ÍNDICE:
Realizando um Sonho De Brasília a Caraguatatuba............................................................pág 3
Um Passeio pelo Sul De Brasília a Montevidéu...............................................................pág 18
Uma Viagem pelo Brasil Centro-Oeste, Sul e Nordeste........................................................pág 43
Passeando pelos Andes Viagem ao Deserto do Atacama....................................................pág 69
2
Realizando um Sonho Bras铆lia - Caraguatatuba
Primeira viagem de moto. $ mil quil么metros
ago 2005 3
motociclistas
Brasília - Caraguatatuba
internautas
a
quem
conheceríamos pelo caminho. Algumas conversas com outros viajantes nos deram
algumas
preparação
e
orientações. muita
Alguma
ansiedade
pelo
desconhecido...para nós, ao menos. Nosso roteiro incluía rodar pela região ao norte
e
ao
sul
de
Caraguá
para
visitarmos o melhor do litoral sul do Rio e norte de São Paulo. Assim, planejamos ir até Paraty, região que eu conhecia bem por já ter ido várias vezes pra mergulhar, e
também
até
Guarujá,
que
Rosa
conhecia. Assim, preparamos nossas coisas e iniciamos o que seria uma maravilhosa parceria em outras grandes aventuras para nós. Esta viagem veio evoluindo com o tempo e com a experiência com a moto. Tanto eu quanto o Rosa, éramos reintegrantes à prática, depois de anos e anos de ausência.
Conhecemo-nos
haviam
poucos meses e travamos uma amizade fraterna. Finais de semana de passeios pela região de Brasília foram nos dando experiências e vontade de seguir rumos mais distantes. Esta viagem já estivera marcada para alguns meses antes, mas
Nossa saída se deu com céu limpo e
só foi concretizada em agosto de 2005.
algum calor. A empolgação nos deixou
15 dias de Brasília, DF a Caraguatatuba,
rodar
SP.
pararmos para abastecer, fato que não
Rosa tem parentes em Caraguá. Fizemos alguns
contatos
com
amigos
uma
hora
e
meia
antes
de
se repetiria pelo resto da viagem, pois os bancos de espuma dura de nossas
motos, deixavam nossos ciáticos doendo
nossas bundas doendo nos obrigando a
de forma que éramos obrigados a parar
parar a cada hora de viagem.
de hora em hora, senão baixava um desespero e fazíamos exercícios em cima da moto mesmo, o que acabava sendo perigoso e improdutivo.
Chegando em Ribeirão Preto, ao redor das 18 horas, fomos seguir tradição alegada por nossos amigos de Brasília: parar e tomar um chopp no Pingüim da cidade. Primeira
parada
para
um lanchinho
Pedimos
informações
a
um
motociclista que ia passando e ele nos levou até lá e retribuímos a gentileza com
básico.
alguns copos de chopp supergelado. Encontramos vários motociclistas com os quais havíamos cruzado pela estrada.
Rompendo fronteiras. Goiás-Minas Parada para almoço. Já parecia que estávamos compridas
rodando e
há
poucas
dias.
Retas
paisagens,
misturadas a velocidade média, muito baixa (em torno de 65km/h), muito calor e
Ainda
com a
permitida
pelo
benevolente horário
de
claridade verão,
encontramos uma boa pousada em Cravinhos,
a
qual
nos
acolheu
confortavelmente assim como as motos. 5
O pessoal nos informou que haveria um Seguimos até Campinas, onde ficamos de nos encontrar com um grupo de amigos que nos recepcionariam. Neste gramado, fui fazer uma gracinha com a moto e levei meu primeiro tombo - que
encontro
de
motociclistas
em
Caraguatatuba. Não sabíamos disso, mas achamos a idéia interessante, e então, marcamos de nos ver novamente, logo após as festividades do evento.
me deixou meses com o ombro dolorido
Seria um prazer reencontrá-los, então,
me lembrando do que acontece quando
marcamos.
unimos irresponsabilidade com motos... Na saída, uma foto de despedida...
Nossos colegas nos levaram para um
Na rodovia, lindos trechos de mata e
tour pela cidade e para almoçar no
lagos exigiam as devidas fotos como
shopping. Depois nos acompanharam até
lembranças.
a saída da cidade, onde pegaríamos a rodovia D.Pedro I. O grupo era composto de membros de uma
família
e
alguns
namorados
agregados. 6
Descendo a serra a partir de São José
Durante
nossa
estada,
haveria
um
dos Campos, avista-se Caraguatatuba...
encontro de motociclistas na cidade e a polícia estava muito empenhada em manter a segurança, de forma que a todo momento
éramos
fiscalizados.
Até
fizemos amizade com alguns policiais.
...muito maior do que eu lembrava em minhas passagens para mergulhar em Angra. A cidade, muito agradável e bonita. Os parentes
do
Rosa,
muito
gentis
e
atenciosos...Alguns, muito brincalhões, como é o caso do João que, mesmo sendo cunhado do Rosa, é uma pessoa muito gente boa...
Não havíamos ido com essa finalidade, mas seria interessante participar de um evento de tal porte como seria esse. Assim, começamos a encontrar com os motociclistas que vieram participar do encontro.
7
que preferiam ficar lá fora, com a rapaziada. No final das contas, o lado de fora estava mais animado e acolhedor, com bagunças, motociclistas arruaceiros, normalmente estourinhos
moleques, pelo
fazendo
escapamento
das
motos, mas a maioria ficou desfilando suas motos e tomando uma cervejinha Belo era o presidente de um motoclube de
Caraguá
e
uma
figura
muito
reconhecida na cidade. Ótima pessoa e nos
apresentou
ao grupo
que
nos
acolheu como irmãos.
com os amigos entre um papo e outro. Do lado de dentro, as coisas estavam mais organizadas, com barracas de equipamentos e muita gente, também. Conhecemos um grupo de coroas que disseram ter trocado suas customs por esportivas pq aquelas eram motos de velhos e demoravam demais a chegar...e nos chamaram de velhos rss. Mas
esta
questão
nos
leva
à
necessidade de esclarecer o que é uma moto custom e digitar algumas palavras sobre suas características que já se perderam mesmo entre os motociclistas, Abajour, é o nome do proprietário deste
mais antigos e o que se dirá dos mais
triciclo. Ele se orgulha em ter a coisa
novos.
mais exdrúxula do mundo motociclista (bem, considerando que Maicon tem um caixão
atrás
do
seu,
a
coisa
é
disputadíssima...). Abajour pendura tudo o que ganha em seu triciclo, o que o deixa com um ar, digamos esotérico meio que saído do filme Blade Runner. Mas o evento estava muito comercial, apesar
de
organizado.
Cercas
separavam quem pagava pra entrar e os 8
Classificação Geral Da esquerda pra direita, Trail, Cruiser, Speed e Street, ou se preferir: Fora-de Estrada, Estradeiras, de Velocidade e de Rua. Mas ambas adquirem sua nomeação de CUSTOM, quando são “customizadas”, ou seja personalizadas pelos seus donos com alforges,
pára-brisas,
faróis
de
milha, para permitir uma viagem mais tranqüila, confortável e segura. A do Rosa é uma Chopper, e a minha No nosso caso, as estradeiras, ou
uma Classic. Ambas Cruiser pelo estilo e
cruiser, são subdivididas em dois grupos:
ambas
As Chopper, que costumam ser mais
customs
pelos
equipamentos
adicionados.
empinadas e adoradas em filmes como Easy Rider
e as Classic, que são muito utilizadas pela Polícia Rodoviária e demais forças
Muito bem. Continuemos...
militares. Após nossos encontros com irmãos As choppers costumam ter seu tanque de gasolina com pequena capacidade,
motociclistas, começamos a mostrar para o que efetivamente viemos: passear!
fazendo da Classic, com seu tanque maior, as preferidas para longas viagens.
Assim, fomos reencontrar nossos amigos de Campinas em Maresias, uma praia um 9
pouco ao sul de Caraguá. Bate papos, almoço e roda pra estrada.
Nossa vida de passeios estava apenas começando. Tínhamos muita coisa pra rodar, muitos lugares a ver. Começamos com
a
turísticos
cidade, e
tal,
claro, mas
seus
pontos
principalmente
praias...
...de moto, claro. Molhar-me em água salgada
deixou
imprescindível
desde
de
ser que
algo
deixei
o
Mergulho de lado. Agora mar voltou a ser
Depois de fazer algum turismo pelas
um prazer visual.
praias da região, resolvemos passear pela Rio-Santos em direção ao Rio. Adoro essa estrada desde há muito 10
tempo. As curvas, as paisagens...Se de carro era ótimo, estava querendo ver como seria de moto. Saímos num belo dia de sol, mas pouco calor. Algumas nuvens, dia lindo! Mas a volta nos trouxe surpresinhas!!
O passeio foi ótimo e aproveitamos todas as oportunidades para tirarmos fotos.
Estrada vazia, vento fresco, tudo de bom para um passeio em paisagens tão lindas e estrada muito agradável para motos, com curvas, subidas e descidas.
Só
passando por isso pra entender o que se passa na cabeça e no coração de um motociclista.
O tempo estava bom e convidativo a uma pequena viagem de cento e tantos quilômetros, de forma que fomos pouco equipados e muito tranqüilos com relação a isso, mas no decorrer do caminho o tempo foi virando...bem devagarinho...
11
Em Paraty, encontramos um rapaz que vinha de Manaus, com apenas uma maletinha de roupas...precisamos nos aperfeiçoar e nos despir de tudo que não é realmente necessário.
No caminho, entramos em Tiradentes, um pequeno povoado escondido, cujo acesso se dá através de uma íngreme descida entre as montanhas e pelo meio da mata.
Paraty não me tem muitos atrativos, mas é uma cidade interessante por manter suas características históricas.
Pouco se pode descrever das belezas e da sensação maravilhosa que é poder estar em lugares tão lindos e especiais, sem o stress e as preocupações de uma viagem toda programada com dias e horários definidos. A liberdade é total. Aonde
se
deseja
parar,
pára-se
e
aprecia-se a paisagem, os lugares, as pessoas. Só passeio...só curtir alguns momentos da vida.
Nosso retorno a Caraguá trouxe chuva como recordação e, por não termos levado roupas de chuva, tomamos duas horas de um banho gelado que deixou nossos dedos quase que imobilizados. Tive que pedir ao Rosa pra retirar minha carteira do bolso de minha calça de couro, na hora de abastecer, pois meus dedos não conseguiram. 12
Em outro dia, outro passeio, desta vez para Ilhabela. Atravessamos de balsa, apesar de meus pânicos de barcos em geral. Mas foi tudo bem.
Bem, talvez amigos não seja a palavra correta, pois nunca mais eu os encontrei ou sequer conversei com eles, mas certamente Rosa, o social, voltou a Ilhabela tem muitos pontos muito bonitos, mas resumimo-nos a rodar pra conhecer
contactá-los.
Eu
tenho
esse
defeito
incorrigível: gosto de pouca farra.
alguns poucos.
Depois de passar o dia inteiro rodando, Em uma parada pra fotos e chopps, apareceram ficamos
outros
conversando
motociclistas e
e
trocando
hora de voltar pra Caraguá e pra balsa...Sempre me sinto nervoso preso num treco desses.
experiências. Novas amizades são os resultados de viagens de moto. Sempre encontramos pessoas e fazemos amigos.
13
Em Caraguá, encontramos Rafael, um
pra próxima etapa: Guarujá, Barretos e
motociclista de Curitiba que estava em
Brasília.
Brasília uns dias antes de partirmos. Nós o havíamos encontrado num final de tarde em que os Insanos, um grupo de amigos, estávamos reunidos em frente à Catedral, matando saudades mensais. Rafa pediu informações para seguir à Chapada dos Veadeiros, e Rosa o levou pra pernoitar em sua casa.
No dia seguinte, fomos a um passeio um pouco maior no qual já voltaríamos para casa. A ida pra Guarujá tinha o objetivo de parar em todas as praias do caminho. Encontramos coisas interessantes como um
morrinho
no
meio
da
estrada,
dividindo-a, Em nosso último dia em Caraguá, Rafa nos encontrou na praia pra se despedir e recusou-se a tomar um solzinho pra perder a brancura reflexiva que tem.
algumas praias bem vazias, devido ao tempo encoberto,
Chopinho pra lá, peixinho pra cá, fomos recuperando energias e acumulando-as 14
e
uma
intrigante
figura
de,
provavelmente, um dos Moais da Ilha de Páscoa, perdida na entrada de algum condomínio.
Em Barretos, já estávamos mortos de cansado pela estrada irregular, de uma pista apenas, pelo calor e pela falta de preparo que requer uma viagem dessas. Pelo tempo chuvoso, não rolava praia.
Nosso prazo pra chegar em casa estava
Que ótimo, mas a moto foi à praia, e
expirando e após passarmos a noite na
quase
cidade, perder mais tempo visitando
afundou
na
areia...Sujeito
abusado, eu!
Barretos em si, não nos pareceu sensato, pois teríamos que rodar muito rápido pra chegar em casa em tempo de trabalhar.
Voltando, mas sempre indo! Dormimos em Guarujá e no dia seguinte
Assim,
rumamos a Barretos. A idéia era apenas
maravilhoso
voltar por um caminho diferente da ida,
Barretos para apreciar e fotografar. Na
pois a volta por outro caminho dá sempre
foto acima, atente para as motos aos pés
a
do peão pra ver o tamanho da estátua.
impressão
que
estamos
indo.
apenas local
passamos dos
eventos
pelo em
Ah...deixa...
15
A arena é simplesmente magnífica e escavada. É um buracão enorme e linda!
Seguimos viagem pra dar conta do calendário e foi apertado. Entrando em Goiás, pegamos chuvas pesadas, tráfego intenso de caminhões. Caminhões nos ultrapassando debaixo de chuva e nos jogando torrentes de água que tornavam nosso trajeto muito perigoso e a estrada estava em reformas. Na realidade, havia uma estrada novinha em folha e prontinha pra ser usada bem ao lado do traste de estrada que andávamos. Esta era feita de trechos de
Estamos no nível do solo.
terra, de trechos de asfalto e com muito tráfego. Nossa viagem estava sendo atrasada e muito! Eu e Rosa decidimos invadir e vir pela estrada nova, senão seria mais um dia de caminhada. Em
Morrinhos,
mortos
de
cansaço,
O local, mais parece uma cidade com
ficamos em uma pousadinha de 10 reais
ruas e quadras cheia de lojas vendendo
por cabeça e pão e café como breakfast.
de tudo um pouco. Realmente é muito
Simples não caracteriza a bichinha.
diferente do que já vi. Seria a mãe de todas as feiras de eventos. Algo como que de fora do país. 16
A viagem foi uma empreitada de sucesso e agora eu chegava pra minha casinha. As próximas viagens estão nos planos, vamos ver o que acontece.
Mas dali, a vinda foi ótima, sempre acompanhados pela chuva. Em nossa chegada, fizemos questão de bater uma foto no mesmo lugar que começamos a viagem, na QI 27 do Lago sul.
17
Um Passeio Pelo Sul De Brasília a Montevidéu Serras gaúchas, catarinas, Gramado, Canela...
jan 2007
alguma coisa for dar errado, dará na pior
De Brasília a Montevidéu
hora possível. É lei de Murphy.
Preparação O
sucesso
Os cuidados com a alimentação ficaram da
viagem
feita
à
restritos ao controle da quantidade de
Caraguatatuba, em 2005, incentivou a
comida
mim e Carlos Rosa a fazermos uma nova
contínua.
viagem. E Montevidéu foi o destino
regularmente, trajetos de até 600km em
escolhido. A viagem partindo de Brasília
apenas um dia, em alguns finais de
iniciou-se em 29 de dezembro de 2006 e
semana, aqui por Brasília, o preparo físico
terminou em 26 de janeiro de 2007.
estava de acordo.
ingerida
e
pela
Como
hidratação
realizávamos,
Sobre a viagem, explico: a idéia veio com a mudança de meus pais para Camboriú, SC, e uma esticada para Argentina, eventualmente. Com a amizade de novos amigos em Balneário, em janeiro de 2007, ficamos conhecendo outras opções como a Serra do Rio do Rastro. Daí as dicas foram sendo incorporadas e planejadas com a ajuda deles".
E, para que nada der errado quando for viajar: É preciso pensar no que pode dar errado e ter sempre um plano B à mão. Quando tudo dá errado, o dinheiro ajuda muito a resolver. É bom ter uma boa poupança e bom seguro saúde. Telefones de amigos e parentes nas mãos do companheiro,
contatos
internet,
manutenção das motos, o planejamento
motociclistas das cidades por onde se vai
de percursos diários, horários de viagem
passar ajuda, também.
apenas durante o dia e a qualidade das
Ter em mente quanto você está disposto a
estradas
gastar e qual o tipo de tratamento que
dos
cuidados
seja,
com
por
A escolha de cidades com suporte, a
foram alguns
que
prévios
outros
tomados na preparação. É importante não
deseja
deixar
na
indispensáveis para se preparar uma
manutenção da moto. Acredito que se
viagem. Optamos por uma viagem mais
nenhuma
pendência
receber,
são
conhecimentos
19
Escolhemos
arredores, posto que as paisagens são
esse tipo de viagem para ter contato com
excepcionais e há sempre movimentação
pessoas
conversadeiras,
de veículos, pessoas e animais. Esquecer
dispostas, atenciosas. Pessoas essas que
que se é um ser cosmopolita. Sentar no
passaram muitas lições de suas vidas, de
chão, deitar na relva, ser simples e se
suas culturas. Como foi o caso no
inteirar coma vida que está levando. Viver
Uruguai. Se tivéssemos ficado em hotéis
o que a vida está lhe oferecendo no
de porte, certamente não conheceríamos
momento
a galleta, um pão local, uma vez que
Relaxar e aproveitar. Tá na chuva?
hotéis
Procura uma poça pra pular nela e se
espartana,
mais
simples.
simples,
utilizam
alimentação
padrão
internacional e muito menos de sua
sem
stress
nem
traumas.
divertir! (rssss).
cultura.
O grau de importância da preparação da viagem é tão importante quanto a viagem. Os cuidados que devem ser tomados com
Até pra comprar pão na esquina planeja-
o dinheiro são os mesmos que tomamos
se se vai de tênis, chinelo ou descalço, o
ao botar o pé para fora de casa, no nosso
que vai comprar e quanto vai gastar,
dia-a-dia. Pessoas ruins e desonestas são
então, uma viagem dessas, deve ser
encontradas em todos os lugares, todos
planejada pra seu sucesso.
os
dias.
Mas,
nessa
viagem,
só
Pessoas muito exigentes, perfeccionistas,
encontramos pessoas boas.
com
A preparação psicológica aconteceu o
frustrações, teriam problemas em fazer
tempo todo. Na saída a empolgação e o
viagens como esta e, caso fizessem,
nervosismo têm que ser controlados;
talvez não aproveitassem o trajeto como
Durante, sangue frio, cabeça fria com os
se
problemas. Procurar soluções rápidas e
aventura, mesmo que nem chegue a tanto
práticas diante do objetivo da viagem.
diante de tantas super-aventuras que já
Manter a concentração na estrada e
realizaram por aí. A aventura é a nível
dificuldades
deve.
Acredito
para
que
lidar
com
"aventura
é
20
pessoal. Os primeiros passos de um bebê,
com
são sua primeira aventura".
endereços de parentes, de hotéis, de
A preparação de uma viagem é uma etapa muito gostosa: são horas e mais horas de reuniões, encontros e muita animação.
ambas
oficinas
as
para
motos,
documentos,
emergência
e
pouca
bagagem, o mínimo possível pra aliviar o peso e excesso sobre a moto.
Encontros esses que devem ser bem aproveitados e discutidos. A preparação faz parte da viagem, e é uma parte muito importante.
"Planejamento,
segurança,
treinamento e preparação são vitais".
Menos é mais. Essa é a frase que você precisa ter guardada em sua mente se quiser fazer uma viagem de moto: sem exageros nem excesso na bagagem, pois alguns utensílios são indispensáveis.
O valor da viagem foi de cerca de R$3.000,00. O planejamento do custo previsto foi indispensável para que o valor levado fosse o suficiente. É bom informarse sobre as leis e a documentação
A beleza e a qualidade das estradas do
necessária nos países do trajeto. E é bom
sul foi um fator decisivo na escolha do
se informar também sobre as experiências
trajeto.
de outros viajantes.
