ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 1 de 10
Capa O salto dos empreendedores As histórias de homens de negócio que usaram ousadia e inovação para construir, a partir do zero, grupos empresariais milionários
"Imaginei a engenharia como um pacote integrado e vou saltar de R$ 650 mil para R$ 1 bilhão em 15 anos"
Juan Quirós
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 2 de 10 Empresa: Grupo Advento Como começou: em 1994, vendendo ar-condicionado. Como está: controla uma holding de quatro grandes empresas do setor de construção civil industrial e fatura R$ 580 milhões. O pulo do gato: integrar em um único grupo empresas de todos os segmentos da construção civil e captar recursos com grandes fundos de investimento, como o AIG e Credit Suisse. O Brasil sempre foi considerado a terra das oportunidades. Mas décadas de inflação estratosférica, planos econômicos mirabolantes e fracassados, trocas de moeda, câmbio descontrolado, entre outras mazelas, derrubavam o ímpeto empreendedor de qualquer sujeito. A partir de julho de 1994, esse cenário começou a mudar. A estabilidade, duramente forjada num caminho tortuoso, começou a criar as condições para que profissionais ousados e criativos construíssem, a partir do zero, negócios milionários. A estabilidade da moeda, o crescimento da economia, o aumento do nível de emprego e a melhoria na renda trouxeram à tona oportunidades que hibernavam sob o peso da desconfiança no futuro. Durante toda a década de 80 e parte da de 90, o empresário Sebastião Bonfim Filho viveu do comércio de uma loja de artigos esportivos em Minas Gerais. Nos últimos anos, transformou o pequeno ponto de venda na Centauro, uma rede de 125 lojas espalhadas pelo Brasil, que, juntas, faturam quase R$ 1 bilhão. "Os talentos brasileiros eram canalizados para driblar a inflação. Com a estabilidade criada pelo real, a criatividade dos empresários pôde enfim ser canalizada para o desenvolvimento de produtos inovadores", afirma Antônio Carlos Porto Gonçalves, professor da FGV, de São Paulo. Sebastião Bonfim Filho Empresa: Centauro Como começou: com investimento de US$ 10,5 mil, abriu em 1981 uma loja de artigos esportivos. Como está: comanda 125 lojas e faturou R$ 870 milhões em 2008. O pulo do gato: apostou na onda de cuidados com a saúde e o corpo e firmou parcerias com grandes fabricantes, como Nike e a italiana Elesse. A abertura da economia brasileira também criou espaço para que modelos de negócios consagrados no Exterior chegassem aqui. "O
"Não tenho dúvida de que o consumo de
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 3 de 10 real produziu a convicção de que o País teria
roupas esportivas continuará a crescer.
estabilidade econômica. Com isso, o Brasil
Vamos faturar R$ 1 bi em 2009"
inspirou a confiança dos investidores estrangeiros em atividades produtivas. O interesse em fusões e aquisições aumentou", analisa Celso Grisi, da Fundação Instituto de Administração (FIA). Quem surfou nessa onda foi o argentino Juan Quirós. Nascido em família abastada, em 1994, partiu para a carreira solo e comprou uma empresa de climatização de ambientes atolada em dívidas. Hoje, é controlador de um grupo diversificado que fatura R$ 600 milhões. DINHEIRO colheu essas e outras histórias de ousadia, criatividade e trabalho que foram desenhadas nos últimos 15 anos de estabilidade econômica no País. Além de inspiradoras, elas trazem preciosas lições que podem ser usadas em qualquer tipo de negócio. Da venda de ar ao pré-sal Daqui a pouco mais de um mês, o empresário Juan Quirós entrará para o time do bilhão no Brasil. Como controlador do Grupo Advento, ele construiu um império no setor da construção civil. Em 1994, ano em que o País assistiu ao nascimento do real, ele deixou um cargo na companhia da família e decidiu apostar na carreira solo. Comprou a Vecotec, empresa de climatização de ambientes, atolada em uma dívida de R$ 1,2 milhão. O que parecia um fiasco era o propulsor de uma história de sucesso. Em três anos, os débitos estavam quitados e a empresa pronta para voar. Assim, Quirós saiu às compras e adquiriu uma empresa de manutenção