MEMORIAS COMUNIDADE CUIABÁ - MT BRASIL

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40 ANOS DE HISTÓRIAS

DE VIDA E FÉ

ANIVERSÁRIO DE 40 ANOS

DA COMUNIDADE DE CUIABÁ - IECLB


EDITORIAL:

SOB A GRAÇA DE DEUS Quando se comemoram 40 anos, há um senso comum que entramos nos “enta”. É quarenta, cinquenta, sessenta e outros “entas” vão sendo agregados em nossa vida até a hora que Deus nos chama para perto dele. Mas, quando se comemoram os “enta” de uma comunidade de fé, sabemos que não significa que, em determinado momento, o ciclo aqui na terra vai parar, pelo contrário, é com essa maturidade que foi sendo construída nessas quatro décadas que Deus nos fortalece e quer nos animar para que continuemos a ser sal e luz na sociedade. E foi com esse intuito, de historiar os principais momentos da Comunidade de Cuiabá que se pensou em fazer este fascículo. Primeiro se pensou em um texto com, no máximo, quatro folhas, mas no decorrer da busca dos dados vimos que seria impossível. Eram tantos “entas” para serem registrados que pensamos: vamos ver o que temos e depois decidimos sobre a questão das páginas. E se ficar caro? Ora, a comunidade de Cuiabá é muito generosa, essa é uma das suas características, ela vai “entrar junto nessa e vai colaborar” financeiramente para a edição do fascículo. Começamos: Tínhamos em nossas mãos o jornal comemorativo dos 10 anos da Comunidade. Estava claro para nós que esse teria de ser resgatado e de alguma maneira aparecer novamente. Decidimos, então, que ele seria colocado na íntegra no texto, pois fazia parte da memória da comunidade.

Em seguida pensamos em quem seriam os que escreveriam e com que objetivos. Optamos em solicitar que as ministras e os ministros que tivessem atuado em Cuiabá deveriam trazer uma mensagem; além deles, o pastor Arteno Spellmeier que instalou a sede da Coordenação das Novas Áreas de Colonização (NAC) e comunidades da IECLB em Cuiabá e região também deveria contar um pouco da sua experiência. E assim foi feito. Cada envio de texto nos deixava emocionados. Vieram diversos sentimentos: amor, saudade, esperança, grandes desafios superados, tristezas partilhadas e divididas que fizeram a dor ser menor. Além disso, foi comovente ler sobre o modo e a luta dos primeiros em buscar membros para a comunidade. Enfim, histórias de gentes da IECLB em Cuiabá. E quais seriam os membros que escreveriam pela comunidade? A opção foi em solicitar que um homem e uma mulher que estiveram desde o início e participaram como lideranças pudessem escrever. Assim, Sr. Osmar Schneider e Sra. Iris Pedrotti representariam, respectivamente, os homens e mulheres e registrariam a impressão deles dessas quatro décadas. Numa outra reunião, começamos a buscar dados sobre a comunidade. Entre eles de quantos hóspedes haviam sido acolhidos no alojamento. Para nossa surpresa, foram 2843 hospedagens de pessoas que se sentiram cuidadas e abrigadas. Algumas dessas ficaram tanto tem-

“...DEUS NOS FORTALECE E QUER NOS ANIMAR PARA QUE CONTINUEMOS A SER SAL E LUZ NA SOCIEDADE.” po que já as sentíamos como parte da comunidade. Sr. Jaci Wagner (Vila Rica) é um desses casos. E mais dados foram surgindo: Você sabia que a nossa comunidade foi uma das quatro que teve o lançamento pelo Correio do selo em comemoração aos 500 anos da Reforma Luterana? Que durante esses quarenta anos foram realizados 142 Batismos e a primeira criança batizada foi Juliano Vagner Schneider em 20/07/1980? Que 182 adolescentes disseram sim e confirmaram sua fé? Que a primeira bênção matrimonial foi realizada em 16 de julho de 1980, entre Válter Hildor Schneider e Suelita Lewkowiczhouve, sendo que já foram realizadas 41? Que 40 famílias foram acompanhadas no momento de sepultar seu ente querido? Que no início da comunidade havia 34 famílias e na primeira reunião havia 29 participantes e hoje somos aproximadamente 60 famílias e 240 membros? Tanta memória. Nossa família está registrada nos livros da Comunidade Luterana de Cuiabá. Da nossa comunidade de fé. Também pensamos em historiar os presbíteros que se colocaram à disposição na liderança da comunidade. Foram tantos que seria complicado registrar tudo. Então optamos em colocar a primeira diretoria constituída e a atual. Em 10.06.1979 foi constituído o 1º presbitério da Comunidade de Cuiabá que foi instalado em 24.06.1979 (1979/1980). Teve como presidente: Percy Milton Port; Vice – Presidente: Osmar Schneider; 1º Secretário: Werner Paulo Oesterh; 2º Secretário: Gustavo Scmidt; 1º Tesoureiro: Neusa Bankow; 2º Tesoureiro: Otto Radman; 1º Vogal: Wálter Augusto Von Eye; 2º Vogal: Kurt Arnst e o pastor era Geraldo Schach. Já, na data da comemoração dos 40 anos da comunidade, a diretoria é composta pelo presidente: Gibson Araújo Mansilla; Vice – Presidente: Jaides Ralph Potratz; 1º Secretária: Margit Edeltraud Roewer; 2º Secretário: Paul Gehard Hoffman; 1º Tesoureira: Swetlane Sabin Sordi; 2º Tesoureiro: Haroldo Klein; 1º vogal: Aderlei Lamel.; 2º vogal: Anna Mery Goebel; Pastor: Adriel Raach. Entre esse espaço de tempo das duas diretorias, muitas pessoas ouviram o chamado de Deus e se colocaram a serviço da Sua igreja. A esses homens e mulheres, que construíam a história de nossa comunidade, nosso profundo agradecimento. Agradecemos, também, àqueles e aquelas que sonharam e que, com muita dificuldade, construíram o primeiro templo. Bem como, agradecemos

