Revista ABM 51

REVISTA DA ASSOCIAÇÃO BAHIANA DE MEDICINA • ANO XIII • Nº 51 • NOVEMBRO 2021

Médicos no interior A Bahia é o estado do Nordeste com a maior proporção de médicos atuando no interior

E mais:

Puro deleite, Baianidades e Além do Jaleco

EDITORIAL Rua Baependi, 162, Ondina.

Salvador-BA. CEP: 40170-070 Tel: (71) 2107-9666.

Em outubro último, comemoramos mais um Dia do Médico (18/10), ainda sem o merecido encontro presencial, mas com vídeos e cards em homenagem a cada um dos nossos colegas. Espero realmente que 2022 seja um ano melhor, especialmente por conta da maior cobertura da vacinação, e que possamos retomar mais encontros presenciais, com troca de abraços e afeto.

No mês de outubro, discutiu-se mais uma vez a importância da autonomia do médico, com base no fato do presidente do Conselho Federal de Medicina, Dr. Mauro Luiz de Britto Ribeiro, estar sendo investigado na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, do Senado Federal. A ABM se posicionou com nota oficial divulgada em nossas redes sociais.

Publicação da Associação Bahiana de Medicina PRESIDENTE CÉSAR AMORIM PACHECO NEVES VICE-PRESIDENTE NIVALDO MENEZES FILGUEIRAS FILHO SECRETÁRIO GERAL ANTONIO EDSON SOUZA MEIRA JÚNIOR SECRETÁRIO GERAL ADJUNTO JEDSON DOS SANTOS NASCIMENTO DIRETOR ADMINISTRATIVO ROBSON FREITAS DE MOURA DIRETOR FINANCEIRO LUIZ HENRIQUE COSTA E COSTA DIRETOR FINANCEIRO ADJUNTO LUIZ AUGUSTO ROGÉRIO VASCONCELLOS

Nos solidarizamos com Dr. Mauro, reiteramos a importância da autonomia do médico (bandeira amplamente defendida por ele), especialmente durante um período em que esse tema tem sido alvo de constantes discussões, em virtude dos tratamentos, precoces ou não, da Covid-19.

DIRETORA DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS ILSA PRUDENTE

Declaramos ainda que respeitamos a autonomia do médico de tratar como julgar mais adequado o seu paciente, e a autonomia do paciente de aceitar ou não ser tratado pela forma sugerida pelo médico, com todos os esclarecimentos necessários e obtenção do consentimento livre e esclarecido.

DIRETOR DE DEFESA PROFISSIONAL DEJEAN SAMAPIO AMORIM FILHO

Como já foi citado em nota pública emitida pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), “a autonomia do médico e do paciente são garantias constitucionais, invioláveis, que não podem ser desrespeitadas no caso de doença sem tratamento farmacológico reconhecido – como é o caso da Covid-19 -, tendo respaldo na Declaração Universal dos Direitos do Homem, além do reconhecimento pelas competências legais do CFM, que permite o uso de medicações ‘off label’ (fora da bula)”.

Aproveito o espaço ainda para agradecer e tecer uma homenagem a todos os colegas que estiveram e/ou estão na linha de frente do combate à Covid-19, demonstrando seu empenho e compromisso com a vida.

Boa leitura para vocês!

DIRETORA CIENTÍFICA CLÁUDIA GALVÃO DIRETOR CIENTÍFICO ADJUNTO LUIZ EDUARDO FONTELES RITT

DIRETOR SÓCIO CULTURAL JOSÉ ZAIDAN FILHO DIRETOR DO DEPARTAMENTO DE CONVÊNIOS JOSÉ SIQUARA DA ROCHA FILHO DIRETOR DA SEDE SOCIAL DA ABM ROBSON GUIMARÃES RÊGO DIRETOR DAS DELEGACIAS REGIONAIS JORGE EDUARDO DE SCHOUCAIR JAMBEIRO DIRETOR DO SINAM HEITOR CARVALHO GUIMARÃES DIRETOR DE ASSUNTOS DE SAÚDE PÚBLICA GUILHARDO FONTES RIBEIRO DIRETOR ACADÊMICO HÉLIO JOSÉ VIEIRA BRAGA REALIZAÇÃO: LUX COMUNICAÇÃO INTEGRADA Diretora executiva: Ana Lucia Martins Coordenação editorial: Pedro Carvalho Publicidade: Luciola Botelho Rua Alceu Amoroso Lima, nº 314, Edf. Condomínio Antares - sala 206 Caminho das Árvores, Salvador/Bahia CEP: 41.820-770 CONSELHO EDITORIAL EDITOR CHEFE: Bruno de Bezerril Andrade CONSELHEIROS: Antônio Carlos Vieira Lopes César Amorim Nivaldo Filgueiras

César Amorim Presidente da ABM

ASSESSORIA ABM Maria del Carmen González Azevêdo (DRT 3335) EDIÇÃO PEDRO CARVALHO (DRT 1757) TEXTOS Pedro Carvalho • Cristina Farias REVISÃO Cristina Farias PARA ANUNCIAR Tel. (71) 3014.4999 E-mail: atendimento@luxcomunicacao.com

SUMÁRIO Não perca também as nossas atualizações no site:

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MEDICINA

06 10 16

SAÚDE

ACONTECE

ALÉM DO

JALECO

ESPECIAL Desmobilização com cautela

22

SAÚDE

EM FOCO

BEM-ESTAR

VIDA 28 ESPECIAL 34 08 Recorde na doação de órgãos

MELHOR

36 38 #51 ANO XIII • NOVEMBRO 2021 Revista da Associação Bahiana de Medicina

PURO DELEITE

BAIANIDADES

Dia do médico e aniversário da ABM

ABM realizou o XVI Congresso

ACONTECE

A Associação Bahiana de Medicina realizou, entre os dias 21 e 23 de setembro, o XVI Congresso da ABM - Construindo um Pensamento Cientifico. O evento foi 100% online, com uma programação que contou com a participação de palestrantes conhecidos nacional e internacionalmente.

Foram discutidos diversos temas, como o passo a passo para ler um artigo cientifico, estratégias para financiamento de pesquisas e como ter sucesso em publicá-las.

O mês de outubro foi marcado por datas muito especiais para a Associação Bahiana de Medicina.

No dia 11, a ABM completou 79 anos e no dia 18 foi celebrado o Dia do Médico.

Esse ano, as campanhas de comemoração foram realizadas pelas redes sociais e a ABM publicou uma linda nota em homenagem aos 79 anos. No Dia do Médico foram publicados cards e vídeos feitos pela @rojascomunicacaooficial.