industrial, a Temar. Em 2006, foi a vez de incorporar a Vox Engenharia. Mas o grande salto do grupo aconteceu em agosto do ano passado, antes da crise. Quirós, em parceria com os fundos de investimento AIG e Credit Suisse, adquiriu a construtora Serpal, líder no ramo industrial. Pronto. Estava consolidado um gigante, o único capaz de oferecer todos os serviços de construção industrial em um só contrato, com significativa redução de custos e tempo. A receita deu certo. Em comparação a 1994, o faturamento cresceu 1.000%. Passou de R$ 560 mil ao ano para R$ 580 milhões. "Fomos vencendo os desafios e caminhando a passos firmes. O grande salto foi consequência do trabalho bem focado", disse Quirós. Mas o segundo salto provavelmente o maior deles - está por vir. Quirós já assinou um acordo de compra de uma empresa de montagens industriais focadas na produção do pré-sal, no litoral de São Paulo. O negócio deve ser concluído em 40 dias. "O pré-sal mudará o perfil produtivo do País e de São Paulo. Não vamos ficar fora desse processo. É de lá que virá nosso primeiro bilhão", garantiu Quirós à DINHEIRO. (Hugo Cilo)
André Nunes Empresa: Grupo Fitta
"Somos filhos da estabilidade, é claro. mas somos também, e principalmente, consequência dela"
Como começou: abriu um escritório de
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 4 de 10 comércio de ouro após perder o emprego com a quebra do banco Fonte Cindam. Como está: comanda um grupo que opera com ouro e câmbio e faturou R$ 717 milhóes em 2008. O pulo do gato: aproveitou a carteira que tinha no banco para criar sua clientela e diversificou ao oferecer ouro no mercado de varejo. Determinação de atleta Aos 28 anos, Sebastião Bonfim Filho, herdeiro de um empresário de Caratinga, tinha uma ideia na cabeça e US$ 10,5 mil no bolso. Era início dos anos 80, consolidava-se nos Estados Unidos o interesse pela forma física e praticantes de running tomavam conta das ruas e dos parques. Impressionado com o que viu no Exterior, Bonfim decidiu abrir uma loja de roupas esportivas, em 1981, na vizinhança da badalada região da Savassi, em Belo Horizonte. A oferta de camisetas, calções, abrigos de moleton e tênis atraiu primeiro seus amigos, mas rapidamente a clientela cresceu. O negócio não só deu certo como se espalhou por todo o País. Hoje, Bonfim controla a maior rede de material esportivo da América Latina. Com as 125 lojas da Centauro, By Tennis e Almax Sports, o grupo SBF faturou R$ 870 milhões em 2008 e, na contramão da crise, prevê para este ano uma receita de R$ 1,1 bilhão. "Não tenho dúvida de que o consumo de roupa esporte casual no Brasil vai continuar a crescer. Hoje inauguramos uma nova loja em Salvador e reabrimos outra reformada em Brasília", disse Bonfim à DINHEIRO, em Roma, durante a comemoração dos 50 anos da grife italiana Ellesse, com a qual firmou um acordo de exclusividade para o Brasil. Por coincidência, passaram-se 28 anos da inauguração da primeira loja. Bonfim recorda entre risos que a marca Centauro foi escrita de improviso numa faixa de plástico. Conta também que escolheu o nome porque a criatura com corpo de cavalo e torso de homem tinha tudo a ver com o esporte. Soube depois que, na mitologia, os centauros eram monstros cruéis, mas não recuou. Bonfim fica por aí em seus relatos sobre o passado. É homem de olhar para a frente. No final de 2007, realizou uma façanha ao convencer o BNDES a financiar o projeto de expansão de seu grupo comercial. Coube a ele e a sua diretoria expor em detalhes as características do segmento comercial de material esportivo, uma absoluta novidade para os técnicos do banco estatal. Eles gostaram do que viram e aprovaram os projetos da Centauro. Concederam ao grupo SBF um financiamento de R$ 250 milhões para a expansão da rede. "Vamos fechar este ano com mais de 150 lojas e cinco mil funcionários", afirmou Bonfim, certo de que, com o
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 5 de 10 aumento da renda da população, o número de brasileiros que pratica esporte só tende a aumentar. (Octavio Costa) "Quando comecei, tinha certeza de que o Brasil seria a próxima fronteira de crescimento mundial"
