Diplomação 1 - Orla da Cidade - Um Bairro para uma Brasília Contemporânea

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um bairro para uma brasília contemporânea

ORLA DA CIDADE



ORLA DA CIDADE ESTUDO PRELIMINAR 2/2016

LUISA CORREA DE OLIVEIRA 12/0017253 Universidade de Brasília Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Introdução ao Trabalho Final de Graduação Orientadora:

Prof. Dra. Giselle Chalub Martins Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB

Banca examinadora:

Prof. Dra. Mônica Gondim Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB Prof. Dr. Benny Schvarsberg Faculdade de Arquitetura e Urbanismo - UnB

Brasília - DF


SUMÁRIO


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INTRODUÇÃO

METODOLOGIA E CRONOGRAMA

REFERÊNCIAS

07 08 09

Objeto Objetivo Justificativa

Teóricas Projetuais Técnicas Estudos de Caso em Brasília

18 26 33 38

44

72

92

CARACTERIZAÇÃO

DIAGNÓSTICO

ESTRATÉGIAS

Localização Legislação Características físicas Sistema viário Uso e ocupação do solo Transecto Levantamento Fotográfico

45 48 54 60 63 68 69

Mapa de potencialidades Mapa de problemas Análise SWOT Análise de governança

73 74 75 85

110 BIBLIOGRAFIA

Conceitos e diretrizes Visão Projetos e políticas Linha do tempo Proposta de zoneamento

93 95 97 102 103


INTRODUÇÃO


OBJETO O projeto aqui apresentado desenvolvido para a disciplina Introdução ao Trabalho Final de Graduação de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de Brasília com o título “Orla da Cidade - Um Bairro para uma Brasília Contemporânea”, consiste na revitalização da Orla da Ponte JK, na SCES Trecho 2, visando entender e propôr formas de experimentação e ocupação da cidade mais sensíveis, sensoriais, inclusivas e sustentáveis. É conseguir conciliar uma ocupação do solo inteligente com a proteção ambiental e patrimonial.

Lago Paranoá. Foto: Carolina Garcia

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OBJETIVO O objetivo do projeto é promover conectividade com a cidade, por meio de um sistema viário articulado junto com diretrizes de mobilidade urbana, incentivar o encontro de pessoas e a diversidade de usos e aprimorar a relação terra-água como proteção ambiental e ferramenta de inclusão social, através da experimentação sensorial da paisagem. Para isso, serão propostas novas rotas de transporte público, ciclovias e corredores verdes que conectem a Orla e a cidade; implantação e padronização de mobiliário urbano e sinalização para criação de uma identidade para o lugar; novos equipamentos urbanos de lazer desenvolvidos especialmente para crianças e também para portadores de necessidades especiais; implantação de acessibilidade universal e uniformização das calçadas; desenvolvimento de paisagismo adequado; definição de gabaritos e retirada de barreiras; implantação de novas

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atividades no lago que promovam a sustentabilidade e a integração; redesenho das bordas água-terra com lugares para estar, contemplação e lazer mais próximos à água e definição de novos usos e tipos de lotes.

BIG Architects - Projeto para a Orla de Aarhus, Dinamarca. Fonte: https://www.archdaily.com


JUSTIFICATIVA “Os cursos d’água, ao longo da história, exerceram papel fundamental na estruturação das cidades. No imaginário coletivo associado a água, podemos encará-los como espaços livres públicos de convívio e lazer, marcos referenciais de caráter turístico ou mesmo demarcadores de território.”1 Porém, seu imenso potencial foi frequentemente negligenciado na produção da cidade. Nem sempre as funções desempenhadas pelos espaços das margens e, principalmente, os tipos de configuração desses espaços favorecem a interação entre os cidadãos, promovendo encontro e convívio social e garantindo a sua proteção ambiental. Por esse motivo, é necessário repensarmos esses espaços por meio de requalificação urbanística que preserve e ressalte a importância do maior monumento da escala bucólica de Brasília: o Lago Paranoá.

BOEGER, LOUISE. Lago para Todos - Brasília: FAU-UnB, 2013 1

Indo mais além, é tempo de pensarmos na sustentabilidade social de nossas cidades e em sua dimensão humana. Temos que criar oportunidades de encontro nos espaços de vivência e fortalecer as relações cotidianas que esses espaços propiciam. Todas as pessoas têm direito de usufruir da cidade e a natureza com todo o seu encanto, sutileza, sons e cheiros proporciona a mais sensível e aprazível das experiências. E por esse motivo, as mais inclusivas também. A natureza permite juntar pessoas de diferentes idades, etnias, portadoras de alguma deficiência, diferentes rendas, criando a riqueza da mistura, da diversidade e da inclusão. E transformar os espaços públicos em lugares atrativos é um dos desafios da urbanização. Para o arquiteto e urbanista Jan Gehl (2013), é importante criar cidades para as pessoas e para a qualidade de vida delas. São elas que transformam um espaço: “[...] Convide as pessoas para usar

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a cidade e existirão mais pessoas nas ruas.”2. De acordo com Gehl (2013), a escala humana é a mais importante das escalas e a mais convidativa, logo os espaços devem ser organizados a partir dela. Portanto, inspirada pela metodologia de planejamento que prioriza as pessoas, para alcançar os objetivos propostos no trabalho, procura-se estabelecer um projeto urbanístico para a Orla da Ponte JK, que seja capaz de integra-la ao seu entorno, promover segurança, conforto, prazer e acessibilidade aos seus usuários, enquanto propicia um crescimento inteligente da cidade. Para isso o projeto se apoia em referências teóricas, técnicas e projetuais que dão subsídios para a definição de diretrizes, criação de uma visão e o estabelecimento de uma metodologia para a realização dos trabalhos.

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Waterfront Regenaration of Maren - Carlos Dias. Fonte: https://www.worldlandscapearchitect.com

GEHL, JAN. Cidades para as pessoas - 1ed. - São Paulo: Perspectiva, 2013


METODOLOGIA E CRONOGRAMA


METODOLOGIA As referências estudadas demonstram que um espaço público vivo, sustentável e acessível deve ter diretrizes como: valorização da paisagem, desenho sensível à água, adoção da acessibilidade universal, distribuição dos modos de transporte, diversidade do uso do solo e na tipologia das edificações. Para implementação dessas diretrizes gerais o trabalho se dividirá em quatro etapas: A primeira trata da caracterização da área de estudo, que se inicia pela abordagem mais ampla do contexto urbano no qual a orla está inserida com sua evolução histórica e a documentação relacionada à área. Em seguida, a partir de limites viários, será definida a unidade ambiental de planejamento onde se dará a intervenção.

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A partir daí serão feitos mapas caracterizando a área sob os aspectos ambientais, do sistema viário e de uso e ocupação do solo. Na segunda etapa, será feita uma sobreposição dos mapas de caracterização para que se consiga chegar em um mapa síntese de potencialidades e outro de problemas, para que se proceda ao diagnóstico. O diagnóstico em si consistirá em uma análise SWOT identificando as oportunidades que o lugar oferece e quais são as fragilidades que devem ser minimizadas. Será realizada, também, uma análise de governança para o estudo de como seria feita a implantação do projeto e quais são os grupos sociais responsáveis pelo processo. A terceira etapa consiste na sumarização do estudo em conceitos e diretrizes e a consolidação de uma visão para a área.


INTERNO

FORÇAS

FRAGILIDADES

POSITIVO

NEGATIVO

OPORTUNIDADES

AMEAÇAS

Depois, será estruturada uma linha do tempo contendo os projetos, os processos e as políticas necessárias para que a intervenção aconteça do jeito planejado juntamente com os grupos sociais responsáveis. A quarta etapa é a elaboração do projeto em si. O projeto é composto de várias intervenções que somadas resultam em um todo completo. Por meio da organização dos projetos, junto com os conceitos, a visão pode ser concretizada de forma mais assertiva e planejada.

EXTERNO Esquema da Análise SWOT.

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2030

2029

2028

2027

2026

2025

2024

2023

2022

2021

2020

2019

PROJECTS

2018

RESOURCES

2017

ACTORS

2016

PASSOS OBJECTIVES

DIKE

WATER MANAGEMENT

GATE

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Estudo do contexto histórico e legislação pertinente à área;

2

Mapas caracterizando a área quanto aos aspectos bioclimáticos, do sistema viário e uso e ocupação do solo;

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Produção de mapa síntese de potencialidades e outro de problemas pela sobreposição dos mapas de caracterização;

WATER SQUARE

MUSEUM

WATER SPORT SCHOOLS

PUBLIC SQUARES

MULTIFUNCTIONALITY

PARKING

HOTEL

WATER CINEMA

SHUTTLE BUS

SOCIAL HOUSING SOCIETY

INVESTORS

MUNICIPALITY

EXPERTS

RESIDENTS

BUILDER

ACTORS

ACTORS

S.O.H.O. BUILDINGS

HUMAN

FINANCIAL

MATERIAL

Análise SWOT

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Criação dos conceitos, diretrizes e visão;

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Produção da linha do tempo com projetos e os atores sociais;

8

Hierarquização e elaboração dos projetos.

Análise de governança;

TEHNOLOGICAL

Exemplo de linha do tempo. Fonte: TU Delft Summer School Final Projects, Group F.

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Inspiração - BIG Architects - Projeto para a cidade de Aarhus, Dinamarca. Fonte: https://www.big.dk

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AGOSTO DOM SEG

TER

QUA QUI

SETEMBRO

SEX SAB

DOM SEG

TER

QUA QUI

SEX

SAB

CRONOGRAMA Para cumprir satisfatoriamente os objetivos propostos, foi elaborado um cronograma para realização de cada etapa do desenvolvimento do trabalho e as datas de entrega do Plano de Trabalho e do Trabalho Final da disciplina de Introdução ao Trabalho Final de Graduação de Arquitetura e Urbanismo. O cronograma teve início em 18 de agosto com a reunião para apresentação do plano de ensino da disciplina e término previsto para a semana dos dias 21 a 25 de novembro, quando ocorrerão as apresentações finais, conforme o calendário da disciplina.

