revista leitura de bordo 13

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Estádio Nacional de Brasília

Ano 4 – nº 13 – Novembro/Dezembro de 2012 – R$ 6,50

Não há Lisboa sem o fado

Em 2013, o vinho invade a avenida

E o Rio renasceu


Cartas/Expediente

SE A PAISAGEM TIRAR O FÔLEGO, O AR PURO RECUPERA OS SENTIDOS.

Quem vem a Brasília sempre elogia seu projeto urbanístico que privilegia a qualidade de vida de seus habitantes, os amplos espaços, o horizonte livre e o verde que abraça as quadras e edifícios. Ao todo, são 68 parques distribuídos em diversos pontos da capital, com destaque para o Parque da Cidade, o maior da América Latina, cujas atrações esportivas e de lazer fazem dele um lugar muito apreciado por todos. Brasília. Uma cidade com muitos patrimônios pra gente se orgulhar. www.gdfdiaadia.df.gov.br 2 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br


Editorial

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Edição anterior

Próxima edição Israel cria

Intercâmbio,

a trilha do Evangelho

uma opção segura para aprender

Goiânia

Grêmio inaugura

no Roteiro testado

nova Arena em dezembro

Mundo pet:

O encanto dos aquários

No Douro,

é tempo de vindima

Revista Leitura de Bordo – Ano 4 - nº 13 – novembro/dezembro de 2012 É publicação bimestral da Wosseb C&M e circula nacionalmente nos principais aeroportos e rodoviárias; encaminhada às agências de viagem, hotéis e distribuição institucional. Tiragem: 25 mil exemplares Coord. Editorial: Sandra Fernandes

Capa: Alexandre Macieira/Riotur Fotos: Wosseb C&M

Editor: Alfredo Bessow

E-mail: leituradebordo@gmail.com

Comercial: Wosseb C&M (+55 61 8150 0256)

Site: www.leituradebordo.com.br

Operacional: Roberto Carvalho

Escritório: CLSW 303 Bl. A – Ent. 16 – Sl. 109 Setor Sudoeste – 70673-621 – Brasília (DF) Impressão: Elite Gráfica +55 62 3548 2224

Projeto Gráfico: MadMídia (+ 55 61 3967 0013) Editoração Eletronica: Wellington Pessoa

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|::Índice::| Na próxima edição

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Proseando

|6|

| 36 | Bricolagem O fascínio de dizer fui eu que fiz!

| 38 | Eventos

O turismo não aceita improvisação

Entrevista

Festas pelo Brasil

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| 39 |

Quem tem medo das TVs Comunitárias?

Ponto de Vista

Tempo de Natal, tempo de magia

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| 40 |

Tributação: mudanças necessárias

Roteiro Testado

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| 42 |

| 22 |

| 44 |

| 25 |

| 45 | Comunicação Rádio: de volta ao começo

| 29 |

| 46 |

Verão, tempo de vinho

Comportamento

Check in Revista Leitura de Bordo na Feira da Abav

| 32 |

| 48 | Humor

O direito de discordar

Saúde

Relatos de viagem Leitores falam da revista e de suas viagens

Estádio Nacional de Brasília: arrojo e sustentabilidade

Enogastronomia

Mundo Pet

Viajar com a família e o cachorro exige cuidado e atenção

Em 2013, o vinho invade a avenida

Caderno da Copa

Pelo Brasil Cidades valorizam o carnaval à moda antiga

Não há Lisboa sem o fado

Agende-se

Bem Viver

A disputa do bar e da academia

| 34 |

| 49 |

Aceite o desafio de ter uma vida equilibrada

Retratos de viagem

Ft.: Pedro Kirilos / Riotur

Ft.: Alfredo Bessow

Viajou? Fotografou? Mande pra gente...

Com a polícia na rua e a implantação de UPPs nas favelas, o Rio de Janeiro voltou a ser um lugar seguro para turistas e moradores. Especial - O Rio renasceu na pág. 12.

Toda foto possibilita muitas leituras. A proposta é publicar fotos que instiguem o leitor a reinventar as razões do fotógrafo. Outro olhar na pág 50. www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 5


Especial de Brasília

O turismo não aceita improvisação

D

urante muitos anos, o órgão responsável pela divulgação do turismo brasileiro no mundo se portou como um órgão e fez dos glúteos vistosos de mulatas e da apoteose do carnaval, o eixo central de campanhas que tinham como objetivo a venda do Brasil como destino turístico. Nada contra o esplendor visual, ainda mais em tempos nos quais não havia photoshop – mas cabe a constatação de que essas ações se revelam ainda hoje bastante perversas. Havia outras ferramentas também, como as turnês de grupos como os de Sargentelli, com o mesmo binômio bunda e carnaval. Felizmente com o advento do governo Lula, a Embratur foi deixando de ser “lembra-bunda” – mas ainda dá umas rateadas neste sentido, de quando em vez – para vender o Brasil como um todo. Sobre o carnaval, tenho opinião bem simples: para mim, é igual a uma prova de F1. É bom olhar ao vivo, na pista – mas você aproveita bem mais assistindo pela TV... Essa fixação dos entes do nosso turismo em apenas propagar o Rio deve ter muito a ver com uma visão ainda colonial-reducionista. Já há pesquisas indicando uma crescente opção dos turistas por roteiros diferenciados em nosso País. É importante ressaltar que temos uma diversidade de atrações – artesanatos, naturais, culturais, folclóricas, históricas – que transcendem a este perverso reducionismo que alguns ainda insistem em querer justificar. Fortalecer o turismo em nível nacional é a única forma de ampliar o tempo de estada do turista em nosso País – mostrando que somos mais do