aos que estiveram juntos na construção do templo atual. Foi mão na massa, mão no bolso, mãos que fizeram o melhor que podiam. Ao se buscar esses registros nos livros de Atas, decidimos que a primeira delas era muito significativa e teria de ser digitalizada, compondo o fascículo. Ali lemos que dia 15 de maio fez exatamente 40 anos da primeira reunião realizada em Várzea Grande, e nela foi apresentado o pastor Geraldo. E no dia 10 de junho de 1979 foi constituído o primeiro presbitério. Vejam os primeiros sonhos e qual deles nós usufruímos atualmente. A cada momento, surgiam tantas coisas bonitas e que mereceriam ser anotadas, mas o tempo passava e tínhamos de fazer o corte temporal para solicitar a editoração do texto. Com certeza, muitas outras anotações importantes ficaram de fora, mas ao lermos este material, temos a dimensão de quão bonito foi o viver comunidade de confissão luterana em Cuiabá. E, por último, queremos dizer da importância que foi a preocupação dos membros em registrar sua vida comunitária e seus ofícios religiosos. E para nós, que buscamos esses dados, temos uma gratidão profunda por esses homens e mulheres que fizeram as escrituras nos livros e nos permitiram visitar a história e relembrar sonhos, conquistas, desafios... Que Deus continue a fortalecer a comunidade e que ela compreenda que entrar nos “entas” é entrar num mundo da maturidade que não se acaba aqui, que é um recomeço de novas luzes e sabores que queremos e devemos partilhar sob a graça de Deus que nos acompanhou e acompanha eternamente!

Autore(as)s: Equipe da organização do fascículo


COMO UM OLHAR AO PASSADO E UM OLHAR AO FUTURO “Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas serão acrescentadas a vocês” – Mateus 6.33. Arteno Ilson Spellmeier, nascido em 10/9/1942. Início pastorado em janeiro de 1967 na Paróquia Ev. Lut. Guarani, Santa Rosa (RS). Aposentado desde maio de 2008, morando em São Leopoldo. Estive em Cuiabá pela primeira vez em setembro de 1973, mas só de passagem, em viagem a Rondônia como coordenador do Departamento de Migração da IECLB. Em fevereiro de 1974 contatei as primeiras famílias da IECLB. Entre 1974 e inícios de 1979 dei cultos, alternando-me com os colegas Hildor Reinke e Teobaldo Witter. A partir de janeiro de 1979 fixei residência em Cuiabá com a família (esposa Rosalie, filhas Cintia e Simone e filho Boris), como Coordenador das Novas Áreas de Colonização,

à Av. General Melo, onde passaram a ser realizados os cultos, naquele período. A partir de março de 1979 o colega Geraldo Schach, primeiro pastor fixo da Comunidade de Cuiabá, e família compartilharam o endereço com a gente, morando numa casinha muito humilde. Até janeiro de 1973 minha família e eu fomos membros da Comunidade de Cuiabá, mudando-nos, posteriormente para a Alemanha, onde atuei por mais de 8 anos na Obra Gustavo Adolfo. Aos membros da Comunidade de Cuiabá somos gratos pela convivência e comunhão construídas em conjunto. P.S.: Voltei a Cuiabá e tive encontros com membros da Comunidade nos anos posteriores – 1973 a 1991 como secretário adjunto de Gustav-Adolf-Werk (GAW) da Alemanha e 1992 a 2005 como coordenador do Conselho de Missão com Indígenas (COMIN).

Festas da Comunidade

Jovens da Comunidade

Crianças da Comunidade

Exterior da Comunidade

Inícios da Comunidade


MULHERES

NA COMUNIDADE DE CUIABÁ

Iris Helena Pedrotti

“Mas o que o Eterno planeja dura para sempre e suas decisões permanecem eternamente” Salmo 33.11 Crescemos na Fé quando aproveitamos todas as oportunidades que temos para ouvirmos a Palavra de Deus e participarmos dos Sacramentos.Tomamos consciência da dimensão de ser membro da IECLB quando também participamos de encontros de Mulheres, da OASE, Presbitério, Conselho Paroquial, Assembleia Sinodal, Conselho e Concilio da Igreja e Fóruns. A atuação da mulher na Comunidade de Cuiabá iniciou desde o seu primeiro presbitério em 10/06/1979 e Paróquia em 1982. A OASE surgiu como um Grupo de Mulheres da Comunidade reunindo-se em casas para Encontros fraternos e compartilhamento das experiências na “Nova Cidade”. Sentimos a necessidade de estudarmos a Bíblia e passamos a nos reunir na comunidade. Fomos nos organizando como Grupo e nos filiamos à OASE Nacional. O Grupo foi crescendo e surgiram Encontros interparoquiais para compartilharmos e experimentarmos a Comunhão. Em função das distâncias no nosso Sínodo (raio de 2000Km) e por sugestão das mulheres foram criados 03 setores, Norte, Centro-Sul e Leste. A OASE elegeu um trabalho social, além de suas atividades normais de grupo e na comunidade. Inicialmente na Creche Padre Emilio estendendo esta ação a toda a comunidade e atualmente na Escola Vida e Fraternidade num trabalho ecumênico com o movimento Fé e Alegria da Igreja Católica. O nosso Grupo participou na comemoração dos 100 anos da OASE no Brasil em Rio Claro, SP. e dos 120 anos em Blumenau S.C. Temos ações de outras mulheres na Comunidade: Culto Infantil; Ensino Confirmatório; Líderes de Culto; CEBI (Centro Ecumênico de Estudos Bíblicos). Esteve junto do Fórum da Criança e do Adolescente (na construção do Estatuto da Criança e do Adolescente); Direitos Humanos; Fórum do Meio Ambiente Semana da Oração pela Unidade dos Cristãos, visitas no hospital do Câncer e Grupo de Apoio à Capelania Hospitalar; edição de um Periódico na Comunidade “Aqui você tem lugar” também participação no Informativo Sinodal e Coordenação do

