O NOVO PAPEL DA CELULOSE
ANO 1 . NÚMERO 2 . SET/OUT/NOV 2010 . R$ 15,00
cotação mundial da matéria-prima do papel tem alta histórica e atrai investimentos para o setor
ISSN 2178-0706
Paulo Brant: Cenibra apresentará projeto de expansão aos acionistas ainda este ano 9 772178 070000
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Grão Fotografia
MERCADO
O novo papel da celulose Maior produtividade no Brasil e alta do preço no mercado internacional atraem investimentos internacionais e tira projetos de expansão da gaveta
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Mercado em alta: aumento da cotação da celulose possibilita crescimento da produção mundial
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MERCADO Recados enviados via SMS (ou torpedos), boletos enviados digitalmente para sua conta corrente, comprovantes guardados em arquivos digitais, livros e revistas virtuais. Ao contrário do que possa parecer, o mundo digital não reduziu o consumo de papel. O planeta que consumia, há uma década, 300 milhões de toneladas do produto todos os anos atingirá em 2015 a casa de 452 milhões, conforme estimativas do mercado. O final de 2008 e o início de 2009 foram cinzentos para o setor de celulose brasileiro. A crise econômica financeira mundial fez a demanda cair, o preço da tonelada despencar e importantes projetos serem engavetados. No Leste Mineiro, a Aracruz Celulose cancelou um projeto de R$ 8,6 bilhões em Governador Valadares que poderia gerar cerca de 40 mil empregos quando entrasse em operação. Numa nota curta, enviada via email em 15 de outubro de 2008, o então diretor-presidente da Cenibra, Fernando Henrique da Fonseca, com fábrica em Belo Oriente, jogou um balde de água fria em quem esperava, à época, ver sair da gaveta o plano de expansão da produção. “A diretoria da Cenibra estuda alternativas e medidas para o enfrentamento da crise, inclusive a redução da produção”, escreveu o executivo. Ao contrário da expectativa, houve uma recuperação mais rápida do que o esperado. No Brasil, quinto maior produtor de celulose (dados de 2008) existem 220 empresas que geram 114 mil empregos diretos e 500 mil indiretos. Em 2009, a produção nacional de celulose cresceu 6,3% em relação ao ano anterior e atingiu o patamar de 13,5 milhões de toneladas. Só no primeiro semestre de 2010, a produção foi de 6.919 milhões de toneladas, volume 9,2%
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Divulgação Bracelpa
PRODUTORES DE CELULOSE
“O Brasil quer se posicionar como o terceiro produtor mundial de celulose, com as melhores práticas ambientais. É um investimento arrojado, baseado nas perspectivas de crescimento econômico do País e no aumento dos mercados emergentes”
País
Mil Toneladas
1
EUA
51.479
2
China
21.477
3
Canadá
20.299
4
Brasil
12.697
5
Suécia
12.071
6
Finlândia
11.720
7
Japão
10.670
8
Rússia
7.430
9
Indonésia
6.435
10
Chile
4.985
11
Índia
3.662
12
Alemanha
2.902
Demais
26.591
TOTAL MUNDO Fonte: Bracelpa/RISI 2008
192.418
Divulgação/Poyry Tecnologia
Boom: Elizabeth, da Bracelpa (E), e Carlos Farinha, da Poyry - grandes investimentos no horizonte
“O aumento de consumo de papel para fins sanitários e para imprimir e escrever, nos países em desenvolvimento, tem aumentado a demanda por celulose de eucalipto. Os países em desenvolvimento reagiram melhor à crise”
maior que em 2009, de acordo com a Associação Brasileira de Celulose e Papel, a Bracelpa. Segundo a presidente executiva da entidade, Elizabeth de Carvalhaes, a indústria brasileira de celulose e papel investirá cerca de 20 bilhões de dólares nos próximos sete anos na base florestal (crescimento projetado de 25%) e na construção de novas fábricas. “O Brasil quer se posicionar como o terceiro produtor mundial de celulose, com as melhores práticas ambientais. É um investimento arrojado, baseado nas perspectivas de crescimento econômico do País e no aumento dos mercados emergentes”,
explicou. Outro indicador da recuperação é o preço da celulose de fibra curta, que em novembro de 2009 recuou a 631 dólares no mercado europeu conforme a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel (ABTCP), voltou aos patamares précrise e atualmente chega próximo do valor histórico de 950 dólares a tonelada. O fato é que as empresas do setor conseguiram sair da crise e já atraem investimentos internacionais. Em entrevista à “Negócios Industriais”, Carlos Farinha e Silva, vicepresidente da consultoria finlandesa Poyry Tecnologia e membro do Conselho da ABTCE, nos próximos anos o Brasil receberá até 6 novas fábricas de celulose ou linhas de montagem com capacidade cada uma de 1,3 a 1,5 milhão de toneladas. A maior parte da produção é exportada para a Europa, China e Estados Unidos. O desenvolvimento socioeconômico chinês, aliás, foi um dos fatores, segundo Farinha