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Contos das 4 estações Célia Lourenço Maria Giraldes Luz da Razão Editora, unipessoal, Lda. Copyright ©2017 Todos os direitos reservados Ulisses Comunicação - www.ulisses.com.pt Empresa Diário do Minho, Lda Braga Outubro de 2017 978-989-99817-0-6 432462/17
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Primavera
Senhora Dona Primavera era de todas a mais bela estação: a mais bela, a mais graciosa e a mais formosa. Tinha o cheiro de flores e frutos e trazia no olhar as cores do arco-íris. Era venerada por todos e, como tal, sentia-se muito envaidecida. Era como uma rainha quando passeava nos prados, pois as árvores dobravam-se para lhe fazer uma vénia. À sua passagem ouvia-se exclamações de admiração que saíam das bocas dos animais e suspiros de amor dos meigos pássaros. Passava horas a fio a mirar-se nas águas pouco fundas das ribeiras e lagos pois adorava contemplar-se e admirar a sua bela figura!
– Mas que desperdício de tempo. Estás sempre a mirar-te e a arranjar-te, há coisas mais importantes a fazer! – Ralhou uma vez os Brincos de Princesa! – Tem de ser, alguém com a minha categoria tem de estar sempre muito apresentável! – Pode ser que sim, mas tens deveres a cumprir que não podes esquecer. – Cala-te lá! Que sabes tu? Nem sabes ao certo se és macho ou fêmea! – Eu sou um arbusto, e… – Com nome de princesa! hehehe – Galhofou a Dona Primavera! – Eu se tenho este nome é porque as minhas flores serviram de brincos às mais lindas princesas! – Olha que a mim não me serviam. São muito vulgares! – O quê? Sabes que mais? Podes ser muito bonita, mas és também muito fútil e má. – Replicou zangado os Brincos de Princesa, enquanto a Dona Primavera se afastava cheia da sua graça.
Verão
O Sr. Verão era de todas as estações o mais jovial. Adorava a praia, nadar no mar, nos rios e lagos, fazer jogos e à noite sentar-se ao pé duma fogueira e deitar-se na relva para dormir por baixo das estrelas. Era na verdade um bon vivant e tinha uma vida boa e regalada! Os seus fiéis companheiros eram o Sol e o Calor, mas um dia a Menina Chuva apareceu e apaixonou-se pelo bonito Verão.
– Casa comigo. – Implorava ela. – Juntos poderemos ser muito felizes e construir coisas bonitas! – Sinto-me muito elogiado pelo teu pedido, mas não posso aceitar, nunca te poderia fazer feliz pois somos muito diferentes. Tu gostas do céu cinzento, eu gosto dele azul. Eu gosto de Luz e tu das brumas. – Mas eu posso-te dar o arco-íris. – Não me chega, preciso de muita mais cor, espalhada por tudo quanto é sítio para sentir alegria. Lamento! Mas apesar de todos os argumentos a Chuva não desistia, andava sempre de volta dele a suplicar pelo seu amor, até que um dia o Sr. Verão se enfureceu perante tanta insistência que lhe berrou furiosamente: – Quantas vezes tenho que dizer que não? Não percebes que não te quero?
Outono
O Outono era o mais artístico de todas as estações. Adorava compor lindas sinfonias com as águas das fontes e ribeiros, esculpir a pedra de modo a criar lindas esculturas. Mas o que lhe dava verdadeiramente gosto fazer, era pintar paisagens. Gostava de espalhar cor por tudo o que era sítio! Passava tempos infinitos a pintar as folhas das árvores de várias tonalidades: amarelo, castanho, laranja, vermelho, dourado. Tons que mantinham um clima quente nos dias cada vez mais pequenos e frios. Depois de pintar as folhas com os seus pincéis e aguarelas, ficava quieto, extasiado a olhar as lindas composições de cor que criara e o seu coração ia-se enchendo de alegria!
Um dia, ao acordar, o Outono ficou muito aborrecido por ver que as folhas pintadas, no dia anterior, estavam todas no chão. – Quem terá deitado as folhas ao chão? Isto não fica assim. – Garantiu ele. – Vou descobrir quem fez isto! Tive tanto trabalho, para nada. Nesse dia tornou a pegar nas suas tintas e pincéis e voltou a pintar as folhas das árvores com muita dedicação. Após ter terminado os seus labores, resolveu passar a noite por ali, perto das árvores que tinham sido pintadas. Iria estar alerta! Mas sentia-se tão cansado que, assim que se encostou à árvore, adormeceu profundamente e o vento que, resolvera fazer uma visita noturna, nem sequer foi sentido, tamanho era o cansaço do Outono. Por isso foi enorme o seu espanto ao sentir os primeiros raios de Sol e abrindo os olhos voltar a deparar-se com todas as folhas no chão.
Inverno
Era chegado o mês de Dezembro, altura em que chegaria o Sr. Inverno! Mas, este ano, ele estava disposto a fazer as coisas de maneira diferente. Ele estava cansado que as pessoas não o apreciassem e que estivessem sempre a queixar-se dele: – Nunca mais acaba o Inverno! – Estou farta de Inverno! – É só chuva, vento e frio. – Detesto este tempo. Reclamavam elas, sempre que o Inverno estava instalado e isso deixava-o profundamente triste!