© 2018 Direitos reservados de acordo com a legislação em vigor
Edição: Título: Autor Editora: Revisão: Paginação e capa: Foto de capa: Modelo da capa: Impressão e acabamento: ISBN: Depósito Legal:
1ª – março 2018 A dança das laranjeiras André Alves Pereira Copyright © André Alves Pereira, 2018 Luz da razão editora Copyright © Luz da Razão editora, Porto, 2018 Engénio Mendes Pinto Copyright © Engénio Mendes Pinto, 2018 Ulisses Comunicação - www.ulisses.com.pt Copyright © Ulisses Comunicação, 2018 Ulisses Comunicação - www.ulisses.com.pt Copyright © Ulisses Comunicação, 2018 Alexandra M. Lopes Copyright © Alexandra M. Lopes, 2018 Oficinas S. José em março de 2018 978-989-99817-7-5 XXXXXX/18
+INFO: Sinopse Entrevista com André Alves Pereira Trailer de “A dança das laranjeiras” em:
http://luzdarazao.pt/adancadaslaranjeiras
LUZ DA RAZÃO EDITORA Porto - PORTUGAL geral@luzdarazao.pt fb/LuzdaRazaoEditora
www.luzdarazao.pt
A ciência ainda não nos provou se a loucura, é ou não, o mais sublime da inteligência. Edgar Allan Poe
Sempre. Sempre vou estar a teu lado...
Capítulo 1
Estava no meu último ano de universidade. Era uma simples rapariga, sem qualquer dom que me distinguisse das demais. Apenas queria acabar o meu curso e arranjar um emprego emocionante. Só havia um senão, na contabilidade não havia empregos emocionantes. Eu era boa com números e fraca com letras. Mas foram as letras que me fizeram sentir a força dos números. Nunca quis conquistar o mundo, mas sempre quis que o mundo me conquistasse. Não era social. Não gostava de ler. Não sabia o que era uma festa, pois nunca fui convidada para uma. Não sabia o nome das pessoas da minha turma, mas sabia que número lhes dar. A loira que sempre parecia entrar num qualquer videoclip era a número três. O rapaz gordinho que se sentava sempre à minha frente era o número quatro. Os números podem-nos fazer perceber, mas são as letras que nos fazem sentir… E eu senti… Senti de uma forma que nunca pensei sentir… Despertei sem saber porquê. Tinha ficado a estudar até tarde e acordei incrivelmente cedo. Olhei para o
12
André Pereira
lado e a minha companheira de quarto não estava, provavelmente ainda não tinha chegado. Ela era a antítese de mim. Festas, álcool e rapazes. Coisa que para mim parecia não existir. Nunca tivemos grandes conversas em três anos de convivência. Ela não gostava de números. Para mim era um oitenta e nove. Um número que sabemos que existe, mas que nunca é utilizado. Entre espreguiçadelas e desejos de comer, o meu telemóvel começou a tocar. Atendi. A voz que estava do outro lado falava de uma forma ofegante e aflitiva. No fundo, tudo começou com aquele telefonema… Demorei três horas a chegar. Conduzi a toda a velocidade da universidade até casa. Assim que cheguei, o pesadelo tornou-se bem real. Estacionei e saí. Ainda havia um carro de bombeiros no local. Pareciam fazer o rescaldo do que se passara naquela noite. O cheiro a queimado era incrivelmente intenso. O que outrora havia sido uma casa de madeira de dois pisos, era hoje um monte de lenha queimada com focos de fumo. Depois de um incêndio, paira no ar um silêncio quase mórbido. Como se fosse um luto dos deuses pelo azar irremediável dos humanos. Os bombeiros perguntaram-me quem eu era. Quando respondi, vi neles um profundo olhar de tristeza. Senti-me anestesiada no meio daquele lixo outrora valioso. Percorri por entre os destroços encharcados as divisões que antigamente existiam. É um exercício atroz e perverso ver e sentir naquilo em que
A dança das laranjeiras