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OUTUBRO DOM SEG

TER

QUA QUI

SEX

NOVEMBRO SAB

Reunião de apresentação inicial

Período das Bancas Intermediárias

Desenvolvimento do projeto

Adequação do trabalho às críticas da Banca

Preparação do material para entrega intermediária

Preparação do material para entrega final

Entrega intermediária

Entrega Final

Preparação da apresentação intermediária

Preparação da apresentação final

DOM SEG

TER

QUA QUI

SEX

Período das Bancas Finais

SAB


REFERÊNCIAS


REFERÊNCIAS TEÓRICAS CIDADE VIVA1 Conquanto a cidade viva e convidativa seja um objeto em si mesma, ela é também o ponto de partida para um planejamento urbano holístico envolvendo as qualidades essenciais que tornam uma cidade segura, sustentável e saudável. Quando os urbanistas ambicionam mais do que minimamente garantir que as pessoas caminhem e pedalem nas cidades, o foco se amplia de simplesmente proporcionar espaço suficiente para circulação, para o desafio, muito mais importante, de possibilitar que as pessoas tenham contato direto com a sociedade em torno delas. Por sua vez, isso significa que o espaço público deve ser vivo, utilizado por muitos e diferentes grupos de pessoas. A experiência da vitalidade na cidade não se limita à quantidade. A cidade viva é um

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conceito relativo. Poucas pessoas em uma rua estreita de uma cidadezinha podem, com facilidade, apresentar uma imagem viva, animada. O que importa não são números, multidões ou o tamanho da cidade, e sim a sensação de que o espaço é convidativo e popular; isso cria um espaço de significado. A cidade viva precisa de uma vida urbana variada e complexa, onde as atividades sociais e de lazer estejam combinadas, deixando espaço para a necessária circulação de pedestres e tráfego, bem como oportunidades para participação nesse universo. Essas são as qualidades precisas que podem ser utilizadas com vantagem no urbanismo moderno. As palavras-chave para estimular a vida na cidade são: rotas diretas, lógicas compactas; espaços de modestas dimensões; e uma clara hierarquia segundo se escolhe os espaços mais importantes.

GEHL, JAN. Cidades para as pessoas - 1ed. - São Paulo: Perspectiva, 2013


CIDADE SUSTENTÁVEL1 O conceito de sustentabilidade tal como aplicado às cidades é amplo, sendo o consumo de energia e as emissões dos edifícios apenas uma das suas preocupações. Outros fatores cruciais são a atividade industrial, o fornecimento de energia e o gerenciamento de água, esgoto e transportes. Transporte é um item particularmente relevante na contabilidade verde, porque é responsável por um consumo massivo de energia, pelas consequentes emissões de carbono e pela pesada poluição. Priorizar o pedestre e as bicicletas modificaria o perfil do setor de transportes e seria um item expressivo nas políticas sustentáveis em geral. O tráfego de bicicletas e pedestres utiliza um volume menor de recursos e afeta menos o meio ambiente do que qualquer outra forma de transporte. Os usuários fornecem a energia e esta forma de transporte é barata, quase silenciosa e não poluente. 1

Para uma dada distância, a taxa relativa de consumo de energia do ato de pedalar em relação ao caminhar e a de dirigir é de um para três para 60 unidades de energia. Em outras palavras, pedalar vai levar você três vezes mais longe do que caminhar, com a mesma quantidade de energia. Um carro consome sessenta vezes mais energia que pedalar e vinte vezes mais que caminhar. Boa paisagem urbana e bom sistema de transporte público são dois lados da mesma moeda. A qualidade das viagens entre os pontos de ônibus e estações têm influência direta sobre a eficiência e qualidade dos sistemas de transporte público. Sustentabilidade social é um conceito amplo e desafiador. Parte do seu foco é dar aos vários grupos da sociedade oportunidades iguais de acesso ao espaço público e, também, de se movimentar pela cidade.

GEHL, JAN. Cidades para as pessoas - 1ed. - São Paulo: Perspectiva, 2013

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A igualdade é incentivada quando as pessoas caminham e andam de bicicleta, em combinação com o transporte público. Mesmo sem seus carros, as pessoas devem ter acesso ao que a cidade oferece e à oportunidade para uma vida cotidiana sem restrições impostas por opções ruins de transporte. A sustentabilidade social também tem uma importante dimensão democrática que prioriza acessos iguais para que encontremos “outras pessoas” no espaço público. Um pré-requisito geral é um espaço público bem acessível, convidativo, que sirva como cenário atraente para encontros organizados ou informais. Para alcançar a sustentabilidade social, as tentativas das cidades devem extrapolar as estruturas físicas. Se a meta é criar cidades que funcionem, os esforços devem concentrar-se em todos os aspectos, do ambiente físico e das instituições sociais aos aspectos

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culturais menos óbvios, que pesam na forma como percebemos os bairros individuais e as sociedades urbanas.

Família andando de bicicleta em Copenhagen. Fonte: https://www.copenhagenize.com


TOPOFILIA2 A palavra “topofilia” é um neologismo, pode ser definida de forma abrangente para incluir todos os laços afetivos humanos com o meio ambiente. Estes diferem bastante em intensidade e modos de expressão. A resposta ao meio ambiente pode ser primeiramente estética: pode variar do prazer passageiro que se tem de uma vista ou do igualmente passageiro, mas muito mais intenso do que o senso de beleza que é revelado de repente. A resposta pode ser tátil, um prazer com a sensação da água, do ar e da terra. Mais permanentes e menos fáceis de expressar, são os sentimentos que alguém tem em relação a algum lugar porque é sua casa, lugar de memórias e de vida. Topofilia não é a mais forte das emoções humanas. Quando é atraente, pode-se ter

certeza que o lugar se tornou fonte de eventos carregados emocionalmente ou é percebido como um símbolo. A superfície da terra é muito variada. Mesmo um contato casual com sua geografia física e abundante forma de vida nos diz muito e os meios que as pessoas percebem tudo isso são muito variados. Duas pessoas não vêem a mesma realidade. E a percepção dos lugares se dá de forma variada. Os seres humanos têm muito mais meios de responder ao mundo do que só os cinco sentidos, mas é a partir deles que vamos estabelecer o estudo. De todos os tradicionais cinco sentidos, o homem é mais conscientemente dependente da visão para realizar suas atividades cotidianas do que dos outros sentidos. No entanto, tempo e experiência são necessários para ter um desenvolvimento total da visão tridimenssional.

TUAN, YI-FU. Topophilia: A study of Environmental Perception, Attitudes and Values - New York: Columbia University Press, 1990

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O tato fornece ao ser humano uma vasta quantidade de informações acerca do mundo. O sentido fundamental do toque é trazido quando refletimos que uma pessoa sem visão é capaz de operar com um grau elevado de eficiência no mundo, mas sem o tato é improvavél que ela sobreviva. O tato é a experiência direta da resistência, uma experiência direta do mundo como um sistema de resistências e pressões, que nos persuadem de sua existência como uma realidade independente da nossa imaginação. A audição nos proporciona sentimentos mais profundos do que a visão. O barulho da chuva, que escoa pelas folhas, o som de um trovão, o assovio do vento na grama alta e um choro agoniado nos excita em um nível que a imagem visual pode apenas raramente corresponder. Em parte, provavelmente, isso acontece porque não podemos fechar os nossos ouvidos para o som como fazemos com nossos olhos. Nós nos sentimos mais

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vulneráveis ao som. “Ouvir” tem a conotação passiva, enquanto ”ver” não tem. O olfato tem o poder de evocar vívidas e carregadas memórias de eventos passados e cenas. Nós não podemos recaptular completamente o sentimento essencial de um mundo visual que pertence ao nosso passado sem a experiência sensorial que não mudou, por instância, o cheiro forte de alguma coisa específica. Responder ao mundo através da visão difere de fazer isso através dos outros sentidos em muitos aspectos importantes. Por exemplo, “ver” é objetivo, mas nós temos a tendência de desacreditar a informação que ouvimos. Ver não envolve nossas emoções profundamente. A pessoa que apenas vê é um observador, não se envolve com a cena. Um mundo percebido pelos olhos é mais abstrato do que o que é conhecido por nós pelos outros sentidos. Portanto, a experiência deve ser multissensorial.


CIDADES INTELIGENTES3 Por que as metrópoles contemporâneas compactas - densas, vivas e diversificadas nas suas áreas centrais - propiciam um maior desenvolvimento sustentável, concentrando tecnologia e gerando inovação e conhecimento do seu território? A reinvenção das metrópoles contemporâneas, no século 21, passa pelos novos indicadores que mostram oportunidades em termos de cidades mais sustentáveis e mais inteligentes do que as que cresceram e se expandiram sem limites no século 20. O desenvolvimento sustentável é o maior desafio do século 21. A pauta da cidade é da maior importância para todos os países pois: dois terços do consumo mundial de energia advêm das cidades, 75% dos resíduos são gerados nas cidades e vive-se um processo dramático de esgotamento dos

recursos hídricos e de consumo exagerado de água potável. A democratização das informações territoriais com os novos sistemas de tecnologia da informação e comunicação deve favorecer a formação de comunidades participativas além de e-governance: serviços de governo inteligente mais ágeis, transparentes e eficientes, pelo compartilhamento de informações. Ou seja, as cidades inteligentes, podem e devem alavancar a otimização da vida urbana, seja com serviços avançados na cidade formal, seja nas novas oportunidades nos territórios informais. Dois fatores essenciais para que as transformações aconteçam são: planejamento e gestão eficientes, contínuos e de longo prazo; implementação de agências de redesenvolvimento urbano-econômico específicas. Isso permitirá o crescimento das cidades sem a necessidade de esgotamento dos

LEITE, CARLOS. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: Desenvolvimento sustentável num planeta urbano - Porto Alegre: Bookman, 2012

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recursos naturais. Crescimento esse apoiado pela promoção de compacidade do espaço urbano, pelo uso misto do solo e pelo compartilhamento de equipamentos, promovendo a eficiência no uso de recursos, o uso efetivo da cidade por seus habitantes e, consequentemente, eliminando as barreiras à integração social.