e Silva, que permitiu que a indústria de celulose brasileira saísse relativamente rápido da crise. “Depois de amenizada a crise de crédito que chegou a paralisar completamente a economia mundial, houve uma reação de compras fortes no mercado asiático, e especialmente na China. A China acabou se transformando numa das principais regiões compradoras da celulose brasileira. O aumento de consumo de papel para fins sanitários e para imprimir e escrever, nos países em desenvolvimento, tem aumentado a demanda por celulose de eucalipto. Os países em desenvolvimento reagiram melhor à crise”, explica o vicepresidente da Poyry. Apesar de o consumo per capita estar na casa de 50 quilos anuais (contra 250 de norte-americanos e
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MERCADO
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europeus), a população chinesa é enorme (1,3 bilhão de pessoas) e passa por um processo de crescimento econômico. Mesmo assim, o país asiático não é o maior destino da celulose brasileira. De janeiro a junho do ano passado, as exportações para a China responderam por 34% do faturamento do setor. Em 2010, sua participação caiu para 26%, atrás da Europa (43%). A presidente executiva da Bracelpa tem opinião semelhante. “A crise financeira internacional reduziu o consumo global, os preços e a demanda por matérias-primas em mercados tradicionais para o setor, porém, abriu oportunidades para ampliar as vendas em países emergentes cuja economia continuou com um ritmo forte de crescimento, como a China”, analisa Elizabeth. “Além de preços mais competitivos, os chineses buscaram celulose de eucalipto de primeira linha”, completou. De acordo com a engenharia ambiental Daniele Lima, colunista da “Negócios Industriais”, o clima brasileiro permite uma produtividade maior da celulose. “No Brasil a rotação do eucalipto de fibra curta é de sete anos e a produtividade é de até 44 metros cúbicos por hectare ao ano. Na Finlândia, que possui o maior consumo per capita do mundo, a celulose é produzida pela bétula, leva até 40 anos, e rende somente 4 metros cúbicos por hectare”, exemplifica. Especialista no setor, Carlos Farinha completa que os custos de produção, a disponibilidade de terras com condições apropriadas e razoável logística de transporte e exportação, além da estabilidade econômica e política são fatores fundamentais para a atratividade brasileira. “Os custos de produção têm como fator importante da sua competitividade a produção de madeira em plantações de alto rendimento, utilizando práticas de florestamento e tecnologia sivicultural de ponta, desenvolvida durante as últimas décadas”, destaca. Não é à toa que o Grupo JBS Friboi e a MCL Empreendimentos se uniram para construir, no Mato Grosso do Sul, a Eldorado Celulose, aquela que promete ser a maior fábrica de celulose do Negócios Industriais | Set/Nov 2010
mundo. A primeira linha de produção terá capacidade de produzir 1,5 milhão de ton/ano. Líder do mercado asiático e uma das cinco maiores do segmento no mundo, a Asia Pulp & Paper (APP) também estaria estudando investir numa fábrica de celulose no Brasil ou firmar parceria com alguma empresa nacional. Hoje, a empresa com sedes na China e na Indonésia, é a maior compradora individual da celulose brasileira e estudar enviar a celulose para suas fábricas e depois enviar o produto final, o papel, ao Brasil. Em Minas, a Cenibra planeja expandir sua unidade fabril em Belo Oriente. Anunciado há quatro anos, o projeto foi engavetado na crise. Agora, o novo presidente da fábrica de celulose, Paulo Brant, vai retomar o empreendimento (Leia entrevista na página 20). O objetivo é duplicar a capacidade atual da fábrica, de 1,2 milhão de toneladas. O investimento gira na casa de 1,8 bilhão de dólares, mas leva tempo, pois a empresa precisa ampliar sua base florestal. Para a Bracelpa, em 2010 o foco das empresas do setor é a recuperação das perdas, com a valorização dos produtos e redução dos custos. “Os números vêm mostrando que este ano será bem melhor que 2009. O cenário é positivo e estimulante, mas na nossa avaliação o setor só sairá da crise em 2011”, sustenta Elizabeth de Carvalhaes. Mais uma vez, a Copa do Mundo e as Olimpíadas são prova dos benefícios aguardados pela indústria. Os dois empreendimentos demandam grandes investimentos em infraestrutura, impulsionando o crescimento da construção civil, dos serviços e da área de logística e transporte. Como a indústria de papel fornece para todos esses setores, não há dúvidas de que acompanhará o momento positivo. Num momento em que o petróleo é a vedete da economia brasileira e setores tradicionais da economia mineira, como a siderurgia e a mineração, crescem a reboque do Pré-Sal outra commoditie importante para a economia do Vale do Aço ganha destaque.
