Ft Sandra Fernandes
Pág. 2 - Realityshows, apenas pobres odes à futilidade Pág. 3 - Calendário de pagamento dos servidores Pág. 4 - Professores em contagem regressiva Pág. 7 - Mundo sindical em destaque Pág. 12 - Invasão no Núcleo Bandeirante Pág. 14 - Justiça & Cidadania PáG. 15 - O futebol brasileiro volta a campo
COMPORTAMENTO Desde muito cedo, aprendemos a ‘valorar’ coisas e situações de acordo com os parâmetros que vão sendo repassados na forma de comportamento. Mas não estará na hora de rever que tipo de valor usamos para mensurar pessoas?
Páginas 8 e 9 TURISMO
Democratização na Feira Página 6 dos Importados
O Distrito Federal conta, a partir deste ano, com uma legislação específica para o Ecoturismo.
CUT: Candidatura de Jacy Página 16 cresce em todo País Página 7
2 • Correio do Metrô 413
Palavra do senhor
• OPINIÃO •
Brasília, Janeiro de 2012
Imagens do nosso tempo
Um novo começo! Deus nos ama assim como somos. Além disso, ele nos dá a capacidade de começarmos sempre de novo. Na verdade, ele não somente nos dá um novo começo, mas ainda nos promete a sua companhia em todos os dias da nossa vida. Com Cristo temos sempre esperança, pois, graças à sua vida e morte, nós temos o privilégio de receber o perdão e de poder ter sempre um novo começo.
Uma resposta simples muitas vezes basta Para os problemas difíceis da vida, esperamos respostas amplas e profundas. É difícil aceitarmos uma explicação simples. Por isso muitos ignoram o que Deus quer nos ensinar, pois acreditam que as respostas dele não são suficientes para explicar a vida. Deus, porém, deseja que nos entreguemos confiantes à sua paz e ao seu amor. Com base nisso, podemos viver contentes e certos de que Cristo nos salvou da morte eterna e que nele encontraremos as respostas para a nossa vida.
O amor de Deus Você já deve ter ouvido a frase: “Deus é amor!” Ela é muito comum no meio evangélico, mas ela é muito mais do que um slogan, ela é uma verdade absoluta e transformadora. Infelizmente muitos aprenderam desde pequeno que Deus castiga, e muitos têm em sua mente a figura de Deus como um ser severo e implacável. Ele teria motivos para agir com a gente com todo o rigor, mas ele preferiu nos amar. E isto transformou a nossa vida. Deus ama você, ele faz de tudo para que você seja feliz e para que esta felicidade dure para todo o sempre. Mas, nem sempre percebemos isto, até ficamos bravos com ele por não nos atender. Mas, Deus nos ama muito e nos livra de muitos perigos, mesmo sem sabermos disto. E existe uma prova concreta do amor de Deus: Jesus Cristo. A vida e a obra de Jesus são a prova do amor de Deus. Ele enfrentou tudo para nos dar a vida eterna. Ele entregou a sua vida por você. Isto é amor de verdade. Confie em Jesus como seu Salvador e você experimentará todos os dias o amor de Deus em sua vida. Mensagens extraídas do www.5minutoscomjesus.blogspot.com Espaço para fé e oração. Acesse todos os dias!
Opinião
Realityshows, apenas pobres odes à futilidade
Alfredo Bessow *
Participei, enquanto assessor, do processo Constituinte, que redundou na chamada Constituição Cidadã, promulgada em 1988, fartamente recheada de contradições (é uma ‘obra’ com muitos mecanismos parlamentaristas para um país presidencialista), ainda não regulamentada na plenitude e remendada por uma série de PECs-Propostas de Emendas à Consituição (eu sei que o nome correto não é este) que primam pelo oportunismo em detrimento, muitas vezes, da necessidade. Mas está lá, no Art. 221, e em seus incisos I, II, III e IV, o que deve ser levado em conta em termos de produção e programação das emissoras de rádio e televisão. Observando apenas a letra fria do dispositivo constitucional, chega a dar nojo da falta de coragem do Governo Federal, através do Ministério das Comunicações, de simplesmente fazer cumprir a norma legal. E mais asco ainda dá se observarmos que o mesmo Governo Federal que é omisso na fiscalização do cumprimento das concessões, é conivente com a baixaria e com a putaria. Esta conivência se dá por meio do apoio financeiro, inserindo mídia em veículos que, a custa de uma espécie de catarse coletiva, acabam conquistando audiência. Na minha modesta opinião, o supra-sumo desta boçalidade está presente nos chamados
realityshows. Eu fico pensando como alguém é capaz de perder tempo olhando programas tão imbecis como BBB, Fazenda, Mulheres ricas e outras iniciativas. É um festival de promiscuidade, expondo a decadência humana em níveis quase que patológicos. Tenho um conhecido, aqui mesmo do Guará, que foi escolhido para participar da edição anterior do BBB. Já no hotel, foi indicado o que ele deveria fazer, como deveria se comportar, como deveria proceder. Ou seja: foi avisado de que tudo não passaria de uma grande suruba. Ficou estarrecido diante de tudo que descobriu e resolveu pegar o seu chapéu e voltar a viver com dignidade. Até por vergonha, resolveu não se expor. Na versão 2012, já houve algumas deserções – até porque o prenúncio é o pior possível. A fauna selecionada reúne todos os ingredientes para muita putaria, algo que parece ser a predileção da TV Globo e do diretor do referido programa. O que resta de dúvida é exatamente uma certeza: o ser humano gosta da perversão, da baixaria e da escatologia comportamental. Por isso os realityshows proliferam e são cada vez mais degradantes.
* Alfredo Bessow é jornalista e brasileiro
Brasília, Janeiro de 2012
cURTAS SDE proíbe sindicato
• GERAL •
Correio do Metrô 413 • 3
notícias
GDF divulga calendário de pagamento dos servidores para 2012
A Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça, determinouque o Sindicato do Comércio Varejista de Material de Escritório, Escolar e Papelaria do Estado de São Paulo e Região (Simpa-SP) pare imediatamente com qualquer forma de recomendação de datas, valores e percentuais de aumento dos preços de material escolar ao consumidor.
