ArkhaikA
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Miari, Alecio Arkhaika: a trajetória do Sol e Lua/ Alecio Miari ISBN: 978-85-86261-42-8 1. Ficção. . I. Título.
Índice para catálogo sistemático: I. Ficção. B869.3 Explore o site:
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A l e c i o
M i a r i
ArkhaikA A trajet贸ria do Sol e Lua
Agradeço ao Tolkien por me mostrar o inĂcio do caminho...
SUMÁRIO 776 -1 / ARKHAIKA
11
776 -2 / PRESENTE DE OTHON
18
776 -3 / ASSEMBLEIA DE BACO E REDIL DOS ARQUEIROS
24
776 -4 / JORNADA DE OTHON
28
777 -1 / CASAMENTO ARRANJADO
32
777 -2 / MEU TESTE FINAL
37
777 -3 / DÚVIDAS E QUESTIONAMENTOS
45
777 -4 / DESENVOLVIMENTO DE LUNA
49
778 -1 / DIAS DE SURPRESAS
53
779 -1 / NASCEM DUAS FILHAS
59
779 -2 / EMBARCAMOS PARA NOSSA JORNADA
62
779 -3 / UM JOGUINHO PARA ESQUECER O PASSADO
67
779 -4 / A TRAVESSIA CONTINUA
72
779 -5 / TRIMIA
78
779 -6 / ASSUMO MINHA NOVA REALIDADE
83
780 -1 / INÍCIO
88
780 -2 / SUSTENTABILIDADE PLANETÁRIA
92
780 -3 / DÁ PARA VOLTAR PARA CASA?
97
780 -4 / A GRANDE ESCALADA
102
780 -5 / QUE OS JOGOS COMECEM
108
780 -6 / OUTROS POVOS?
115
781 -1 / O CONHECIMENTO DE ALEKSANDRO
121
781 -2 / SOU LÍDER POR NATUREZA
127
781 -3 / VOU TORRAR MESMO, E DAÍ?
134
781 -4 / A NOVA FAG
143
781 -5 / DEVEMOS SEMPRE ESTAR PREPARADOS
148
781 -6 / ABRINDO NOVOS CAMINHOS
158
781 -7 / BACO CHEGA A TRIMIA
164
781 -8 / OS DESTINOS DESTA VIDA
169
781 -9 / TODA AÇÃO POSSUI UMA REAÇÃO
173
782 -1 / ETERNEA
182
782 -2 / TRAIÇÃO
210
782 -3 / . . .
214
782 -4 / REFÚGIO
215
782 -5 / ACORDANDO NA BASE REBELDE
218
782 -6 / A INVASÃO
255
782 -7 / OS PRÓXIMOS PASSOS
262
782 -8 / TÃO PERTO E TÃO LONGE
278
782 -9 / BRAVOS HERÓIS
287
782 -10 / ENFIM ETERNEA
298
782 -11 / JOGO DA VIDA REAL
308
782 -12 / PÃOZINHO REVELA SEGREDO
336
Epílogo
341
Nota do Autor
349
ANO 776 — 1 ARKHAIKA Destino... Você já se questionou sobre o que o trouxe até este exato momento? Em que você realmente acredita? As escolhas que você fez já estavam predeterminadas? Estariam gravadas, no tecido universal, cada detalhe de sua história? Mais um dia terminava e nós estávamos voltando para casa com os fartos alimentos que a terra tinha nos oferecido. Era o terceiro leitão que caía na armadilha de Othon esta semana, além dos dois patos que eu havia abatido com minhas flechas, mais cedo. Othon olhou para mim com aquele ar de superioridade que ele adorava demonstrar e disse: — Parabéns, irmãozinho! Sua pontaria está quase aceitável. — Sem essa! Você só cuida das armadilhas porque não sabe nem encaixar a flecha no arco. — Sua língua está ficando afiada também! — Você também está melhor nas armadilhas, até que enfim elas começaram a funcionar nos animais ao invés de somente nas frutas silvestres. — Ah moleque, não se esqueça de quem manda aqui! Ainda sou o mais velho! — ele bradou. Ele bagunçou meus cabelos e me deu um soco, daqueles que você sente o braço latejar; acelerou o passo e me deixou para trás carregando os patos, o arco e a mochila com as cinco flechas restantes, teria de fazer mais, depois. Gosto muito de Othon, sempre foi meu grande companheiro nas caçadas e mentor sobre os pensamentos da vida. Logo menos, quando completar vinte anos, ele terá de embarcar para sua jornada e ficarei sozinho. Não sei o que será de mim, aqui, sem ele; sentirei muitas saudades de nossas longas conversas e de seus pensamentos. Apesar de, termos, somente,
