APRESENTACAO DO COLETIVO
PERIFERI A LUTA CONTRA AS CAT RACAS! !!
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Por que estamos lutando por um transporte gratuito e de qualidade?
SÓ A LUTA MUDA A VIDA!
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História: Algumas lutas do transporte pelo brasil
histórico do coletivo
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PÁG. 12 poder popular no extremo sul
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. . . o d n a t u l s o m a t s e e u q r o P o p s n a r t m u Por
O transporte coletivo é fundamental para a vida na cidade. Através dele podemos acessar a tudo o que existe no espaço urbano, como, hospitais, escolas, áreas de lazer e cultura. No entanto, todas as vezes que usamos o transporte público somos obrigados a pagar a tarifa, ou seja, para ter acesso à saúde, à educação, precisamos antes passar pelas catracas, o que quer dizer que só quem tem dinheiro para o transporte pode ter acesso à cidade. E nós, usuárias e usuários, sabemos que o transporte não está organizado de acordo com as nossas necessidades cotidianas, mas sim para o maior lucro dos empresários. Os trabalhadores e trabalhadoras que movimentam essa cidade são obrigados a enfrentar todos os dias um transporte humilhante, que muitas vezes é mais desgastante que o próprio expedien-
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te de trabalho. Hoje, poder público e empresários, pensam a organização das nossas linhas, os horários, a quantidade de ônibus, tudo em função de seus próprios interesses. Os políticos querem se manter no poder e para isso beneficiam os empresários às nossas custas. No caso do transporte, o Estado concede às empresas o direito de explorar o que para nós é um direito. E como isso acontece? É simples. Todas as vezes que passamos pela catraca os donos dos ônibus lucram. 4
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? e d a d i l a u q e d e o t i u t a r g rte
O que na prática quer dizer: quanto mais espremidos nós andamos, mais dinheiro eles ganham. Por exemplo, se um empresário colocar 15 ônibus para circular terá menos custos com manutenção, funcionários e combustível do que se colocar 30 ônibus. Além de economizar com esses gastos, eles lucram muito mais, pois sabem que usaremos o transporte de qualquer forma. A nossa luta é para que o transporte deixe de ser tratado como mercadoria. O Estado não pode deixar o nosso transLU TA D O T R A N SPOR T E
porte nas mãos dos empresários, por isso é fundamental que as empresas deixem de ganhar todas as vezes que entramos nos ônibus. A princípio, o poder público poderia, por exemplo, contratar o serviço como num sistema de fretamento de veículos e pagar as empresas por quilômetro rodado e não todas as vezes que giramos a catraca. Desta forma, seria possível colocar os ônibus para circular de acordo com a demanda das usuárias e usuários e não mais em função dos interesses das empresas. Quando a quantidade de passageiros e passageiras deixar de estar diretamente associada ao lucro dos empresários abre-se um caminho para a tarifa e a catraca deixar de existir e só assim o transporte poderá ser de qualidade e verdadeiramente público.
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SÓ A LUTA MUDA A VIDA! Os governantes sempre dizem que o transporte coletivo não pode ser de melhor qualidade ou que a tarifa zero não é possível por existirem questões técnicas envolvidas. Usam a desculpa de que não há dinheiro, não há meios de criar novas linhas ou aumentar a frequência dos ônibus. No entanto, sabemos que por trás das questões técnicas existem sempre as decisões políticas e que essas decisões não são tomadas em nosso favor. Mas se o poder público e os empresários estão juntos nessa, como é que conseguiremos LU TA D O T R A N SPOR T E
transformar a situação da mobilidade na nossa cidade? Sempre nos dizem que a solução para os problemas está no voto, que esta é a nossa única forma de participação política, e que escolher quem vai mandar na cidade é o único meio para decidir o rumo das coisas. Sabemos que tudo isso é dito, para que, passado o período eleitoral, aceitemos todas as decisões sem reclamar. Nem os empresários, financiadores de campanhas eleitorais, e nem os políticos querem que nós participemos de nenhuma de6
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cisão, mantendo a situação da forma como está. Mas as nossas necessidades cotidianas, os nossos sonhos, não cabem nas urnas e só conseguiremos mudar os rumos da nossa vida se nos organizarmos para cobrar, pressionar e obrigar o poder público a ceder as nossas exigências. Somos nós que usamos o transporte todos os dias que melhor sabemos como ele deve ser, que horário e por onde precisa passar! Precisamos atuar de maneira direta e forçar o governo a adotar políticas públicas
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para nós e não em favor de interesses eleitoreiros ou dos empresários da cidade. Mas tão importante quanto lutar por políticas públicas, é que nos organizemos nós mesmos. E há muitas formas de fazer isso, como construir um movimento social, um coletivo, reunir as pessoas do bairro, da escola, do trabalho para, fazer debates, mostras de vídeo, cartilhas como esta e também manifestações de rua. Precisamos fazer com as nossas próprias mãos o que achamos que deve ser feito em vez de esperar por representantes que não nos representam.