Grupo de Música na Comunidade. Temos alguns destaques nacionais como representantes da IECLB: Diretoria da OASE Nacional, Presidente do Dia Mundial da Oração. Representante no antigo Conselho Diretor e atual Conselho da Igreja. Presidente e Secretaria desse Conselho, Presidente do Concílio (primeira Mulher eleita a ocupar esse cargo). Atualmente também Presidente uma Mulher da nossa Comunidade. E Representante da IECLB na 8ª Assembleia da Federal Luterana Mundial e tivemos com muita honra três ministras Mulheres na Comunidade de Cuiabá. Não temos como relatar tudo o que aconteceu, o nome dessas Mulheres está registrado nos livros de presença e Atas desde a sua respectiva criação e até hoje. São muitas com a graça de Deus. Algumas irmãs já partiram e estão juntas de Deus e outras foram para outras cidades e Estados, todas atuaram com seus dons sob o lema que emprestamos da OASE: Comunhão, Testemunho e Serviço.

TESTEMUNHO DE ALGUMAS MULHERES: “OASE é o resultado proporcional à nossa dedicação e o nosso comprometimento que faz toda a diferença” Nelci Botega

“Atuar no Culto Infantil é como viver a parábola do Semeador. A diferença é que o solo é sempre receptivo e pronto para germinar a Palavra“ Silvana Ribas

“O trabalho dos orientadores (as) na Comunidade de Cuiabá com os adolescentes do Ensino Confirmatório mostra a tradição luterana com a educação. Neste caso específico o objetivo está voltado para que os mesmos conheçam as bases da Confessionalidade Luterana, o Catecismo Menor, a Bíblia e que por meio do compromisso firmado no Culto de Confirmação que possam ser sinais do Reino de Deus na Terra. Izolda Strentzke “Sempre que pude, coloquei meus dons a serviço de Deus e da vida da Comunidade ajudando na animação musical dos Cultos e Encontros” Jossandra Schoenherr “Sou grata a Deus por representar a comunidade de Cuiabá no Conselho da Igreja e tento fazer com muito compromisso e fé. Foi na Comunidade que participei do ensino confirmatório, recebi a benção matrimonial e meu filho foi batizado. A Comunidade faz parte da história da minha Família” Débora E Pedrotti Mansilla

“Para mim o trabalho na Capelania Hospitalar é uma forma de colaborar com o Ministério do Pastor Deolindo, pois é um trabalho espiritual e humano no tratamento do câncer” Noemi Walbrink

“Dia Mundial de Oração inserido na Programação Anual da Comunidade de Cuiabá há muitos anos. Onde a OASE juntamente com a Comunidade celebra afirmando sua Fé em Jesus Cristo e oram pelas Mulheres de todo o Mundo e umas pelas outras, assim acontece Ação com Oração” Leda Witter

“É uma alegria saber que Deus chama Mulheres e Homens para atuar nos diversos espaços da Igreja. E é ali, onde ele quer que estejamos, que devemos e podemos estar” Ema Marta Dunck Cintra (Presidente do Concílio da IECLB)

Confirmando o versículo citado no início, encerramos com as palavras de Christian Moller (Re-Construindo Comunidade): “Importa que vocês possam ver a sua Comunidade como dádiva de Deus, antes que associem o termo a tarefas, problemas e encargos que sua responsabilidade acarreta. A edificação de Comunidade não tem a ver, em primeiro lugar, com o trabalho de pessoas, mas com aquilo que Deus já tem feito há muito tempo e continua fazendo para construir Comunidade. Se vocês enquadrarem o seu trabalho e sua responsabilidade para com a Comunidade na ação de Deus, quando constrói trabalha e cria, então entenderão que Martin Lutero quis dizer com a sua observação sobre a Igreja: “pois não somos nós que podemos preservar a Igreja, também não foram nossos ancestrais, e nossa posteridade também não o será, mas foi, é e será aquele que diz: “Eu estou convosco até o fim do Mundo”.


OS 40 ANOS DA CAMINHADA

DA COMUNIDADE EVANGÉLICA DE CONFISSÃO LUTERANA DE CUIABÁ Osmar Schneider Inicialmente quero agradecer a Deus por ter me dado vida e saúde e assim ter o privilégio de estar presente no dia da fundação da Comunidade Evangélica Luterana de Cuiabá, e continuar presente no dia em que se comemoram os 40 anos de sua fundação. Não vou me ater a descrever a história da Comunidade, isto por certo o Presbitério irá fazê-lo. Em poucas palavras quero externar minha alegria de ter contribuído e participado junto com os demais membros, de um trabalho que tinha a missão de levar a palavra de Deus a todas as pessoas que tinham sede da palavra, e ser sal na terra e luz no mundo. Há 40 anos, com a chegada do Pastor Geraldo, os Luteranos que aqui residiam se reuniram na cidade de Várzea Grande, na residência da família Bankof, para dar início à instalação de uma Comunidade Luterana na cidade de Cuiabá. Os Luteranos que participaram daquele evento sabiam dos desafios, mas movidos pela fé e na confiança de que Deus proveria, não se intimidaram e fundaram a Comunidade. Com a participação de todos e todas, com os dons que Deus deu a cada um e a cada uma, procuraram fazer com que a Comunidade exercesse a sua função que era o de evangelizar. Talvez a Comunidade pudesse ter feito mais nestes 40 anos, contudo, tenho a certeza de que cada membro, com os dons que Deus lhe deu, procurou fazer o melhor. Outro fato que para mim é de fundamental importância, é o convívio fraterno, de amizade que reina no convívio entre os membros. Uma Comunidade somente consegue exercer o papel a que se propôs, que é o de evangelizar, quando a paz, a harmonia e o respeito a seu irmão de fé predominam no seio da comunidade. Ainda que tenhamos fé e crermos em Deus, isto não irá nos proporcionar uma caminhada de vida na qual iremos encontrar apenas flores, por certo espinhos nos esperam em nossa caminhada. Com a Comunidade também não foi diferente, quando decidimos pela fundação, sabíamos dos desafios, contudo nossa fé e nossa confiança que Deus proveria fizeram com que os Luteranos, que aqui residiam, enfrentassem os desafios. Mas, para alcançar nossa missão de evange-