Hugo Siqueira
Câmbio Apesar da alta mundial da tonelada da celulose, a valorização do real frente ao dólar prejudica as empresas produtoras da matéria-prima do papel. “O câmbio fraco tem reduzido a rentabilidade do setor de papel e celulose. Medidas para a valorização do Real darão mais competitividade às empresas brasileiras. Além disso, essa valorização ajudará as empresas a recuperarem, mais rapidamente, a receita de exportações perdida no ano passado, em conseqüência da crise”, defende a presidente executiva da Bracelpa.
Produtividade: As florestas plantadas do setor celulose e papel do Brasil são as mais produtivas do mundo: as plantações de eucalipto produzem uma média anual de 41m³ de madeira por hectare e as plantações de pinus têm produtividade média anual de 35m³ por hectare. Após seis ou sete anos de cultivo, as florestas plantadas pelo setor já estão prontas para colheita. Em países escandinavos ou da Península Ibérica, elas demoram mais de 14 anos para crescerem.
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Sucateira Vale do Aço: parceria com fornecedores e visão estratégica durante a crise contribuíram para retomada do mercado em 2010
Grão Fotografia
Os reciclados estão em alta Aparas de papel voltam a se tornar atrativas e recicladoras voltam a operar nos níveis pré-crise
A alta no preço da celulose no mercado mundial está beneficiando o mercado de reciclagem de papel. Quando a matéria-prima virgem sobe de preço, os fabricantes de papéis voltam a ver as aparas como um insumo atrativo. “Já vi uma vela acesa. O mercado está aquecendo. O material já não acumula e voltamos a enviar para as fábricas”, conta Alberto Costa Filho, o Tucha, 53 anos, proprietário da Sucateira Vale do Aço.
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MERCADO
Usado para fabricar caixas e papéis de proteção, as aparas de papelão foram vendidas por R$ 220,00 em 2009. Agora, a tonelada do produto, que abastece fábricas de papelão como a Fapasa, Indústria de Papéis Cataguases, Paraíbuna Papéis e Fábrica de Papel Santa Terezinha, atingiu o valor de R$ 440,00, preço acima dos R$ 350 de 2008.
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Há 18 anos no mercado, com unidades em Ipatinga e no Sul da Bahia, a empresa processa todos os meses 2 mil toneladas de papelão, papel branco e os brancos 2 e 4 (ligeiramente coloridos, o primeiro em menor e o segundo em maior grau). Oitenta e cinco por cento desse volume é comprado de grandes indústrias, como ArcelorMittal Inox Brasil, Cenibra, Suzano Papel e Celulose e Usiminas (que doa – não vende - o material para a Sociedade São Vicente de Paula). Há dois anos o mercado de aparas de papel sofria com a baixa do preço. Primeiro a queda do preço da celulose em 2008, antes mesmo da crise financeira. Quando a recessão se espalhou pelo planeta, o consumo recuou, as fábricas reduziram as encomendas e a demanda pelo papel chegou a baixos níveis. Sem mercado, a cotação da celulose despencou para valores abaixo dos 400 dólares. Usado para fabricar caixas e papéis de proteção, as aparas de papelão foram vendidas por R$ 220,00 em 2009. Agora, a tonelada do produto, que abastece fábricas de papelão como a Fapasa, Indústria de Papéis Cataguases, Paraíbuna Papéis e Fábrica de Papel Santa Terezinha, atingiu o valor de R$ 440,00, preço acima dos R$ 350 de 2008. “Já o papel branco ficou encalhado. Não tinha como vender”, completa Tucha. A lógica é simples. Os tipos 2 e 4 do papel branco são usados para produzir, por exemplo, papel higiênico. Com a matéria-prima, a celulose, “quase de graça” no mercado, tornou-se mais vantajoso comprar o insumo que já vem livre de impurezas. No caso do reciclado, apesar dos processos de separação realizado nas recicladoras, há o custo de tratamento daquele resíduo. “Nós sofremos demais por causa do preço da retração da celulose em 2008 e 2009, que foi lá embaixo. O
que acontecia? As exportações pararam. O mercado ficou só no interno. Você tem uma fábrica de papel, a celulose está com o preço barato, o que você prefere comprar, um caminhão de papel velho ou um caminhão de celulose? O material dos aparistas foi acumulando no depósito, ninguém queria papel velho, cuja produtividade é menor. Teve empresa que fechou as portas. Na guerra de preços não agüentaram ficar com estoque e venderam ainda mais barato, forçando uma nova queda de preços”, diz o empresário que se orgulha de ter mantido os 34 funcionários e suas duas carretas e 14 caminhões. A credibilidade de estar há anos no mercado também ajudou a superar a fase negativa com seus parceiros. Com contratos a cumprir, ou seja, recolher o resíduo das indústrias, Alberto não poderia simplesmente deixar as aparas nas fábricas. “Procurei os clientes e negociamos os preços que compramos deles. Expliquei a situação do mercado e entenderam. Parceria é isso. Agora, com a retomada do preço, voltamos a comprar por um valor justo para o momento”, disse o empresário, à Negócios Industriais, em seu escritório no bairro Veneza. OPORTUNIDADE Como bom empreendedor, Alberto conseguiu vislumbrar uma oportunidade de negócios em meio à crise. Fornecedor de aparas de papel para a produção de uma fábrica de papel toalha em Santa Bárbara de Monte Verde, uma pequena cidade nas proximidades de Juiz de Fora, na Zona da Mata, ele viu as encomendas pela matéria-prima caírem. Propôs então uma sociedade. A SB Papéis hoje utiliza o papel branco tipo 1 (de maior qualidade) recolhido na Suzano Papel e Celulose e produz bobinas de papel toalha, que são revendidos para empresas que a
preparam e as colocam no mercado com suas marcas, como a Guardanapos Pérola, de São Paulo. Uma boa idéia para um mercado que consome quase 3,9 milhões de toneladas de aparas de papel todos os anos.
