Fui BBB, e agora?
Priscilla Andrade & Renata Carrijo
Ficha Técnica Capa: Thiago Fagundes Projeto Gráfico e editoração: Luiz Gonçalves Revisão: Priscilla Andrade e Renata Carrijo Orientação: Florence Dravet © Edição das autoras
T269
Fui BBB, e agora? / Priscilla Andrade e Renata Carrijo. Brasília : edição das autoras, TCC Comunicação Social, Universidade Católica de Brasília, 2011.
76 p. ; 18 cm
1. Comunicação. 2. Televisão - Brasil. 3. Gêneros não ficcionais. I. Andrade, Priscilla. II. Carrijo, Renata.
Todos os direitos reservados às autoras Priscilla Andrade e Renata Carrijo.
CDU 316.78
A nossos queridos e amados pais, que nos deram todo apoio necessário. E também a nossa orientadora Florence que nos ajudou em todo processo de produção deste livro.
Sumário
Prefácio 09 Apresentação
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Entrevistas
Ariadna
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Cacau
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Eliéser
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Francine
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Jaque Khury
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Lia
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Michel
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Análise das Entrevistas
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Prefácio Cosette Castro Muito tem se escrito e falado sobre os reality shows e sua presença na vida cotidiana. Presentes nos países europeus e nos Estados Unidos desde os anos 70 do século XX, eles tratam de diferentes temas como a vida dentro de uma casa (Big Brother), em um ônibus (Busão do Brasil), em uma fazenda (A Fazenda), em uma praia (No Limite) ou em um bar (El Bar). Também apostam em desafios como emagrecer (The Diet) na competição entre artistas (Casa dos Artistas) ou na descoberta de novos cantores (Fama), entre outros 40 tipos de programas similares. Tais programas, gravados ou ao vivo, permitem as audiências o olhar indiscreto sobre a vida dos participantes. Um dos programas mais famosos é o Big Brother, criado pela empresa holandesa Endemol, que já foi vendido para mais de 70 países, desde seu lançamento em 1999 e foi assistido por milhões de pessoas, inclusive nos países muçulmanos. Por onde passa, este programa suscita debates e discussões acaloradas entre aqueles que gostam e aqueles que o consideram produto cultural de “segunda categoria”. Os estudos sobre Big Brother também dividem os pesquisadores. Eles se centram em fatores negativos e positivos sobre o reality show. Entre os fatores negativos são abordados temas como a invasão da privacidade, a pouca profundidade dos diálogos na casa, a promoção excessiva de corpos jovens e esbeltos, fatores econômicos, como a venda de produtos relacionados com o programa e o estímulo a competição. Na abordagem positiva aparece o sucesso entre as audiências (independente de língua, Fui BBB, e agora?
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gênero, idade, nível social, cultural ou religião), a visibilidade midiática ou o papel das redes sociais para o êxito ou fracasso de um reality show. Mas poucos autores se dedicaram a pensar a vida após o confinamento na casa de Big Brother. Este é o desafio que Renata e Priscila aceitaram no presente livro. Ao escolher esta abordagem, a dupla desconstrói a imagem quase fictícia de personagens, com diferentes estereótipos e características dos participantes do reality show, para resgatar o caráter humano - e por isso mesmo frágil - de seus participantes. Um desafio deste tipo representou alguns problemas para as autoras que, por exemplo, não esperavam ter dificuldades para localizar os ex-BBB nem contavam com a baixa participação às entrevistas que elas propuseram. Mas nem por isso, o trabalho perde fôlego. Ao contrário; ganha em qualidade. A partir dos contatos realizados e mesmo das negativas às entrevistas, elas analisam e resgatam a vida dos ex-BBB, mostrando que o preconceito com relação ao programa extrapola o campo intelectual e de parcela da população para alcançar também diferentes setores da vida profissional. Embora a maioria dos ex-integrantes afirmem que participariam de uma segunda edição do programa e consideram que o Big Brother abriu as portas para o reconhecimento público, há dois casos de participante que preferem esquecer os meses de confinamento na casa e, se possível, prefeririam que nem tivesse ocorrido. Tais casos merecem destaque. O primeiro diz respeito ao ex-BBB formado em jornalismo que foi eleito deputado federal pela Bahia e se negou a dar entrevista porque agora prefere debater questões relacionadas ao seu novo momento de vida: a política, mesmo que contraditoriamente, ele tenha se tornado uma pessoa pública através do 10
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programa. Neste caso, o jovem deputado - que ajudou na discussão pública sobre a homossexualidade quando participou do Big Brother - nega seu passado e assume, ainda que indiretamente, o discurso preconceituoso sobre esse tipo de formato que está presente no meio social. O outro caso interessante é o da doutora em linguística que deixou de ser convidada para bancas e para trabalhos “sérios” na universidade depois de sua participação em um reality show de caráter popular e com alto nível de sedução das audiências. A academia não perdoou a ex-BBB por “seu interesse pela fama”, como se a participação e a visibilidade trazida por um reality show diminuísse o conhecimento formal adquirido pela jovem doutora. Big Brother também pode abrir as portas para discussões que dividem a sociedade – como ocorreu sobre a homossexualidade, embora esse tema tenha demorado muito para entrar na pauta do programa brasileiro, ao contrário de outros países. Na Inglaterra, por exemplo, o primeiro vencedor de BB era gay e tanto na Inglaterra quanto na Holanda nas primeiras edições já haviam casais homossexuais dos dois sexos. E isso ocorreu logo na virada do século XXI. O programa também pode mostrar o quanto a sociedade brasileira está despreparada para discutir questões relativas a sexualidade que transcendam os gêneros masculino e feminino. Em meio à profusão de corpos jovens e perfeitos, que apareciam diariamente com pouca ou pouquíssima roupa, a única transexual que participou do BBB foi a primeira a ser eliminada pela população, em uma negação coletiva (e imaginária) de um grupo social ainda marginalizado no país. Ao dar voz aos ex-participantes do programa Big Brother Brasil, o livro apresenta também as expectativas desses jovens, seus anseios de Fui BBB, e agora?
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ultrapassar 15 minutos de fama e mostrar talento para além do reality show. E ao fazer isso, suas autoras dão o tom humano do livro, mostrando que, apesar das dificuldades, sim, existe vida após BBB, assim como seguem existindo sonhos e fantasias, em meio a um grande desejo de não serem esquecidos.
