AMERICA FOOTBALL CLUB
REDESCOBRINDO UM VAZIO.
UNIVERSIDADE
ESTÁCIO DE SÁ | ARQUITETURA E URBANISMO | FUNDAMENTOS PARA O TFG LUIGI GARCIA VACCARI | ORIENTADORES: HELENA KARPOUZAS E TIAGO TARDIN | RIO DE JANEIRO 2018.2
AGRADECIMENTOS
Se hoje chego ao final desse curso devo tudo aos meus familiares e amigos, que me apoiaram incansavelmente em todo o percurso desta jornada. Agradeço principalmente aos meus Pais que em nenhum momento deixaram de estar ao meu lado sempre me colocando como prioridade em suas vidas. Agradeço à todos os mestres que fizeram parte desses cinco e cansativos anos, Fizeram-me enxergar o real papel da arquitetura em nossa vida com seu amplo papel social. Enfim, depois de tantos anos de esforço, só eu vou saber quanto foi difícil abrir mão de várias coisas em prol de um objetivo. No final de uma etapa de tantos aprendizados tenho certeza que consegui construir nesse período um caráter maior.
HINO Hei de torcer, torcer, torcer... Hei de torcer até morrer, morrer, morrer... Pois a torcida americana é toda assim A começar por mim A cor do pavilhão É a cor do nosso coração! Em nossos dias de emoção Toda torcida cantará esta canção! Trá-lá-lá-lá-lá-lá! Trá-lá-lá-lá-lá-lá! Trá-lá-lá-lá-lá-lá! Campeões de 13, 16 e 22, Trá-lá-lá! Temos muitas glórias, E surgirão outras depois, Trá-lá-lá! Campeões com a pelota nos pés, Fabricamos, Aos montes, Aos dez! Nós ainda queremos muito mais, America, unido vencerás!
Letra e Música: Lamartine Babo
RESUMO O presente trabalho tem por objetivo pensar uma intervenção arquitetônica na cidade do Rio de janeiro para a região da Tijuca, próximo a praça afonso pena nas rua Campos Sales e Gonçalves Crespo, onde reside a sede social do America Football Club, com o objetivo de redescobrir o vazio urbano e o vazio no sentimento dos moradores da tijuca de perder um equipamento importante para o bairro. Baseado nas análises urbanas e sociais, a proposta apresentada busca usar o Clube America como impulsionador dos novos serviços e usos do lugar. Com uma parceria de relação mais próxima com o usuário, o projeto propõe reativar todo o quarteirão anexando ao programa o Edifício Quartie Montreal e o Parque da Medalha Milagrosa, redesenhando todo o quarteirão e conseguindo permear totalmente o piso térreo, preenchendo o vazio urbano, criando um amplo espaço comercial, cultural, medicinal e habitacional, junto com as novas instalações do clube.
JUSTIFICATIVAS Como todo trabalho científico, este TFG necessita de um propósito para ser feito, um motivo para sua criação e desenvolvimento. Segundo a revista Gazeta do Povo, na coluna de opiniões do dia, Paulo Mendes da Rocha, em 2015: “A cidade tem virtudes incomensuráveis. A cidade não foi feita para dar lucro para ninguém. E, sim, para desfrutar da possibilidade de conversar. Para amparar a imprevisibilidade da vida. Já imaginou o homem solitário?”, Questiona o arquiteto.” “Não temos outro recurso a não ser reconstruir a cidade em cima dela mesma, portanto nada é um caso perdido...” “O conceito de espaço para mim, e ouso dizer para a arquitetura, pressupõe público. Não há espaço privado, portanto”.
O artigo salienta a importância da valorização da do espaço público, do usuário e seus aspectos diversos, sempre procurando amenizar a desigualdade na cidade. Desta forma, este TFG busca dentro da Sustentabilidade sua Relevância Social e Acadêmica.
ÍNDICE:
01 02 03
O CLUBE • • • •
DEFINIÇÃO...............................................................................11 CARÁTER..................................................................................15 O CLUBE DE BAIRRO..............................................................16 PATRIMÔNIO IMATERIAL..........................................................17
AMERICA FC
• • • •
INÍCIO............................................................................23 O FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO..............................27 O FUTEBOL COMO INTERVENÇÃO SOCIAL E URBANA..........29 O PAPEL DE CLUBE FORMADOR..................................31
TIJUCA • • • •
ORIGEM E FORMAÇÃO..............................................................................35 RUA CAMPOS SALES................................................................................37 A SEDE SOCIAL.....................................................................................43 DADOS GERAIS.........................................................................................47
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ESTUDOS DE CASO • • • •
QUARTEIRÃO PERMEÁVEL...................................................61 PERMEABILIDADE: PÚBLICO X PRIVADO..........................63 REABILITAÇÃO DO QUARTEIRÃO EM PORTUGÁLIA............65 THE ROTTERDAM....................................................................67
O PROJETO • • • • • •
PARTIDO ARQUITETÔNICO....................................................75 ESTRATÉGIAS PROJETUAIS.................................................78 ESTUDO SOLAR....................................................................... 81 PROGRAMA ........................................................................... 82 SETORIZAÇÃO..............................................................85 PERSCPECTIVAS..........................................................90
CONSIDERAÇÕES FINAIS • CONSIDERAÇÕES FINAIS...................................................105 • REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................107
O CLUBE 01
O CLUBE
DEFINIÇÃO Os clubes podem ser definidos como local onde se encontra uma sociedade ou agremiação, dotado de instalações para a prática de esportes ou recreação de seus associados. No Brasil, os clubes foram difundidos no final do século XIX até meados do século XX, principalmente pelos imigrantes europeus que passaram a ocupar o território. Os clubes tinham bastante influência sobre a sociedade urbana que se desenvolvia, sendo um lugar referência para integração social que também era palco para acontecimentos políticos, econômicos, culturais e esportivos. Atualmente, um dos principais papéis dos clubes é a prática esportiva. Na edição de 2016 dos Jogos Olímpicos, no Rio de Janeiros, dos 465 atletas da delegação brasileira, 390 tinham como suporte uma agremiação, que representa 84% do total. Tais números evidenciam a relevância dos clubes no incentivo à prática de esportes e elevação ao âmbito profissional. As primeiras manifestações desse tipo na cultura ocidental estão na Grécia antiga, como as palestras, e no Império Romano, como as termas.