O evento teve a presença do ilustre Prof. Dr. Renato Lopes, da Duke University Medical Center, que ministrou as aulas sobre “Legados da pandemia para a pesquisa clínica nacional: o papel da pesquisa clínica nacional” e “Revista da Associação Médica Brasileira: o que esperar da sua nova linha editorial?”.

Aponte o celular e confira em nosso instagram todas as publicações.

Sede Social retoma campeonatos de futebol No dia 25 de setembro foi realizada a confraternização e celebração pelo tão esperado retorno do Campeonato Super Sênior de Futebol da Sede Social da ABM. O evento contou com as presenças do atual presidente, Dr. Cesar Amorim, e dos ex-presidentes, Dr. Robson Moura e José Carlos Brito. Além deles, também estiveram o atual presidente da Sede Social, Robson Rego e os ex-presidentes da casa Aristides Queiroz e Augusto Holmer. Na oportunidade, foram a campo os times: Azia, Papeira, Bócio e Catapora.

Também no mesmo final de semana, foi realizada a segunda rodada do Sênior, com a partida entre 8 times. Os placares dos jogos foram: Sem Dor 0 x 2 CoronaVírus, Adrenalina 2 x 1 Hipnose, H. Pylori 1 x 2 IAM, além do empate por 3x3 entre Bisturi e Probiótico. O evento con6 | Revista da ABM • Novembro 2021

tou com a parceria da Fazenda Esperança, Companhia da Cachaça e Decanter.

Já o jogo aberto, que teve início no dia 18 de setembro, contou com a realização das partidas seguintes nos dias 2 e 3 de outubro, pela segunda rodada. Os placares foram: Patologia 0 x 4 Ebola, Artrose 2 x 3 Traumatismo e um empate entre Metástase 3 x 3 Anatomia.

Mesas redondas A ABM realizou, em parceria com a Sociedade Brasileira de Cardiologia Seção Bahia (SBC-BA), uma mesa redonda gratuita e online sobre o tema “Manejo de Síndrome coronariana crônica e do colesterol em 2021”. O evento aconteceu no dia 17 de setembro.

Coordenada pelo presidente da SBC-BA, Dr. Gilson Feitosa Filho, a discussão teve moderação do vice-presidente da ABM e presidente da Sociedade Norte-Nordeste de Cardiologia, Dr. Nivaldo Filgueiras, e do diretor científico da SBC-BA, Dr. Joberto Sena.

Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia (LAGH), Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Hepatologia da UNEB (LAGHE) e a Liga Acadêmica de Gastroenterologia e Cirurgia (LAGC), e sobre “Atendimento Inicial ao politraumatizado” com a Liga Acadêmica do Trauma e Emergências Médicas (laeme) e a Liga Baiana de Ortopedia e Traumatologia – Unifacs (libot).

Mais uma parceria

Lançamento do NAP O presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Cesar Amorim, participou, no dia 6 de outubro, do lançamento do Núcleo de Atuação Parlamentar, realizado pela Associação Médica Brasileira (AMB), em Brasília-DF.

Com sede no Polo Petroquímico de Camaçari, a Flex Maker atua há cerca de 11 anos em hospitais, no ramo automobilístico, construções e indústria.

Diante das dificuldades impostas pela Covid-19, a empresa começou a produzir produtos de proteção bacteriológica no combate a pandemia, com foco principal nos profissionais de saúde, que necessitam se expor a ambientes propícios à propagação ou que se classificam com quadro de risco à Covid.

Com a parceria, os sócios da ABM terão desconto de 25% na compra dos produtos oferecidos pela empresa, que vão desde máscaras, mangotes, toucas, lençóis, fronhas e aventais descartáveis para os setores de cozinha, hospitalar, industrial, laboratorial, serviços gerais e pesquisa. Elas podem ser utilizadas na prevenção de doenças e contaminação por patógenos presentes no ambiente.

O NAP tem como objetivo garantir uma representação dedicada exclusivamente a acompanhar toda a produção do Congresso Nacional, interagindo ininterruptamente com deputados e senadores em defesa e garantia de pautas positivas para a saúde dos brasileiros, beneficiando assim, a medicina, os médicos e os pacientes.

ACONTECE

A ABM também continuou realizando eventos com várias ligas de Medicina, entre eles a mesa redonda sobre “Fibrilação Atrial”, em parceria com a Liga Acadêmica de Cardiologia (LAC); sobre “Sequelas gastrointestinais Pós-Covid” com a Liga

Por meio do NAP, a AMB vai disponibilizar às Federadas e às sociedades de especialidades médicas, sem qualquer contrapartida, os serviços de assessoria parlamentar junto ao Congresso Nacional, consultoria jurídica e estrutura física completa de Coworking em Brasília.

O núcleo atuará do atendimento às demandas das Especialidades e Federadas, acompanhará toda a produção legislativa; vai interagir com os parlamentares em audiências e reuniões de trabalho; e seguir todas as comissões legislativas nas quais tramitem propostas de interesse da medicina e da saúde dos brasileiros.

Novembro 2021 • Revista da ABM | 7

Mater Dei Salvador

ACONTECE

A história, os valores e a estrutura do Mater Dei Salvador foram conhecidas em uma live com o presidente da rede, Dr. Henrique Salvador, e a diretora clínica do Hospital Mater Dei Salvador, Dra. Luciana Silva. A moderação ficou a cargo do presidente da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. César Amorim. O evento aconteceu dia 26 de outubro, com transmissão pelo canal da ABM, no youtube.

A Rede Mater Dei de Saúde vai inaugurar em Salvador, no primeiro semestre de 2022, seu primeiro hospital fora de Minas Gerais. Em construção, o novo empreendimento representa um investimento de R$ 500 milhões e será o maior da rede privada na capital baiana, localizado na Av. Vasco da Gama, esquina com a Av. Anita Garibaldi. Em Minas Gerais, a Rede Mater Dei conta com três hospitais.

Mutirão de saúde das mamas Mais de 100 mulheres foram atendidas no dia 16 de outubro, durante o mutirão Laços de Vida, que aconteceu na Maternidade Climério de Oliveira (MCO-UFBA/Ebserh), no bairro de Nazaré, em Salvador. A ação teve a parceria da Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica – Regional Bahia (SBOC) e do Hospital Aristides Maltez (HAM), e contou com o apoio da Associação Bahiana de Medicina (ABM). Todos os atendimentos foram realizados via Sistema Único de Saúde (SUS) para pacientes da rede pública residentes na Bahia.

Trabalharam diretamente na ação mais de 50 pessoas entre profissionais de saúde e administrativos, sendo as profissionais de mastologia e de ultrassonografia totalmente voluntárias, vindas das organizações parceiras. Além de consultas com mastologistas, foram realizadas mamografias e ultrassonografias mamárias.