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Alfredo Bessow*

que bundas em termos de atração e vamos bem além do Carnaval, quando o assunto é cultura. Volto a dizer: uma não exclui a outra, mas devem ser complementares, porque o turismo é um vetor muito forte para fortalecer as economias dos pequenos municípios e que muitas vezes não encontram espaço – e nem apoio! – para divulgar as suas potencialidades. Eu sei que nesta hora todo mundo lava as mãos e bate no peito: mas eu já faço isso, eu já propicio aquilo. Isso não passa de balela. Conversando com operadores de turismo consolidou-se a convicção pessoal de que o grande gargalo está na improvisação. Nós não temos culturalmente o turismo como algo sério, como gerador de renda e emprego. Por mais fantásticas que sejam as atrações de uma cidade ou de uma região, elas não irão virar destino turístico em um passe de mágica. Isso demanda uma série de ações – até para não queimar o produto. Envolve ações de educação junto aos operadores de turismo naquela comunidade – de um prosaico balconista de uma lanchonete ao atendente do balcão de informações turísticas (quando houver). O problema, ao menos na minha opinião, está no costumeiro imediatismo dos políticos. Investir em turismo é um processo longo e que demanda ações continuadas – inclusive com investimentos em infraestrutura, treinamento e... infraestrutura, treinamento e muita persistência. Ou se faz isto de modo conjunto, ou as bundas continuarão a ditar roteiros. Até mesmo por falta de informação acerca das outras opções. * Jornalista e escritor.


Entrevista

Quem tem medo

das TVs Comunitárias?

O jornalista Paulo Miranda, eleito presidente da ABCCOM-Associação Brasileira de Canais Comunitários no VIII Congresso da entidade realizado em Brasília no final de novembro, fala, nesta entrevista, dos desafios que as TVs Comunitárias enfrentam em todo país, dos gargalos impostos pela legislação e até mesmo do boicote que elas sofrem de governos. A ABCCOM congrega 61 emissoras em todo Brasil. Revista Leitura de Bordo – Quem tem medo das TVs Comunitárias? Paulo Miranda – A grande mídia e os grandes conglomerados. Eles já perceberam que nós não queremos ser emissoras capengas, sucateadas e sem capacidade de ter audiência, a partir do nosso poder de intervir na sociedade. Revista Leitura de Bordo – Muito se fala em modelo digital no segmento da TV e também convivemos com a realidade de uma migração de telespectadores para os canais fechados ou TVs por Assinatura. Qual a luta das TVs Comunitárias nestes dois segmentos? Paulo Miranda – A ABCCOM continua alerta na luta pela manutenção das TVs Comunitárias no modelo de TV por assinatura no cabo, via fibra ótica. Mas luta também para estar presente nos demais modelos tecnológicos, tais como MMDS, satélite, celular e pacotes de empresas de telecomunicações, como prevê a Lei nº 12.485, a de Serviço de Acesso Condicionado. Revista Leitura de Bordo – As TVs Comunitárias são boicotadas pelos governos na hora de inserção de mídia institucional e de utilidade pública?

Paulo Miranda – O Brasil está mais de 20 anos atrasado por ainda não ter uma política de mídia comunitária, de mídia alternativa. O Canadá e os Estados Unidos já têm essa política de sustentabilidade de emissoras populares. Nossos governos acham que é crime financiar mídias comunitárias, morrem de medo das sete famílias * que mandam na comunicação brasileira. Esse é um problema a ser superado. Revista Leitura de Bordo – E a questão da busca de mídia privada? Paulo Miranda – A publicidade privada não interessa às rádios e às tevês comunitárias porque nós não queremos vender nada nem cair nessa armadilha. Na ditadura militar, o Coojornal, um periódico gaúcho de excelência, circulava em nível nacional com mídia privada. Depois faliu, em menos de três meses. A mídia privada sumiu após pressão do governo e do mercado contra um jornal que queria a democracia no país.

Paulo Miranda - presidente da ABCCOM

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Entrevista

Representantes das TVs Comunitárias de todo País participaram do congresso da entidade.

Revista Leitura de Bordo – As TVs Comunitárias defendem a criação de um Fundo de Apoio. Pode explicar essa proposta? Paulo Miranda – No Canadá há um fundo de 79 milhões de dólares por ano para as rádios e tevês comunitárias. Nos Estados Unidos, cada empresa de TV a cabo é obrigada a destinar 2% do seu faturamento bruto mensal para as emissoras comunitárias. Por isso, a mídia comunitária canadense e estadunidense é forte. Aqui no Brasil, ainda não é possível, por falta de vontade política, implantar o orçamento participativo no bolo publicitário do governo federal, dos estados e dos municípios. Mas temos que ter a coragem de fazer isso. No DF, o projeto de lei do deputado distrital Cristiano Araújo é uma ótima iniciativa ao destinar 5% da publicidade institucional do GDF para as mídias comunitárias. Espero que a Câmara Legislativa do DF seja a primeira no país a aprovar uma iniciativa que retira da miséria a nossa mídia alternativa. Seria importante que legisladores de outros estados também tivessem a coragem de consignar em Lei, um percentual para a mídia efetivamente comunitária. 8 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