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Apresentação O Big Brother Brasil é o reality show de maior repercussão no Brasil. Apresentado pela Rede Globo foi transmitido pela primeira vez em 2002. Já teve mais de 150 participantes até hoje, com predominância de idades entre 23 e 28 anos. Das 11 edições somente três foram vencidas por mulheres. Os BBB passam três meses dentro de uma casa fechada, vigiada por câmeras em todos os ambientes, o telespectador acompanha todos os momentos e acaba se tornando íntimo deles sem nem mesmo conhecêlos pessoalmente. Antes de entrar para o reality show os participantes são na maioria das vezes pessoas anônimas que nunca lidaram antes com toda essa exposição na mídia. Alguns já têm alguma profissão ligada à televisão ou às passarelas e já têm um pouco de experiência no assunto, mas ainda assim não se compara a expor sua vida, dia após dia para pessoas completamente desconhecidas. Para alguns telespectadores se torna até um vício acompanhar tudo o que acontece dentro da casa, mas a pergunta que fica no ar quando acaba o programa é como é a vida dessas pessoas fora da casa, depois de toda a euforia de ter ganhado ou até só por ter participado do programa. Existe vida após o BBB? Ser um ex-BBB pode ser considerado uma profissão? Esses foram os primeiros questionamentos para darmos um ponta pé inicial à escolha do tema do nosso livro de entrevistas. O fato de ser um ex-BBB pode ser considerado uma profissão? Esse é o segundo motivo para seguirmos em frente com o nosso projeto final. Ter Fui BBB, e agora?
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contrato de exclusividade com a emissora, fazer participações em eventos, conceder entrevistas, pousar para revistas, tudo isso pode ser analisado como “profissão ex-BBB”? E quando o tempo de fama termina, como lidar com essa tal profissão? Será que eles consideram isso como profissão? Nas entrevistas realizadas com sete exparticipantes, é perceptível que todos fazem uso dessa experiência e da fama adquirida para dar continuidade a sua vida profissional, ainda que não considerem isso uma profissão. Isso é algo ambíguo e difícil de entender. Nas entrevistas também perguntamos sobre a vida pós BBB e as dificuldades encontradas após o programa não só na vida profissional, mas também na vida privada, familiar, na relação com os amigos, com os fãs, etc. De certa forma, a Rede Globo abandona esse competidores em seguida ao fim do programa. É bem fácil notar que a emissora não se preocupa em mostrar o que acontece com eles, como estão lidando com essa fama repentina. Uma das poucas formas de mostrar o que acontece é no programa Domingão do Faustão que no domingo seguinte à eliminação, os convida a participar. Nessa ocasião falam de como foi a experiência dentro da casa, mas muito pouco é tocado sobre o assunto pós BBB, até mesmo porque ainda é tudo muito recente. Ao final do ano de 2010, o programa do Faustão convidou antigos BBB, para falarem de como está a vida agora. Foram escolhidos participantes desde a primeira até a décima edição. Em alguns minutos eles contaram como estava a vida atualmente, mas nada que realmente pudesse mostrar como é a realidade de quem participou de um reality show. Por essa falta de espaço na mídia é que decidimos mostrar um pouquinho da vida deles e 14
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também colocar isso para o público que sente essa carência de informações. Afinal, os telespectadores passam três meses compartilhando o cotidiano desses competidores e depois pouco é falado sobre o que aconteceu com eles. O primeiro momento da investigação foi feito através da procura na internet, através do Google e em mídias sociais como Orkut, Facebook e Twitter, em busca de informações de contatos com esses exparticipantes. Partimos de uma lista disponível no site do programa. Com a pesquisa, encontramos o contato de cinquenta participantes, entre e-mails, telefones pessoais/assessores e perfis nas mídias sociais. Posteriormente, fizemos um questionário básico com quatro perguntas, são elas: Nome completo; Local onde mora atualmente; Atividade profissional atual e Telefone para contato; e enviamos para as trinta e três pessoas de quem localizamos o contato de e-mail. Desses, somente seis responderam à enquete. Diríamos que esse retorno foi um pouco decepcionante, já que era a parte inicial do projeto e não obtivemos a resposta esperada por parte dos participantes. Mas também tínhamos vários contatos telefônicos. Telefonamos para dezoito pessoas para marcar as entrevistas. Algumas foram por telefone, mas fizemos a maioria por e-mail, a pedido dos entrevistados. A maior preocupação que tínhamos era com a qualidade das entrevistas, temendo que os entrevistados não respondessem de forma completa. Encontramos dificuldades com a disponibilidade dos participantes, que muitas vezes estão pelo Brasil a fora e não têm tempo. Lidamos também com o desinteresse e até uma certa tensão por parte de alguns ex-participantes que se disseram indispostos a perder tempo falando sobre esse Fui BBB, e agora?
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assunto. Vale a pena relatar o caso de uma antiga participante que se recusou a falar, dizendo que não tratava mais do assunto, pois o programa só atrapalhou a vida dela. Outro caso foi o de um antigo participante que hoje é político. No primeiro momento, ele e seu assessor se mostraram bastante dispostos a participar da entrevista, mas a partir do período que perceberam que não iriam poder tratar de assuntos políticos passaram a não nos responder sem explicar o motivo. Problemas superados, as entrevista foram feitas. Ao total foram realizadas sete entrevistas onde pudemos desvendar as perguntas iniciais cujas respostas se podem encontrar ao folhear o livro. Para conseguirmos definir os métodos de pesquisa, tomamos por base alguns artigos, teses e livros que falam sobre televisão, reality show e Big Brother Brasil. A partir dessas leituras, conseguimos entender melhor o que é e como trabalha a mídia em torno desse tipo de programa. Isto do ponto de vista da produção, mas também do que representa para os telespectadores. Mostramos isso em um livro com entrevistas descontraídas e em formato direcionado à um público não acadêmico, mas que ainda assim tem interesse em conhecer melhor os fenômenos midiáticos. Procuramos escrevê-lo de uma forma que a leitura não se torne cansativa, já que estamos falando de um programa que o público assiste para se entreter. Esperamos que você possa ter uma leitura divertida e que encontre respostas a dúvidas que até aqui não tinham sido respondidas por quem já participou. Esperamos que o leitor possa compreender um pouco do que é se tornar uma celebridade de um dia para o outro e como se lida com isso de forma a garantir a continuidade de sua imagem para se manter na mídia. Dada a vastidão do campo 16
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midiático, veremos que há tantas formas de participar dele quanto possível. Agora aproveite para dar uma “espiadinha”!
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Ariadna Ariadna Arantes, 27 anos, foi a primeira transexual a participar do programa. A cabeleireira, do subúrbio do Rio de Janeiro, morou na Itália durante cinco anos e aprendeu a falar italiano fluentemente, mas afirma que o seu lugar é o Brasil e só voltaria para a Itália a passeio. Ariadna, que nos concedeu a entrevista via email, entrou no jogo determinada a levar o prêmio, mas acabou tendo uma participação pequena, sendo a primeira eliminada na última edição do reality, que foi exibida no início deste ano.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
Sim, mudou muito a minha vida. E positivamente. Mesmo com toda exposição a qual me submeti, acho que a aceitação das pessoas comigo está ótima.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? No início me arrependi sim. Pensava: “fui a primeira a sair, joguei minha vida no ventilador. Será que valeu a pena?” Pois eu entrei, não pela fama, mas sim por 1 milhão e meio. Depois minha opinião mudou completamente.
Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? Até agora não tenho tido nenhuma dificuldade profissional. Tenho recebido convites como todos os outros brothers.