e embalagens (papelão ondulado), adquiriu uma terceira impressora de alta produtividade. “Esse equipamento possui capacidade de produção três vezes maior que as demais impressoras em nossa produção, nosso objetivo com essa aquisição é aumentar nossa participação em outros mercados na região do Leste Mineiro, além do ganho significativo em qualidade, uma vez que o equipamento possui automação para calibração de cor e agilidade no tempo de produção”, detalhou. Com a aquisição, a empresa que está no mercado há 16 anos e possui 72 colaboradores, estima ampliar sua produção anual em cerca de 10%, chegando às 600 toneladas. De acordo com os empresários do setor, até o momento a indústria tenta segurar o preço e não repassar os aumenos para o consumidor. Até quando os cadernos, catálogos e revistas não terão reajuste é uma incógnita.
LETRA DE FORMA|P2SA
GRÁFICAS Matéria-prima mais cara, produto final idem. Gráficas do Vale do Aço viram o preço do insumo subir entre 15 e 25% no primeiro semestre de 2010. Com uma produção anual de 840 toneladas, a Gráfica Damasceno, localizada no Distrito Industrial de Coronel Fabriciano, atribui a variação à alta do preço da celulose e também à especulação causada em período eleitoral. “Em ano eleitoral as indústrias gráficas sofrem muito com a especulação e o aumento real nos custos de matéria-prima. Outro fator que favoreceu a alta de preços foi a forte alta da celulose no mercado externo
que atingiu mais de cinqüenta por cento. Para o papelão ondulado houve um aumento inédito, pelo menos nos últimos cinco anos, de 25% entre abril e junho”, explica Júnior Damasceno, diretor comercial da empresa. Em junho, a Suzano Papel e Celulose, segunda maior fornecedora do mercado brasileiro, anunciou uma alta de 12 a 15% para revestidos e papel cartão. Para tentar minimizar os impactos, os empresários precisam investir em novas tecnologias. “Uma máquina nova e quatro cores pode diminuir a quantidade de folhas gastas no acerto”, sugere Dallas Aredes, diretor comercial da Gráfica Nova Impressão. Na Damasceno, esse também foi o caminho escolhido para aumentar o volume de produção, ganhar velocidade e ampliar a área de atuação. Em julho, a empresa, que atua no segmentos de papéis revestidos, offset
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ENTREVISTA
“Não corra atrás das borboletas” Paulo Brant, presidente da Cenibra, empresa que completa 37 anos, fala dos projetos da empresa, perspectivas do mercado e atuação na comunidade Aos 58 anos, o engenheiro e economista Paulo Eduardo Rocha Brant deu uma guinada na sua carreira no setor financeiro e acadêmico. Foi um convite inesperado que levou o irmão do compositor Fernando Brant, do ex-ministro e ex-deputado Roberto Brant, um dos 11 filhos do saudoso desembargador Moacyr Pimenta Brant (1911-2004), a assumir, em abril deste ano, a Cenibra. “Se você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vêm, então, no fundo, a vida é feita de coisas inesperadas”, conta, numa entrevista exclusiva à Revista Negócios Industriais, após citar um poema de Mário Quintana. Natural de Diamantina, pai de 4 filhos, Paulo Brant não é especialista em celulose, mas acredita que a gestão possui um princípio básico para o resultado positivo: mobilizar e motivar pessoas a partir de princípios éticos e humanistas. “Já se foi o tempo daquele tipo de gestão manda quem pode, obedece quem tem juízo. Isso não funciona mais, as pessoas têm que estar motivadas”, dispara, sem rodeios.