Para
quem quer
fazer
uma
viagem
Cuidar
da é
velocidade importante.
nas
estradas
dessas, é necessário planejamento, muita
também
Assim
como
leitura sobre os lugares que irá passar.
escolher bem o local para acolher a moto.
Postos de combustíveis, oficinas, hotéis e
Apesar de preferir menos, três ou quatro
procurar prever tudo antes do pé na
pessoas no máximo seriam a melhor
estrada. É necessário levar
algumas
escolha para fazer uma viagem como
ferramentas de preferência compatíveis
essa, por ser um número pequeno de 21
pessoas e as preferências e escolhas são
custom, não é aconselhável. Pequenas
acertadas com mais facilidade.
cilindradas
para
grandes
velocidades
também não. Cada equipamento tem a sua finalidade a ela deve ser limitada. Para pedir informações recomendo que pare e pergunte em postos de gasolina e polícia rodoviária. Recomendo que se faça uma bateria de exames e uma consulta a um especialista para cuidar dos principais grupos musculares. É necessário cuidar o que se vai levar de bagagem, pois tem que se levar em consideração que se pode aproveitar a viagem para comprar uma coisa ou outra. Mas não pode faltar um estojo de primeiros socorros com remédios para eventualidades.
Além
de
inflador
de
pneus, água, pano para limpeza e algum pedaço
de
sabão.
Cuide
com
a
quantidade de roupas. Muitas vezes é melhor levar e não usar que precisar e não ter. Cada caso é um caso e precisa haver
um
planejamento
baseado
no
destino. Quanto ao clima: no maior calor que passei na vida, tive que usar jaqueta, calça e bota de couro pra não sentir mais calor ainda, que vinha do asfalto quente nas estradas do RS. Passar frio em cima de uma moto pode ser fatal, pelo alto incômodo e perda da concentração. A melhor coisa que tem é conhecer seu
O melhor lugar para guardar a moto, sempre respeitando a lei de Murphy, é o mais perto possível, o mais abrigada possível, o mais escondida possível. Ela pode ser roubada até na porta de casa, mas no meio de uma viagem é complicado e desastroso. Em casos de chuva o plano é usar capas, botas, luvas impermeáveis. Além de uma análise situacional do estado da estrada. Quando a chuva for muito intensa, parar sempre que possível em um local seguro, abrigado e longe da pista e do trânsito.
equipamento. Comprar zero e viajar é complicado. Estradas de terra com uma 22
Dicas Gerais
mais com as pessoas mais simples, do
Aprender é uma constante na vida de todas as pessoas. O aprendizado está em todos os lugares, principalmente nas
que com pessoas que julgamos mais importantes por seu nível de estudo ou pelo valor de sua conta bancária.
pequenas coisas. A
primeira
Argentina,
idéia mas
de
destino
devido
à
foi
a
problemas
políticos trocamos para Montevidéu e não nos arrependemos. O único erro talvez tenha sido levar apenas a carteira de motorista e ter deixado em casa o passaporte e a identidade oficial, mas como não aconteceu nada grave.
Abrir os olhos para a vida é um passo indispensável para a felicidade. Ver quem realmente te faz bem e pode ser a tua companhia em uma viagem, na vida, amizade,
principalmente.
Afinidade
pessoal nos projetos, meios e objetivos. Também é muito importante saber o quanto se tem ou se quer gastar, o tipo de comida e hospedagem que cada um está disposto a se expor. Esses foram alguns Aprendi a apreciar pequenas coisas,
dos critérios usados por nós, na escolha
momentos, visuais. A não me aborrecer
mútua como companhia de viagem.
com pequenas frustrações. A conversar mais
com
outras
pessoas
e,
principalmente respeitar seus pontos de vista culturais. É importante vermos o quanto uma viagem pode melhorar um homem, pois não é apenas trancado em uma sala ou paralisado em frente à televisão
ou
computador
que
É necessário superar dificuldades para realizar uma grande aventura como esta. Na viagem, as dificuldades encontradas foram hospedagens ruins ou muito caras, péssimas condições no trecho sul da BR 101. A má iluminação de alguns trechos.
iremos
Acredito que poderia ter tido mais cuidado
adquirir os maiores ensinamentos. Preste
na preparação, deveria ter feito uma
atenção nos pequenos detalhes e ouça de
pesquisa mais detalhada sobre os países
verdade as pessoas. Talvez você aprenda
que passaria, sobre a documentação 23
necessária, sobre a cultura dos países,
da Igreja em São Joaquim, com toda a
sobre alimentação e hospedagem.
sua neblina, as planícies da estrada para Chuí, a comida do restaurante Mirim à beira da lagoa Mirim, no RS, o amanhecer refletido na lagoa dos patos, na cidade de Rio Grande, RS, as paisagens da serra do Pinto no RS, a fantástica descida da Serra do Rio do Rastro.
A explicação do que significa viajar é simples e verdadeira: Significa sair da cadeira,
do
marasmo,
da
mesmice.
Significa se expor ao mundo, às pessoas, à vida. A vida é muito mais. A vida é um conjunto de sentimentos e sensações que somente
a
variação
de
ambiente,
situações e pessoas podem nos trazer.
Qualquer que seja o motivo da viagem, seja descanso ou aventura, a segurança
Quando se é um adorador de viagens, escolher um lugar mais bonito ou o melhor momento torna-se a mais difícil das
deve vir em primeiro lugar. Planejamento é fundamental, juntamente com pesquisa, principalmente para o exterior.
tarefas. Não conseguimos escolher o melhor momento são tantos que não dá
A PARTIDA
pra ressaltar um. As paisagens mudando a cada curva, o calor do sol, as lindas estradas do sul, as serras maravilhosas, o vento no rosto, a chuva, as pessoas, é tudo lindo demais, mas na memória ficaram guardadas várias imagens lindas da viagem: as
curvas da serra de
Paranapiacaba,
as
interpraias
Dia 29 de dezembro de 2006 (Sexta) Saída às 6 horas da manhã... Ainda escuro. Um pouco ansiosos pela nova aventura, tentamos algumas fotos para marcarmos nossa saída, mas as fotos não ficaram lá essas coisas.
de
Balneário Camboriú, as serras de Sta Catarina e as estradas maravilhosas, os lindos visuais de Urubici e o alto do Morro 24
Fisicamente uma torção no punho direito e mais nada. A Bruta perdeu o pára-brisa (bolha), que ficou em pedaços, o guidão um pouco torto e mais nada. Pela preocupação, nem fotografamos esse fato. Essa foto do local foi feita em nosso Passamos por Luziânia com o dia raiando e
assim pudemos
negociar
com as
ondulações feitas pelos caminhões nesse trecho. Após ultrapassarmos Cristalina, a Bruta, moto do Rosa, começou a falhar em alta rotação. Ao pararmos em um posto para abastecermos, notamos que ela
perdia
gasolina
por
retorno.
uma
das
mangueiras do carburador. Seguimos até Catalão para a autorizada
Em torno das 20 horas e 800km rodados, chegamos em Pirassununga. Ficamos no Hotel Rosim, 30 reais cada. Espartano, mas limpo, à beira da rodovia sentido norte.
Após
jantarmos
em
uma
churrascaria ao lado, nada melhor que um bom banho e uma ótima cama. Dia 30 de dezembro de 2006
Yamaha e fomos muito bem atendidos
Após o simples café da manhã, estrada
pelo Onça, mecânico de bons recursos
novamente
técnicos na oficina. A manutenção durou
Camboriú
cerca de duas horas. De volta à estrada,
apresentou
pegamos algumas nuvens rápidas de
anteriores
chuvas localizadas, mas nada assustador.
entramos em Leme, noutra autorizada
O que realmente assustou foi quando, em uma curva mal sinalizada em um dos desvios em Uberaba, Rosa, "perdeu o
Yamaha,
com mas, os e,
onde
destino
a
Balneário
novamente, mesmos quilômetros
fomos
a
Bruta
problemas à
muito
frente,
bem
atendidos pelo mecânico Hélio. Excelente profissional. Duas horas depois, lá vamos
ponto" e só não aconteceu o pior por conta de um capinzal às margens da rodovia, onde ele deixou uma "picada" de uns 20 metros de extensão...
novamente, desta feita com a Bruta 25
andando forte. O sol era insuportável, mas mesmo assim, estávamos usando as roupas de couro e botas de cano longo... Sei lá, vai que tem outro matagal pra ser aparado por aí... A Anhanguera é ótima estrada, mas muito chata. Havíamos, então, planejado cortar caminho, evitando a Régis. Saímos por Limeira passando em Sta Bárbara D'
Na serra chuvosa, usamos nossas capas
oeste, Capivari, Porto Feliz e Sorocaba e
de chuva. E assim foi debaixo de água e
ainda Votorantim, onde nos confundimos
andando
no anel viário, sendo orientados por um
Curitiba, por volta de 22 horas. Lá, já nos
motociclista local. Passamos por Piedade,
esperava Lúcia, uma querida amiga que
Tapirai e saímos em Juquiá, na Régis.
nos recepcionou no Babilônia, restaurante
devagar,
que
entramos
em
fino e bem freqüentado, tendo ainda se preocupado em nos reservar hotel onde gentilmente nos deixou, algum tempo e alguns pratos depois. Foi muito gostoso. Obrigado, Lú.
Foi um passeio muito bonito pela serra de Paranapiacaba. Afinal, a viagem era para passear, ver coisas bonitas, conhecer gente, lugares.
Dia 31 de dezembro 2006 (Domingo) Após um farto e prolongado café da manhã, seguimos viagem sob fina garoa, mas a Serra do Mar, que separa Curitiba de Balneário, nos recebeu com tanta 26
chuva que fomos obrigados a parar em
Durante essa semana, conhecemos vários
Garuva por segurança, pois trafegávamos
amigos,
bem mais devagar que os carros e é
motociclísticos,
grande o trânsito para as praias por conta
orientações de outros colegas que já
da virada do ano.
haviam passado por essa aventura. Ainda nessa
pontos
semana
de
tivemos
encontros conselhos
visitamos
e
Blumenau,
Brusque, Pomerode, Porto Belo, Bombas, Bombinhas (o Rosa adorou...) e as interpraias. Tudo lindo demais. Dia 08 de Janeiro de 2007 (Segunda) Nosso roteiro de viagem foi elaborado com conselhos e orientações do nosso grupo de amigos feitos em Bal. Uma raça Após a serra.....muuuuito sol forte e por
de motociclistas com muitos km de praia
volta de 16 horas chegamos à casa de
que se reúne para um bom papo quase
meus
todos os dias no posto BR da Avenida
pais,
com
muita
alegria
na
recepção. A virada do ano foi em família.
Brasil.
Muita festa, alegria, fogos e tudo que tínhamos direito.
Na
saída
de
BC
com
destino
a
Montevidéu, Uruguai, o amigo Tony nos acompanhou até Urubici, para visitarmos o Na semana que se seguiu, fizemos alguns
Morro da Igreja, pois ele conhece bem a
ajustes
Rosa
região e nos serviu de Guia, uma gentileza
comprando um novo parabrisas e afinando
sem tamanho. A Serra da Boa Vista faz
a Bruta.
frio, não chegou aos níveis da época de
nas
motos,
com
o
inverno, mas tivemos que colocar nossas balaclavas. 27
Almoçamos na churrascaria Amorim em
despediu de nós por lá. Mais à frente
Urubici, 1000m acima do nível do mar.
encaramos
Ótima a comida. Visitamos a cascata Véu
experiências pelas quais já passamos:
de Noiva, de 65m. Tava fraquinha devido
descemos a Serra do Rio do Rastro.
às poucas chuvas nessa época. Altitude:
Deslumbrante
1375.
fechadíssimas nas quais descemos 1500
uma
das
mais
conjunto
de
lindas
curvas
metros em apenas 13 km. O tempo fechado com densa neblina suava nossas motos, molhava nossas roupas e, claro, impedia nossa visão da paisagem que, segundo dizem, chega ao mar...Eu
não
via
nem
o
Rosa.
Abastecemos em Bragança e a Bruta fez 30,6 km/l contra 26 da Aparecida. Tiramos O Morro da Igreja tem 1827 metros de altitude e é o ponto mais frio do Brasil.
fotos em Urussanga. Pernoitamos em Criciúma.
Tem uma estação de radar do Cindacta II. Pela altitude é comum o morro estar enevoado,
e
não
Dia 09 de Janeiro de 2007 (Terça) Pela manhã, na hora da partida, a chave da Bruta havia sumido. Perdemos algum tempo num chaveiro, mas utilizamos o tempo para pagar a Carta Verde, um seguro-obrigatório para rodar no Mercosul. Almoçamos em Sta Rosa do Sul no restaurante Lagos de Pedra, de comida boa e ambiente muito agradável à beira de pudemos
apreciar
a
vista,
Tony
se
um lago. 28
Sérgio. Este casal nos conseguiu Hotel, oficina, restaurante, nos levou a um tour pela cidade em seu carro com um maravilhoso
ar
refrigerado.
Transcenderam a já conhecida simpatia motociclista. Dia 10 de Janeiro de 2007 (Quarta) Em
seguida
enfrentamos
os
ventos
laterais e os caminhões da BR101. Um incômodo e delicioso desafio. Incômodo pelo vento, delicioso pela tocada forte para ultrapassagens. Mais gostoso ainda foi pilotar na nova rodovia Rota do Sol, na serra do Pinto. O dia estava lindo e tiramos
muitas
fotos
da
paisagem.
Deixamos a manhã para manutenção preventiva nas motos. Saímos às 15 h e chegamos a São Lourenço do Sul, às margens da Laguna dos Patos, ainda com claridade.
Passamos
a
noite
numa
deliciosa pousada estalando de nova, frente à Praia da lagoa após jantar numa churrascaria.
Atingimos Santa Cruz Do Sul em torno das 20 horas, dia claro com pelo menos uma
hora
de
sol
pela
frente.
Dia 11 de Janeiro de 2007 (Quinta) RODOVIÁRIA DA QUINTA. Paramos
para
regular
a
agulha
do
carburador da minha moto que estava Ao jantarmos numa lanchonete, Sérgio,
muito alta e consumindo demais. Para
um motociclista da cidade nos abordou e
testes,
conversamos.
depois
conhecemos Valério, dono do restaurante
chegaram Chico e Adriana, um casal de
Capilia, pouco antes da reta final para
médicos, muito mais que simpáticos, que
Chuí.
Poucos
minutos
coloquei-a
na
mínima.
Lá,
foram avisados da nossa presença, pelo 29
Entramos no retão e, 60 km depois, almoçamos
um
PF
delicioso
no
Restaurante Mirim. Realmente a comida é muito saborosa e o lugar acolhedor. Aproveitamos
para
visitar
a
vila
vento-frontal-lateral-esquerdo e
conhecer a igreja Nossa Senhora da Conceição, a mais antiga da região. O almoço deu sono e a reta que já é chata por
si
só,
ficou
mais
ainda.
Foi
que
nos
empurrava para o lado e nos socava na passagem de caminhões. Mesmo com bolhas, tínhamos que nos abaixar um pouco. Esse incômodo nos acompanhou desde Porto Alegre.
complicado: a longa e reta estrada tem
Esse vento cansa, incomoda e aumenta o
pouca paisagem, aliás, de Porto Alegre
consumo
pra baixo, é uma planície só, com poucas
capacete aberto pelo fechado nas duas
alterações
vezes que passamos por lá. Pouco antes
das
motos.
Troquei
meu
do Chuí, paramos em Santa Vitória do Palmar para um descanso e conhecimento da região e, mais uma vez, devido às nossas
placas
e
bandeiras
(também
devido à imagem de Nossa Senhora
significativas na paisagem. Fomos a 80 e 90km/h para economizar combustível, pois nos falaram que não havia posto nos 240km da reta (Tem, sim. Dois, pelo menos.), e durante o trajeto de 3 horas,
que o Rosa leva na fivela do cinto),
além do sono e dos poucos motivos para
conhecemos alguns brasilienses.
virar o pescoço para os lados, tinha o forte
Chegamos a Chuí por volta das 17 horas 30
e fomos cuidar das motos: abastecimento,
uruguaio e lá ficamos, mas o jantar foi,
lubrificação e solda no mata-cachorro da
ainda, brasileiro, pois nos assustamos
Bruta. Cambiamos alguns reais (1 real =
com o sistema deles de tudo ser separado
10 pesos). Chui é uma cidade comercial
e o preço acumulado acabava sendo meio
com muitas lojas, muitas pessoas, meio
alto. Como era nossa primeira incursão na
que popular. Apesar de pessoas até que
área alimentar, preferimos pesquisar um
bem vestidas, senti-me numa rodoviária.
pouco mais nos próximos dias.
Apesar disso, nosso estilo "roupas de couro nesse calorão", chamou
muito
atenção, inclusive nossas motos, placas e as bandeiras que o Rosa levava.
Durante
nossos
momentos
num
bar
uruguaio, dois garotos bem vestidos, bonitos,
tentaram
nos
pedir,
em
castelhano, nossas luvas meio-dedo de presente. A negociação iniciou-se em espanhol e culminou em inglês comigo recusando gentilmente, uma vez que "we need them to drive our bikes, sorry!" Na próxima vou levar alguns souvenirs de Brasília para essas situações. Dia 12 de Janeiro de 2007 (Sexta)
Chui e Chuy são separadas por uma
O
avenida (fronteira seca), mas as lojas de
normalmente, cobrado à parte da diária,
importados estão do lado uruguaio. Tudo
pois os uruguaios tomam apenas o
em dólar, nada caro ou barato demais,
chimarrão, normalmente. Conhecemos a
são os mesmos preços da Feirinha dos
GALLETA (gagêta), um pão alto e
café
da
manhã
(50
pesos)
é,
Importados de qualquer lugar.
Encontramos um hotel confortável no lado 31
quadrado de uns 10 x 10 cm, não é ruim, mas desce melhor passando algo nele. Eles têm um bóiler de 20 litros que limita o tempo dos banhos. Eles parecem ser muito preocupados com o consumo da água. Bem, muita adição cultural para apenas algumas horas de estrangeiro, né? Finalmente a aduana e imigração. O Rosa, por estar com a Identidade desatualizada (ele ainda estava de fraldas, na foto...), e eu, por estar sem identidade (apenas nossa carteira de motorista), fomos convidados a discutir o
Senti-me bem rodando por lá. Aliás, digo isso, pois existem lugares que sente-se oprimido, com medo de entrar, parar, conversar
com
assunto em ambiente privado. Minha ignorância e descaso me custaram caro.
Rocha fica cerca de 150 km da fronteira, onde lanchamos um verdadeiro almoço em sanduíche. É uma cidade antiga e que me lembrou as mexicanas dos filmes, com
alguém. Em momento algum, no Uruguai,
casas coladas umas nas outras e quase
me senti assim, coisa que ocorreu em São
sem árvores nas ruas. Lembra o Cruzeiro
Paulo uns dias depois.
Velho, em Brasília.
Chegando em Montevidéu: cidade antiga numa parte e moderna em outra. O centro é repleto de árvores frondosas que
32
sombreiam e refrescam as ruas. Entramos sem medo de ser feliz e descobri uma
Finalmente resolvemos parar e perguntar por hotel nas proximidades de onde estávamos. conjunto
Após
de
verificarmos
pousadinhas
um
baratinhas,
fomos "aborbebadados" por um senhor que nos ofereceu um hotel do qual fazia distribuição de folhetos, Hotel Balfer, aconselhado, coisa
interessante:
é
extremamente
agradável dirigir por uma
cidade
brasileiros
que
inclusive fazem
por
alguns
mestrado
e
encontramos por lá buscando roupas na lavanderia. Jantamos num restaurante chamado
El
Fogón,
muito
bom.
desconhecida sem ter ou saber aonde ir. Vira-se à esquerda ou à direita sem preocupação de se perder, pois VC está, mesmo, completamente perdido, não tem a menor idéia de onde está e pra aonde vai. Vou te dizer, é gostoso. Curti muito andar por Montevidéu desse jeito.