Revista Leitura de Bordo – E como seria feito o reparte dos recursos? Paulo Miranda – Veremos no momento da regulamentação. Revista Leitura de Bordo – Quem teria a responsabilidade de gerir e administrar esse fundo? Paulo Miranda – Os governos. Essa é a minha defesa. Revista Leitura de Bordo – Por que as chamadas TVs comerciais temem tanto as TVs Comunitárias? Paulo Miranda – Elas não querem ser incomodadas. Querem audiência fácil e faturar com veiculação do lixo internacional produzido lá fora, sem gerar emprego e renda no Brasil. 10. Revista Leitura de Bordo – Para a realidade e a dimensão do nosso País, o número de TVs Comunitárias é pequeno. Existe algum tipo de boicote? As operadoras montam alguma estratégia para evitar que as TVs Comunitárias funcionem – além do gargalo financeiro que é imposto pela Legislação? Paulo Miranda – As operadoras criam uma série de dificuldades. Seus proprietários não enten-


Entrevista dem que o serviço de comunicação é um serviço público, concessão do Estado e, portanto, sujeito a regras sociais. 11. Revista Leitura de Bordo – Qual a opinião e posição da ABCCOM em relação à discussão do marco regulatório para a mídia? Paulo Miranda – Tem gente que ganha dinheiro só para ficar falando em novo marco regulatório. Mas todas as novas leis no setor não beneficiaram o povo brasileiro, apenas algumas pessoas. Veja só: hoje o Carlos Slim, um suspeito mexicano, é dono da Claro, da Embratel e da NET. Sky e Direct TV pertencem ao Murdoch. A última lei aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pela presidenta Dilma Rousseff, a Lei 12.485, é péssima. Então que marco é esse que estão querendo? O que acaba com o programa da Voz do Brasil? Tô fora. 12. Revista Leitura de Bordo – Quais os grandes desafios desta nova gestão? Paulo Miranda – O nosso oitavo congresso aprovou um plano de metas com 23 pontos. São metas que passam pela luta para pagar luz, água e aluguel até a viabilização de um canal comunitário via satélite no país.

Didi, que presidiu a ABCCOM, ao lado de Paulo Miranda

* Em tese, os grupos que detêm o monopólio dos meios de comunicação em nosso país se dividem em oligarquias nacionais e feudos regionais, onde pontificam sobrenomes como Marinho, Frias, Civita, Mesquita, Saad, Abravanel, Macedo, Sirotsky – além de clãs familiares, como Sarney, Collor, herdeiros de ACM. (Nota do editor)

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Tecnologia

Tributação:

Mudanças necessárias Paulo Antenor de Oliveira *

A

primeira mudança no discurso da Reforma Tributária está no próprio discurso: a não ser que se deseje mudar a estrutura do Estado brasileiro, não há espaço para se realizar uma reforma no modelo de tributação existente hoje no nosso país. No máximo, é possível realizar algumas mudanças pontuais, como na questão do ICMS, desde que haja um grande acordo com a maioria das unidades da federação, principalmente aquelas unidades com mais representatividade no Congresso Nacional, que normalmente são as mais desenvolvidas. Também não se pode afirmar que o governo central está realmente empenhado em que se faça grandes mudanças no atual modelo de tributação, embora seu discurso não

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seja este. Isso é fácil de compreender pois o atual modelo lhe garante a gestão de cerca de dois terços de tudo que se arrecada de tributos em nosso país. Na verdade, no atual modelo a autonomia das unidades federadas, no que diz respeito a recursos próprios, está perigosamente no limite. Se fosse o caso de se analisar os municípios, essa autonomia, se existisse, não poderia ser sequer considerada. Então registre-se que o governo central não irá trabalhar para retirar de seus recursos e transferi-los para estados e municípios. E há uma grande expectativa de que com grandes mudanças no sistema tributário existente na Constituição Federal a carga tributária diminuirá. Isto é uma grande ilusão. O tamanho da carga tributária tem menos a ver com


Ponto de Vista o modelo tributário e mais a ver com tamanho do Estado, controle de gastos fiscais, eficiência e combate ao desperdício de recursos e à corrupção. Não há mágica que faça a carga tributária diminuir de um momento para outro. E as alíquotas de tributos são determinadas por Leis e não pela Carta Magna. Ou seja, para se pagar menos Imposto de Renda, deve-se alterar as leis que regem a matéria e não modificar a Constituição Federal. Para isto precisa-se procurar espaço no Orçamento e realizar a renúncia da receita. Não é um debate fácil, mas é um debate necessário. Quanto ao controle de gastos, busca da eficiência e combate ao desperdício de recursos e à corrupção traz resultados mais rápidos, não necessita de mudanças significativas na legislação e abre espaço para a diminuição da carga tributária. Esbarra, no entanto, no atual modelo político brasileiro, que não favorece em nada nenhum dos fatores acima. Ou seja, o sistema tributário deve ser compreendido como um subsistema de um sistema maior, convivendo com outros subsistemas como o

econômico, o político, o financeiro, o administrativo, etc. Não se pode imaginar a alteração de um subsistema sem imaginar as consequências nos outros subsistemas. Mas voltemos ao tema tributação e um dos assuntos do momento, que é o incentivo tributário dado pelo governo a setores da economia. A dispensa de recebimento de recursos tributários para esses setores deveria ser precedida de grande debate por parte da sociedade brasileira. Não é. Mais um grande equívoco do nosso sistema tributário.

