revista nua&crua

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NUA CRUA

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UnB | FAC | planejamento gráfico professora: Célia Matsunaga

projeto gráfico

LUÍSA MALHEIROS fotografia

LUÍSA MALHEIROS JOÃO FELIPE VELOSO MARINA BEZZI textos

CARLA RIBEIRO produção

JOÃO FELIPE VELOSO MARCOS XSOTA DANIEL AKIRA CARLA RIBEIRO BERNARDO PICADO LUÍSA MALHEIROS agradecimentos

À TODOS DA PRODUÇÃO


/CONTEÚDO MC HARAM

O MENINO DA FLORESTA

GUEISHA MODERNA

CANTO DO SEREIO

BRASIL COM EGITO

MULHER BANANA



/EDITORIAL A revista NUA&CRUA se dedica a entrevistar gente extraordinária que tem coisa interessante pra falar para o público leitor. São personagens criados a partir de estereótipos comuns e propõe um questionamento (com humor) dos modelos criados pelo homem e dos seus papéis prestados. A questão do gênero é constantemente abordada de forma subjetiva. A cultura de massa atual também tem sua vez, tendo elementos expostos em situações atípicas. Nenhum desses questionamentos é imposto diretamente ao leitor. Cabe à cada um ler e tirar o que achar pertinente, mas vale lembrar que há mensagem nas entrelinhas, não basta ler a entrevista e ponto final. O objetivo disso é fazer o leitor refletir com sua própria bagagem cultural armazenada a partir de situações fictícias e inusitadas. Queremos virar tudo de cabeça pra baixo. Queremos a mentira NUA&CRUA. N C // 7


Mc Haram

Mc Haram, 33 anos, originário de Riade, capital da Arábia Saudita, já está no Brasil há mais de 6 anos tentando a vida de rapper nas ruas e no duro mercado fonográfico. Obcecado por seu próprio órgão reprodutor, Haram garante fazer um esforço sobre-humano para deixar de dar tanta importância para os prazeres da carne, apesar de admitir que ainda há um longo caminho a ser trilhado. A herança da família magnata, garantiu ao músico muitos automóveis e lanchas, dos quais ele fala com muito orgulho, mas a verdade, é que ainda não tira seu sustento do rap como gostaria. A razão? “Os brasilêro não entende a minha raiz, malhuco”. \\ 8


NUA&CRUA: Oi, Haram. Como é seu nome verdadeiro?

HARAM: Meu nome eu não falo, meu nome eu não falo mesmo. Vamo manter Haram e mudar o assunto. Te contar uma coisa, eu gosto mesmo é de torresmo.

N&C: Torresmo? Você conheceu essa iguaria aqui no Brasil mesmo?

H: Na Arábia não tem não, conheci no Brasil. Tu sabe o que mais tem lá, o que tem lá é fuzil.

N&C: Conta pra gente um pouco mais dessa sua origem, Haram.

H: Eu nasci em Riade, quem fez o parto foi um frade. Já não tem muita gente da minha família, muita gente morreu. Mas tenho meus pais, meus irmão, aqueles sim são do coração. Os avós e antepassados já foram e sabe o que eles deixaram? Lancha e carrão foi o que deixaram. Eu quero ganhar a vida do rap, é dele que quero ganhar pra comprar o pão. Os brasilêro não entende a minha raiz mas ainda tenho tempo pra conquistar esse povo, xô falar, terra de Rappin Hood não é mole não.

N&C: Você começou mais tarde a tentar uma carreira no mercado fonográfico. Você não pensa em só fazer um Myspace, quem sabe e tentar estourar na internet primeiro como muitos fazem?

H: Qual é? Tá me tirano? Eu sei o que faço, eu sei que o quero. Se tu fica me tirando, vou pegar o meu martelo. Eu tenho um produtor por isso não preciso de Youtube e Myspace pra eu estourá, eu vou conseguir, meu dia vai chegá.

N&C: Gostei da determinação. Você veio pra cá em busca de apoio ou a cultura do rap simplesmente não existe na Arábia?

H: Na Arábia não tem espaço pra essa arte, o rap, beat box. Na real não tem nem Nike Shocks . Vim pro Brasil atrás de apoio da brodagi, e também de umas festa na laje. Tenho 33, não dá mais pra ficar mais nessa de chove e não molha, eu tinha que sair da minha bolha. Aqui tem muito espaço pra carne nova, tu vê que quem vem pra cá sempre inova.