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O CLUBE
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Termas romanas localizadas em Bath, Inglaterra - 1897
DEFINIÇÃO As termas romanas eram constituídas por diversas piscinas (de água fria e quente), saunas e outros espaços, e serviam como ponto de encontro e de interação social, contendo biblioteca e centro de competições esportivas. As termas podiam ser acessadas apenas por homens e mulheres livres, tendo ambientes separados para cada gênero. A entrada se realizava mediante pagamento de taxas, que eram consideradas acessíveis para o homem romano. Historicamente, o clube como conhecemos hoje teve sua origem na Inglaterra no final do século XVII. Homens com interesses em comum, que abrangiam desde a prática de esportes até a simples interação social, reuniam-se em tavernas ou espaços reservados em cafés, conhecidos o como gentlemen’s clubs, inicialmente restritos a homens da aristocracia inglesa (categoria alcançada apenas por nascimento e educação apropriada). Com o surgimento da burguesia e sua pressão ascensional sobre a nobreza, a diferenciação da elite passou a ser afirmada por meio do comportamento adequado à sua posição social. Assim, os clubes se tornam antros de disseminação de um código de conduta rigoroso e exclusivo à classe dominante. O crescimento da relevância dos clubes levava a criação de sedes próprias, que representariam a importância de cada agremiação. A tipologia arquitetônica desenvolvida nas sedes dos clubes tinha por objetivo deixar visível a diferença entre os membros e os não-membros. Assim, não apenas a espacialidade do clube, mas também sua arquitetura pregava a exclusão. Segundo Martínez (2016), o clube era talvez a mais conhecida manifestação urbana de espaço de exceção.
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O CLUBE
CARÁTER Um lugar de reuniões de natureza recreativa, esportiva, política ou cultural. Um clube é formado por pessoas que partilham dos mesmos gostos, opiniões e interesses. Geralmente priorizam um esporte ou conteúdo específico. O objetivo central para os associados é aumentar sua interação social. Num clube, desenvolvemse diversas atividades em grupo que contribuem para a evolução das pessoas.
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CLUBE DE BAIRRO Com a crescência dos novos empreendimentos sem as infraestruturas necessárias, a falta de segurança dos grandes centros urbanos e os problemas de mobilidade na cidade, os clubes de bairro assumiram o papel de provedores do esporte e cultura local com propósito de qualificar suas centralidades. Apesar dos problemas, esse modelo trouxe avanços e qualidades para suas áreas.
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O CLUBE
PATRIMÔNIO IMATERIAL A simbiose entre o principal bairro da Zona Norte do Rio de Janeiro e o America Football Club, é um dos capítulos mais interessantes da história desta cidade. Do início do século XX até a década de 1970, não havia uma família moradora da Tijuca e de bairros do entorno que não tenha sido tocada pela vida social e desportiva do clube. Amizades, casamentos, iniciação no esporte, bailes, espetáculos teatrais, são muitos os momentos da vida cotidiana da região que se confundem com a presença do América. E seu time envergava, com sua camisa vermelha, um modo de vida e uma identidade. O imortal Marques Rebelo, entusiasmado com o título de campeão da Guanabara, em 1960, exaltou esta relação umbilical: “Ó ruas do meu bairro natal, ó ruas da Zona Norte inteira, (...) noite primeira de uma nova etapa da vida rubra”. Mas a decadência da Zona Norte, resultado de um processo político e econômico que guarda relação com a expansão da Barra da Tijuca, e a incapacidade do América de fazer frente aos efeitos desse processo, foram minando as condições de existência do clube e esvaziando sua vida associativa. E agora tal processo chega ao seu epílogo, que, no entanto, poderá ser o início de uma nova história. Afogado em dívidas, com sua sede interditada pela Defesa Civil, e ameaçado por insistentes pedidos de leilão, o clube agoniza. Ainda assim, consegue reunir sua última reserva associativa, para tentar mudar a rota que ameaça levá-lo à extinção.
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Capoeira
Frevo
Cordel
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O CLUBE
PATRIMÔNIO IMATERIAL Em 2014, sua diretoria convocou a cidade para um ato público no auditório da Associação Brasileira de Imprensa, apresentando a proposta de reconstrução do clube. A partir de então, inicia-se a estruturação de um modelo de negócio capaz de assegurar que, sem vender um milímetro de seu patrimônio, o clube viabilizasse a construção de uma nova sede, e a geração de receita para honrar suas dívidas e formar atletas. Assim, nada mais simbólico que no momento em que a cidade sai do ciclo olímpico e que busca um novo projeto de futuro, esteja em curso a redefinição do destino de um clube que, por sua história e importância cultural, é um elo com seu passado. De fato, a simbiose entre o America e o bairro que é o portal de toda a Zona Norte é tão forte, que a oportunidade de reconstrução do clube bem poderá ser encarada como o início de um novo ciclo de desenvolvimento para essa região. E certamente sob as bênçãos de Lamartine Babo, Noel Rosa, Tim Maia, Villa-Lobos, e tantos outros nomes da cultura carioca que viveram na Zona Norte torcendo pelo time cuja “cor do pavilhão é a cor do nosso coração”.
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O patrimônio imaterial é aquele que se relaciona com a maneira como os diferentes grupos sociais se expressam por meio de suas festas, saberes, fazeres, ofícios, celebrações e rituais. As formas tradicionais e artesanais de expressão são classificadas, por serem importantes formadoras da memória e da identidade dos grupos sociais brasileiros, contendo em si, os múltiplos aspectos da cultura cotidiana de uma comunidade.
Tia Ruth - 92 anos, torcedora símbolo do America
Existe, contudo, outro tipo de patrimônio. Ele está vivo, possui memória e produz história: o morador da cidade. Vistos como parte do patrimônio imaterial, são guardiões intangíveis e muitas vezes invisíveis, ainda que estejam por toda parte. O clube representa essa memória da imaterialidade através dos anos, devido à sua relação com seus torcedores. A torcida de um clube demonstra exemplo de paixão, festa e euforia quando se apresenta nos jogos de futebol do time.