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Em junho de 2013, a população decidiu que não iria aceitar o aumento da tarifa de 3,00 para 3,20. Foi com muita organização popular que as manifestações de rua tomaram a cidade e barraram o aumento, pois antes delas, ocorreram diversas conversas e atividades sobre transporte em praças, escolas e bairros. Entretanto, junho não foi um caso isolado, as lutas sociais sempre fizeram parte da nossa história:
1880 - Movimento popular na cidade do Rio de Janeiro conhecido como a Revolta do Vintém, contra a cobrança de vinte réis (um vintém) nas passagens dos bondes da cidade o que resultou na conquista da revogação do tributo.
1981 - Luta popu aumento da tarifa chamada de “que motivada pela c motoristas de ôn os patrõ
1947 - A população de São Paulo se revoltou contra o aumento da tarifa do transporte e a multidão enfurecida cercou a prefeitura na rua Libero Badaró.
1930 - Protesto em Salvador contra os maus serviços e tarifas altas dos bondes da Cia. Circular de Carris da Bahia.
1º Grande ato de Junho/2013 em SP. LU TA D O T R A N SPOR T E
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Algum transp as lutas d orte pe o lo Bras il...
ular contra o a em Salvador ebra-quebra” categoria de nibus contra ões.
2004/05 - As Revoltas da Catraca em Florianópolis demonstraram a força do poder popular e conquistaram a revogação da tarifa.
2003 - A histórica Revolta do Buzu em Salvador parou a cidade contra o aumento e deixou seu legado para as lutas mais recentes.
Estes exemplos mostram que diante da pressão e organização do povo, os governantes podem recuar. As Revoltas do Buzu e da Catraca deram corpo ao Movimento Passe Livre (MPL) por todo país. E em São Paulo, desde 2005 a população luta contra os aumentos de tarifa e por melhorias no transporte. É também neste contexto que surge o coletivo Luta do Transporte no Extremo Sul.
COMO SURGIMOS... Nos dias seguintes à revogação do aumento da tarifa em junho de 2013, o coletivo Luta do Transporte no Extremo Sul se forma. Inicia-se um processo organizativo, com objetivo de construir e fortalecer a luta por transporte na região em conjunto com os demais usuários, aprofundando, assim, um diálogo com a população do extremo sul. Somos trabalhadores e trabalhadoras, desempregados e desempregadas, estudantes, moradores e moradoras em situação de luta pelo transporte. Nos organizamos de forma autônoma e independente, nós mesmos planejamos e decidimos os rumos de nossas atividades e lutas, sem depender
de nenhum partido político, instituições ou empresas. Outra coisa importante é que em nosso coletivo não existem líderes, nos organizamos de igual pra igual, de forma horizontal e sem hierarquia. Acreditamos que somos nós, usuárias e usuários em conjunto com as, trabalhadoras e trabalhadores do transporte, que devemos decidir juntos como ele deve funcionar. Por isso, apoiamos a luta dos trabalhadores e trabalhadoras que decidem se organizar para transformar os rumos do seu cotidiano de trabalho, como no caso da luta recente de motoristas, cobradores e cobradoras, e de metroviários e metroviárias. Entendemos que o nosso sufoco diário é fruto da mesma opressão!
NOSSAS ATIVIDADES Desde a criação do coletivo, muitas atividades foram feitas pensando em reunir mais e mais pessoas para somar na luta. Algumas delas tinham como objetivo fomentar a discussão sobre os problemas do LU TA D O T R A N SPOR T E
transporte no cotidiano dos passageiros e passageiras. Nesse sentido, alguns coletivos de teatro da região criaram cenas com o tema do transporte, que foram exibidas em escolas, no Terminal 10
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Grajaú, ruas e praças. Além disso, foram realizados mutirões para colagem de lambe-lambe (cartazes) nos postes e pontos de ônibus com desenhos e frases que questionam a forma como o transporte público está organizado. Ocorreram oficinas de stencil (arte criada nos muros da cidade com spray a partir de um molde) em escolas e espaços culturais com a colaboração de artistas de rua que enxergam a arte como um meio de resistência contras as opressões cotidianas. Foram feitas intervenções em feiras de rua da região por meio de uma rádio livre popular, permitindo que as pessoas registrassem num microfone aberto sua indignação e revolta. Também foi criada a página no facebook para divulgar ações e conteúdos da luta. Para divulgação on-line e discussão nas escolas, foram criados dois mini documentários: o “Term. Grajaú: Humilhação Coletiva”, que trata da situação degradante que todos nós enfrentamos todos os dias, e o “Primeiras chamas: atos regionais de junho”, que mosLU TA D O T R A N SPOR T E
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tra a realização de atos feitos por algumas escolas antes do aumento da tarifa de Junho de 2013. Outras ações importantes foram as atividades de discussão feitas em diversas escolas e os debates públicos nas praças dos bairros.
Muitos desses corres foram realizados pensando na construção de um ato de rua que aconteceu no dia 23 de outubro de 2013 e reivindicava melhorias no transporte no extremo sul. Essa manifestação fez parte de uma semana de lutas marcada por atos e ações espalhadas em várias quebradas.