N&C: E você já tem um “setlist” de músicas? Como anda a produção de um CD a ser lançado?

H: Já tenho umas quatro: “O Pecado”, “Explosion”, “Dá uma olhada no pacote” e “Vamos fazer amor nesse teatro”. O CD tá sendo quase todo encaminhado, se tu quiser te dou um autografado.

N&C: Muito obrigada! E o nome do CD? Já tá encaminhado também? Quais são suas referências?

H: O nome do CD não podia ser errado, “Em nome do pecado”. Minhas referência são esse nego tudo que mete porrada: Chris Brown, o cara têm bolas, a gostosa vacilou ele deu mãozada nas beiçolas. Rap Brasil, Racionais, meu lema é “Diário de um detento”. Claro, tô ligado, tô por dentro.

N&C: É notável a sua obsessão pela sua genitália, sempre mostrando sua masculinidade, se auto afirmando. Mas o que seriam suas unhas feitas, pintadas de um rosa assertivo?

H: Isso aí tem uma explicação justo por esse meu carinho tão grande pela minha glande. Eu tenho feito diversos exercícios de auto controle pra me livrar dessa minha mania de sempre de as bolas apertar, dentre eles a meditação e também uma saída pra um retiro numa comunidade indiana de eunucos, coisa de doidão. Lá eles me ajudaram com muito pra encontrar esse controle, daí tive que pintar as unha feito um pau mole. Vou manter elas por um tempo, sempre que olho eu lembro daqueles doido tudo sem o membro.

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Menino da floresta Nossa equipe saiu a campo atrás de alguém que nos surpreendesse. Em meio a muito verde, depois de muito caminhar, achamos um garoto, apenas um garoto que se auto sustenta na floresta. Ele diz ser um estudioso do comportamento e da natureza, por isso se desapegou dos bens materiais, jogou tudo pra cima, incluso a faculdade de Mecatrônica e foi pro meio do mato. “Minha mãe disse que não me dava três dias fora, estou há cinco anos nessa brincadeira”.

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NUA&CRUA: Olá, como devemos te chamar? Ou como prefere?

MENINO: Menino da floresta mesmo, como quiserem. Abdiquei do meu nome de batismo mas de resto podem me dar o codinome como desejarem.

N&C: Você vive há muito tempo aqui. E sua família, amigos, têm notícias suas?

M: Ninguém acreditava que eu fosse mesmo levar essa pesquisa, como eu chamo, a sério. Geralmente as pessoas saem de casa porque tão com a vida encaminhada pra sustentar a si mesmo, eu saí porque justamente não tinha nada encaminhado, eu era desinteressado no que se passava ao meu redor mas sempre que saia pra fazer trilhas (eu morava numa cidade cercada de cachoeiras e trilhas no meio do mato), me sentia menos sufocado. Eu decidi fazer o que eu achava melhor pra mim. Antes de vocês me acharem, ninguém tinha tido notícia minha não.

N&C: E como todo mundo que te conhece reagiu?

M: Minha mãe disse que não me dava três dias fora, riu e nem hesitou em dizer “Tudo bem, boa sorte”. Meus amigos acharam que ficaria só na idéia e como nada mais me prendia ali, vim pro lugar mais mocado que consegui achar. Estou há cinco anos nessa “brincadeira”.

N&C: Cinco anos? E como você se sustenta?

M: Eu caço, pesco, montei meu próprio acampamento, minha casa, construí todas as peripécias pelas quais vocês passaram. Não uso roupa também, essa camisa eu achei numa caminhada longa que eu fiz até um rio onde tem gente que se banha, fiquei observando-os por horas e na correria, um deles esqueceu a camisa.

N&C: Mas o que é tudo isso? Uma experiência antropológica?

M: Exatamente. Eu me observo durante 24/7. Eu aprendi como lidar com situações que dentro do conforto da minha casa na cidade eu enlouqueceria só de pensar em vive. Me observo como homem e como animal. Vejo todas as minhas igualdades com os animais que aqui me rodeiam mesmo, afinal eu não passo de uma evolução deles. Eu vejo como a natureza se molda ao dia e à noite, como ela se movimenta, respira, etc. Eu sou um bicho do mato, virei um.