José Paim de Andrade Júnior Empresa: MaxCap Como começou: fundou sua empresa após a companhia que presidia, a Prudential, sair do País. Como está: investe em 35 empreendimentos e gira R$ 800 milhões por ano. O pulo do gato: foi rápido em criar uma equipe afinada com seu estilo e em ocupar o espaço que era da Prudential no mercado imobiliário nacional. Recomeço dourado Três meses antes de o primeiro escritório do Grupo Fitta abrir as portas, seu fundador, André Nunes, estava desempregado. A desvalorização cambial de janeiro de 1999 marcou o fim do banco Fonte Cindam e também do emprego de Nunes, até aquele momento um dos responsáveis pela área de metais preciosos da instituição. "Naquele momento eu tinha duas opções: levar meu conhecimento e minha carteira para outro banco ou começar meu próprio negócio. Como ainda era novo, decidi arriscar", contou
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 6 de 10 o empresário. Em março de 1999, Nunes abriu um escritório para comercializar ouro. Era o embrião de um grupo que hoje opera com ouro e câmbio e que, no ano passado, faturou R$ 717 milhões. Para viabilizar o novo negócio, ele foi em busca de financiamento com dois de seus antigos clientes do Fonte Cindam. "Na época, abrir uma empresa financeira era mais simples do que é hoje, e isso foi importante, pois permitiu que eu conseguisse manter grande dos tempos de banco", disse ele. Nunes também começou a operar no varejo de ouro, vendendo pequenas quantidades para abastecer ourives, joalherias e pessoas físicas. Nesse momento o Plano Real começou a contar a seu favor. "Quando não há inflação, há distribuição de renda e mais consumo. Especialmente no caso dos supérfluos, como joias, feitas de ouro que eu vendia", diz. Para atender à demanda por matéria-prima, Nunes começou a abrir escritórios de compra de ouro diretamente nas áreas de produção, onde circulava muita moeda estrangeira. Isso o levou a operar na área de câmbio. Essa atividade, porém, ficou limitada a regiões localizadas "longe demais para atrair a operação de doleiros". Tudo mudou com a regulamentação do setor, em 2005, que virtualmente esvaziou o mercado paralelo. Em contrapartida, o turismo cresceu e, com ele, a demanda de turistas por moeda estrangeira. Depois de testar o mercado com lojas próprias, desenvolveu o sistema de franquias que utiliza hoje. "Se eu esperava o sucesso que tivemos? Nem a pau, Juvenal. Queríamos vender dez franquias no ano passado. Vendemos 50", comemora. (José Sergio Osse) Andrew Schmitt Empresa: Crocs Como começou: tiveram a ideia de fazer um sapato de sola antiderrapante enquanto pescavam. Como está: embora fature US$ 847 milhões, o crescimento rápido e desordenado levou a empresa a um prejuízo de US$ 185 milhões. O pulo do gato: criaram um produto
"A empresa vivia de apagar incêndios. vamos nos ajustar para voltar a crescer"
simples que se tornou objeto de desejo de consumidores de todos os cantos do planeta. As dores do crescimento A história da Crocs, as sandálias de borracha feiosas, mas absolutamente populares, pode
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 7 de 10 ser contada de duas maneiras. A primeira é a da empresa que surgiu de uma pescaria de três amigos e que, cinco anos depois, faturava US$ 847 milhões. A outra é a da companhia que, por conta de um crescimento acelerado e desordenado, amargava prejuízos de US$ 185 milhões em 2008. Trata-se de uma lição que mostra que o ímpeto de um empreendedor não pode desprezar doses de prudência e cautela. A história começa quando três americanos do Colorado, Lyndon "Duke" Hanson, Scott Seamans e George Boedecker, pescavam e tiveram a ideia de desenvolver um sapato de solado antiderrapante, que não marcasse o deque da embarcação. A partir daí, passaram a vender alguns pares para amigos que, por sua vez, indicavam os calçados para outras pessoas. Em pouco tempo, a marca virou uma febre entre adultos e crianças. No primeiro ano da operação, em 2002, a companhia amealhou receita de US$ 24 mil. Cinco anos depois, as vendas atingiram US$ 847 milhões. A empolgação foi tanta