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U P O P R PODE No final de 2013 somamos com a luta dos moradores e moradoras da região do Marsilac, que chegam a andar até 15km a pé por falta de transporte. A luta pela criação deas duas linhas de ônibus (Reserva/Embura e Mambu/Marsilac) e contra as condições precárias das estradas já estava sendo travada há pelo menos 1 ano. Durante esse ano, os moradores foram várias vezes à subprefeitura, participaram de reuniões e audiências públicas, ouviram muitas promessas, mas nada mudou. Cansada de andar a pé e ser enrolada pelos políticos, a comunidade do Marsilac travou em 2014 uma luta autônoma. Através da organização de um bingo para a comunidade, os moradores e moradoras arrecadaram dinheiro para bancar por eles mesmos uma linha popular gratuita (trajeto: Mambu x Marsilac). O objetivo dessa mobilização era mostrar para o poder 12
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S O R R I A B S O N R L U LA S O M E DO EXTR público que a implementação da linha de ônibus na região é viável e de extrema importância, o busão rodou lotado o dia inteiro.
Após o silêncio das autoridades persistir, os moradores resolveram se resolvemos nosresolvemos nos acorrentar na prefeitura de São Paulo para pressionar pela criação imediata da linha. Enquanto estávamos acorrentados do lado de dentro da prefeitura, também protestávamos do lado de fora. Fomos chamados para uma reunião na qual representantes da secretaria de transportes e da prefeitura prometeram implementar a linha num prazo de 20 dias. Porém, como toda promessa de político não é cumprida, a linha ainda não saiu do LU TA D O T R A N SPOR T E
papel.não foi criada. Mas não desistiremos de lutar, seguiremos organizados e fortes até conseguir a criação das linhas. Além dessas mobilizações, foram realizadas durante 2014 reuniões com toda comunidade para discutir de forma horizontal o problema de transporte e também atividades culturais (virada cultural popular e festa junina popular) que contaram com a presença massiva dos moradores e moradoras. Somamos também com as lutas pela criação de linhas e contra o descaso com o transporte em outros bairros do extremo sul. Essa articulação e união dos bairros da região é essencial para o fortalecimento da luta.
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A LUTA SEGUE...
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Seguiremos lutando pelo transporte verdadeiramente público gratuito e de qualidade e contra todas as formas de opressão que possam nos atingir até que todas as catracas, grades, cercas e muros sejam derrubados.
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Em uma das cidades tomada pela luta da periferia, as simples questões ganharam força, ocuparam um espaço e desenharam uma cena. De lá do fundo gritaram: - Gente, será que essa nossa luta precisa mesmo de uma organização? Após um silêncio os sussurros exclamaram: - Oxê, por aqui sabemos que se não estamos organizados, alguém certamente estará nos organizando...! Eita, masss alguém quem? Durante a reflexão, as vozes dançavamecoadas nos ouvidos: -Organiiizem-se...! Ograniiizem-se enquanto é tempo! Ograziiinem-se...! A tal compreensão da palavra organize-se, muitas vezes ainda se mostra embaralhada, misteriosa e de certa forma enigmática. Quando tentamos mastigar sua profunda importância ao debulhar sua digestão e complexidade abaixo eis que surge Ogra Zine: alguém apenas querendo ser ou tentando estar em algum lugar de um mundo, que para viver teve de se disfarçar. A princípio, seu surgimento soou estranho para todos que viviam ali, Ogra tentava se libertar de seus estigmas. Era vista como monstro, demônio, vândalo de cérebro e capacidade mental reduzida, ser gigante dos contos de fada que se alimenta de carne humana, aquela que comete atos de insanidade. O território era dividido entre: os “povos do mau” das “pessoas de bem”. E Ogra estava lá, bombardeada numa faixa estreita que sequer sobrava, qualquer chance ou suspiro da sobrevivência era rara, parecia que não havia mais espaço nem para a revolta popular. Ogra Zine sangrava internamente, mas resistia com firmeza.Com o tempo que restava se autoreconhecia ao se aproximar de suas raízes históricas e pelas vielas da ogracidade contos populares resgatavam sua ogridade. Curandeiros e feiticeiras ressurgiam a magia das cinzas, do pó, do branco, do preto, do vermelho. No sentido figurado que se dá ao ser ogro,corpulento de atitudes grosseiras, não querer se comportar nessa sociedade posta que é forçada a seguir, provoca Ogra Zine a perceber que está prestes a perder sua paciência que ainda resta. Enquanto cansada suspirava, Ogra olhou no espelho pela janela e avistou que perder a paciência era a única saída. As pessoas que viviam ali na ogracidade se organizaram e também enxergaram um inimigo em comum: alguém que estava acima, muito distante da luta do dia a dia.E nesta batalha pela organização, pela sobrevivência, pela resistência do povo, enfim, sua natureza ganhou história enquanto a paciência se perdia pela ogracidade.
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