N&C: Não é estranho conversar, tirar foto, depois de tanto tempo sem nenhum contato com isso?

M: Eu me lembro de como é tudo todos os dias, eu falo comigo mesmo, ouço minha voz, canto, componho. Faço instrumentos também além das construções. É mais estranho ver seu rosto de perto por exemplo, eu só me enxergo no reflexo da água, do que ouvir sua voz falando comigo.

N&C: O que você mais gosta e menos gosta aqui?

M: Eu gosto da falta de roupa, essa liberdade, essa flexibilidade toda. Sinto que tudo posso. O que menos gosto é não ter olhos de lince e enxergar a noite, estou trabalhando nesse progresso, quem sabe um dia... Já sentei em muito formigueiro por não enxergar no escuro (risos).

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AMC OO GDN U E T E R E I NM SAP H O A E A excêntrica gueixa não sai do salto, ou melhor, dos tênis hiper confortáveis feitos pra caminhar o dia todo. Maquiagem impecável, cabelo feito e a famosa sombrinha japonesa são sempre parte da sua produção, seja dentro de casa ou no supermercado. A gueixa chama atenção, mas não é a toa, ela faz por merecer: “Eu não abdico do quimono mas os uso com calça jeans e tênis”.

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NUA&CRUA: Explica pra gente o seu look. N&C: Você tem filhos? N&C: Você mora sozinha? Como é sua relação com a família?

AKIKO: Konichiwa, Revista! Então, é super confortável, além de eu não perder a minha identidade, eu posso fazer o que for uma vez que estou vestida pra qualquer ocasião. Hihihi. A: Watashi ga nozomu. Comecei um namoro há pouco, filhos estão longe de ser um assunto, muito menos uma opção agora. Mas claro, quero tê-los. Um casal. A: Hai, moro sozinha. Minha família está inteira no Japão. Nos falamos por Skype sempre. Às vezes quero companhia e eles ligam a webcam só pra me fazer companhia, cozinho, como com eles me assistindo e vice-versa. Só falamos em japonês, claro, mas já ensinei muito de português pra eles, né?

N&C: Você sofre preconceito ou as pessoas hoje já não encaram outra cultura como coisa de outro mundo?

A: Claro que me olham, sei que chamo atenção mas eu ajo tão naturalmente que as pessoas vão na minha. Não me ofendo fácil, quando eu vim pra cá eu sabia que não seria fácil, né? Mas já fiz muitos amigos e até um namorado hihihi Gosto muito da diversidade de gente que tem aqui, eu posso sair como quiser que sempre vai ter alguém que chama tanta atenção quanto ou até mais.

N&C: E o seu dia-adia? O que você faz?

A: Eu sou professora de piano para crianças. Também estudo, estou fazendo o mestrado em Letras, por isso meu português bom. Sou fascinada pela língua mas não deixo de usar, falar e me expressar em japonês. Quando fico nervosa só me sai “Iyadesu!” Hihihi De resto, me dedico também à costura, eu faço todas minhas roupas e acessórios então são todas personalizadas e feitas para cada um dos meus dias, de acordo com meu humor, né?

N&C: Tem alguma expressão, ou palavra mesmo, em português que não existe em japonês e você conseguiu compreendê-la e a como usá-la?

A: Claro, inúmeras. Mas acho que a palavra universal que não existe em nenhuma outra língua é “saudade”. Não tem como não se encantar quando você consegue entender que esse é um sentimento que existe mas em todo o resto do mundo não tem uma palavra pra representá-lo.

N&C: Na sua sessão de fotos no supermercado, observamos seu encanto com as frutas. N&C: O que você mais sente falta estando longe de casa? N&C: Uma palavra pra finalizar nosso papo, Gueixa.

A: São tantas! Tão coloridas, lindas, dá vontade de pendurar tudo nas paredes de casa ou no pescoço mesmo e sair por aí (risos). Eu acho um arraso. Além do preço acessível, eu conto pro meu pessoal e ninguém acredita. Frutas que nunca havia visto antes e hmmm, que sabor (ela saliva)...