Cidade atual Conceitos superados Modelo esgotado

Cidade inteligente Atuação pública

Atuação corporativa Atuação da sociedade

Indicadores de expansão Fonte: LEITE, CARLOS. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: Desenvolvimento sustentável num planeta urbano - Porto Alegre: Bookman, 2012

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Conceitos novos Modelos contemporâneos Indicadores sustentáveis


SÍNTESE DIVERSIDADE DESENHO PARA DE USOS E DESENHO ESPAÇOS DE MOBILIDADE TIPOLOGIAS PROTEÇÃO DESENHO AMBIENTAL INCLUSIVO DA PAISAGEM ENCONTRO

PLANEJAMENTO A LONGO PRAZO

CIDADE VIVA CIDADE SUSTENTÁVEL TOPOFILIA CIDADES INTELIGENTES

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REFERÊNCIAS PROJETUAIS PROJETO DO REUSO DA ÁGUA DO PARQUE DE SYDNEY Localização: Sydney Park Rd, Australia Designer: Turf Design Studio, Environmental Partnership, Alluvium, Turpin + Crawford, Dragonfly and Partridge Ano do projeto: 2015 Área: 160000m2 Este projeto forma o maior projeto ambiental da Cidade de Sydney até o presente, construído em parceria com o Governo Australiano através do Plano Nacional de Água Urbana e Plano de Dessalinização. É um componente essencial da Sydney Sustentável 2030; onde 10% da demanda da água deve ser suprida com o reuso da água estocada e reutilizada no parque. A cidade também apreendeu a oportunidade única de usar o que era essencialmente um projeto de infraestrutura para dar vida ao parque - como uma recreação vibrante

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e um ativo ambiental para Sydney. O governo engajou o time de designers que orquestrou uma intensa e multidisciplinar colaboração cruzando design, arte, ciência e ecologia. O resultado é uma interligada série de infraestruturas comunitárias e sistemas de reuso da água artificiais, recreação, biodversidade e habitat todos integrados no tecido físico do Parque de Sydney. O Parque agora oferece uma experiência de recreação melhorada à comunidade da cidade, indo além do pitoresco: criando ao invés disso uma revitalizada multifacetada paisagem da água que celebra a conexão entre pessoas e lugar. Depois de um intenso processo de ajustes, o projeto de reuso da água está agora totalmente operacional e intrinsicamente ligado aos ajustes do Parque. As biovaletas não apenas capturam e limpam o equivalete a 340 piscinas olímpicas de água por ano, mas também melhoram com sucesso


a qualidade da água local, reduzindo o consumo de água potável na área. A fauna e a flora do Parque estão prosperando com o novo sistema. As funções e processos da retenção e limpeza da água são melhorados através das visíveis declividades e cursos d’água através da paisagem. Novos passeios intersectam as áreas molhadas permitindo que os usuários do parque explorem e descubram momentos na paisagem que podem ser hora recreativos, hora dramáticos e pacíficos, mas sempre conectados com a narrativa de captura, movimento e limpeza da água.

Vista aérea do Parque. Fonte: https://www.archdaily.com

Conceitos que contribuem para a Orla da Cidade: - reuso da água; - água, flora e fauna como integração entre pessoas e pessoas e lugar; - tecnologia de manejo da água; - multidisciplinaridade; - natureza como recreação e ferramenta geradora de recursos. Família brincando com a água. Fonte: https://www.archdaily.com

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Cortes da infraestrutura da รกgua. Fonte: https://www.archdaily.com

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Planta baixa do Parque. Fonte: https://www.archdaily.com


REATIVAÇÃO DA ORLA DE AARHUS Localização: Aarhus, Dinamarca Designer: Bjarke Ingels Group, GEHL Architects, Anpartsselskabet Kilden & Mortensen, CASA, MOE. Ano do projeto: 2017 Área: 100000 m² O empreendimento (que será realizado em etapas) trará vida para a orla do porto, dando importância à esfera pública ao organizar os sete edifícios residenciais do projeto em meio a uma série de atividades recreacionais e culturais, incluindo uma área balneária, piscinas, teatro e cafés distribuídos ao longo de um passeio público. Cada um dos sete edifícios será único - variando de estruturas baixas a edificações em altura - e incluirá um pátio privado para seus moradores. Nichos de novos espaços públicos

ocuparão os espaços entre as edificações em direção ao passeio da orla, estrutura que conectará os habitantes a um porto existente, à praça Nikoline Kochs Plads e ao centro da cidade. Ao projetar o espaço público como o primeiro passo, o masterplan cuidadosamente mistura programas públicos com residências privadas, criando uma nova e dinâmica área urbana onde as esferas públicas e privadas convergem. Conceitos que contribuem para a Orla da Cidade: - desenho dos espaços da orla de forma dinâmica; - construções de uso misto variadas; - relação de espaços públicos e privados; - alternativas de lazer que integram o meio natural, como por exemplo as piscinas criadas dentro do rio.

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Espaço público pode ser realmente público. Fonte: https://www.archdaily.com

Espaços de lazer: piscinas, decks, passarelas e anfiteatro. Fonte: https://www.archdaily.com

Criação do espaço público antes do espaço privado. Fonte: https://www.archdaily.com

Edifício residencial, promenade comercial e espaços de estar e contemplação. Fonte: https://www.archdaily.com Modelo físico da proposta da orla. Fonte: https://www.archdaily.com

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SUNDBYEN - Proposta para a frente do porto Localização: Alesund, Noruega. Arquitetos: JAJA Architects Ano do projeto: 2016 O projeto é baseado na identidade existente do lugar e sua proximidade com a água. O projeto ressalta as qualidades existentes da cidade, as interpreta e cria uma coerência natural entre lugar, história e desenvolvimento futuro. A escala dos edifícios e as formas propostas são muito atraentes e a estrutura apresenta uma boa conexão com a cidade existente. Redefine e mantém qualidades que a cidade já tem: espaços públicos perto da água são implementados de uma maneira muito simples, sem a necessidade de cavar canais ou remover muito do que já existe no local atualmente.

Sundbyen é um projeto que destaca, melhora e conecta as qualidades naturais de Alesund em uma única unidade coerente. Historicamente, a cidade é conhecida e respeitada por sua tradição na pesca. Por esse motivo, tem muitas casas características no porto, juntamente com mercados e lojas. O porto sempre foi e ainda é muito importante no dia-a-dia da cidade. O empreendimento do porto cria uma extensão da história e uma âncora para o futuro. Desenvolve a água como recreação, possibilidade estética e funcional no centro urbano. Uma rede de conexões conecta a água e as áreas urbanas e cria um centro urbano mais coerente e acessível. Os edifícios variam entre uso misto e uso residencial e sua morfologia cria um jardim interno restrito aos moradores. O restante da área é 100% pública, criando um espaço vivo e muito utilizado pelos habitantes da cidade.

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Conceitos que contribuem para a Orla da Cidade: -

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uso misto; uso residencial; conexão com o passado e o futuro da cidade; uso da água como parte do projeto; espaços públicos relacionados com o mar;

Imagens do projeto. Fonte: https://www.archdaily.com


REFERÊNCIAS TÉCNICAS ACESSIBILIDADE UNIVERSAL Possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos. É o acesso universal ao espaço público para todas as pessoas e suas diferentes necessidades, respeitando os princípios de independência, autonomia e dignidade. Deve ser vista como parte de uma política de mobilidade urbana que promova a inclusão social, a equiparação de oportunidades e o exercício da cidadania. As dificuldades, limitações e impedimentos vão desde o simples deslocamento até a mais complexa utilização do espaço. É preciso empregar desenhos universais que promovam a igualdade e a inclusão em seu emprego. 1

Fonte: NBR 9050

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objeto norma vaga para idoso 5% das vagas existentes vaga para deficiente 2% das vagas existentes tamanho de vaga para deficiente 5,0m de comprimento e 2,5m de largura faixa de circulação para deficientes 1,2m de largura e 2,2m mínimo de comprimento calçadas largura mínima de 1,8m Vista aérea do Parque. largura de rampa mínimo de 1,2m Fonte: https://www.archdaily.com inclinação máx. de rampas. obedecer a regra i= h x100 c (i=inclinação; h= altura do desnível; c= comprimento da projeção horizontal Tabela 04 - Normas para acessibilidade Fonte: NBR 9050

Balanço para cadeirantes Fonte: http://acessobrasil.wordpress.com

Piso tátil Fonte: http://poracaso.com

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CONFORTO AMBIENTAL A presença das árvores no cotidiano social é muito importante. A arborização de um espaço pode reestabelecer a relação entre homem e meio natural contribuindo para a qualidade de vida na cidade. Além disso, apresenta outros benefícios como proteção contra ventos, função paisagística, diminuição de poluição sonora, sombreamento, absorção de poluição atmosférica, criando lugares agradáveis para encontros, descanso e brincadeiras. Para tanto, é importante escolher espécies arbóreas que convivam em harmonia com o pedestre, as calçadas, o asfalto, as tubulações, etc. Elas devem estar de acordo com o espaço aéreo e subterrâneo disponível. - calçada mínima para plantio de árvore: 2,4m; - Faixas permeáveis ao redor de árvores: 2m2(árvore pequeno porte) e de 3m2(árvore de médio/ grande porte).2

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Fonte: Secretaria Municipal do Urbanismo e Meio Ambiente - SEUMA

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No caso de Brasília é interessante que se utilize espécies endêmicas do cerrado valorizando os tempos de floração e incentivando a sua preservação. O conforto ambiental se estende também para o conforto higrotérmico, que é obtido sempre que se consegue manter um equilíbrio entre as necessidades do corpo em cada atividade que está sendo desempenhada, pode ser promovido com o sombreamento de caminhos e quadras de esportes, por exemplo. O conforto sonoro é igualmente importante, demandando cuidado especial no zoneamento das atividades para não haver conflitos e apoio da vegetação para proteção sonora. Para o conforto luminoso é necessário sombreamento adequado para previnir ofuscamento e iluminação artificial eficiente incentivando a permanência e/ou passeios em segurança.


AMENIDADES São elementos existentes em vias públicas que buscam atender as necessidades do usuário como iluminação, informação, descanso, ornamento, lazer etc. Tem como função integrar a cidade, fornecer prestação de serviço, prover conforto ao usuário, apoiar atividades vinculadas e também função simbólica. Para que formem uma identidade, devem ser harmônicos com cores que possibilitem sua fácil compreensão e cada elemento deve ter sua própria identidade que se identifique com todo o conjunto. Seu desenho ajusta-se a diferentes contextos e às necessidades do usuário, maior durabilidade e menor manutenção. Pode ser classificado como permanente ou temporário.

Exemplos de amenidades Fonte: https://www.pinterest.com

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SEGURANÇA

TRAFFIC CALMING

A estruturação urbana deve ser capaz de garantir segurança para seus usuários, portanto o planejamento do espaço é extremamente importante. Garantir vias bem iluminadas e bem sinalizadas diminui os acidentes envolvendo carros e pedestres; escolher árvores que não obstruam a iluminação e a calçada, proporcionam maior segurança e conforto aos usuários; projetar calçadas que comportem o fluxo de pedestres evita que estes caminhem pela via dos carros; evitar anúncios luminosos e holofotes que ofusquem a visão do motorista. Esses são pequenos cuidados que devem ser tomados, pois podem garantir mais segurança aos usuários do espaço.

