Energia positiva na américa do sul

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Economia Energia positiva na América do Sul Projetos de integração do setor elétrico no continente, que poderiam gerar ganhos de mais de US$ 10 bilhões, começam a sair do papel Eliane Sobral

Quando sobra energia no Nordeste brasileiro, falta no Sul. A Bolívia tem gás em abundância, enquanto a Colômbia sofre períodos de escassez. Exemplos assim são uma constante em todo o território sul-americano e criar uma espécie de bolsa de valores regional, na qual a principal commodity negociada seja a energia, é um sonho antigo das empresas do setor. A ideia funciona a pleno vapor em países como França, Alemanha e Inglaterra onde a

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eletricidade já circulava de um lado a outro antes que a União Europeia fosse formada. Mesmo aqui na América do Sul, há alguns exemplos da interconexão energética - o que nada mais é do que mandar a energia excedente de um país para outro. Estudo do Comitê Nacional Brasileiro da Comissão de Integração Energética Regional indica que, com a união dos sistemas, o potencial de redução de custos na América Latina é de US$ 1 bilhão por ano, e que outros US$ 9,4 bilhões poderiam ter sido economizados na geração de eletricidade. A bandeira da redução do preço para o consumidor também sensibiliza os governos e, aos poucos, a ideia começa a sair do papel. Pedro Jatobá, chefe do departamento de prospecção de novos negócios da superintendência de operações no Exterior da Eletrobrás, aponta três necessidades prementes. Uma: a construção de mais linhas de transmissão. Outra: a criação de mecanismos de mercado, como uma bolsa de valores na qual existam agentes responsáveis por detectar onde há demanda e onde há oferta. E finalmente a criação de tratados supranacionais que garantam o cumprimento dos contratos - até para evitar problemas como os que o Brasil já enfrentou com a Bolívia e o Paraguai. "Alguns exemplos de interconexão energética já funcionam com sucesso. Nos países da Comunidade Andina, ela é uma realidade", afirma Jatobá, citando a ligação entre Equador, Colômbia e Venezuela. "O modelo que funciona melhor hoje é o da Colômbia e do Equador. Os dois lados se falam todos os dias para ajustar oferta, demanda e preço", diz ele. Mas uma das dificuldades é o custo das linhas - apenas como exemplo, o contrato para ligar os 2,4 mil quilômetros do projeto do Madeira exigirá US$ 540 milhões apenas em equipamentos De qualquer forma, a próxima tentativa de tirar a interconexão do papel e fazê-la virar realidade é o Seminário Internacional de Interconexões e Negócios de Geração e Transmissão que acontece em outubro no Rio de Janeiro. O encontro, que prevê a participação de empresários e autoridades governamentais dos países sulamericanos, é promovido pelo capítulo brasileiro do Comitê Nacional Brasileiro da Comissão de Integração Energética Regional. O executivo da Eletrobrás, que é o coordenador técnico do evento, diz que o seminário contará com a presença de autoridades governamentais, agentes reguladores, empresas públicas e privadas do setor e investidores, que analisarão as alternativas para a expansão e fortalecimento das interconexões energéticas no continente.

Pedro Jatobá: diretor da Eletrobrás defende a criação de uma bolsa sulamericana, em que a energia possa ser

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No seminário também será apresentado o Projeto Cier 15,

negociada como uma commodity

um diagnóstico sobre as interconexões já existentes e as perspectivas futuras para o setor. O estudo está em fase de conclusão. "Este levantamento indica o que falta e, principalmente, mostra os caminhos para que a interconexão seja uma realidade", acrescenta Jatobá. Marcelo Parodi, copresidente da Comerc, empresa de comercialização de energia, é um entusiasta da ideia e também aponta a necessidade de envolvimento governamental para que o processo se concretize na região. "A iniciativa privada está interessadíssima na interconexão, mas é preciso que os governos avancem criando marcos regulatórios e estabelecendo regras para que se possam firmar os contratos com segurança." Mas ele é menos otimista em relação à necessidade de investimentos em infraestrutura, especialmente na área de transmissão. "Hoje não se faz transferência de energia como se deveria no Brasil porque falta infraestrutura de transmissão", afirma Parodi. Mas aí também os agentes do mercado enxergam mais uma oportunidade do que um problema. Pedro Jatobá, da Eletrobrás, lembra que, quatro anos atrás, o Banco Interamericano de Desenvolvimento abriu linhas de crédito para promover a interconexão energética entre países da América Central. "A América Central tem 10 mil megawatts de potencial hidrelétrico remanescente. Só que não existe demanda para tudo isso. Então, o excedente pode ser exportado para o México e para os Estados Unidos, que têm problemas sérios de escassez", resume o executivo. Com o projeto de interconexão implantado na América do Sul, não haverá fronteiras para os negócios na área. É essa a aposta da Eletrobrás.

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