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três anos de diferença, ele parece tão mais sábio e mais vivido do que eu! Realmente deixará um buraco em nossa família. Quer dizer, graças ao meu pai, não haverá tempo para digerir esta ausência de Othon, já que ele definiu com seu amigo, Hector, que eu deveria casar com a filha dele, Luna, quando fizéssemos dezoito anos. O acordo é comum entre as famílias do vilarejo e consiste na união dos filhos, com a constituição de uma nova família. Ou seja, devo constituir família em um prazo máximo de dois anos e abandonar tudo e todos para poder me dedicar à nova etapa de minha vida, que logicamente já foi predefinida, também. Assim que eu estava chegando em casa, avistei Othon. Ele era um palmo mais alto que eu, possuía o mesmo cabelo castanho-claro que eu. A nossa principal diferença eram meus olhos azuis que contrastavam com os castanho-escuros dele. Ao me avistar, ele esboçou aquele sorrisinho característico dele que precedia algum comentário zombeteiro: — Demorou, hein? Os “dedos mais rápidos” não possuem as “pernas mais rápidas?" — Cala boca. Você me deixou sozinho carregando esta montoeira de coisas. Trazer só um leitãozinho é fácil! — Que orgulho! Meu irmãozinho está virando um homem! Tá bom, tá bom... te ajudo a limpar os patos, vamos lá... Pendurei meu arco na parede do quarto e encostei a aljava com as flechas no chão. Apesar da simplicidade, nossa casa foi erguida com pedras sólidas — blocos que quase dão a impressão de serem tijolos, trazendo um aspecto de “cabana de alvenaria” e proporcionam um conforto sem igual; não deixa a chuva entrar, mantém o calor dentro quando o frio sopra nervosamente lá fora, além de não ficar abafado quando o dia está quente. Saí do quarto e fui encontrar Othon, ele já estava depenando o primeiro pato, em cima da mesa que fica na parte de trás de casa. Peguei o facão e fiz o mesmo. — Apolo, como você está se sentindo? — Sobre o que?
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— Em relação a... finalmente chegar minha hora... em você ficar sozinho com a mãe... em se casar... Pergunta difícil. Minha cabeça começou a jorrar informações e ideias e eu não consegui expressar nenhuma. Nunca havia parado para pensar nisso. Não queria pensar nisso! Sempre me enganei com pensamentos como “Ah, faltam mais de cinco anos ainda.”; “Ah, ainda têm quatro anos”; “Mais de dois”; “Seis meses”. — DROGA! JÁ!? Othon não se aguentou: — E? — Não. — Depois de toda esta eternidade, foi essa a melhor resposta que você encontrou? — É que sempre achei que esta data estava longe. Os poucos lampejos que me vinham sobre esta questão passavam rapidamente, e logo em seguida, eu me esquecia. — Sabe, eu não o culpo. Acho que de uma forma ou de outra eu agi da mesma maneira. Minha ansiedade por descobrir novos mundos é imensa e tentei não pensar muito na minha partida. Mas, agora que está tão próxima imaginei o que passa pela sua cabeça, vou sentir sua falta. — Não gosto desta realidade, quero outra ideia de vida, outras possibilidades... Alguns segundos de silêncio se passaram, pareceram uma eternidade. Dessa vez fui eu quem não suportou a ausência de som: — Othon, você acredita em destino? Acho que ele não esperava este tipo de pergunta já que ele parou o que estava fazendo e levantou a cabeça, parecia muito pensativo: — Como assim? Por que você me pergunta uma coisa dessas? Lógico que acredito em destino, toda a nossa sociedade vive em função do destino, ele é o que nos move e nos orienta. É por causa dele que minha jornada se aproxima e é por causa dele que você ainda terá uma história importantíssima aqui, antes de ir reencontrar a mim e a nosso pai.