Nem o atraso de 20 minutos no início da sessão de fotos, em virtude da falha em um equipamento de iluminação, tirou o bom humor e a humanidade de Paulo Brant. Enquanto aguardava, conversou sobre a celulose, a tecnologia adotada na fabricação, a complexa operação logística e também sobre trivialidades do dia-a-dia. Sua única preocupação com o atraso era deixar o prefeito de Belo Oriente, Humberto Lopes, com quem tinha uma reunião, aguardando. Num bate papo com o jornalista Paulo Assis, editor da revista, e a engenheira Daniele Lima, consultora da revista, Paulo Brant falou do plano de expansão, do mercado de celulose e das ações de sustentabilidade da empresa. O resultado é uma conversa franca, um raio-x do novo presidente da Cenibra.
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Em quase uma hora de entrevista, Paulo Brant transpareceu que sua forma de atuar não está apenas no discurso. Ele não carrega a pompa de alguns gestores de indústrias. “Você não pode chegar numa empresa, que tem 37 anos, tem uma cultura... a cultura pode até mudar, mas ela muda lentamente, graduadamente.” Sua presença no viveiro da Cenibra, onde pacientemente posou para as lentes dos fotógrafos Rodrigo Zeferino e Ricardo Alves, da Grão Fotografia, em nada mudou a rotina dos trabalhadores do local.
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ENTREVISTA Negócios Industriais: O que leva um economista e engenheiro, com a trajetória acadêmica e financeira, depois de uma passagem pela Secretaria de Cultura, dirigir uma indústria de celulose? O senhor já conhecia a indústria de papel e celulose? Paulo Brant: Conhecia de longe. Como trabalhei no BDMG, que é um banco basicamente que financia projetos, então quando você vai financiar um projeto, como são financiamentos de longo prazo, valores altos, então acaba que na área de análise de projetos, de financiamento de projetos, você acaba conhecendo um pouco de cada setor. A gente financiou indústria de papel, a própria Cenibra já foi cliente do BDMG no programa de fomento, financiou o projeto florestal da Cenibra, então você acaba conhecendo, mas à distancia. É bem diferente de você viver por dentro a empresa. NI: O que levou o senhor a... PB: Foi um convite que eu recebi, meio que inesperado, mas a vida é feita de coisas inesperadas. Tem uma frase, se não me engano é do Mário Quintana, que eu acho que é interessante, que ela vale para a vida pessoal e para vida profissional: “não corra atrás das borboletas, cuide do seu jardim, que elas vêm até voce”. Se você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vêm, então, no fundo, a vida é feita de coisas inesperadas. Eu fui secretário da Cultura também de maneira inesperada, nunca imaginei, nunca trabalhei na área de cultura, gosto de música, gosto de literatura, tenho um irmão que é poeta, que é artista, mas nunca
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militei profissionalmente. Qando o Aécio (Neves, ex-governador de Minas) me chamou pra ter uma reunião no Palácio da Liberdade e queria conversar comigo, eu já imaginei. Conversei com o vice-governador (Antônio Anastasia): “ele vai te convidar pra algumas coisa, mas não posso te falar o que é que é”. Estava achando que era uma coisa ligada à área econômica, pois sempre foi na área financeira que eu trabalhe, e, de repente, ele me convidou para a área da cultura. Eu até falei: “mas eu nunca trabalhei na área”. Ai ele (Aécio) falou: “não tem problema nenhum, você gosta de coisa cultural, então você vai trabalhar lá”. Foi uma experiência extremamente rica, aprendi demais na área da cultura. São ângulos diferentes, mas, na verdade é administrar, gerir organizações, sejam elas públicas ou privadas. No fundo tem uma parte significativa do processo de gestão, que independe da natureza da emSe você for correr atrás das borboletas, você não as pega, você tem que cuidar do seu jardim que as borboletas vem, então, no fundo, a vida é feita de coisas inesperadas.