33
Dia 13 de janeiro de 2007 (Sábado)
ventania nos pegou, derrubou barracas dos
bares
e
nos
envolveu
numa
tempestade de areia que chegou aos nossos ouvidos apesar dos capacetes.
Resolvemos
não
ir
à
Argentina
por
questões documentais, por causa do preço da balsa e pelas confusões na fronteira por conta de uma pendência dos dois países na implantação de uma fábrica de celulose. Subimos o Uruguai pela orla. Sol forte, céu claro e algum vento. Chegamos a Maldonado, colado a Punta Del
Leste,
e
fomos
almoçar
numa
A areia doía na pele do rosto. As motos dançavam na pista. Resolvemos seguir em frente e deixar Punta del Leste para trás, mesmo com trocadilho.
lanchonete, onde nos apaixonamos por Patrícia,
uma
cerveja
muito
leve
e
deliciosa.
Passamos em La Paloma e resolvemos trocar o óleo das motos e conseguir uma Até eu, tomei dois copos dela. Ali perto,
pousada. Tudo Lotado. A cidade é muito
troquei o pneu traseiro, já careca, de
disputada por argentinos e uruguaios em
Aparecida, minha moto, por 100 dólares
temporada e ainda acontecia um encontro
(metade do que se paga aqui).
de jovens. Sem jeito, fomos a Rocha, 22 km dali, onde pernoitamos.
As mansões e arquitetura de Punta impressionam. É uma cidade muito bonita, moderna e cara. No trajeto, uma forte 34
Dia
14
de
Janeiro
de
2007
feliz.
(Domingo) Fazia frio, apesar do sol. Trocamos os óleos nós mesmos num posto e seguimos para Castilho, de passagem e Punta del Diablo, um povoado, digamos alternativo.
Seguindo o passeio, fomos ao parque Nacional Santa Teresa onde costuma-se acampar e depois ao Forte Santa Teresa, um museu militar. Casas de madeira, ruas de terra, parecia uma cidade do velho oeste. Jovens e mais jovens de mochila zanzavam pra lá e pra cá. Rosa quase morreu de rir quando um rapaz me pediu fogo para acender seu cigarro de maconha. Logo após me pediu para tirar uma foto com minha moto e o mesmo fez sua namorada. Chegando
a
Chuy,
encontramos
um
triciclo que mais parecia um monte de cacos juntados aleatoriamente, com um botijão de gás entre o garfo e o piloto e um caixão de defunto à reboque. Fotografei a curiosidade. Mais adiante, entrando numa loja, vi um motociclista equipado como nós num Uma senhora argentina nos abordou curiosa e foi fotografada em cima das nossa motos, sob protesto do Rosa. Ela era uma ortodontista aposentada que escolhera aquele lugar para viver. Deu-me um conselho sobre meu aparelho e foi-se 35
calorão daqueles e puxei assunto. Era o companheiro do dono do triciclo. O dono se chama Maykon, é dono de uma danceteria em floripa e seu triciclo é o mais rápido do Brasil, segundo o Paulão, de Lages, SC. Os novos amigos nos ofereceram pousada em floripa, muito sincera e gentilmente, mas não pudemos ficar, sequer visitar o local. Foi uma pena.
-estrutura. Tem vários prédios antigos e
Nem nas férias podemos escapar de
bonitos.
nossos compromissos.
dinheiro. Jantamos numa ótima e farta
55
contos
por
cabeça
em
churrascaria ali perto e dormimos feito pedra. Dia seguinte acabei com o café da manhã do hotel...Aliás, comer e rodar é tudo o que temos feito...As barrigas já têm que ser encolhidas para as fotos. Dia 15 de Janeiro de 2007 (Segunda) Fomos conhecer a praia do Cassino. 200 Pernoitamos
em
Rio
Grande
após
atravessar os 240 km da estrada e darmos uma paradinha no outro posto para confirmar seu funcionamento para avisar
e tantos km de praia muito larga, areia socada e água marrom. Como praia em sí, não vi atrativos, a não ser por ser uma delícia dirigir por ela. Rodamos uns
os amigos. Batemos um papinho com o pessoal e soubemos de várias viagens feitas por aquelas bandas que postaram adesivos em suas portas de vidro. Tinha viagem à patagônia de bicicleta e até ciclomotor. A nossa, de 250s, nem parecia tão aventureira assim depois destas...
quilômetros tiramos umas fotos e fomos a
Rio Grande tem só 4 hotéis. É uma cidade
POA, onde dormimos num hotel que mais
antiga que está se modernizando muito
parecia um pombal, próximo à rodoviária e
rápido, mas ainda lhe falta certa infra
cujo dono era um senhor de 80 anos, 36
muito dinâmico e falso ranzinza de muito
boas fomos alcançando Nova Petrópolis,
bom humor, do qual gostei muito.
Caxias do Sul, Vacaria, São Marcos e Campestre da Serra, onde paramos e
Dia 16 de Janeiro de 2007 (Terça)
conhecemos a Inêz, com uma Lancheria à Saímos de Porto Alegre por volta das 10
beira da rodovia.
horas da manhã, com sol forte Ainda passamos por uma autorizada Kasinski para mais uma olhada nas máquinas, mas sem qualquer negócio. Também visitamos a autorizada Garini, nova no mercado, e em vias de lançar a GR250V, semelhante as Mirage.
Em seguida atravessamos a ponte do Rio Pelotas, que divide RS e SC. Ali, fizemos fotos maravilhosas do Rio. Mais à frente, não resistimos às imensas plantações de maçãs, á beira da rodovia. Paramos "procuramos" os proprietários e como não os encontramos, tomamos a liberdades de Infelizmente ainda não estavam expostas e assim saímos de Porto Alegre em direção a Novo Hamburgo, por onde entramos,
atravessamos
seguimos
para
Gramado
a
cidade e
e
Canelas.
nos saciarmos com algumas...rsrsr... Atingimos Lages já anoitecendo (21 horas) e como sempre os hotéis mais em conta eram nossa meta. E foi em um posto de gasolina que nos informaram sobre um colega
motociclista
de
nome
Paulo
Todeschini, morador da cidade e muito ligado
ao
mundo
das
motos
tendo
inclusive um programa semanal de nome CIA LIBERDADE, aos domingos pela manhã
(10:30h...)
abrangendo
Santa
Catarina e Paraná pela REDE TV Sul. Passeamos um pouco, fizemos fotos e seguimos em direção a Lajes. Estradas 37
mundo
pessoas
tão
especiais
como
aquelas que deixávamos para trás e para frente.
Com algumas informações em mãos, saímos a procura e não foi difícil localizálo através de familiares. Pouco depois, em uma animada roda de parentes
e
amigos,
trocamos
muitas
informações e até acompanhei o Rosa em uma
"amarelinha"
que
nos
foi
oferecida....rsrsrs...
presente! Uns 30km à frente, vimos uma Cagiva estacionada próximo à estrada, cheia de "bugigangas", garrafas dágua, sucos, madeiras, martelos, talhadeiras, etc...E foi assim que conhecemos Cacho
Dia 17 de janeiro de 2007 (Quarta)
(catcho), um argentino aposentado que
Pela manhã, com o Rosa furioso por não ter gostado do café da manhã (eu já tinha comido tudo...rsrsrs...),recebemos o Paulo que levou-nos até sua residência onde trocamos mais informações, conhecemos sua esposa Valda, assistimos um de seus programas,
Seguimos viagem com o calor sempre
recebemos
camisetas
e
viaja pelo Brasil, vivendo de trabalhos artesanais feitos em madeira. Estava sem gasolina
e
cedi-lhe
2
litros.
Como
agradecimento, fui agraciado com uma de suas obras: o rosto de Cristo misturado com Che Guevara, entalhado em uma tábua. Arte é arte, quem sou eu...
adesivos do CIA LIBERDADE, babamos um bom tempo frente à sua Kawasaki Voyager ano 95, muito linda e que está a venda por módicos 35 mil (a bolsa subir um
pouco!),
beberrão..rsrs...,
além
de
seu
sendo
triciclo
finalmente
acompanhados pelo amigo até a saída da cidade,
onde
prosseguimos
viagem
agradecendo a Deus por ter colocado no
Na Serra Geral, que desce a Floripa, uniu38
se
a
nós
o
jovem,
Marcelo,
motociclista/caminhoneiro, e nas curvas amenas da serra fiz questão de filmá-los no lindo balé das curvas (Veja filme no site). A menos de 20km de Floripa, paramos
em
alongamento
um e
posto
líquidos
para
um
quando
se
aproximou de nós um rapaz de nome Carlos.
Por volta de meia noite e meia, após
Conversa vai, conversa vem, ficamos
trocas de endereços, email e telefones,
sabendo que era também motociclista
retomamos os últimos kms que nos
independente como nós, e após convite
separavam
de sua parte, o acompanhamos (ele de
tranquilidade, apesar de fina garoa que
carro...) até a oficina do Macedo, em
caía, chegamos em casa maravilhados
Floripa, onde conhecemos Clotilde sua
pelo dia que passamos.
moto, uma CB 450 customizada e fizemos novos amigos. Prepararam-nos peixe e
de
Camboriú.
Com
Dias 18 e 19 de Janeiro de 2007 (Quinta e Sexta)
camarões fritos. Nesses dois dias permanecemos em Balneário para descanso e as devidas manutenções
preventivas
de
nossas
meninas.
Nessa vida boa, por ali ficamos até por volta de 23h e, quando pensávamos em seguir para Balneário, tinha mais. É um posto - point de motociclistas. E era o dia de encontro deles, quarta feira. Lá fizemos mais alguns amigos, MCs e até um colecionador proprietário
de do
carros posto,
que
antigos,
Dia 20 de Janeiro de 2007 (Sábado)
muito
Destino: Curitiba, São Paulo, São José
gentilmente nos exibiu suas relíquias,
dos Campos e finalmente Caraguatatuba,
orgulhosamente.
onde mora a mãe do Rosa. Saímos já com 39
roupas de chuva, pois descia uma fina
Dia
garoa e como já havíamos enfrentado a
(Domingo)
serra
de
Curitiba
(lembram-se?),
com
muita
estávamos
água
preparados,
mas não caiu uma gota.
21
de
Janeiro
de
2007
Após um belo café da manhã, fotos, nos despedimos da família Santos e após mais algumas visitas rápidas do Rosa a alguns amigos, finalmente por volta de 15h, deixamos São Paulo debaixo de chuva com destino à Caraguatatuba, 180km à frente.
E o tempo foi assim até Taboão da Serra, divisa com São Paulo, onde chegamos por volta de 18horas, sem problemas. Como alí é território do Rosa (ele é Paulista) foi ele quem nos encaminhou para casa de amigos(as).
Descemos a serra de Caraguá com forte neblina, mas sem chuva que ficara para trás. Entramos em Caraguá por volta de 18h cansados mas satisfeitos por mais uma etapa vencida e visto paisagens tão lindas na Serra do Mar, sem chuva. Dias 22, 23 e 24 de Janeiro de 2007 (Segunda a Quarta)
Assim conheci a Jô e Sebastian, Gilda, Neném, Janete e várias outras pessoas da família, todas maravilhosas. Jantamos e pernoitamos
na
casa
da
Jô,
que
gentilmente nos acolheu. O cansaço era tanto que a reza terminou em ronco....do Rosa....rsrsrs... 40
Em Caraguá fazendo pequenos passeios
bateria...etc... Nada.
nas praias litorâneas, dormindo na casa da Dona Terezinha, mãe do Rosa, e em visitas à Luíza e João, irmã e cunhado dele, a quem escravizamos com nossa presença. Luiza não saía da cozinha, e nós, da mesa... Para nós foi um momento especial pois pudemos estar presente pela
O Rosa, como tem seguro, chamou um
formatura de João e por visitar a sobrinha
guincho e a Bruta rodou de boba pelos
predileta do Rosa.
próximos 40km até Leme (novamente....), onde
foi
atendida
pelo
mesmo
mecânico.Resumindo: era a bobina do motor que havia rompido um fio e outros estavam colados, em curto. Vibração, na certa. Após mais 80 irreais gastos e bom tempo perdido (o fato ocorreu às 11h40 e pegamos estrada novamente somente às Dia 25 de Janeiro de 2007 (Quinta) Nossa última etapa dessa maravilhosa aventura.Tínhamos pela frente os últimos 1200km de viagem até chegarmos a Brasília. Esse último trecho seria dividido em dois dias para chegarmos na manhã da sexta, 26. E Tudo correria muito bem, não fosse (para revolta do Rosa...) mais
1
um problema, dessa vez elétrico, da Bruta.
7h00). Seguimos viagem pisando fundo.
E
isso
aconteceu
com
um
grande
estrondo, parecido com o estouro de um pneu de caminhão, exatamente na praça do pedágio, 4km após Limeira, já no km 152 da Anhanguera. Pasmos, procuramos
Conseguimos chegar em Uberaba por volta das 21h. Conseguimos hotel à beira da estrada, lanchamos ali mesmo e cama para vencer os últimos km à frente no dia seguinte.
por uma sombra e iniciamos algumas averiguações como fusíveis, cabos velas, 41
Dia 26 de Janeiro de 2007(Sexta)
Mais que um passeio de moto, essas
Deixamos Uberaba por volta das 9h da manhã. Tranquilos, sem pressa, paramos em Catalão para almoçarmos e trocar o óleo das meninas pela última vez dessa viagem. Então, traçamos os últimos kms não respeitando nem algumas gotas de chuva que insistiam em nos perseguir. Quando,
finalmente
chegamos
em
um caminho diferente do meu, sugeriu em
uma
superações constantes, pois em cada um dos itens acima, algo poderia não estar, e muitas vezes não estavam, de acordo com nossos caprichos. As paisagens são lindas, impagáveis e impossíveis de serem transmitidas da maneira
Valparaízo de Goiás, o Rosa, que seguiria
pararmos
viagens revelam-se um treinamento de
movimentada
lanchonete de um seu amigo e ali, felizes, cansados e realizados, fizemos o brinde e agradecimento a Deus por essa longa a adorada viagem.
que
elas
nos
abordam
intimamente. Fotos não chegam nem perto. Cheiros da mata, das flores, o toque da neblina em nossos rostos são sensações de cada um. Pensamentos, lembranças e mesmo a sensação de estar sozinho no meio do nada sem com quem conversar por horas. É meu Caminho de Santiago, de
conhecimento,
de
sofrimento,
de
alegria e felicidade, de superação e humildade, de aprendizagem, reflexão e mudanças. Não, não é apenas um passeio de moto, é uma lição de vida. E que vida!
E
assim
foi!
Nossos
velocímetros
marcavam 9.250km de estrada e 29 dias com vento na cara. Foram cerca de 20 hotéis diferentes, 22 camas diferentes, 22 chuveiros, 90 refeições (café, almoço, jantar), 50 abastecimentos, 5 trocas de óleo
(das
motos...)
cada
um...
É
mole...????
42
Uma Viagem pelo Brasil Brasília, Mundo Novo, Curitiba, Camboriú, Salvador, Natal e Santa Maria da Vitória
jan 2008 43
restante básico... O resto era pra moto:
Brasília – Mundo Novo
ferramentas, graxa...bem.
5 horas da manhã do sábado, 22 de dezembro de 2007, meu celular me
Liguei pro Rosa depois do banho e... acordei-o. Safado. E eu preocupado dele aparecer de repente me cobrando “Anda logo que já tô pronto!!!”. Beleza. Tinha mais alguns minutos pra ficar em cólicas de ansiedade pra viagem. Tudo na moto, vestido, e uma hora se passara desde que o sujeito disse que estava vindo. Calibrei os pneus.
Ele
chegou às 7h15, abastecemos e saímos acordou. Mesmo tendo ido dormir a uma e
vestidos com nossas roupas de chuva,
meia, batendo papo com meu amigo Raul, acordei disposto. Disposto a dormir um pouco mais...Mas como o Rosa, meu companheiro de viagem ficou de me acordar as 5 e meia, levantei logo, pois ele não me despertou confiança na noite anterior. Tava tarde e ele ainda tava mexendo na moto. Bem, levantei logo e fui cuidar da vida. O friozinho na barriga, desde a noite anterior,
botas de borracha e o escambáu.
ainda não havia sumido. Chovia. Choveu
Logo após o Gerivá, tiramos tudo. O
a noite toda. Aquela chuvinha fina que não
tempo estava bom para o sul. Em Goiãnia,
passa nunca. Passou às 6 da manhã.
calor. Ficamos pouco mais de uma hora
Bom sinal. Acabei de juntar a bagagem
pra
num canto só para não esquecer o que
Concessionária
esqueci. E levei tudo pra moto. Uma obra
Estrada de novo.
um
trato
já
programado
Kasinski
e
na
simbora.
de arte, paciência e perseverança. Acho que levava camisas demais. Duas jeans,
A viagem correu otimamente. A estrada
um tênis, uma botinha de trilha, uma bota
está muito boa, embora com um calor
de borracha para chuva, um chinelo e o
intenso, roupas de couro e tal, víamos fortes nuvens à nossa frente, e com sinais 44
combinados, já nos preparávamos para a
tirou do apuro em pouco mais de uma
roupa de chuva, o que não aconteceu,
hora. Consertou a corrente e seguimos
pois
viagem até minha gasolina acabar.
a
danada,
sempre
que
nos
aproximávamos, ou mudava de direção ou já havia por ali passado. Resultado:
Eu ainda não havia usado a reserva de
chegamos em São José sequinhos por volta das 19h. O interessante é que cada vez que a gente achava que ia pegar chuva (e estávamos precisando de uma “aguinha”), a estrada se desviava dela e chagamos a passar entre duas chuvas sem uma gota em nós. Em São José do Rio Preto, SP, paramos em uma lanchonete e fomos paparicados
minha moto, que deveria durar uns 50 km,
pela Bruna e pela Mabel. Aviso logo:
mas não chegou a 30, deixando-nos na
Bruna não é filha da Mabel (tá, Mabel?).
estrada.
As meninas nos indicaram hotéis e nos trataram
maravilhosamente
bem.
São
muito simpáticas e deixo aqui nossos agradecimentos
pela
paciência
Um
andarilho,
mendigo,
vagabundo, sei lá, nos informou de um posto a 5km dali. Enquanto o Rosa, que também estava
na
reserva,
buscava
e
explicações repetidas a dois viajantes cansados. Sassaricos pra lá e pra cá em busca do hotel ideal (já tenho larga experiência na área. Em janeiro de 2007 foi a mesma coisa), ficamos num bem confortável, ar, direção, trio-elétrico e garagem. Isso é fundamental pra não se ter que tirar toda a bagagem. Banho tomado, lanchados, dormimos feito pedra. Dia seguinte, 23, domingo, saímos em torno das 8 horas e, já na estrada a corrente da moto do Rosa, quebrou. Um motociclista, Rodrigo, nos arrumou um
gasolina pra mim,
chamei o sujeito pra
conversar. O andarilho-mendigo-vagabundo era um motorista
profissional,
operador
de
colheitadeira e mecânico que estava sem emprego e caminhava para a próxima
mecânico chamado “Trincado”, que nos 45
cidade tentar um emprego. Tinha filhos e irmãos por toda a redondeza e me informou as distâncias entre todas as cidades que nós iríamos passar, até Mundo
Novo,
MS.
Um
camarada
capacidado, mas sem emprego por ter apenas a quarta série, que as empresas não aceitam mais. Dei-lhe minha garrafa dágua, pedi-lhe que aceitasse algum dinheiro como humilde contribuição e ele
do
foi embora, otimista e perseverante, em
preciosos minutos de recordação entre
sua jornada. Não
ambos,
era triste, rancoroso
simples
botequim.
enquanto
nem resignado Tampouco infeliz. Segundo
compreensivamente,
ele, estava vivo e com saúde.
um freguês.
Alguns
dentes a menos, e muitos km a caminhar, mas era um vencedor.
Recordações
Seguiram-
eu
aguardava
conversando
passadas,
se
o
com
futuro era
Londrina. Eu queria ver uma amiga de
Gasolina no tanque, comida no bucho,
Brasília, Isabel, que havia saído no
estrada novamente com apenas 100km
mesmo dia que nós, de lá, mas de ônibus.
rodados em 5 horas. Fomos para Assis,
Ela me diria, depois, que seu ônibus saíra
SP.