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AMERICA FC 02
AMERICA FC INÍCIO Após um desentendimento entre associados do Clube Atlético Tijuca, o clube dissolveu-se em 1904. Um grupo formado por Alfredo Koehler, Jaime Faria Machado e Oswaldo Mohrstedt, passou então a articular a fundação de uma nova associação. Tendo assistido, a convite de Oscar Alfredo Cox a um jogo do Fluminense, Mohrstedt não teve dúvida em tentar fundar um clube de futebol. O America Football Club, fundado no Rio de Janeiro em dia 16 de setembro de 1904, completou 114 anos em 2018. Considerado o quinto time grande do Rio de Janeiro. O America foi sete vezes campeão estadual, em uma época na qual os times cariocas, ao lado dos paulistas, figuravam entre os melhores do mundo.
Fusão com o clube Haddock Lobo (1911)
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Fundação (1904)
Nos seus primeiros anos tinha muita força na Federação Carioca, especialmente com a chegada de Belfort Duarte, que seria um dos maiores zagueiros da história do clube e futuramente Presidente. O zagueiro Belfort Duarte, que de 1908 a 1915 mudou a história americana, não somente por sua técnica, classe e conduta realizadas nos jogos, mas também na parte administrativa, fazendo com que o America tivesse um grande crescimento e influência na Federação Carioca. Mesmo ainda se estruturando a sua equipe de futebol, o America foi um dos seis clubes fundadores da Liga de Futebol do Rio de Janeiro, No dia 20 de maio de 1905.
Saída da Rua Campos Sales (1962)
1º Estádio 25mil pessoas (1952)
Metrô Afonso Pena (1982)
Inauguração Sede Social (1978)
Fechamento Sede Social (2014)
A transferência definitiva para a Tijuca aconteceria mais tarde. Em dificuldades financeiras, o Haddock Lobo Football Club, agremiação que utilizava a surpreendente combinação marrom e branco e jogava os primeiros Campeonatos Cariocas, fundiu-se ao America em 1911. Desta maneira, o America passou a ser dono do estádio da Rua Campos Sales. O Prédio sediou festas grandiosas e tinha uma programação atuante. Nos últimos anos, afundado em dívidas, o clube foi abandonando a edificação, que está se deteriorando. O clube ainda contava com piscinas olímpicas e os tradicionais bailes nos fins de semana, o America movimentava a Tijuca, e milhares de associados participavam da vida social do clube.
ESCUDOS:
1904 1908 1913 2006
Os sete fundadores do America: Alberto Klotzbücher, Oswaldo Mohrstedt. Sentados da direita para a esquerda: Henrique Mohrstedt, Gustavo Bruno Mohrstedt, Alfredo Mohrstedt, Jaime Faria Machado e Alfredo Guilherme Koehler.
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AMERICA FC AMERICAS PELO BRASIL 03 02 07 01
O America original deu início a polarização do nome do clube pelo território brasileiro, contudo apenas ele não tem acento agudo na letra E, na época da escolha do nome do clube, fez-se uma homenagem a língua Inglesa. Todos os novos Americas usam o acento, talvez por não saber a origem ou por desconhecimento.
06 "...Até que o anfitrião, em um momento de epifania, sugeriu America, em homenagem ao novo continente". Alfredo Koehler, um dos sete fundadores do clube.
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América-TO América-AM América-CE America-RJ
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América-SP América-MG América-RN América-GO
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Implantada em 2008, a Escolinha America do Amanhã é a formadora oficial de novos talentos para o America. A escolinha funciona no campo auxiliar do Estádio Giulite Coutinho, em Mesquita. Ao longo deste período, milhares de alunos já passaram por aquele gramado e alguns deles chegaram às equipes de base do America, onde conquistaram títulos. Outros, alcançaram à equipe profissional do Mecão e de outros grandes clubes do Brasil e do exterior.
Estádio Wolney Braune Com o dinheiro da venda do médio volante Amaro para a Juventus de Turim em 1961, o America comprou o campo do Andarahy FC por 60 milhões de cruzeiros e o Estádio de Campos Sales foi demolido para se transformar em sede social. O Wolney Braune passaria a ser o estádio do clube até 1993, quando foi vendido para uma empresa que construiu um shopping no local. Tinha capacidade para 5.000 pessoas.
Estádio Giulite Coutinho O America inaugurou em 23 de janeiro de 2000, na vitória de 3 a 1 sobre a seleção carioca o seu novo estádio, homenageando com o seu nome o seu ex-dirigente, Giulite Coutinho, na localidade de Edson Passos, no município de Mesquita, Baixada Fluminense, mantendo a sua sede social na Rua Campos Sales, no bairro da Tijuca, na cidade do Rio de Janeiro. Tem hoje, capacidade para 13.000 pessoas, podendo ser ampliado.
Escolas de futebol têm sido um dos principais trampolins para meninos bons de bola. Hoje, a maioria dos clubes mantém contato permanente com algumas escolinhas e, de tempos em tempos, envia representantes para testar garotos que se destacam em cada uma delas. Neste sentido, a partir do investimento nas categorias de base, os meninos recebem as melhores condições possíveis no que se refere a uma boa formação para o acesso imediato ao grupo profissional. 26
AMERICA FC O FUTEBOL NO RIO DE JANEIRO No ano de 1933, America, Bangu, Flamengo, Fluminense e Vasco fundaram a Liga Carioca de Futebol, e assinaram pacto com os clubes paulistas para implantação do profissionalismo no estado vizinho. America e Vasco realizaram o primeiro jogo entre profissionais, com vitória cruzmaltina por 2x1. Com o progresso das vias em direção às prais mais distantes, o futebol do rio ganhou mais um adversário. Num domingo de sol, qual o torcedor que irá trocar a diversão pelo risco de ir ao Maracanã e ser mais uma vítima das torcidas organizadas? A situação chegou a tal ponto que foi preciso, de maneira arbitrária, que passasse a vigorar proibição às bebidas alcoólicas no entorno do estádio. Em poucas e resumidas palavras, os bares e restaurantes, que pagam impostos escorchantes ao estado, agora têm suas vendas limitadas, justamente nos finais de semana.
