Investimento Social Privado

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PESQUISA REVELA INVESTIMENTO SOCIAL PRIVADO NOS EUA A caridade pode ser vista como o altruísmo de pessoas solidárias, no entanto, parte dos doadores despende dinheiro por pura pressão social. Isto é o que mostra um estudo realizado nos EUA, onde 90% da população doam anualmente um montante que representa mais de 2% do PIB do país. O estudo realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia e Universidade de Chicago foi publicado no National Bureau of Economic Research. Cerca de 7670 donas de casa de cidades ao redor de Chicago foram abordadas por membros do estudo que solicitavam doações para um hospital de crianças conhecido no estado e uma entidade fora do estado desconhecida pelos doadores. Um experimento foi feito para comprovar a existência de dois tipos de doadores: os altruístas e os pressionados socialmente para doar. Um folheto indicava antecipadamente o dia e horário que a dona de casa seria abordada pelo pesquisador e uma opção para escolher "Não Perturbe" no momento da visita. Na primeira opção (entidade conhecida), sabendo da vinda dos solicitadores, houve uma redução de 10% a 25% das pessoas que abriram as portas e no segundo caso (entidade desconhecida), ocorreu redução de 30% nas doações, porém, em valores de até 10 dólares. Os resultados mostraram que na média, os doadores não são altruístas, mas entre 10% e 15% das pessoas, preferem doar um montante significativo. Para complementar a campanha porta-áporta, o estudo incluiu questões que foram respondidas por 177 donas de casa. A primeira pergunta era para elas relembrarem quantas vezes nos últimos 12 meses haviam batido á sua porta solicitando doações para caridades, assim como via email, telefone e outros meios. Do total, 73% receberam pelo menos uma visita e 46% reportaram pelo menos três visitas. A outra pergunta se referia ao montante doado aos solicitadores nessas ocasiões e 40% disseram ter dado dinheiro significativo e a média de doações ficou em 26 dólares para uma doação máxima estipulada em 1000 dólares. Através de meios nos quais a pressão social para doar é menor ou


não existe, a média de doações foi maior: $59 por telefone, $114 por email e 283 dólares por outros meios. A conclusão desse estudo ressalta a ineficiência de campanhas porta-á-porta para arrecadar fundos para caridades, já que metade dos doares preferia não doar ou doar menos e há um custo da pressão social de recusar uma doação solicitada em torno de $3.5 para a caridade conhecida no estado e $1.4 para a entidade desconhecida fora do estado, gerando uma perda de milhões de dólares. Portanto, uma maneira de se evitar isto é colocar opção para as donas de casa que preferem não participar das campanhas e assim solicitar doações de pessoas que o fazem porque realmente gostam de contribuir. No Brasil não há estimativas sobre doações de pessoas físicas em âmbito nacional atualizadas, porém o Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (IDIS) realizou uma pesquisa quantitativa com habitantes dos municípios de Guarulhos, Limeira, Santa Bárbara d’Oeste e São José dos Campos. Foram entrevistadas 957 pessoas maiores de 18 anos. O resultado foi que 74% se declararam doadores, sendo que desses 56% eram mulheres. A idade média do doador foi 40 anos, em grande parte pertencente ás classes A e B e formação com nível superior. As doações em dinheiro somaram 43% com o valor de cada doação em torno de 10 á 50 reais. Perguntados sobre o motivo de fazer uma doação espontaneamente, 57% declararam desejar "fazer algo para melhorar as condições de vida das pessoas e ajudar o próximo". Outros motivos apresentados também foram os religiosos, satisfação pessoal, exercer cidadania, identificação com uma causa e confiança em uma determinada entidade social. A pesquisa não aborda aqueles que doam por pressão social como apresentado no estudo americano, mas traça através de uma amostra o perfil do doador brasileiro. Independentemente do motivo das doações, revela-se a importância cada vez maior do investimento social privado no país.


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