* Paulo Antenor de Oliveira Vice-presidente do Sindireceita Sindicato Nacional dos Analistas Tributários da Receita Federal e suplente de Senador pelo Estado do Espírito Santo.

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Ft.: Ricardo Zerrener/Riotur

Especial

Copacabana:

O cartão postal do Brasil voltou a sorrir Depois de entrar numa espiral de medo e violência, aos poucos o Rio de Janeiro está conseguindo virar o jogo e ser, outra vez, a opção de entrada dos turistas que chegam ao Brasil

A

primeira fonte de informação in loco que o turista tem ao chegar em qualquer cidade – quer brasileiro ou vindo do exterior – é o taxista. No Rio de Janeiro, não é diferente. O que mudou foi o discurso, antes pautado por recomendações para evitar que o visitante fosse tragado pela violência da cidade, agora muito mais solto, chamando a atenção dos forasteiros para as inúmeras belezas locais e para a hospitalidade carioca. “Eu posso dizer que o Rio voltou a ser uma cidade segura para os turistas, graças às ações dos governos com as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadoras), com o policiamento ostensivo nas ruas e a colocação de câmeras

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que acompanham e monitoram a movimentação das pessoas” discorre André Miranda, taxista que atua no Galeão e que trabalha com o chamado “transporte turístico”. Mas André faz questão de enfatizar: “Nós, que atuamos na praça, sentimos essa mudança porque está mais seguro para quem trabalha”. A sensação é compartilhada por Marina Souza, gerente do Brasileirinho, restaurante que fica na Av. Atlântica com a Antonio Gonçalves, em frente ao Posto 5, em Copacabana. “Moro a quatro quadras daqui e muitas vezes vou para casa a pé, de madrugada, depois de fechar o restaurante, pois sempre tem policiamento e me sinto segura”, enfatiza ela.


Especial Valorização

Restaurante ocupou espaço desativado

Brasileirinho, um exemplo Por falar neste restaurante localizado em área privilegiada, cabe prestar atenção no seu histórico. Mesmo sendo um ponto especial, o espaço ficou fechado por oito anos, servindo de depósito do Hotel Debret. “Ninguém queria isto aqui”, diz o engenheiro Márcio Carvalho, gerente da casa – que abriu suas portas há um ano e meio e jamais teve qualquer problema com assaltos ou arrastões. No caso do Brasileirinho, mais de 20 empregos diretos foram gerados por conta do aumento da vigilância e de uma retomada de controle, por parte do Estado, de áreas antes entregues ao tráfico e à violência. A goiana Luana Sardinha, formada e pós-graduada em turismo, tentou muitas vezes convencer a família a deixá-la ir para o Rio a fim de trabalhar na sua área de formação. “Minha mãe só concordou em deixar eu vir quando se convenceu de que morar e trabalhar no Rio tinha voltado a ser seguro”, conta sorrindo. “Claro que mudou, e muito, mas isto passa pela ação efetiva do policiamento. Se relaxar ou diminuir a presença dos policiais, tudo voltará a ser como era antes”, destaca Nilton Viana, outro taxista que trabalha em uma das áreas enigmáticas desta nova fase do Rio: na “entrada” do complexo de favelas do Pavão – Pavãozinho e Cantagalo.

O resgate do patamar de área segura gerou benefícios diretos e indiretos. André conta, bem humorado, histórias de turistas que ficam temerosos de balas perdidas durante passeios pela cidade. “Felizmente isso faz parte do passado e a gente espera que nunca mais retorne àquele tempo que era de medo e de insegurança”, discorre ele que faz questão de ressaltar: “Não vivemos em uma ilha da fantasia. Mas hoje temos aqui a violência que infelizmente é comum a todos os centros urbanos do mundo”. Kits na região de Copacabana que há cinco/seis anos eram entregues por R$ 25 mil, hoje são disputadas por valores na casa de R$ 200 mil. Essa mudança tem dois lados, inclusive nas áreas pacificadas em favelas, onde os aluguéis também aumentaram – uma casa/barraco pode custar até R$ 1,5 mil por mês. Lojas na região já não sofrem mais com a ação de drogados e menores que cometiam pequenos delitos. Os comerciantes comemoram, mas preferem não se identificar. Ainda paira neles um certo receio de que o governo possa achar que resolveu o problema do delicado convívio entre a Zona Sul e a favela.

O resgate da tranquilidade é conquista de todos www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 13


Especial Estava condenado mas... Os grandes hotéis comemoram a volta dos turistas – resgatando o glamour que a cidade sempre teve, principalmente Copacabana que exerce uma espécie de fascínio sobre o imaginário de quem visita a antiga Capital do País. Mas não são apenas os hotéis de bandeiras famosas que comemoram. O Ducasse Rio Hotel é um exemplo do que ocorre nos dias atuais. Localizado na “porta de entrada” da favela, houve um tempo em que os hóspedes sumiram, por conta dos tiroteios e do risco de balas perdidas. Depois da implantação da UPP e do policiamento que sempre está presente, o Hotel, que fica a poucos metros da praia de Copacabana e tem preços bem em conta, voltou a ter movimento. Com a intervenção do governo investindo pesado em repressão – única linguagem que o marginal sabe respeitar – foi possível iniciar o processo de resgate do Rio. Mas se há o que comemorar, há muito ainda por fazer. E isso só será possível com a continuidade da política de segurança ostensiva – exemplo que poderia ser seguido por outras cidades hoje mergulhadas na violência e no caos, como Brasília, São Paulo, BH...