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Ser ex-BBB é uma profissão? Ser ex-BBB ajuda muito. Portas se abrem. Porém, a sombra de ser um ex-BBB pesa um pouco. As pessoas tem preconceito. Tenho planos para que um dia eu possa ser a Ariadna modelo ou atriz e não mais a Ariadna ex-BBB. Não por nada, mas sim pela indiferença que as pessoas têm com ex-BBB.
A fama lhe trouxe algum problema pessoal?
Bem, não consigo ter tanto tempo para amigos e família. E uma coisa que odeio e tenho escutado sempre é: “ficou famosa e esqueceu dos amigos”. “Não te convido mais pra vir aqui porque agora você é famosa”. Coisas que não tem nada a ver e me machucam. Quem me conhece intimamente sabe que continuo a mesma pessoa, simples e humilde. Não tenho problema quanto a isso. Se um dia a fama acabar, tento a vida da forma que posso. Volto a ser cabeleireira ou procuro outro emprego para seguir adiante.
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Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Acredita que é possível? A vida era meio monótona. Agora melhorou bastante. Fiz novos amigos, pessoas de bem. E continuo mantendo minhas amizades antigas. A rotina de ser meio privada era um tédio. Agora posso me considerar livre.
O assédio nas ruas é/foi um problema pra você?
De jeito nenhum. As pessoas são carinhosas. Somente às vezes sou mal interpretada e as pessoas não entendem. Eu também, como ser humano, preciso comer, me divertir, um momentinho meu. Aí você está em um restaurante comendo, de boca cheia, alguém pede para tirar foto e você explica que está comendo, pede para esperar um pouquinho e a pessoa maltrata, fala palavrão e sai irritada. Gente, também preciso me alimentar. Já levei arranhão, quase quebraram minha mão e meu dedo. Mas é a minoria. A maioria respeita e entende.
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Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você? E isso é bom ou ruim? E como se deu essa mudança? A minha relação com meus parentes é a mesma. Não mudou em nada. Eles só ficaram chocados com uma coisa: aonde eu cheguei. Tenho uma história de vida que muitos não sabem. Não sou a menininha bonitinha que se prostituiu, que viajou, que é brincalhona e fala besteira. Existe muito mais na minha história que muitos não sabem e que um dia pretendo falar.
Se fosse convidado para participar novamente do BBB, aceitaria? Sem sombra de dúvidas. Não aproveitei a casa. Não vivi o Big Brother. Me considero apenas uma figurante dentro do BBB. Por isso participaria sim.
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Você foi a primeira transexual a participar do BBB. As pessoas te tratam diferente por isso? Acredita que sua participação foi importante para quebrar o preconceito que existe em relação a isso?
Acho que a minha ida para o BBB mostra que nem tudo está perdido. Isso ajuda bem as pessoas a verem que de transexual passei a ser uma mulher. Que tenho que ser respeitada como mulher, sem esquecer meu passado. Sou uma mulher não biológica, que merece o respeito igualmente. Assim como homossexuais, travestis e heterossexuais merecem também. O mundo precisa se respeitar para que possamos viver todos em harmonia. Espero que minha participação possa ajudar de alguma maneira.
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Cacau Simpática, Cláudia Colucci, de 29 anos, ou Cacau como ficou conhecida, aceitou dar a entrevista desde o primeiro contato. Ela é formada em Letras, mas exerceu a profissão de empresária e promotora de eventos. A enorme fênix que a paulista de Ribeirão Preto, interior de São Paulo, tem nas costas chamava bastante atenção no programa. Cacau, que nos concedeu a entrevista via telefone, tinha a tatuagem como uma espécie de amuleto, que fez pouco antes de entrar na casa, para dar sorte. Ela permaneceu por volta de um mês e meio no reality e ganhou um carro, em uma vitória conquistada na “Prova do Anjo”, prova do programa em que o vencedor escolhe alguém para conceder imunidade por uma semana e evitar riscos de eliminação.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
O BBB mudou a minha vida positivamente, com certeza. Primeiro pelas pessoas que a gente conhece. Querendo, ou não, a gente recebe muito carinho por onde a gente passa. Tem crítica, mas é pouco perto do carinho que a gente recebe. É minoria perto da quantidade de pessoas que te elogiam. Além de te abrir portas profissionalmente para a carreira artística. Se você souber aproveitar as oportunidades, estudar, correr atrás, abre muitas portas. Mas o lado ruim de tudo isso é o preconceito que ex-BBB enfrentam em qualquer coisa que for fazer. Até na carreira artística tem. Se você for voltar para a sua profissão também tem. Então o ex-BBB tem que mostrar que é bom, talentoso. Melhor do que uma pessoa que não é ex-BBB, por causa do preconceito, que é a parte ruim. Mas, para mim, é 95% positivo. Eu lido muito bem com as críticas, não ligo para o que as pessoas falam de ruim. Tento valorizar sempre as coisas boas.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? Jamais. Eu agradeço muito por ter entrado. Às vezes as pessoas criticam que a Rede Globo tem a edição que prejudica algumas pessoas e favorece outras, que não aproveitam ex-BBB para outras coisas, mas eu só agradeço pela
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oportunidade que eu tive. Abriramse muitas portas para mim. Mesmo se eu tivesse voltado para minha área, para minha agência de eventos, isso ajudaria muito. E deu para juntar uma grana legal também, com a playboy, presença VIP, carro que acaba ganhando. Financeiramente ajuda muito. Então não me arrependo nem um pouco, minha vida só melhorou depois disso.
Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? Eu não encontrei porque eu já trabalhava na área de eventos. Mas eu sou formada em Letras e talvez se eu desse aula, encontraria. Mas tem gente que trabalha na área da saúde, que é advogado e que encontrou. No meu caso, só ajudou. Mas para você entrar no meio artístico, seguir a carreira de atriz, igual a mim, que agora vou entrar para a Escolinha do Gugu, que vou começar a fazer teatro, sei que vou sofrer preconceito. Ainda não passei por isso, mas no meio dos atores com certeza eu devo sofrer. É uma coisa nova que você tá enfrentando e até entendo, porque tem pessoas que fazem teatro há anos e chega uma ex-BBB e pega o lugar de alguém que estudou a vida inteira. Por isso que eu acho que o papel do ex-BBB, às vezes, é estudar até mais do que outra pessoa para mostrar que você é mais que isso. Então abre portas, mas da porta para frente, cabe a você aproveitar ou não e fazer bem feito.
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Você entrou na Escolinha do Gugu por ser ex-BBB ou através de testes? Não vou ser hipócrita, com certeza passei porque sou ex-BBB. Mas eu sou a única ex-BBB lá. Nem todos tiveram essa oportunidade que estou tendo. Então é um conjunto, você tem que ter humildade, carisma e um pouquinho de sorte também. Mas eu sei que estou lá por ser ex-BBB e por isso quero estudar e mostrar que não sou só isso.
Ser ex-BBB é uma profissão?