transformou o nosso património quando consumido pelas chamas. Não são apenas questões monetárias, são principalmente sentimentos, recordações e são anos de filmes gravados na nossa mente. Mexi em algumas fotos quase totalmente queimadas, puxei a velha cadeira de ferro que fortemente resistiu ao incêndio e sobreviveu. Era uma marca da minha infância, algo que me trazia memórias. Continuei a vasculhar e encontrei uma caixa com a tinta vermelha já descascada pelo lume. Não conhecia aquela caixa. Puxei-a para mim e tentei-a abrir. Estava bastante empenada devido ao calor do incêndio. Não consegui. Deixou-me intrigada aquela caixa, e decidi levá-la para o carro. Não estava ninguém em casa, nem o velho piano. Felizmente, esse havia sido salvo. Dias antes tinha sido levado para restaurar. Toda a sua história não se perdeu no calor das chamas. A polícia informou-me de tudo o que necessitava fazer naquele momento, e depois de todas as informações dadas, não tinha mais nada a fazer naquele local. Segui de volta para o dormitório da universidade. No retrovisor levava o passado, no pára-brisas o futuro. Os exames estavam-se a aproximar e toda aquela situação invariavelmente tinha mexido comigo. Mas não podia perder o meu foco, passar aos exames finais e, consequentemente, acabar o meu curso. Passaram-se semanas desde do incêndio. O cérebro de quem vê o mundo através dos números é muito
13
14
André Pereira
mecânico e pragmático. A casa tinha ardido, ponto final. O único caminho era seguir em frente. Exame após exame, tudo foi correndo bem. Tinha chegado aquele hiato desesperante em que se aguardam os resultados. Para os meus colegas era altura de festejos, mesmo não sabendo o que estava para vir. Por outro lado, eu pura e simplesmente não sabia o que fazer. Estava a desesperar no meu quarto sozinha. Incrivelmente, apetecia-me conversar com alguém. Talvez o número dois, um jovem de aparência frágil, pálido e mais alto do que o normal. Por alguma razão lhe tinha atribuído esse número, era quase tão bom como eu em números. Por vezes imaginava como seriam as nossas conversas… “numerosas” certamente! O tédio estava a tomar conta de mim. Lembrei-me então da velha caixa que trouxera de minha casa. Desci o edifício do dormitório e fui ao carro. No caminho de volta senti uma grande excitação e curiosidade para conhecer o seu conteúdo. Assim que cheguei ao quarto, surgiu um problema, não sabia como a abrir. Toda a minha força era insuficiente. Olhei o corredor do dormitório e senti-me a pessoa mais solitária do mundo, era a única habitante daquele enorme edifício. Fiquei desiludida sem saber como abrir aquilo. Pela janela do quarto, e de forma inesperada, vi o número dois sentado num banco em frente ao edifício. Pensei por minutos se haveria de lhe ir pedir ajuda, a minha sociabilização não era a melhor. No entanto, a minha
A dança das laranjeiras
curiosidade era enorme, desci novamente para lhe pedir ajuda. Ou tentar, pelo menos. Ao caminhar para ele, senti um nervosismo parvo. Mas no fundo, o número dois transmitia-me uma certa confiança, e isso era reconfortante. Ele recebeu-me com um enorme sorriso e nem precisei de explicar muito, pois prontificou-se a ajudar-me. O homem sente-se sempre gracioso quando tem a oportunidade de ajudar uma mulher. Fizemos o percurso todo até ao quarto sem pronunciar uma palavra. Sempre que olhava para ele, o seu rosto refletia um sorriso parvo. Entrámos no quarto e disse-lhe: - Precisava que me ajudasses a abrir aquela caixa! - Que lhe aconteceu? - Perguntou surpreendido pelo aspeto. - Sofreu um incêndio há umas semanas. Mas isso não interessa! Consegues abrir aquilo ou não? Ele mais uma vez pôs o seu sorriso parvo enquanto a analisava. Puxou uma cadeira e pôs-se em cima dela segurando a caixa com os braços no ar. Pediu-me para desviar e simplesmente deixou cair a caixa ao chão. Para surpresa minha, ela abriu-se. A simplicidade de certos atos pode criar grandes avanços. O seu sorriso parvo tornou-se sonoro, o que me irritou ainda mais. Mas toda a minha atenção estava naquela caixa. Ajoelhei-me para finalmente certificar o seu conteúdo. Tinha vários papéis e pequenos cadernos de apontamentos. Nunca tinha visto aquilo e fiquei ainda mais curiosa. Puxei um papel claramente já com alguns anos e li em voz alta.