A: Da minha irmã. Ela está vindo pra cá no fim do mês e estou super ansiosa, mal posso esperar pra mostrar pra ela as maravilhas daqui e ensiná-la os prazeres de usar um tênis com quimono. A: Sayonara!

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O CANTO DO SEREIO

“Sereio do maaaaar” ou melhor, do Lago Paranoá. Cheio de gás, o Sereio vive nas límpidas margens do lago brasiliense. Há pouco mudou-se para um apartamento com uma banheira digna para seus banhos, mas ele não abandona o habitat natural e os amigos que fez nesse empreitada. O Sereio não é só mais um atrativo da capital federativa, mas foi tombado como o primeiro ser meio humano a ser um patrimônio histórico da humanidade. Ele conta pra gente dessa jornada e da conquista: “Glória define”. \\ 16


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N&C: Uma última pergunta é irmão. relacionada ao seu intelecto. Você diz ler muito, que tipo de autor te encanta?

S: Filósofo, epistemológico, que também era alemão: é claro que é o Kant, meu

vão fazer também uma escultura minha, vai ficar na prainha do lago com uma placa explicativa do que se trata tudo isso. São tempos modernos e nem todo mundo lida bem com a mudança rápida e constante da nossa realidade atual, vai ser estranho pra uns mas todo mundo têm o direito de saber o que passa.

N&C: E como vai ser essa história de ser o primeiro meio humano a virar patrimônio. S: Sereios tem vida eterna, por isso faz sentido tombar alguém como eu. Mas eles

S: Agora que tenho voz, tenho mudado essa imagem ofensiva dos jacarés. Teve um ataque uma vez há muitos anos atrás que foi realmente uma tragédia, o Dilan (jacaré responsável pelo ataque) tava passando por uma fase difícil, crise do pânico, ele pegou a pobre vítima no susto. Ele se trata hoje em dia, no zoológico, claro. Tenho tido notícia dele... Bicho forte! Eu digo que jacarés são os melhores amigos dos sereios. Companheiros e fiéis, te defendem com unha e dentes, às vezes literalmente mas eles têm cada vez mais a confiança das pessoas, que eles não tão aqui pra simplesmente atacar.

S: Eu pulei como minha querida amiga, que Deus a tenha, Free Willy em seu sucesso de bilheteria (risos)

N&C: Como você reagiu quando recebeu a notícia que seria um patrimônio histórico?

N&C: Me conta mais sobre sua vida pessoal, da sua relação com os famosos jacarés do Paranoá que vira e meche dominam e apavoram a população.

S: Não se eu estiver no lago, todo mundo sabe que lá é onde eu vou pra ter sossego. As pessoas sabem preservar esse tipo de coisa, é um prêmio não só meu, é de todos brasilienses também. É como desgastar um monumento mesmo, nesse sentido eu estou tranqüilo, feliz. Glória define, me sinto glorioso.

S: Ah, eu aproveito enquanto posso. As pessoas fizeram o maior burburinho quando mudei pro prédio, todo dia tem uma cesta de boas-vindas na porta, uma faixa enorme ou um desses carros de mensagem com algo a dizer pra mim. Eu não sou acostumado com essa atenção toda, no lago eu tenho a minha paz.

S: Graças aos amigos que surfam no lago eu pude realizar esse sonho. Eles sempre me ajudaram desde que os conheço e dessa vez me pegaram de surpresa. O Zac (surfista) chegou pra mim e falou “Vem, a gente tem um presente”, me colocaram na caçamba da pick-up dele, onde eles improvisaram uma piscina, e me levaram até o apê. Fiquei completamente extasiado. Estou super feliz nele mas admito que ainda vivo mais no lago que na banheirona.

SEREIO: Tenho 18. Claro, idade de meia gente é a mesma de gente.

N&C: Nossa, vai ser difícil se acostumar com o seu novo título então...

N&C: Por que? Se sentes melhor ao ar livre?T

N&C: Você recentemente conseguiu um apartamento com uma banheira que te deixasse satisfeito para seus banhos.

NUA&CRUA: Quantos anos você tem, Sereio? Idade de sereio é contada como a dos humanos?