8 | Revista da ABM • Setembro 2021

AMB cria o Núcleo de Proteção do Ato Médico Associação Médica Brasileira acaba de criar o Núcleo de Proteção do Ato Médico, o NUPAM. O objetivo é contribuir para a prestação de serviços e ações de saúde de forma responsável, segura e eficiente, tendo o paciente como o centro da atenção. São finalidades do NUPAM: a defesa e a valorização dos médicos, o assessoramento das sociedades de especialidade no que tange às violações ou ameaças ao ato médico e a proteção dos pacientes.

O Núcleo conta com assessoria jurídica, consultoria de comunicação e um canal próprio, no site da amb.org.br, onde é possível enviar relatos de violações ou ameaças ao ato médico, para avaliação da AMB, além de contribuições e sugestões de providências a serem tomadas. O canal está disponível igualmente para sociedades de especialidades médicas e federadas e conta com uma área específica para denúncias. Acesse e veja mais no https://amb.org.br/nupam/

ALÉM DO JALECO

TALENTO

espiração in Médicos revelam como a pintura tem um papel importante em suas vidas

A

pintura é uma das manifestações artísticas mais antigas da humanidade. A técnica de pintar em uma tela, papel ou mesmo em uma parede vem se inovando e se renovando ao longo dos séculos, possibilitando novas formas de expressão, sentimentos e pensamentos, seja como hobby, profissão ou forma terapêutica.

10 | Revista da ABM • Novembro 2021

Para a médica intensivista Laila Velloso Schnitman - artista desde os 12 anos de idade -, pintar tem um significado muito especial, e com um valor importante em sua vida. “É através da pintura que passei pelos arroubos da adolescência, me amparei nas dificuldades de ingresso em Medicina, e é através dela que permaneço me estabilizando frente aos desafios da vida adulta”, revelou a médica, que confessa sair de cada processo artístico melhor do que entrou. “A pintura é minha maneira de olhar para dentro e, ao mesmo tempo, de enxergar o universo”, disse.

Embora já tenha experimentado grafite, carvão, lápis de cor, pastel seco e pintura acrílica, é na pintura a óleo sobre tela que ela se expressa melhor e se sente mais à vontade. Com estilo figurativo, retratando figuras humanas, paisagens, e, mais recentemente, animais, a artista costuma forçar as cores com matizes mais vivas. “Não me restrinjo no realista clássico. Gosto de imagens bem iluminadas, com contrastes mais marcantes”, declarou.

“A pintura é minha maneira de olhar para dentro e, ao mesmo tempo, de enxergar o universo” Laila Velloso Schnitman

Ela pinta essencialmente por hobby, mas, atualmente, está comercializando seus trabalhos. Vai participar de uma exposição coletiva no Shopping Pituba Parque Center e está prestes a abrir sua conta artística no Instagram. Além disso, ainda faz aulas na Waldo Robatto Oficina de Arte, onde aprendeu e continua aprendendo, até hoje. “Fiz aulas de diversas técnicas no decorrer dos anos, e ainda faço. Mas aprendo muito mais do que cores, perspectiva, luz e sombra. Adoro mais do que saberia explicar”, confessa.

Laila Velloso Schnitman Novembro 2021 • Revista da ABM | 11

ALÉM DO JALECO

Contexto crítico O médico pneumologista e professor Almério Machado Jr. também começou a manifestar sua arte ainda na infância, estimulado por sua avó Nayr, quando passavam a tarde juntos, pintando. Ele desenha e pinta figuras humanas em ambientes “semi-reais”, geralmente em um contexto crítico, social e comportamental. “Embora eu fique empolgado com os resultados, acho que as pessoas não entendem bem o significado, mas minha intenção é deixar o observador pensativo mesmo, ainda que ache o trabalho forte ou desagradável”, reflete o artista.

Ele utiliza técnicas variadas, como pintura a óleo ou acrílica, desenho em grafite crayon ou caneta esferográfica e nanquim.

E muitas vezes utiliza também, experimentalmente, substratos variados como tecidos, papeis, radiografias, etc.

Dr. Almério já fez algumas exposições e tem dois retratos expostos: o do Prof. Aloysio Prata, na Faculdade de Medicina, no Terreiro de Jesus, e do Prof. Adelmo Machado, no Instituto Couto Maia. Mas ele gosta mesmo é de pintar por hobby, sem compromisso. “Minha vontade de produzir é variável e imprevisível, embora constante. Desde a infância eu produzo muito, e trabalhos diversos, mas me dedico no ritmo do tempo e da inspiração”, afirmou.

Almério Machado Jr.

“Minha vontade de produzir é variável e imprevisível, embora constante.”

Almério Machado Jr.

12 | Revista da ABM • Setembro 2021

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ESPECIAL

DESMOBILIZAÇÃO

com cautela Com a desaceleração da pandemia, leitos são desativados ou redirecionados

C

om a queda do número de casos de Covid-19, proporcionada pela vacinação da população, o governo estadual, prefeituras e a rede privada iniciaram a desmobilização de unidades e leitos voltados para o atendimento específico de infectados com o novo coronavírus. Somente no setor público, já foram desativados, ou tiveram redução nos leitos, 33 hospitais, sendo 14 em Salvador e região metropolitana e 19 no interior. Até o fechamento dessa edição, continuavam ativos 726 leitos de UTI em 38 hospitais, além de 691 leitos clínicos.

De acordo com especialistas e gestores envolvidos nesse processo, a motivação maior para a desmobilização é reverter e retornar os leitos para o cuidado de pacientes com outros agravos, que nunca dei-

16 | Revista da ABM • Novembro 2021

xaram de ocorrer, além de reduzir custos, uma vez que não justifica manter estruturas subutilizadas. “A desmobilização se deu a partir do momento em que os diversos indicadores epidemiológicos apontaram para a desaceleração da pandemia e a diminuição da necessidade de leitos exclusivos para a Covid-19.

Estamos fazendo esse processo com a devida cautela e de forma gradativa e regionalizada, levando em consideração os indicadores de ocupação e solicitações de vaga na regulação, além de simular os cenários com a diminuição de leitos proposta antes de efetuar a desmobilização”, explica a médica Izabel Marcilio, coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (Coes) da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab).