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— É que eu fico pensando se nós não temos direito de escolher o que queremos fazer da vida. — Mas o que mais você poderia escolher? Esta é uma vida perfeita, que possui um equilíbrio absoluto. Cada um de nós desenvolve as habilidades que fomos predestinados a possuir e com a idade certa partimos para nossa jornada. Sempre foi assim e sempre será. É dessa maneira que espalhamos o bem e o conhecimento por toda a galáxia, nosso povo recebeu esta dádiva e a cumprimos com muita honra. — Eu sei, eu sei... Acho que esta situação do casamento que me deixa um pouco enervado. Eu penso se não tenho escolha alguma. Eu fui predestinado a, já no meu nascimento, ser prometido à Luna, casar com dezoito anos e ter pelo menos um filho, treinar arco e flecha durante todo o período que eu estiver aqui para depois embarcar em minha jornada? É isso mesmo? Qual a razão disso tudo? — Entendo você e seus questionamentos, eu mesmo já tive os meus. Você se sente como se a razão para fazer isso não fosse aceitável, como se esta nossa vida devesse significar algo mais. Acalmei meus anseios buscando explicações. A razão disso tudo é a nossa grande história: “A evolução de Arkhaika”. Foi neste ponto de nossa existência que evoluímos e conseguimos encontrar a luz e a verdadeira razão de nossa existência. Neste momento, as palavras de nossa mãe quebraram sua linha de raciocínio, trazendo-o de volta ao agora: — Othon, venha aqui me ajudar, por favor? E assim ele foi ver o que nossa mãe queria e eu terminei de limpar os patos. Quando acabei de cortá-los em cubinhos, separei os que iríamos usar para comer hoje e o que guardaríamos para amanhã. Aparentemente não precisaremos caçar amanhã, talvez apenas uma volta na horta para pegar alguns legumes e frutas... Deixei os cubos de pato com minha mãe na cozinha. — Cadê o Othon? — perguntei a ela. — Pedi para ele fazer uma coisa para mim, daqui a pouco ele volta. — Qualquer coisa estou no meu quarto. 14 A r k h a ik a
Saí correndo e fui direto procurar no criado-mudo, sei que o guardei no primeiro dia de aula, quer dizer, desde o primeiro dia de aula. Nunca mais o peguei, não sei porquê, mas nunca tive curiosidade de olhá-lo, estudá-lo. Para falar a verdade acho que tenho algumas ressalvas com toda essa história, ela é muito vaga e... ACHEI! A Evolução de Arkhaika
Dia 18 Mês Outubro Ano: 480 Evento: Data da parceria entre o planeta Arkhaika e o Sistema Leezu. No princípio era um pontinho minúsculo, praticamente imperceptível. Porém ele foi aumentando, ficando maior, maior, maior... jogando sombras nas pessoas que estavam nos gramados verdes de Arkhaika. Então, passou a encobrir boa parte da luz solar, trazendo noite para o dia claro e levando escuridão para todos os lados, até que, a gigantesca nave intergaláctica foi avistada pela primeira vez pousando no enorme descampado ao lado do centro da cidade. A área de 5 Km² ficou pequena para abrigar a enorme máquina que, apesar de toda a sua luminosidade, não emitia ruído algum. A grande nave branca veio a ser conhecida como “Devaneio” e sua estrutura mais parecia uma enorme barca, com milhares de janelas circulares enfeitando toda a sua extensão, de ambos os lados, dando a impressão de que haviam treinado tiro ao alvo nela. Acima de toda essa estrutura erguia-se uma enorme caixa retangular, também branca, com as bordas todas arredondadas, onde se encontrava a cabine de pilotagem e todo o controle dos processos da nave. Sem tocar o chão, planando um metro acima do gramado verde, abre-se um compartimento enorme no centro de sua estrutura, dominando metade de sua extensão, de cima para baixo, formando uma enorme rampa de acesso, ligando a nave ao chão. 15 A l ecio M i a r i
O pânico e desconfiança, causados inicialmente, foram atenuados ao vermos que os seres que saíram dali eram idênticos a nós. Vestiam roupas brancas e justas, uma espécie de couro sintético, que fazia com que transmitissem a sensação de quietude e serenidade. Foram feitas as apresentações formais de ambos os lados, em seguida, eles apresentaram seu discurso de paz, prosperidade e disseminação de cultura em prol da evolução de todas as raças. Ao ouvir os objetivos daqueles seres, organizamos uma grande comemoração para celebrar sua chegada e seus fins pacíficos. Após o período de festa firmou-se um acordo de colaboração mútua, que incluía a transferência recíproca de recursos entre os dois povos, de modo a beneficiar a ambos. Destacamos os principais pontos de tal documento:
“Quis o destino que as duas culturas, tão distintas entre si, se encontrassem em um momento tão importante da história, cercado por tamanha força, virilidade e estímulo.” I. Arkhaika, cuja população se sustenta com o uso dos próprios recursos naturais, respeitando sempre a capacidade de absorção do planeta em renovar tais ativos e; II. Leezu, cuja nação possui imenso conhecimento tecnológico e tem como objetivo conhecer novos povos e disseminar seu enorme conhecimento propõem: 1. Uma parceria que envolva a transferência do que cada povo tem de melhor a oferecer, agregando conhecimento para ambos e disseminando suas culturas universo afora. 2. Arkhaika cederá recursos humanos anualmente: todos os homens que completarem a idade de vinte anos ingressarão em uma jornada que terá como objetivo fazê-los transmitir o que possuem de melhor (habilidades e
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conhecimentos). A nave Devaneio virá à Arkhaika recepcionar os Arkhaínos que se enquadrarem em tais requisitos. 3. Leezu cederá recursos e conhecimentos tecnológicos: a cada ano, quando a Devaneio vier à Arkhaika, a nação Leezu deixará maquinário, equipamentos e equipes especiais que ensinarão os Arkhaínos a utilizarem a tecnologia e lhes transmitirão conhecimento.