15
16
André Pereira
**
“Roubaste-me e continuas a roubar-me. Diariamente. É uma constante da pessoa que és. Começaste lentamente, e assim que eu percebi, o meu coração era teu. (E quero que continue a ser teu). Mas não te chegou. Os roubos continuaram. No princípio da claridade, passando pelo sossego da escuridão, tu sempre me roubas. Beijos. Em silêncio, em saudade; em lembranças; nas esperanças e nas nossas alegrias, os meus beijos por ti são roubados. (Tenho muitos mais para roubares). Sorrisos. É nos sorrisos que ainda és mais especial. Pois em cada sorriso que me roubas, eu fico com ele. (Nunca pares de me roubar sorrisos). Olhares. Posso estar no fim do princípio ou no canto do meio, mas com o teu olhar, sempre roubas o meu. (Não consigo parar de te olhar). E sabes como uma coisa? Adoro que me roubes… Pois de uma coisa tenho a certeza… Sempre que o fazes, aumentas a minha riqueza… M. No meu coração” ** Assim que acabei de ler senti algo inexplicável em mim. Nunca as letras me tinham deixado assim. Por segundos fiquei num limbo. Mas assim que despertei, vi o número dois sentado à minha frente. Eu acabara de ler em voz alta.
A dança das laranjeiras
- Isso é lindo… Foste tu que escreveste? - Perguntou-me ele. - Não… Quem escreveu isto foi o meu pai, M. é a minha mãe. Maria… - Respondi sem saber porquê… - Lê mais! - Pediu-me ele de forma enérgica. Retirei mais uma folha, respirei fundo e prossegui entre as memórias do meu pai. **
“Quando te procuro, não com os olhos, mas com o coração… Quando te oiço, não em meus ouvidos, mas na minha cabeça… Quando te toco, não com as minhas mãos, mas com a minha alma… Se te cheiro sem o teu corpo… Se te chamo sem pronunciar uma palavra… Se te vejo sem lá estares… Não é ansiedade… Não é loucura… É simplesmente saudade… M. No meu coração.” ** - Esses textos são fantásticos! Nunca os tinhas visto? - Perguntou-me o número dois. - Não, nunca. Nem sabia da sua existência… - E esse caderno o que é? Havia um caderno maior que todos os outros. Claramente desgastado pelo uso e pelas marcas do
17
18
André Pereira
tempo. Tinha uma capa dura azul-escuro. Limpei-lhe o pó, deixando visível um pequeno título escrito à mão: “A Dança das Laranjeiras”. Reconheci a caligrafia delicada do meu pai. Abri-o e, com a voz já trémula, comecei a ler a primeira página. **
“… A primavera tinha chegado há duas semanas. Sentia-se na natureza a libertação de mais um rigoroso inverno. Os raios de sol aqueciam suavemente toda a paisagem. Os pássaros cantavam como nunca, e os primeiros rebentos faziam-se notar. Estava no lado de fora de casa, a admirar as minhas laranjeiras em flor. Eram oito laranjeiras impecavelmente proliferadas, que brandiam as suas belas flores. No meio delas havia uma pequena mesa e uma cadeira, onde escrevia durante noites sem parar. Ao lado, um pequeno baloiço vermelho já velho. Sempre que a Inês por lá balançava, era possível ouvir o seu ruído a uns bons metros de distância. Sentia-me bem a admirar aquele quadro pitoresco e a levar com uns deliciosos raios de sol na cara. No entanto, não há sossego que dure para sempre. Na tranquilidade do meu sonho vivo, ouvi gritos vindos de dentro de casa. O meu sonho foi interrompido pelo palpitar do meu coração. Automaticamente, corri a toda a velocidade. À medida que corria para casa, os gritos não paravam. Eu conhecia aquele angustiante som. Eram gritos
A dança das laranjeiras
