamos uma joalheria, aliás, A joalheria mais famosa de Chicago. E uma das mais famosas do país. Até na Europa conheciam as criações dos Di Pietro, porque foi de lá que a família veio. Mas sem dinheiro, não dava para girar o capital de uma joalheria. Especialmente uma que trabalhava com tudo legalizado. Brigar nesse mercado era difícil. E minha tia, uma maldita viciada em jogo, perdeu a parte dela e tivemos que pagar caro para “desfazer o mal-entendido”. E pagar as dívidas dela para impedir que fosse surrada por aí. O tratamento do vício dela também. Assim como impedir que ela e meu pai se matassem. E ainda ajudar a pagar a faculdade que meu primo estava terminando, porque minha tia acabou com a grana. Esses eram os Di Pietro. Ao olhar a fachada da joalheria, ninguém imaginava aquela bagunça. E nem que a filha do dono era uma ladra. Uma ladra fantástica, a propósito. Mas o desgraçado do detetive Nowak fez um trabalho fantástico em mim. Perdi até a animação pelo meu colar novo. E no fim, não podia ficar com o cara. Não consegui dar para ele. E não conseguia abaixar minha excitação. Onde estava a droga do vibrador? Eu continuava odiando o Dia dos Namorados.
Sinopse Daniel Eu a conheci através dos diamantes. Nossos encontros eram presentes de Dia dos Namorados em dois países. Desde que conheci a mulher que virou minha mente e meu corpo do avesso, minha vida se resumiu a espera para tê-la nos braços. Éramos paixão, intensidade, desejo e anseio. Juntos, éramos indestrutíveis como as joias que viviam entre nós. E tudo desmoronou. Eu não era apenas o amante. O perigo nos atingiu como uma locomotiva e me tornei o protetor. Meu trabalho girava em torno do maior ladrão de diamantes da década e me tornou o perseguidor. Até eu descobrir que não era o ladrão. Não eram apenas diamantes. Não era só sexo. Não era apenas paixão. Era loucura, imersa em mentiras e necessidade. Ela não era para mim. Eu era incapaz de me afastar dela. E aquela mulher seria a realização ou a destruição da minha vida.
*** Robyn Eu o conheci através dos diamantes que roubei. Nossos encontros eram presentes de Dia dos Namorados. Desde que conheci o homem que enlouqueceu a minha mente e o meu corpo, meus dias se tornaram uma espera eterna. Éramos explosivos juntos. Perdíamos os limites e o medo quando nos entregávamos um ao outro. Éramos indestrutíveis como as joias que estavam entre nós. E então eu fui atingida. No ponto mais doloroso. E tudo mudou. Eu precisaria dele, mais do que aceitava. Mais do que cederia. E não poderia ser apenas sua amante especial. Eu era uma mentirosa, uma profissional, uma
enganadora. E precisava dele para me proteger. Enquanto ele me caçava. Não era mais pelos diamantes. Eu não o queria só pelo sexo. E não podia conter a paixão que nascia em mim. Era perigoso, era errado e eu não podia tê-lo. Mas era incapaz de deixá-lo. E aquele homem era capaz de me descobrir e me destruir.
Leia Indestrutível completo. E descubra como o Dia dos Namorados afeta a vida do detetive Daniel Nowak e da Srta. Robyn Di Pietro, a ladra mais talentosa de Chicago. Uma dupla improvável, perigosa e explosiva! Onde Adquirir o e-book: AMAZON ITUNES GOOGLE PLAY KOBO Saiba mais sobre o livro e a autora em: www.lucyvargas.net www.facebook.com/lucyvargasbr Participe do grupo e interaja com outros leitores: www.facebook.com/groups/lucyvargas