às 16 horas e veio debaixo de chuva
Rosa morou em Assis há 34 anos. Não
desde lá. E temporal.
reconheceu a cidade, claro, mas estava
Às 18 horas, fomos lanchar na casa de
visivelmente emocionado ao desfilar por
sua
suas ruas. Procurando a parte antiga da
tradicional recepção de família mineira,
cidade, foi reconhecido num bar (onde
com queijadinhas (delícia), queijo (padrão,
mãe.
Fomos
recebidos
com
a
afinal a mãe é mineira), pãozinho de mel feito em casa (desmanchava na boca), café forte (mastiguei uns três pedaços rsss),
mas
nenhum
pão
de
queijo
(inadmissível!). Uma esculhambação! Fuime mais?) por um colega da época. Nem saltara da moto ou removera o capacete, o senhor já gritara seu nome de dentro
embora.
Peguei
as
queijadinhas
restantes (eu sou brabo, mas não sou besta), enfiei-as num saco e seguimos para Maringá, PR. 46
A tarde estava agradabilíssima. O passeio foi delicioso (isso é meio que pleonástico quando se fala em moto, tá?), fresquinho, paisagens belas, pra variar. Um motociclista, Antônio, nos levou até um hotel bom, barato e nas imediações da saída da cidade. Como sempre, dormimos feito bebês. e conhecer os novos membros e novos Dia seguinte, rumo a Mundo Novo, MS.
sobrinhos.
Manhã fresca, paisagens lindas (eu já disse isso? Rá vou repetir muito mais...)
Cantorias, amigo-oculto, muita comida
Uma delicia de passeio (também vou
gostosa, muitos novos amigos agregados
repetir).
à festa.
Em
Umuarama,
conhecemos
Tonico, que nos indicou um tapeceiro para cortar o banco da moto do Rosa para ficar igual ao meu, e um outro rapaz, cujo nome não vem ao caso, dono de fábricas de cigarro no Paraguai e outros países da redondeza. Papeamos alguns minutos à sombra da loja de conveniência do posto no qual abastecemos. Estrada de novo, e, finalmente chegamos ao destino. Família, fofocas, saudades,
Dia 25 era dia de descanso pra uns e de
mas isso é outra história.
batalha pra outros. No caso, outras. As meninas
trabalhavam
de
sol
a
sol,
24 de Dezembro de 2007
praticamente. Deus me livre voltar mulher
Bem, as festas em família são, digamos,
na outra encarnação. Era só comer, beber
em família. Sabe como é, muita animação
e domir pra esperar o dia 26 chegar pra
e alguma confusão. Teve disso tudo. Mas
visitar o Paraguai. Ponto alto do evento.
isso é coisa entre família e pronto. Ademais, confraternização
muita e
animação, muita
saudade
assassinada. Foi ótimo rever os familiares
Dia 26, visita ao estrangeiro. Lojas e mais lojas a preços módicos. Não comprei nada, e ainda assim, saí com um iPod 160 GB. Coisa da minha irmã Ju. Ela comprou 47
o bendito, mas queria um de apenas 8gb e acabei ficando com ele (e a dívida em dólar, claro). E eu achando o HD de 120 GB do meu laptop novinho, grande! Agora tenho mais 160GB pra usar. Um desacato, como diria uma amiga. Dia 27 saímos pra Curitiba. Rosa foi direto pra SP. Eu e Rodrigo, meu primo, fomos juntos. Escapamos das chuvas por pouco, mas pegamos alguma garôa o suficiente para sentirmos algum frio.
Reencontrei minha amiga Lúcia um ano após nosso primeiro encontro. Ela estava mudada e muito bonita. Conversamos por horas no Babilônia, de novo. Foi bom matar saudades. Dia 29 resolvi tocar pra Camboriú. Arrumei tudo na moto e saí às 2h20. A tarde estava quente e sem a menor previsão de chuva. A moto estava confortável. Foi um passeio muito
O passeio foi muito gostoso e fiquei
agradável pela estrada excelente. Trânsito
satisfeito por ele ter gostado. Dormimos
tranquilo até há alguns km de Garuva,
em Palmeiras e chegamos cedo pra
onde um congestionamento monstro se
encontrar nossos parentes na casa de
formou. Mas, corredor existe pra isso e as
Dona Darcy.
motos todas o utilizaram. Depois de
À tarde fomos passear, olhar lojas de motos, tirar fotos no Jardim Botânico e
Garuva,
estrada
limpa.
Uma
delícia.
Paisagens lindas.
passear pela cidade. Um shoppingzinho
A
básico e a noite, encontrar amigos.
agradável, apesar da roupa de couro.
tarde
foi
ficando
mais
fresca
e
Cheguei às 17h na casa de meus pais, junto com minha filhota, que chegava com sua mãe, para ser gerenciada por mim a partir de então. Agora
é
descansar
e
aproveitar
as
comemorações de ano-novo e as férias regadas a sol, mar e passeios de moto. 48
31 de Janeiro de 2008
encarnação, talvez!
Festas de final de ano são duas grandes
champanhe e apresentação básica das
oportunidades de encontrar os parentes.
meninas sob o som funkeiro de um carro
Cada vez mais me interesso por isso, hoje
nas imediações. Foi lindo! Até minha filha
em dia. Já não é mais chato. Além de
participou. Só as cachorras! Ao redor, os
necessário, é muito legal. Revi primos que
seguranças, claro! Cara amarrada, braços
não via desde pequenos, suas lindas
cruzados pra afastar os indesejáveis
esposas e/ou namoradas, seus adoráveis
paparazzi!
Fogos na praia,
filhos. Minha família está cada vez melhor (e o bom é que só se vê uma ou duas vezes por ano. Dá pra aguentar rssss).
Final de um, começo de outro, almoço dos restos na tia, à noite encontro com os Ano
novo,
padrão:
“Fatiou,
passou”.
Comidinha feita por experientes mestres-
mais jovens, alguns em restaurantes, outros na balada e eis que surge um sombrero!
cucas (titia, vovó, mamãe).
Cantorias
mexicanas
embaladas pelos Mariacchis e eis que O
melhor,
normalmente
vem depois.
Passeios, almoços e jantares juntos, horas e horas de conversas e fofocas. As reuniões familiares são os momentos em que se descobre que nunca vão deixar vc crescer. Pode ter 50 ou 60 anos, tuas tias sempre te tratarão como criança. Teu pai insiste em querer te transformar num homem e tua avó não te deixa crescer. “Deíco” pra cá, “Lindinho da vovó” pra cá...Rá. Que homem que nada! Eu tô é com saudades de ser criança e corro pra proteção dos braços da vovó e colo das tias
rssss.
Volto
homem
na
outra
surge a Macarena (alguém resiste?) Sem fotos, please! Nem dava. Até os paparazzi da família estavam se rebolando. E assim foi, entre passeios aqui, encontros ali, e muitos e muitos km de caminhadas entre 49
a casa de um e de outro, milhas e milhas
mas gudento, melado, ah...não aguento.
frente as lojas de Bal. Camboriú que
Aí me falam, “é só entrar no mar!!”
fomos passando os dias. Comecei a correi
Geeeeente! Se eu tenho um chuveiro quentinho em casa, vou entrar nesse treco gelado e salgado pra ter que entrar no chuveiro
depois?????
Vou
logo
pro
chuveiro. Alguém inventou isso por uma boa razão. E eu apóio boas idéias. Cabouse. Ai ai. Mas vocês, hein? Ninguém me entende! Mas, então... na praia, mas já parei. Isso é castigo pra
Deixei minha moto na concessionária para
corno. Comecei a fazer academia. Cara, como alguém aguenta isso? Se Deus me deu uma barriga, que sou eu pra contrariálo. Nisso os fiéis não pensam. Mas nem eu to aguentando. Ela tá chegando
primeiro
cumprimentam
antes
que
eu.
mesmo
Já de
a eu
chegar. Ta, vamos levando a academia e as caminhadas. Agora: sol já é demais! A barriga vá lá contrariar a vontade divina, afinal eu comi feito padre (não foi boa a comparação para a argumentação, mas vá lá pra não perder a graça), mas a cútis ariana é legítima! Pra que marquinha de
um trato. Regulagem dos balancins do virabrequim, talvez corrente de comando ou tuchos hidráulicos das válvulas (sorry, meninas: volante, buzina, espelhinho. É tudo que vcs precisam saber).
calção? Eu sou branco-fosforescente, nem
Uns dias sem moto, passeio de carro. Fui
precisava
à Serra do Rio do Rastro. Desta vez com
usar
adesivo
refletivo
no
capacete. Mas o problema do sol nem é o sol em si, mas o calorão que me deixa como que saído de um pote de mel. Doce eu já sou,
tempo bom. Já havia passado lá ano passado, de moto com o Carlos Rosa. A gente nem se via de tanta neblina, que dirá a Serra. Mas eu queria mostrar pra minha família antes de minha irmã e filha 50
acordados foram filmando e fotografando. Acreditem: eles gostaram. Foram ótimas companhias. Pretendo ficar junto deles mais
vezes,
talvez
o
dia
todo,
principalmente às noites de férias que lhes restam...vão adorar! Minha filha voltará pra casa dia 18 e eu ficarei livre leve e solto pra continuar meus planos
de
viagem
que,
com
a
impossibilidade do PeU (amigão meu) ir comigo
ao
Chile,
estão
meio
irem embora. A família foi desistindo, me abandonando e só me sobrou minha filha (e
seu
namorado!)
que
me
fizeram
companhia por alguns minutos em que ficaram acordados, nas 9 horas que durou o passeio. Brincadeira...não chegaram a ser minutos...estou exagerando. Bem. Já cansei de falar que o passeio pelas serras catarinense são imperdíveis. Não vá ao exterior, França, Egito, antes de conhecer isso aqui. Vc tá perdendo um
desplanejados. Talvez volte por Mundo Novo, de novo e passe por Campo Grande pra rever parentes e amigos. Talvez passe por São Paulo pra ver parentes e amigos. Talvez passe no Rio
mundo de beleza.
pra ver parentes e amigos ou talvez vá a Salvador pra ver parentes e amigos. Quero fazer tudo isso, mas vou ver quais são as possibilidades. Meus queridos parentes e amigos. Estou com saudades de todos vocês e quero muito vê-los. Farei disso meu projeto para os próximos anos. Acostumem-se com a A Serra é fenomenal. Melhor ainda a
idéia.
subida ou a descida, como foi o caso. Descemos
bem
lentamente
e
os 51
Rumo à Bahia, ou Férias até debaixo dágua
Faço uns planos “marrom”, afinal todo
Bem, algumas semanas de descanso na
aproveitar e visitar uns amigos pelo
casa de meus pais quase me tiraram de
caminho em Caraguatatuba, SP e em
minha meta nessas férias: passear de
Vitória, ES. Mas o convite de meu amigo
moto.
de há mais de 30 anos que está vindo de
mundo sabe onde é a Bahia. Quero
Belém é mais um prazer para repartir os Resolvi visitar minhas primas Rosemar, Rosane e família. Nada a favor da Bahia, ela não me atrai tanto assim, mas não nos vemos desde criança. A oportunidade é essa, a hora é agora e o momento é já. Vou lá. Quem sabe encontro meu amigo PeU, que deve estar triste por não podermos fazer nossa viagem ao Chile e
dias das férias que faltam. Mas não quero correrias. Não quero passar pelas serras de SP nem seguir pelo Rio. As chuvas, as estradas,
os
desmoronamentos
me
desanimam: vou direto pra Bahia e passo o carnaval em Sta Mª da Vitória, BA, na volta pra casa, com meu amigo e família. Viu? Tudo planejado. Tudo redondinho.
talvez minha visinha (com “S” de visita, mesmo pois não pára em casa), que ficou
Com a partida de minha filha, de volta
com a chave pra cuidar de meu AP e
para casa, as coisas perderam a cor.
desertou-se pro Nordeste. Vou dar-lhe um
Fiquei tristinho. Piorou quando vi o monte
puxão de orelha, mas talvez aceite umas
de tralhas pra selecionar e colocar na
tapiocas por danos morais...
moto: fiquei tristão. Era um quebra-cabeça lascasdo, mas fui organizando devagar e
2600 km de estrada.
de repente tudo ficou certo. Resolvi
Numa média de 700 km por dia levo
colocar tudo na moto pra ver como ficava.
quatro dias pra chegar. Uma eternidade.
Certin. Cabeu tudo. Beleza. O ânimo
Que bom ! É disso que estou precisando.
voltou. Entrei no meu estado TPV, no qual
Dias e dias morgando na mãe vão me
fico quieto, calmo, quase zen. Pra ficar
deixar barrigudo. A corrida na praia
zen só faltava ficar zen, pois eu tava
dançou. A academia acabou. Nem minha
calmo de tão nervoso e ansioso.
moto rodou, pois ficou vários dias na autorizada, num monta e desmonta até conseguirem fazer tudo direitinho. A idéia cresce e a necessidade de planejar tudo
A partida para dois dias depois foi antecipada. Já tava tudo na moto! Ficar fazendo o quê no domingo lá, que eu já não tivesse feito? Ah, simbora, meu!
direitinho urge. Não consigo planejar como devido. Essa moleza tá me matando. 52
Domingo, 20 Acordei às 7 planejando sair às 9. Faltavam 5 minutos e eu já estava na rua após despedidas amorosas e sinceras, com as habituais lágrimas da mamãe.
maior parte do tempo. Uma falta de respeito com a vida de todos que por ali passam.
Inadmissível
nossos
administradores permitirem aquela fábrica de
defuntos.
Encontrei
4
caminhões
tombados pelo caminho. Acidente com
O tempo estava fresco e nublado. Perfeito!
carros, nenhum, mas engarrafamentos,
Coloquei meu iPod nas zoreia e segui pra
trânsito lento, um inferno de estrada. Um
onde meu nariz apontava (sempre quis
dia vamos aprender a cobrar desses
dizer isso. Um ícone da liberdade!). Cara!,
camaradas.
pensa numa coisa perfeita e não chega nem perto do que foi o trajeto até Curitiba. A moto tava gostosa e confortável. O dia muito gostoso. Eu estava...assim...fit...na moto. Encaixado, perfeito. Eu e ela, ela e eu e o mundo chegando sob nossas rodas. Pra completar, meu Ipod resolveu tocar músicas deliciosas, Maravilha de Benjor, All of Me, de Sinatra, Mulher, de Martinho da Vila. Cantei-as todas e chorei. Chorei, chorei, chorei em cada uma delas. Se a vida fosse justa, Deus tinha me levado naquela hora perfeita de minha vida. A felicidade suprema tinha se instalado em mim. Mas quem disse que a vida é justa? Entrei na Régis, a estrada entre Curitiba e São Paulo. Um inferno! Chuva e buracos a
A chuva nem incomodou, só me impediu de tirar fotos. Coloquei a capa e o capacete fechado logo no início e não tirei mais. Inicialmente a tocada estava boa, o ritmo ótimo, uns 100-110. A viagem rendendo. Numa curva na Régis, um líquido branco cobria parte da pista. Senti cheiro de tinta. Será que escorrega? Sem, pânico, sem pânico. Apruma a moto e sai pela tangente, vai reto. Não toca no freio, tira o pé (no caso a mão), ergue o corpo pra
tentar
controlar
a
moto
se
ela
escorregar e se prepara pra cair. Cabeça fria, coração disparado, tenta fazer a curva... fatiou, passou. Taquiupariu!!! Como deixam um treco desses sem ao menos um aviso, cacete!!! 53
Os pneus dos carros jogavam o spray da
trechos da Régis não permitiriam erros. E
coisa branca pra cima, de forma que eu
aceitei todos....
fiquei branquinho. Aliás, nós ficamos, mas a chuva limpou depois.
...Todos os buracos que podia. Ainda bem que não foi nenhum grande, mas foi uma
Não sei bem se foi pela coisa branca, mas
bosta. Mas ainda assim, gente, acredite: “
senti uma rabeada leve da traseira numa
I Love It !” Depois que acabou, foi uma
curva. Tentei noutra, me pareceu instável.
delícia.
Numa terceira, uma rabeada mais forte me deixou preocupado. Podia ser pneu furado (as customs não arriam pneu. Eles
Chegando em SP, pra variar me perdi. OD-E-I-O São Paulo. Entrei na Raposo Tavares confundindo com a Fernão Dias e fui parar em Sorocaba. Quando vi a placa Votorantin (uma cidade) eu lembrei que havia passado por ali no ano passado quando estava descendo pro sul, mas ela era do outro lado...não to entendendo... A roupa de chuva vai sobre a de couro
têm bordas grossas pra não murcharem
mais as underware (cuecão para os
totalmente, mas ficam instáveis.) Passei
ígnobes), mais luva de borracha e luva de
nuns sinalizadores da estrada com as
couro, mais capacete. Toda hora que se
rodas e tuc tuc. As duas pareciam estar
pára,
cheias. Não eram barulhos de pneus
procedimento para despir e vestir, mesmo
murchos. Talvez um parafuso da roda ou
que parcialmente, o que torna o parar,
da balança? Parei olhei e tudo em ordem.
indesejável. Eu tava com frio. Não muito,
Sei lá. Fui. Mas vcs não tem noção de o
mas o suficiente pra ficar lerdo pra outras
que é perder a confiança na moto. Fazer
coisas que não a estrada, o trânsito e tal.
curva. Fazer curva no molhado. Fazer
Quando a ficha caiu eu pensei...merda! To
curva no molhado a 100 por hora. Não dá
indo pro outro lado! Fui verificar numa
pra explicar o antes e o depois. Numa
Polícia Rodoviária e eu estava certo:eu
dessas, vc começa a fazer curvas com
estava errado! Tava indo pro outro lado.
tanto
medo
que
parece
estar
é
uma
complicação,
um
com
rodinhas laterias dessas de bicicleta. As curva ficam mais longas, mais abertas, vc fica mais tenso, cansa, e, é claro faz muito mais devagar. Mas foi bom. Os próximos
Mas sem grandes prejuízos. Um erro de 200km, mas o que me importava era passar de SP e verificar o quanto eu poderia rodar no total. 54
e se abraçando, agradecendo a sorte. E sorte,
mesmo,
foi
não
ter
nenhum
barranco perto. A estrada estava chata, frio, chuva. Me arrependi algumas vezes em não estar com meu carro. Em BH, também não foi agradável. Perdi muito tempo no trânsito e A caminho de Campinas, parei num
nas traseiras de caminhões, nos quebra-
hotelzinho sonho-de-consumo meu e do
molas.
Rosa:
baratim,
35
pp
e
direitinho. banho
Apesar de tudo, a estrada no estado de
pelando, mas eu não estava cansado
Minas tem mais vida que as em SP. As
Tudibom.
Foi
ótimo
tomar
o
apesar do dia intenso. Estava satisfeito, pronto pra outra. Dia 21 E a outra começou as 5h15, quando acordei. Banho pelando, pra acordar mesmo, arrumei tudo, café da manhã, tranqueiras na moto e saída às 7 horas. Tinha que ir a Campinas, 35km pegar a D Pedro I até Atibaia e entrar na Fernão Dias
(lembre-se,
não
é
paradas, os postos, os restaurantes são mais personalizados. Senti que o mineiro, é um paulista feito-em-casa. Na estrada rumo a Vitória, entrei em João
Raposo
Molenvade
Tavares!!!).
me
mantendo na BR381.
Bem, a essas alturas
Daí
eu já estava de capa e
estrada ganhou cor.
botas
seu bom estado com
de
chuva,
e
pra
assim segui até BH. A
curvas
estrada,
rápidas
boa,
mas
frente
longas e
com
paisagens
molhada, proporcionou
a
e as
lindas.
vários acidentes. Muitas curvas, serras e
Tornou-se, novamente, uma delícia pilotar.
velocidades excessivas. Vi um ônibus
Eu andava rápido, a estrada permitia, o
interestadual recém entrado no mato logo
trânsito,
também,
apesar
de
algum
após uma curva. As pessoas ainda saindo 55
movimento de caminhões. Mas a chuva
que recebia em quantidade muito superior
sempre me rondando e peguei algumas.
a sua necessidade. Eu nem tive coragem
Toquei
até
chegar
em
Governador
Valadares no início da noite. 900Km no dia. Abasteci e uma simpática frentista
de me oferecer para pagar-lhe por isso. Preferi passar por mal educado que por grosseiro.
sem sotaque me indicou alguns hotéis e
Dia 22. A lua afastou as nuvens e pensei
me sugeriu um motel no qual ela já
que teria tempo bom no dia seguinte: ledo
trabalhara. Uma tristeza! Mesmo a noite,
engano: amanheceu nublado e a chuva
via-se que não estava bem cuidado por
me acompanhou algum tempo. A estrada
fora. Mas o preço, 30 reais e a simpatia da atendente me informando que não era tão ruim como parecia, me fez verificá-lo por dentro.