“Essa é a mistura do Brasil com Egito, tem que ter charme pra dançar bonito. Neguinha maravilhosa, mulher bonita, mostra esse agito pra mim, vai!” É sim, um dos hits mais estourados dos anos 90 do grupo “É o Tchan”, tem uma musa: Aisha. Com o pai rico descendente de faraós e a mãe baiana “retada”, como eles mesmos diriam, a gata conquistou não só os olhos mas toda uma melodia que embalou gerações. A morena conta pra gente desse sucesso e de suas origens: “Todo mundo sabe quem eu sou até hoje pela minha cor de pele, principalmente”.

MISTURA DO brasil com o egito

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NUA&CRUA: Oi, Aisha! Como é seu nome completo de batismo? Conta pra gente como essa mistura foi acontecer, dos seus pais.

AISHA: Aisha Basheera Dahra Silveira do Abaré. Meus pais se conheceram numa expedição ao deserto do Saara. Minha mãe foi com a primeira excursão da escola pra fora do país e meu pai era o guia do museu que ela visitou primeiro. Foi amor à primeira vista, minha mãe pretinha e meu pai nas vestimentas tradicionais do Egito. Meu pai voltou junto com a excursão dela pra Bahia, ele se apaixonou de cara por lá, eles estão juntos até hoje, procriando inclusive. Eu tenho 29 irmãos.

N&C: Que história incrível! E como sua família reagiu com a notícia que uma das irmãs seria musa inspiradora de uma das maiores bandas da época?

A: Sou a décima filha mais velha, e é tradição no Egito a décima filha se mostrar pra sociedade como mulher madura quando ela completa 15 anos. Foi o que aconteceu. Meu pai sempre exuberante, fez a maior festa da cidade do Morro de São Paulo e toda a cidade estava lá. Cumpadi Washington estava na cidade coincidentemente e claro foi convidado pra festança. Quando eu desci as escadas com o vestido de debutante, eu ouvi uma voz masculina gritando “Danada! Ordinária! Vamo embora, mostra pra mim, juntinho... Vamo embora!” e assim ele me levou, ao pé da letra, embora me apresentando para o restante do grupo. Ele ficou encantado com a minha raiz, a letra da música comigo ali presente sendo a diva inspiradora saiu em uma hora. A família não podia ter ficado mais orgulhosa, sou a mais mimada das meninas lá de casa (risos).

N&C: Os acontecimentos da sua vida parecem sempre um novo capítulo de uma novela excitante. Você tem um romance como toda boa mocinha?

A: (risos) Eu tenho sim, na verdade ele é meu amigo com benefícios, preferimos assim chamar nossa relação. Na sessão de fotos, ele estava lá em casa e acabou que fizemos umas fotos um pouco picantes, não me senti constrangida apesar de ele ser fogoso, não importa que estejam olhando. O negão não tem jeito não (muitos risos). Estamos juntos desde a época do Tchan.

N&C: Algo estranho aconteceu na sessão de fotos, o que se passou?

A: A equipe ficou super assustada mas logo eu expliquei o que estava acontecendo, que não era motivo nenhum pra alarde. Eu tenho um fantasma camarada que vive no meu quarto. Eu e meu amigo com benefícios gostamos de usá-lo como válvula de escape, já que na teoria ele não existe. A gente dá uns beijinhos, se pega, se diverte. Quando estamos de saco cheio um do outro, ele aparece do meu lado pra me consolar. Antes de eu explicar toda essa situação, uma das meninas da produção chegou a chorar, pobrezinha.

N&C: Você tem um amigo fantasma então? Antes de a gente descobri-lo, alguém mais sabia da existência dele?

N&C: Aisha, nota-se uma diferença de cor do seu rosto pro seu corpo. O que acontece?

A: De jeito nenhum. Eu não sei como ele apareceu em meio à sessão, deve ter ficado enciumado ou com inveja, ele tem esse defeito. Ele é muito tímido, a ele sim meu namorado intimida. Mas o negão logo veste a bata pra dançar pra ele e ele se joga junto. Somos muito próximos, ainda bem que ele não pode morrer de novo, não viveria sem meu amigo (risos).