Uma boa notícia para os servidores públicos do GDF: saiu o calendário de pagamentos dos salários para 2012. Sabendo antecipadamente o ‘dia do pagamento’ é possível fazer um agendamento do vencimento das contas e outras obrigações, fugindo dos juros e pinduricalhos que ajudam a corroer o ‘dindin’.
Teto dos benefícios
Esta é a programação divulgada pela Secretaria de Administração e publicada no DODF:
O DOU publicou portaria conjunta dos ministérios da Fazenda e da Previdência Social fixando o piso e o teto dos benefícios dos aposentados e pensionistas. O reajuste do salário mínimo no dia 1º de janeiro, de R$ 545 para R$ 622, estabeleceu o valor mínimo que será pago aos beneficiários do Regime Geral de Previdência Social. O teto dos benefícios subiu de R$ 3.691,74 para R$ 3.912,20, com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) de 6,08%, relativo a 2011.
MÊS
DIA
Janeiro
31/01 (terça-feira)
Fevereiro
29/02 (quarta-feira)
Março
30/03 (sexta-feira)
Abril
30/04 (segunda-feira)
Maio
31/05 (quinta-feira)
Os valores intermediários entre o teto e o piso pagos pelo INSS estão automaticamente corrigidos pelo INPC do ano passado.
Junho
29/06 (sexta-feira)
Julho
31/07 (segunda-feira)
Dinheiro para a seca
Agosto
31/08 (sexta-feira)
Setembro
28/09 (sexta-feira)
Outubro
31/10 (quarta-feira)
Novembro
30/11 (sexta-feira)
Dezembro
20/12 (quinta-feira)
O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, anunciou a destinação de R$ 26,4 milhões para combater os prejuízos causados pela estiagem no estado. Esses recursos irão se somar aos R$ 28 milhões provenientes do governo federal o que totalizará uma ajuda de R$ 54,4 milhões aos 300 municípios gaúchos afetados pela seca.
Bolsas do Santander
O Santander abriu as inscrições para o Programa de Bolsas de Graduação 2012. A iniciativa é destinada aos funcionários que estão cursando ou desejam iniciar a primeira graduação de nível superior. O subsídio é de 50% do valor da mensalidade, limitado a R$ 410 por mês.
Com a definção do calendário, o GDF demonstra que pretende alterar sua relação com os servidores, passando a valorizá-los através da implantação de uma efetiva política de pessoal - bem como através da realização de concursos públicos para setores que hoje contam com expressiva defasagem de pessoal. Detalhe: sexta-feira será o dia da semana no qual os servidores mais receberão seus salários (março, junho, agosto, setembro e novembro), duas vezes na segunda-feira (abril e julho) – mesmo número de vezes que incide na quarta-feira (fevereiro e outubro) e na quinta-feira (meses de maio e dezembro). Apenas em janeiro o pagamento será numa terça-feira.
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4 • Correio do Metrô 413
• POLÍTICA•
Brasília, Janeiro de 2012
Mundo SINDICAL
Professores esperam que GDF cumpra os compromissos assumidos Depois de muitas promessas - nunca cumpridas - os professores decretaram ainda em novembro, em Assembleia, que o dia 8 de março é data limite para o GDF apresentar uma proposta descente
Professores da rede pública de ensino do Distrito Federal podem entrar em greve no dia 8 de março, caso até lá o governo do DF não cumpra os compromissos assumidos oficialmente com a categoria. A decisão de iniciar o movimento intitulado “contagem regressiva” foi aprovada em 17 de novembro passado, durante assembleia, após avaliação de que 112 dias é tempo suficiente para o GDF rever seu descaso e honrar a palavra empenhada. Durante todo o ano de 2011 as negociações com o governo, sobre a pauta de reivindicações da categoria, se arrastaram. Em reunião ocorrida no mês de abril, o GDF entregou
um documento assinado onde se compromete a atender alguns pontos da pauta em datas específicas. Infelizmente, os prazos foram vencendo e as promessas não foram cumpridas. Um exemplo disso é a proposta do Plano de Saúde que seria apresentada até 30 de julho. Até esse início de janeiro, nem um possível projeto do referido Plano foi apresentado. Outro ponto é a reestruturação do Plano de Carreira que, dentre outros, proporcionaria a recuperação salarial do professores pelos próximos três anos. Os professores apresentaram sua proposta. Pontos importantes do Plano de Carreira co-
meçaram a ser discutidos com o governo, mas a negociação não foi concluída. Há alguns meses as negociações estão suspensas. O Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) entende que, apesar dos transtornos que uma paralisação causa à comunidade educacional, a greve é o instrumento dos trabalhadores de maior poder de negociação. Para o Sinpro-DF a categoria já deu diversas provas de tolerância, demonstrando sua disposição para negociar. Agora está nas mãos do governo decidir como as negociações serão retomadas e se vai honrar os compromissos oficialmente assumidos.
Aumento do servidor público federal só em 2013 A pré-anunciada greve geral do funcionalismo por reajuste salarial, que pode mobilizar até 1 milhão de trabalhadores e deve ocorrer em abril, parece não assustar o governo federal. No entanto, ciente da importância do nível de relacionamento e diálogo com o funcionalismo e dos prejuízos de
uma greve para a população, o governo vai criar uma nova secretaria exclusivamente para intermediar os debates com as centrais sindicais. As propostas de aumento, caso sejam aceitas, só devem ser concretizadas na folha de pagamento de 2013. “Negociamos em um ano o Orçamento do ano seguin-
te. As negociações de 2011 foram fechadas em 31 de agosto, o que inclui gastos com pessoal para o exercício seguinte. Gastos com pessoal para 2012 já estão definidos, todas as negociações [a partir de agora] serão para o Orçamento de 2013”, disse.Atualmente, o gasto com pessoal custa R$ 7 bilhões mensais das contas federais.