Realmente,
limpim,
direitim,
garagem pra moto, beleza.
não parava de subir e ora frio, ora chuva, mas sempre boa, salvo um ou outro trecho em reforma. As paisagens começavam a ficar
interessantes
e
os
restaurantes
mantinham o estilo mineiro. As cidades e pequenos vilarejos significaram, muitas A atendente, Joseane, era muitíssimo
vezes, atraso pelos quebra-molas e a
simpática
Conversei
lentidão dos caminhões em passá-los.
bastante com ela. Padrão da mulher
Entrei na Bahia e meus medos de estrada
brasileira: raladora e se vira nos 30, como
mal cuidada se evadiram. Tava tudo nos
ela
como
conformes. Mas elas não paravam de
complementação temporária ao salão, da
subir. Morros e serras e as nuvens sempre
qual é esteticista ou coisa parecida. Há
me
três anos separada tem 3 adolescentes
paisagem me pareceu meio seca, sinal
e
diz.
conversadeira.
Trabalha
lá
rondando.
Alguns
momentos
a
pra cuidar. E sozinha. A arte está em manter o bom humor, a simpatia e a vontade de viver. Tinha a voz e a delicadeza
de
uma
professorinha
de
jardim. Gentil, dividiu comigo seu jantar 56
que não chovia muito por ali...rsss mas EU
nossos olhos com belezas. Tanta coisa se
tava por ali.
perde nesse nosso imediatismo. Vamos a
As retas eram enormes e convidativas. Mesmo as curvas eram ótimas para dirigir, pois não eram muito fechadas. Tendo saído cedo, já havia rodado bem e uma placa me avisou que faltavam uns 600km
Florianópolis, mas relegamos as serras, as paisagens. Vamos de avião. Devíamos ir a pé. E tem gente que quer conhecer a Europa mas nem reparou a paisagem até sua padaria.
pra Salvador. Fiz as contas e achei que
Cheguei a Feira de Santana anoitecendo
dava. Apertado, mas dava...e apertei.
e resolvi ir no mesmo dia a meu destino. A
Depois de Vitória da Conquista, surgiram formações rochosas muito bonitas e retas maiores ainda. A moto rendia muito bem, apesar dos fortes ventos laterais que me chacoalhavam
e
faziam
uma
zoeira
danada dentro do capacete. Lindo, lindo,
estrada a noite não é confiável pra motos, pois um buraco pode acabar com sua viagem, no mínimo, mas resolvi seguir os carros. Realmente verifiquei ser um risco. Nada
aconteceu,
mas
poderia
ter
acontecido. Não recomendo.
lindo. Estas estradas são lindas, boas e a
Cheguei em Salvador às 21 horas e me
paisagem fantástica. Interessante que a
perdi, mas minha priminha Liliane (e
gente quer ir a lugares para ver coisas
alguns baianos adicionais) me orientaram
bonitas...Gramado, Canela, Paris. Mas o
a chegar a sua casa.
ir, muitas vezes é a melhor parte da viagem, afinal o objetivo é encantar
E lá fiquei dois dias que pareceram uma semana, tamanha foi a intensidade de
57
família da
bonita. A paisagem definitivamente não
minha prima Rosane, conheci a da prima
vale a pena e tudo fede. Fui pela Rodovia
Rosemar e, inclusive seus outros irmão e
do Sol até Sergipe. Ótima estrada e
pai. Todos os irmão cantam Gospel e se
opções de cidades, mas na estrada,
entrosam
mundo
mesmo, nada. Depois, BR 101. Um
carinhoso e brincalhão. Rose tem a voz
desastre. Está sendo reformada e isso só
macia e afinadíssima quando canta. A
vai fazer aumentar o número de buraco
música os integra mais.
tapados e retalhos pra agoniar as motos.
relacionamentos.
Além da
perfeitamente
num
Os filhos de Rosane, em cuja casa fui hospedado, são uns amores e carinhosos e
as
meninas
são
lindas
e
Motos gostam de andar em tapetes, remendos são uma droga.
muito
graciosas. Seu filho, Isaías foi meu GPS particular, me levando pra cima e pra baixo, em Salvador, com uma habilidade e disposição difícil de achar num moleque de 12 anos. Agradeço a acolhida muito gentil de todos, especialmente ao Dedé, seu marido. Ao shrek, deixo esta foto tirada como uma pérola: linda no meio de tanta coisa feia rss
Não
vi
nada
que
valesse
registro.
Plantações de cana adubadas cheirando a azeitona. Uma droga. Estrada estreita, fedorenta e esburacada. Desse jeito é melhor ir a Paris, mesmo. As imediações de Recife me trouxeram cheiros mais agradáveis: uma hora jurava ser de batata frita do Mac Donald’s, outra um cheiro adocicado. Mais lá perto eu vi uma fábrica de biscoitos. Era isso! A viagem não parecia render. Eu rodava uma hora e o hodômetro não se animava. O tempo custava a passar, mas conversei com algumas pessoas nas paradas. Um
Dia 25
menino que viajava na boléia com o pai,
Aliás, este seria um resumo de minha
dois motociclistas que estavam indo pra
viagem até Recife: uma ou outra vista
Maceió, e um controlador de tráfego de 58
obras na estrada que me falou da
anterior. Não sei o que acontecia, quanto
importância da posição na estrada em
mais eu andava devagar, mais a viagem
obras, da placa “pare-siga”.
rendia e assim sendo, cheguei cedo em
Resolvi não deixar a noite chegar dessa vez. Estou em meu horário de verão, mas da Bahia pra cima, não. Mais uma vez me hospedei num motel, aqui chamado de hotel, não sei porque, ainda. É mais
Natal. Dez e pouco tava lá. Dei alguns telefonemas consegui
pruns
amigos
contatá-los.
mas
Beleza,
não sem
problemas. Eu ia curtir Natal sozinho, mesmo.
prático, rápido, não tem que preencher
Melhor assim. Passaria um dia ou dois e,
fichas, a moto fica ao meu lado, é grande,
vazava pra estrada de novo. Aí, lembrei
limpo. Tem muito mais vantagens que um
de uma amiga e liguei pra ela...minino, pra
hotel convencional, na maioria das vezes
quê? Rhady, Juan, e Rose me aprontaram
e a decoração mais interessante.
a melhor parte de minhas férias...Foram
Dia 26
três dias que pareceram uma semana!
Saí cedo, ou muito cedo, nunca sei. Tinha o dia todo pra chegar a Natal. Essa parte eu queria fazer bem devagar, apreciar a paisagem, relaxar e ver o consumo da
Aliás, uma semana foi pra achar ela. Uma
moto em baixa velocidade. Nem calculei,
confusão de endereços e locais que
ainda, mas a reserva entrava com 260km
apelei: tô em tal lugar, vem me encontrar!
rodados e abasteci com 350 sem usá-
Ela veio. Disse-lhe que queria ficar numa
la...quase 28 por litro.
pousada longe da cidade, numa praia bonita pra acordar cedim, caminhar, ficar
A estrada está em reforma, como disse. Um saco! Obras pra todo lado. Até o exército tá na empreita. E não está boa.
de bobeira olhando pro bonito do mar. Bem, taí as fotos de sua indicação, em Búzios.
Porém, por mais devagar que eu rodasse, o ritmo andava, ao contrário do trecho 59
Pousadinha espaçosa,
direitinha, várias
lindo
camas,
visual,
limpinha
e
baratinha com café da manhã e sopinha à noite. Noventinha por dia. Considerando que
rodando
combustível,
eu
gasto
mais
tudo
dentro
tava
com do
planejado, mas, mais almoço e jantar, os gastos diários chegam perto dos duzentos reais,
bem diferente
da
casinha
da
mamãe.
azarando todo mundo. Primeiro uma banda
de
duvidosas
axé e
com
todo
suas
mundo
bailarinas dançando.
Menos eu, claro! Ou no melhor estilo
Na maré alta, o mar chegava até as
Hitch(?). Depois, bem tarde, o show
escadas da pousada, na baixa formavam-
principal: acreditem preferi o axé. O
se
Biquini tava muito ruim. Bem, acabamos
piscinas
melhores
que
Porto
de
virando a noite. Nem tava cansado, foi muito legal. Senti falta do meu celular, ou o roubaram ou o perdi em algum lugar pelas andanças pela cidade. Bem, nada a fazer agora. Depois, deixar todo mundo em casa no Galinhas. Aliás, Búzios dá de 10 em Porto. Fiquei horas sentado n’água conversando e brincando, caminhando pela praia. Isso no domingo, pois no sábado à noite, dia da minha chegada, eles me levaram a um Show do Biquini Cavadão pra comemorar o níver do Juan e eu não podia deixar de ir, final de contas, né?
carro da Rhady, fui dormir às seis e meia com o sol já lá em cima. Droga, pensei, lá se foi meu domingo, pois achei que só iria acordar a tardinha, mas velho tem suas vantagens, dez e meia já estava de pé e disposto. Levantei, fui à praia, tirei umas fotos de maré cheia, caminhei e voltei pra almoçar. Depois encontrei o pessoal pra brincar na praia com maré baixa.
Depois do pânico inicial de ver tamanha multidão jovem e heterogênea (cês me
Olha ê vidinha marrom.
entendem), entramos no local, cercado, do
Fiquei triste em pensar em ir embora. Na
evento e tudo se acalmei rsss. Foi ótimo!
segunda-feira, burocracias sobre o celular,
Lá dentro era tudo calmo, com bastante
comprei um chip pré, passeio básico em
espaço e a galera em paz, dançando e
shopping, pizza e caminha. Mudei da 60
pousada prum motel na cidade, cineminha
frango frito delicioso. De manhã, cafezinho
e dia seguinte, estrada de novo.
e só. Estrada.
Vou morrer de saudades. Meu coração
Em Sergipe passei por Cristinópolis com
ficou lá. Comigo apenas alguns pedaços,
uma doce sensação de Dejavú. Mas já
uns frangalhos. Beijos, abraços, lágrimas.
passei por aki
Foi difícil, vai ser difícil. Mas eu volto lá.
dezenas de anos.
mesmo,
há
algumas
Da próxima vez, de TAM, pra aproveitar mais dias.
De Natal para Santa Maria, BA Utilizei a manhã do dia 29 pra ajeitar a moto pra viagem. Abastecimento, troca de óleo, lâmpada queimada, tirar dinheiro, essas coisas. Saí em torno do meio dia. Tava sol, mas não calor, quer dizer, bem , eu tava de roupa de couro tá sempre calor
As obras a todo vapor e a todo incômodo. Filas, trânsito, mas sem engarrafamentos. Muitos remendos até ali, depois melhora. Sem buracos. A paisagem começou a
quando parado.
melhorar depois que segui para Estância, Fui com alguma tristeza no coração. É
rumo a Feira de Santana, onde pernoitei.
uma coisa estar sozinho em um lugar com
Hotel
parentes ou amigos antigos, vc está
preferência por um motel, pelo preço
Acalando,
com
internet.
Daria
sempre amparado, seguro. Em Natal eu tava sozinho mesmo, pois não achei meus amigos
antigos
nem
tinha
parentes.
Estava com os amiigos novos que me deixaram muito seguro e à vontade. Então.
A
Pernambuco
estrada, uma
a
mesma
droga.
coisa,
Rodei
até
cobrado, 70 reais, mas estava precisando
começar a escurecer a dormi numa
de uma internet pra me atualizar com o
pousada à 90km de Maceió, em Novo
mundo.
Lino, fronteira com PE. Nova, limpa, mas
movimentada, agradável.
Feira
é
uma
cidade
boa,
muito básica. É pra viajantes, mesmo. Dona Rosa me preparou um jantar com
Em todos os trechos peguei chuvisco ou chuva. Algumas vezes tive que colocar a capa, noutras, não. Se dá pra ver a 61
extensão da nuvem ou da chuva, dá pra seguir na boa. O que não dá é deixar a roupa de couro molhar demais, pois aí passa frio. Aquelas chuvinhas molhabobo, molha se demorar demais a passar. Melhor botar a capa se ver que vai demorar.
Aí,
nessas
situações,
eu
colocava a capa e a chuva passava
cima de mim).
rapidim. Era a melhor maneira da chuva
Observei os caminhões pra ver se as
passar.
lonas estava muito ou pouco molhadas,
Mas chuva mesmo peguei a partir de Feira. A estrada é noventa por cento reta e se tem uma chuva na tua frente, no horizonte longínquo, vc vai pegá-la, ao contrário das estradas normais, como aconteceu na primeira postagem, que há esperança de uma curva nos desviar dela. Então
vc
já
vai
sofrendo
com
antecedência quilométrica e analisado o tamanho da nuvem, da extensão da chuva e tal. Foi assim que passei pela primeira: olhei o tamanho da encrenca (aquela nuvem carregada, comprida lateralmente, com uma parte de chuva forte e outra
indicativo da quantidade de chuva, e fui pensando no que fazer. Resolvi encarar. Me agachei atrás do pára-brisas, de capacete aberto (os pingos doem feito pedras
na
cara),
e
encarei.
Alguns
minutos de chuva intermediária, e tudo bem, mas a boa, mesmo veio mais tarde. Começou com uma chuvinha básica que fui encarando devagar até ver que não ia parar. Parei, abasteci antes do previsto, um pouco antes de Seabra, botei a capa e segui. A chuva passou, como previsto e segui de capa mesmo. Um pouco mais a frente, o mundo mudou...pra pior!
mais fraquinha pro lado da estrada, mas
Aliás, este é um parêntese que quero
como ela estava inclinada pra este lado, o
fazer: a paisagem muda completamente
vento poderia trazer o forte da chuva pra
com uma curva. É como se fosse a descoberta de um mundo perdido. De
62
repente, ao final de uma reta sem fim,
repente, abriu. Passei. Á frente, promessa
uma curva e um mundo de paisagens,
de sol, atrás o fim do mundo pelos
morros, esculturas naturais encantadoras.
retrovisores.
Eu vinha numa reta logo após Feira e dessas fotos, quando lá no fundo uma cor cinza surgia no horizonte. E formou-se
Esperei a roupa secar e parei para tirá-la. Segui para Ibotirama.
uma barreira como uma muralha (lembra
Abasteci. 200km até Santa Maria, 3 horas
da minissérie?). Eu pensei:”Meu Deus! Eu
da tarde, dá pra chegar, e segui pra Bom
vou ter que subir isso???!!!” Mas aí, uma
Jesus da Lapa com promessa de estrada
curva, e tudo sumiu. Voltou o cerrado. A
mais ou menos, com buracos tapados.
muralha sumira. Impressionante! E isso
Não gostei, mas já tava na chuva...
conteceu várias vezes: do nada enormes formações rochosas. Mas voltando ao parágrafo anterior. Olhei pra o horizonte e o mundo estava fechado, escuro e tenebroso nos morros. E fui entrando pensando seriamente em parar pra esperar, mas não tinha onde e a curiosidade matou o gato, a previdência tocou o alerta, mas não tinha jeito, eu tava de capa, tudo amarrado e protegido em sacos e quem tá na moto é pra se molhar. Entrei e o fim do mundo se manifestou. A água
caiu,
as
paisagens
sumiram,
visibilidade de uns 50 metros, nem 100. A pista estava boa, sem trânsito, capacete
Estrada de asfalto sobre terra. Muito cuidado com buracos e trepidação mesmo quando não os tinha. Mas Mirage é Mirage. Forte, robusta, resistente.
fechado, mandei ver. Trovoadas, clarões,
Chuvisco, muitos cães pela pista, estrada
um túnel do tempo por alguns minutos. De
pequena de interior. Quando menos se esperava aparecia um buraco ou um trecho ruim, mas o cabo tava torcido. Eu rodava a uns 100 por hora nos bons trechos já antecipando os ruins. 65 km até Paratinga, passou, 70 até Bom Jesus da Lapa, custou mas passou. Neste 63
trecho
parei
pra
botar
a
capa.
Os
chuviscos não passavam e comecei a sentir frio. Passaram. Mas voltaram e em Bom Jesus tinha acabado de passar um temporal que alagou a cidade. Passei com água até a metade da moto. Vi uma formação rochosa linda e tive a impressão de já ter passado por ali. Será? Me era familiar. Impossível! Deve ser outro lugar. Mas até a ponte se encaixava. Sei lá. Passei a ponte e o inferno finalmente se
Cheguei Em Santa Maria no lusco fusco. Achei a casa de Marta, irmã de Bernadete, aliás, xerox da distinta, eu a reconheceria como parente no meio da multidão.
fez presente: NÃO HAVIA ESTRADA! Só buracos e lama. Faltavam 87 km pra
Fui recebido por ela e por sua filhota,
Santa Maria uma hora de sol. Lascou-se!
Carolina, de 14. Hiper simpática, amável,
O odômetro parcial marcava 150. 90 km
educada e bonita, apesar do aparelho.
numa estrada dessas am levar umas 3
Moreninha,
pra
horas, no mínimo e isso, à noite, seria o
criatividade
genética
inferno.
irmão, Guto, tbm. Muito simpáticos.
Esta seria a minha aventura. Uma coisa
Agora, é aguardar meus dias aki, com a
feita sem noção. Se tiver que parar por
chegada do Luis e sua família e de um
causa da noite eu dormiria no mato, na
carnaval a ser aguardado na cidade.
chuva, no chão. Fui. Alguns trechos
Parece que Brasília e Goiânia descem pra
estavam melhores, dava pra andar entre
cá, nessa época.
fugir
da
da
falta
família.
de Seu
os buracos. Os carros fazem suas trilhas de buracos na qual as motos podem andar
De Volta Pro Meu Aconchego!
entre. Mas às vezes, nem isso. Por sorte
Rapaz, que povinho animado! Pela minha
alguns trechos dava pra acelerar, e eu
recusa em tomar mais que três copos de
acelerava. Ainda bem que a moto tem
cerveja, Marta e Edy, amiga
freios bons, pois eles foram usados. Muitos
remendos,
trepidação,
e
eu
tomando tempo, querendo a pole. Ê moto boa.
Aprendi que tudo acaba um dia,
sejam as coisas boas ou as ruins, e
da família, disseram que iriam me colocar algemas cor de rosa (Marta é da polícia civil). Eu falei que tá, mas desde que o fizessem com cuidado pra não estragar
acabou. 64
aventuras, o qual aguardo com ansiedade a oportunidade de assistir, mas não acredito, não, haviam muitas garrafas sobre a mesa rssss.
minhas unhas. Edy é uma baiana muito animada (redundancia, né?), ri o tempo todo. Representa a Schin na região (!). Sentados à varanda, o grupo passou horas comendo e bebendo numa conversa muito
animada.
Esqueceram
até
Esqueceram, mas não.