Não. Para mim, ex-BBB não é uma profissão. Tem gente que vive de ex-BBB por muitos anos. Acho que aí sim você vai ter cada vez mais críticas, vão ter pessoas que vão julgar. E também não acho legal. Você é o quê? Se você trabalhou um ano como ex-BBB, com presenças VIP, tudo bem. Mas se não deu em nada, o melhor é voltar ao que fazia antes. Ex-BBB não é profissão para ninguém. Você não vai ficar carregando isso por muitos anos. Me orgulho de ser ex-BBB, mas ser só ex-BBB não é orgulho. Você tem que mostrar que é além disso, até para você mesmo.
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A fama lhe trouxe algum problema pessoal? Eu já tive insultos na internet, talvez de pessoas que torciam por outro BBB e te considera concorrente dele. Na verdade ninguém é concorrente de ninguém, apenas no programa, aqui fora não. Críticas e esses insultos, todo mundo que está em evidência acaba tendo, mas nada que me afete muito. Tem tanta coisa boa que se a gente for ficar olhando as coisas ruins, a gente às vezes entra em depressão, não é legal para você. O que a fama me trouxe que realmente me incomoda, é não ter mais muito tempo para a família, para os amigos, ir para a casa da minha avó e ficar a tarde inteira jogando conversa fora, ligar para as minhas amigas e ficar horas no telefone. Mas eu sei que tenho que aproveitar essa fase para ganhar dinheiro, estudar, me preparar e isso os amigos de verdade e a família acabam entendendo. Eu só gostaria de ter mais tempo para a minha família e os meus amigos e isso a fama atrapalhou um pouquinho.
Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Não. Minha vida melhorou muito depois do Big Brother, principalmente financeiramente. Pude ajudar minha mãe, minha família. Hoje minha vida é muito melhor do que antes, só que eu sinto falta de coisas que tinha antes e que hoje eu não tenho. Preciso ficar olhando no relógio toda hora, tenho pouco tempo para dormir, para ficar com os amigos, com a família, essas coisas. Eu sei que com o tempo eu vou colocar tudo no lugar e vou ter tempo para tudo. Essa fase de transição é complicada mesmo. Se eu for ficar na mídia mesmo, se o programa que eu Fui BBB, e agora?
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estou gravando der certo, eu vou conseguir conciliar tudo, mesmo mudando de cidade, mas terei mais calma, mais tranquilidade. Quando você sai da casa, esse um ano é um alvoroço mesmo, é uma correria, é tudo atropelado. Agora eu estou começando a sentir as coisas mais calmas para poder decidir as coisas, resolver o que vou fazer. Foi na hora certa esse projeto na TV, estou começando a fazer teatro agora. Então agora que estou conseguindo colocar a “casa” em ordem.
O assédio nas ruas é/foi um problema pra você?
Não, pelo contrário. Se tá tendo assédio é porque as pessoas gostam de você. 99% das pessoas são super bacanas, te abordam de uma maneira muito legal. Claro que tem uma ou outra pessoa que vem de uma maneira que não é muito bacana. Às vezes a hora que você está comendo, a hora que você está saindo correndo, a pessoa fala uma coisa que não é legal para você. Tem algumas coisas desagradáveis, mas é muito pouco, quase nulo. Então não me incomoda nenhum pouco. Tiro foto, dou autógrafo com o maior prazer. Eu gosto quando as pessoas me abordam e sei que elas gostam de mim e tem algum tipo de carinho por mim. Isso é ótimo, maravilhoso. E se continuar é porque realmente eu cativei um público, os meus fãs que eu amo de paixão.
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Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você?
Tem uns parentes distantes que acabam aparecendo, primo de terceiro grau, tio, gente que fala que é seu parente e nem é. Mas se eu tivesse feito algo ruim, as pessoas estariam fugindo, se estão aparecendo é um bom sinal. Não me incomoda. Mas para a família mesmo, você continua sendo a mesma pessoa para eles. Às vezes tiram uma foto ou outra e é até estranho sua família querer tirar tanta foto com você, mas às vezes é para mandar para alguém. Mas o carinho, a maneira de me tratarem é sempre a mesma.
Se fosse convidada para participar novamente do BBB, aceitaria?
Não tenho nada contra Reality Show e voltaria sim, dependendo do momento. Hoje eu aceitaria. Se o projeto da Escolinha do Gugu estivesse dando certo, se eu tivesse bem na TV, não seria o momento, mas até hoje eu aceitaria. Ainda nem começou a passar a Escolinha, mas eu tenho quase certeza que o público vai gostar, então se eu tivesse dando certo no programa, na Rede Record, não aceitaria. Tudo depende do momento que você tá vivendo.
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Eliéser Em entrevista concedida por telefone, o engenheiro agrônomo e modelo, Eliéser, não hesitou em dar a entrevista e se mostrou pronto a ajudar desde o início. Foi como jogador de voleibol em Maringá que o paranaense de 27 anos conseguiu bolsa de estudos, já que a mãe é cabeleireira e o pai, agricultor. Participante da décima edição do programa, Eliéser entrou com o objetivo de comprar uma casa para os seus pais. Ele é filho único e tem uma forte ligação com eles.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
O BBB mudou muito a minha vida de forma positiva. Foi uma oportunidade que o programa me deu de mostrar meu trabalho como modelo. E também, lá dentro da casa, amadureci bastante porque passei por momentos muito intensos. Fui ao extremo do meu físico e ao extremo do meu psicológico. Então foi um teste para mim e me fez amadurecer muito aqui fora na minha vida pessoal. Foi muito positivo.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? Não. Claro que não. Pelo contrário, me sinto orgulhoso por ter participado. Não é qualquer um que tem a coragem de se expor daquele jeito é porque eu também entrei com um objetivo que era comprar uma casa para os meus pais. Então entrei com uma meta e não me arrependo nenhum pouco.
Você conseguiu comprar a casa para os seus pais? Consegui sim. Tenho todo esse dinheiro guardado. Conversei com o meu pai sobre isso e ele falou que é pra eu segurar esse dinheiro, guardar pra mim.
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Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB?
Tem sim muita dificuldade, principalmente no meio artístico. Você vai fazer testes para TV ou até mesmo para campanhas publicitárias e falam: é ex-BBB. Então tem um preconceito muito grande. O programa às vezes passa uma imagem nossa que não é realmente o que a gente é aqui fora, por causa da edição, da polêmica. Eu mesmo sou muito diferente da edição do programa e aqui fora. Ser ex-BBB é uma profissão?
Não. É um desafio, na verdade. Além de você conseguir lidar com a crítica, você tem que saber lidar com essa outra forma da sua vida, porque do dia para noite passa a ser uma pessoa famosa. E isso traz para você uma voz ativa, traz também responsabilidades. Tem o crescimento pessoal, o Big Brother para mim é mais um estilo de vida onde você tem que saber se adequar e aproveitar o momento para atrair trabalhos e projetos.
A fama lhe trouxe algum problema pessoal? Trouxe muitos problemas pessoais, houve muita pressão. Pessoas ligavam ameaçando minha família. Mataram meus cachorros, Fui BBB, e agora?
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riscaram meu carro. Eu não tenho muita liberdade para falar o que eu quero. Meu relacionamento foi muito prejudicado por pressão e trabalho. Atrapalhou muito minha vida pessoal.
Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Acredita que é possível? Se fosse pela minha vida pessoal talvez sim, mas pelo meu crescimento profissional e pelo que eu quero para a minha vida, que é o teatro e a TV, eu não consigo voltar mais. Eu gosto muito disso, eu gosto muito de tudo que conquistei: meus fãs, meus amigos, os lugares que eu viajei. Demorei muito para conquistar o que eu conquistei e quero dar continuidade nisso.
O assédio nas ruas é/foi um problema pra você? No começo sim, era um problema. O assédio era muito grande, agora já está mais equilibrado. O pessoal já está mais tranquilo. Ainda tem alguns lugares que eu vou que é complicado, mas o pessoal respeita muito, brinca muito. Eu também tenho um bom humor muito grande, então quando tem uma crítica, eu levo com bom humor e a maioria são sempre coisas boas. O pessoal me presenteia muito, me dá sempre parabéns e eu sei que torceram pra mim, então isso é muito bacana.
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Após o BBB, os familiares mudaram a forma de se relacionar com você?
Não. Minha família sempre me tratou da mesma forma. Eu até fico sem graça, porque não consigo ver todo mundo, dar atenção, mas minha família sempre ficou do meu lado, sempre me apoiando. Sempre que vou pro Paraná é churrasco.
Se fosse convidado para participar novamente do BBB, aceitaria? Com certeza. Eu acharia bem mais fácil para entrar de novo na casa. Porque eu já sei como o jogo gira mais ou menos, iria me conter mais, não seria tão explosivo e seria mais racional. Iria jogar bem melhor, porque eu não soube jogar na verdade lá dentro. Eu não joguei.
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Francine Finalista da nona edição do Big Brother Brasil, a gaúcha Francine Piaia conquistou o terceiro lugar no reality show e nos concedeu a entrevista via email. Formada em Rádio e TV no final de 2008, ela cursou - sem finalizar Administração, Enfermagem e Arquitetura. Francine tem 28 anos e disse que entrou no programa pelo prêmio e não pela fama.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
Mudou bastante e positivamente. Me deu visibilidade e um fã clube fiel e maravilhoso.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? Não me arrependo não. O BBB foi um empurrão importante na minha vida profissional.
Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? As dificuldades existem em qualquer área, mas não as vejo como consequência da minha participação no BBB. Vejo como uma questão de mercado mesmo e de oportunidade.
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Ser ex-BBB é uma profissão?
De jeito nenhum. O BBB representa para algumas pessoas e foi pra mim uma oportunidade de mostrar talento. Depois que a gente sai do BBB é outra fase da vida em que temos que correr atrás da nossa carreira, seja ela qual for.
A fama lhe trouxe algum problema pessoal?
A gente perde um pouco da privacidade e no início eu não soube lidar muito bem com isso. Hoje, já estou aprendendo a preservar mais minha vida pessoal.
Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Acredita que é possível? Algumas vezes dá vontade sim. Acho que isso acontece com muita gente em qualquer trabalho e em qualquer etapa da vida. Dá saudade de algumas coisas boas pelas quais passamos e as vezes queremos revivê-las. Mas, não é possível não. O que passou, passou. A vida anda pra frente.
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O assédio nas ruas é/foi um problema pra você?
No começo fiquei um pouco assustada, pois não imaginava que seria assim. Mas, hoje já lido bem com isso. Gosto do carinho que recebo das pessoas.
Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você? E isso é bom ou ruim? E como se deu essa mudança? Não mudaram não. Minha família sempre foi muito querida, sempre me respeitou e me apoiou muito. Todos torcem muito pelo meu sucesso. Sempre foi assim.
Se fosse convidado para participar novamente do BBB, aceitaria? Não. Como eu disse, a vida anda pra frente.
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Jaque Khury A modelo Jaqueline Cury foi a primeira eliminada da oitava edição do Big Brother Brasil, mas até hoje continua na mídia. Formada em Artes Cênicas, Jaque já cursou, sem conclusão, comunicação e medicina. Ela nasceu e foi criada no bairro de Tatuapé, na capital paulista. A paulista de 26 anos nos concedeu a entrevista via email. Entrou no reality pelo dinheiro e pela fama. Se tivesse conquistado o prêmio, ajudaria ONGs de animais e pessoas carentes.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
Ser conhecida por um reality é estranho, porque tem o maior preconceito. Todo mundo queria entrar no BBB, mas muitos odeiam ex-BBB, não sei por quê. O lado bom é que com a fama surgem uns trabalhos interessantes financeiramente.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? Não me arrependo, entrar lá é quase ganhar na loteria: muitos querem, mas poucos entram.
Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? Eu só encontrei dificuldades e preconceito. Mesmo sendo formada em artes cênicas, nunca consegui fazer um teste para novela. É uma situação bem complicada, porque eu fazia comerciais antes do BBB, agora não posso mais porque eles gostam de desconhecidos e eu fiquei rotulada.
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Ser ex-BBB é uma profissão? Não. A mídia intitula assim porque vende notícia, mas eu até hoje vivi como ex BBB e ganhei dinheiro assim. Mas isso não dura a vida toda, aliás, já tenho 3 anos de vida pós BBB no meio artístico, se eu não me virar isso acabará em breve. Para muitos do meu BBB, já acabou.
A fama lhe trouxe algum problema pessoal?
Meus ex-namorados não aguentaram essa exposição toda, mas se eu não vou pra mídia, não tenho trabalho.
Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Acredita que é possível? Tudo que mais quero é ter um trabalho normal. Tô tentando voltar. Quero trabalhar numa redação, algo assim, já que cursei comunicação.
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O assédio nas ruas é/foi um problema pra você? Fico envergonhada quando estou sozinha. Não é um problema, é apenas timidez.
Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você? E isso é bom ou ruim? E como se deu essa mudança?
Ah, me tratam um pouquinho melhor. Eu sou a notícia da minha família, mas não é por maldade, é porque vivo num mundo que as pessoas têm curiosidade.
Se fosse convidado para participar novamente do BBB, aceitaria?
Se eu estivesse estabilizada num emprego, não.
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Você foi a primeira eliminada da sua edição, mas até hoje é reconhecida. Qual é a dica para os BBB que querem continuar na mídia? Eu continuei porque eu já estava nessa carreira há oito anos. Sempre fiz comerciais de TV, foto, apenas fiquei conhecida. Então continuei porque as coisas foram acontecendo naturalmente.
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Lia Eliane Kheireddine, a Lia, foi a quarta colocada da décima edição do Big Brother Brasil. Lia teve uma participação marcante no programa, protagonizada por brigas e cenas comoventes de amizade com o terceiro colocado, Cadu e o campeão, Dourado. A entrevista marcada via telefone teve que ser cancelada devido aos compromissos dela – estava gravando um programa na Rede TV – e teve que ser feita via email. A dançarina de 30 anos e de origem libanesa, nasceu na capital paulista e entrou no programa com o objetivo de ajudar seus pais, que são idosos.
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
Mudou de forma extremamente positiva.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê? De forma alguma. Foi uma porta de entrada fantástica.
Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? Não.