Brasília, Janeiro de 2012
• PELAS CIDADES •
Correio do Metrô 413 • 5
UM UM IMÓ IMÓ VV EE LL II RREGULAR RREGULAR SÓ SÓ EXISTE EXISTE PP AA RR AA VV OO CC ÊÊ ..
Um imóvel irregular não existe perante a lei e pode trazer uma série de problemas ao seu proprietário, já que não pode ser vendido, registrado ou transferido. Com o programa Regularizou, é seu!, poderá regularizar Um imóvel irregular não existe perante a lei e pode trazer uma série de problemas ao você seu proprietário, já que sua casa, comércio, condomínio, templo religioso ou entidade de assistência social e assim proteger seu não pode ser vendido, registrado ou transferido. Com o programa Regularizou, é seu!, você poderá regularizar patrimônio. Afinal, com o imóvel regularizado, vocêou ganha o direito ter a escritura seu nome e, assim, sua casa, comércio, condomínio, templo religioso entidade de de assistência socialem e assim proteger seu a garantia deAfi que irá tomá-lo. Ter um imóvel próprio é umade daster maiores conquistas se pode ter. patrimônio. nal,ninguém com o imóvel regularizado, você ganha o direito a escritura em seuque nome e, assim, Por isso, não o coloque em risco: regularize. Acesse www.regularizar.df.gov.br e saiba mais. a garantia de que ninguém irá tomá-lo. Ter um imóvel próprio é uma das maiores conquistas que se pode ter. Por isso, não o coloque em risco: regularize. Acesse www.regularizar.df.gov.br e saiba mais. Regularize seu imóvel e converse com seus amigos, parentes e vizinhos para que eles regularizem o deles também. Regularize seu imóvel e converse com seus amigos, parentes e vizinhos para que eles regularizem o deles também.
6 • Correio do Metrô 413
• ECONOMIA •
Brasília, Janeiro de 2012
Ft Wosseb
Comércio
Feirantes querem democratizar gestão da Feira dos Importados Atual grupo está há sete anos no poder. Eleições devem acontecer até 31 de março. Atual diretoria da Cooperfim-Cooperativa da Feira dos Importados ainda não divulgou o Edital e dificulta feirantes que tem interesse em se associar
A
boataria anda correndo solta nos corredores da Feira dos Importados – também conhecida como Feira do Paraguai. E tudo porque o atual grupo que comanda a Cooperfim está lutando, como todas as armas (nem todas assim tão honestas) para se manter no poder. E já são sete anos de desmandos e favorecimentos. Estatutariamente, as eleições precisam ser realizadas até 31 de março, mas o tema é tratado como verdadeiro ‘segredo de estado’. Segredo, por sinal, é algo que serve bem para retratar o comportamento do grupo, que dificulta a adesão de novos cooperativados, que não presta informações e nem esclarecimentos. Chegam a dizer que podem ‘deitar e rolar’ por terem costas quentes com o governador Agnelo e o vice Felippelli – a quem costumam dizer que ajudaram, inclusive financeiramente, na campanha de 2010. Balela ou não, a verdade é que para algum feirante obter informações é verdadeiro
exercício de paciência e de humilhação. A direção da cooperativa, pelo visto, trata como se aquilo fosse negócio de interesse apenas do grupo dirigente.
Oposição se fortalecendo Por conta de tantos desmandos, é forte o movimento de união dos demais feirantes, muitos dos quais querem virar cooperados, que têm uma plataforma que prioriza os interesses de todos os feirantes e não apenas de alguns. Entre as prioridades, querem investir em infra-estrutura; estacionamento; cobrir a feira também na parte dos corredores e definir claramente a situação da Feira e do terreno – tendo em vista que até o momento, só foram pagos os juros. É preciso entender que na Feira dos Importados existem feirantes sérios, honestos e que trabalham dentro da lei. E são estes que buscam resolver os problemas – inclusive lutam para recuperar a imagem da feira e, assim, reconquistar os clientes.
Via crucis para se ‘associar’ Os feirantes reclamam das dificuldades e das exigências que o atual grupo coloca para quem quiser virar cooperativado.“É uma coisa estranha: eles lá do escritório dizem que não vale a pena ser sócio da cooperativa”, relata um feirante. Outra característica é o medo. Por conta de se vangloriarem das ‘costas quentes’ que possuem, os feirantes, em geral pessoas humildes e por si só já desconfiadas, preferem falar sem se identificar. “Tem gente que foi reclamar e passou a ter muitos problemas aqui dentro, então o melhor é trabalhar em silêncio para tentar mudar a direção da cooperativa”, enfatiza uma feirante. Enquanto conversa, ela fica olhando para ver se não está sendo observada por seguranças que, em lugar de proteger a feira, os feirantes e os clientes, atuam como espiões da direção, reportando qualquer movimento que julgam ‘suspeito’ – como se tivessem alguma formação para esta atividade.
• POLÍTICA •
Brasília, Janeiro de 2012
Correio do Metrô 413 • 7
Mundo SINDICAL
Sucessão na CUT: Rolo compressor fracassa e candidatura de Jacy se fortalece Desde a sua criação, em 1983, a CUT Nacional sempre foi presidida por um sindicalista de São Paulo – ainda que o estado tenha menos de 30% da base de representação da entidade em nível nacional
F
undada em 28 de agosto de 1983, na cidade de São Bernardo do Campo, em São Paulo, durante o 1º Congresso, a CUT-Central Única dos Trabalhadores, ao longo de sua história, foi instrumento fundamental da luta da classe trabalhadora. Consolidada como a maior central sindical brasileira e uma das maiores do mundo, ela, no entanto, acabou se distanciando dos sindicatos – gerando um novo-peleguismo sindical, que recorre ao discurso da unidade para preservar os interesses de grupos e tendências, que se acomodam na disputa por espaço e poder. Para alguns, a CUT-Nacional hoje representa a Oligarquia Sindical Paulista, uma espécie de UDN do movimento sindical. Recorrem ao País quando precisam dar eco a qualquer manifestação. Do contrário, fecham-se em copas e tratam de ampliar seus laços, inserindo dirigentes nas cúpulas de fóruns e movimentos sociais. Exemplo desta estratégia de ocupação de espaços pode ser vista na forma como vem sendo conduzida a eleição para a presidência da entidade – marcada para julho, durante o 11º Congresso da CUT. Pela primeira vez, a cúpula sentiu que não teria a mesma facilidade em manipular a base, tendo em vista que um nome vindo exatamente da base se apresenta como contra-ponto ao grupo que hoje a comanda.