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AMERICA FC Os estádios de futebol construídos no início do século XX, na então Capital Federal, seguiam a mesma lógica. Os investidores, sejam eles ligados aos clubes mais ricos, ou aos clubes mais pobres, buscavam construir as praças esportivas próximas a regiões bem servidas de bondes ou de trens. Os campos do Botafogo, Flamengo e Fluminense se localizavam no início da Zona Sul, região fartamente servida por bondes. O mesmo ocorria com o estádio do Vasco, em São Cristóvão. Dos clubes de menor expressão da principal liga da cidade estavam próximos das principais linhas de bonde da cidade (São Cristóvão, Andaraí, Vila Isabel e Mangueira, por exemplo), ou perto das estações de trem (como no caso do Bangu). Apenas o Carioca, localizado próximo ao Jardim Botânico, tinha seu campo em uma região com pouco acesso a transportes público. Era necessário construir estádios com bom acesso ao público para que a garantia de mais espectadores pudesse ser maior. Não havia sentido construir estádios em regiões distantes dos transportes públicos. Atualmente, há uma nova lógica no ar. Procuram-se construir estádios em regiões cada vez mais afastadas do Centro da cidade, longe de um bom acesso ao transporte público. Apesar de muitos estádios ainda estarem localizados em área bem servida por transportes públicos, como é o caso do Maracanã, muitas novas arenas são levantadas em regiões de acesso complicado.
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AMERICA FC O FUTEBOL COMO INTERVENÇÃO SOCIAL E URBANA A infância é entendida como um período de grande importância para o desenvolvimento das crianças, ela é o campo de investigação, onde o processo de alterações complexas e interligadas das quais participam todos os aspectos de crescimento e maturação dos aparelhos e sistemas do organismo, o qual depende da maturação do sistema nervoso, da biologia, do comportamento e do ambiente no qual ele se relaciona. Esse período é importante também para o desenvolvimento psicológico, onde se busca compreender através de fases as mudanças no comportamento, que estão relacionadas à idade durante a vida da pessoa, o qual engloba um conjunto de comportamentos, cognições e sentimentos que o indivíduo pode desenvolver. Aprendem a dominar habilidades motoras fundamentais com bola, a desenvolver a capacidade de percepção, a tomada de decisões adequadas e a percepção da importância da dinâmica coletiva o que são fundamentais para o aperfeiçoamento de um repertório motor adequado e ao sucesso desta prática esportiva.
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Uma das estratégias utilizadas para melhor desenvolver essa fase é através dos esportes, pois a atividade física organizada se torna importante tanto para o desenvolvimento físico, motor, social como psicológico das crianças. Com base em suas regras e condições, as crianças conseguem compreender formas de se relacionarem com os outros, trocando experiências, competindo e ajudando uns aos outros, aprendendo assim a conviver em sociedade. Nos esportes de grupo também se desenvolve a mecânica do trabalho em equipe, habilidades sociais e processos de identidade. Um dos esportes que favorecem essas relações é o Futebol, com o qual as crianças
Terrão de Cima, São Paulo
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AMERICA FC O PAPEL DE CLUBE FORMADOR É fazendo os atletas se sentirem confortáveis, com sensação de lar, que se conseguirá maior resultado no esporte, pois passam ali muito tempo. Tem que ter privacidade, conforto e certas regalias bem como beleza. A arquitetura é fundamental. Tanto para facilitar o treinamento e funcionamento, quanto para garantir o bem estar de todos que ali ficam, desde o infantil, até o time oficial. É com essa estrutura que os clubes se desenvolvem em outros esportes que não o futebol, fazendo jus ao nome “esporte clube”, como Flamengo, São Paulo e Corinthians, por exemplo, e que, sem dúvida, trazem mais retorno financeiro e marketing para eles. O Brasil ainda está longe da qualidade dos equipamentos europeus, principalmente não por poder comparar os lucros dos clubes, mas, conforme o país vai aprendendo e investindo na sua imagem, a estrutura de base tende a se adequar e cada vez mais ter novos talentos e times mais bem estruturados, bem montados, com jogadores que desenvolveram seu futebol em seu próprio ambiente.
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A Olimpíada do Rio 2016 deveria ter sido o segundo movimento de uma seqüência de dois para anunciar a chegada do Brasil ao rol das potências esportivas mundiais. Mas, em grande medida, aconteceu o oposto. Receber a Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 em meio à maior crise econômica e política do país resultou em uma combinação explosiva de promessas não cumpridas. Se por um lado 15 das 27 instalações esportivas originais já sediaram algum tipo de evento desde os Jogos Olímpicos, outras permanecem completamente abandonadas, e sua decadência e degradação são um lembrete constante do que elas deveriam ter sido.
Parque OlĂmpico, Rio de Janeiro
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TIJUCA 03
TIJUCA
ORIGEM E FORMAÇÃO A Tijuca tem área de 1.006,56 hectares, com 56.980 domicílios (censo de 2000) e integra a VIII Região Administrativa do Rio de Janeiro, junto com os bairros da Praça da Bandeira e Alto da Boa Vista. É a sede da Superintendência da Tijuca, da estrutura administrativa da Cidade do Rio de Janeiro. O bairro sempre foi referência em questão de cinemas, que tomaram a tijuca em grande proporção em meados do século XX. Na década de 20 a praça Sanes Pena foi considerada a nova Cinelândia carioca, sendo a maior em números de salas que a própria cinelândia, localizada no centro do Rio. Atualmente alguns dos edifícios que eram os cinemas ainda existem na praça que tiveram o gradual fechamento na década de 80. Hoje em dia não existe mais nenhuma cinema de rua na tijuca, as edificações tem outros usos e as únicas salas do bairro hoje residem nos shoppings da região.