Ser ex-BBB é uma profissão? Por um certo tempo aproveitamos a exposição, mas só se mantém quem sabe tratar de sua imagem e mostrar suas reais qualidades.
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A fama lhe trouxe algum problema pessoal? Não.
Gostaria de voltar para a sua antiga rotina? Acredita que é possível?
Minha rotina não mudou muito. Meus compromissos aumentaram. Sempre positivamente, graças a Deus.
O assédio nas ruas é/foi um problema pra você?
Não. Respeito todos que gostam de mim. É uma delícia ser querida pelas pessoas. Isso vale mais do que qualquer prêmio que pudesse ganhar.
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Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você? E isso é bom ou ruim? E como se deu essa mudança?
Não houve mudança. Sempre tive a família como a coisa mais importante da minha vida.
Se fosse convidada para participar novamente do BBB, aceitaria? Com certeza. Estou esperando o convite. (risos)
Sua amizade com o Cadu e o Dourado continuam aqui fora? Com a mesma intensidade?
Continua, mas não temos como nos falar todos os dias devido aos compromissos profissionais dos três.
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Você gravou recentemente o programa Mega Senha, da Rede TV. Ainda está na mídia. Acredita que isso durará por muito tempo? Gostaria de se manter na mídia sempre ou pretende voltar a ser “anônima”?
Quero sim me manter em evidência e, graças a Deus, não tenho tido dificuldades para me manter. Amo o que faço e logo, logo teremos grandes novidades.
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Michel O publicitário Michel Turtchin foi participante da décima edição do reality e se mostrou, desde o primeiro contato, muito acessível e simpático. Protagonista de um dos romances desta edição, o paulista permaneceu dois meses no programa. Aos 32 anos, Michel já morou em Israel, China e Tailândia e entrou na casa em busca do dinheiro. Deu entrevista via GTalk (bate papo do Gmail).
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O BBB mudou a sua vida? Positiva ou negativamente?
Como qualquer experiência, sempre tem os dois lados. O importante é tirar o melhor disso tudo. Não diria que afetou negativamente, mas me proporcionou momentos bem estranhos. Como por exemplo, até hoje eu posso ir numa farmácia e sou atendido pelo nome. Pra mim é bizarro. Falando no lado positivo, me possibilitou conhecer diversas pessoas muito interessantes, outras nem tanto. Diversos lugares do Brasil, carinho do público. Essas coisas não têm preço e é difícil de explicar. Falando do estranho/negativo, acho que a falta de privacidade e as pessoas sempre comentando a sua volta. Em questão financeira não mudou nada.
Você se arrepende de ter entrado no BBB? Por quê?
De jeito nenhum. Só me arrependo do que não fiz. Se eu não fosse, nunca saberia como é e aquilo iria me incomodar pelo resto da vida.
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Encontrou alguma dificuldade profissional após o BBB? Não. Meu trabalho é medido por resultado. Eu não vendo trabalho porque participei de um programa de TV. Está certo que facilita muito na hora de quebrar o gelo, mas não fecha a conta.
Conseguiu voltar à antiga rotina?
Sim, completamente. Tirando aqueles momentos que disse anteriormente. Como entrar num restaurante e saber que todos estão te olhando.
Ser ex-BBB é uma profissão? Para alguns sim. Para mim, de jeito nenhum. Tem gente que se agarra forte a isso e passa a viver como subcelebridade. Eu estou fora.
Mas, se fosse convidado para algum evento, participaria? Sim, adoro festas (risos). Mas não iria por nada em baile de debutantes e afins.
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A fama lhe trouxe algum problema pessoal?
Vários. Aquela questão da privacidade. Sua vida fica escancarada. Pelo menos com a minha fizeram essa salada. Muita coisa foi dita e de repente nem tudo era a verdade. Mas a vida continua e bola pra frente.
O assédio nas ruas é/foi um problema pra você? Eu gosto do carinho das pessoas. É muito confortante. Pode vir tirar foto!
Após o BBB os familiares mudaram a forma de se relacionar com você? Quando eu saí da casa eles estavam meio estranhos. Nunca tinham assistido ao programa e ver aquilo tudo exposto para qualquer um foi pesado para minha família. Mas eles superaram. Hoje são viciados no BBB.
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Se fosse convidado para participar novamente do BBB, aceitaria? Sim, sem dúvida. É muito mais fácil pela segunda vez. Já sabe como tudo funciona, sabe que um dia acaba. Muitas inseguranças tomam você na primeira vez.
Acredita que isso ajudou o Dourado ganhar a sua edição? Claro! Ele manjava de tudo. Mas também dava altas dicas pra gente. Ele foi bem honesto e acho que por todos esses fatores levou o prêmio.
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Análise das entrevistas O “Big Brother Brasil” é um reality show apresentado no Brasil pela Rede Globo. O programa foi feito pela produtora de televisão Endemol, com o nome “Big Brother”, e transmitido pela primeira vez em 1999 nos Países Baixos. No Brasil, a primeira e segunda edições foram transmitidas em 2002, com pouco mais de um mês entre uma e outra. A partir da terceira, que foi exibida em 2003, todas as outras aconteceram uma em cada ano, com início em janeiro e término no início abril. Até o presente momento, a Rede Globo exibiu onze edições do programa e tem contrato com a Endemol para exibições até 2014. Segundo a Folha, a Globo está em conversas para transmitir o reality até 2020. Apesar de a audiência da última edição ter sido a mais baixa de todos os tempos, o faturamento aumentou. Ainda segundo a Folha, a empresa lucrou R$ 380 milhões com a edição deste ano e a cota de patrocínio aumentou de R$ 13,5 milhões no ano passado, para R$ 16,9 milhões neste ano. Esses dados corroboram as afirmações do sociólogo Guy Debord: O espetáculo, compreendido na sua totalidade, é simultaneamente o resultado e o projeto do modo de produção existente. Ele não é um Fui BBB, e agora?