lizar, também dependíamos de obra material que desse o suporte para desenvolver a obra espiritual. Após a fundação, a Comunidade partiu em busca em uma estrutura mínima que proporcionasse os meios necessários para que os membros pudessem se reunir em busca do fortalecimento da fé. Com recursos da IECLB foi adquirido um terreno e a Comunidade, sem um tostão em caixa para esta finalidade, decidiu edificar um salão sobre o terreno adquirido no qual os membros pudessem se reunir para realizar os cultos e demais encontros. Com poucos membros na época, cada um com os dons que Deus lhe deu, participaram sem medir esforços para que a obra fosse concluída. Mais tarde a Comunidade decidiu edificar um templo, mais uma vez, ao lançar o desafio, a Comunidade não possuía um real em caixa para esta finalidade. Mais uma vez, movidos pela fé e na certeza de que Deus proveria, o projeto foi levado à frente e a obra concluída. A construção de um belo templo que teve a colaboração e dedicação de todos os membros. Templo que usufruímos em nossos dias para a realização dos cultos. Não podemos deixar de mencionar a participação dos pastores e pastoras que exerceram seus trabalho pastoral e que tiveram uma participação decisiva na caminhada da Comunidade. Penso que o Pastor e a pastora são a estrela guia de uma Comunidade e o trabalho daqueles e daquelas, que passaram pela comunidade, contribuíram de forma decisiva para que atingíssemos os fins à que a Comunidade tinha se proposto.

Que Deus dê, a todos nós, membros da comunidade, ânimo. Que nos fortaleça na fé e que possamos ser sal na terra e luz no mundo, levando a palavra de Deus a todos e a todas que têm sede da palavra.

ATA DE FUNDAÇÃO DA COMUNIDADE


OS PASTORES

DA NOSSA HISTÓRIA PASTOR EMÉRITO

GERALDO SCHACH Em março de 1979, chegamos a Cuiabá para dar início ao trabalho pastoral contínuo nesta cidade. Com a esposa Leony e as filhas pequenas Letícia e Simone, passamos a residir numa meia-água alugada na rua Gal. Melo, nos fundos da casa onde o P. Arteno Spellmeier e família fixaram residência poucos dias antes. Missão: instalar a sede da Coordenação das Novas Áreas de Colonização e iniciar a formação da comunidade/paróquia da IECLB em Cuiabá e região. Com a divulgação da nossa presença, via rádio e pela TV Centro América, achamos Elfi, uma luterana a mais. Lição: valorizar as pequenas coisas. Em companhia do membro Percy, aproveitávamos as noites para descobrir e visitar luteranos. Uns já haviam mudado de religião, outros ainda resistiam. Alguns se diziam abandonados pela nossa igreja. Reconhecíamos a culpa e os convidávamos para cultos e celebrações. Meu diário de 14 de abril de 1979 registra: “Hoje continuamos procurando membros da IECLB. No retorno, Percy diz: ‘Mais um que mudou de religião!’ E sentencia: ‘É... todos erramos! Não estávamos aqui como igreja. O homem fez o que melhor lhe convinha. Acho que ele está certo.’ ‘Sim, ele está certo’, respondi. ‘A nossa igreja não estava aqui!’ O clamor dos remanescentes da IECLB em Cuiabá nos faz pensar. Quantos membros perdemos nesta cidade com seus 260 anos de história? Quantas iniciativas das poucas pessoas que amam a IECLB local foram frustradas nos últimos anos? Quantos ‘descrentes-evangélicos’ ainda

MARÇO DE 1979 – 1986

“MAS A IECLB VAI FUNDAR UMA COMUNIDADE AQUI?” nos perguntarão: Mas a IECLB vai fundar uma comunidade aqui? Apesar das perdas, o abandono e a solidão alimentaram umas poucas raízes, fortes e profundas: ‘Vou trazer fulano de volta para a nossa comunidade, ele é dos nossos!’ ‘Ei, olhe lá, um carro com placas do RS! Pode ser um luterano.’” Sinais de que o amor alicerçado na fé não desiste nunca. No início, éramos oito famílias. Os cultos e reuniões na casa da família Bankow, na Várzea Grande. Muitas vezes eram seguidos de almoços à sombra das mangueiras, onde o sonho da aquisição de um terreno e construção da futura sede da IECLB em Cuiabá nos unia em fraternas rodas de chimarrão com troca de ideias e planos que despertavam paixões pela causa. Os contatos ecumênicos com irmãos católicos da Igreja do Rosário, com o GTME e a CPT propiciaram a missão evangélico-luterana rumo ao interior, marcando presença regular em Gaúcha do Norte, Paranatinga, Salto da Alegria, Fazenda Palmitos, Santa Rita, Nobres, Diamantino, Cáceres, Tangará da Serra, Campo Novo do Parecis, Brasnorte, Campo Verde, Primavera do Leste, Chapada dos Guimarães e Várzea Grande, locais onde fincamos a bandeira da IECLB com dedicação e persistência, numa extensão de 1.200 km pelo MT. Os céticos criticavam: “Não faz sentido correr atrás de tão poucos, pelas enormes distâncias do cerrado deserto.” Mas quem viveu as lágrimas da alegria no abraço do reencontro com a sua igreja, este conhece a força do amor que faz “os últimos serem os primeiros” (Mateus 20.16).

Em 1982, já com sede própria, entre erros e acertos, na alegria e na dor, continuávamos tateando na missão de unir a fé e a vida, na certeza de que, apesar das nossas fraquezas e contradições, a graça de Deus nos liberta para sermos igreja de Jesus Cristo que testemunha a sua fé com gratidão e alegria. Hoje é maravilhoso ver que a sementinha do Evangelho, lançada na imensidão da Paróquia de Cuiabá nos anos 70/80, gerou quatro paróquias constituídas e ainda fortaleceu outras cedendo-lhes comunidades filiais.