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TIJUCA
ORIGEM E FORMAÇÃO O bairro abriga alguns dos tradicionais Colégios da cidade, como o Colégio Pedro II, que teve instalada a sua primeira unidade de externato na Tijuca em 1858; O Instituto Superior de Educação do Rio de Janeiro, fundado em 1880 como a então Escola Normal do Município da Cortem, o Colégio Militar do Rio de Janeiro - a Casa de Tomás Coelho, desde 1889; o Colégio Maria Raythe, o Colégio Marista São José, fundado em 1902 pelos irmãos Maristas; o Colégio Batista Shepard, o Instituto Lafayette, onde hoje reside a Fundação Bradesco. Em meados da década de 70 as obras do metrô se iniciaram para trazer a última estação da Zona Norte, o que fez com que a praça Saens Pena virasse um enorme canteiro de obras de descaracterizando totalmente a original. Somente na década de 90 que a mesma foi reaberta com uma nova arquitetura.
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Praรงa Saens Pena
Praรงa Saens Pena
Praรงa Afonso Pena
Praรงa Afonso Pena
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TIJUCA RUA CAMPOS SALES A primeira partida nele disputada oficialmente após a possem ocorreu na tarde de 27 de agosto de 1911. Foi contra o Rio Cricket e terminou com a vitória do America. A Tijuca sediou o America Football Club, principal clube de futebol do bairro fundado em 18 de setembro de 1904. Conquistou sete Campeonatos Estaduais (Em 1913, 1916, 1922, 1928, 1931, 1935 e 1960) além de uma Taça Guanabara em 1974, a primeira edição da Taça Rio em 1982 e a mais importante conquista de sua história, a Taça dos Campeões, também em 1982.
39 1880
1900
40 1910
1920
TIJUCA RUA CAMPOS SALES A sua sede definitiva veio com a incorporação do Haddock Lobo em 1911. O America se beneficiou da aquisição dos terrenos e integração dos atletas e associados deste clube, assim como aconteceu após a extinção do Riachuelo ainda em 1911, quando o America se reforçou ainda mais, tornando-se um dos grandes clubes do Rio de Janeiro. O primeiro jogo, como mandante, foi em 12 de outubro de 1911, com um empate de 1 a 1, com o CA Ypiranga de São Paulo - Tendo a partir daí um bom campo para disputar os seus jogos, construiu nele uma estrutura de estádio em 1952, quando foram inauguradas as novas instalações, com capacidade para 25.000 pessoas. Até sair do Estádio da Rua Campos Sales em 1962, o America conquistou os seus 7 títulos estaduais.
41 1930
1950
Estรกdio da Rua Campos Sales, do lado esquerdo a rua Martins Pena, ao fundo arquibancada da Rua Campos Sales.
Estรกdio da Rua Campos Sales, arquibancada da Rua Gonรงalves Crespo
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TIJUCA A SEDE SOCIAL
Situada na cidade do Rio de janeiro, no bairro da tijuca está a sede social do Clube América FC, clube de futebol tradicional da região, com 25000 mil metros quadrados e a 250m da Estação de metrô afonso pena, o clube ainda é servido com boas opções de ônibus para toda cidade. O Clube fica numa área muito densificada e consolidada da tijuca, A praça afonso pena. Conforme passaram-se os anos a degradação do entorno agravou-se pela falta de manutenção do clube. A insegurança nos arredores aumentou e criou-se uma zona vazia. Em 2014, com o fechamento por problemas de má administração, a partida da sede social d clube deixou um vazio para seus torcedores mais antigos e para o bairro. O papel que o América desempenhou ali por gerações sendo provedor e referência de cultura, lazer e esportes foi interrompido.
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(Vista da esquina, fachada com problemas de desgaste e sem nenhuma relação com o exterior, sem janelas e muito muro).
Fachada da Rua Campos Sales antes do fechamento da sede
(Salão nobre abandonado, onde aconteceram os bailes tradicionais de gala e carnaval).
(Piscina com dimensões olímpicas desativada e sem uso após o fechamento da sede).
(Rua Campos Sales, edificação sofrendo com o abandono e depredação).
(Rua Gonçalves Crespo, vista aérea da piscina abandonadas após o fechamento da sede).
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(Rua Gonçalves Crespo, edificação sem nenhuma relação com a rua lateral). Saídas do quarteirão
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Embasamento do condomínio Quartie Montreal na Rua Martins Pena Barreiras no quarteirão
TIJUCA A SEDE SOCIAL
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TIJUCA DADOS GERAIS Cultura
Educação
Saúde
População
• • • • • •
2 - Bibliotecas Municipais 3 - Salas de Cinema 5 - Museus 2 - Espaços e Centros Culturais 1- Escolas e Sociedades musicais 10 - Teatros
• 6 - Atenção primária • 1 - Média complexidade • 0 - Alta complexidade
Áreas verdes
• 49 - Praças, largos e jardins • 1 - Parques
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• • • • •
• • • • • • • •
83 82 24 43-
- Creches - Pré-escolas - Ensino Fundamental Ensino Médio Ensino Fundamental e Médio
População total (2012) 0 a 3 anos (2012) 4 a 5 anos (2012) 6 a 14 anos (2012) 15 a 18 anos (2012) 19 a 29 anos (2012) 30 a 59 anos (2012) 60 anos ou mais (2012)
184.959 5.754 2.859 16.101 6.088 32.905 77.408 43.844
METRÔ
Uruguai
São Francisco Xavier
America FC
Saens Pena
Afonso Pena
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TIJUCA DADOS GERAIS
Orfeão Português - 01 (1915) Casa de Trás os Montes - 02 (1923)
CLUBES PORTUGUESES
Casa dos Poveiros - 03 (1930)
A presença histórica da colônia portuguesa deixou sua assinatura na Tijuca. Apenas no trecho da rua São Francisco Xavier e a Avenida Paulo de Frontin, há sete clubes fundados por imigrantes portugueses. Todos eles surgiram no início do século XX e sofrem com os mesmos problemas dos outros clubes da cidade, ainda contar com uma particularidade que é a falta de imigração portuguesa para manter as tradições culturais
Casa do Porto - 04 (1945)
Casa dos Açores - 05 (1952)
Casa Vila da Feira - 06 (1953)
Casa das Beiras - 07 (1953)
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07 01 04 05 02
03 06
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TIJUCA DADOS GERAIS
Tijuca Tênis Clube - 01 (1915)
Clube Municipal - 02 (1932)
CLUBES
AABB - 03 (1934)
O Bairro da Tijuca conta com outros clubes tradicionais, com áreas amplas, que sediam eventos e jogos abertos ao público, além de uma lista de atividades esportivas. Os clubes da região lutam para driblar a crise e sobreviver a dívidas, pendências judiciais e falta de associados. Para melhorar a situação financeira e provar que o que a vida social nos clubes ainda não chegou ao fim, muitos tem investidos em serviços e eventos.