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complemento ao mundo real, um adereço decorativo. É o coração da irrealidade da sociedade real. Sob todas as suas formas particulares de informação ou propaganda, publicidade ou consumo direto do entretenimento, o espetáculo constitui o modelo presente da vida socialmente dominante. (DEBORD, Guy. A sociedade do Espetáculo. 2003, p. 9 -10)
Das onze edições exibidas, apenas três foram vencidas por mulheres, sendo que a última, Maria, foi a única que não era de classe social baixa. Nas edições de 2007, 2008, 2009 e 2010, os vencedores Alemão, Rafinha, Max e Dourado, tinham o mesmo perfil: sabem jogar, são homens, sarados, além de não fazerem parte de uma classe social baixa. Já as vencedoras das primeiras edições, como Mara e Cida, eram respectivamente, auxiliar de enfermagem e babá. É visível a mudança de padrões desde o primeiro para o último programa até agora. No início, os tipos eram variados: vinham de várias origens sociais, de várias partes do Brasil, não tinham necessariamente uma beleza padronizada. Houve uma tendência gradual a homogeneização do perfil dos participantes: percebe-se que a maioria deles, hoje, possui um padrão estético de beleza, tem forte personalidade 62
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e é polêmica. Prova disso, é que em algumas edições, o programa sorteou pessoas de todo o Brasil para participar e, hoje, isso não existe mais. Enquanto o programa é exibido, grande parte da audiência brasileira acompanha a rotina daquelas pessoas durante aproximadamente três meses e, quando chega ao fim do programa, esquece daquelas e espera as próximas. Mas o que acontece com quem já saiu? Com base neste questionamento é que nós decidimos produzir este livro. Começamos a pesquisa em novembro de 2010 e foi feita para encontrarmos todos os participantes de todas as edições (eram dez, até então). Com isso, descobrimos que foram 145 participantes, sendo 72 homens e 73 mulheres. As idades variavam entre 18 e 65 anos, com predominância entre 23 e 28 anos. A maioria dos participantes era da Região sudeste e ainda não tinha participação de todos os estados brasileiros. A partir daí, iniciamos uma pesquisa para encontrar os contatos de todos os participantes para enviarmos uma enquete e, a partir desta, escolher nossos entrevistados. Conseguimos trinta e três contatos de email, apenas da quinta edição em diante. Entramos em contato com esses, informando a ideia do projeto e enviando a enquete que contava com quatro Fui BBB, e agora?
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perguntas básicas: Nome completo, local onde mora atualmente, atividade profissional atual e telefone para contato. Dos trinta e três, apenas sete responderam: Jean, BBB 5; Íris, BBB 7; Juliana Góes, BBB 8 e Cadu, Elenita, Eliéser e Tessália, todos do BBB 10. Desses, a resposta da Juliana foi de um email automático e a da Elenita foi negativa. Determinada a não falar mais sobre sua participação no reality, a professora – doutora em linguística – e DJ, Elenita Rodrigues, respondeu negativamente as duas vezes que entramos em contato, afirmando, na segunda tentativa, que não gastaria mais o seu tempo com isso. A mesma nos enviou o link do seu blog, quando entramos em contato pela primeira vez, onde conta o motivo de não querer mais falar sobre o assunto: “Eu quero mais. Quero que os filhos que ainda não tive possam se lembrar com orgulho da mãe que tiveram, porque – de alguma forma que ainda não sei qual é – ela contribuiu para melhorar seu próprio meio”¹. Elenita afirma que perdeu dinheiro entrando no BBB, pois perdeu a credibilidade no círculo acadêmico e foi vetada de quase todas as bancas de que participava, que constituíam três vezes o valor do seu salário ¹ Ver http://acasosafortunados.blogspot.com/2011/01/por-que-eunao-vou-mais-comentar-bbb.html 64
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atual. Ela diz não se arrepender de ter vivido a experiência, mas que não vai destinar mais um dia de sua vida “a uma exposição que atrai o que há de pior no universo” para perto dela. A professora diz ter outros planos: “quero escrever, quero ler, quero ir ao cinema, quero estudar, quero namorar, quero ler meu jornal em paz e dar a opinião que eu quiser a respeito”. Já o (agora) deputado Jean Wyllys, através de seu assessor, respondeu à enquete, mas ao ser contatado para responder a entrevista, disse que ia avaliar os temas propostos e alegou que eles estavam priorizando as pautas políticas, pois necessitavam “completar a transição de imagem da figura midiática, construída pelos meios de comunicação, para a figura do homem público, com os cortes formais que a atual posição exige”². E, obviamente, não obtivemos respostas acerca da entrevista. Com a atual repórter especial do TV Fama, da Rede TV, Íris Stefanelli, foi um pouco diferente. Obtivemos resposta positiva, porém, pela falta de tempo, não foi possível conceder a entrevista, pois ela estava envolvida com gravações e, no momento que pedimos a entrevista, ela estava fora de São Paulo, que é onde mora atualmente. ² Resposta enviada por email. Fui BBB, e agora?
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A assessora preferiu que as perguntas fossem enviadas por email e disse que tentaria passar para Íris responder, mas infelizmente não conseguimos espaço na agenda. Dos outros quatro que responderam o primeiro contato, a Juliana parou na resposta automática e a Tessália parou de responder a partir do segundo contato, talvez por desinteresse. A assessoria do Cadu alegou falta de tempo do personal trainer e o Eliéser foi o único destes que nos concedeu a entrevista, que foi realizada pelo telefone. No mês de março, reenviamos todos os emails, mas não tivemos nenhuma outra resposta. Então resolvemos entrar em contato através dos números telefônicos que conseguimos: dezoito no total. As assessorias do Daniel e Mariana do BBB6 (que é a mesma), da Analy do BBB7, da Francine e Josiane do BBB9 e do Dicesar e Serginho do BBB10 pediram para enviar a proposta por email. Apenas a Francine respondeu e nos concedeu a entrevista via email. Os telefones da Fani, Fernando e Flávia do BBB7; do Fernando, Natália e Thatiana do BBB8; do Max do BBB9 e da Angélica (Morango) e Fernanda do BBB10, caíram na caixa de mensagens. A assessoria da Bianca do BBB8 atendeu, disse que acreditava que ela daria a entrevista, pediu para 66
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que retornasse a ligação mais tarde, porém não atendeu. Através do Twitter dos ex participantes Lia e Michel, ambos da décima edição, encontramos novos emails e entramos novamente em contato através destes. Ambos aceitaram prontamente. A assessoria da Lia marcou uma entrevista via telefone, porém teve que ser cancelada no dia, devido aos compromissos da mesma: ela estava gravando um programa na Rede TV que lhe tomou quase o dia todo. Sendo assim, enviamos as perguntas via email e tivemos a resposta. Com o Michel, marcamos e realizamos a entrevista via GTalk (bate-papo do Gmail). Ainda através do Twitter, porém pouco tempo depois, conseguimos um novo email da Jaqueline do BBB8 e, como o tempo estava curto, já enviamos as perguntas logo no primeiro contato e tivemos a resposta dela. Como já havia terminado a última edição do programa, resolvemos pesquisar os contatos e encontramos emails da Adriana, Ariadna e Maria. Tivemos resposta das duas primeiras, porém apenas a Ariadna respondeu a entrevista. Completando nossa (pequena) lista de entrevistados, conseguimos entrevistar a participante da décima edição, Cacau, via telefone. Apesar de não ter respondido a enquete no primeiro contato, já havia dito via Twitter que Fui BBB, e agora?