“A desmobilização vai continuar com a cautela que está sendo feita, mas, como somos uma unidade de referência, vamos continuar atendendo os pacientes” Ceuci Nunes

Com relação aos gripários, que no auge da pandemia chegaram a seis unidades, atualmente apenas dois estão em funcionamento: um em Salvador (Barris) e outro na ilha de Bom Jesus. “Progressivamente, fomos desativando as unidades de acordo com o impacto que isso teria no atendimento”, explicou o emergencista e cirurgião Ivan Paiva, gerente executivo de Atenção às Urgências do Município de Salvador. Segundo ele, os recursos estão sendo direcionados para as unidades que estejam funcionais e aptas para atender a população. Além disso, as equipes continuam o monitoramento para reativar novamente as estruturas, caso necessário, como já aconteceu na segunda onda da pandemia.

Baixa ocupação O Instituto Couto Maia (Icom), que ficou 16 meses dedicado à Covid-19, vem registrando redução na taxa de ocupação desde o último mês de junho. Em outubro voltou a ter o número de leitos original, de antes da pandemia, e retomou o atendimento às outras doenças infecciosas e parasitárias. Mas continua com 20 leitos exclusivos para a Covid-19. Leitos

que a diretora geral do Icom, a infectologista Ceuci Nunes, acredita que serão mantidos por muito tempo ainda. “Não existe expectativa da doença deixar de existir, principalmente para os que não tomaram a vacina, ou não tiveram boa resposta à vacinação, especialmente os mais idosos e pessoas com comorbidades e imunodeficiências. A desmobilização vai continuar com a cautela que está sendo feita, mas, como somos uma unidade de referência, vamos continuar atendendo os pacientes”, informou.

No Hospital Espanhol, que foi reaberto exclusivamente para tratamento da Covid-19, a taxa de ocupação está em torno de 20% e a estrutura deve ficar mantida por um bom tempo também, segundo avalia Rômulo Cury, diretor geral do hospital. “Toda a rede hospitalar estadual e municipal já voltou à normalidade de antes e, para tanto, é importante o estado manter unidades de referência para a Covid-19, como é o caso do HE, para desonerar a rede pública e permitir que as outras unidades mantenham seus atendimentos e tratamentos em suas especialidades”. O Hospital de Campanha da Fonte Nova foi desativado, mas o governo manteve a estrutura de dutos, caso seja necessária uma reativação.

Novembro 2021 • Revista da ABM | 17

ESPECIAL

“Pedimos o apoio de toda a comunidade médica para transmitir a seus pacientes a importância da adesão à vacina...”

Izabel Marcilio

Com a desmobilização, fica também a preocupação com o destino dos profissionais de saúde que trabalhavam nessas unidades. De acordo com Izabel Marcilio, coordenadora do Coes, muitos continuarão atuando nas unidades que já estavam, e que permanecem funcionando, embora com outro desenho. Outros, como é comum aos profissionais de saúde, já mantinham mais de um vínculo. “O fato é que a pandemia não acabou e muito menos acabou a demanda por assistência à saúde, e o profissional de saúde é um técnico especializado e importantíssimo para toda a sociedade”, explica.

Variante Delta Em relação à variante Delta, que merece atenção e cautela por ser muito mais transmissível, diagnosticada em diferentes regiões do estado, até o momento está sob controle, segundo especialistas. E isso se deve ao aumento no número de vacinados, além das medidas de prevenção, conforme explica Dra. Ceuci. “A Delta chegou por aqui fazendo pouco estrago, já que pegou boa parte da população vacinada com pelo menos uma dose, o que não é o ideal, mas já ajuda na proteção da doença. E manter as medidas não farmacológicas também tem sido fundamental”, explicou. Ela lembra que a plataforma de monitoramento Info Tracker, mantida por pesquisadores da USP e da UNESP, mostrou que a grande maioria (96%) dos óbitos por Covid-19 no Brasil em 2021 foram de pessoas que não tinham sido vacinadas.

E a vacinação em massa é a principal forma de combater a ameaça da variante, conforme reforça Dra. Izabel Marcilio. “Por isso, estamos expandindo e acelerando o mais rápido possível a vacinação. Pedimos o apoio de toda a comunidade médica para transmitir a seus pacientes a importância da adesão à vacina e também orientar sobre o complemento do esquema vacinal, com a segunda dose e a dose de reforço, quando for o caso”, afirmou a coordenadora do Coes.

18 | Revista da ABM • Novembro 2021

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SAÚDE EM FOCO

interior

A CAMINHO DO Bahia tem a maior proporção de médicos atuando fora da capital em todo o Nordeste

O

s dados mais recentes do estudo ‘Demografia Médica no Brasil’ revelam um crescimento acelerado do número de profissionais no país, atingindo a marca de meio milhão de médicos, conforme o levantamento realizado em 2020. Foram mais de 180 mil novos registros na última década. Na Bahia, hoje, são 24.413, com 57,4% deles atuando na capital e 42,6% no interior do estado. Os dados, desta forma, ainda mostram uma desigualdade proporcional na disponibilidade de profissionais entre as duas áreas, mas apontam para uma possível mudança neste quadro.

A Bahia é o estado do Nordeste com a maior proporção de médicos atuando no interior e com o menor indicador de desigualdade em relação à capital. Para se ter uma ideia, 90% dos profissionais em Sergipe atuam

22 | Revista da ABM • Setembro 2021

em Aracaju, percentual que atinge 82,9% em Alagoas, 79% no Piauí e 74,3% no Ceará. Quando levada em conta a população, as capitais geralmente têm uma razão média de médicos por mil habitantes bem acima. Por exemplo: na Bahia, há proporcionalmente 5,72 médicos a mais em Salvador do que o interior. São 4,9 profissionais para cada mil habitantes na capital contra 0,86 da média interiorana.

As maiores desigualdades aparecem em Sergipe, com indicador de 22,9, devido à razão de 6,01 em Aracaju e 0,26 nos municípios do interior. O Maranhão vem em seguida, com 12,99, razão de 4,88 em São Luiz e 0,38 no interior. O Amazonas tem indicador de 12,29, com 2,30 em Manaus e 0,19 nos outros municípios.

No país, a menor desigualdade entre capital e interior

é registrada no Sudeste. Entre os estados, a menor é a de São Paulo, com 2,43, seguido pelo Mato Grosso do Sul, com 2,65, e o Rio de Janeiro, com 2,74. Importante destacar que no estado mais populoso do país a maioria dos profissionais (53%) atua nas cidades do interior.

MÉDICOS NA BAHIA Capital e interior

Desta forma, os números mostram que ainda há um desequilíbrio, mas o estudo aponta que a Bahia é o estado do Nordeste com menor concentração de profissionais na capital e com o indicador mais baixo de desigualdade.

42,6%

Para o presidente do Conselho Regional de Medicina da Bahia (Cremeb), Otávio Marambaia, a dimensão da Bahia e o relativo desenvolvimento das cidades médias, além da insuficiência de oportunidades em Salvador, têm provocado isso. “No entanto, isso poderia ser melhor se o setor público buscasse garantir segurança jurídica aos contratos de trabalho médico”, destacou.