Sindicato dos Fumageiros - 04 (1948) Montanha Clube - 05 (1949) Clube Monte Sinai - 06 (1959)
Tijuca Country Club - 07 (1965)
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03
06
04 02
01
07
05
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TIJUCA DADOS GERAIS VIAS
Através da análise do mapa de Vias do entorno, conclui-se que nas ruas imediatas o fluxo é mais intenso. Predominantemente vias arteriais e coletoras, como as Ruas Gonçalves Crespo e Doutor Satamini que ligam a Zona Norte ao Centro. A Rua Gonçalves Crespo mostra uma alto fluxo de carros durante o dia por ser uma Via Arterial, mas se contrapõem no fluxo de pedestres que é baixíssimo pela rua não apresentar serviços e com iluminação precária. A Rua Campos Sales como via coletora, apresenta alta rotatividade de carros e pedestres, apesar de ser uma rua mais calma. As ruas de menor fluxo se concentram próximas à Praça Afonso Pena.
LEGENDA:
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VIA ARTERIAL ALTA
VIA LOCAL MÉDIA
VIA COLETORA
VIA LOCAL
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TIJUCA DADOS GERAIS FLUXO DE PEDESTRES Conforme o mapa representa, é possível analisar que no entorno da praça Afonso Pena e na rua Doutor Satamini é onde se concentra o maior número de pessoas, devido ao metrô e ao comércio local. Na Avenida Heitor Beltrão que depois vira a Rua Gonçalves crespo, há um fluxo de pessoas normal na primeira parte devido ao ponto final de alguns ônibus e ao Hospital Gaffrée e Guinle. Seguindo para o final da rua o movimento de pedestres cai drasticamente até a altura da praça da bandeira, muito pelo imenso muro do clube America hoje abandonado e por ser predominantemente de uso residencial. É possível verificar que existe um desequilibro de fluxo de pessoas na maior extensão do lote, o que ligado à falta de segurança, ocasiona num lugar de baixa procura do público.
LEGENDA:
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04 - ALTO
02 - NORMAL
03 - MÉDIO
01 - BAIXO
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TIJUCA DADOS GERAIS Através da análise do mapa de figura e fundo, nota-se a predominância de espaço na área que abrange o projeto devido ao desmembramento ocorrido no fim do Estádio da Rua Campos Sales. Uma parcela Grande pertence ao condomínio Quartie montreal e a outra ao America. É possível notar que não existem lotes compatíveis a esse devido ao grande adensamento da região. Ainda é possível analisar que no entorno imediato quase nenhuma edificação provém de piscina ou área de esportes, sendo a prova de que os clubes tem papel fundamental na vida dessas pessoas e que sempre ocupou o papel de provedor de esporte e cultura.
LEGENDA: CHEIOS
AMERICA FC 57
PISCINAS
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ESTUDOS DE CASO 04
ESTUDOS DE CASO QUARTEIRÃO PERMEÁVEL “O contato através da experiência entre o que está acontecendo no ambiente público e o que está acontecendo nas residências, lojas, fábricas, oficinas e edifícios coletivos adjacentes pode promover uma extensão e enriquecimento das possibilidades de experiências, em ambas as direções. (GEHL, 2011, p. 121).”
Podemos identificar algumas maneiras pelas quais a visibilidade pode ajudar a promover a apropriação dos espaços públicos. A primeira delas, levantada por Jacobs (2001), diz respeito à segurança. O conceito de “olhos da rua” descreve a combinação de fachadas visualmente permeáveis, próximas à rua e com moradores que se preocupam com o que acontece na sua vizinhança, e funciona no sentido de promover uma maior sensação de segurança para quem caminha ou desenvolve outro tipo de atividade nas ruas. Isso acontece porque “Um pedestre sente o olhar coletivo, mesmo que ninguém esteja realmente olhando para a rua.” (HANSON; ZAKO 2007, p. 021-19).
Newman (1996), em seu conceito de espaços defensáveis, argumenta nesse mesmo sentido. Segundo ele, é necessário que os residentes sintam-se responsáveis pelos espaços públicos adjacentes às suas habitações, o que só é possível se houver proximidade e conexão visual. Por esse motivo, sugere como uma das diretrizes para o projeto de edificações que “Vegetação não deve ser posicionado de modo a bloquear a visualização das portas e janelas das unidades habitacionais para a rua ou para os caminhos que levam da rua às entradas das unidades. ” (NEWMAN, 1996, p. 117).
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Embora não haja garantias, quem caminha por uma rua para a qual muitas janelas se abrem tem a sensação de que, se algum problema acontecer, alguma pessoa dentro de uma das edificações será capaz de ver o que está acontecendo e intervir. Para entender melhor, basta imaginar a situação oposta: uma rua com alta proporção de muros e fachadas cegas gera uma intensa sensação de insegurança, fragilidade e desconfiança. As chances de ser “salvo” por um vizinho ou morador são praticamente nulas.