da Maria, a minha mulher! Em corrida apressada entrei pela casa e fui gritando pelo seu nome. Cada vez mais próximo daquele som histérico, comecei a ouvir também um choro sufocante. Para desespero meu, também conhecia aquele choro, era da Inês, a minha filha! Subi as escadas interiores na máxima das velocidades, sempre a chamar - MARIA! INÊS! - mas a única resposta obtida eram aqueles gritos misturados com choro. Já no corredor de cima, apercebi-me que vinham do quarto da Inês. Assim que entrei, vi algo que ainda hoje, passado muitos anos, me custa a relembrar em palavras. Maria estava de pé com um vestido branco comprido ensanguentado. Os seus cabelos loiros estavam completamente esvoaçados. Os seus olhos eram o perfeito sinónimo de raiva. Mas pior que tudo isso, ela estava a bater com a cabeça da Inês contra o armário. Maria segurava na cabeça da sua própria filha e, num ritmo macabro, amolgava o armário com a cabeça da sua filha. Inês chorava e pela sua testa já jorrava sangue. - MARIA! QUE RAIO! Ao mesmo tempo que dizia estas palavras corri para a Inês para a ajudar. Retirei a pequena Inês de oito anos daquele terror e guardei-a nos meus braços. Maria, assim que me viu foi como se tivesse levado um estalo. Caiu sozinha sobre o chão e levou as mãos à cabeça, enquanto chorava convulsivamente. Beijei a Inês e tentei-a acalmar. Aqueles choros que se ouviam naquele quarto, eram lanças em brasa a entrarem-me no peito. As duas pessoas que mais amava no mundo
19
20
André Pereira
estavam num estado lastimoso… Eu estava no meio de um furacão. Sentia o coração da Inês a bater contra o meu peito. Pus uma toalha na testa para lhe estancar o sangue. Maria continuava estatelada no chão num coro de choro e gritos indecifráveis. Naqueles segundos, com a minha filha nos braços, e a mulher que eu amava no chão, chorei… Chorei pela dor da Inês, pela Maria e pelo facto de, naqueles segundos, sentir que já não amava mais aquela mulher…” ** Assim que terminei de ler as primeiras frases, senti um arrepio no meu corpo. Olhei o número dois e ele estava especado a olhar para a minha testa. Levei a minha mão lá e consegui sentir a cicatriz que ele olhava. - Essa cicatriz… - Sim… Esta cicatriz foi daquele dia… - Respondi-lhe antes de ele concluir a pergunta. Virei mais uma folha e continuei a leitura… **
“Princípio… A juventude é o clímax humano. Vivemos como nunca. Corremos como jamais imaginamos; sorrimos por motivos que jamais sorriremos; sonhamos em sonhos acordados; amamos como se a primeira vez
A dança das laranjeiras
fosse a última. São tempos de glórias, de paixões e de uma imortalidade imaginária. Foi nesse meu clímax humano, que tudo começou. As férias de verão tinham começado há dias. O calor intenso já se fazia sentir há meses. Sentia-me no topo do mundo. Acabei o secundário com uma boa média e podia candidatar-me à área que tanto gostava; Direito. O tempo era de descanso e diversão. Vivia numa pequena vila do país. Não era o sítio indicado para diversão, mas na juventude podemos encontrá-la em qualquer canto. Era uma vila em que praticamente todos se conheciam. Não havia muitos atrativos. Em modo de exemplificação: o centro da vila era a enorme igreja. Como todos se conheciam, havia pequenas rivalidades, tradicionais de terras onde uns enriquecem mais que outros. Onde a sobranceria se faz sentir de modo estupidamente rural. Não obstante era um lugar bastante calmo e agradável. Durante a semana