André Miranda: o turista percebe a mudança no Rio

Copacabana, tendo ao fundo as favelas pacificadas 14 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

Policiamento, essa a receita para o renascimento do Rio


Roteiro Testado


Roteiro Testado

Graças aos voos, diretos, que partem de vários aeroportos brasileiros, conhecer Portugal virou alternativa para quem anda assustado com os preços de outros roteiros.

M

ais do que a terra de Camões, Cabral e Fernando Pessoa, Portugal é a “terra do fado” – essa canção que tem jeito de lamento, mas que é bem mais do que isso: é a alma de um povo que é melancólico, que por vezes parece aprisionado a um passado de esplendor, como se fosse difícil se deparar com uma nova realidade. Mas, antes de continuar falando de fado...vamos falar dos atrativos que existem em Lisboa – e eles são muitos. Aqui vai, no entanto, um lembrete: evite os elétricos (simpáticos bondinhos), para não ser vítima dos carteiristas (pequenos assaltantes que fazem a coleta por conta da superlotação e do descuido de turistas).


Torre de BelĂŠm na foz do Tejo

Roteiro Testado

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Praça de touros do Campo Pequeno

Prepare-se para andar

É possível se movimentar confortavelmente usando ônibus urbanos – que funcionam bem, são relativamente baratos e contam com motoristas educados. Claro que alguns viajantes se sentem mais seguros contratando city-tours, mas a proposta aqui é mostrar que vale a pena se aventurar pela magia de Lisboa. Destaque para a hospitalidade dos portugueses, sempre dispostos a atender e dirimir as dúvidas dos turistas em relação a endereços e opções

Elétricos de Lisboa

Assim, reserve um dia para ir a Belém.

Lá, há inúmeras atrações: Mosteiro dos Jerônimos, Padrão dos Descobrimentos, Torre de Belém, Museu dos Coches (carruagens), os inigualáveis pastéis... Para almoçar, procure a Adega de Belém – com bons vinhos, comida bem preparada, atendimento cortês, ambiente aconchegante e, o mais importante, um preço pra lá de convidativo. No passeio a Belém, chegue cedo para aproveitar bem as atrações. Mas se prepare para caminhar – de preferência com tênis ou calçado confortável.

Escadarias na Mouraria


Mosteiro dos Jerônimos

Oceanário

Esta é outra visita que deve ser feita com todo vagar. É um espaço de tirar o fôlego, dado o gigantismo do projeto. Não tenha pressa. Aproveite para se sentar diante dos imensos vidros e ver, de bem pertinho, tubarões, arraias gigantes e cardumes e mais cardumes de peixes. Esqueça o tempo e aproveite – e procure ser educado: se for fazer fotos, não use o flash. Uma das atrações do Ocenário é a loja que vende produtos e souvenirs do local. A surpresa fica por conta dos preços: pra lá de acessíveis e nada escorchantes, bem diferente da prática que costumamos ver em outros lugares. Ali perto tem uma churrascaria chamada O Gaúcho – mas, cá entre nós: quem iria a Portugal para comer churrasco se há uma culinária rica à sua espera? Ainda nas cercanias, está a Gare Oriente – uma estação de ônibus, trens e metrô. Sua arquitetura arrojada encanta – como a extrema limpeza do chão e dos banheiros, a despeito do movimento intenso.

Museu dos Coches

Padrão dos Descobrimentos

Com os pés no Tejo

Outro cartão postal e visita obrigatória é a Praça do Comércio. Majestosa e imponente, ela é o espaço usado pelo governo português para a recepção de visitantes ilustres – inclusive com um pequeno cais para atracar algum barco. Estando na Praça do Comércio, aproveite e conheça o café e restaurante Martinho da Arcada, fundado em 1778 - três anos depois de Lisboa ter sido devastada pelo terremoto. Lá você verá intacta a mesa na qual Fernando Pessoa, segundo a lenda, teria escrito e burilado os versos do livro Mensagem. A Praça remonta aos tempos do Marquês de Pombal, o homem que pegou um País destroçado por terremoto, incêndio e tsunami e tratou de olhar para o futuro. Há rua dos Bacalhoeiros, do Prata e outras expressões que nos fazem viajar pelo tempo e pensar na extrema ousadia de uma figura até certo ponto visionária e que foi fundamental tanto para Portugal quanto para o Brasil.

Adega de Belém


Grupo musical da Adega Machado

Quer fazer compras?

Estando na Praça do Comércio, pegue a Rua Augusta e se deleite. Há lojas de grifes, bancos e muitos comércios com artesanato – inclusive legítimos exemplares “made in China”. Os nomes dos bairros antigos de Portugal têm um quê de encanto: Mouraria, Muralha, Rossio, Chiado, Bairro Alto. Vale a magia da descoberta...