Termo, através da engenharia de tráfego, que define a aplicação de regulamentação e de medidas físicas, desenvolvidas para controlar a velocidade dos motoristas e garantir a segurança viária e do meio ambiente. São medidas moderadoras de tráfego que estabelecem o planejamento urbano como um processo de modernização com preservação e qualificação dos espaços urbanos incentivando o tráfego de pedestres, o ciclismo, o transporte público e a renovação urbana. Rua revitalizada com traffic calming Fonte: https://www.pinterest.com medidas ondulações plataformas mudança de revestimento vegetação/paisagismo mobiliário e iluminação

Medidas moderadoras de tráfego Fonte: BHTRANS

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objetivos redução da velocidade atravessar a via sem mudança de nível melhor aparência da via definir espaços e funções urbanas incentivar o uso dos espaços públicos, aumentar a segurança do pedestre


DESENHO URBANO SENSÍVEL A ÁGUA3 Um dos grandes desafios para os planejadores do espaço urbano está em conciliar as demandas para a sobrevivência do ser humano (água, energia, produção de alimentos, abrigos e tratamento de resíduos) de forma sistêmica com densidades de ocupação e seus benefícios sociais em equilíbrio com os processos naturais como o ciclo da água urbano.8 A concentração de pessoas em áreas urbanas drasticamente altera fluxos de água, sedimentos, substâncias químicas e microorganismos, e aumenta a emissão de calor residual (UNESCO, 2008). Por esses motivos, é interessante que se promova o desenho urbano com a precupação do manejo da água.

Desenho esquemático de um jardim de chuva Fonte: WSUD. Water Sensitive Urban Design Program. City of Melbourne WSUD guidelines applying the model WSUD guidelines. Melbourne Water,

WSUD. Water Sensitive Urban Design Program. City of Melbourne WSUD guidelines applying the model WSUD guidelines. Melbourne Water, 2008. 3

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ESTUDOS DE CASO EM BRASÍLIA PROJETO ORLA O Projeto Orla foi uma proposta urbanística desenvolvida em 1995 para a orla do Lago Paranoá. O mesmo tem uma extensão muito grande e engloba 11 pólos de desenvolvimento, um calçadão, empreendimentos de hospedagem, comércio e lazer além de ciclovias e vias de baixa velocidade para carros. A intenção era que se tivesse também usos náuticos e atividades tanto durante o dia como a noite. O projeto foi idealizado para ser uma parceira público-privada. Os 11 pólos apresentam um programa de necessidades quase idêntico, com algumas variações como museu ou espaço de exposição em alguns deles. O pólo que contempla a área de projeto deste Trabalho Final de Graduação, é o 6: “Centro de Lazer Beira-Lago - Numa área de 80.000m2 , junto ao acesso a Terceira Ponte do Lago Sul, localiza-se um Centro Comercial e de

38

1

GDF. Projeto Orla - Brasília, Editora Prática, 1995.

Diversões, onde poderão se instalar bares, restaurantes, fast-foods, cinemas, comércio, lojas de conveniências, espaço para arte e cultura além de uma Marina Pública.”1 A proposta do projeto é bastante interessante e apresenta propostas que a população de fato demanda, como apoio à esportes náuticos e cinema em um local público. A preocupação é que a extensão da área é muito grande para abrigar apenas usos comerciais e atividades de lazer, podendo esta se tornar ociosa e consequentemente mal cuidada e não utilizada pelos cidadãos.


Perspectiva da orla do Pólo 6. Fonte: GDF. Projeto Orla - Brasília: Editora Prática, 1995 - P.19

Corte do Centro de Lazer Beira Lago. Fonte: GDF. Projeto Orla - Brasília: Editora Prática, 1995 - P.19

39


PONTÃO DO LAGO SUL Situado no Lago Sul, o local apresenta atrativos como: restaurantes de alto padrão, quiosques, áreas verdes, calçada à beira d’água, mini parquinho para crianças, píers e espaços e estruturas para abrigar eventos esportivos e culturais. O projeto foi feito e é administrado pela iniciativa privada. Assim como os outros projetos desse tipo, o espaço fica restrito a inúmeras áreas verdes ociosas sem verdadeira integração com o lago e o percurso de calçadas e não há incentivo a outros meios de transporte além dos carros. A forma como o projeto foi desenvolvido (iniciativa privada) também prejudica a democratização de seu uso, como a política de proibição de fotos profissionais, por exemplo.

40

Pontão do Lago Sul Fonte: Acervo Pessoal


DECK SUL Desenvolvido pelo GDF, com previsão de conclusão para o final do ano de 2016, o projeto faz parte da recuperação do conjunto urbanístico da Orla do Lago Paranoá. O projeto será implantado próximo a Ponte das Garças e engloba ciclovias, pista de corrida, parque infantil, Ponto de Encontro Comunitário, pista de skate, quadras poliesportivas e calçadas em toda a sua extensão. Serão mais de 500 metros de decks de madeira com 6 metros de largura, 7 mil metros quadrados de calçadas, 12 mesinhas com sombreiros, jogos de xadrez e dama, bancos de madeira e de concreto, chuveiros, umidificadores de ar e um estacionamento para 152 carros. O projeto tende a ser mais uma intervenção exclusivamente paisagística, sem uso noturno e com acesso prioritário para carros.

O programa de necessidades é bem parecido com o que já existe nos outros locais públicos na orla do lago. Não há variedade de usos em sua ocupação.

Ponte das Garças Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2015/12/25/interna_cidadesdf,511888/governo-lanca-obr as-para-construcao-de-area-de-lazer-no-lago-paranoa.shtml

41


DECK NORTE O calçadão da Asa Norte é um espaço de vivência nas margens do Lago Paranoá. A área tem praça, deck, ancoradouro, parquinhos para crianças, circuitos para caminhadas, equipamentos de ginástica e estacionamento para cem veículos. No local é possível alugar passeios de lancha e caiaque, por exemplo. O espaço possui dimensões modestas e por isso seu espaço está sempre movimentado sem áreas ociosas. A proximidade do lugar com a área residencial da Asa Norte contribui para que seu uso seja constante. A interação com a natureza é de contemplação, mas também há o incentivo à prática de esportes náuticos.

42

Deck Norte Fonte: http://www.g1.globo.com


LAKESIDE O Lakeside é um dos muitos condomínios residenciais privativos às margens do Lago Paranoá. O lugar possui: piscinas, quadras, centro de convenções, restaurantes, playground, spa, academia, lavanderia além de flats ou apartamentos de 3 quartos para alugar, todos mobiliados. Toda a área do condomínio é completamente cercada, tornando a orla do lago privada nesse local. As construções são bem próximas do mesmo, o que contribui para o gosto dos moradores mas não para a preservação ambiental.

O projeto dos condomínios não previu uma melhora da mobilidade urbana. Dessa forma, para chegar até o local a maioria dos moradores necessita de veículos particulares.

Esse tipo de condomínio foi muito bem aceito pela população da cidade devido ao conforto e segurança de morar em um local equipado de toda a infraestrutura citada anteriormente em frente à paisagem do lago. Porém, o uso das margens fica restrito aos moradores dos apart-hotéis, contrariando a ideia original de democratização da orla imaginada por Lúcio Costa e a legislação vigente. Condomínio Lakeside Fonte: Acervo Pessoal

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CARACTERIZAÇÃO


LOCALIZAÇÃO O Lago Paranoá foi represado artificialmente no período chuvoso dos anos 1959 e 1960 para recreação e paisagismo. Os cursos que originaram o lago integram a bacia do Rio Paranoá, sendo eles: Riacho Fundo, Ribeirão do Gama, Córrego Cabeça de Veado, Ribeirão do Torto e Córrego Bananal. Foi inaugurado em 12 de setembro de 1959, aniversário do presidente Juscelino Kubitschek. 1 Situa-se na cota 1.000 acima do nível do mar. Apresenta aproximadamente 80 km de perímetro, superfície de 39,48 km2, volume de 560x106 m3, profundidade máxima de 38 metros e média de 14,8 metros. A Bacia Hidrográfica do Lago Paranoá ocupa uma área de 1.010 km2 e engloba as Regiões Administrativas do Plano Piloto, Lagos Sul e Norte, Paranoá, Núcleo Bandeirante e Guará.

FONSECA, FERNANDO (organização). Olhares sobre o Lago Paranoá Brasília: Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos, 2001 1

45


A área específica escolhida para a intervenção projetual está localizada na SCES Trecho 2, na Orla da Ponte JK. Um dos motivos da escolha do sítio foi a vista da ponte, o que favorece o potencial turístico, econômico e de lazer do local. O segundo motivo é justamente o descaso atual com o primeiro. O espaço beira-lago atualmente não é explorado o quanto e como deveria ser, as atividades e os espaços comerciais não contemplam todas as classes sociais e faixas etárias, o sistema viário e o plano de mobilidade urbana favorecem apenas um modal de transporte e os lotes são muito grandes limitando a ocupação do local e o crescimento da cidade. A idéia é potencializar a beleza e a importância do lugar amplificando seu uso, a conectividade com a cidade e integrar tudo isso à sua preservação ambiental. Ponte JK. Foto: Carolina Garcia

46


N

BOSQUE DOS CONSTITUINTES

CCBB

CLUBE DE GOLFE

SETOR DE CLUBES SUL

PONTE JK

LAGO PARANOÁ

LAGO SUL

1000 100 250 500 METROS

DF - 004 - Estrd. Parque das Nações (Via L4) Ponte JK Via N1 Leste SCES Trecho 2 SCES Trecho 3 EPJK EPDB Área específica de projeto

A Orla da Ponte JK está localizada em uma área estratégica da cidade. É interligada pelas Vias L4 e SCES Trecho 2 e está inserida no Setor de Clubes Esportivos Sul, muito próxima das construções emblemáticas como o Centro Cultural Banco do Brasil e o Campo de Golfe. Do outro lado da margem do lago, interligada pela ponte JK, está o bairro residencial Lago Sul.