Jogo o livro na cama, pensativo. Isso foi no ano de 480 e atualmente estamos em 776. Trezentos anos depois e ainda fazemos a mesma coisa? O mesmo procedimento ano após ano, década após década, século após século? Como pode uma coisa dessas? Não podemos escolher mais nada? Estamos todos predestinados a cumprir este ciclo? — Filho, não me ouviu não? Vamos jantar. Minha mãe estava parada na porta de meu quarto olhando para mim, eu nem notei que ela se aproximou até ali. — Desculpe mãe, não prestei atenção. Assim que disse isso ela saiu. Guardei o livro no criado-mudo e fui para a cozinha. Vou jantar e depois dormir; acordarei cedo para fazer mais flechas, amanhã.
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ANO 776 — 2 PRESENTE DE OTHON Produzir flechas era uma antiga arte de nossa família, ensinada geração após geração e foi assim que acabei aprendendo. Vou até nosso bambuzal, analiso e escolho os bambus mais retos, lisos e firmes dentre aqueles mais novos que sejam fortes e ao mesmo tempo flexíveis. Os melhores encontram-se com a idade entre três e cinco anos. Corto sete bambus bem rentes ao chão, tentando ao máximo deixar os brotos e raízes intactos. Cada um deles dará uma média de três flechas, por isso, terei ao final do processo, quase vinte. Mais as cinco que sobraram de ontem, um total de vinte e cinco para uma casa já bem abastecida de alimentos, é um número bom! Pego um bambu. Primeiro corto todos os galhos dele e um ou outro nó maior. Após, corto o bambu em tamanhos de aproximadamente 40 cm, os quais meço pelo meu antebraço e minha mão, e assim, tenho três flechas: uma fina, uma média e uma mais grossa, com 5mm, 10mm e 15mm de diâmetro, respectivamente. Cada uma receberá uma ponteira diferente de acordo com sua finalidade: longo alcance ou alta precisão. Começo a trabalhar na primeira flecha: lixo os nós para deixá-los mínimos fazendo com que o corpo fique o mais liso possível. Trabalho árduo e chato. Assim que fico satisfeito faço um buraco circular na ponta da flecha na parte da frente — esta, por ser fina receberá uma das pequenas — insiro uma ponteira dentro como se a ponta do bambu a estivesse abraçando, e amarro a sua volta com uma cordinha bem fina, menor que um barbante, porém mais resistente que costumo adquirir lá na cidade. Fazer as ponteiras é outro trabalho chato, mas tenho bastante em estoque e por isso não preciso me preocupar por hora. Viro a flecha para trabalhar a parte de trás. Talho uma cavidade reta de um lado ao outro do diâmetro na traseira do bambu, aí será o ponto de encaixe na corda do arco e não pode ser nem muito estreita nem muito larga,
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pois no momento do lançamento, a flecha não pode sair com dificuldade do arco nem “ficar dançando”, desgovernada. Pego a caixa com minhas penas de peru — sempre que abato um recarrego meu estoque —, pego uma pena e a corto na transversal bem em cima da haste, obtendo então duas metades. Corto a pena em um formato de meia ponta, deixando um vão livre no início e no final da haste. Meço-a na flecha 5 cm acima do final dela — a ideia é que essa meia ponta encaixe na parte de trás partindo do lado mais fino para o mais grosso — e para isso faço dois buraquinhos no bambu, bem nos pontos que a pena começa e termina. Repito o processo do outro lado do bambu para a outra metade. Inserindo as duas pontas nestes buracos, faço-a acompanhar a extensão da flecha e prendo ambas com a mesma corda utilizada para a ponteira. Meu trabalho final da parte de trás:
Para todo o processo demorei uns vinte minutos. Faltam somente dezenove flechas, ou seja, levarei mais umas seis horas até terminar. Vou ficar o dia inteiro aqui. Os minutos passam e as pilhas de flechas aumentam. Dois montes vão se formando: um com flechas finíssimas e muito leves com ponteiras menores, porém mais grossas, que servirão para disparos longos. O outro com flechas mais “gordinhas” e não tão leves quanto as primeiras, com ponteiras mais longas, porém mais finas e afiadíssimas, para tiros curtos de alta precisão. — Apolo, podemos falar? Queria parar, já estava com o saco cheio de fazer flechas, mesmo sabendo que era um trabalho necessário. Respondi sem sequer tirar os olhos do talho que fazia na traseira do bambu: — Claro, Othon, o que manda? — Podemos dar uma volta? 19 A l ecio M i a r i