A CUT precisa voltar a ousar O sindicalista Jacy Afonso – bancário, ex-presidente do Sindicato dos Bancários do DF e da CUT-DF e dirigente da CUT Nacional – tem conseguido enfrentar, graças ao apoio de entidades sindicais e de sindicalistas de todo País, o verdadeiro rolo compressor que foi armado para legitimar o nome escolhido pela cúpula. A bandeira central de Jacy está em fazer com que a CUT volte a ser uma instância dos sindicatos e não dos dirigentes de tendências que atuam no movimento sindical. “A CUT sempre teve como marca de sua atuação a ousadia e nós, cutistas, precisamos voltar a ousar”, disse Jacy em entrevista ao Programa do Servidor, veiculado pela TV Cidade livre, em Brasília. Enfrentar o poder de uma máquina destas é uma demonstração de ousadia. Porque a
Jacy Afonso enfrenta, com o apoio dos sindicatos de todo País, o rolo compressor do sindicalismo paulista
sua candidatura esta servindo para desnudar a suposta ‘unidade’ – que não é uma proposta de luta, mas um discurso de fachada no qual cada grupo/tendência continua com um quinhão de poder, mas sem alterar o ‘modus operandis’: mesmo minoritários, os sindicalistas paulistas – e mais do que paulistas, os representantes dos sindicatos dos Metalúrgicos, dos Professores e dos Bancários de SP dizem, determinam (mesmo minoritários) quem vai comandar a Central.
Apoio Enquanto uma comitiva de sindicalistas cruza o País gravando depoimentos de apoio ao ‘candidato oficial’, Jacy Afonso continua trabalhando junto às bases. E as deserções no sonhado grupo monolítico de apoio ao candidato dos paulistas começam a vir a tona. Ainda na primeira quinzena de janeiro, dia 13, o presidente da CUT-Amazonas, Valdemir Santana, declarou apoio ao nome de Jacy Afonso. Em nota, ele destacou: “Em vista desse compromisso e da trajetória de luta que marca a atuação da Central, declaramos apoio
ao companheiro Jacy Afonso para o comando da CUT Nacional. A história de Jacy Afonso nos movimentos sociais o credencia para dirigir a organização máxima dos trabalhadores brasileiros – no que diz respeito à densidade da base sindical em todo o território nacional. Particularmente na conjuntura atual da economia mundial, precisamos de dirigentes sempre dispostos a ousar e enfrentar as investidas do grande capital contra os direitos e interesses da classe trabalhadora que inevitavelmente se agravam nos momentos de crise.”
Onda pró-Jacy O movimento em favor da candidatura de Jacy – que tem como lema: Todo poder aos sindicatos – cresce em todo País. O setor rural já está manifestando em peso apoio ao Jacy. Vencido o primeiro instante de pressão da cúpula, o apoio de outros setores está vindo de modo consistente, gerando uma onda pró-Jacy. Afinal de contas, todos os sindicalistas sabem da importância da CUT – principalmente de uma CUT que esteja efetivamente comprometida com os sindicatos.
• COMPORTAMENTO •
Brasília, Janeiro de 2012
Ilustração: WPessoa
8 • Correio do Metrô 413
A
cordei pela manhã e encontrei na TV um programa onde convidados e especialistas discutiam e debatiam as cotas raciais na UnB. Uns contra, outros a favor, mas todos expondo seus pontos de vista e praticando o salutar exercício do pensamento e do debate. Fiquei feliz em ver que o racismo está sendo discutido mais abertamente. O mito da democracia racial brasileira, sustentado pelo silêncio, vai, aos poucos, dando lugar a denúncias e ocupando a agenda dos veículos de comunicação. O Brasil guarda, sim, profundos sentimentos preconceituosos e precisamos debatê-los para expor suas inconsistências e sua desumanidade. Precisamos desvendar todas as facetas desse comportamento cultural, esmiuçar suas origens, evolução e os fatores que o perpetuam, suas contradições e suas implicações prá-
ticas. Precisamos falar muito, debater muito e reformular os nossos conceitos se quisermos construir uma sociedade justa, onde cada membro tenha a oportunidade de contribuir efetivamente para o bem comum, ao invés de ser relegado ao ostracismo e à condição de problema social. Precisamos aprender a aprender. Piaget, em seus estudos de epistemologia genética, observou que a criança aprende a categorizar os objetos e a organizá-los. Carrinhos são separados de bichinhos, objetos grandes de pequenos, claros de escuros. Por vezes, os brinquedos são dispostos em ordem crescente, numa fila. Guardamos essas habilidades que se mostram muito úteis ao longo da vida mas, como a maturidade exige, não podemos viver sem raciocinar, sem questionar. Aprendemos a categorizar também as pessoas. Para o senso comum, o médico vale mais do que o lixeiro, mas, ao repetir estereótipos, a gente nem se dá conta de que ambos
contribuem para a preservação da saúde de todos. Da mesma forma, o bonito vale mais do que o feio, embora ninguém possa escolher os genes que determinarão sua aparência; os jovens valem mais do que os idosos, embora sua experiência de vida possa ser extremamente rica; o rico vale mais do que o pobre, embora seja este quem gera a riqueza daquele e lhe proporciona o conforto que ele tanto aprecia; o branco vale mais do que o negro, embora, historicamente, seja este o oprimido e aquele o opressor que ainda não aprendeu, de fato, a envergonhar-se da atitude discriminatória. Pode-se, assim, enumerar muitas outras situações cotidianas nas quais as verdades transmitidas culturalmente e assimiladas por cada um de nós entram em conflito com a nossa consciência crítica quando paramos para pensar no que estamos fazendo ou a partirde que pressupostos estamos julgando as pessoas e as situações.