Uma
desconsideração fazer isso com o guisado
de
carneiro que nos esperava. carneiro
Comer é
pra aventuras, passeios e tal, mas um
do
almoço.
eu
Eu estava cansado e não muito animado
bom,
mas dá dor nas costas...não podia faltar a piadinha.
churrasquinho na chácara do prefeito foi inevitável, porém muito prazeroso. Lula estava sem farda...mellhor, à paisana e mostrou-se um camarada muito alegre e brincalhão. Amistoso, mesmo. Me deu uma garrafa de dois litros de uma cachaça super
especial,
feita
artesanalmente,
depois de tentar me embriagar com ela (santa incompetência, Batman, logo eu que
fico
com
bêbado
água
com
Na sexta, 01 fomos tomar chuva no
gás...).
primeiro dia de carnaval na cidade.
imunidade
Conheci o Lula, capitão da PM, primo
minha algema rosa
deles. Lula faz parte de um grupo que
e me deixaram em
desbrava sertões de moto de trilha com
paz.
apoio, GPS e o escambáu. Coisa de
também foi muito
profissionais-amadores,
simpático,
tanto
quanto
seus
que
são,
juntamente com Prudente, o prefeito e outros. Fiquei de ganhar um DVD de suas
Aleguei por
Prudente
convidados, com os quais conversei um 65
bocado, não sem me gabar de minha
Bem, no dia 4 vazei pra casa. Saí às 10
viagem, claro.
horas de lá e cheguei as 5 daqui. Vim acompanhando uma GS500, do Túlio, que chega a 210 km por hora (a minha não passa de 140, em descida, com vento a favor e com o dono louco pra chegar em casa !). Coitado, teve que vir devagarinho rssss
A região tem muito potencial turístico e eles
estão
se
preparando
para
desenvolvê-lo. A conversa ia e vinha, voltando sempre para esses planos. A chácara é atravessada por um rio muito lindo, que, aliás, corta a cidade. Ele é um
Em casa: HOME SWEET HOME !!!
dos pólos turísticos aproveitados com um
Estava cumprindo os prazeres de praxe,
dia anual de brincadeira com bóias pelas
visitando e encontrando alguns amigos e
suas correntezas.
amigas (que não leram o blog) pra contar
Dispensei as demais noites de carnaval
como foi (e filar uma bóia), e ainda tive o
para um retiro espiritual, na casa de
prazer de assistir, rapidamente, a uma
Martha, na cama de guto. Eu estava super
apresentação do Batalá, um lindo e ótimo
cansado e já estressado pra voltar pra
grupo feminino de percurssão aqui de
casa. Permiti-me superar isso tudo e pedi
Bsb, para finalizar meu carnaval.
pra minha hospedeira me mostrar a cidade, pois ainda não havia feito um tour. Foi um passeio lindo e muito gostoso com direito a vista do rio ao entardecer e como teve a sagrada parada pra cervejinha, não nos foi possível estendê-lo a todos os pontos da cidade. Quem sabe na próxima e com o equipamento adequado pra
E quando eu pensava que minhas férias já
paralelepípedos? Uma moto trail !!!
haviam se acabado, afinal já trabalhava há 66
três dias, e até já tendo minha básica
né? - Desculpa, somos assim mesmo,
depressãozinha pós-férias - até por não
alegres,
ter tido tempo de ajeitar minhas coisas,
amistosos, fazer o quê?
minha casa - me chega o Luis com uma surpresinha: fomos passear de veleiro com amigos no lago. E foi sensacional. Muito relaxante! Nem tão calmo, assim, com muitas atividades tipo puxa-cabo, solta-cabo, sobe genoa, desce genoa (“quem
é
esse
Agenor?”....GENOA,
Fred!!!...Ah...ninguém explica!!!). Jacques foi um ótimo comandante e professor. Pacientemente explicava tudo enquanto comandava o barco. Aliás,
comunicativos,
falantes,
Iara colocava sua luva e controlava a genoa, da popa, enquanto Saulo, na proa, atuava de proeiro. Proeiro é o sujeito que ajuda fazendo tudo o que tem que fazer na proa. Precisa de mais explicações? Não tem como. A cada momento essas tarefas mudam. Se venta, se não venta, se tá sol, se tá chuva. Eu, já me tornei um doutor em puxar e enrolar cabos.
aquele é um cargo muito bom pra
Luis e João Vítor, seu filho (apresentei,
mulheres: manda o tempo todo! Iara, uma
não?
Um
galeguinho
de
óculos
simpatia, como dizer? Assim, carioca,
e escuros que tá numa foto mais acima comigo e Carolina, filha da Martha, irmã de
Bernadete, esposa de
Luis, pai,
também, de Nicole) cuidavam do que sabiam e tratavam de aprender o que não sabiam. Eles têm um catamarã em Belém e já navegam. Olha, foi uma tarde pra fazer amigos, ver a ponte nova de outro ângulo, e chegar mais 67
perto de sonhos antigos e planos, nem
E a todos os vellho e novos amigos que
tanto. Um veleiro já está me meus planos
tornaram tão prazerosa estas minhas
ocultos com meu amigo PeU. A gente não
férias. Cada um de vcs teve uma forte
fala, não comenta, mas pensa. Dois anos,
participação na minha vida e sua filosofia,
no máximo, se tanto. Não será uma moto
que com ela evolui.
pra viagem nacional, mas um recreio para finais de semana. Mas vamos consolidar, navegar
mais,
aprender
mais
Muito obrigado a todos vocês!
sobre
navegação, nós, cabos, velas e um cursinho de arrais amador. Ah, magina meu filho no timão e minha filha de óculos escuros deitada no deck com os ventos soprando seus cabelos? NAAASSSSsssa Senhora! Lindimais!
Nossa! Olhando daki dá pra ver como tudo foi muito legal!
Bem, mas meus sonhos são meus, a vida já cansou de me ensinar isso. E eles estão indo muito bem, obrigado. Obrigado aos meus pais, irmãs e meus parentes queridos e amados. 68
Viagem ao
Jan 2009 69
Esta viagem exige, no mínimo, respeito.
A distância não é o único problema, o consumo vai variar e muito! Sua tocada (
Em
mergulho
deve-se
"Planejar
seu
depois de algumas horas, dá desespero não acabarem as retas ou chegar a algum lugar, daí vc aperta o ritmo e o consumo aumenta. Ventos laterais e frontais fortes, aumentam o consumo. O tipo de gasolina escolhida
também
pode
aumentá-lo.
Prepare-se para o pior. A subida, que vc nem vai sentir mas a moto vai ficar mais lenta, pesada, claro, aumenta o consumo, mergulho e mergulhar seu plano"! Sugiro fazer o mesmo. Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Este vai ser seu lema.
o ar rarefeito das alturas, também. Tirar o filtro de ar das carburadas pode ser uma opção: verifique os riscos. A regulagem do carburador para a altura deve ser a mais
As estradas são muito retas e longas e
pobre possível.
chatas. Vazias e com longos pontos entre
É aconselhável aprender a mexer nela.
abastecimentos. Em certos lugares, como entre Paso de Jama e San Pedro de
A manutenção de seu veiculo deve primar
Atacama, isso chega a 273km. Se perder
pela perfeição. Use a lei de Murphy: Se
um ou se não tiver combustível em um
algo puder dar errado, dará e no pior
posto, vc dança.
momento possível!
A maioria dos postos não aceita cartão
As cidades Corrientes, Resistência e
(tarjeta ). Alguns aceitam débito, mas não
Salta, ao norte da Argentina, por onde
confie.
passamos, lhe darão bons suportes, mas se
seu
veículo
foi
muito
especial, 70
em
gelado! É perigoso! Vc deixa de pensar e
encontrar o que precisa. Pesquise na Net
pode fazer besteira. Mais que usar o
sobre isso para suas paradas.
equipamento correto, teste-o. Minha luva
diferente,
vc
terá
dificuldades
Espere o melhor, mas prepare-se para o pior. Se algo puder dar errado, dará e no
impermeável e para -20º, foi usada sob uma outra de couro pra agüentar um trecho gelado. Ah, e numa chuva em SP,
pior momento possível! Lembre-se disso!
ela molhou.
Nesta etapa até Corrientes, há calor que
VC pode nem passar por nada disso e
pode variar do muito ao extremo, mesmo
achar que é exagero, mas se passar, te
sobre uma moto!
garanto que não vai gostar.
Aliás, extremos será, também, sua meta:
Ah, lá chove, tá? É deserto, mas choveu
muito calor, muito frio, muito vento, muito
no dia anterior e um grupo de Brasília teve
consumo.
esse
Lembre-se,
vc
está
num
deserto: muito calor de dia e muito frio de noite! Em algum momento até pensamos em enfrentá-lo a noite. Sorte que um amigo
riu
de
nossa
ingenuidade
desistimos.
É
imbecilidade,
se
e
não
tentativa de suicídio. De uma hora pra outra vc morre de calor ou de frio! Trechos diversos, na mesma reta, passamos por isso.
Imagine
uma
Resultado?
Não
conseguiram pilotar pelo frio nas mãos. Por duas vezes vi chuvas ao longe e as estradas insistiam em nos pregar peças nos
levando
em
sua
direção,
nos
desviando um pouco antes. Sol forte, céu claro, sol na cara quase o tempo todo. Use proteção, viseira escura e filtro solar fator mais alto que puder. Vc não tá lá pra se bronzear. Respeite o
Nas Cordilheiras faz frio. Sobre a moto faz mais.
privilégio.
chuva
Deserto.
gelada
molhando sua luva e vc pilotando no vento 71
Alguns têm dores de cabeça, outros
Polícia: Não tivemos problemas com a
apenas falta de fôlego pra atividades
Chilena, aliás, nem olhavam pra nós,
pequenas. Descer e subir na moto pode
agora a Argentina é uma incógnita!
ser "cansativo" e vc vai resfolegar.
Basicamente, nos grandes centros vc não
VC verá ciclistas, madames em seus
terá problemas se estiver direitinho, mas
carrões e tudo o mais, mas todos devem
no interior, nos fins de mundo, fatalmente
respeitar as exigências do Deserto pra
contribuirá com alguns pesos. Mas relaxe
curtirem-no em sua plenitude.
e ofereça pouco mesmo! Aceitam até 2 pesos na boa.
Documentos: Espere pedirem e entregue apenas o que pedirem. Fique atento para a devolução. Vc pode esquecer algum documento na
Acho que é isso. Leve a coisa a sério que vai dar tudo certo. Se eu puder ajudar mais, me avise.
mão deles por impaciência ou ansiedade.
Boa viagem e me informe como foi. Será
Relaxe e concentre-se!
um prazer conhecer tua experiência.
A carteira internacional de motorista, só foi usada na fronteira Argentina e isso pq eu a entreguei, mas se vc a entregar a um policial comum, ele vai preferir a tua carteira normal mesmo. Eles olhavam
Uma idéia na cabeça e coragem no coração.
praquela papelada e ficavam zonzos e pediam a normal. Carta verde- pediram quase todas as vezes. Carteira de vacinação - não pediram e não precisa (tirei só pq tava muito fácil:) Passaporte - pediram nas fronteiras e um Depois de três viagens pelo Brasil, uma
ou outro espertinho.
das quais estiquei até o Uruguai, que Documento
do
veículo:
dúvidas! É o que mais olham!
nem
tenha
totalizaram
cerca
de
23 mil
km,
uma viagem ao Chile se fazia necessária. Sonhos de motociclistas, assim como a
72
Famosa
Rota
66,
nos
EUA.
Todo
pesquisada, estudada, analisada, votada e
motociclista tem esse sonho.
aplicada.
Os planos se iniciaram, como sempre,
São, sim, aventuras, como uma conquista
num bate-papo com os amigos de fé:
amorosa, um sucesso romanesco, sonhos
Carlos Rosa, meu fiel companheiro das
realizados. São vistas como aventuras
viagens anteriores, e PeU se dispuseram.
apenas por serem sonhos que, de uma
Um ano se passou de nosso plano em ir
forma ou outra, por uma etapa ou trechos
em janeiro de 2008 que furou e fui fazer
outros,
minha viagem pelo nordeste e agora,
simples, comuns e reais. Assim como
nesta,
você.
Rosa corre o risco de não nos
acompanhar
por
problemas
particulares...Sentirei muito sua falta caso ele não possa ir.
são
realizadas
por
pessoas
Uma viagem desse tipo, de moto, precisa de
coragem?
Sim!
Coragem
de
simplesmente ir. De largar tudo que se
As conversas e planos com PeU foram se afinando, pesquisas em sites de uns aventureiros, conversas pessoais com outros, livros, revistas e horas e horas de estudos no Google Maps. Antes de mais nada: aventura
ama, se preza, se acostumou, por um
a.ven.tu.ra
período de privação. Largar tanto o
sf (lat
adventura) 1 Acontecimento
imprevisto. 2 Ação
ou
empresa
conforto de nosso sofá quanto o colo de nossa família. Coragem de realizar algo
arriscada. 3 Conquista
pura, total e completamente seu, apenas
amorosa. 4Sucesso
seu, um sonho seu, de ninguém mais.
romanesco. 5 Patuscada. 6 Risco. 7 Acas Mas uma viagem dessas nos traz a
o, sorte.
maravilhosa (Michaelis) Nossas
de
sermos
Homens, sofrendo privações, realizando
viagens
não
têm
nada
de
Aventura, “dicionaristicamente” falando: não são arriscadas, imprevistas, tampouco deixadas
sensação
ao
acaso.
Cada
etapa
é
escolhas, analisando
resolvendo nossas
opções
problemas sem
ter
ninguém a quem culpar. Dormindo em qualquer lugar que lhe pareça conveniente 73
luxos,
percorrer de nossas aventuras, nos fazem,
comendo o que se encontrar pela frente,
enfim, entender o porquê de tudo isso. Já
sem frescuras, aprimorando nosso ser,
chorei diversas vezes em cima da moto
nossa vida, nossa filosofia do que é
por
realmente necessário pra viver a vida. Pra
inesquecíveis. Já pensei que a vida havia
mim elas têm sido meu Caminho de
valido apenas pelo que eu estava vendo,
Santiago, onde na solidão dos percursos e
já me entristeci por pores do sol, seu
ou
necessário,
mesmo
sem
momentos
maravilhosos
e
trechos,
me
nascer
ou
encontro
com
tantas
outras
meus
imagens
e
pensamentos,
paisagens que
minha vida, deixando a futilidade de lado
a humanidade não estava vendo naquele
encontrando realmente o que preciso pra
momento.
viver: muitas vezes apenas um prato de comida.
Por mais que pareça o contrário, eu não consigo descrever completamente, o que
Uma viagem de moto, na qual nos
é uma viagem de moto! E se por acaso
encontramos
deliciosa
um dia eu não voltar de uma viagem por
solidão de nossos pensamentos, nos traz
conta de um desses infortúnios da vida,
momentos novos e até uma vida nova.
saibam que eu fui feliz e estava vivendo a
Novas formas de nos comportar, de
vida até onde ela poderia me levar.
imersos
na
conviver, de refletir. Um dos principais pensamentos que me acompanham e muitos momentos das viagens é: “ o que eu to fazendo aqui?” Neste sol de 40 graus, debaixo deste capacete e desta
Mas então. Meu companheiro de viagem: Pedro "PeU" Cavalcante, Brasília, Distrito Federal, Brazil
roupa de couro, sendo cozinhado pelo sol, pelo calor do asfalto e do vento quente que sopra dos escapamentos e motores dos caminhões? Ou mesmo debaixo de chuvas torrenciais ou até dos frios e congelantes chuviscos “paulistas”. Mas o tocar da moto, o ronco do motor, as maravilhosas paisagens que vemos, as fantásticas pessoas que conhecemos no 74
Baiano.
Biólogo.
Consultor
em
puder,
quando
for
voltar
pra
casa,
Planejamento e Gestão Ambiental. Em
passarei por lá pra matar saudades dos
Brasília há 7 anos. Vc pode conhecê-lo
seus familiares...
melhor acessando o Blog - Estradas em
Detalhando : BSB - FOZ
Duas Rodas, cujo link se encontra nesta página e de onde tirei alguns dos textos
Brasília, Cristalina, Catalão, Araguari,
abaixo.
Uberaba, Aramina, Ituberava, Guará, S.
Conhecemo-nos passeios
por
há
alguns
Brasília
e
anos região
em e
juntamente com outros colegas, firmamos uma amizade fraterna. PeU tem feito a maioria das pesquisas e planejamentos (afinal ele trabalha com isso!).
Joaquim da Barra, Orlândia, Ribeirão Preto, Bonfim Paulista, Araraquara, Boa Esperança do Sul, Jaú, Bauru, Piratininga, Paulistânia, Esp. Sto. Do Turvo, Sta Cruz Rio Pardo, Ourinhos, Cambará, Andirá, Bandeirantes, Santa Mariana, Cornélio Procópio, Jataizinho, Ibiporã, Londrina,
Por ele ter apenas 20 dias de férias,
Maringá, Floresta, Eng. Beltrão, Campo
estamos traçando uma viagem com plano
Mourão,
B, e caso necessário, a encurtaremos.
Oeste, Foz do Iguaçu
Mas em princípio, iremos até o deserto do Atacama, no Chile, de onde desceremos
Cascavel,
Sta
Tereza
do
Detalhando 2: FOZ - ANTOFOGASTA
até Puerto Montt...dali Argentina e Uruguai
Foz
do
e eu pra Balneário Camburiú, SC e ele
Esperanza, El Alcazar, Puerto Rico, Jardin
continua até Brasília.
America,
Carlos Rosa estuda a possibilidade de nos
Candelaria,
acompanhar até Ribeirão Preto, SP e
Resistencia, Makallé, Pres. R. Saenz
depois ir pra Caraguatatuba, SP. Se eu
Pena,
Avia
Iguaçu,
Puerto
Posadas,
Terai,
Pampa
Iguazu,
Corrientes,
de
Los 75
Guanacos, Los Tigres, Monte Quemado,
do calor. E o oposto. Sentir a distância e o
Taco Pozo, Joaquin V Gonzales, Ceibalito,
desabrigo para estar bem sob o próprio
El Galpon, Rio Piedras, Salta, Gen. Martin
teto. Um homem precisa viajar para
de Quemes, Perico, San Salv. Jujuy,
lugares que não conhece para quebrar
Jardin
de
Reyes,
Yala,
Tilcara,
essa arrogância que nos faz ver o mundo
Purmamarca,
Pozo
como o imaginamos, e não simplesmente
Colorado, Susques, Fronteira Chile, S. P.
como é ou pode ser; que nos faz
Atacama, Calama ,Antofagasta .
professores e doutores do que não vimos,
Humauacos,
quando
Para quem tem vontade:
deveríamos
ser
alunos,
e
simplesmente ir ver".("Mar sem fim"- Amyr
[...] de moto você fica completamente
Klink) Retirado do Blog do PeU
inserido na paisagem. Sente os cheiros, o vento, o frio, o calor. E, principalmente, o mundo está todo ali, sem edição prévia. Pois de carro, como diz a poeta Adriana Calcanhoto na música Esquadros: "pela janela
do
carro
(...)
eu
vejo
tudo
enquadrado". Moto também tem outra peculiaridade — você não conversa com seu companheiro de viagem durante o trajeto. É um exercício
pleno
de
meditação,
(Lígia
Mirage 250
do
mergulho no cenário, da real noção da proporção.
Meu Equipamento:
Fascione
http://www.ligiafascioni.com.br/pessoal_via gens.html - Retirado do Blog do PeU
Vou com minha Mirage 250, equipada com
pára-brisas,
alforges
laterais
e
traseiro, alarme e protetor de motor/ descanso de pernas ( ah, e um relógio de guidão muito fashion construído por meu
Para meus Filhos!
amigo Jimy, de Brasília).
"... Hoje entendo bem meu pai. Um
A Mirage tem motor bicilíndrico em ’V‘,
homem precisa viajar. Por sua conta, não
DOHC com 4 válvulas, quatro tempos,
por meio de histórias, imagens, livros ou
potência de 27,9 cv a 10000 rpm e torque
tv. Precisa viajar por si, com seus olhos e
de 2,27 kgf.m a 8500 rpm. Possui
pés, para entender o que é seu. Para um
eficiência
dia plantar as suas próprias árvores e dar-
CV/litro, quase o dobro das concorrentes
volumétrica
alta
com
111
lhes valor. Conhecer o frio para desfrutar 76
de cilindrada bem maior (na faixa de 650 a 750 cc) e custa praticamente a metade do preço com consumo de combustível bem menor.