Travei. Larguei a flecha do jeito que estava e me levantei para acompanhá-lo. Othon só pedia para “dar uma volta” quando o assunto era extremamente sério — havia sido convidado em somente duas oportunidades para caminharmos e em ambas os assuntos eram de extrema importância. A primeira foi sobre a minha convocação para a assembleia onde eu finalmente receberia as orientações sobre o meu destino. A segunda era para me colocar a par dos fatos sobre o meu casamento arranjado. Em ambas circunstâncias eu tinha quinze anos. Desde que nasci eu já era prometido, porém quis meu pai e seu amigo que nós pequenos só fossemos informados quando completássemos a idade de quinze anos. Valeu paizão! Nos dois casos Othon fez questão de me levar para uma caminhada ao longo da floresta para me explicar, da melhor maneira que conseguiu, quais seriam meus destinos e a razão pela qual eu deveria cumpri-los com toda a honra do mundo. Por isso não sabia o que esperar desta nova caminhada. A única certeza é que teria alguma relação com meu destino — sempre tem, independente da notícia ser boa ou ruim é sempre relacionado ao Destino. Somente depois de nos afastarmos bastante de onde eu estava fazendo flechas, foi que ele resolveu iniciar a conversa: — Você sabe que estou para partir. Que minha jornada está para começar. “De novo isso, saco!” — Sim, Othon. Sei disso. Mas desembucha logo, pare de dar voltas e fale logo o que você quer. Ele me olhou dando risada e continuou: — Paciência nunca foi uma de suas virtudes, né? Calminha aí, deixa eu estruturar todo o meu pensamento e depois você fala, tudo bem? — Ok, me desculpe. Ficarei em silêncio. — Ótimo. Como eu ia dizendo, minha jornada está próxima e penso eu, que esta ideia não lhe agrada tanto. Estou certo sobre isso? — Não sei bem como será a vida após você ir, isso me deixa confuso. — Não me refiro à minha ida e sim à ideia de termos uma jornada a ser cumprida. Sinto que você não se sente confortável com esta situação e que 20 A r k h a ik a
é difícil de aceitá-la, por isso quero compartilhar meus ideais com você. Já tive muito receio sobre tudo isso, sobre o real significado de minha vida e de minha jornada. Busquei as respostas certas sobre estes temas por longo período, porém só obtive a tranquilidade quando encontrei na verdade as perguntas corretas. Perguntas corretas? Que doideira é essa do Othon? — Não deu tempo
de questionar, assim que franzi as sobrancelhas, ele percebeu que eu iria começar o interrogatório e continuou sua linha de raciocínio: — As respostas certas só vêm através das perguntas corretas. Respostas que não o satisfazem significam que não são as suas verdades e que foram respondidas às perguntas erradas. O grande ponto crucial em minha vida se deve às perguntas: “Que vantagens essa jornada agrega para nós Arkhaínos? Como podemos capitalizar estas vantagens?” — E foi assim que enxerguei minha missão, meu objetivo. Dessa maneira que pude aceitar o meu Destino. Ok, ok. Palavras bonitas e pensamento filosófico profundo, mas não consegui encontrar lógica. Novamente Othon interveio para concluir seu discurso: — Desde pequenos somos predestinados a treinar e desenvolver determinada habilidade que nos foi incumbida. No seu caso o arco e flecha, no meu a matemática. São conhecimentos muito úteis aqui em nosso planeta, que nos ajudam a sobreviver de maneira sustentável. Assim vivemos nossa vidinha e nossos costumes por quase quinhentos anos. Mas faltava algo, faltava podermos compartilhar todo conhecimento adquirido com outras raças, só não sabíamos como. Quando os Leezu vieram até nós, conseguimos ligar os pontos e enxergar a grande oportunidade de nossa existência. Nós tínhamos o conhecimento sustentável, eles tinham o conhecimento espacial. A partir daí pudemos dar melhor sentido às nossas vidas. Eles nos levam aos confins do espaço com o grande objetivo em comum: o de espalhar a paz e disseminar nossa cultura entre as raças. Muitas informações a serem processadas, precisarei pensar com muita calma nisso tudo. Minha cabeça começou a explodir de perguntas, milhões
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de questionamentos a serem feitos em tão pouco tempo e quando abro a boca só sai um simples: — Você tem medo? — Acho que não. Receio do inexplorado sim, mas medo não. Já aceitei minha condição e tenho em mente que ela é necessária para a minha evolução pessoal, bem como sei que serei útil para os que eu puder conhecer. Sim, isso faz sentido. Por que termos medo de algo que só traz benefícios? É simplesmente uma simbiose perfeita e inesgotável, essa é a identidade de nossa raça. Usar os recursos do planeta, porém sempre o respeitando com o intuito de nos mantermos em constante harmonia. — pensei. Ele então finalizou nossa
caminhada com uma agradável surpresa: — Apolo, antes de eu partir quero deixar um presente que possa te dar forças para continuar a seguir seu caminho. Ele tira a mochila das costas e se agacha de costas para mim. Quando se levanta e se vira está segurando um pano por entre as mãos. Um pano grande de cor verde musgo, salpicado em tonalidades acinzentadas, e com um capuz. Uma capa! Mas a capa mais linda que já vi em minha vida! Pego de suas mãos e ao movimentá-la, sua bicoloridade faz com que pareça que tenha vida própria, um brilho interno pulsante. Nunca vi este tipo de tecido antes... — Othon... é linda! Como... como você a conseguiu? — Digamos que tive ajuda de uns amigos para arrumar o tecido. Depois disso foi somente pedir à costureira do centro para trabalhá-lo. — Mas que tecido é esse? Nunca vi nada igual! — Ele vem do planeta de Lesóvia, um povo amigável com grande dom para a camuflagem. Eles desenvolveram grande habilidade na arte de produzir tecidos que imitam diversos meios. Este é usado para ambientes de floresta fazendo com que a pessoa passe invisível. E mesmo sendo finíssimo e muito leve, ele é extremamente resistente. O tecido liso e macio, muito suave e de ajuste perfeito, realmente é feito às minhas medidas. Visto-a e me sinto confortavelmente bem, nunca pensei que poderia ter acesso a algo dessa magnitude. Deparo-me com dois bolsos internos, um de cada lado, bons esconderijos. 22 A r k h a ik a