Um castelo

Ao Castelo de São Jorge se chega por elétricos, ônibus, taxis ou... a pé. É uma caminhada longa, sempre em subida – mas que vale a pena. Passa-se pela igreja da Sé, com seu aspecto pesado e soturno. Há um quê de emoção ao ler a placa indicando a casa onde a primeira fagulha do abril de 74 criou vida na voz de um poeta. Mais adiante, os vestígios daquilo que foi um Teatro Romano – dos tempos imemoriais e nos quais Portugal era de Roma, como também foi dos mouros...

Artesanato na rua Augusta

Do alto do Castelo de São Jorge – que os historiadores acreditam ter sido edificado a partir do Séc. II a.C. e que ao longo do tempo foi sendo adequado aos padrões de quem dominava e controlava Lisboa - a vista da cidade emociona. Pode-se ver, por exemplo, os vestígios da Igreja do Carmo, naquilo que sobrou depois do terremoto de 1755. Perto dos escombros, dê uma passada no café A Brasileira e não se envergonhe de fazer uma foto ao lado da estátua em bronze de Pessoa.

Bem comer

Esqueça se alguém por acaso tenha lhe dito que o português é um povo sisudo. Pode ser efeito da crise, mas a verdade é que nem por isso, tratam o turista como vítima. Faça uma aposta ousada: busque os restaurantes que os portugueses frequentam. Não se atenha tanto aos indicados por especialistas. Além de, geralmente, mais baratos, é nos pequenos espaços que você poderá saborear uma comida de qualidade.

Praça do Comércio


Castelo de São Jorge

Restaurantes no Rossio

Rio Tejo

E o fado?

Há vários bons programas para a noite em Lisboa – mas nada se iguala ao fado... Nesse caso, o destino é o Bairro Alto – com uma profusão de casas onde o fado é tratado como algo litúrgico. Mas não pense que você vai encontrar imitadoras de Amália Rodrigues – que é cultuada como a voz e a alma portuguesa. O fado, em Portugal, revela um vigor que surpreende com a chegada de novos intérpretes, novos músicos e novos compositores. Há vozes de extrema densidade, composições bem elaboradas e tudo isto em ambientes aconchegantes, lúdicos, onde as pessoas têm o hábito de falar baixo e há um respeitoso silêncio durante as apresentações. Por mais encantadores que sejam os prédios históricos e a própria história de Lisboa, a bem da verdade, a autêntica alma de Lisboa e do seu povo está no fado...

Ruínas de um teatro romano

Bairro Alto, reduto do fado


Agende-se

Em 2013, o vinho invade a avenida Com ousadia, o Ibravin – Instituto Brasileiro do Vinho está tentando uma verdadeira quebra de paradigmas: mostrar que vinho e carnaval podem sim dar samba. De acordo com Carlos Raimundo Paviani, diretor-executivo do Instituto, a popularização do consumo de vinho brasileiro no Brasil pode ser alavancada com essa parceria. “O que estamos propondo é uma mudança de atitude: o consumo de espumante e de vinho em uma festa tradicionalmente ligada à cerveja”, destaca ele. Tanto no caso da Restinga quanto no da Vai-Vai, os próprios sambistas acabaram consumindo espumantes e vinhos nos barracões das escolas. Esta estratégia de massificar a divulgação dos produtos nacionais é de longo alcance e objetiva, também, a Copa do Mundo e as Olimpíadas no Brasil. O enredo da Vai-Vai, a quarta escola a entrar no Sambódromo Paulista na sexta-feira (8 de fevereiro), será “Sangue da terra, videira da vida: um brinde de amor em plena avenida – Vinhos do Brasil”. Ela é a maior detentora de títulos do carnaval de São Paulo, com 14 campeonatos, sendo o último deles em 2011.

Ft.: Janice Prado/Ibravin

Depois de ganhar o carnaval de Porto Alegre em 2012, quando foi enredo da Estado Maior da Restinga, o vinho voltará para a avenida. Desta vez, pela Vai-Vai de São Paulo

22 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br


Agende-se Patrocinadores Os recursos à escola virão de fornecedores do setor, através da Lei Rouanet. “Demoramos muito tempo pra perceber a harmonia e o potencial que há entre a maior festa popular do mundo, que é o Carnaval, e o vinho, uma bebida tradicionalmente ligada à cultura e à celebração”, disse o presidente do Conselho Deliberativo do Ibravin, Alceu Dalle Molle. O patrocínio master é exclusivo da Verallia. Outros patrocinadores são a Tetra Pak, o Governo do Estado da Bahia e as vinícolas Arbor, Aurora, Góes, Perini e Salton. O apoio será da Scholle Packaging e da Miolo. O suco de uva também estará presente com patrocínio das vinícolas Arbor (Greenday) e Perini.