que o comando da companhia resolveu abrir capital na Bolsa de Nova York, em fevereiro de 2006. Ao mesmo tempo, para suprir a demanda que não parava de crescer, inaugurou sete unidades industriais em diversos países. Isso se refletiu em um quadro inchado de funcionários, excesso de capacidade produtiva, além de foco na atividade industrial e não no mercado e na gestão da marca. Resultado: a fase de expansão da companhia acabou e ela atingiu perdas de US$ 185 milhões, em 2008. Agora, luta para se reposicionar no mercado, com lançamentos de novos modelos de calçados. Mas, ainda assim, sem fazer nenhum investimento em propagandas. "A empresa vivia de apagar incêndios. Agora estamos nos reestruturando para crescer novamente", afirma o americano Andrew Schmitt, presidente da Crocs na América Latina. (Tatiana Vaz)
"Com uma ideia inovadora, fomos convidados a atuar no mercado global. Foi nosso cartão de visitas"
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 8 de 10 Enio Issa Empresa: Ação Informática Como começou: Com uma pequena distribuidora de equipamentos de informática Como está: Tem contratos de R$ 500 milhões, caminha para R$ 2 bilhões e ensaia um IPO O pulo do gato: Mais do que vender peças e softwares, oferecer soluções integradas em TI O construtor de oportunidades Entre o fim de 2002 e o início de 2003, durante a transição entre os governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, o então executivo José Paim de Andrade Júnior era uma espécie de profeta no deserto. Poucos, como ele, apostavam que a turbulência e incerteza econômica naquele momento seriam passageiras. Mais do que isso, previu que a retomada do mercado daria início a um período de enormes oportunidades no setor imobiliário e que o Brasil seria uma das principais fronteiras do crescimento mundial. Nem mesmo a empresa que presidia, a Prudential, acreditava nisso, tanto que escolheu aquele momento para se retirar do mercado imobiliário brasileiro. Foi exatamente aproveitando o vácuo deixado pela antiga empregadora que Paim deu início a seu fundo de investimentos imobiliários, a MaxCap, que, após seis anos de vida, hoje movimenta perto de R$ 800 milhões por ano no País. Paim foi rápido em recrutar um time de executivos afinados com sua proposta e de grande talento - muitos dos quais ex-colegas da Prudential. "Era importante, porque ainda existia muita ingenuidade no mercado de investimento imobiliário brasileiro. Mesmo hoje os negócios são feitos de maneira muito 'local'", afirma. A experiência na empresa americana foi importante, explica Paim, pois o ensinou a "vender o Brasil" para investidores estrangeiros, identificando os pontos fortes e fracos das oportunidades imobiliárias no País. Ao fazer a ponte com investidores estrangeiros que não tinham acesso a informações sobre o mercado brasileiro e apostando na estabilidade da economia é que Paim fez sua empresa crescer tão rapidamente. "Até ficamos assustados, pois já começamos a receber propostas de compra logo no início da operação. Teria sido um ótimo negócio vender a empresa dois anos depois de começar, mas preferimos esperar e escolher nós mesmos o sócio estrangeiro", diz ele, que acabou fechando uma parceria com o banco americano Merrill Lynch. Hoje, a MaxCap tem participação em 35 empreendimentos em andamento no Brasil, tanto no segmento comercial como no residencial. Comemorando o fato de estar atravessando bem a crise, Paim assegura que sua empresa continua investindo em seu futuro. Seu faro de negócios indica que, em breve, haverá um retorno em peso dos investidores