presa, do objetivo mais imediato dela, no fundo o que é que é? É você buscar resultados melhores. Numa empresa privada ela recebe uma pressão imediata porque se ela não melhorar, ela não fica competitiva, ela perde o mercado, e ela pode quebrar. O governo não quebra, mas o governo cada vez mais é mal avaliado, perde eleição. No fundo você começa a criar estímulos para que gerar resultados me-
lhores mobilizando pessoas, motivando pessoas. Já se foi o tempo daquele tipo de gestão manda quem pode, obedece quem tem juízo. Isso não funciona mais, as pessoas têm que estar motivadas, você consegue obrigar uma pessoa chegar 8h, sair 12h, chegar 13h e sair às 17h, mas você não consegue pela força, pela coerção, você não consegue despertar o que é que a pessoa tem de mais valioso, que é a vontade dela, a vontade, a pessoa tem que ter vontade, se você consegue mobilizar a vontade dela, quer dizer, uma pessoa que acha que trabalha numa empresa válida, que tem objetivos meritórios, que é uma empresa ética, justa, uma empresa que tem princípios, a pessoa fica, o que eu faço faz sentido, todo mundo gosta de trabalhar numa organização desse tipo, a pessoa se sente bem, então no fundo gerir o que é que é? É buscar resultados melhores, mobilizando e motivando pessoas a partir de princípios e valores éticos, humanistas. Claro que você tem nuances, quer dizer, se você está numa empresa de celulose, você tem que entender o mercado de celulose, como ele funciona, isso demanda um tempo. Nesses três meses que eu estou aqui, estou estudando, lendo muita coisa, muita gente, visitando o concorrente, quer dizer, para você entender como funciona esse mercado, tem uma lógica, que é diferente da lógica de uma empresa de aço, de empresas de bem de consumo, conhecendo a cultura. Você não pode chegar numa empresa, que tem 37 anos, tem uma cultura... a cultura pode até mudar, mas ela muda lentamente, graduadamente. Os princípios gerais da gestão de qualquer organização são princípios quase que universais.
NI: Mas então assim, uma data mesmo ... PB: Data certa ainda não. É um estudo muito delicado pelo seguinte: esse é um setor que tem algumas características que fazem com que a decisão de investimento tem que ser muito bem ponderada, primeiro porque são investimentos altos. Esse é um setor intensivo em capital em média ... Esse projeto lá do Mato Grosso do Sul, lá da Eldorado, eles estão calculando em torno de 1.200 mil dólares por tonelada, quer dizer, então você vai fazer um projeto de 1 milhão de toneladas gastaria 1,2 bilhão de dólares
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NI: Presidente, o senhor disse que o processo de expansão seria retomado. Ele vai ser de fato retomado? PB: Já tinha sido feito um estudo bem avançado, então a gente está retomando esse estudo, porque as coisas mudaram, já tem outras variáveis. Antes do final do ano devemos apresentar aos acionistas, à JBP que é a nossa acionista controladora. Tudo leva a crer que a expansão deve ser aqui mesmo nesse “site” (área da fábrica em Belo Oriente). Aqui ainda tem uma possibilidade de expansão, certamente a última, pois as florestas não podem ficar mais que uma distância média de 120, 130, 140 km. Então, o potencial desse site aqui por varias razões de logística, infraestrutura e de floresta, provavelmente, essa é a ultima grande expansão que vai se dar nesse site, um outro salto que a Cenibra for dar no futuro certamente, vai ser em um outro site. Mas esse site ainda tem possibilidade de uma expansão para 2 milhões, 2,5 milhões de toneladas/ ano.
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só na fabrica, fora o investimento florestal. Então são investimentos muito vultosos. Em segundo lugar, você tem uma defasagem temporal enorme, uma floresta hoje é cortada em média com 7 anos, então você está no fundo tomando uma decisão agora, para um projeto que só vai entrar em operação daqui a 6,7, 8 anos. Nós estamos falando o que, este projeto vai estar no mundo em 2016, 2017, 2018, 2020. Essa defasagem temporal, essa intensidade do capital faz com que seja uma decisão muito pensada, muito avaliada, tem que investir tempo nisso. NI: A atual base florestal da Cenibra, que é de 225.000 hectares, é suficiente pra suprir essa duplicação? PB: Não, hoje essa base florestal permitiria uma expansão de 200 a 250 mil toneladas, mas não 800 mil a 1 milhão.
Grão Fotografia
NI: Onde conseguir essas terras? PB: Pois é. Aqui tem áreas disponíveis, tem várias alternativas. Hoje a Cenibra tem 92% de terra própria e uns 8% de madeira de terceiros, pode ser que mantenha essa média, pode mudar um pouco, pode comprar floresta.
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NI: De que forma essa revisão no Código Florestal e a nova definição de topos de morro, que é uma coisa que está sendo discutida agora, vai contribuir para expansão do plantio da Cenibra? PB: Pelo substitutivo que foi aprovado na comissão, as áreas que já estão consolidadas, você não retroage, o que é uma coisa razoável, você compra uma terra, dada legislação atual pra fazer, pra destinar a um tipo de atividade, a lei
dez anos depois não pode chegar e falar – olha aquilo que você comprou pra planta soja, não pode mais plantar soja. Consolida essa questão, no caso do código for aprovado do jeito que está ele tem até uma coisa boa que é o seguinte, hoje a Cenibra tem praticamente 40% da área dela com reserva, com área de Nós estamos falando o que, este projeto vai estar no mundo em 2016, 2017, 2018, 2020. Essa defasagem temporal, essa intensidade do capital faz com que seja uma decisão muito pensada, muito avaliada, tem que investir tempo nisso.