Proximidade e interação entre as atividades no interior e exterior das edificações em Barcelona
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ESTUDOS DE CASO PERMEABILIDADE: PÚBLICO X PRIVADO Holanda (2002) trata da questão da permeabilidade física entre a edificação e o espaço público ao atribuir ao Paradigma da Urbanidade características como maior número de portas por espaços convexos e menor percentual de espaços cegos (HOLANDA, 2002, p. 126). O Paradigma de Urbanidade (definido por Holanda em contraposição ao Paradigma da Formalidade), no que diz respeito aos arranjos sociais relaciona-se ao uso dos espaços públicos e portanto tem relação com a ideia de vitalidade. Holanda, portanto, dá a entender que essas variáveis costumam ocorrer concomitantemente (maior densidade de portas e menir percentual de espaços cegos, pelo lado das características morfológicas, e maior uso dos espaços públicos, pelo lado dos arranjos sociais). A mesma recomendação é feita por Bentley (1985, p. 13): “Permeabilidade física entre espaços públicos e privados ocorre nas entradas para os edifícios ou jardins. Isso enriquece o espaço público através do aumento do nível de atividade em suas bordas. Para aumentar a robustez, a interface entre edifícios e espaço público deve ser projetada para viabilizar que uma gama de atividades privadas internas coexistam em intensa proximidade física com a gama de atividades públicas no exterior.” Jacobs e Gehl, entre muitos outros autores, defendem que a própria animação de uma rua ou espaço público atua como atrator de maior animação. Isso acontece porque as pessoas gostam de observar outras pessoas, assim como gostam de estar em lugares onde haja animação e diversidade de pessoas e atividade: “Nas cidades, a animação e a variedade atraem mais animação; a apatia e a monotonia repelem a vida.” (JACOBS, 2000, p. 108). Gehl (2011) cita o exemplo das crianças, que são atraídas de forma muito mais espontânea para lugares onde outras crianças já estejam brincando. Caso isso possa acontecer entre edificação e espaço público, a vitalidade urbana tende a ser reforçada.
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Piazza Navona, Roma - Itรกlia
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ESTUDOS DE CASO REABILITAÇÃO DO QUARTEIRÃO EM PORTUGÁLIA Bak Gordon Arquitectos - Lisboa, Portugal
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proposta é composta por um elemento horizontal abrangente, uma praça “infinita”, que se estende por toda a área de intervenção. Sobre esta espécie de terreiro, assentam não só os equipamentos pré existentes – a Fabrica e o Restaurante da Portugália – como também três edifícios verticais. A sua implantação estratégica permite a diversidade dos espaços vazios, bem como a relação deste novo lugar com toda a sua envolvente. Mas é no conjunto destas praças, e das infinitas atividades que aqui terão lugar, que germina o potencial transformador da proposta. Assegurar vazio público onde, de facto, não existe.
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ESTUDOS DE CASO THE ROTTERDAM OMA - ROTERDÃ, HOLANDA
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As três torres empilhadas e interconectadas do De Rotterdam ascendem 44 andares a uma altura de 150 metros e abrangem uma largura de mais de 100 metros. No entanto, o edifício é excepcionalmente compacto, com uma mistura de programas organizados em blocos distintos, mas que se sobrepõem de espaço comercial de escritórios, apartamentos residenciais, hotéis e instalações para conferências, restaurantes e cafés. Empregados de escritório, moradores e hóspedes do hotel são reunidos em instalações para conferências, prática esportiva e restaurante. A base compartilhada do edifício é a localização dos lobbies/halls de entrada para cada uma das torres, criando um hub público para pedestres por meio de um ambiente comum.
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ESTUDOS DE CASO QUADRA LA DOCE Valle de Chalco, MéxicO
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A Quadra "LA DOCE" é um projeto colaborativo, parte de uma rede e uma proposta de mudança que surge da necessidade de criar espaços públicos de qualidade em áreas marginalizadas em diversas cidades do mundo. O projeto se localiza no município de Valle de Chalco, devolvendo à comunidade um espaço vital localizado em um dos municípios com os mais altos índices de marginalidade e violência ao leste da ZMVM, no Estado do México. Valle de Chalco foi o destino de muitos grupos indígenas provenientes de todas as regiões do país e funciona como cidade dormitório que revela um dos problemas mais complexos das cidades contemporâneas. A confluência de raízes diversas representa o desafio para a construção de uma identidade social e a relação com o espaço da própria comunidade.
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O PROJETO 05
O PROJETO PARTIDO ARQUITETÔNICO - Contribuir de forma efetiva na recuperação do lugar na cidade para que o espaço seja novamente local de discussão entre pessoas de todos os tipos. - Permear o piso térreo e fazer com que o Clube se torne um espaço de ligação entre a praça afonso pena com o Parque da Medalha Milagrosa e as Ruas Martins Pena e Gonçalves Crespo. - Setorizar as atividades do clube de maneira independente gerando receita com os programas complementares. - Conseguir explorar o potencial do lugar com outros tipos de uso, como lojas, salas comerciais, Espaço cultural e residencial, afim de se tornar viável o novo empreendimento. - Usar a simbiose entre o America e o Tijucano para reerguer um equipamento importante para o bairro. - Anexo das Três Torres vizinhas ao programa, usando a parte de estacionamento como moeda de troca possibilitando novas receitas, que resultariam no abatimento do condomínio e despesas para os moradores. - Resgatar o traçado urbano original do quarteirão quando ali ainda residia o Estádio da Rua Campos Sales.
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Hospital São Vicente de Paula
Santuário da Medalha Milagrosa
Universidade São Camilo
Rua Gonçalves Crespo
Rua Campos Sales
América FC
Praça Afonso Pena
Metrô
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O PROJETO
Geometria do Lugar
ESTRATÉGIAS PROJETUAIS Após identificar a geometria do lugar junto com os estudos realizados, sugeriu-se algumas linhas de partido para o início da forma. Usando o embasamento do edifício Quartie Montreal na rua Martins Pena, abrindo uma galeria comercial e com isso será possível cruzar o quarteirão em dois novos sentidos, devolvendo esse direito ao usuários daquele espaço. O novo percurso proposto para ligação com o Parque da Medalha Milagrosa, é uma rampa que vai desde o térreo até o fim do lote e durante o percurso vai servindo a base do quartie Montreal e o clube, se tornando um elemento de ligação entre o Novo e Antigo.
Linhas de Partido
Setorizou-se as dependências do Clube America no mesmo nível do play, para que haja mais privacidade, criando varandas em diferentes níveis para se relacionar melhor com a rua e manter o maior nos andares abaixo.