O secretário geral adjunto da Associação Bahiana de Medicina (ABM), Dr. Jedson Nascimento, acredita que esta tendência ocorre pelo fato de, hoje, diversas regiões da Bahia já contarem com centros formadores.

“Muitos deles se formam e acabam se fixando nestas regiões”, afirmou.

Ele ressalta, no entanto, que existe uma pendência de formação de especialistas no interior, onde ainda não haveria uma quantidade satisfatória, ao contrário da capital.

O mastologista e cirurgião geral Ivaldo Magalhães atua na cidade de Irecê, distante 478 quilômetros de Salvador. Sua opção se deu, sobretudo, em função da proximidade com a família. Mas, para ele, outro fator importante é que a medicina vem avançando no interior. “Aos poucos, a interiorização dos serviços de alta

57,4%

complexidade está mudando a realidade no acesso a serviços como hemodinâmica e especialidades, proporcionando uma saúde de melhor qualidade”, afirmou. Mas lembra que ainda encontra algumas dificuldades na atividade, como acesso a serviços de oncologia.

“Aos poucos, a interiorização dos serviços de alta complexidade está mudando a realidade no acesso a serviços como hemodinâmica e especialidades, proporcionando uma saúde de melhor qualidade” Ivaldo Magalhães

Segundo a médica Úrsula Costa, a melhoria nos salários e a garantia de uma melhor qualidade de vida, longe da violência, a fez optar pela atuação no interior. Especializada em Medicina da Família e Comunidade, ela trabalha na cidade de Senhor do Bonfim, distante 370 quilômetros da capital. Dra. Úrsula lembra que ainda existem dificuldades, principalmente em relação a melhores recursos técnicos e hospitais especializados.

“Mas, a medicina no interior avançou muito nos últimos 10 anos, principalmente em exames laboratoriais e de imagem, e algumas especialidades”, informou.

Setembro 2021 • Revista da ABM | 23

SAÚDE EM FOCO

destes profissionais e a qualificação dos mesmos também devem ser colocadas em questionamento.

“Não podemos apenas formar médicos nas universidades sem discutir a qualidade da formação destes.

Temos que formar bem, para que a sociedade não seja penalizada com profissionais mal qualificados. A ausência do médico traz muitos males, mas a formação ruim também traz problemas”, citou.

CONCENTRAÇÃO

Mesmo a Bahia representando 7,1% da população brasileira, conta com 4,7% dos médicos do país. Por outro lado, o Rio de Janeiro, cuja população (8,2%) é pouco acima da baiana, soma 12,2% dos profissionais, quase três vezes mais. Enquanto que os baianos contam com 1,64 médicos para cada mil habitantes, os fluminenses contam com 3,7 e os paulistas 3,2. A proporção é ainda maior no Distrito Federal, com 5,1 médicos para cada mil habitantes. Para Dr. Otávio Marambaia, esta inversão, com concentração de médicos sobretudo no Sudeste, ocorre devido a fatores econômicos e a políticas públicas voltadas para assistência pública à saúde.

Para Dr. Jedson Nascimento, a análise da proporção de médicos pela população é uma discussão importante. Mas, para ele, a distribuição

“Mas, a medicina no interior avançou muito nos últimos 10 anos, principalmente em exames laboratoriais e de imagem, e algumas especialidades” Úrsula Costa

NOVOS MÉDICOS

A média nacional é de 2,4 médicos por mil habitantes, proporção que tende a crescer e se aproximar da média mundial, de 3,5. A estimativa é que ao menos 100 mil novos médicos cheguem ao mercado até 2024, levando em consideração a oferta de vagas e formação de novos médicos nas universidades. Enquanto a população cresce a uma

27,4% 25,7%

29,5% 21%

43,2%

39,3% 31,2% 17,1% 10%

MÉDICOS NO INTERIOR Nordeste

24 | Revista da ABM • Novembro 2021

Uma homenagem aos que têm como missão acolher e aliviar as dores dos seus pacientes:

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Dra Juliana Badaró Dr Durval Kraychete CRM BA 6032

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SAÚDE EM FOCO

e ainda concentrados. Preocupa-me o futuro, que vejo com pletora de profissionais no mercado, sem a necessária colocação destes nos lugares mais necessitados”, completou o presidente do Cremeb, Otávio Marambaia.

MÉDICOS IDADE Bahia

14,9%

≤ 29 anos

32%

30-39 anos

19,7%

40-49 anos 50-59 anos

13%

60-69 anos

13,2% 7,2%

≥ 70 anos

MÉDICOS GÊNERO Bahia

média de 5% a cada cinco anos, o número de profissionais de medicina aumenta em torno de 25%. No ano de 2010, o Brasil ofertava 16 mil vagas em cursos de medicina, número que chegou a 37 mil em 2020, com tendência de alta.

Na Bahia, cerca de 10 mil novos médicos devem chegar ao mercado de trabalho até 2024, tomando como base as projeções do número de formandos. No ano de 2020, segundo o estudo ‘Demografia Médica no Brasil’, eram ofertadas 2.483 vagas em 26 faculdades de Medicina no estado, a quarta maior oferta entre os estados do país.

52,7%

47,3%

Ao retratar o mercado, Dr. Jedson Nascimento lembra que a sociedade busca os profissionais de boa qualidade, que tenham expertise, empatia e conhecimento. “Não sou contra a formação com qualidade, mas sim contra a formação sem o treinamento adequado”, disse.

“Teremos muitos médicos, mas muitos insuficientemente formados

26 | Revista da ABM • Novembro 2021

JORNADA E VÍNCULO

Uma pesquisa, realizada com 2,4 mil médicos no país, sendo 121 deles na Bahia, apontou que a jornada média de trabalho é de 60 horas semanais para quase metade dos profissionais (45,9%). Outros 28,9% dizem trabalhar mais de 80 horas por semana. Apenas 17% trabalham de 20 a 40 horas e apenas 10,5% afirmam trabalhar menos de 20 horas semanais. Quase metade também (47,4%) dizem realizar plantão e, entre eles, 62,2% realizam entre um e dois plantões semanais, com carga horária média, 80,5 horas.

Cerca de 50% dos médicos possuem prática dupla, ou seja, tanto no setor público quanto privado, e a outra metade em um dos dois setores. Em cinco anos, notou-se um aumento do número de vínculos por médico no país. Do total, 44% afirmaram ter quatro ou mais de um trabalho, percentual que era de 24%. Atualmente, apenas 20% têm um único vínculo.