preservação, reserva legal, e um dos itens do projeto diz que isso não vai afetar essa floresta atual da Cenibra, esse maciço atual. Mas na floresta futura, esse percentual de 40 de área de preservação e 60 de utilização efetiva pode ser que aumente o percentual de utilização porque pela proposta a reserva legal que é de 20% (...) a área de preservação permanente ela entra no cômputo da reserva legal. Hoje reserva legal é reserva legal, área de preservação é área de preservação. Não sei se vai ser aprovada assim, mas se for seria bom porque a Cenibra teria de comprar proporcionalmente menos terra. Hoje para eu plantar em 60 mil hectares tenho que comprar 100 mil em média. Se o código for aprovado da maneira como foi aprovada lá na comissão, talvez para plantar 60 eu tenha de comprar só 80, então seria uma coisa boa.
ENTREVISTA
NIs: Vindo a essa expansão mesmo, quais seguimentos do setor produtivo regional seriam demandados pela Cenibra? PB: Na fase de investimento, na fase construção você tem uma demanda enorme na parte de equipamento, grande parte já é produzida no Brasil, tem uma parte pequena que é importada, e tem uma grande demanda sobre empresa de construção civil, prestadoras de serviço, fora que você vai, na área florestal, chegar a 12 ou 13 mil pessoas (Hoje a Cenibra, por meio de terceirizadas, emprega 7,5 mil pessoas). NI: Presidente, duplicando a produção, a atual malha ferroviária e o Portocel, que tem capacidade pra 7,5 milhões de toneladas, e hoje já recebe 5 milhões, teria capacidade para suportar esse novo volume de escoamento de produção? PB: Sim. No Portocel teria que fazer pequenos investimentos, mas ele tem plena capacidade, e no caso da ferrovia, é uma questão de dimensionar vagões e locomotivas, a infraestrutura ferroviária ela comporta. NI: De acordo com a Bracelpa, a tonelada de celulose deve atingir 950 dólares até dezembro. Essa valorização beneficia como a Cenibra? PB: Beneficia muito. A empresa de celulose, de uma forma geral, não é só a Cenibra, tem domínio sobre os custos dela, dentro de limites ela consegue dimensionar quanto que vai custar a celulose, agora por quanto eu vou vender depende de duas variáveis em relação às quais a Cenibra não tem controle, como nenhuma empresa:
é o preço internacional da celulose, que é esse preço que depende do jogo de oferta e demanda, e a parte de câmbio que é crucial. É quase um consenso que a taxa de cambio está muito baixa. O Real está muito valorizado e o efeito disso, se agente olhar a balança de transações correntes, o Brasil teve um déficit de quase 25 bilhões de dólares no primeiro semestre. Então setores ligados à manufatura, calçado, tecido, equipamentos eletrônicos, têm ressentido isso. Olhando isso como economista parece que num médio prazo essa taxa de câmbio vai se depreciar, porque é uma taxa de câmbio que está levando a uma situação de balanço de pagamento que ainda não é uma situação de crise, mas é preocupante, quer dizer, ano após ano você vê o déficit nas transações correntes, são déficites cada vez maiores. No caso da Cenibra, que exporta 92% da produção, o que importa é o preço em Real. NI: Até que ponto a supervalorização do real ao dólar está afetando a rentabilidade do setor de celulose e em especial da Cenibra, que esporta 92% de sua produção? PB: Não tem comprometido tanto porque o preço da celulose teve uma reação boa. Agora certamente a taxa de câmbio não deixa de ser uma preocupação, mas eu acho que a taxa de câmbio é desse valor para cima. NI: Por um lado a cotação em dólar beneficiou, mas o cambio não ajudou tanto... PB: Não, como o preço melhorou muito, acaba compensando, mas no fundo o que faz a diferença é o preço em Real.