Torque
Máximo
(kgf.m @ rpm) / (Nm @ rpm)
2,27 @ 7500 / 22,3 @ 7500
Capacidade 249
volumétrica (cilindrada) (cm3)
BDS
Carburador
26
HU82
(duplo)
(www.kasinski.com.br)
Especificações Técnicas DIMENSÕES (mm)
Equipamento do PeU e do André Comprimento Total
2270
Largura Total
800
Altura Total
1090
Distância livre do solo
155 Boulevard M 800 A nova companheira de viagem, dele, será
MOTOR
uma Boulevard M800, preta. DOHC, 4 tempos, 8
Tipo
válvulas,
New kids on the block. (Gente nova no pedaço...)
arrefecido a ar e óleo
Carlos Rosa, que já estava nos planos, conseguiu,
Potência
Máxima
(cv @ rpm / KW @ rpm)
problemas 27,9 @ 10000 / 20,55 @ 10000
ou e
não, se
resolver
posicionar: vai
seus nos
acompanhar. Já que comprar moto nova e sair pra uma viagem, com revisões e tal por onde a gente vai passar, não é 77
aconselhável, vai com a moto atual, mesmo: Uma Viraguinho 250, ano 2000. Eu e PeU, que nos empenhamos em convencê-lo a fazer parte, ficamos felizes. Agora,
ele
vai
correr
atrás
e, como um verdadeiro estradeiro, não se prende a grupos. Seu estilo livre e autônomo vai se juntar aos nossos para
das
providências. Rosa é meu companheiro de viagem desde 2005, quando iniciaram-se nossas experiências em estradas. Temos feito, desde 2004, diversos trechos aqui pela região e participamos, juntos, das viagens constantes abaixo. No link Álbuns de Fotos, ao lado, ele está na maioria. Viramos mais que amigos somos irmãos.
André Siebert, de Blumenau, é nosso novo companheiro. Já o conheço de orkut há
alguns
anos. Aventureiro,
uma viagem de sucesso. Já estivemos conversando
sobre
nossas
aventuras
anteriormente, mas não nos foi possível sincronizá-las, mas este ano, finalmente nos uniremos. Tira fotos maravilhosas e vamos registrar
usar
suas
habilidades
o
melhor
possível
para nossa
aventura. André vai usar equipamento igual ao do PeU. Veja mais detalhes de seus passeios, em seu blog nos links ao lado.
independente como nós. Gosta de viajar
O Percurso
78
Dia 1 – 26/12 – sexta-feira
d. Enfrentaremos a maior altitude, já no lado Chileno, quando passarmos pelos
Trecho: 844 km Brasília – Penápolis-SP Dia 2 – 27/12 - Sábado Trecho: 778 Penápolis-SP – Foz do
Cerros de la Pacana, 4.500 metros. Dia 5 – 30/12 - Terça Trecho: San Salvador de Jujuy - Susques
Iguaçú Atrativos: Dia 3 – 28/12 - Domingo É
tido
como
um
trecho
bonito
e
Trecho: Foz do Iguaçu – Corrientes (620
convidativo a muitas paradas para fotos
km)
(conforme destacado acima, monitorar
Atrativos: San Ignácio – Patrimônio dos
horário).
Povos das Missões Dia 4 – 29/12 - Segunda Trecho: Corrientes – San Salvador de Jujuy
•
Salina Grande
[...] não tenha pressa, porque essa subida é linda, você vai vendo aos poucos a vida sumir e o deserto aparecer. Lá no alto, depois da placa de 4700 m de altitude,
Muita calma nessa hora! Só para ter uma idéia do que será viajar pela alta cordilheira... Cuidados com o corpo e com a moto não devem ser subestimados...
tem o deserto de sal, uma coisa linda de se ver e de motocar em cima. “O pernoite em Susques é saudável, porque você vai estar dando um tempo para o corpo se acostumar com a altitude. De repente, á sua direita, vai aparecer um
Detalhe: a. nos primeiros 100 km subiremos de 1250 m de altitude para 4.170 m - Cuesta de Lipán;
vulcão lindíssimo, e um placa: Bolívia a 5 km. Aí começa a descida para São Pedro do Atacama. O que você subiu em 350 km, vai descer em 40...a mudança de temperatura e pressão é rápida.”
b. nos últimos 50 km desceremos de 4.800 m de altitude para 2.470 m; c. Rodaremos mais de 350 km acima dos
Dia 6 – 31/12 - Quarta Trecho: Susques – San Pedro de Atacama
3.500 m de altitude e +/- 100 km acima de 4.000 metros de altitude; 79
“Na minha opinião é o trecho mais bonito (mais alto. mais largo e mais frio) da cordilheira.”
Trecho: Copiapó – Viña Del Mar Atrativos: Chegar a Santiago pelo Litoral do Chile;
Mais adiante, em Susques, é o último ponto de abastecimento na Argentina. E o último ponto onde tem vida, e pousada
•
Cidades ao longo do Caminho.
Dia 10 – 4/1 - Domingo
para pernoite. Aconselho dormir alí, há duas
pousadas
razoáveis.
Porque
aconselho dormir alí ? Porque não há
Trecho: Viña Del Mar Atrativos: Rodar até Papudo/Zapallar (170 km de Santiago).
outra opção, e o que vem pela frente é o trecho mais bonito, depois do deserto de
o
sal, e vocÊ deve demorar mais para fazer, tanto
pelo
visual
como
pelo
baixo
rendimento da moto. Você estará a uns 120 km do Paso de Jama, divisa com o Chile. Este é o ponto mais longo sem
Papudo se encontra inserida em um setor montanhoso costeiros. Seu acesso se faz por lindas estradas costeiras. As Rotas de acesso são a F 30-E, que se comunica com as cidades de Valparaíso e Viña Del Mar, e a Ruta Panamericana N.º 5.
abastecimento
Dia 11 – 5/1 - Segunda
Atrativos: Pôr-do-sol na Grande Duna
Trecho: Viña Del Mar- Mendoza-AR
(último do ano!!!) Atrativos: Cordilheiras – Trecho relatado Dia 7 – 01/01 - Quinta Atrativos: A definir: Salares, Lagunas Altiplanas, Giesers.... Dia 8 – 2/1 - Sexta Trecho: San Pedro de Atacama – Copiapó
como lindo, convidativo a muitas paradas para fotos. “Cruzar os Andes: o ponto alto da viagem. Se fores dormir em Mendoza, saia bem cedo e reserve todo o dia para esses trezentos e poucos quilômetros. É tão espetacular que a gente vai a 40 km/h e
Rumo ao Pacífico Atrativos: Chegar ao Pacífico •
quer parar em cada curva para tirar fotos!” Dia 12 e 13 – 6/1 - Terça
La Mano del Desierto - Antofogasta Trecho: Mendoza
•
Cidades ao longo do Caminho
Dia 9 – 3/1 - Sábado
Deslocamento local pelo entorno. Atrativos: Aconcágua; Rota de Vinhos 80
Dia 14 – 8/1 - Quinta
26 de Dezembro de 2008
Trecho: Mendoza - Córdoba
Foi dada a largada...
Atrativos: Camino de las Altas Cumbres –
Partidas são sempre complicadas, mas
apreciar em toda su majestuosidad las
Rosa é sempre super pontual. Veio do
sierras cordobesas.
Paranoá, a quase 30km e chegou na hora.
“Sierras de Cordoba: não deixe de pegar a Ruta 20 (passando por El Condor). Alguns viajantes, por desconhecimento ou para poupar tempo descem direto para San Luis por uma estrada mais reta (não
Eu, ainda tive que colocar o equipamento
lembro qual). Maior mancada! Curtir as
na moto enquanto PeU chegava.
curvas e o visual das Sierras de Córdoba e tomar um licor no El Condor e conversar
Estava frio e choviscando, de forma que
com o dono (que é um ecologista que
estávamos de couro ( eu e o Rosa ) e PeU
desenvolveu um projeto de proteção aos
de ...... com roupa de chuva por cima.
Condores reconhecido mundialmente) é
Ainda abasteci, calibrei pneu e saímos: dia
imperdível!”
26 às 7 da manhã. A caminho de Goiânia, no Gerivá, uma
Dia 15 – 9/1 - Sexta
lanchonete de estrada super famosa por Trecho: 860 Córdoba – Paso de Los Libres Dia 16 – 10/1 - Sábado
essas
bandas
e
ponto
de
parada
obrigatória, encontramos um grupo indo ao Atacama, de carro. E aproveitamos pra
Trecho: 670
nossa
Paso de Los Libres – Passo Fundo-Br
Passamos
Dia 17 – 11/1 - Domingo
documento
primeira
fotinho
da
viagem.
em Goiânia pra pegar da
minha
moto
que
o foi
comprada lá e seguimos em frente. Chuva Trecho:
521 Passo
Fundo-Br
–
praticamente o tempo todo até Penápolis,
Florianópolis
SP.
Dia 18 – 12/1 - Segunda
O rendimento foi o planejado. Falando em
Trecho: 80 Florianópolis – Bal. Camboriú
rendimento a moto do Peu tá consumindo como a minha, em torno dos 20-22km/l. A do Rosa perdendo potência na subida e consumo elevado pra média normal dela. 81
Em Penápolis, um hotelzinho marrom de
proprietário tinha uma oficina de motos. Foi ele que colocou a moto para andar. A concessionária que cuida da rodovia indicou
um
posto
onde
mecânicos
poderiam colocar um novo fusível e arrumar a fiação com problemas. Lá descobrimos que além dos fios, a bateria também estava sem água e isso deve ter gerado mais carga, que terminou por queimar o fusível. Duas horas parados... 20 contos, mas o que fechou o dia com chave de ouro foi o jantar no Bar do Toninho,
preparado
por
dona
Elza:
maravilhoso! Arroz, feijão, salada, lingüiça, ovo frito, bisteca, e sei lá mais o quê! Comemos feito padres rsss
Nada que tirasse nosso ânimo e o firme propósito de chegar a Foz e darmos configuração definitiva ao grupo, com a incorporação de André, que saiu de Blumenau hoje, também. Já na chegada a Foz - a 23 Km do centro nova pane na moto de Rosa. Desta vez
27 de Dezembro de 2008
mais séria. Por falta de óleo - que eu havia A tocada não estava forte, pois desde
notado algumas horas mais cedo e
ontem a moto de Carlos Rosa não rendia
avisado, mas Rosa calculou mal, achando
bem e apresentava um consumo muito
que daria pra repor na próxima parada - o
alto, o que forçava paradas em intervalos
motor travou... A coisa parecia feia e
curtos. Tempo bom, poucas chuvas, retas
ficamos esperando o motor esfriar pra ver
longas.
algum resultado. Até o reboque chegar e
Após deixarmos o estado de SP para trás,
nos deixar no hotel, foram 5 horas.Após
o sol apareceu. A estrada mais vazia permitiu-nos aumentar o ritmo e elevar um pouco a média rodada. Uma pane elétrica na moto de Rosa nos obrigou a uma parada. Ainda bem que estávamos numa estrada pedagiada e o socorro mecânico não demorou a chegar. A coincidência é que no reboque já havia um carro
com problemas
e
o
seu 82
descarregar
a
moto
e
deixar
as
brasileiro (com os valores de nossos
preocupações para o dia seguinte, fomos
impostos,
jantar, oferecido gentilmente por André, e
surpreendeu no momento.)
discutir as alternativas.
não
sei
porque
isso
me
A entrada na Argentina não é exatamente
Dormimos cansados e tarde. Eu e Rosa,
uma surpresa, mas apresenta algumas
PeU e André num hotel bem confortável a
florestas de coníferas que, de certa forma,
50 por cabeça.
separa os trechos. Buscamos um banco
Até
Foz:
Estrada:
Boa,
pouco
movimentada, porém em grande parte do trecho do Paraná com FORTES ventos laterais. 28 de Dezembro de 2008 Rola pra lá, rola pra cá acabou que um mecânico foi ver a moto Do Rosa e deu esperanças dela voltar a funcionar. Rosa
pra adquirir pesos e pude estrear meu cartão Cash Passport o qual recomento pra evitar excessivas taxas bancárias e impostos. A cada retirada, US$ 2.50 e compras,
como
qualquer
loja
no
que
cartão aceite,
Visa sem
em taxa
alguma. Funciona como um cartão de débito que vc tem que abastecer em dólares antes de usar.
resolveu não seguir viagem com a gente
Seguimos e começamos a enfrentar as
pra não comprometer os demais do grupo
retas e o calor sem nenhuma paisagem
caso ela pipocasse novamente e ficou em
que se destacasse. Tudo absolutamente
Foz. Saímos meio constrangidos em torno
plano. Depois de enfrentarmos o maior
do
e
calorão e um solão na cara, direto (o que
companheiro que desejava tanto fazer
me fizeram pensar em voltar pra casa
essa
cujo
várias vezes), a noite fresquinha e a
equipamento não estava dando muitas
estrada excepcional nos motivaram a
esperanças... Na tivemos notícias ou
seguir
contato até o final da viagem.
pretendíamos chegar a Corrientes, mas
meio
dia,
tristes
viagem
pelo
conosco,
amigo
mas
A nossa continuação da viagem foi sem problemas.
Na
entrada
da
Argentina
pediram quase todos os documentos padrão, e mais adentro, a polícia pediu os demais. Não vá sem eles, não marque bobeira. Segundo me informaram, a carta verde
pode
ser
adquirida
no
viagem
noite
adentro.
Não
não teve jeito, a noite super agradável e a pista,
estavam
boas
demais...Foi
realmente uma delícia pilotar a noite como céu estrelado e algumas paradas para curtir o momento. Velocidade em torno dos 90 e sem curvas ou trânsito.
lado
Apesar de ser domingo e chegarmos a
argentino bem mais barata que no lado
Corrientes perto de 1 da manhã, a cidade 83
ainda estava bastante movimentada em
emergência
sua orla (de rio), com crianças e muitas
colaboração"...
famílias passeando. O GPS de PeU se encarregou de achar um hotel para nós. Dois quartos conjugados, 4 camas, ótimo
,
eu
aceito
uma
Eu peitei o cara: "O kit não é obrigatório para turistas, eu verifiquei na embaixada
banheiro e tal. Estradas: Boas, sem movimento, retas intermináveis Temperatura altíssima: MUITO calor. 29 de Dezembro de 2008 Corrientes – Salta Saímos perto das 10h. Atravessamos uma linda
ponte
sobre
um
rio
amarelo-
elameado. Não consideramos conhecer a cidade, pois estávamos focados em rodar. O turismo teria que aguardar sua hora na agenda.
em Brasília e me informaram que eram obrigatórios apenas estes documentos". Eu nem sabia de kit nenhum e nem tinha ido a embaixada ( só fui à do Chile). Os colegas me repreenderam, corretamente depois. De fato, não valia a pena por dois
Mais uma vez, retas intermináveis com
ou três pesos, peitar um cara armado.
pouca ocupação no seu curso.
Tiramos alguns pesos de nossos bolsos.
Talvez por estarmos em lugares mais distantes e escondidos, a já famosa Polícia Caminera manteve a tradição pelos relatos de outros viajantes. Mas agora, é NOSSO relato. Parada: Documentos, conversa fiada e o
Avisei o que ocorria a alguns motociclistas que vinham de Belo Horizonte, e a polícia acabou dispensando-os da contribuição. De certa forma, acho que marquei um ponto contra os corruptos policiais.
pedido de contribuição... Chega a ser
Nestas condições, a melhor estratégia é
constrangedor.
se livrar o mais rápido possível e seguir a
Mais a frente 200 km, na província del Chaco, outra vez: Menos discreta e mais acintosa. "Para que não ter que tirar toda a sua bagagem
e
verificar
o
seu
Kit
de
viagem, por outro lado, apesar de achar errado essas extorsões, não nego que é um alívio saber que é possível negociar em
alguma
situação
adversa.
Efetivamente me senti mais à vontade com isso. Bom saber que é possível 84
negociar a falta de algum documento. Não
lanchar antes de continuarmos. Mais
recomendo esquecer, pois nas metrópoles
adiante vimos uma fazenda com tantos
maiores, a coisa é diferente... Aduana,
animais que não acreditamos ser possível,
migração, polícia, todos pedem.
a não ser pelo cheiro fortíssimo de
Para marcar o trecho Argentino, só faltava a pane seca e ela não demorou.
esterco. Era muito gado e fazia linha no horizonte. A 90 km de Susques as Cordilheiras aparecem, e somem nas nuvens baixas... Seguimos até Susques, ao invés de Jujuy, por ser uma cidade maior e contar com mais opções de oficinas. A caminho, pequena chuva, garoa e algum
frio.
Pilotar
em
estrada
não
conhecida, com algum movimento, a noite e com chuva é complicado, mas foi tudo bem, tirando minha lente de contato que resolveu se deslocar a algum canto do olho, e não havia lugar seguro pra parar. Por uma falha da regulagem feita pela
Quando finalmente ocorreu uma chance,
concessionária Kasinski de Brasília, a
manuseei a lente com as mãos num
moto já estava consumindo muito, e de
estado
repente começou a fazer 15 por litro,
preocupado. Mas deu tudo certo. A lente
quando o normal seria 25 mais ou menos.
voltou ao lugar e nós à estrada.
Deixaram a regulagem do carburador em
Em Susques, uma linda paisagem de
consumo máximo e ainda molharam o
luzes e alguns hotéis indicados pelo GPS.
filtro de ar, de papel, com óleo. Só pode
Escolhemos
ter sido pra me sacanear, pois qualquer
agradável
mecânico sabe que isso não se faz.
filhos casada com um argentino. Pessoas
O GPS ajudou a encontrar o posto mais
muito bacanas.
próximo e André foi buscar combustível.
Estrada: Boa. Trecho frio e com uma leve
Rodou 50km pra ir, mais 50 pra voltar com
garoa nos últimos 50 km.
gasolina pra mim e mais 50 pra retornar
Moto: Uma porcaria fazendo 15 por litro e
ao posto conosco. Aproveitamos pra
falhando em alta.
tal
de
sujidade,
uma
que
pousada
fiquei
super
de uma brasileira com dois
85
30 de Dezembro de 2008
fechadíssimas, retas curtíssimas,
Dia de manutenção nas motos. 3.000 km desde Brasília.
mas
certamente muita paisagem bonita, se alguém conseguir olhar pro lado...e como fizemos a noite...às vezes passávamos
Rodamos um bocado pela cidade pra
por alguma coisa que fazia um ruído tipo
encontrar
E
ÚÚ que me arrepiava de medo ( talvez
encontramos uma oficina acostumada às
uma colméia, sei lá ). Sei que fiquei
regulagens que eu precisava. Fiquei o dia
apavorado só em pensar numa pane por
me divertindo e acompanhando o trabalho
ali...
o
lugar
apropriado.
deles e suas orientações.
Minha moto
passou por ajustes na carburação e outras pequenas intervenções. Foi carinhosa e mui
bem
tecnicamente
cuidada
Em Salvador de Jujuy, o GPS nos botou no hotel. Só filé de hotel até agora, e nada
pelo
Carlos que a regulou para a subida e me deu instruções adicionais. Fiquei o dia inteiro na oficina com ele me mostrando todos os detalhes. Assim, resolvemos rodar um pouco, para ver como a moto se comportava e, caso fosse necessário algum ajuste, teríamos a oportunidade de fazê-lo em S. Salvador de
de tão caro. Tá tudo dentro do previsto,
Jujuy.
financeiramente falando. Dia seguinte,
Rota estabelecida no GPS pelo PeU e
finalmente,
motos arrumadas, Hector, dono do Hostal
cordilheiras!!!
Cuesta
de
Lipan
e
em que ficamos e sugere um caminho mais curto, 40 km a menos. Como já era
31 de Dezembro de 2008
começo da noite, achamos por bem um
Diante do dia parado em Salta, faremos a
trecho
cordilheiras numa pernada só, indo direto
menor.
Ajustamos
a
rota
e
seguimos.
a San Pedro de Atacama. Saímos de uma
O caminho sugerido foi uma loucura e uma delícia se feito de dia. A estrada de
cota de 1.600 metros e subimos ate 4.850 metros.
uma pista só, necessita de gentileza e
Para nossa alegria, as intervenções feitas
negociações: uma ao cruzar outra ao
na minha moto (carburada) fizeram-na
ultrapassar
andar super bem e com muita economia.
algum
veículo.
Curvas
86
Tirei o filtro de ar, como sugerido pelo
nuvem pro frio chegar...imagine molhar-
Carlos da oficina em Salta e mesmo acima
se...
de 3.500 ela andava a 100 km/h sem falhar e a autonomia fez com que chegasse a SPA sem precisar de reserva (273 km).
Eu senti um pouco de falta de ar quando fazia algum pequeno esforço como descer e subir de novo na moto, André, tonturas e dor de cabeça, mas continuava bem pra
Caiu o mito de motos carburadas de baixa
tocar
a
moto.