Definidos os vinhos

Ft.: Janice Prado/Ibravin

Em uma promoção do Instituto Brasileiro do Vinho (Ibravin), mais de 80 pessoas escolheram os três vinhos oficiais do Carnaval 2013, quando a Vai-Vai buscará o 15º título com o tema-enredo sobre os Vinhos do Brasil. Além de jornalistas e sommeliers, a lista

“É com muito orgulho que vamos contar a história e a evolução dos Vinhos do Brasil, buscando mais um campeonato para a Vai-Vai”, disse Neguitão, presidente da escola. “É um tema campeão”, arrematou. www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 23


de convidados contou com a maioria formada por integrantes da comunidade do Bixiga e da Escola, que tem 82 anos de história. Os preferidos foram o Aurora Saint Germain Branco Assemblage, da Aurora (Bento Gonçalves); o Arbo Merlot, da Vinícola Perini (Farroupilha); e o Quinta Jubair Tinto Suave, da Goés (SP). Os vinhos eleitos democraticamente serão vendidos nos eventos da Vai-Vai e nas arquibancadas do Anhembi no Carnaval 2013 a preços populares. A novidade é que os rótulos escolhidos serão distribuídos e vendidos em uma inédita embalagem de 250 ml da Tetra Pak. A caixinha é exclusiva para o Carnaval, com a promoção da marca setorial Vinhos do Brasil. No total, serão envasadas e distribuídas 180 mil embalagens de 250 ml. O Ibravin e a Vai-Vai ainda venderão vinhos e espumantes nas tradicionais garrafas de 750 ml – aí sim com os rótulos das vinícolas parceiras – nos camarotes e áreas VIPs da escola e do sambódromo. Vinhos em taça, servidos a partir de embalagens bag-in-box, também serão vendidos, assim como o suco de uva.

Ousadia A estratégia de fincar a bandeira do vinho brasileiro em espaços e eventos tradicionalmente identificados com o consumo de cerveja deverá ter continuidade em 2014, quando a proposta é que os “Vinhos do Brasil” sejam tema de samba-enredo de alguma escola carioca, em Plena Marquês de Sapucaí. Por ser ano de Copa do Mundo, os olhos e corações de todos estarão centrados ainda mais no Brasil. Segundo o gerente de Marketing do Ibravin, Diego Bertolini “estamos em adiantadas negociações com duas grandes escolas no Rio de Janeiro”.

Vinhos: a diversidade brasileira • No Rio Grande do Sul (Serra Gaúcha, Campanha, Serra do Sudeste e Campos de Cima da Serra) e Sudeste (São Paulo e Minas Gerais), a produção é semelhante às clássicas regiões vitivinícolas europeias, com uma colheita por ano (no verão) e um período de repouso dos vinhedos (no inverno). • No Nordeste, na semi-árida região do Vale do São Francisco, nos estados da Bahia e de Pernambuco, surgiu uma novidade, as colheitas em meses sucessivos (até duas e meia) durante o ano. • Em Santa Catarina, ainda há os vinhos de altitude, desenvolvidos em ambiente com temperaturas extremamente baixas, e a possibilidade de colher uvas no gelo. 24 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

Ft.: Janice Prado/Ibravin

Agende-se

O samba da Vai-Vai Compositores: Zeca do Cavaco, Ronaldinho FQ, Osvaldinho da Cuíca, Evaldo Rodrigues e Valter Camargo Divino eu sou Sangue da terra, videira da vida Num brinde amor transbordo em plena avenida Cantando um sonho novo Matriz, escola do povo Respeite o meu pavilhão No antigo oriente Da água pro vinho eu me transformei E conquistei por mares tantos continentes Eu vi vencer a sedução E a disputa do poder, testemunhei Dormi um longo sono em porões, em barris Enchi o cálice sagrado Em seu louvor No colo do tempo, ao sopro do vento Sob o céu anil Por brancos e negros, sou abençoado Sabor Brasil Na tela do cinema Eu viajei com emoção Nos versos de um poema No calor de uma paixão A natureza só pede um pouco de reflexão E na arca do futuro Lugar seguro me abrigarei E hoje na folia vamos festejar Bebam com moderação Valeu Vai-Vai


Caderno da Copa Estádio Nacional de Brasília: arrojo e sustentabilidade Majestoso e imponente, o Estádio deverá estar pronto em abril de 2013. O desafio é não transformá-lo em elefante branco depois dos jogos de 2014.

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rojetado para estar pro­ nto até abril de 2012, o Estádio Nacional de Brasília – construído no lugar do Mané Garrincha – tem obras em ritmo mais lento, sendo que nesta fase estão sendo preparados os 48 macacos hidráulicos que irão colocar a cobertura no espaço idealizado para relembrar o Coliseu de Roma – como forma de ampliar a vinculação mítica entre as duas cidades. O Estádio, com capacidade para 70 mil espectadores,

será usado nos jogos da Copa das Confederações e do Mundial de 2014. Depois é uma incógnita. Existe o desejo de convencer a CBF a direcionar alguns jogos do Brasileirão para o Estádio localizado no coração da Capital Federal - a cerca de 3km dos setores Hoteleiro e Hospitalar, do Centro de Convenções e do Parque da Cidade. Será uma alternativa, tendo em vista que seria necessário somar a torcida presente em três anos seguidos do campeonato regional – conhecido

como Candangão – para chegar à capacidade toda deste templo que impacta pela grandiosidade da obra e que tem o propósito de ser multiuso. O Estádio Nacional, que vai sediar a abertura da Copa das Confederações FIFA 2013 e sete partidas da Copa do Mundo da FIFA 2014, tinha, no final de outubro, 81% de suas obras concluídas. O custo total da obra que estava previsto em R$ 671 milhões hoje já estourou a casa de R$ 1 bi. E muitas das obras nem ao menos foram orçadas ainda.