Assim a Comunidade de Cuiabá, obra do Espírito Santo, deu os seus primeiros passos nessa caminhada que uniu pessoas numa missão em que a fé e o amor fortalecem a comunhão. Em 1986, presenteados com uma rica experiência de vida comunitária – e felizes com mais uma filha, a cuiabana Débora – migramos adiante.


PASTOR

ALBRECHT BAESKE Eu, mais tarde Sibyla e nossos filhos, convivemos com diversas congregações ligadas à IECLB e localizadas em diferentes regiões do País. Em toda parte houve embates e aprendemos em fé e correspondente existência. Somos gratos por isso. Em consequência do acidente fatal de nosso muito querido Tobias e da solidariedade de membros da Comunidade naquela terrível ocasião, estamos ligados de forma especial à Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Cuiabá. Sem dúvida, há outras experiências a serem lembradas. Seria inclusive mais adequado se elas fossem relatadas pelas pessoas que se engajaram na época e carregaram juntas o serviço comunitário. Pois na Igreja de Jesus Cristo, sobremodo em sua ala evangélica luterana, importam menos os obreiros pagos ou as obreiras pagas, mas principalmente o conjunto da comunidade. Valem sua consciência eclesial, sua capacidade de discernimento, sua ampla autonomia. No aspecto financeiro, claro, mas principalmente na avaliação criteriosa e no acompanhamento crítico daquilo que se passa na IECLB e na Sociedade Brasileira. Neste contexto, menciono do tempo em referência, exemplarmente: a sensibilidade surgida no presbitério

para a responsabilidade comum, dele e do pastor, para com a ministração, mais próxima da Igreja Primitiva e do Novo Testamento, dos Sacramentos do Santo Batismo e da Ceia do Senhor, das cerimônias livres de confirmação e de bênção matrimonial; o interesse de pessoas, membros ou não, em saber da confessionalidade evangélica luterana; a prontidão de presbíteros e presbíteras em visitar, com o pastor, membros da Comunidade e, em especial, famílias afastadas; a opção entre membros no sentido de exercer ações solidárias junto à população marginalizada, não criando empreendimentos próprios, mas cooperando com instituições de promoção humana já existentes. Embora muito pudesse ser recordado, coloco, ainda, por me parecer promissor: a preocupação manifesta de pais, se seus filhos, tendo participado do ensino confirmatório, estariam mesmo preparados para a confirmação; dois jovens decidiram por si frequentar mais um ano de ensino antes do ato confirmatório; certa feita, a turma do culto infantil apareceu num culto com Ceia do Senhor, solicitando a bênção; houve um culto, presentes entre 50 e 60 pessoas, no qual 13 delas tomaram a palavra -- fato que provocou em visitantes do Sul o comentário: a comunidade de Cuiabá virou “crente”; ao animar as pessoas a se confessar, fui chamado de padre, e como mencionei a 5ª Parte do Catecismo Menor, me responderam: no ensino confirmatório não chegamos até aí. Fazemos votos de que a Comunidade Evangélica de Confissão Luterana em Cuiabá possa caminhar firme e convicta na fé em Jesus Cristo, o crucificado ressurreto e ressurreto crucificado, e dar testemunho dele com seus talentos e bens. Em nome dos Baeske, A.Baeske

PASTOR

TEOBALDO WITTER Com muita alegria relembro da história da comunidade de Cuiabá, em especial pelos 40 anos. Deus construiu nossa comunhão. Ela foi construída em conjunto. Minha primeira passagem por Cuiabá foi em novembro de 1977, quando em viagem de Sinop para São Leopoldo e Ivoti, RS. Na época, eu morava em Sinop com a missão pastoral de localizar pessoas e edificar comunidades entre os povos migrantes. Dias 2 a 4 de maio de 1978, o P. Arteno e eu nos encontramos em Cuiabá. Acho que foi primeira Conferência Ministerial IECLB, em Cuiabá. P. Arteno veio de Porto Alegre e eu, de Sinop. Foi uma Conferência Ministerial histórica. Hospedamo-nos no hotel Schmidt, na Avenida Comandante Costa. Visitamos membros e tentamos localizar outros. Celebramos culto, na casa da família Bankow e Janhs, em Várzea Grande. Planejamos duas questões importantes: 1. Realização do primeiro curso para coordenadores de cultos, culto infantil e ensino confirmatório, na Transamazônica, que realizamos dias 2 a 10 de julho de 1978, no km 300. 2. O atendimento mensal de Cuiabá que, conforme nosso planejamento, o P. Arteno oficiou as visitas e cultos nos meses de julho, setembro e novembro, sempre por ocasião de sua passagem por Cuiabá, quando estava em viagem para Rondônia, Transamazônica e demais estados do Norte, vindo de Porto Alegre. E eu faria o mesmo nos meses de junho, agosto, outubro e dezembro, vindo de Sinop. A comunicação a distância era muito precária, somente por rádio ou carta. O planejamento de trabalho sempre previa três dias de estada, em Cuiabá, para visitas, procura de novos membros, culto e estudo bíblico. Em outubro daquele ano, fui convidado para acompanhar o seu Port, que trabalhava na Sadia, e família para assistir ao jogo de Mixto e Operário. Cuiabá tinha menos de 200 mil habitantes. Era o clássico dos milhões. O estádio Verdão, com capacidade para 45 mil pessoas, estava completamente lotado. Era uma agitação grande na cidade, como nos grandes clássicos. Foi vibrante.