Não
dá
pra
fazer
cilindrada não se comportarem bem nas altitudes, basta uma boa regulagem. Passamos pela já famosa subida da Cuesta
de
Lipán
com
tranqüilidade.
Subida linda, cheia de curvas, visual encantador. Foi ali que parei pra tirar o filtro de ar da moto. Acima de 3.000 metros a paisagem muda
estripulias...na verdade, aconselho a não
por completo. Novos cenários aparecem e
fazer nada... PeU passou inteiro, ele
as paradas para fotos são quase que a
disse...mas tbm não fazia esforços rssA
cada instante. Um primeiro momento de
paisagem é indescritível! Estávamos num
deslumbramento e depois um pouco mais
deserto de verdade! Mesmo com algumas
de disciplina, pois não podíamos deixar
chuvas, nada de bom cresce por ali por
escurecer enquanto fazíamos a travessia.
causa da salinidade, vide as salinas...
A temperatura na parte alta estava em
Ao nosso redor, centenas de km de areia
torno de 10 graus, e sensação térmica,
e
sal...
montanhas...
maravilhosos,
nada
visuais que
se
lindos, possa
descrever, fielmente...foi um trecho de sonho,
de
National
Geografic,
sei
lá...Sentimo-nos lá...no meio do nada...mó aventureiros... Paramos pra apreciar algumas salinas e mais baixa do que isso. Morri de frio
encontramos
mesmo com um monte de casacos...Não
admirando os artesanatos feitos de sal. Os
confie nesse solão...basta uma sombra de
artesãos usam luvas e máscaras para se
dezenas
de
turistas
87
protegerem da exposição prolongada ao
PeU ficava como um doido repetindo isso
sol, vendo e sal. Tratores trabalhavam na
a todo momento como um tique: Como sè
coleta, transformando o deserto em algo
llama llama?
movimentado. Fizemos muitos contatos, e
Seguindo a viagem e seguindo algumas
alguns amigos.
nuvens ameaçadoras, para pânico meu.
Encontramos
casas
no
meio
do
absolutamente nada e seus proprietários
Não sei como eram as luvas de cordura dos meninos, mas as minhas de couro e
com rebanhos de lhamas. Escreve-se
de ski, se mostraram ineficazes contra
llama
Como
água e frio extremos, de forma que uma
queríamos nos aproximar de algumas pra
chuva naquela temperatura não me seria
fotos,
nos
nada agradável. As capas protegeriam o
perseguiria, divertidamente, mesmo no
resto, mas as mãos e os pés ficariam
pós-viagem: como se chama lhamas?
congelados, pois minha bota era de couro
Aliás, tanto para chamá-la como para
e, portanto, encharcável. Pra onde íamos,
perguntar no momento da compra de uma
as retas apontavam pra pesada nuvem.
de
Fiquei realmente preocupado.
e
pronuncia-se
veio
pelúcia
uma
pra
djama.
pergunta
presente
que
com
uma
pronúncia que não nos entendiam? Como se llama llama? Como se djama djama? O
As nuvens formavam estrias de baixo pra
danado é a pronúncia varia pelas regiões.
88
cima
como
que
as
gotículas
dágua
o Reveillon: um jantar e logo após o
seguissem para elas. Era lindo. Chegamos ao ponto mais alto da viagem e registramos em foto do GPS. Paramos na Aduana
Argentina,
pela viagem, fomos a um restaurante para
mostramos
documentos e seguimos sem alterações. A paisagem sempre linda, mas a chegada a San Pedro é precedida de uma descida de uns 50 km que tem o visual do suposto
brinde, caminha... 1 de Janeiro de 2009 Tiramos um dia para "curtir" SP Atacama. Pela manhã cada um a seu tempo levantou e circulou pela ruas , fazendo fotos e comprando regalos.. .
resultado de uma guerra atômica. Mas são
À tarde, Peu e André fomam fazer um tour
50 km de descida!
por Ojos del Salar, Laguna Tabin Quinche
Aduana
chilena,
documentos,
tudo
certinho, chegando.
e Laguna Cejas, com direito a um banho numa laguna saturada de sal, onde não há jeito de afundar. Fiquei mexendo no
San Pedro de Atacama é uma cidade toda
computer...adicionando fotos ao roteiro do
de
Data Logger e tal.
adobe.
Bem
rústica,
sem
pavimentação, mas cheia de turistas do mundo
todo...Línguas
diferentes
são
ouvidas a todo momento. Nosso hotel, não era diferente da cidade, meu quarto, porém, era muito chiquinho por dentro.
2 de Janeiro de 2009 De San Pedro até Viña del Mar Deixamos San Pedro de Atacama, mas não o deserto. Ainda teríamos longos Tem o céu limpo de nuvens e muito azul. Pelo
frioo
seco,
lembra
Brasília
no
inverno. Senti-me em casa. Cansados, mortos pelo sol, pelo frio, pela secura,
trechos na aridez do Chile. A programação seria rodar cerca de 700 km
até
Baia
Inglesa,
lugar
pouco
valorizado nos roteiros antes relatados 89
mas, por se tratar de uma das praias mais
e ainda seguir viagem, já que temos sol
fotografadas do Chile, resolvemos incluí-la
por aqui, até perto das 22 horas.
nos nosso roteiro com uma parada em Copiapó, por sugestão de PeU.
Após algumas buscas, percebemos que a tarefa não seria tão fácil. A maioria das
Após rodarmos 300 km, em uma condição
motos que rodam por aqui é de baixa
de
cilindrada e apesar de Antofagasta não
pilotagem
bastante
cansativa
em
função do forte vento lateral, que nos obrigava a compensar a moto, mantendo-
ser
tão
pequena,
não
havia
muitas
o
espírito
opções.
a inclinada, André percebeu o desgaste
Assim,
acentuado no pneu de minha moto. Tava
motociclista prevaleceu e salvou o dia,
na lona! Eu tinha intenção de trocá-lo tão
quiçá a viagem. André trouxe consigo os
logo chegasse ao exterior por causa do
contatos do grupo PHD (proprietários de
preço mas, na correria, deixávamos pra
Harleys...) e aqui na cidade tinha um
próxima cidade. Agora não tinha jeito!
Haleyro...
A esta altura estávamos em Antofagasta
Ligamos para ele e em pouco tempo ele
e, após ela, não teríamos alternativas.
aparece com o filho no local onde
Seriam 400 km do mais puro deserto com
tínhamos parado...Aqui não caberiam os
apenas um posto de abastecimento.
agradecimentos
à
dedicação
a
Não valia o risco de pilotar nestas condições em um trecho tão longo.
mais
dele
uma
vez,
disponibilidade resolver
o
e
nosso
problema... Ele nos levou a algumas lojas e depois de chegarmos à conclusão que não haveria pneus à venda, tratamos de acompanhar Rubem (o PHD) no convencimento de tirar um pneu de uma algumas
tentativas,
moto nova...Após achamos
um
revendedor que se dispôs a fazê-lo... a essas alturas já estávamos certos de ficar em Antofagasta. Não iríamos arriscar
Assim, entramos, perto das 14 horas, na expectativa de trocar rapidamente o pneu 90
cruzar 400 km de nada no cair da noite... Neste meio tempo, na rede que Rubem pôs para rodar, foi descoberto um pneu na mesma especificação em uma das favelas da
cidade...
Entramos
no
carro
e
seguimos para lá... Metade do preço. Senti-me numa gincana, daquelas de adolescente, onde todo mundo se mobiliza para cumprir uma tarefa... Agora de pneu na mão, ainda faltava borracharia, e voltar à oficina para a troca... Antes disso, ele nos levou para lanchar, tirar dinheiro em caixa eletrônico e tals. Abastecemos as motos e seguimos em Tudo resolvido, ainda fomos deixados no Hotel por Rubem, ainda a tempo de assistir um pôr-do-sol no Pacífico.
frente. O trecho até então foi o mais cansativo. 400 km de uma paisagem que não muda. Sem vida, sem cidades, sem nada...A maravilha foi pegar, pela primeira vez, os fortes ventos laterais, de costas...o vento devia estar a 60km/h e por 150 km rodamos nessa maravilha. Mas como
VALEU RUBEM!!! 3 de Janeiro de 2009 Depois de uma noite bem dormida, em uma dos melhores hotéis da cidade, o Holliday Inn, (100 dólares a diária), resolvemos
retomar
a
nossa
programação, não sem antes passar no monumento natural símbolo da cidade de Antofagasta - La Portada,. 91
nada dura pra sempre...Depois voltamos ao
normal:
ventos
laterais
fortes
balançando a moto.
4 de Janeiro de 2009 Antes de seguirmos viagem, combinamos um
mergulho...Afinal,
era
o
Pacífico,
Paramos para admirar uma interessantes
merecia o sacrifício...água fria... Muito
escultura: La Mano Del Desierto!
Fria... pelo Horário, mais fria ainda!
Depois disso, mais estrada, até que cerca
Mas na base da graça e do desafio lá
de 90 km antes do nosso destino final,
fomos nós... O banho abriu a apetite, mas
chegamos no trecho de estrada que
para nossa decepção não havia nenhum
esperávamos. Praticamente na praia...
lugar em que pudéssemos tomar café...
Oceano Pacífico de um lado e deserto do
Assim, subimos nas motos após um
outro... LINDO!!!
banho e já na saída encontramos uma
Assim, com essa paisagem, chegamos a
família de brasileiros que estavam sendo
Baia Inglesa, brindados com mais um
nossos
lindo pôr-do-sol.
animada...Só pode, né? Vir prum lugar
O jantar, foi uma das melhores comidas
vizinhos...Gente
super
desses, devem adorar viver a vida!
que já comi na vida... Fish Rock com
O café foi na estrada, em um posto da
queijo
COPEC, os que apresentam os melhores
de
cabra...Exótico,
mas
nem
tanto...uma delícia, certamente. Como dormida, a opção foi uma casa em
serviços. O objetivo hoje foi chegar a Los Vilos...
condomínio... Deliciosa, completinha, dava
Para quem pensava que o deserto ficou
pra morar lá.. :-)
para trás... ele ainda nos acompanhava... A estrada, horas beija o oceano, horas se volta para o deserto... e neste mundo fora 92
do comum, chegamos ao nosso destino
parada foi em Papudo... uma enseada
do dia. Uma cidade simples, mas como
procurada
toda região, com um lindo litoral.
Predominantemente chilenos e alguns
Nosso terceiro pôr-do-sol... dá só uma
poucos estrangeiros.
olhada!!!
Viña é uma cidade alegre, jovial e de
5 de Janeiro de 2009
trânsito nervoso. Muitos jovens, muitos
para
férias.
turistas, próprios de uma cidade turística. Rumo a Viña del Mar...
Ficamos
numa
pousada
para
recém
Conforme já conversado a época do
casados e muito aconchegante.
planejamento, a opção seria sair da ruta 5
Dia 6 de janeiro, deixamos o Chile,
e ir pelo litoral.
partindo para Mendoza, Argentina...
Muitos passam direto, pela sedução de uma estrada duplicada e com velocidade de até 120 km... Perdem um dos trechos mais bonitos e sedutores... Entramos por Papudo, um lindo balneário para os de Santiago, depois Zapalar, até chegar a Viña. Dia frio, com muita nebulosidade, mas sem ameaça de chuvas... pelo dia branco, as fotos ficaram prejudicadas... A primeira 93
Viña del Mar a Mendoza
conseguimos apanhar um bocado e fazer guerrinha
Pense no passeio perfeito!
bola de neve. Foi uma sensação, nas
Tudo o que vimos antes foi lindo, mas nada
comparado
a
de
este
trecho.
As
alturas, entre uma arfada e outra. Mais um pouquinho fazíamos um boneco de neve.
montanhas aqui são mais lindas, ainda, que as Cordilheiras a caminho de San Pedro
de
Atacama,
que
já
nos
impressionaram. São Fantásticas! Subimos os Caracoles deliciosamente. Curvas fechadas, porém com espaço para manobras entre os muitos caminhões que passam.
No caminho entramos no Parque nacional do Aconcágua. O pico mais alto da América do sul parece criar um oásis divino, um pedaço do paraíso inserido no meio de rochas e deserto, para poder ser apreciado.
Aqueles gelos que vimos nas montanhas os encontramos e nos divertimos com ele. São pequenos grãos, como areia, que 94
destacarem as montanhas, assim como o sol. É lindo demais, vale a pena. Mendoza a Balneário Camboriú 7 de Janeiro de 2009
Um pequeno vale abriga plantas delicadas de lindas flores, córregos com água limpa, gelada e...gostosa.
Após a exaltação com as belezas das cordilheiras, chegamos a Mendoza, onde estava prevista a troca do óleo das motos e uma verificação na porca do pinhão da minha. Mais uma vez o GPS do PeU nos ajudou a chegar nos endereços e conseguir um O caminho que se segue é, talvez a parte mais linda das montanhas andinas.
hotel no centro, perto da peatonal. A cidade
respirava
o
Paris-Dakar,
que
chegaria por aqui no dia seguinte ou depois.
Exposições,
cartazes,
muita
movimentação em função da chegada do evento. A cidade é bem atrativa. Fácil de circular.
Bem
policiada
e
com
movimentação nas ruas até a madrugada, como é comum em muitas das cidades Argentinas.
Recomendo o percurso de ida e volta, pois os horários diferentes, farão as sombras 95
O dia foi muito desgastante... por ser final de viagem, um trecho longo e sem atrativos...Trechos parecidos com cerrado se alternavam com banhados... No caminho parei pra um encontro de gerações de gente e de motos. Em sua parte final, chegamos a Serra de Córdoba... sem dúvidas bonita, mas após Aqui, talvez em função da chegada do
cruzar as cordilheiras duas vezes (Para
Dakar, muitas blitze nas ruas. Em mesmo
chegar ao Atacama e para voltar do Chile
dia fomos parados em duas.
para Argentina) ela não apresentava tantos atrativos.
A troca de óleo foi a tardinha, depois da siesta. Tudo na cidade pára das 14 às
Seguimos forte, sem paradas para fotos,
17h.
até porque a sensação térmica estava
Estranho ir a oficina às 17h... Ainda bem
muito baixa e nuvens negras ameaçavam
que chegamos lá cedo. Era uma Oficina
um temporal e tínhamos sido alertados
multimarcas e logo após ás 17h já estava
que é comum nestas condições chover
cheia,
granizo. A idéia era ficar um pouco antes
inclusive
com uma
turma
de
Uberlândia.
de Córdoba, em um Balneário da beira de
A noite foi jantar e arrumar as coisas para
um lago... Chegamos a entrar, mas não
seguir para Córdoba no dia seguinte.
rolava... Clima de férias escolares... som
8 de Janeiro de 2009
alto, engarrafamento, e uma cidade feia, cheia, muito trânsito...um balneário em
Arrumamos as coisas nas motos e saímos
alta temporada...
após o café. Teríamos cerca de 800 km
Seguimos mais um pouco pra dormimos
para rodar... A estrada, em sua maior
em Córdoba.
parte, com retas intermináveis e um calor que lembra os Chacos Argentinos um pouco antes do pampa del Infierno.
Não houve dúvida.
Chegamos e rodamos pouco... a cidade é a menos amistosa das que passamos... escura,
espalhada...Não
seduziu.
Achamos um hotel e nem desarrumamos as motos. Uma muda de roupa e só! Mas comemos bem num restaurante, pessoal simpático e conversador. Conhecemos 96
Carolina, que nos atendeu, e que já havia
algum e nós com outra parte para
visitado o Brasil em vários lugares. Aliás,
abastecer as motos... após os acertos
simpatia e cordialidade não nos faltaram
seguimos tranquilos, com apertos de
em toda a viagem...nem comida boa.
mãos e desejos de boa viagem! Mais uma
9 de Janeiro de 2009 O objetivo seria chegar a Paso de Los Libres e dormir já no lado Brasileiro, em Uruguaiana. outra puxada e cerca de 800 km... No cair da tarde, fomos mais uma vez parados pela polícia Caminera, sob a alegação que estávamos a 85 em um trecho onde a velocidade permitida é 80 km/h. O que fazer? Como as motos estavam juntas, multa para as 3. $ 350 pesos cada e uma notificação a ser enviada para fronteira...
da polícia caminera... Chegamos a paso de Los Libres perto das 23 horas... sem nenhuma burocracia, carimbamos o passaporte de saída e entramos no Brasil sem nenhum controle. Jantamos, nos despedimos e fomos para o Hotel. Dia seguinte a continuação da viagem seria cada um para um canto. A viagem em grupo terminou hoje, mas a viagem, não. Graças a Deus, te aqui tudo em Paz! 10 de Janeiro de 2009 Peu acordou ás 6h. André já tinha saído. Fiquei dormindo mais um pouco e depois peguei a estrada, sem pressa. Rodei tranquilo e fui visitar uma amiga em Itapuí, RS, mas ela tinha saído de férias com a família. Aproveitei a minha calma e parei numa oficina-tornearia e apertei a corrente da moto que insistia em folgar e
Após o suspense, somos convidados um a um a irmos a uma salinha, onde após explicar que eles (polícia Caminera) não querem atrapalhar nossa viagem e que tudo poderia ser resolvido com uma colaboração... chegam ao ponto e pedem din-din. Tínhamos poucos pesos. apenas o suficiente para mais um abastecimento. Daí, negociamos dividir... eles ficam com
consertei meu cavalete central. Pra variar, muita conversa e simpatia...em novo encontro de gerações. O gaúcho de bombachas tem uma CG 81. Segui meu Rumo. O dia estava ótimo, ensolarado, mas a estrada é traiçoeira. Os caminhões deixam trilhos no asfalto que se acumula nas bordas
deixando
elevações
perigosas
para motos e carteres de veículos mais 97
baixos. Uma droga de estrada. Só vai
sob a jaqueta, luvas e tal e a capa de
melhorar perto de Passo Fundo, mas ai
chuva preparada. Ê estrada boa. Lisa, sinuosa e ...rápida! Os argentinos passam voados! É que eles só têm retas, lá, e quando vêem curvas... Pilotei devagar e com calma, até a hora que
encostaram demais
em
mim e
comecei a achar perigoso andar devagar. uma ou outra disputa de corridinha entre carros, aproveitando a facilidade da moto em curvas e ultrapassagens, e esse
melhora mesmo...primeiro mundo.
trecho foi o mais empolgante da viagem. Segui até as 20 horas com uma leve ameaça de chuva vindo do norte. Uns
Outra característica sensacional foi ver o
pingos, mas nada demais. Parei em
abundante verde das matas. Cansei de
Lages, SC. Sem o GPS do PeU, consegui
deserto!
um bom hotel pois pretendia descansar, banhar, conectar e acordar tarde. Aliás, horário era coisa que a gente apenas tinha noção, pois com os horários de verão e os diversos fusos pelos quais passamos, olhar pro sol era a melhor forma de ter idéia
de
quanto
tempo
faltava
pra
anoitecer. O GPS sugeriu um hotel e rumei para lá. Uma delícia. Banho quente e cama. 11 de Janeiro de 2009 Acordei tarde, fiquei na cama, enrolei, aproveitei o hotel. Quando cansei, parti. O tempo parecia chuvoso ou frio. Me vesti a contento com agasalhos sob a calça e
98
Chegando à casa da mamãe, pra variar,
dia seguinte após verificar, o motor de
ela não estava em casa, mas minha irmã,
arranque moeu os contatos, peças soltas
Kátia, me recebeu, junto com minha
no cabeçote...bem, uma desgraça geral. A
sobrinha Natália. Finalmente,estava em
manutenção
casa.
realmente, acabou com minha moto, ao
A moto tava barulhenta e com a corrente
dada
pelos
mecânicos,
invés de conservá-la.
batendo de tão frouxa. Nos últimos 3 dias
Rodamos entre o dia 26/12 a hoje,
ela vinha afrouxando, chegando muito
11/01/09, mais de 9000 Km.
solta no final do dia. Eu mal conseguia pilotar de tão barulhenta que ficava ao perder a tração (quando desacelerava, por exemplo ). Dia 12, levei-a à concessionária de
Nestas recordações não couberam todas as fotos, mas espero que as que aqui estão, sirvam de motivação para que você também realize viagens maravilhosas. VaLeU!
Blumenau e a 20 metros dela, o motor travou. Segundo o mecânico me disse, no
99
100