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LEGISLAÇÃO Plano de Preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília - PPCUB f) O Lago Paranoá1 O sistema hídrico de Brasília tem como principal elemento o Lago Paranoá, represado a partir de quatro riachos tributários: Riacho Fundo, Gama, Torto e Bananal. O suave relevo da bacia do Paranoá foi altamente determinante para a configuração da proposta vencedora do Plano Piloto, cujo formato de “aeroplano” se acomoda em suas margens. As asas residenciais se afastam do Lago deixando a borda reservada para passeios e amenidades da população. As baixas densidades construtivas e as atividades rarefeitas (clubes, balneários, restaurantes) permitem que dos pontos mais altos da cidade se usufrua das vistas em direção ao lago.

48

b) Faixa lindeira ao Lago Paranoá1 Toda esta área, ao ser parcelada em 1960 pela Novacap, não previu a servidão de contorno ao longo do Lago como sugerida por Lucio Costa, permitindo que naqueles setores localizados nas margens houvesse ocupações atingindo a borda do Paranoá. A inexistência de vias ou calçadas de acesso aos lotes também deixou as margens do Lago pouco acessíveis ao público e, ao mesmo tempo, vulneráveis à ocupação irregular das áreas públicas lindeiras aos lotes. A partir de empreendimentos de grande porte, sejam hoteleiros ou de flats, a orla do Lago Paranoá tem apresentado grandes extensões privatizadas, impedindo o acesso contínuo à mesma. As regras de ocupação em vigor em seus efeitos sobre a paisagem e o uso da orla contrastam com aquelas empregadas nas suas primeiras construções.

GDF - Plano de Preservação para o Conjunto Urbanístico de Brasília Relatório Diagnóstico - Subproduto B - Relatório Consolidado - Volume 1 1


• a escala de inserção dos elementos novos na paisagem é excessiva, não assegurando uma articulação dos prédios entre si e desses com a orla. • as alturas limites e as taxas de ocupação permitidas criam bloqueios visuais incompatíveis com o lugar e com o sentido da escala bucólica. • os recuos laterais exigidos são insuficientes para garantir a permeabilidade necessária. 6.7.3.6 Orla1 Com relação à área da orla situada nos limites do conjunto tombado, verifica-se conflito entre a concepção do Plano Piloto e o estabelecido nas diversas NGBs que regraram os setores situados na Orla, bem como com relação à situação fática. Neste ponto convém transcrever as orientações do Relatório do Plano Piloto, de Lúcio Costa, para esta região:

“Evitou-se a localização dos bairros residenciais na orla da lagoa, a fim de preservá-la intacta, tratada com bosques e campos de feição naturalista e rústica para os passeios e amenidades bucólicas de toda a população urbana. Apenas os clubes esportivos, os restaurantes, os lugares de recreio, os balneários e núcleos de pesca poderão chegar à beira d’água.” A descrição induz à interpretação de que deveriam ter sido estabelecidos padrões restritivos para a implantação de edificações, por meio do estabelecimento de baixa taxa de ocupação, alta taxa de área verde e permeável, coeficiente de aproveitamento baixo (ou taxa de construção, como consta em algumas NGBs) e também um limite de altura baixo. Além disso, pode indicar ainda que deveria ser reservada, ao longo da margem, área para circulação pública.

GDF - Plano de Preservação para o Conjunto Urbanístico de Brasília Relatório Diagnóstico - Subproduto B - Relatório Consolidado - Volume 1 1

49


Analisando-se então o documento do PPCUB, percebe-se que não há um consenso ou uma clareza de informações a respeito da Orla do Lago. Há sempre um conflito entre o que foi escrito no Relatório do Plano Piloto e o que realmente acontece hoje. Isso acontece, principalmente, por conta do desenvolvimento da cidade, que demanda novos usos diferentes do que foi pensado 60 anos atrás. Dessa forma, entende-se que o uso público do lago e sua preservação devem sim ser mantidos, mas a forma como está hoje a legislação, com a privatização dos clubes e imensos lotes comerciais, não garante essa condição. Assim, consciente das recomendações que se deve evitar uso residencial no SCES, a proposta do trabalho é criar uma nova forma de pensar a orla do lago, como uma sugestão complementar às normas vigentes, apostando em novas conformações tipológicas dos lotes já

50

existentes no Setor de Clubes, transformando seu uso, atreladas ao desenho da paisagem da orla em si, garantindo o uso público, e utilizando o uso privado (com os devidos parâmetros de utilização) como instrumento que mantém os espaços vivos e utilizados pelas pessoas, garantindo segurança e evitando a ociosidade dos mesmos. SCES - Setor de Clubes Esportivos Sul1 O Setor é constituído de grande número de lotes destinados a clubes que chegam até às margens, portanto a orla do lago está bastante privatizada e seletiva. A via L4 vai se distanciando da margem do lago, tornando este trecho mais monótono, com ausência de marcos referenciais da paisagem e sem que seja explorada a floração, cor ou texturas da vegetação utilizada.


Quadro 1 - Situação de ocupação dos lotes Quadro 2 - Destinação e quantitativos de lotes das áreas estudadas Usos Institucional (clubes)

Comercial

Atividades Entidades esportivas Comercial Bares, restaurantes Boates,lojas Restaurantes Shopping Farmácia

No de lotes Total lotes/uso 102 48 09 11 02 01 01

72 (32,88%)

Hotel

09

09 (4,11%)

Institucional

Organismos internacionais

10

10 (4,57%)

Camarins Concha Acústica Bilheteria Museu Bienal Escola de Artes Parque de Ciência

01

Institucional

Ensino e pesquisa

04

4 (0,45%)

Institucional

Marina

02

2 (0,45%)

Institucional (órgãos e entidades)

01 01 01 01 01 01

Telebrás CAESB Capitania dos portos Bombeiros DNPVN IBAMA Estação de lixo

01

Posto Policial

01

Centro Cultural Banco do Brasil

01

02 01 02 01 01 02

total

Fonte: Caracterização da Orla do Lago Paranoá e o seu Modelo de Desenvolvimento Perímetro Tombado.

No de Lotes

Percentual (%)

Edificados

110

50,46

Vazios

98

44,95

Vazios < 70m2

10

4,59

Total

218

100,00

Quadro 3 - Principais parâmetros construtivos internos

Prestação de serviços

Institucional (cultural)

1

102 (46,58%)

Situação

7 (3,20%)

14 (5,48%)

218 lotes

Norma Plantas Gabarito SCE/S PR66/1 Plantas Gabarito SCE/S PR68/1 para lotes de hotel e turismo no trecho 4 NGBa do pólo 3 projeto Orla SCE/N SHT/N

NGB do Beira Lago

Taxa de ocu- Taxa de pação construção 30%

40%

60%

1,5 (coeficinte de utilização)

Altura máxima 9,0m*

1053m**

de 30% a 100%

60% a 200%

5m, 9m e 12m

40%

60%

7,5m

Afast. Mínimo 10m em todas as divisas 10m em todas as divisas

30m margem lago e 10m laterais Frente e fundo: 5m; laterais 3m e 3,5m

* altura pode chegar a 12m nos casos de ginásio coberto ** cota média relativa a Praça dos Três Poderes *** incluindo o percentual de 30% de Taxa Máxima de Ocupação **** Resolução do CONAMA 004/85 de 18/09/95 - estabelece 30m da margem do lago.

Quadro 1: Fonte: SUDUR/SEDUH. 2013. Quadro 3: Fonte: Sistema de Informações GeorrefeQuadro 2: Fonte: SUDUR/SEDUH. 2013. renciadas - SIG DIPRE/SUDUR/SEDUH/GDF - 2002

51


ESCALA URBANA DE PRESERVAÇÃO

52

Fonte: PPCUB


DADOS GERAIS A orla da Ponte JK e arredores:

Área utilizada para prática de esportes náuticos

Principal forma de acesso: carros particulares

Várias opções de bares e restaurantes

Uso: diferentes faixas etárias

Uso noturno nos clubes, restaurantes e CCBB

Restaurantes frequentados por pessoas com alta renda e espaço da orla frequentado por pessoas de baixa renda.

53


CARACTERÍSTICAS FÍSICAS A bacia do Paranoá é a única bacia integralmente localizada em território do Distrito Federal, ou seja, com todas as nascentes situadas no quadrilátero do DF, o que possibilita um total controle sobre os mananciais que abastecem o Lago Paranoá. O Lago insere-se em uma região de clima tropical semi-úmido, com duas estações bem definidas: seca e chuvosa. Na estação seca predominam-se ventos advindos do leste e as menores temperaturas médias do ano. Na chuvosa há variação entre os ventos noroeste e nordeste e nesse período costumam ser registradas as temperaturas médias mais altas.

Carta solar de Brasília - Fonte: SolAr

Ventos Predominantes - Fonte: SolAr

54


ZONEAMENTO AMBIENTAL

Bacia hidrográfica do Lago Paranoá

APA do Lago Paranoá

Zona de Preservação da Vida Silvestre - ZPVS Zona de Convervação da Vida Silvestre - ZCVS Zona do Espelho D’água - ZEA Zona de Ocupação Consolidada do Lago - ZOCL Zona de Ocupação Consolidade de Brasília - ZOCB Zona de Ocupação Especial do Bananal - ZOEB Zona de Ocupação Especial de Interesse Ambiental - ZOEIA Zona de Ocupação Especial do Paranoá - ZOEP Zona de Ocupação Especial do Taquari - ZOET Zona de Ocupação Especial do Varjão - ZOEV 100

1000

METROS

Área de projeto

Fonte de informações: TERRACAP Mapa: Luisa Correa

55


TOPOGRAFIA N 1045 - 1040m 1040 - 1035m 1035 - 1030m 1030 - 1025m 1025 - 1020m 1020 - 1015m 1015 - 1010m 1010 - 1005m 1005 - 1000m Lago - cota 1000m

Curvas de nível - 5m 100

250

500 METROS

56

1000


MAPA SÍNTESE BIOCLIMÁTICO N

Permeabilidade com vegetação rasteira

Terra batida

Vegetação nativa

Caimento do terreno

Ventos predominantes

100

250

500

1000

METROS

57


PERFIL DO TERRENO N

1013m 1010m 1005m 1000m

50m

58

100m

150m

200m

250m


MAPA DE BALNEABILIDADE DO LAGO

Fonte: CAESB

59


SISTEMA VIÁRIO MAPA DE HIERARQUIA VIÁRIA N

Via arterial

Via coletora

Via local

1000 100 250 500 METROS

60


MAPA FUNCIONAL N

Rotas de ônibus

Ciclovias

Pontos de ônibus

1000 100 250 500 METROS

Fonte: DFTrans

61


PERFIS VIĂ RIOS

1 2

3 100

250

500 METROS

1000

Corte Via Arterial

1m 3,5m

1

2

3

3m

3m

3m 3m

Corte Via Coletora

3m

3m

Corte Via Local

3m

62

3m

3m

5m

3m

3m

3m 3,5m 1m


USO E OCUPAÇÃO DO SOLO MAPA DE USO DO SOLO N

Comercial

Institucional (clubes)

Institucional (cultural)

Institucional (órgãos e entidades públicas)

100

250

500

1000

METROS

63


MAPA DE ÁREAS EDIFICADAS N

Áreas edificadas

100

250

500 METROS

64

1000


MAPA DE PERMEABILIDADES E BARREIRAS N

100

250

500

1000

METROS

65


MAPA DE GABARITOS N

7,50m

9,00m

12,00m

100

250

500 METROS

66

1000


MAPA DE SITUAÇÃO FUNDIÁRIA N

Alienado

Doado

Terracap

100

250

500

1000

METROS

67


TRANSECTO N Através do transecto urbano, pode-se observar a fragilidade da ocupação atual, com poucos espaços construídos, densidade muito baixa e a transição do meio natural para o meio urbano ocorrendo basicamente através de ruas e espaços ociosos.