Para o secretário geral adjunto da ABM, há uma correlação direta da jornada de trabalho com a remuneração. “Mas, sobretudo nas novas gerações, muitos estão pensando diferente, e buscam mais qualidade de vida”, citou Nascimento. Ele ratifica que muitos profissionais estão trabalhando muitas horas semanais. “O problema é que trabalhando demais ele também pode perder a saúde”, destacou.

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RECORDE

NA DOAÇÃO DE ÓRGÃOS Bahia foi também um dos estados que mais realizou transplante renal

A

Bahia vem avançando no número de doações de órgãos e em transplantes efetivados, mesmo com dois grandes empecilhos: a negativa familiar e a subnotificação de morte encefálica (ME). De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos (ABTO), o estado está entre os que mais realizaram transplante renal no primeiro semestre de 2021. E no último mês de setembro, a Central de Notificação, Captação e Doação de Órgãos e Tecidos (CNCDO/BA) registrou recorde de doações de múltiplos órgãos e córneas.

De janeiro a setembro, foram efetivadas 78 doações de múltiplos órgãos e 305 de córnea no estado, e foram realizados 167 transplantes de rim, 29 de fígado e 298 de córnea. “Embora a pandemia tenha interferido negativamente, esses números já são maiores do que os registrados em todo o ano de 2020”, informa a enfermeira Carolina Sodré, especialista em doação e transplantes de órgãos e coordenadora da Central Estadual de Transplantes (CET/ BA). A fila de espera, atualmente, é de 19 pessoas para transplante de fígado, 1.222 para rim e 995 para córneas.

Para o cirurgião Leonardo Canedo, coordenador do Serviço de Transplante Hepático do Hospital São Rafael/Rede D’or, esse avanço na Bahia se deve ao desenvolvi-

30 | Revista da ABM • Setembro 2021

mento de políticas públicas que estimulam a doação, hepático no rol de procedimentos da Agência Nacioao empenho da equipe da CNCDO/BA e à criação das nal de Saúde Suplementar (ANS), o que dificulta muito policlínicas no interior do estado, que contam com para a população que possui um convênio. Só que o capacidade para avaliar e diagnosticar portadores transplante hepático é um procedimento reconhecido de hepatopatia. Além disso, a inauguração recente na rede suplementar como tratamento padrão para a da unidade de referência no tratamento de doenças hepatopatia crônica descompensada há mais de 20 do fígado, vinculado ao Centro Estadual Especializaanos. “Isso é uma falha histórica que precisa ser redo em Diagnóstico, Assistência e Pesquisa (CEDAP), gularizada. O Brasil tem o maior programa público de também foi um fator muito positivo. transplantes do mundo e todo brasilei“Certamente, foram passos importan“... ainda é um ro tem direito de ser transplantado pelo tes nessa direção, mas a Bahia ainda SUS, mas ainda é um enorme desafio enorme desafio tem números inferiores aos de outros identificar o portador de hepatopatia identificar o estados e está abaixo, por exemplo, do que se beneficiaria com o transplante, portador de Ceará e de Pernambuco”, informa. e fazê-lo chegar até o procedimento”. hepatopatia que se De acordo com o médico, a expectativa beneficiaria com de transplantes hepáticos necessários para atender a demanda de habitantes As dificuldades o transplante, e fazê-lo chegar até da Bahia, por exemplo, seria em torno de Dr. Leonardo destaca que, embora a 300 transplantes/ano. Mas atualmente fila de espera nem seja tão longa, isso o procedimento” são realizados apenas 1/6 desses. não significa que não exista demanda Leonardo Canedo O especialista acredita que é necessápelo serviço. O problema, avalia ele, é ria uma série de medidas para melhorar que o caminho que o paciente precisa esse processo, passando pelo atendimento, diagnóstipercorrer para ser incluído na relação de candidato co e o direcionamento para serviços de referência em a transplante é longo e, muitas vezes, com entraves, alta complexidade dos pacientes do SUS portadores como é o caso do não reconhecimento do transplante

Setembro 2021 • Revista da ABM | 31

ESPECIAL

de hepatopatia que são, aproximadamente, 90% da população. Para isso, ele avalia ser importante intensificar as políticas de estímulo à doação, implementar a política de transplantes para estimular a produção das equipes, sedimentar a estrutura de alta complexidade e o fluxo de encaminhamento de pacientes portadores de hepatopatia para centros de referência, bem como regularizar junto a ANS o não reconhecimento do transplante hepático.

A coordenadora do CET/BA revela que, na Bahia, a negativa familiar para a doação de órgãos ainda é um grande obstáculo, chegando a 67%. Antes da pandemia, este índice era de 57%. “É necessário continuar investindo na formação e sensibilização dos profissionais para o diagnóstico de morte encefálica (ME), acolhimento e entrevista familiar, e informar a população que a doação pode salvar vidas”, explica Carolina Sodré.

Doação e transplante Na Bahia são realizados transplantes de fígado, rim (adulto e pediátrico), córnea, medula óssea (adulto e pediátrico) e pele. As doações ocorrem em municípios com leitos de terapia intensiva habilitados e ativos. “De Norte a Sul do estado temos serviços e profissionais aptos para realizar diagnóstico de ME, acolhimento, entrevista familiar e captação de órgãos, quando autorizado pelas famílias”, informa Carolina Sodré. Na capital, nove hospitais podem realizar transplantes, e mais três do interior (Feira de Santana e Vitória da Conquista). Além disso, existem cerca de 20 centros habilitados para transplante de córneas em Salvador e no interior.

32 | Revista da ABM • Setembro 2021

Abm Educação Permanente DATA

EVENTO

18-mar.

Estresse da Pandemia e Qualidade de Vida

15-abr.

Lidando com o Toc e Hipocondria de pessoas confinadas

13-mai.

Lidando com Pessoas Depressivas

18-mai.

Mesa Redonda: Conversando sobre Investimentos

10-jun.

Lançamento Ebook Ex-Presidentes

16-jun.

Evento em parceria com a Liga de Oftalmologia e Liga de Endocrinologia: Retinopatia Diabética

17-jun.

Entendendo e superando as fobias durante e após a pandemia

7-jul.

Evento em parceria com a Liga Medicina Legal: Agressão a menores e infanticídio

15-jul.

Educação das emoções para superar as ansiedades

27-jul.

Evento em parceria com a LACMED: Insuficiência Renal Aguda

06 e 07/ago

Curso: Hepatologia para médicos generalistas e estudante de medicina

11-ago.

Evento em parceria com a LBI: COVID- 19

12-ago.

Como elaborar as perdas impostas pela pandemia

25-ago.

Evento em parceria com a LANNEB: Doença de Alzheimer

1-set.