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Commerc... Página 9 de 10 estrangeiros ao mercado imobiliário brasileiro. "O Brasil ainda é prioridade e será um dos primeiros a voltar a receber investimentos estrangeiros. E estamos preparados para receber esse dinheiro", afirma. (JSO) Uma ideia que correu o mundo Em 1987, quando ainda predominavam máquinas de escrever e arquivos de aço, o gaúcho Enio Issa, aos 39 anos, decidiu montar uma pequena empresa de distribuição de equipamentos de informática. A modesta iniciativa tomou grandes proporções cerca de dez anos depois. O cenário de estabilidade econômica e crescimento do mercado de tecnologia criou o ambiente ideal para transformar a pequena empresa em uma gigante do setor. A Ação Informática tornou-se uma das principais distribuidoras IBM, Oracle, EMC, FSecure, Extreme, Vwware, RedHat e Novell. Neste ano, deve faturar R$ 500 milhões, um grande salto em relação aos R$ 312 milhões de 2008. Até aqui, esta seria apenas mais uma história de sucesso no universo corporativo. Mas o capítulo principal, que fez Enio Issa se destacar na multidão, está na sua estratégia diante da concorrência. Para dar um passo à frente dos rivais, ele lançou em 2005 um conceito inédito no setor de distribuição de informática, o de oferecer soluções em TI e locações de equipamentos. A proposta agradou a clientes e fornecedores, o lucro disparou 51% e abriu as portas para a conquista do mercado internacional. "Esse foi o nosso pulo do gato. Lançamos uma ideia tão inovadora que recebemos convites para atuar no mercado global. Foi nosso cartão de visita", disse o empresário, que adquiriu empresas no Exterior e passou a atuar forte em mercados como Colômbia, Uruguai e Argentina. "O próximo passo, ainda este ano, é o México." Mas os próximos passos não se limitam ao México. Ao superar o faturamento de R$ 500 milhões neste ano, a Ação Informática mergulhará no mercado financeiro. A companhia se prepara para um IPO assim que o crise internacional estiver domada. "É um caminho natural", resumiu Issa. Um caminho que faz sentido. Se a Ação Informática mantiver o atual ritmo de crescimento - em meio à crise -, o faturamento atingirá R$ 2 bilhões daqui a três anos. "Nunca estivemos tão preparados para isso." (HC) Do açougue aos R$ 10 bilhões Quando deixou o açougue do pai, na cidade de Mogi-Guaçu, interior de São Paulo, o jovem Marcos Molina, de apenas 16 anos, só pensava em se tornar um distribuidor de carnes. Seu sonho era se firmar como fornecedor de grandes restaurantes. Aos poucos, batendo de porta em porta, ele começou a conquistar a confiança do mercado. Para ter certeza do que vendia, criou sistemas que garantiam um padrão de qualidade ao alimento que repassava. E assim foi construindo sua história até que arrendou seu primeiro
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009
ISTOÉ Dinheiro - Revista Semanal de Negócio, Economia, Finanças e E-Comme... Página 10 de 10 frigorífico no ano de 2000. Desde então, nunca mais parou de crescer. Em 2007, durante a febre dos IPOs na Bovespa, ele abriu o capital de sua empresa, o Marfrig, e entrou num processo de expansão poucas vezes visto no mundo dos negócios. Nos últimos 36 meses, tendo como principal sócio o BNDES, ele comprou nada menos do que 36 empresas e, neste ano, sua companhia deve faturar R$ 10 bilhões. No mês passado, ele abriu a carteira para comprar as operações de abates de peru da Doux Frangosul, por R$ 65 milhões. E a compra não foi por acaso. "A fusão da Sadia e da Perdigão abriu espaço para uma segunda empresa no mercado, até porque nenhum comprador gosta de monopólio", disse à DINHEIRO. Nos próximos meses, ele pode estar prestes a fazer o seu grande negócio, o que seria a aquisição do frigorífico Bertin, uma empresa de R$ 3 bilhões ao ano. O segredo para tantas aquisições num curto espaço de tempo, segundo o empresário, está no velho jargão de "saber comprar". "Analisamos todas as empresas do mercado, mas só nos interessamos por aquelas que tragam algum tipo de sinergia", diz. Nessa brincadeira, ele já possui negócios na Argentina, Holanda, Irlanda e Inglaterra. É dono das marcas Pena Branca, Mabella, Montana, Chikenitos e Bassi. Na Argentina, possui a líder de mercado Paty. "Estamos testando essa marca no Rio Grande do Sul, que está indo muito bem", destaca. "Mas precisamos, sim, ter uma identidade nacional, que caia no gosto da população." Questionado se pensava em chegar tão longe aos 39 anos de idade, ele responde com um carregado sotaque do interior: "Não sei... Só sei que estou bem atolado de serviço." (Ibiapaba Netto)
http://www.terra.com.br/istoedinheiro/edicoes/615/imprime144466.htm
19/7/2009