passava os meus dias a jogar futebol com os amigos. O sol era o relógio, quando ele se começava a esconder, era hora de ir para casa. Aos fins de semana havia sempre festas de garagem. Lugares onde se podia encontrar álcool, miúdas e música. Naquela sexta-feira à noite não me apetecia sair. Sentia-me cansado das boladas da semana e não estava com disposição. O que é facto é que o meu melhor amigo, Tó, fez questão de ir a minha casa convencer-me. O Tó era um rapaz daqueles que podemos sempre contar para os bons e maus momentos. Era baixo, usava óculos e tinha uma energia eletrizante. Após muita insistência
21
22
André Pereira
lá me conseguiu convencer a ir. Vesti uma camisa vermelha sem grande estilo. Calcei as minhas sapatilhas pretas “All Star” e ajeitei as justas calças pretas. Fomos os dois pela rua fora ao encontro da festa de garagem. Uns dez minutos de caminho era o tempo que íamos demorar. - Não te cheira a nada? - Perguntou-me o Tó de forma ansiosa. De facto, desde que ele tinha entrado em minha casa tinha sentido um cheiro a perfume intenso. Era como se no chuveiro de casa dele a água tivesse sido trocada por perfume. - Sim cheira! Mas esse cheiro deve ser das águas paradas! - Respondi por entre um sorriso disfarçado. - Não é esse cheiro que me refiro… - Retrucou de forma chateada. - Sim, cheiro! Eu e mais as pessoas que estiverem num raio de dez quilómetros! - Falei enquanto me ria. - Mais vale cheirar muito bem, que muito mal meu amigo! É hoje! É hoje que a mulher da minha vida vai estar na festa. Vou dançar com ela! - Falou Tó de forma enérgica e eufórica. Eu apenas me ri e nada disse. Era mais provável a dita mulher desmaiar com tal intensidade de cheiro do que ser capaz de efetuar qualquer dança. Mas a juventude faz de nós super-heróis, embora com muita estupidez à mistura. Chegámos à festa. Estava lotada. A música fazia estremecer o pequeno espaço daquela garagem. Uma bola de cristal rolava no teto dando um ar de pista
A dança das laranjeiras
de dança. O DJ sentia-se um rei no trono, pondo música e vibrando mesmo quando ninguém estava a ligar ao som. Numa mesa estavam as bebidas. Alguns refrigerantes, ainda menos água. Muitas bebidas brancas e imensas cervejas. Estava tudo conjugado para uma boa festa, tempo agradável, música, pessoal e muita bebida. Apenas e só a minha disposição não era a melhor. Mas já que ali me encontrava era melhor aproveitar o momento. Peguei numa cerveja e juntei-me ao pessoal conhecido. Havia uns elementos estranhos na festa. Diziam-me que eram emigrantes que estavam de visita à terra. Conversei, bebi e tentei dançar. O Tó andava a espalhar o seu perfume por todo o lado, à procura da sua dama encantada. Encostei-me a uma porta, já naquela fase de arrependimento por ter ido à festa, quando vejo uma jovem a chegar. Vinham três raparigas, mas apenas uma roubou toda a minha atenção. Botas de cabedal desapertadas, calções de ganga curtos, t-shirt branca com uma camisa azul aberta por cima. Cabelos loiros, compridos, e uma pena azul presa no lado direito da cabeça. A sua face era branca como se fosse um anjo. Os seus olhos estavam contornados a preto. Andava com uma confiança intimadora. Os meus olhos concentraram-se nela. Nunca tinha visto aquela rapariga. Chamei o Tó e perguntei-lhe se ele a conhecia, ele disse que ia investigar. Passado uns minutos veio-me dizer que era uma emigrante que estava de férias na terra, na casa dos
23