Brasília, Janeiro de 2012
Aprendemos a encaixar cada pessoa nessa hierarquia internalizada, direcionando nossa percepção para fatores que nossa cultura determina como dignos de maior ou menor valor social. Aprendemos a aceitar tudo isso como normal já que é uma norma coletiva, sem nos preocuparmos com seu caráter ético, isto é, estamos julgando corretamente as pessoas? Presenciei uma cena típica – infelizmente – na qual observei a mesma pessoa em três momentos consecutivos. No primeiro, dirigiu-se a um superior hierárquico diante de quem se desdobrou em mesuras e delicadezas, utilizando um tom de voz afável e portando um leve sorriso nos lábios. No segundo, momento, dirigiu-se a um subordinado. Nem parecia a mesma pessoa. A postura corporal e a gesticulação eram, ainda que de forma subjetiva, agressivas e ameaçadoras. O tom de voz era ríspido e a comunicação analógica – aquela
• COMPORTAMENTO •
de que nos fala Watzlawick em seu livro Pragmática da Comunicação Humana – insinuava claramente a inferiorização de seu interlocutor. Em um curioso terceiro momento, deparei-me com essa pessoa falando a respeito de seu superior. Aí vieram as críticas e acusações. Curiosamente, aquela pessoa tão bajulada pela frente, era duramente criticada e desqualificada pelas costas. São realmente curiosos os parâmetros usados para julgar as pessoas. No mais das vezes, são os interesses pessoais que determinam o julgamento e que o tornam, no mínimo, muito questionável. Pierre Bordieu estudou as posições no mundo social. Suas ideias são esclarecedoras e convidam a uma reflexão importante. Mas não precisamos ser versados em sociologia para prestarmos um pouco mais de atenção às nossas atitudes, ideias e comportamentos. As atitudes entendidas como aquelas predisposições
Correio do Metrô 413 • 9
mentais para interpretar os fatos de uma forma ou de outra; as ideias, como fruto do pensamento racional e os comportamentos, evidentemente, como aquilo que fazemos ou deixamos de fazer. Nossa consciência sozinha já pode nos questionar acerca de muitas coisas importantes tais como: o valor de um ser humano corresponde ao espaço social que ele ocupa ou será que existe um valor e uma dignidade inerentes a cada pessoa? Resposta fácil de ser dita, difícil de ser praticada. Mas é justamente esse questionamento que nos faz compreender que onde estamos na escala social não corresponde necessariamente ao que somos como pessoas. Um indivíduo sem estudo, pobre e desempregado pode ser alguém com grande potencial de crescimento e colaboração para otodo social. E se todos tivessem a oportunidade de viver dignamente e de desenvolver suas habilidades? Bem,essa é outra pergunta com resposta fácil...
Dicas de Vinhos
Correio do Metrô 413
10 • Correio do Metrô 409
Brasília, Janeiro de 2012
Olinaldo Oliveira
Ft Sandra Fernandes
Churrasco com vinho!
No Brasil, cresce o consumo de vinho – que ainda é irrisório, se comparado com os padrões de outros países, mesmo aqui na América do Sul. Um dos caminhos é romper com velhos dogmas e criar novos parâmetros. Em 2011, o consumo de vinhos de qualidade cresceu cerca de 35,7% - segundo dados da Abras-Associação Brasileira de Supermercados. O Brasil, ao lado da China, está entre os países que apresentam o maior cerscimento no consumo em nível mundial. Mesmo este aumento ainda não ajuda para melhorar a posição do Brasil no ranking mundial, mas tem servido para colocar o País na rota dos principais consumidores de vinho do mundo. E este novo cenário, tem atraído produtores mundiais que colocam o Brasil entre suas prioridades na definição de mercado O grande desafio continuará sendo cultural, além da urgência de quebrar certos dogmas – como por exemplo o simplismo tantas vezes es-
cutado de que vinho tinto se toma na ‘temperatura ambiente’ – sem levar que isto se refere a algo entre 16 e 19 graus... Hoje, o prato nacional é churrasco.Todo mundo sabe assar uma carne. Mas... e para acompanhar... só mesmo cerveja? Para o sommelier Olinaldo Oliveira, o vinho é o acompanhamento ideal para qualquer tipo de carne. Assim, fazendo uma espécie de ‘guia de referência’, ele apontou os vinhos indicados para aquelas carnes tradicionais em churrascos. Detalhe: todos os vinhos são ‘tinto’. Os vinhos aqui indicados podem ser adquiridos na Super Adega e as carnes, na Nutricarnes - localizada na QE 19 do Guará II.