Evento em parceria com a Liga de Oncologia: Saúde Mental e Pacientes Oncológicos

8-set.

Evento com a LAGO: MIOMA

15-set.

Evento em parceria com a LABAP e LIAP:

16-set.

Valor da psicoeducação nos Transtornos de Humor Bipolar

17-set.

Evento em parceria com a Sociedade de Cardiologia

21 a 23/set

Congresso da ABM: Semana do Pensamento Científico

27-set.

Simpósio em parceria da ABM com a SOGIBA

29-set.

Evento em parceria da ABM com a LANA

30-set.

Oficina Competências Informacionais para profissionais de saúde

6-out.

Evento em parceria com a LAC

13-out.

Evento em parceria com a LAGH, LAGHEB e LAGC

14-out.

Peso das Carências Psicoafetivas em Nossas Vidas

20-out.

Evento em parceria com a LAEME (UFBA) e LIBOT (UNIFACS)

26-out.

Evento em parceria com a Mater Dei

27-out.

Evento em parceria com a LANCIPE

29 e 30/out

Simpósio em parceria da ABM com a Sociedade Baiana de Urologia

3-nov.

Evento em parceria com a LAMIN (UNIFACS) e LAMINT (UFSB)

17-nov.

Evento em parceria com LAPSI

18-nov.

Por que entramos em encrencas nos nossos relacionamentos?

20-nov.

Simposio em parceria da ABM com a Sociedade Baiana de Nefrologia

23-nov.

Evento em parceria com a LIBAMC (UNIFACS)

1-dez.

Evento em parceria Sociedade Baiana Dermatologia

34 | Revista da ABM • Novembro 2021

Porque sou sócio da ABM “Ser sócio da ABM tem vários benefícios.

Para quem tem filhos, existem descontos em escolas; para quem tem interesse em ter carro, você entra em um consórcio e passa a não pagar anuidade; para quem tem interesse em frequentar um clube de boa qualidade, em um local agradável, praticar esportes, o clube é perfeito. Além do que, você representa sua sociedade junto à AMB, na busca dos seus interesses, das especialidades e do médico como um todo”.

Dr. Jedson dos Santos Nascimento - anestesiologista, diretor da ABM e presidente da Comissão Estadual de Residência Médica da Bahia (CEREM/BA).

“Quando soube que os alunos poderiam se vincular à ABM e receber tantos benefícios, sem custo ainda, logo procurei como me associar! Além de permitir a inscrição nos diversos congressos e simpósios realizados pela própria ABM, ser sócio ainda permite o acesso a vários serviços. Foi através da iniciativa mais recente da Associação, a parceria com ligas acadêmicas, no meu caso a de Oncologia (LAO), que eu pude conhecer todas as vantagens e agora já convido meus colegas para se associarem também”.

Victoria Teles Araújo - estudante do 7° semestre de Medicina

“A ABM, assim como a Sogiba, é uma associação sem fins lucrativos, mas é muito importante que nós médicos sejamos associados. Através da ABM, contamos com diversas vantagens: o Clube de vantagens com descontos em escolas, academias, restaurantes e, além disso, nós podemos contar com o apoio profissional. A entidade tem uma assessoria, a ABM Educação Permanente, que é muito importante para os nossos eventos e congressos médicos e o associado tem muitas vantagens na participação desses eventos. Normalmente, a participação é gratuita e, se você for o organizador, também recebe um apoio muito grande da associação.

Outro ponto, são as condições especiais que o sócio pode ter com os serviços da assessoria jurídica. Para nós médicos, que não entendemos muito bem dessa parte jurídica, é sempre importante fazermos algumas consultas em momentos de necessidade e a ABM nos dá todo esse apoio. Como associados, nós podemos ter acesso a esse grupo de advogados que fazem a assessoria jurídica da ABM, o que é muito importante para fortalecer a nossa classe médica.

Que nós sejamos mais unidos e fiquemos sócios das entidades que lutam pela classe médica, pelos direitos dos médicos e nos defendem, para, assim, fazermos uma sociedade de classe mais forte”.

Dra. Márcia Sacramento Cunha Machado - Presidente da Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia - Sogiba.

36 | Revista da ABM • Novembro 2021

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VIDA MELHOR

Paixão PELO TÊNIS Jogar tênis melhora a concentração e o condicionamento físico

M

ais do que correr de um lado para o outro rebatendo uma bola, o tênis é considerado um excelente esporte não só pelos vários benefícios para a saúde física e mental, mas porque proporciona uma elevação da autoestima e estimula boas condutas de comportamento, como disciplina, respeito e ética. Além disso, melhora a concentração, a coordenação motora e os reflexos. E para a saúde física, é uma atividade que trabalha diversos músculos ao mesmo tempo, melhora o condicionamento físico e o ritmo cardíaco, além de ter grande gasto calórico, o que favorece o emagrecimento.

Mas, assim como a medicina, para jogar tênis é preciso ter paixão, já que é um esporte considerado difícil e desafiador. Ao menos é assim para a dermatologista e empresária Juliana Chieppe, que se apaixonou pelo esporte quando começou a praticar, em 2018, após recuperar um joelho lesionado que a impedia de jogar. “A cada batida na bola um turbilhão de informações entra e sai da nossa cabeça, em frações

38 | Revista da ABM • Novembro 2021

de segundos. O esporte é difícil, te desafia demais, e fisicamente exige muito também”, citou. Mas ela destaca que, mentalmente, considera a prática incrível, e graças a isso melhorou sua concentração e aprimorou valores. “Jogando tênis eu aprendi que a concentração é muito importante, que é preciso ter educação e silêncio, é preciso respeitar o adversário, e saber perder, mesmo dando o seu melhor”, afirmou.

Juliana Chieppe

O instrutor de tênis da sede social/ Clube dos Médicos, Nelson Barbosa, destaca que esses valores contribuem muito para que crianças iniciem nesse esporte. “Além de todos os benefícios para o corpo e a saúde de uma forma geral, o tênis ajuda na socialização, estimula o desenvolvimento cerebral, e ensina disciplina e valores morais, o que é muito bom para as crianças, sem falar em outros benefícios importantes, como a coordenação e a visão periférica”, en fatizou. Seguno o instrutor, é cada vez maior a procura dos sócios pelo esporte e, atualmente, 39 pessoas fazem aulas de tênis no Clube, entre adultos e crianças.

Bem-estar O cardiologista Augusto Almeida confessa que o tênis tem um papel importantíssimo em sua vida, e é essencial para a sua saúde física e mental. Desde muito jovem, ele sempre foi apaixonado por espor-

Augusto Almeida

“Além de todos os benefícios para o corpo e a saúde de uma forma geral, o tênis ajuda na socialização, estimula o desenvolvimento cerebral, e ensina disciplina e valores morais” Nelson Barbosa

tes e já praticou outras atividades.