1020m 1013m 1010m 1005m 1000m

Edificações existentes

50m

68

100m

150m

200m

250m


Descuido com a margem

Local usado para estacionamento

Lixeira

Acesso ao lago improvisado

LEVANTAMENTO FOTOGRĂ FICO

Fonte: Acervo Pessoal

69


70 Fonte: Acervo Pessoal Estrutura relacionada à drenagem;

Mobiliário urbano escasso;

Descuido com a margem do lago;

Não há conexão com o meio natura;


Fonte: Acervo Pessoal

71

Acampamento;

Ciclovia que passa por baixo da ponte;

Restaurantes e bares;

Ă rea usada para esportes nĂĄuticos;


DIAGNÓSTICO


MAPA SÍNTESE DE POTENCIALIDADES N

Vegetação nativa relativamente bem preservada;

Poucas áreas edificadas facilidade para intervenções;

Grande potencial turístico vista da ponte e paisagem natural do lago;

Área pública da orla é realmente pública e usada por muitas pessoas;

Ótima balneabilidade do lago;

Integração da orla com esportes náuticos;

100

250

500

Curvas 5m

1000

Boa morfologia do terreno: facilidade para desenho com a água

METROS

A - meio ambiente

S - aspectos sociais

U - espaço urbano

73


MAPA SÍNTESE DE PROBLEMAS N

Lotes são muito grandes;

Muitas áreas cercadas criam várias barreiras para o pedestre;

Sistema viário superdimensionado e priorizando apenas um modal; Inexistência de calçadas nas vias locais e coletoras;

500

m Uso do solo pouco diversificado; Percursos monótonos; Não aproveitamento da relação com a paisagem do lago; Ausência de paisagismo adequado; Invasão de área pública para moradias; Grandes áreas impermeáveis e mobiliário urbano escasso; 3m

100

250

500

Bloqueio da paisagem por bolsões de estacionamento;

3m

1000

Espaço pouco usado durante a semana;

METROS

74

A - meio ambiente

S - aspectos sociais

U - espaço urbano


ANÁLISE SWOT INTERNO

FRAGILIDADES

OPORTUNIDADES

AMEAÇAS

POSITIVO

NEGATIVO

FORÇAS

A partir dos mapas de potencialidades e problemas, é possível aprofundar e direcionar a análise através de outras metodologias. A Análise SWOT, ou análise FOFA em português, é uma metodologia de análise que pode ser aplicada a diversas situações. “A análise não fornece soluções prontas, mas ajuda a estruturar o pensamento a respeito da área e gerar ideias para ligar problemas às suas soluções”1. No âmbito de projetos urbanos, mais especificamento no projeto em questão, será criada uma relação entre as oportunidades e as fragilidades encontradas na análise. Essa relação estabelece diretrizes de intervenção e combinada com a posterior análise de governança, mostra como cada grupo social será beneficiado com o projeto, e quais são seus papéis no desenvolvimento e financiamento do mesmo.

EXTERNO

Weihrich, H. (1982). The TOWS matrix—A tool for situational analysis. Long range planning, 15(2), 54-66.

1

75


FORÇAS CONTEXTO: A - MEIO AMBIENTE

U - ESPAÇO URBANO

Proximidade com o Lago Paranoá; Razoável preservação da mata nativa e APPS; Ótima balneabilidade do lago; Geomorfologia favorável; Área muito expressiva e de beleza natural inquestionável.

Rede de abastecimento de água e esgoto abrange toda a área; Sistema viário é hierarquizado; Áreas residuais com potencialidade de ocupação; Existência de grande volume de lotes desocupados; Áreas potenciais para projetos estruturantes inclusive habitacionais - possibilitando adensamento, qualificação e consolidação da área; Áreas para equipamentos de lazer e esportes; Melhoria das características urbanas induz aumento da auto estima da população e fortalecimento das relações com o espaço urbano.

S - ASPECTOS SOCIAIS Proximidade com o Plano Piloto, Lago Sul e Centro Cultural Banco do Brasil; Usos que favorecem o convívio social como clubes, restaurantes e esportes; Poder aquisitivo da população que frequenta o local é relativamente alto; Demanda por comércio e serviços locais;

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FRAGILIDADES CONTEXTO: A - MEIO AMBIENTE

U - ESPAÇO URBANO

Deterioração de áreas sensíveis; Descaso com a margem do lago; Ocupação inadequada acarreta poluição e assoreamento do lago; Falta de valorização da paisagem natural;

Espaços públicos mal cuidados; Poucas calçadas; Alta impermeabilização do solo em algumas áreas; Sistema viário superdimensionado; Vias locais labirínticas; Deficiência no sistema de sinalização viária e urbana; Excessivos bolsões de estacionamento; Poucas ciclovias; Deficiência na mobilidade de bicicletas e pedestres; Não integração dos meios de transporte; Lotes superdimensionados; Ociosidade dos espaços; Vazios urbanos; Falta de diversidade de usos;

S - ASPECTOS SOCIAIS Baixa densidade - infraestrutura sem otimização com alto custo de implantação e manutenção; Baixa oferta de serviços e comércio; Baixa segurança pública; Equipamentos de lazer apenas para crianças; Espaço usado apenas durante finais de semana.

77


OPORTUNIDADES CONTEXTO: A - MEIO AMBIENTE

U - ESPAÇO URBANO

Aproveitamento da geomorfologia para criar um desenho com a água, servindo ao mesmo tempo como proteção ambiental e integração social; Integração do lago, da paisagem natural e dos esportes náuticos e terrestres; Aproveitamento da vegetação nativa como paisagismo e instrumento de educação ambiental.

Otimização da infraestrutura existente; Requalificação do sistema viário; Favorecimento de transportes não poluentes; Criação de espaços articulados entre si e com a natureza, prevenindo sua ociosidade; Criação de identidade visual adequada incrementando o senso de pertencimento do local; Realce das áreas públicas x áreas privadas;

S - ASPECTOS SOCIAIS Incremento do potencial turístico; Criação de novos empregos e demais atividades; Criação de habitação aproveitando os vazios urbanos, a infraestrutura existente e a proximidade com o Plano Piloto; Integração social através da natureza e dos espaços públicos.

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AMEAÇAS CONTEXTO: A - MEIO AMBIENTE

U - ESPAÇO URBANO

Deterioração devido ao crescimento populacional; Poluição do lago e da vegetação nativa pelos visitantes;

Aumento dos conflitos de circulação devido à proliferação de novas fontes geradoras de tráfego; Deterioração dos equipamentos urbanos; Ociosidade dos espaços. Bloqueio do projeto por parte da legislação vigente

S - ASPECTOS SOCIAIS Possibilidade de gentrificação com a criação de novos usos; Aumento da violência urbana;

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PROBLEMAS - SOLUÇÕES MINIMIZAR FRAGILIDADES EXPLORANDO OPORTUNIDADES A Aproveitamento da geomorfologia para criar um desenho com a água, servindo ao mesmo tempo como proteção ambiental e integração social; Integração do lago, da paisagem natural e dos esportes náuticos e terrestres; Aproveitamento da vegetação nativa como paisagismo e instrumento de educação ambiental.

FRAGILIDADES

A

OPORTUNIDADES

80

Deterioração de áreas sensíveis; Descaso com a margem do lago; Ocupação inadequada acarreta poluição e assoreamento do lago; Falta de valorização da paisagem natural;


S Incremento do potencial turístico; Criação de novos empregos e demais atividades; Criação de habitação aproveitando os vazios urbanos, a infraestrutura existente e a proximidade com o Plano Piloto; Integração social através da natureza e dos espaços públicos.

FRAGILIDADES

S

OPORTUNIDADES

Baixa densidade - infraestrutura sem otimização com alto custo de implantação e manutenção; Baixa oferta de serviços e comércio; Baixa segurança pública; Equipamentos de lazer apenas para crianças;

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U Otimização da infraestrutura existente; Requalificação do sistema viário; Favorecimento de transportes não poluentes; Criação de espaços articulados entre si e com a natureza, prevenindo sua ociosidade;

FRAGILIDADES

U

OPORTUNIDADES

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Espaços públicos mal cuidados; Escassez de calçadas; Alta impermeabilização do solo em algumas áreas; Sistema viário superdimensionado; Vias locais labirínticas; Deficiência no sistema de sinalização viária e urbana;


U Criação de identidade visual adequada incrementando o senso de pertencimento do local; Realce das áreas públicas x áreas privadas;

FRAGILIDADES

U

OPORTUNIDADES

Excessivos bolsões de estacionamento; Escassez de ciclovias; Deficiência na mobilidade de bicicletas e pedestres; Não integração dos meios de transporte; Lotes superdimensionados; Ociosidade dos espaços; Vazios urbanos; Falta de diversidade de usos; Espaço usado apenas durante finais de semana.