— Mas como você a conseguiu? Para termos acessos a materiais de outras raças não necessitamos de expressa autorização perante a assembleia? — perguntei. — Sim, há necessidade da autorização, mas não a possuo, e esse é o ponto que queria chegar. Com esta capa tento te dar dois presentes: o primeiro é ela propriamente dita, uma bela roupa para seu casamento. O segundo é entender que apesar de termos nosso destino traçado, nós somos os responsáveis em como segui-lo, com isso você começa a pensar e não somente a agir por imposição. Regras são feitas para serem seguidas, porém cada um pode muito bem avaliá-las e entender quais podem ser quebradas ou distorcidas. Além do mais, podemos fazer uma análise do impacto que esta quebra terá em nossas vidas e até onde estamos dispostos a assumir tais consequências. — Caramba, Othon! Sabia que isso vai contra tudo que você sempre defendeu né? Que tipos de consequências você se refere? Ele voltou a caminhar dando uma meia risada: — Na verdade meu pensamento é esse, mas nunca deixei transparecer. Esta capa por exemplo, quebrei uma pequena regra que não trará consequência alguma para nosso povo, menos ainda para nossa família. Fiquei amigo do Paco, um Leezu tripulante da Devaneio, e vi uma chance de conseguir deixar para você um presente legal antes de partir. Foi ele quem me ajudou a intermediar a troca de alguns livros de Matemática pelo tecido com o povo de Lesóvia. Assim que eu estiver naquela nave indo cumprir minha jornada, sei que terei deixado um pequeno legado. Lembre-se sempre: Vencedores fazem as coisas acontecerem, perdedores esperam que aconteçam.
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ANO 776 — 3 ASSEMBLEIA DE BACO E REDIL DOS ARQUEIROS Apreensão, angústia, expectativa, desejo. Uma mistura de sentimentos antagônicos que se mesclavam fundindo-se em uma massa heterogênea, tudo isso dentro do meu estômago. A sensação era a de que ele estava sofrendo as devastações de um furacão e de uma chuva, tudo ao mesmo tempo. Pelo menos quando eu estava naquele tablado diante da Assembleia era isso tudo e mais um pouco o que eu sentia. Olhando agora daqui de cima tenho propriedade para dizer o que o Baco está passando lá embaixo enquanto aguarda sua nomeação. Após longa expectativa chegou o grande dia em que ele é apresentado formalmente ao nosso povo com a indicação de seu caminho. Era assim, nossa tradição. Quando o garoto completava quinze anos ele recebia a convocatória da Assembleia para que comparecesse na data estipulada, com o intuito de receber o caminho que seguiria dali em diante. Na essência, a criança já tinha uma noção de qual seria seu caminho já que ela vinha sendo avaliada e pontuada ao longo dos anos. A Assembleia desenrolava-se dentro do único centro tecnológico desenvolvido em toda Arkhaika, uma grande área que foi disponibilizada para a nação Leezu. Eles criaram um megacomplexo tecnológico de treinamento, chamado de Ynke, onde as crianças passavam por avaliações anuais sobre os mais variados temas. Desde testes psicológicos até de resistência física. Com base em seus desempenhos ao longo dos anos, era possível traçar um perfil de cada criança elencando suas maiores habilidades e direcionando-as a um treinamento mais intenso que focasse em suas capacidades e forças. No meu caso, fui direcionado para o arco e flecha há dois anos; provavelmente Baco será também. Uma arena octogonal com mais de dez fileiras de assentos para cima, abrigava o povo para o segundo maior evento do ano, perdia somente para o recrutamento da grande jornada dos garotos de vinte anos. Toda a
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estrutura era feita de um metal muito resistente e brilhante, contrastando com as vestimentas rudimentares e o costume de nosso povo. O iniciado encontrava-se lá embaixo, no tablado central, e os juízes, que consistiam em três Arkhaínos e três Leezu’s, ficavam em um dos cantos do octógono com todo o histórico da criança, prontos para darem seu parecer. Cada criança era chamada individualmente, os juízes faziam algumas observações sobre seus pontos fracos e exaltavam seus pontos fortes, aí então davam o veredicto. — Você demonstrou falta de paciência e de concentração nas atividades teóricas. Sua falta de perseverança neste tipo de aprendizado e seu baixo rendimento indicaram que toda e qualquer ligação com os ensinamentos históricos, matemáticos, herbológicos e geológicos são, com toda a certeza deste mundo, seus grandes pontos falhos.