CUIABÁ, O CLÁSSICO DOS MILHÕES No meio daquele tumulto de gente, o seu Port encontrou pessoas conhecidas e as convidou para participarem do culto que foi realizado na noite do dia seguinte. Uma família que encontramos lá veio. Os cultos eram realizados nas casas, em Várzea Grande. Quase todos na casa dos Bankow e Jahns. Mas teve também na casa dos Weimer. Sempre havia algum participante de Porto dos Gaúchos que se encontrava em Cuiabá para resolver suas questões de negócios, documentação ou saúde. Seu Port dizia: temos que ir lá e falar com as pessoas. Se nos recebem, então vamos perguntar quem são, de onde vieram e se querem se juntar a nós. Naquela Conferência Ministerial de maio, também conversamos sobre sede de trabalho pastoral em Cuiabá. Inicialmente, o P. Hildor Reinke, de Barra do Garças, deveria vir para Cuiabá. Mas não deu certo. No ano seguinte, P. Geraldo veio para atender, pastoralmente, Cuiabá e adjacências. Acompanhei com muito entusiasmo e esperança a instalação do primeiro pastor residente e criação oficial da comunidade de Cuiabá. Nesta terra vivi e vivo com minha família: leda, Mateus, Débora, Rute e agregados. Muitos desafios e compromissos assumidos juntos. Trabalhamos juntos, também, no pastorado da paróquia Cuiabá, em Tangará da Serra. Algumas questões deram bem certas, outras não. Certamente, Deus nos revelou que é necessário conhecer a cidade, amar o povo e assumir compromissos bem práticos de edificação de comunidades em conjunto, colocando as mãos na obra de Deus. Muitas pessoas colaboraram com dedicação e carinho. Deus os acolhe com abraços afetuosos e cuida bem deles. O Clássico dos Milhões, hoje, está somente na saudade. Acabaram com ele. Virou milho grande. Mas a Igreja está aí, viva. Permanecemos em fé e comunhão. Parabéns IECLB Cuiabá. Minha gratidão pela comunhão, pelo projeto de vida vivido na graça e dignidade de Deus. Deus seja louvado e engrandecido pela Igreja Cuiabana.


PASTOR EMÉRITO

IVO SCHOENHERR MARÇO DE 1979 – 1986

Doze anos de convivência familiar e pastoral na Comunidade Evangélica de Confissão Luterana de Cuiabá. No dia 1º de agosto de 1995, nós, família Schoenherr (Ivo e Josandra e os filhos Ivandro e Eliane), chegamos a Cuiabá. Assumi o trabalho pastoral na Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Cuiabá e permaneci neste campo ministerial como pastor até o dia 31 de julho de 2007. Portanto, fui pastor nesta Paróquia durante 12 anos e ela era composta por duas comunidades: Cuiabá e Cáceres. Também integravam a Paróquia os pontos de pregação de Nobres, Rosário Oeste, Chapada dos Guimarães, Bom Jardim (Nobres), Jardim Vitória (Cuiabá) e Jardim Itororó (Várzea Grande). Nesse período nossos filhos concluíram o ensino médio e cursaram a Universidade Federal de Mato Grosso. Ivandro se formou como geólogo e Eliane como arquiteta. Compartilhamos a residência pastoral durante oito anos com a família Witter e durante quatro anos com a família Becker. Hoje estamos festejando os quarenta anos da comunidade de Cuiabá. É com alegria que participamos deste momento, pois durante doze anos convivemos, como família, com as pessoas que integram esta comunidade. Nesse período coordenamos a celebração de cultos em todos os finais de semana. Quando chegamos, os cultos e encontros eram realizados no antigo e primeiro templo da comunidade de Cuiabá. Ajudamos a construir um templo novo que foi inaugurado em 31 de outubro de 2002 e continua até hoje sendo o local de cultos e encontros da comunidade. Nesses doze anos participamos de muitos encontros de ensino confirmatório, encontros de jovens, encontros de casais, encontros da OASE, encontros com universitários na UFMT, reuniões de equipes de culto infantil, da equipe de ensino confirmatório, encontros de estudo bíblico, especialmente nas épocas de advento e paixão, equipes de música, reuniões de presbitérios. Realizamos muitas visitas às famílias da comunidade. Lembro que em 1995, de agosto até novembro, visitamos junto com os presbíteros 33 famílias e cruzamos 50 bairros em comunidade. Isto nos dá a dimensão da diáspora em que vive esta comunidade.

Gostaria de destacar três características que percebemos nesta comunidade: 1ª. Um espírito participativo marca a vida da comunidade. Membros sempre estiveram envolvidos nas atividades e contribuíram com seus dons para a vida da comunidade. Sempre contávamos com uma equipe de culto infantil, uma equipe de ensino confirmatório, uma equipe de animação musical, uma equipe de coordenadores de culto e pessoas envolvidas em atividades diaconais, além do envolvimento de pessoas na liderança da comunidade, paróquia e sínodo. 2ª. Um espírito ecumênico e diaconal também sempre esteve presente na comunidade. Pessoas da comunidade participaram de eventos do CONIC, do CEBI, do Centro de Direito Humanos e em parceria na prática de Diaconia em eventos de Fé e Alegria. 3ª. Um espírito de solidariedade também sempre esteve presente nesta comunidade que se expressou desde sempre na motivação e prática de uma contribuição espontânea e proporcional. Muitos membros já estavam aí quando chegamos. Alguns chegaram depois. Outros foram embora. Muitos ainda continuam nesta comunidade. Foram momentos marcantes para a nossa vida. Momentos, sobretudo alegres, mas também alguns tristes. Crianças foram batizadas. Jovens fizeram a confirmação. Celebramos bênçãos matrimoniais e acompanhamos sepultamentos. Convivemos intensamente com as famílias que compunham a comunidade. No dia 1º de agosto de 2.007 mudamos para Marilia SP para assumir o trabalho pastoral no 2º pastorado da Paróquia Evangélica de Confissão Luterana de Assis. Permanecemos ali até o dia 31 de dezembro de 2016 quando me aposentei e retornamos para residir e participar como membros na comunidade de Cuiabá, pois os filhos aqui ficaram. Hoje, já aposentado, temos a alegria de conviver com os filhos Ivandro e Eliane, com a nora Rubiane, com a neta Valentina e com o genro Lucas. A família cresceu. Agora festejamos com alegria junto com a comunidade de Cuiabá os seus quarenta anos de existência.