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ESTRUTURAÇÃO DO RESULTADO Deterioração de áreas sensíveis; Descaso com a margem do lago; Ocupação inadequada acarreta poluição e assoreamento do lago; Falta de valorização da paisagem natural; Baixa densidade - infraestrutura sem otimização com alto custo de implantação e manutenção; Baixa oferta de serviços e comércio; Baixa segurança pública; Equipamentos de lazer apenas para crianças; Espaços públicos mal cuidados; Escassez de calçadas; Alta impermeabilização do solo em algumas áreas; Sistema viário superdimensionado; Vias locais labirínticas; Deficiência no sistema de sinalização viária e urbana; Excessivos bolsões de estacionamento; Escassez de ciclovias; Deficiência na mobilidade de bicicletas e pedestres; Não integração dos meios de transporte; Lotes superdimensionados; Ociosidade dos espaços; Vazios urbanos; Pouca diversidade de usos; Espaço usado apenas durante finais de semana. PROTEGER

84

INTEGRAR

DIVERSIFICAR

Aproveitamento da geomorfologia para criar um desenho com a água, servindo ao mesmo tempo como proteção ambiental e integração social; Integração do lago, da paisagem natural e dos esportes náuticos e terrestres; Aproveitamento da vegetação nativa como paisagismo e instrumento de educação ambiental. Incremento do potencial turístico; Criação de novos empregos e demais atividades; Criação de habitação aproveitando os vazios urbanos; Integração social através da natureza e dos espaços públicos. Otimização da infraestrutura existente; Requalificação do sistema viário; Favorecimento de transportes não poluentes; Criação de espaços articulados entre si e com a natureza, prevenindo sua ociosidade; Criação de identidade visual adequada incrementando o senso de pertencimento do local; Realce das áreas públicas x áreas privadas;

ADENSAR

OTIMIZAR

REQUALIFICAR


ANÁLISE DE GOVERNANÇA Para que se tenha um projeto completo e um planejamento urbano pautado na gestão de longo prazo, é necessário que se articule e envolva os agentes sociais atingidos pela intervenção. Em um mundo cada vez mais hiperconectado, onde o controle tende à descentralização, analisar quem governa, quem utilizará o espaço e quem o financiará é muito importante no sentido de garantir que todas as partes estejam envolvidas e seus interesses combinados, resultando no sucesso do projeto. “Governança significa uma mudança no significado de governo, se referindo a um novo processo de governar; ou a uma condição alterada ou ordem alterada; ou o novo método pelo qual a sociedade é governada” (Rhodes, 1996, p.652-653).

- Governança em vários níveis: Dimensão vertical: interdependência de governos operando em diferentes níveis territoriais; Dimensão horizontal/dimensão de governança: se refere ao crescimento da interdependência entre governo e atores não-governamentais em diferentes níveis territoriais. As duas dimensões redefinem os papéis do estado e atores não-governamentais/estatais, assim também a forma como políticas públicas são projetadas e implementadas. - descentralização, orientação horizontal, participação das partes interessadas.

Governança se refere ao modo de administração de bens públicos que é baseado na colaboração em rede de atores sociais.

85


Por que isso é importante? “O não atendimento das informações e preocupações das partes interessadas claramente é um tipo de falha no pensamento ou na ação que, muito constantemente e muito previsivelmente leva a uma performance fraca, uma falha ou até mesmo um desastre. A análise de governança é agora mais importante que nunca devido ao crescimento da natureza interconectada do mundo.” (Bryson, 2004, p.23) Quem são? “Qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou ser afetado pelo alcance do objetivo do projeto.” (Freeman, 1984). “Pessoas ou pequenos grupos que tem o poder de responder, negociar e mudar o futuro estratégio do projeto.” (Eden e Ackermann, 1998).

86

“Indivíduos ou grupos que dependem da organização para atingir seus objetivos e de quem, em troca, a organização depende.” (Johnson e Scholes, 2002). Por que participar é importante? Isso é necessariamente desejável? Quais são as vantagens e desvantagens da participação dos atores sociais nas decisões de planejamento? Vantagens da participação: - Da perspectiva do governo, permite o controle de ações do governo estatal envolvendo-o no processo de tomada de decisão; - Possibilidade de aprendizado através da interação e mesclando conhecimento de pessoas locais e profissionais da área; - Oportunidades e novas ideias e soluções podem surgir no processo; - Estimula a transparência; - Ajuda a evitar investimentos errados que falham no reconhecimento das necessidades


locais; - Constrói o senso de pertencimento que facilita a sustentabilidade do plano e decisões associadas; - Estimulando o entendimento entre os atores sociais, a participação reduz conflitos e promove a criação de capital social e confiança - fator crucial para o desenvolvimento regional e local da economia e cooperação efetiva; (Putnam, 1993). Pontos negativos: - Consome muito tempo; - Possibilidade de bloqueios; - As metas originais definidas do processo podem mudar; - Desafio da capacidade - os atores sociais são capazes de ter uma participação significativa? - Risco de manipulação das partes mais fracas; - Desafios de comunicação e coordenação; - O processo de decisão cooperativo e em rede funciona na cultura da política local ou é uma prática confusa importada?

É importante ressaltar que a análise de governança feita neste trabalho é limitada e foi realizada com o intuito de experimentação acadêmica e não como uma proposição real e extremamente detalhada do caso. O mapeamento dos atores sociais será aplicado somente para destrinchar o planejamento em uma linha do tempo proporcionando o estudo da gestão a longo prazo, ainda que utópica. Outras ressalvas sobre esse ponto: - O comportamento dos atores sociais pode não ser imediato ou estratégico; - É muito difícil estimar realmente os interesses, poderes e recursos dos envolvidos; - Posições mudam ao longo do tempo e com o avanço do processo as oportunidades e os problemas se alteram também;

Fonte: Freeman, R. E. (2010). Strategic management: A stakeholder approach. Cambridge University Press.

87


AS RELAÇÕES

Sociedade Civil Turistas

Investidores: incorporadoras e construtoras

Futuros residentes Pessoas que trabalham no local Visitantes

Empresários locais: donos de lojas e restaurantes

Setor Privado

Setor Público Governo local

Órgãos de regulamentação (patrimonial, ambiental...)

88


AS RELAÇÕES Atores Turistas e visitantes de Brasília

Futuros residentes

Trabalhadores do local

Interesses Ter um local agradável para passear, tirar fotos, amenidades de apoio como sanitários e informações, lugares para comer, espaços de estar, esportes e facilidade de acesso.

Metas Não possuem metas definidas, pois não estão frequentemente no local.

Poder de produção/ bloqueio Não possuem poder de produção ou bloqueio.

Conseguir a sua moradia e Geralmente pode-se dizer que os resiMorar em um local aprazível, cuidar para que o lugar esteja dentes de um local, caso sejam bem seguro, com um custo de vida sempre nas melhores condições articulados, possuem poder de bloquear razoável, boa qualidade de vida, possíveis. ou iniciar algum projeto. Porém, nesse serviços e comércio a curtas caso, como não mora ninguém na área, distâncias e boa oferta de os novos residentes não teriam poder modais de transporte. algum, pois já se mudariam após o projeto estar concluído. Fácil acesso por modais de Acompanhar as mudanças que transporte variados, local aprazí- possam vir a acontecer e ajustar vel para descansar em interva- seu trabalho para garantir o seu los. emprego.

Caso sejam bem articulados, possuem poder de bloqueio.

89


Atores Governo Local (GDF)

Órgãos regulamentadores

Incorporadoras

Construtora

Interesses

Metas

Poder de produção/ bloqueio

Promover a requalificação de lugares específicos da cidade promovendo o bem estar das pessoas, a sustentabilidade econômica e ambiental e a melhoria do transporte público.

Possui grande poder de produção e de bloqueio.

Proteger o patrimônio natural e Promover legislações pertinenconstruído da cidade. tes e participação e fiscalizações bem estruturadas e eficientes.

Possui grande poder de bloqueio.

Satisfação popular e retorno financeiro.

Promover uma melhoria da qualidade de vida do cidadão, promover a economia local e obter lucro na negociação.

Articular uma negociação que crie um produto de requalificação pública que atenda as expectativas da população e cumpra os requisitos legais

Participar da construção de um projeto duradouro, que lhe dê visibilidade e seja lucrativo.

Executar a obra da melhor maneira possível para que não seja preciso fazer manutenções constantes, que previna possíveis acidentes e garanta a sua visibilidade por ter participado de um projeto importante para a cidade.

Ser dono de um espaço comer- Oferecer produtos de qualidade Donos de lojas e restaurantes cial onde circulam muitas e que fidelizem o cliente e lhe diferentes pessoas em todos os garanta a sustentabilidade finandias da semana. ceira. *As informações aqui apresentadas são limitadas e baseadas em um cenário ideal de comportamento.

90

Possui grande poder de produção.

Não possui poder de produção ou bloqueio.

Caso sejam bastante articulados, posuem poder de produção ou bloqueio.


INFOGRÁFICO Pela análise resumida no infográfico ao lado, percebe-se que tanto a iniciativa privada quanto o poder público possuem elevados poder e interesses. Portanto, pode-se combinar a ação dos dois visando o maior ganho da população. A orla deve permanecer pública, com acesso irrestrito e as atividades de lazer devem ser operadas pela iniciativa privada para garantir seu funcionamento. O projeto deve ser feito pelo Estado e sua implantação deve ser distribuída entre incorporadoras diferentes. Da mesma forma, a operação das atividades de lazer deve ser feita por empresas diferentes, dificultando a operação de cartéis e a consequente especulação imobiliária e aumento de preços. Do outro lado, é possível tirar partido do alto interesse dos usuários finais do espaço para promover seu engajamento e senso de pertencimento, incentivando seu cuidado com o espaço e com todo o processo de desenvolvimento do local.