Brasília, Janeiro de 2012
• BEM VIVER •
Tipo de Carne
Carneiro/Cordeiro/Ovelha
Tipo de Vinho
Vinho chileno William Cole – Cabernet Sauvignon Mirador Selection 2009 (R$ 39,00)
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Características Indicado por sua boa estrutura e pela combinação de seus taninos maduros do vinho Tipo de Carne
Linguiça
Tipo de Vinho
Vinho argentino Yauquen Malbec 2010 (R$ 29.90)
Características Apesar da nova safra, o vinho apresenta uma perfeita harmonia entre taninos, acidez do vinho e madeira, perfeito para compartilhar com amigos – unidos pelo bom vinho. Tipo de Carne
Picanha
Tipo de Vinho
Vinho português do Douro Piorro Doc Tinto (R$ 49,90)
Com suas nuâncias de madeira e o frutado da combinação das uvas Touriga Características Franca,Tinta Roriz e Tinta Barroca chegam para massagear a boca nos preparando o do vinho paladar sempre para mais uma fatia da deliciosa picanha. Tipo de Carne
Costelinha de Porco com queijo ralado
Tipo de Vinho
Vinho português alentejano Monte do Carrapatelo 2009 (R$ 49,90)
Elaborado com as castas Aragonês, Alicante Bouschet e Touriga Nacional, com passaCaracterísticas gem de seis meses em carvalho francês, tem sabor e aroma especiais pela presença do vVinho da madeira, médio corpo e bem estruturado. Se torna uma perfeição ao paladar mais exigente. Tipo de Carne
Frango
Tipo de Vinho
Vinho português Muros de Vinha – Quinta do Portal Douro Tinto 2007 (R$ 29,90)
Caracteristica Um vinho do qual apenas 50% do seu mosto passa seis meses em carvalho, resulçtando Vinho do um produto leve no paladar com um frutado equilibrado. Enfim... Quem aceita o desafio de romper os preconceitos e descobrir o prazer que só um bom vinho pode ofecerer? O grande segredo, dentro da nossa realidade nacional, é ter a coragem de romper com a força do comportamento de consumo que se consolida através do investimento em mídia que as grandes empresas produtoras de cerveja fazem. Mas este é um processo demorado, porque implica em ter acesso a informações - que decorrem de intercâmbio, viagens, leitura e informação. “O grande desafio do vinho, em nosso País, é passar esta informação adiante e mostrar para o consumidor que se trata de uma bebida boa para a saúde (se consumida dentro de padrões de moderação), sem esquecer de sempre enfatizar que existem produtos de qualidade a preços bem acessíveis”, discorre Olinaldo Oliveira. Um aspecto que o sommelier considera relevante é a gradativa mudança no perfil do consumidor: hoje, os jovens também estão descobrindo o vinho. Outra informação interessante diz, também, respeito a hábitos de consumo: o Soho, restaurante que tem a comida oriental como foco, hoje é uma das casas que mais vende vinhos em Brasília - com mais de mil garrafas por mês. Isto serve para mostrar como o consumidor brasileiro está aprendendo que qualidade vai bem em qualquer ocasião.
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• GERAL •
Brasília, Janeiro de 2012
JAC Motors ‘aluga’ área de invasor no Bandeirante Grêmio Esportivo Brasiliense, proprietário legal da área localizada na Saída Sul, ao lado da Brasília Mortors, já entrou com Ação de Reintegração de Posse
D
oado antes mesmo da construção de Brasília, embora a escritura pública de doação seja de 23 de março de 1962, um terreno de 16 hectares – correspondendo a 160 mil metros quadrados – desperta a cobiça dos especuladores imobiliários, de órgãos do Governo e é alvo de espertalhões que veem o local como possibilidade de invasão. Mas a área, localizada na saída sul no setor... tem dono! Pertence ao Grêmio Esportivo Brasiliense, conforme escritura pública e Declaração de Demarcação emitida pela Terracap – em 1 de setembro de 2011. O mais recente episódio de ‘gula’ sobre a área se deu no fim de dezembro e foi protagonizado pela BRN Distribuidora, empresa vinculada à JAC Motors. Segundo ocorrência registrada na 11ª DP (localizada no Núcleo Bandeirante) “na noite de 24.12.2011, a concessionária JAC Motors do Brasil, representada pela filial do Setor de Indústria e Abastecimento-SAI, invadiu cerca de 10.000 metros quadrados do Grêmio Esportivo e derrubou cerca de 100 metros de muro, ação esta coman-
dada pelo Diretor Regional, Claudionei”. No mesmo documento, consta que se trata de “ocupação criminosa, uma vez que foi realizada em períodos noturnos e em datas festivas, dificultando assim a fiscalização”. Por telefone, Claudinei disse que as obras começaram no fim de novembro.
Estranha cobiça A área invadida foi, segundo Claudinei (e em contato telefônico ele não aceitou nem ao menos dar seu nome completo), alugada de uma empresa (Minas Areia e Cascalho) que é invasora do clube. O dono da Minas Areia e Cascalho, por sinal, já tentou uma ação de usucapião da área (invadiu a área em meados do ano 2000) – como se fosse possível um invasor requisitar propriedade de área pública invadida (a área doada ao Grêmio não lhe dá as prerrogativas do domínio da propriedade, por conta da condição restritiva imposta pela doadora). Segundo o advogado do Grêmio, Severino Marques, a ação de usucapião da Minas Areia e Cascalho – e posteriormente uma ação Revocatória da doação de 1962 impetrada pela Terra-
cap em dezembro de 2006 – tramita na 8ª Vara da Fazenda Pública. Até o momento, o Grêmio venceu nas duas instâncias e aguarda o envio do processo 2005.01.1.089409-0 para o STJ. Mesmo derrotado duas vezes, o dono da Minas Areia e Cascalho não desiste – ainda que efetivamente já tenha recebido inclusive outro terreno para suas atividades.
Legalidade... Segundo Claudinei, o departamento jurídico da JAC Motors de São Paulo considerou legal a situação da empresa invasora – desconhecendo ou ignorando as derrotas que a mesma teve na Justiça. Em realidade, existem outras coincidências. De acordo com Benedito Raimundo, presidente do Grêmio, Claudinei foi, durante muitos anos, funcionário da Brasília Motors, que funciona em área ao lado do Grêmio, além de ser conhecido do dono da empresa invasora. Coisas de Brasília: amigo de invasor, acaba virando invasor também... Enquanto o processo continua tramitando, o representante da JAC Motors, para zelar
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denúncia
• GERAL •
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efetivamente pelo nome da empresa, poderia ter ido àTerracap e saber de quem é a área. E o documento da Terracap é claro ao dizer que a área total, de 160 mil metros quadrados, é do Grêmio. Poderia também ter procurado a Secretaria de Estado da Fazenda e saberia então que o IPTU/TLP aponta como proprietário o Grêmio Esportivo Brasiliense e que a área do terreno consta como 160 mil metros quadrados.