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daria a entrevista. Optamos por contar detalhadamente o processo de contato até o momento da entrevista para mostrar o comportamento dos ex-participantes e tentar compreender o fato de a maioria não ter nos respondido. Vários fatores podem ter acarretado a decisão de não responder o contato: falta de tempo, desinteresse, preconceito com meio acadêmico ou até mesmo por preferir calar-se. É certo que a tecnologia facilitou a busca pelos contatos, pois estão espalhados pela rede. Porém, a opção de estar ou não disponível é de cada um, que podem facilitar ou dificultar o acesso a eles. Em termos quantitativos, consideramos que o retorno foi mínimo perto da quantidade de ex-participantes. Após a experiência de várias formas de entrevistas, percebemos que via telefone e Gtalk é possível desenvolver um diálogo que enriquece a qualidade das informações, porém pelo bate-papo do Gmail pode ocorrer uma falta de vontade em escrever detalhadamente sobre o assunto. Nas entrevistas via email, além de não conseguirmos estabelecer uma conversa, as respostas são curtas. Apesar da pequena quantidade de entrevistas, todas foram de caráter qualitativo, onde os entrevistados tiveram uma experiência 68
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positiva dentro e fora da casa. Portanto, conseguimos extrair das respostas uma grande quantidade de informações, que nos ajudaram a compreender esse universo midiático e responder o questionamento inicial. Ao analisarmos as entrevistas, percebemos que houve dois pontos negativos recorrentes nas respostas: a falta de privacidade e o preconceito com ex-BBB. Quatro deles citam o preconceito. Ariadna afirma que “a sombra de ser um ex-BBB pesa um pouco” e a Jaqueline conta que sofreu muito preconceito e que, apesar de ter cursado Artes Cênicas, nunca conseguiu fazer um teste para a novela. Cacau comenta que “o ex-BBB tem que mostrar que é bom, talentoso. Melhor do que uma pessoa que não é ex-BBB, por causa do preconceito, que é a parte ruim”. E o Eliéser diz que existe um preconceito muito grande, principalmente no meio artístico: “você vai fazer testes para TV ou até mesmo para campanhas publicitárias e falam: é ex-BBB”. Por outro lado, todos destacam o carinho que recebe das pessoas. Lia afirma que “é uma delícia ser querida pelas pessoas” e Michel brinca dizendo que pode ir tirar foto. Francine e Cacau citam os fãs que conquistaram: Fran diz que consquistou um Fã Clube fiel e maravilhoso e Cacau fala que os ama de paixão. Há algo de Fui BBB, e agora?
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contraditório nisso tudo: uns aprovam e outros desaprovam. Ao que parece, o público é bastante dividido em sua opinião acerca do que significa participar de um reality show. A falta de privacidade é outro ponto negativo citado por quase todos. Segundo Michel, “sua vida fica escancarada” e, Ariadna e Cacau citaram momentos em que elas estavam comendo e as pessoas pediram para tirar fotos e não entendiam quando elas pediam para esperar um pouco. Eliéser é o mais enfático: conta que mataram seus cachorros, riscaram seu carro, ligaram ameaçando sua família e que não tem liberdade para falar o que quer, mas ainda assim, não se arrepende de ter participado. Nenhum deles acredita que ser ex-BBB é uma profissão, mas todos utilizam disso para crescer profissionalmente. Cacau, por exemplo, assume que integrou o elenco da Escolinha do Gugu, na Rede Record, pelo fato de ser ex-participante. Francine diz que foi uma oportunidade de mostrar talento e Eliéser fala que tem que “aproveitar o momento para atrair trabalhos e projetos”. Chama-nos a atenção de todos continuarem na mídia de uma forma ou de outra: Michel é publicitário; Lia é dançarina e participa de programas de TV; Jaqueline é atriz e faz participações em eventos; Eliéser é modelo; 70
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Cacau é atriz e está em programas de grande audiência; Ariadna saiu recentemente na revista Playboy e Francine é modelo. Isso significa que todos também tem uma grande preocupação com a sua imagem. De fato a mídia audiovisual trabalha essencialmente com imagem que foi outro assunto bastante citado por eles. Jaqueline, por exemplo, afirma ter ficado “rotulada” depois de participar do programa e conta que fazia comerciais antes do BBB, mas agora não pode mais porque “eles gostam de desconhecidos”. Já segundo a Lia, “só se mantém quem sabe tratar de sua imagem e mostrar suas reais qualidades”. A imagem é cultivada e pode ser modificada de acordo com os objetivos almejados. É fato que a maioria dos ex-BBB que por algum motivo não cultivam sua imagem, some do universo midiático depois de um tempo. Geralmente, o tempo de fama dos exparticipantes do BBB dura apenas até iniciar a próxima edição, às vezes nem isso. Eles acabam esquecidos pela mídia e, consequentemente, pelas pessoas, na média de um ano após acabar a sua edição, já que o novo assunto passa a ser o último BBB. São poucos os programas que exploram a vida após o BBB. Ano passado o programa Fui BBB, e agora?
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“Mais Você”, apresentado pela Ana Maria Braga na Rede Globo, convidou casais de BBB que deram certo após o programa. O “Domingão do Faustão”, também da Rede Globo, convidou alguns ex-BBB para falarem um pouco da vida após o reality. E, o “Vídeo Show”, mais um da Rede Globo, raras vezes mostra o que aconteceu com algum ex-BBB. Por exemplo, Analy e Alan Pierre, que formaram um casal na sétima edição do programa e hoje têm um filho, foram convidados e brincaram dizendo que o filho é o primeiro bebê BBB. Fora isso, às vezes vemos em alguns programas de outras emissoras um exBBB dando entrevista ou participando de algum quadro, porém nenhum explora a vida após. Além disso, vemos algumas matérias em sites que se perguntam por onde andam os ex-BBB, como o Ego ou o da revista Caras por exemplo. Fica claro que a exploração da vida após o BBB não tem como objetivo uma real preocupação com os ex-participantes e sim com a imagem positiva que alguns deles às vezes podem contribuir para construir sobre o programa. Por fim, ao serem perguntados se se arrependeram de ter entrado no programa, a resposta foi unânime: não. Segundo Jaqueline, “entrar lá é quase ganhar na loteria: muitos querem, mas poucos entram”. Para Cacau e Lia, 72
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muitas portas se abriram e Francine considerou um empurrão importante na vida profissonal. Já Michel, diz que só se arrepende do que não fez e que ficaria incomodado pelo resto da vida se não soubesse como era. Merece destaque a opinião de Ariadna, que apesar de ter sido a primeira eliminada da última edição, afirma que sua ida para o programa mostra que “nem tudo está perdido”. Ela se refere ao fato de ter sido a primeira transexual a participar de um reality show, mas que, apesar disso, merece ser respeitada como qualquer mulher. Parece que neste caso a mídia ajudou a quebrar o preconceito. Também podemos dizer que as pessoas que responderam fazem questão de manter coerência entre sua opção de participar do programa e a construção do seu futuro no âmbito midiático.
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A partir de entrevistas realizadas com sete ex-participantes do reality show de maior audiência no país, o Big Brother Brasil, respondemos a algumas dúvidas que muitos têm sobre a vida após o BBB. Ter contrato de exclusividade com a Rede Globo, fazer participações em eventos, conceder entrevistas, pousar para revistas, pode ser analisado como profissão ex-BBB? Respondemos a essa e a outras dúvidas neste livro de entrevistas, voltado para um público não acadêmico que tem interesse em conhecer melhor esse fenômeno midiático.
Priscilla Andrade (22) e Renata Carrijo (22), graduandas de jornalismo, com formação no primeiro semestre de 2011 pela Universidade Católica de Brasília. Livro escrito para Trabalho de Conclusão de Curso.