G O I Poder D FR

TR

C T Interesses

T

Turistas e visitantes

G

Governo Local

C

Construtoras

FR

Futuros residentes

O

Órgãos regulamentadores

D

Donos de lojas e restaurantes

TR

Trabalhadores

I

Incorporadoras

91


ESTRATÉGIAS


CONCEITOS E DIRETRIZES DIVERSIFICAR

Retomando a Análise SWOT feita na etapa de Diagnóstico, tem-se que o estudo de fragilidades e oportunidades foi condensado em 6 palavras que definem os conceitos base do projeto. A partir deles, são elaboradas e destrinchadas as diretrizes:

INTEGRAR

PROTEGER

DIVERSIFICAR USO DO SOLO

DIVERSIFICAR ATIVIDADES DE LAZER MEIOS DE TRANSPORTE

PROTEGER O LAGO

PROTEGER A VEGETAÇÃO

PROTEGER PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS

INTEGRAR PESSOAS COM A NATUREZA

INTEGRAR PESSOAS COM PESSOAS

INTEGRAR MODAIS DE TRANSPORTE

93


ADENSAR

EDIFICAÇÕES

SISTEMA DE SINALIZAÇÃO

PERFIS DAS VIAS ESPAÇOS PÚBLICOS

94

OTIMIZAR

REQUALIFICAR

CONEXÕES VIÁRIAS COM A CIDADE

CONEXÕES VIÁRIAS LOCAIS


VISÃO Pautada nas diretrizes, temos a seguinte visão como meta do projeto: Em 2030 pretende-se que a Orla da Cidade seja um bairro que represente uma Brasília Contemporânea. O local será um ponto crucial na cidade onde o lago e a vegetação nativa estarão preservados e onde pessoas, independente de sua idade, cor ou capacidade física, se sentirão seguras e contempladas em suas atividades. O local proporcionará atividades de lazer inovadoras que promovam integração das pessoas com a natureza e consequentemente integração entre as próprias pessoas, criando um espaço urbano vivo e seguro. O local será acessível por diversos modais de transporte, e os mesmos serão integrados entre si, sempre valorizando o percurso de quem anda a pé ou de transporte coletivo. Na Orla da Cidade as pessoas poderão encontrar um local para morar, trabalhar e fazer compras, além das atividades de lazer, tudo muito perto do coração do Plano Piloto. As edificações ali construídas terão taxas de ocupação e coeficientes de aproveitamento compatíveis com sua localização e função e ao mesmo tempo permitirão um crescimento inteligente da cidade, otimizando infraestrutura e promovendo o encontro de pessoas. Existirão calçadas confortáveis, mobiliário urbano e sinalização adequados. Os espaços públicos serão como extensões da moradia das pessoas, com tamanhos acolhedores e segurança. O deslocamento dentro do bairro será facilitado e as distâncias a serem percorridas sempre confortáveis. Será um local muito agradável de se viver, visitar ou passear. Será um ponto chave da cidade, será uma valorização de sua paisagem e de seu patrimônio.

95


Representação da visão. Fonte: https://www.worldlandscapearchitect.com

96


PROJETOS E POLÍTICAS Para que a visão funcione e seja traduzida em desenho urbano como estratégia, deve-se estipular quais os projetos materializam as diretrizes e quais políticas garantem seu funcionamento:

PROTEGER O LAGO, A VEGETAÇÃO E AS PESSOAS COM NECESSIDADES ESPECIAIS Caminhos d’água

CAMINHOS D’ÁGUA JARDINS DE CHUVA

- MULTA PARA QUALQUER OBSTRUÇÃO OU POLUIÇÃO DOS CAMINHOS DE ÁGUA

- A ÁGUA UTILIZADA NA IRRIGAÇÃO DE PLANTAS E LIMPEZA DE CALÇADAS DEVE SER PROVENIENTE DO REAPROVEITAMENTO DOS JARDINS DE CHUVA Captação de água nas biovaletas/jardins de chuva

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INTEGRAR PESSOAS COM A NATUREZA, PESSOAS COM PESSOAS E OS MODAIS DE TRANSPORTE Ciclovias

NOVAS CICLOVIAS E ROTAS DE ÔNIBUS

ESCOLA DE ESPORTES AQUÁTICOS

PEQUENAS PRAÇAS PÚBLICAS

-OBRIGATORIEDADE DA PERMISSÃO DO TRANSPORTE DE BICICLETAS EM ÔNIBUS;

-RUAS COM RESTRIÇÃO DE ACESSO PARA VEÍCULOS INDIVIDUAIS;

Praças

98


DIVERSIFICAR O USO DO SOLO, MEIOS DE TRANSPORTE E ATIVIDADES DE LAZER

ZONEAMENTO DE LOTES PARA USO COMERCIAL, USO MISTO E RESIDENCIAL

PONTOS DE ALUGUEL DE BICICLETAS E CAMINHOS VERDES;

- VISITANTES/MORADORES QUE SE LOCOMOVEREM DE BICICLETA GANHAM DESCONTO NO IPTU. - O PROJETO DEVERÁ SER REALIZADO PELO GOVERNO E O PROCESSO CONDUZIDO POR PELO MENOS 5 INCORPORADORAS DIFERENTES;

Uso residencial

Caminho verde

CINEMA NA ÁGUA, CENTRO DE AMENIDADES E PISCINAS DENTRO DO LAGO.

- AS ATIVIDADES DE LAZER DEVERÃO SER ADMINISTRADAS PELA INICIATIVA PRIVADA; OBRIGATORIAMENTE EMPRESAS DIFERENTES PARA CADA ATIVIDADE E ENTRADA GRATUITA PELO MENOS UM DIA NA SEMANA;

Piscinas no lago

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ADENSAR EDIFICAÇÕES

COEFICIENTES DE APROVEITAMENTO E TAXAS DE OCUPAÇÃO ESPECÍFICOS

Exemplo de diferentes tipologias e coeficientes. Fonte: https://www.archdaily.com

OTIMIZAR CONEXÕES VIÁRIAS COM A CIDADE E CONEXÕES LOCAIS

NOVAS VIAS LOCAIS CRIANDO QUADRAS MENORES E POSSIBILITANDO VIAS CONECTANDO COM O RESTO DA CIDADE

100


REQUALIFICAR PERFIS DAS VIAS, ESPAÇOS PÚBLICOS E SISTEMA DE SINALIZAÇÃO

VIAS COM CALÇADAS, CICLOVIAS, PONTOS DE ÔNIBUS E SISTEMA DE TRAFFIC CALMING;

NOVO PROJETO DE ILUMINAÇÃO E PAISAGISMO.

NOVA IDENTIDADE VISUAL E POSICIONAMENTO DE PLACAS

-VIAS LOCAIS COM VELOCIDADE MÁXIMA DE 40KM/H.

Rua com elementos de traffic calming. Fonte: National Association of City Transportation Officials

Paisagismo

101


LINHA DO TEMPO OBJETIVOS

RECURSOS

ATORES

caminhos d’água jardins de chuva

PROTEGER SALE

novas ciclovias

SALE

novas rotas de ônibus

escola de esportes aquáticos

SALE

INTEGRAR SALE

praças públicas

SALE

uso do solo e tipologias pontos de aluguel de bicicletas cinema na água e piscinas no lago

DIVERSIFICAR SALE

novas tipologias

SALE SALE

calçadas e traffic calming

iluminação e paisagismo sinalização

SALE

REQUALIFICAR

SALE

novas vias

SALE

OTIMIZAR

SALE

turistas e visitantes

102

futuros residentes

trabalhadores

governo local

órgãos incorporadoras

construtoras comerciantes

RECURSOS

ADENSAR

ATORES

PROJETOS

2016 2017 2018 2019 2020 2021 2022 2023 2024 2025 2026 2027 2028 2029 2030

Agora que a visão e os projetos estão estruturados, podemos retomar a Análise de Governança feita na etapa de Diagnóstico e articular tudo no tempo:

humano

financeiro material tecnológico


PROPOSTA DE ZONEAMENTO Concluindo este documento como resultado final da disciplina Introdução ao Trabalho Final de Graduação - Diplomação 1, apresenta-se a proposta de zoneamento geral do projeto, que será detalhada na Diplomação 2. A partir do tecido urbano já existente, traçou-se o novo sistema viário seguindo as mesmas linhas atuais, transformando antigos lotes em quadras. Tomou-se o cuidado de evitar a desapropriação de edificações já existentes. O novo traçado configura o espaço de forma a criar um eixo comercial na zona mais próxima da orla e outro eixo de uso misto no centro do projeto. O uso misto também configura as vias de borda da área. A área pública da orla se interliga ao restante do projeto pelo eixo criado, articulado por uma praça, onde configurações das

visuais para a paisagem garantirão a integração. Os caminhos d`água e biovaletas/jardins de chuva se distribuem de forma radial acompanhando o caimento do terreno. A via que dá acesso à ponte será requalificada e transformada em via urbana, para ser mais um instrumento de ligação e não segregação espacial, como ocorre hoje. Nas quadras foram propostos diferentes tamanhos de lotes e tipologias para incentivar uma ocupação mais democrática. A configuração dos lotes entre o bairro e os clubes faz com que a via possua o mesmo uso dos dois lados e impeça que a legibilidade espacial seja rompida devido aos muros. O adensamento da ocupação é proporcional à capacidade de suporte do meio natural, de forma que os parâmetros são feitos tendo como ponto de partida a distância em relação ao lago e não o uso ou a categoria de vias.

103


Uso misto Uso comercial Uso residencial 100

250

500 METROS

Orla pública Vias Caminhos d’água Corredores verdes 1000

N


Ciclovias 100

250

Rotas de ônibus

500 METROS

1000

N


Uso misto Uso comercial Uso residencial 100

250

500

Orla pública Vias Caminhos d’água Corredores verdes 1000

METROS

Localização geral dos projetos

106

N


Clube

Definição primária de algumas tipologias Lojas

Muro

Lojas

Ed. residencial multifamiliar de 3 pavimentos TO: 0,58 CA: 1,74 Ed. residencial multifamiliar de 3 pavimentos TO: 0,63 CA: 1,90

Via

Ed. uso misto - térreo comercial + 3 pavimentos residencial TO: 0,64 CA: 2,57

Habitações unifamiliare TO: 0,40* CA: 0,81* *em média

Aumento da densidade conforme afastamento do lago. Fonte: Urban Sprawl Manual

Uso misto Uso comercial Uso residencial 100

250

500 METROS

Orla pública Vias Caminhos d’água Corredores verdes 1000

N

Transformação de espaços ociosos em áreas ocupadas. Fonte: Urban Sprawl Manual

107


Fonte: Urban Sprawl Manual Fonte: Nacto.

Possível transformação da via SCES trecho 2 de via expressa de alta velocidade em boulevard.

Requalificação de vias locais

Fonte: Urban Sprawl Manual

“Os boulevards separam ruas muito grandes em núcleos urbanos paralelos, protegendo a borda comercial ou residencial da rua da via de alta velocidade através das operações multidisciplinares e as fachadas da via.”

Fonte: //https: www.nacto.org.br

1000 100 250 500 METROS

Inserção/conectividade com a cidade

108

N

Possíveis conexões viárias futuras


BIBLIOGRAFIA


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