Reintegração de Posse No começo de janeiro, o Grêmio Esportivo Brasiliense ingressou com Ação de Reintegra-
ção de Posse junto à Vara Civel, de Família e de Órfãos e Sucessões na Circunscrição Judiciária do Núcleo Bandeirante, contra JAC Motors. Por telefone, Claudinei (ou Claudionei como também é chamado e conhecido), disse que o contrato com a Minas Areia e Cascalho vai até maio e que não vê razão para a preocupação do Grêmio. “Estamos procurando outra área e vamos sair em maio, eu mesmo já disse isto para o pessoal do Grêmio”, sem dizer qual o valor que está pagando a um invasor para ocupar a área invadida. Demonstrando muita tranquilidade, Claudinei fez questão de dizer reiteradas vezes, du-
rante os dois contatos telefônicos, que o departamento jurídico da JAC Motors, em São Paulo, validou as tratativas e considerou legais os documentos ‘de posse e propriedade’ apresentados pelo proprietário da Minas Areia e Cascalho.
Passado glorioso Segundo Roberto Nogueira, morador do Guará desde 1968 e profundo conhecedor da história do Clube, o Grêmio Esportivo Brasiliense foi fundado em 26 de março de 1959, tendo sido o primeiro campeão de futebol no DF, em 59 – antes mesmo da existência da Federação Metropolitana de Futebol. Depois, voltou a vencer o Candangão em 1970. Entre seus sócios ilustres, Pelé, que esteve com o Santos no antigo estádio, e o ex-presidente João Goulart – que fez a entrega oficial do terreno, em outubro de 1962. Do passado glorioso, pouco restou. Hoje, os que permaneceram, continuam lutando para que o clube volte a ter representatividade. Em termos de futebol, o Grêmio teve vários atletas de destaque, sendo que sempre teve uma forte atuação na formação de atletas, que atuaram no futebol candango. Apenas para exemplificar: dos jogadores em atividade, Kaká (Real Madrid) e Tiago Feltri (Vasco da Gama) atuaram nas categorias de base do clube que tem o verde e branco como cores oficiais.
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• PONTO DE VISTA •
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Justiça & Cidadania
Cabo de guerra destroça credibilidade da Justiça Juízes são imprensados entre a pecha de corruptos e a forma como são tratados pela cúpula de um poder oligárquico
Ilustração: WPessoa
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or mais jurídicos que possam ser os argumentos , a arrogância suicida do corporativismo não é capaz de enxergar o profundo estrago que vem causando à credibilidade da Justiça. A liminar concedida pelo ministro Marco Aurélio aos 45 minutos do segundo tempo transpareceu à sociedade como um abuso do poder de julgar. A legalidade da competência do CNJ para os processos disciplinares estava para ser decidida em setembro pelo plenário, quando um bate-boca público entre o presidente do STF e a corregedora Eliana Calmon provocou seu adiamento. Diante do recesso de ambos os órgãos em janeiro, a liminar terá pouco mais do que um efeito simbólico - mas o simbolismo no caso é altamente destrutivo. E não se pode dizer que a outra liminar, deferida pelo ministro Enrique Lewandowski, na noite da véspera do recesso, em um processo do qual sequer era relator, tenha suscitado menos controvérsia. O ministro foi acusado de ignorar um conflito de interesses, por ser beneficiário na forma de pagamento de crédito trabalhista, que estaria no âmago da fiscalização que sustou. A boa aparência da mulher de César se foi, mas as lideranças das associações que representam os juízes ainda não se aperceberam disso. Nem do conflito que existe no seio da própria magistratura. Os juízes acabaram imprensados entre a generalizada pecha de corruptos que lhes é erroneamente impingida e a forma como são tratados pela cúpula de um poder oligárquico. Enquanto 99% dos juízes auferem um crédito trabalhista em centenas de parcelas por falta de verbas, nosso 1% obteve as facilidades de pagamento à vista, por motivos ou fundamentos ainda ignorados. O manto que Eliana Calmon desvestiu, talvez até involuntariamente, mostra de forma aguda a desigualdade tradicional que marca o Judiciário, entre segredos, benefícios e decisões imperiais. Episódios como esse na verdade não são raros. Desembargadores recebem benefícios que não estão à altura dos juízes, alguns desem-
Marcelo Semer *
bargadores recebem tratamento que não está ao alcance dos demais e assim por diante até os ministros, em castas sucessivas. Aos servidores do poder, no andar de baixo, sempre sobra o argumento da falta de disponibilidade orçamentária para conceder reajustes. É evidente que o Conselho Nacional de Justiça deve ter competência para instaurar processos que não sejam abertos pelas corregedorias. O órgão foi criado para controle do Judiciário e não pode funcionar apenas como aporte subsidiário. Se os ministros do STF não reconhecerem isso no texto da Constituição, não há dúvidas que ela será alterada para tornar o controle mais explícito. Mas a defesa esganiçada do esvaziamento do poder disciplinar é nefasta por outros motivos. Nos tribunais, as corregedorias só funcionam para o andar de baixo. Os desembargadores não estão afetos a ela e as cúpulas jamais são investigadas. No episódio em questão, é de se perguntar, se o erro de pagar a alguns de forma diferenciada partiu da presidência do Tribunal de Justiça, quem vai instaurar a investigação se não o próprio CNJ? As antigas direções da AMB tinham uma interlocução mais realista com o Conselho. A entidade se opôs à instalação do órgão, a meu ver equivocadamente, mas em algumas medidas, como a proibição do nepotismo, agiu como parceira para viabilizá-lo.