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ENTREVISTA NI: Analistas do mercado e a própria Bracelpa, em entrevista à nossa Revista, estimam um crescimento de 8 a 10 milhões de toneladas de celulose no País. Como isso afeta a Cenibra? PB: A demanda de celulose está crescendo e deve crescer nos próximos anos em torno de 4% ano, porque primeiro você tem a China, o consumo per capita de papel na China é muito baixo. No caso do papel de imprimir e escrever talvez tenha uma demanda meio estagnada, por conta da informatização, dos meios eletrônicos, mas tem, por exemplo, o que eu chamo de papel ticho, papel toalha, papel higiênico, você tem uma população enorme que não consome esse tipo de papel, então, num médio prazo o segmento de papel deve crescer, em função disso a demanda de celulose deve continuar acompanhando. Existem outras variáveis. A China usa muita umas fibras que eles chamam de Nunut, que é fibra de palha de arroz, fibras ecologicamente não muito boas e pouco eficientes no processo. Há uma tendência de substituição dessas fibras pela celulose de mercado, quer dizer as perspectivas são de aumento. Esse aumento da oferta previsto pela Bracelpa é exatamente em função dessa perspectiva e o Brasil, principalmente na área de fibra curta, tem uma competitividade inegável. NI: O mercado asiático responde por 47% da produção da Cenibra. Até quando o desenvolvimento sócioeconômico de países como a China, onde o consumo per capita é de 50 quilos de papel por ano, vai sustentar esse crescimento? PB: No caso da Cenibra, no ano
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passado, a China consumiu em torno de 20% da nossa produção e o Japão mais 20 e poucos. A demanda japonesa vai crescer vegetativamente. No Japão a população está decrescendo um pouco, então não é um mercado que vai crescer de maneira exuberante. Obviamente é a China mesmo, a China já representa 1/5 de todo o consumo de celulose de mercado. Você está falando de 1 bilhão e meio de pessoas. Se o chineses resolverem tomar café, o preço duplica. É uma muita gente. São setes vezes a população brasileira. A área que tinha sido escolhida era inadequada do ponto de vista técnico, era muito próxima da fábrica da Cenibra, tem limitantes do ponto de vista de voo, tamanho de avião, era uma área muito próxima da fábrica, isso do ponto de vista técnico, foi não recomendado.
NI: Presidente, o mercado de crédito de carbono é uma fonte de receita para a Cenibra? PB: Hoje não. Isso até a Bracelpa tem discutido, da maneira como está definido no Protocolo de Kyoto, ele não contempla, porque a floresta que esta aí, já esta aí, esse maciço florestal que tem aí, de floresta plantada no Brasil, que é de 6 milhões e meio de hectares, ele absorve, ele é um sumidouro de CO2, mas ele não conta. Só a floresta adicional em área degradada, então quer dizer que nenhuma empresa de celulose do Brasil conseguiu, mas isso está sendo discutido,
NI: Presidente, o Oji Paper (acionista da Cenibra por meio do Grupo JBP) estaria negociando a compra da fábrica de papel da Fibra, em Piracicaba. A Cenibra pretende entrar no mercado de produção de papel? PB: Não tem nenhum fundamento. A Fibria, por razões óbvias, ela está se reestruturando. É uma grande empresa, mas teve um acidente de percurso que acabou acumulando uma dívida enorme, então certamente ela está reestruturando, mas isso não está no nosso horizonte não. NI: De acordo com a imprensa da capital, o governo estadual, estaria negociando a instalação de uma unidade de Suzano em Governador Valadares e isso se daria por meio de uma join venture com a Cenibra. O senhor, que integrava o Governo Aécio, confirma essa possibilidade? PB: Não. Quando eu estava no governo, eu estava fora da área econômica, mas aqui na Cenibra não tem nenhuma conversa. NI: Por que o aeroporto não foi construído em uma área da Cenibra, como chegou a anunciar o ex-governador Aécio Neves e o ex-presidente da Usiminas, Marco Antônio castelo Branco? PB: Porque a área que tinha sido escolhida era inadequada do ponto de vista técnico, era muito próxima
da fábrica da Cenibra, tem limitantes do ponto de vista de voo, tamanho de avião, era uma área muito próxima da fábrica, isso do ponto de vista técnico, foi não recomendado. A Usiminas e o Governo entenderam e concordaram. Para você construir um aeroporto tem que analisar, porque não faz o menor sentido um aeroporto ao lado de uma fabrica, eu sou leigo em aeronáutica, então foi uma decisão técnica. NI: A Cenibra é reconhecida por diversas certificações e prêmios por suas ações de sustentabilidade e relacionamento com a comunidade nas 54 cidades onde atua. Na gestão do senhor, essa postura será mantida? PB: Sem duvida, mantida e sempre edificada, isso é fundamental. A Cenibra tem esse compromisso de cidadania com a sociedade, respeitar o espaço de atuação, e uma coisa que estamos fazendo com os prefeitos e enfatizando muito o seguinte, de a gente trabalhar em projetos que sejam mais transformadores, apoiar junto com as prefeituras projetos que contribuam para que aquelas comunidade saiam do atraso econômico, social, cultural. A Cenibra pode contribuir de diversas formas, com o conhecimento que ela tem na área ambiental, engenharia, a credibilidade, quer dizer, a Cenibra é uma empresa que por onde ela anda, é uma empresa séria, então você vai no governo do estado, no governo federal, a Cenibra é um interlocutor confiável. Então ela pode usar essa credibilidade junto com os prefeitos para mobilizar projetos para região. Essa que é a ideia... a Cenibra sentir cidadã das comunidades.
Grão Fotografia
mas o protocolo de Kyoto acaba ano que vem, vem um outro, já teve uma reunião em Cancun, deve vir alguma coisa. Certamente esse é um setor em que a quantidade de CO2 de uma floresta plantada é uma grande fonte absorvedora de carbono.
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