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O PROJETO
ESTRATÉGIAS PROJETUAIS No volume acima, mais longo para complementar o caráter medicinal do lugar, junto do Hospital São Vicente de Paula, está sendo proposto um novo complexo de salas médicas para aluguel, sendo revertido em lucro para o Clube. Observou-se nas características do lugar, o uso predominante residencial, por isso o último bloco que faz relação à altura do último nível da topografia, ficam os apartamentos com a área de lazer no terraço das salas corporativas, tornando a área com fluxo permanente de pessoas.
Praças
Novo Caminho proposto
Clube America
Caminhos dentro do Hospital
Novas ligações no quarteirão
A estratégia de ocupar todas as faces do quarteirão com o setor comercial faz com que o movimento diário de pessoas, traga a sensação de segurança, resgatando o bem estar para todos os moradores da região depois do fechamento da Sede Social.
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ESTUDO SOLAR O estudo solar ajudou na implantação do prédio criando sombra na elevação sul onde ficam as três aberturas para o piso térreo e foi possível setorizar a piscina de maneira a aproveitar ao máximo o sol.
Solstício de Verão -15h
Solstício de Inverno -15h
Equinócio de Primavera -15h
Equinócio de Outono -15h
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O PROJETO PROGRAMA O novo programa proposto para o America Football Clube tem como objetivo oferecer novas receitas para que seja viável e lucrativo, confirmando a permanência daquele equipamento na tijuca, assim valorizando todo o bairro e principalmente os usuários e sócios. Ao anexar o Edifício Quartie Montreal ao programa do Novo Clube, foi preciso realocar as vagas de garagem existente para o subsolo. Funcionando como uma troca, o prédio ganharia um novo espaço totalmente integrado com o clube se tornando um único equipamento, e com isso, os condôminos não teriam mais despesas, Além de valorizar e agregar qualidades ao imóvel. Com as novas dependências será possível gerar empregos e lucro, melhorando a vida ativa do bairro de maneira geral.
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O PROJETO PROGRAMA Habitação - 7.000m²
Salas Médicas - 6.600m² Comercial / Cultural / educacional - 24.900m² Edifício Quartie Montreal - 5.100m² America FC - 15.200m² TOTAL - 53.700m²
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O PROJETO
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O PROJETO SETORIZAÇÃO
QUARTIE MONTREAL Edifício Quartie Montreal - 5.100m²
Piscina
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Rampa Acesso
Quartie Montreal
O PROJETO SETORIZAÇÃO
SETOR COMERCIAL / CULTURAL / EDUCACIONAL Comercial - 25.000m² Comercial / Educacional
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O PROJETO SETORIZAÇÃO
AMERICA FC America FC - 15.200m²
America FC
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O PROJETO SETORIZAÇÃO
SALAS MÉDICAS Salas Médicas - 6.600m²
Salas Médicas
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O PROJETO SETORIZAÇÃO
HABITAÇÃO Habitação - 7.000m²
Habitação
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Circulação Vertical
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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O PROJETO PERSPECTIVAS
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CONSIDERAÇÕES FINAIS 06
O Trabalho apresentado se propôs a estudar a simbiose entre o America Football Club com o morador da Tijuca. Região do Rio de Janeiro que nos últimos anos sofreu com a violência crescente e descaso com o patrimônio do America. Através desse estudo, pensar métodos e maneiras de como a Arquitetura pode exercer um papel responsável e se tornar parte integrante do clube, buscando seu papel social em contemplar todas as vertentes do lugar de maneira equilibrada e sóbria. Concluo este trabalho, percebendo a importância da implantação de equipamentos como este, local de encontro, lazer, cultura e discussão. O papel exercido pelo America todos esses anos, na região da tijuca não pode ser deixado de de lado. Pensar uma arquitetura para este lugar é pensar uma arquitetura que investiga a história e que resgata o que tem de melhor na tradição, na cultura do America Football Club. Sendo assim, partindo da ideia de respeito, valorização e bem estar, propõe-se a criação de um Novo Clube America, usando como âncora a sua relação com o Tijucano para se tornar novamente parte integrante da vida do bairro.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS http://urbanidades.arq.br/2013/06/condicoes-para-a-vitalidade-urbana-4-permeabilidade-visual/?utm_medium=website&utm_source=archdaily.com.br GEHL, J. Life between buildings: using public space. Washington, DC: Island Press, 2011. JACOBS, J. Morte e vida de grandes cidades. São Paulo: Martins Fontes, 2000. BENTLEY, I.; ALCOCK, A.; MURRAIN, P.; MCGLYNN, S.; SMITH, G. Responsive environments: a manual for designers. London: Architectural Press, 1985. GEHL, J. Life between buildings: using public space. Washington, DC: Island Press, 2011. HOLANDA, F. R. B. DE. O espaço de exceção. Brasília, DF: Editora UnB, 2002. https://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_do_America_Football_Club https://www.campeoesdofutebol.com.br/hist_americarj.html http://www.todofutebol.com/tag/estadio-da-rua-campos-sales/ https://www.linkedin.com/pulse/o-que-%C3%A9-um-clube-grande-jose-arthur-fernandes-barros/#skip-link https://oglobo.globo.com/opiniao/a-tijuca-america-a-cidade-21112667 https://pt.wikipedia.org/wiki/America_Football_Club_(Rio_de_Janeiro)#p-search http://www.soniarabello.com.br/clube-america-coloca-em-cheque-a-tijuca-um-jogo-sem-planejamento/ http://www.soniarabello.com.br/camara-do-rio-faz-audiencia-publica-de-ficcao-o-caso-do-america-fc/ http://urbecarioca.blogspot.com/2017/04/america-football-clube-historia-diz-que.html?spref=fb http://americarj-blog.blogspot.com/2012/12/as-sedes-e-estadios.html https://www.archdaily.com.br/br/900740/cidades-caminhaveis-como-qualificar-os-atributos-urbanos-que-afetam-os-pedestres-na-escala-do-bairro http://thecityfixbrasil.com/2017/05/16/como-o-uso-misto-e-a-preservacao-de-predios-historicos-qualificam-os-bairros/
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RIO
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JANEIRO
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DEZ | 2018