A eleição do desembargador Calandra para a presidência da associação, coincidindo com a do próprio Peluso para comandar o STF, acabou por instalar um ânimo de confronto e uma agenda que é mais próxima da cúpula do que da base do Judiciário. É certo que o destempero verbal de Eliana Calmon também contribui para o embate, mas o acirramento por parte dos juízes apenas a consolida na figura mítica da caçadora de corruptos e ainda lhe fornece o álibi para a não-identificação de nossas maçãs podres. Afinal, depois da varredura de tantas contas, qual foi o juiz ‘vendedor de sentenças’ que ela encontrou? A política dos desembargadores também encontra resistência entre os juízes, que suportam no dia-a-dia o ônus da rejeição por decisões de que não foram responsáveis nem mesmo beneficiários. Que o próprio CNJ aprenda com o episódio a valorizar a democracia interna, que nunca foi sua preocupação, e participar da ruptura dessa visão oligárquica ainda persistente nos tribunais e em muito responsável pelo elitismo na prórpia distribuição da justiça. Não devemos nos esquecer, porém, que o enfraquecimento do Judiciário só interessa a quem detém poder e não a quem precisa recorrer a ele para conter a violência e a ganância daqueles que o oprimem. * 45 anos, juiz de direito em São Paulo e escritor. Membro e ex-presidente da Associação Juízes para a Democracia, autor do romance “Certas Canções”. Texto extraído, com autorização, do http://blog-sem-juizo.blogspot.com/
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• ESPORTES •
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2012: mais um ano de péssimo futebol? Prestes a voltar às atividades, com os chamados ‘regionais’ e a fase inicial da Libertadores - para Inter e Flamengo – o torcedor brasileiro pode ser preparar para um ano onde a bola continuará sendo judiada.
Ilustração: Carlos Alberto Brasil
Roberto Carvalho - Torcedor
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ara quem ainda duvida da força do futebol – apesar de toda bagunça, desorganização, amadorismo administrativo, baixa qualidade técnica de boa parte dos jogadores, ação nefasta da arbitragem – vale lembrar que o fim do Brasileirão 2011 representou uma queda brusca na audiência da TV Globo nas tardes de domingo. Tanto isto é verdade que ela, a suposta toda poderosa, se viu obrigada a patrocinar amistosos caça-níquel. Por conta desta força da audiência, logo em janeiro começam os regionais – com jogos praticamente em todos os dias da semana. Até no sábado à noite tem – no caso, do Gauchão. O que eu não entendo ainda é a razão pela qual a CBF e a própria Globo não organizam um jogo para marcar ‘oficialmente’ a abertura do ano futebolístico. No caso, minha
ideia seria a disputa de um troféu entre o ganhador da Copa do Brasil e do Brasileirão do ano anterior – visto que a partir de 2013, TODOS os times deverão participar a Copa do Brasil – mesmo aqueles que estejam disputando a Libertadores. E o mais impressionante neste começo de 2012 é o jogo de cena dos dirigentes de alguns clubes. Não sou torcedor do Flamengo, muito pelo contrário: meu time reiteradas vezes foi prejudicado em jogos contra o time carioca, contando em tal cruzada com a ação desastrosa de alguns árbitros. No caso do Flamengo, o clube deve para todo mundo, está com salários atrasados, deve milhões só para Ronaldinho ‘baladeiro’ e ainda é capaz de criar factóides (que são devidamente repercutidos pela imprensa do Rio e um bando de puxa-sacos pelo Brasil afora), como por exemplo o
anúncio da contratação de Vagner Love por sei lá quantos milhões. Exemplar, neste sentido, tende a ser o desfecho da novela envolvendo Thiago Neves – onde os detentores dos direitos federativos (é uma confusão danada entre direitos econômicos e direitos federativos de cada atleta) só querem negociar com garantias reais. Claro que menciono o Flamengo por ter sido transformado em clube mais popular do País pela massiva e enojante exposição que a TV Globo vem dando ao longo dos anos, mas a verdade é que 2012 tende a ser um ano onde o futebol continuará sendo pobre tecnicamente – mercado propício para estrelas decadentes ou trogloditas. Só quem conseguirá enxergar algum glamour será uma mídia esportiva – que prima pelo amadorismo, incompetência e falta de compromisso...
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• TURISMO •
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ecoTurismo
GDF estabelece normas para o setor
Lei sancionada pelo governador Agnelo Queiroz permite turismo mais sustentável em áreas rurais do DF Brasília – O Distrito Federal conta, a partir deste ano, com uma legislação específica para o Ecoturismo. O governador Agnelo Queiroz sancionou a Lei Distrital Nº. 4.735, que traça diretrizes e objetivos para esse segmento. Conforme a legislação, as iniciativas do empresariado voltadas para o setor terão que levar em conta questões como conservação da natureza, sustentabilidade, redução de resíduos sólidos nos locais das atividades, políticas de conscientização e educação, assim como preservação de monumentos (tanto históricos e culturais, como ambientais). Quem descumprir as normas estará sujeito a multas e embargos. A lei 4.735 estabelece como devem ser direcionadas as medidas que irão nortear o ecoturismo no Distrito Federal, dá relevância ao treinamento de recursos humanos para a realização da atividade – nem sempre oferecida por pessoas capacitadas – e destaca a cooperação intersetorial.
Conservaçãoda natureza
Roteiro integrado
A lei 4.735 evidencia a preocupação do Governo do Distrito Federal (GDF) em estimular o Ecoturismo e utilizar o segmento de uma forma equilibrada, que conserve a natureza e gere mais emprego e renda para a população. Na avaliação do governador Agnelo Queiroz (PT), as regras são importantes porque, além de estimularem o ecoturismo no DF com preservação e sustentabilidade, proporcionam condições para maior desenvolvimento econômico e social por meio dessa atividade. “Uma lei de Ecoturismo própria para o Distrito Federal não apenas permitirá mais organização e estrutura para o segmento, como ajudará a movimentar a economia local e contribuirá para o uso adequado das nossas paisagens naturais”, ressaltou.
Juntamente com a lei recém-sancionada, outra medida que ajudará a impulsionar o setor como um todo na capital federal diz respeito à parceria formada recentemente com a Universidade de Brasília (UnB). O GDF e o Centro de Excelência em Turismo (CET) da UnB estão mapeando gargalos e potencialidades do DF quanto ao assunto. Os dados, que estarão disponíveis em breve, serão fundamentais para o planejamento das ações para os grandes eventos que Brasília sediará, como a Copa do Mundo de 2014. Entre os empresários que já atuam no segmento, a lei chegou em boa hora. É o caso de Manoel Imperial, proprietário da Chapada Imperial, conhecida reserva ecológica destinada ao ecoturismo em Brazlândia.“A legislação é positiva, estávamos esperando por ela. O setor precisava de uma normatização que seguisse as demandas atuais”, afirmou.