Eu ria sozinho. Quanta baboseira só para dizer que o Baco é um zero à esquerda em todas as lições. Toscos! — Em compensação, o entusiasmo demonstrado em atividades físicas, como corrida, sobrevivência, tiro ao alvo e natação, fizeram com que suas qualidades e seus pontos fortes surgissem e clareassem nossas mentes. Devido a estes acontecimentos, concluímos que para um desenvolvimento sadio o seu destino é juntar-se ao Redil dos Arqueiros.
E é nesse exato momento que toda a musculatura sai do estado de rigidez proporcionando uma sensação de alívio, de paz interior. A adrenalina bombeada para todo o organismo começa a se dissipar deixando somente um rastro de cansaço e desgaste físico e mental. Nesta hora o corpo ainda encontra-se abobado e a mente não consegue raciocinar direito. Apenas no dia seguinte, após uma boa noite de sono, é que o Baco realmente entenderá e assimilará tudo o que aconteceu hoje. Com o término da cerimônia, me dirigi ao local em que Baco estava, queria cumprimentá-lo: — Parabéns Baco! Seja bem-vindo à nossa trupe! Até que enfim poderá trocar aquelas “coisas” que você chama de armas por verdadeiros arcos e flechas. — É, bem... obrigado! 25 A l ecio M i a r i
— Não está nem sentindo as pernas não é mesmo? — Na verdade, não. — Relaxa cara! Você vai se acostumar com a ideia e quando começar realmente seu treinamento passará a não sentir suas pernas. Até amanhã. Falei que o cara fica desnorteado? Certeza que vai me perguntar depois sobre o que nós conversamos.
— Bom dia, novatos! Bem-vindos ao Redil dos Arqueiros! O destino os trouxe aqui com o intuito de aprimorarem suas habilidades. Para tanto, vocês precisarão de muita atenção e dedicação, pois passaremos os próximos cinco anos juntos. Peço o empenho de todos no que tange à boa educação, ao respeito mútuos para que possamos conviver harmoniosamente ao longo deste período. Esta era a Franny que conhecíamos. Muito direta, exigindo alto empenho de seus pupilos, mas sempre tratando todos com grande educação e respeito. Uma mulher nova, na casa dos seus trinta e poucos anos, assumiu este cargo quando o marido teve de ingressar em sua jornada, deixando-a sozinha aqui em Arkhaika. Com um sentimento de inutilidade preenchendo seu grande tempo ocioso, resolveu se envolver em atividades que trouxessem maior satisfação pessoal e sensação de ajuda para com os próximos. Esta não é a grande missão de nossa raça? Por que somente os homens podem seguir tal orientação? Continuou seu pequeno discurso de saudação: — Hoje é o primeiro dia de vocês e tentaremos passar todos os passos que serão seguidos de agora em diante, além é claro de formalizar as apresentações. A cada ano vocês terão um aprendizado específico que será muito detalhado e, por consequência, muito maçante. Mas esse procedimento é necessário para que cheguem próximo da perfeição. Realmente o cronograma do Redil era bem chato, no princípio. Cada nova turma era composta de cinco a dez pupilos e passariam o primeiro ano praticamente só na teoria. Fundamentos básicos de postura e de respiração, e ainda técnicas de relaxamento. Praticamente a única coisa que não 26 A r k h a ik a
era teórica era o aprendizado de como confeccionar uma flecha, que era entediante. Como os garotos iniciavam seu aprendizado com quinze anos e treinavam por cinco anos até ingressar para a jornada, éramos divididos em equipes de acordo com a idade das turmas: 1. Pupilo — Teoria e chatice mortais! Aprende-se aqui técnicas de rastreamento, de ocultação, de observação e de sobrevivência, além, é claro, da produção de flechas. 2. Aprendiz — Início dos trabalhos com arco. Primeiras flechas são lançadas nos alvos. Ajustes de posicionamento, ensinamentos de mira e controle da respiração. 3. Mediano — Conhecida também como a “dedos sangrentos”, esta é a equipe onde o treinamento é mais intenso, centenas de flechas são disparadas diariamente. Os dedos sangram, os músculos enrijecem e os calos começam a sobrepor as bolhas estouradas. 