Mas, quando participou de um torneio de tênis, no antigo Club Med, em Itaparica, teve um desempenho tão bom que ficou estimulado e, desde então, não parou mais. “O tênis é responsável pela produção de hormônios e substâncias do prazer, como a dopamina, ocitocina, serotonina, e endorfinas que estão ligadas ao bem-estar e redução do estresse. Quem pratica vai concordar comigo: ao entrarmos na quadra viajamos para um mundo diferente e delicioso. Sem falar no fortalecimento de vínculos sociais, na me-

Gabriel Jucá

lhora da autoestima e na sensação de pertencimento”, destacou. Além de jogar tênis algumas vezes por semana, ele também faz caminhadas e musculação.

Outro apaixonado por esportes, o cardiologista Gabriel Jucá Nunes, jogava mais futebol do que tênis, mas há oito anos decidiu ficar só no tênis para evitar lesões que pudessem prejudicar sua atividade profissional. Hoje, pratica, em média, de duas a três vezes por semana. “O tênis me traz um bem-estar mental absurdo e difícil de mensurar”, disse. Para ele, tão prazeroso quanto jogar uma partida é a “velha e boa resenha” com os amigos depois do jogo, e o clima de brincadeira e amizade entre os colegas.

Onde aprender em Salvador Sede social/Clube dos Médicos Winner Tennis Academia (@winnertennisacademia) Clube Bahiano de Tênis (@cbt_1916) Associação Atlética da Bahia (@aatleticadabahia) Costa Verde Tênnis Clube (@costaverdetennis)

Novembro 2021 • Revista da ABM | 39

PURO DELEITE

Que tal um

RODÍZIO?

40 | Revista da ABM • Novembro 2021

Carnes, risoto ou japonês, tem para todos os gostos. Conheça alguns dos mais frequentados rodízios de Salvador

ZAFFERANO

Localizado no Cidade Jardim, o Zafferano tem uma culinária que faz a fusão da escola italiana clássica com influencia da cozinha regional. Nas noites de quinta-feira, a casa oferece o famoso rodízio de risotos, com 10 opções de pratos, e de terça à sexta-feira tem menu executivo com preços promocionais, além de opções de pratos infantis e pratos para compartilhar para até 4 pessoas.

Valor do rodízio: R$ 64,90 / Toda 5ª feira,

MARTIM PESCADOR Localizado na Pituba, o restaurante possui uma culinária seafood e japonesa, já bastante conhecida e apreciada por seus clientes. O famoso rodizio japonês, servido todos os dias, possui mais de 50 itens para consumo à vontade. O restaurante também tem cardápio à la carte, com variedade de frutos do mar, grelhados, moquecas e risotos.

Valor do rodízio: R$ 125,00 / Todos os dias, das 18h às 23h

das 18h às 22h

71 3353-6223 | 71 999056223

(71) 3354.9698 | 999341075

@zafferanosalvador

@martim_pescador

BOI PRETO PRIME

Com 22 anos de existência, o Boi Preto se orgulha de ter uma clientela cativa, serviço de referência e cortes nobres. O rodízio tem mais de 20 tipos de carnes, além de buffet com pratos quentes de camarão, bacalhau, cordeiro, diversos acompanhamentos, saladas, frios e até um balcão de comida japonesa, sem falar na adega com mais de 400 rótulos de vinhos e espumantes.

KOTARO

Localizado na Av. Waldemar Falcão, no Horto Florestal, o rodízio funciona todos os dias, com grande variedade de pratos orientais, além de um cardápio com diversas opções de combinados.

Valor do rodízio$ 98,90, e R$ 49,90 para criança até 9 anos / Todos os dias, das 17h às 22h

Valor do rodízio: R$ 149,90 / Todos os dias, das 12h às 22h30

(71) 3371-1429 / 3362-8844

(71) 3043-5606 / 99335-6800

@boipretoprime

@kotarotemakeria

Novembro 2021 • Revista da ABM | 41

BAIANIDADES

Passeio

NO JARDIM BOTÂNICO Local conta com 170 mil metros quadrados de floresta tropical úmida

I

mportante área de conservação da Mata Atlântica na capital baiana, o Jardim Botânico de Salvador é também uma opção de lazer para baianos e turistas, sobretudo aqueles que buscam contemplar a natureza e os pássaros. Está localizado no bairro de São marcos, e conta com uma área de 170 mil metros quadrados de floresta tropical úmida, chamada de Mata dos Oitis, devido à grande ocorrência de uma árvore frutífera de grande porte: o oiti-da-baía (Licania salmannii (Hook.F.) Fretsch).

Recentemente requalificada, a estrutura possui ainda um prédio principal de quatro pavimentos, com hall de exposições, sanitários, acervo e uma cobertura com vista para a mata. O espaço conta com duas trilhas, a Pau-brasil e a dos Oitis, e um “recanto do silêncio” para contemplação. Ao final, encontra-se um pavilhão revestido com madeira e uma antiga caixa d’água recuperada, que foi transformada em obra de arte, após intervenção do artista plástico Bel Borba.

O diretor geral do Sistema de Áreas de Valor Ambiental e Cultural (SAVAM), João Resch, destaca que o Jardim Botânico, criado em 2002, é também uma importante área

de estudos, manutenção e conservação da Mata Atlântica. No primeiro andar do prédio principal está o setor de programas e pesquisas, além de laboratórios, setor de coleções vivas, acervo científico, herbário e salas administrativas. É uma das áreas da cidade que abrigam um espaço etnobotânico voltado à proteção e cultivo de espécies utilizadas em cultos afro-indígena-brasileiros, além de vegetais ameaçados de extinção. No local, também são encontradas espécies do Cerrado e Caatinga.

“Encontramos na área as mais diversas espécies vegetais nativas, como o pau-brasil, jacarandá da baia, pau-ferro, pau-pombo, pau-paraíba, sucupira e Iguaçu. Além disso, o Jardim Botânico sedia o Herbário RadamBrasil, onde estão depositadas mais de 60 mil exsicatas (plantas secas) oriundas de diversas formações vegetais do Brasil”, informou Resch.

SEGURANÇA – O Jardim Botânico conta com guarita de acesso, que possui fachada vegetal, além da pavimentação asfáltica e iluminação em LED. O local também disponibiliza estacionamento para os visitantes.

Jardim Botânico de Salvador Av. São Rafael, s/n – São Marcos, Salvador-BA Funcionamento: de segunda a sexta-feira Horário: das 8h às 17h Entrada: Gratuita 42 | Revista da ABM • Novembro 2021