A: A história é curta e três palavras definem meu problema bicolor: doença do Michael Jackson. É triste me ver perdendo essa parte de mim, mas assim como o ídolo pop, nunca vou deixar que isso abale minha raiz tão única e forte. Todo mundo sabe quem eu sou até hoje pela minha cor de pele, principalmente. Me pego muito mal às vezes, mas eu resolvi assumir pro mundo essa minha mudança pra todo mundo acompanhar que eu continuo aquela garota que o califa tá de olho no decote (risos). Sou feliz comigo mesma, afinal de contas, eu posso... Sou rica!

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Um bate-papo informal com Jussy Q., a Mulher Banana (22), a mais nova sensação do verão 2011, nos revela mais que um rosto marcante, um corpo escultural e muito gingado. A moçoila além de confiante, é do tipo prática quando o assunto é relacionamento: “Tenho um coração que é uma planilha” e quando o amor fala mais alto, ela para pra ouvir.

A MULHER BANANA


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B: Mais uma vez, é meu trabalho. Se eu não me sentisse a vontade, como eu estaria fazendo sucesso? Pouca gente sabe mas sou tímida. O palco é meu santuário, meu lugar seguro. Tenho que ser auto confiante, confiar no meu corpo e na minha cabeça. Os deixo livres, por isso a desenvoltura (risos).

B: Eu quem agradeço. Muita banaaana pra todo esse 2011, que vocês disfrutem tanto quanto eu essa época boa, a juventude. Me despeço com uma música, música do calor, do sabor, “del color”: “Laiá Larará Lararará Larará Preta, preta, pretinha! Preta, preta, pretinha! Preta, preta, pretinha!”

N&C: Você se sente muito a vontade na frente de câmeras, está na cara. No seu ensaio fotográfico pra revista, você mesma indicou onde deviam fotografar e se dirigia nas poses...

N&C: Queria agradecer a sua paciência, carisma e a banana que você me deu de lembrança. Manda um recado pros leitores.

Viva o Brasil!

B: Beyoncé. Divaaa. Me comparam com ela, fico toda boba. Ivete Sangalo que se cuide, a Beyoncé do Brasil sou eu, ela já perdeu o posto e nem sabe ainda.

B: Beyoncé. Divaaa. Me comparam com ela, fico toda boba. Ivete Sangalo que se cuide, a Beyoncé do Brasil sou eu, ela já perdeu o posto e nem sabe ainda.

B: Tá “loooca” (risos). Eu tive a sorte de explodir por ser a cara (e a bunda) que o brasileiro gosta de ver, admirar. Meu trabalho não passa de me mostrar com minha marca registrada na mão, minha fruta (ela mostra a banana). Estou sempre com ela num lugar provocativo, seduzo, flerto com as câmeras, meus fãs... Essa é minha “paquera profissional” do cotidiano, o que já me diverte, fora isso tem sempre as baladas do finde que não perco. É de praxe toda sexta e sábado eu estar me acabando em uma pista cheia de gente bonita, óbvio, fico irada quando não posso ir.

B: Ah, já fiz demais pelos outros e agora estou querendo que alguém faça loucuras por mim. Quero ser surpreendida. Minhas amigas falam até que tenho um coração que é uma planilha. Elas ficam: “E aí? Como está a cotação na planilha?” E eu finjo que estou abrindo o jogo: “Bom, fulano caiu um pouquinho, beltrano está indo bem”. É uma brincadeira que a gente tem.

N&C: O que você gosta de escutar na balada, Banana?

N&C: O que você gosta de escutar na balada, Banana?

N&C: E sua aparição na mídia? Te demanda tanto tempo que não sobra espaço pra paquera?

N&C: Conta mais sobre essa fase solteirona convicta.

B: Não sou de me encantar fácil, pra me conquistar tem que rebolaaar (risos). Não é qualquer um que consegue lidar com um bananão desse. Mas sim, já estive apaixonada.

B: Ah, tudo bem. Às vezes bate uma carência aí aparecem pessoas. Mas não faço o tipo desesperada, eu me basto (passa a mão sobre o corpo quase todo descoberto e ri). Se pintar alguém eu me entreeeego.

NN&C: Tudo isso? E como é?

N&C: Você já se apaixonou?

BANANA: Solteeeeira. Há muito tempo, desde que entrei pro hall da fama, há 2 anos (risos). Mas sozinha nunca!

NUA&CRUA: Estado civil?



DĂŞ uma mĂŁozinha para a vida selvagem


VIVA A FICÇÃO

C R NUA A


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