4. Eminente — Teste final! Cada garoto é deixado sozinho em um local afastado da floresta e deve retornar utilizando todo conhecimento adquirido ao longo de seu treinamento. No trajeto, enfrentam várias adversidades e desafios. 5. Mestre — Estes são os mais altos graduados arqueiros de toda Arkhaika — estamos falando sobre algo em torno de cinco a dez guerreiros. Eles são os responsáveis por auxiliar o treinamento dos pupilos que ingressaram este ano, acompanhando e orientando, além de serem os responsáveis por dificultarem ao máximo o teste Final dos Eminentes. Atualmente sou um Mediano e realmente já estou começando a criar grandes calos nos dedos. Os exercícios são extremamente desgastantes, mesmo com uma dedeira protegendo as articulações da mão na hora da puxada do arco. Tiro atrás de tiro. Tiro rápido e tiro demorado. Tiro longo e tiro curto. Tiro de pé e tiro de joelho. Certa vez Othon fez uns cálculos para descobrir quantas flechas eu estava lançando e chegou às seguintes conclusões: Cerca de 200 flechas são lançadas diariamente durante o treino de 27 A l ecio M i a r i
quatro horas, totalizando 1400 na semana, quase 4500 no mês. Só de ouvir isso tudo já comecei a ficar com dor de cabeça. Se tivessem me avisado que teria de lançar cerca de 4500 flechas por mês nos alvos, e retirá-las após os lançamentos, nem levantaria da cama. Toda a musculatura dos braços e ombros dolorida. Não dá nem tempo de sentir a dor de ontem pois a de hoje se sobrepõe. Para imaginar um pouco do que é essa sensação, é só pensar em uma constante dormência no corpo, aquela que não acaba nunca. — Então, o que está esperando Apolo? — Franny me fulminava com o olhar porque não prestava atenção. — Vai ficar aí olhando o nada o dia inteiro? Já falei para se mexer, só os Mestres e Pupilos aqui comigo para eu passar as orientações sobre o treinamento. Os Medianos podem ir direto para o centro de tiros iniciar os lançamentos do dia. — Sim, senhora. Desculpe, com a sua licença. Chego ao centro de tiros e Baird já está acelerado como sempre. Duas flechas já estão fincadas no alvo. Greg ainda está encordoando o arco. — Baird! Você não sente dor não? Pega mais leve no treino. — Não adianta falar com ele, Apolo, o bicho acha que enfrentaremos monstros das profundezas e que por isso temos que estar o mais preparados possível. — Querem parar vocês dois? Me dedico com afinco pois, além de achar sim que temos de estar preparados para tudo e todos, não gosto de ficar levando as carcadas que o Apolo toma da Franny. Falando nisso, onde você estava com a cabeça durante a apresentação dos Pupilos? Você estava aéreo e não moveu uma palha sequer quando fomos dispensados pela Franny. — Estava pensando em como sou muito melhor que você, mesmo fazendo metade do treinamento. Arranco o arco de Baird, pego uma flecha e praticamente não miro, só puxo o arco e solto. No momento que ela é lançada, viro-me para encarar Baird com aquele meu sorrisinho presunçoso sabendo que isso o irrita profundamente. Ficamos nos encarando por alguns segundos, olho no olho, até que ele não aguenta: 28 A r k h a ik a
— Ah, pro inferno você, Apolo! Não sei como consegue fazer isso! Preciso treinar! Ele arranca o arco da minha mão e se dirige ao alvo para recolher as três flechas que estão cravadas ali. As duas que ele lançou estão enterradas no segundo círculo enquanto que a minha encontra-se milimetricamente posicionada no centro da circunferência menor. Adoro deixá-lo puto da vida, nunca erro esse tipo de lançamento e ele sempre tem vontade de quebrar o arco em dois, por causa do ódio que ele sente em relação à minha arrogância. Apesar disso, trata-se apenas de uma brincadeirinha... Baird, Greg e eu somos toda a equipe de Medianos desse ano. Nossa cumplicidade, respeito e confiança mútuos dispensam palavras. Tenho para com eles muita consideração e ouço muito o que eles têm a dizer, pois este ano é decisivo já que nosso teste se aproxima.
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