Confirmação de Ivandro em 1995

Grupo de jovens reunido na nossa casa

Família reunida para almoço

Confirmação de Eliane em 1997


PASTORA

JANEIRO 2008 – ABRIL 2011

RAMONA WEISSHEIMER

Chegamos a Cuiabá no início de janeiro de 2008, vindos do Rio de Janeiro. Pedro Gabriel, com 8 anos, Vitória Luiza, com 5 anos e eu. O pai viria mais tarde, e a mudança também. E nossa primeira impressão, além do calor e secura do ambiente, foi de grande acolhimento. Ficamos hospedados com membros da comunidade que, inclusive nos ajudaram com a compra dos móveis que faltavam. Também tivemos ajuda com a matrícula na escola – Isaac Newton. P. Lauri Becker e Liane nos ajudaram quando a mudança chegou, montando móveis, instalando chuveiro! E assim, nós fomos muito bem acolhidos. Melhor nem nomear, pois foram muitos que nos ajudaram, não só nos primeiros dias. Em abril de 2011 nos despedimos, vindo para Chiapetta, RS. Ficamos pouco tempo, mas o suficiente para ter essa Paróquia bem guardada no coração. Lembro com carinho dos cultos, sempre com a igreja cheia; do Ensino Confirmatório, em que eu brincava que, mesmo com dois cursos superiores, eu era a menos qualificada (!), e do Culto Infantil, que sempre foi visto como um investimento, nunca como gasto, por isso sempre bem suprido de pessoas maravilhosas, e de todo o material necessário, nas duas salas. Só a Juventude Evangélica, na época, não conseguiu decolar. A OASE sim, dois grupos! Quantos estudos profundos fizemos, com temas bem atuais. Um dos encontros mensais da OASE de Cuiabá era no Jardim Vitória! Mas queria lembrar justamente do desprendimento, não só nas ofertas do culto, mas em tudo. Nunca nos faltou companhia para ir aos lugares mais distantes – e se nos abriam a casa para celebrarmos em Várzea Grande, pegavam o ônibus para vir a Cuiabá, para então enfrentarmos a estrada, na época muito precária, até Bom Jardim. Buracos, barro, ponte caída e desvio, nada nos impedia de chegar lá e celebrar com aquela gente querida que nos recebia com chimarrão já pela manhã. Quantos cultos debaixo daquele pé de manga! Quantos quilômetros até Cáceres, e nunca o presbitério reclamou de “gasto”, pois eram membros que precisavam ser atendidos. Também Nobres e Rosário Oeste tinham sua distância, e também para chegar lá havia companhia. Quando chegamos, em 2008,

PASTORA

ELISÂNGELA BORCHARDT RÖWER 2011-2013

o templo de Nobres estava abandonado. Ao sairmos, estava todo reformado e os dois Pontos de Pregação celebrando juntos! Jardim Vitória ainda estava em sua casinha velha, mas o sonho da nova construção já dava passos concretos em 2011. Chapada dos Guimarães, para encher a alma de paisagens e repousar o espírito! Em Cuiabá pudemos experimentar o ecumenismo com o CONIC, as celebrações da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, os encontros ecumênicos, e até fui convidada para estar presente numa Conferência dos Bispos do Mato Grosso! Agradeço ao P. Teobaldo Witter por todo o apoio. E aos tantos companheiros de correria nas grandes distâncias do Mato Grosso. Nesta época elaboramos um jornalzinho da Paróquia, enviado por e-mail e também impresso. Com aniversariantes e tudo. Sempre nos sentimos acolhidos, também quando as coisas não deram certo, e optamos pelo divórcio em 2009. Então nós, como família pastoral, fomos aconchegados pela Comunidade que não nos desamparou. Sonhos? São muitos! Quem sabe poder visitá-los, matar a saudade. Até lá, fiquem na paz do Senhor!

Querida Comunidade, Que alegria fazer parte dessa comemoração que é bênção de Deus. Chegamos em Cuiabá em abril de 2011 e logo nos integramos na Comunidade da cidade como novos membros. Alguns meses depois, diante da ausência de um/a ministro/a na Paróquia, fui enviado pela IECLB para assumir essa vaga. Com alegria recordo do tempo vivido na Paróquia de Cuiabá e sou grata a Deus pelo acolhimento recebido de cada um de vocês e pelas experiências vividas nesta pequena, mas muito atuante Paróquia da IECLB. Era sempre gratificante a convivência em comunidade e em conjunto com as lideranças, que sempre souberam abraçar a Paróquia com muita fé e vontade de prosseguir em comunidade cristã. Aliás, para mim,

é uma característica inestimável de vocês, a forte liderança ao ponto de prosseguir com todas as atividades da Paróquia por meses sem a presença de um ministro ordenado efetivo. Quatro anos se passaram desde a nossa saída de Cuiabá em janeiro de 2015. Permanece a saudade do calor da cidade (estamos no Rio Grande do Sul), mas principalmente do calor das pessoas, da comunidade. Nossa família aumentou desde então, em 27 março de 2018 chegou a Helena. Agora, com um ano de idade, ela é a alegria da família e tudo gira em torno dela. Residimos em Tenente Portela, uma pequena e pacata cidade de colonização alemã do noroeste gaúcho, nada comparada a grande Cuiabá. Mas as comunidades IECLB são grandes em nossa região. Trabalhei por um período como pastora na Paróquia de Três Passos, cidade vizinha, onde continuo como pastora voluntária, pois atualmente sou servidora Pública no Ministério Público do Rio Grande do Sul. Que Deus continue abençoando ricamente a atuação da Paróquia de Cuiabá!


PASTORA

VERA LÚCIA ENGELHARDT

Sou a Pastora Vera Lucia Engelhardt, mãe do Ricardo, da Carolina e da Vanessa. Nasci no Espírito Santo. Este ano (2019) completo 25 anos de ordenação ao Ministério Pastoral na IECLB. Cheguei a Cuiabá início de maio de 2015 e me despedi da comunidade em janeiro de 2019. Hoje sou Pastora Sinodal no Sínodo da Amazônia. Durante os poucos, mas intensos anos que pastoreei a comunidade, inquietei-me com a pergunta: como a comunidade de Cuiabá é e pode ser acolhedora, inclusiva e missionária? Como fazedores de cuca com churrasco vivem e anunciam o evangelho na terra onde se toma tchá c’bolo, cidade com 300 anos de vida e história e dela fazemos parte há 40 anos? Pastoreei a comunidade no tempo em que celebramos os 500 anos da Reforma. Foi um ano especial e marcante. Várias programações ecumênicas comemorativas foram realizadas e uma participação expressiva no Dia Sinodal da Igreja. Foi tempo de se alegrar com nossa história. Uma ação da OASE realizada durante o ano 2018 foi especialmente marcante: estudamos o tema do perdão! Um aprendizado para mim e todo o grupo da OASE. O que torna a comunidade de Cuiabá atrativa, inclusiva e missionária? O acolhimento é uma marca da comunidade. Receber e acolher quem vem ao culto, é um evento central da comunidade, é ação realizada por presbíteros, crianças, confirmandos, jovens, OASE, grupo de estudo bíblico. Cuidar amorosamente uns dos outros em tempos de fragilidade e exercer a Diaconia é marca da comunidade.

2015 – 2018

Temos uma bela teologia: a compreensão de que somos salvos por graça mediante a fé. Depois da vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo nossa fé nos abre o caminho da salvação. Estamos libertos e não precisamos mais conquistar a salvação pelas nossas boas ações. Deus nos aceita por graça. Nossas ações de misericórdia (Mt 25.31-46) são expressões de gratidão a Deus por nos aceitar de graça. São expressões de amor o nosso próximo e de fé em nosso Deus. E é Deus quem nos capacita para isso por meio do Espírito Santo que nos chama, congrega e ilumina. Como anunciar esta compreensão libertadora e consoladora para as pessoas? Eis o desafio da comunidade. Uma palavra à comunidade trago a partir do texto de Atos 18.9-11: “Teve Paulo durante a noite uma visão em que o Senhor lhe disse: Não temas; pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade. E ali permaneceu um ano e seis meses, ensinando entre eles a palavra de Deus”. Parafraseando: Não temas, comunidade de Cuiabá, pelo contrário, fala e não te cales; porquanto eu estou contigo, e ninguém ousará fazer-te mal, pois tenho muito povo nesta cidade. Minha gratidão à Comunidade Cuiabá pelo tempo que a pastoreei e vivi junto com ela. É tempo de agradecer a Deus e celebrar por estes 40 anos de história e vida. É tempo de olhar para frente, confiantes e esperançosos de que estamos nas mãos de Deus, somos dele e a Ele servimos.

PASTOR

ADRIEL RAACH 2019-ATUAL “Procurai a paz da cidade para onde vos desterrei e orai ao Senhor por ela, porque na sua paz vós tereis paz.” Jeremias 29.7 Chegamos a Cuiabá no ano em que esta cidade, capital do estado do Mato Grosso, comemora o aniversário de 300 anos. Ao mesmo tempo, nossa comunidade luterana da IECLB também festeja uma data especial de aniversário: 40 anos. Uma jovem, porém, bela história que, a partir de 1º de fevereiro de 2019, também ajudamos a escrever. Eu, Pastor Adriel Raach sou casado com Ilaide Heep Raach desde janeiro de 2014, ano em que também iniciei o meu ministério com ordenação na Paróquia Transamazônica, no Pará. Chegamos a Cuiabá com nossa filha, Isadora, com 2 anos. Como família, estamos muito contentes e honrados com a chance a nós dada por Deus de atuarmos aqui em meio aos luteranos. Sentimos os desafios próprios do um contexto urbano, e enxergamos também a possibilidade de evoluirmos em conjunto, sob diversos aspectos: Ilaide iniciará seus estudos na Universidade Federal (UFMT) no segundo semestre deste ano na área da enfermagem, que sempre foi seu desejo. Isadora vai à escola. E eu vejo na comunidade de Cuiabá uma grande vontade de viver a fé e um enorme amor pela causa do Evangelho. Vejo muitas pessoas engajadas e empenhadas. Naturalmente a comunidade de Cuiabá não nasceu da noite para o dia. Houve, sim, ‘muitas noites e muitos dias’: tempos mais difíceis, de luta e sofrimento e tempos mais felizes, de festa e regozijo. Mas, todos esses momentos, sem exceção, moldaram esta nossa comunidade. Damos graças a Deus por todos os ministros e por todas as ministras que aqui atuaram. Damos graças a Deus pela longa e boa parceria que a comunidade sempre fez com o Sínodo que aqui tem sua sede. Damos graças a Deus pelos presbíteros, sempre atuantes, movidos pela fé. Damos graças a Deus por todos os membros, homens, mulheres, crianças, jovens, idosos, cada um e cada uma que nesta comunidade celebrou, cantou, orou, tomou a ceia, foi batizado, confirmado, se casou e testemunhou esses momentos na presença gloriosa de Deus. Graças a Deus pelos eventos ecumênicos. Pelas despedidas emocionantes de membros

queridos que faleceram. Enfim, rendemos graças a Deus por que Ele é bom e a sua misericórdia dura para sempre (Salmo 136.1). Boa parte dos membros da IECLB de Cuiabá ainda são “desterrados”, vindos de outras comunidades do Brasil. A palavra de Deus nos diz para procurarmos a paz da cidade. Como comunidade cristã, queremos ser um espaço de paz, orar a Deus pela cidade, pelas pessoas. Que Deus acompanhe e guie nossos passos.



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