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Caderno da Copa

Cobertura A cobertura do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha é uma das inovações tecnológicas que a obra exibirá. Funcionando como sistema de “roda de bicicleta invertida”, ela é composta por uma estrutura tensionada com cabos e treliças metálicas e revestida por uma membrana que cobrirá todos os assentos do estádio. Essa membrana, de 90 mil m², é autolimpante, permite a passagem de luz natural, retém o calor e, ainda, retira a poluição do ar. A estrutura chegará ao Brasil em dezembro. Em contato com o sol, ela é capaz de retirar gases poluentes da atmosfera, numa quantidade equivalente ao produzido por cerca de mil veículos por dia. A água da chuva também será captada pela cobertura e pelo piso permeável da área externa do estádio. Ela será armazenada em cinco cisternas e em um lago que fará parte do paisagismo no entorno da arena. A água não potável será utilizada nos vasos sanitários e mictórios, na irrigação do gramado e na lavagem em geral. O sistema armazenará 6,84 milhões de litros de água. Isso representa 80% da 26 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br


Caderno da Copa

Antigo Estádio Mané Garrincha já fazia parte do cenário de Brasília

demanda do estádio e equivale a encher duas piscinas olímpicas e duas semiolímpicas. O anel de compressão também terá importante papel na questão da sustentabilidade. Construído em concreto, facilitará a instalação das placas fotovoltaicas, responsáveis pela captação da energia solar. Serão dispostas 9,6 mil placas, com capacidade para gerar 2,5 megawatts de energia, o que corresponde ao abastecimento de quase 2 mil residências por dia.

Ecoarena Dessa forma, o estádio caminha para ser o primeiro na história a receber o certificado máximo de sustentabilidade. O selo Leed Platinum — entregue após a conclusão da obra — é reconhecido internacionalmente e garante que a construção é altamente sustentável. Hoje, nenhum estádio de futebol no mundo possui o selo Platinum. O conceito de arena verde começou ainda na criação do projeto. São usados materiais recicláveis ou reciclados na construção. Tudo o que saiu do antigo estádio foi reaproveitado na própria obra ou em cooperativas de reciwww.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 27


Caderno da Copa Ft.: Mary Leal/Agência Brasília

Estágio das obras com os equipamentos que colocarão a cobertura do Estádio Nacional de Brasília

clagem do Distrito Federal. Depois de pronto, haverá utilização dos ventos e captação de energia solar e de água da chuva. Multiuso O estádio terá assentos marcados e retráteis, a uma distância inicial de apenas 7,5m do campo de futebol. Este, por sua vez, foi rebaixado 4,8m de sua altura original, permitindo maior visibilidade para todo o público. Construído como arena multiuso, o estádio é adaptado para a realização de grandes eventos nacionais e internacionais. A arena passará por licitação para que uma empresa especializada em entretenimento a administre e garanta um calendário de eventos, aquecendo, assim, o setor de serviços, como bares, hotéis, restaurantes e táxis. Dessa forma, haverá geração de emprego e renda, melhorando a qualidade de vida da população. Fonte: Agência Brasília 28 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br


Enogastronomia

Verão, tempo de vinho O brasileiro aos poucos vai descobrindo que o vinho é boa companhia em qualquer época do ano. No verão, muitas são as alternativas de harmonização Para Luis Duarte, português que é apontado por publicações especializadas como um dos mais importantes enólogos do mundo, sendo responsável pela definição do padrão de qualidade de alguns dos melhores vinhos portugueses da atualidade, é totalmente incompreensível que o brasileiro não consuma vinho no verão. “A culinária brasileira, o clima e a personalidade alegre e cativante do povo do Brasil são ideais para bons vinhos brancos, verdes e rosés”, discorre ele com o conhecimento de quem vem ao menos cinco vezes por ano ao nosso País. Talvez a resistência tenha relação com o histórico dos vinhos que estavam disponíveis, mas hoje há uma diversidade entre nacionais e importados “e o importante é descobrir que, com um bom e adequado vinho, todo prato tende a ficar ainda mais saboroso”, enfatiza Luis Duarte. Mesmo admitindo variáveis, ele destaca que o ideal é respeitar a tradição que ensina:

com carnes brancas, o vinho é branco – com as adequações de verdes e rosés. Para ajudar aquele que deseja descobrir um pouco mais das harmonizações recomendadas para os pratos do verão, o sommelier Olinaldo Oliveira fez uma indicação de vinhos para acompanhar a culinária mais consumida no verão.

O enólogo Luis Duarte e o sommelier Olinaldo Oliveira www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 29


Enogastronomia

Vinho português Douro Piorro Rosé, que traz ao paladar um frutado intenso e excelente final de boca, produzido a partir das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca, plantadas na Quinta d’Água e Quinta de São Bernardo há mais de cem anos e administrada pela família Monteiro. O vinho surpreende e propicia perfeita harmonia com crustáceos – ainda mais à beira-mar como no Boteco da Orla, perto do Posto 5, de Copacabana...

Vinho francês Mouton Cadet Bordeaux tinto 2009, vinho elaborado por família tradicional na França, a família Rothschild, com a pizza de Bacalhau produzida na Casa de Taipa em Formosa(GO), se apresentou com excelente acidez , tanino e madeira que realçou o prato e manteve sabores e aromas do vinho com persistência. Uniu-se tradição francesa e portuguesa, pizza com massa muito fina e leve com bastante conteúdo, ficou perfeito...

O brasileiro ainda precisa redescobrir a essência dos bons vinhos verdes que só Portugal produz. Este Casa do Vale – Grande Escolha proporciona uma harmonização com os tira-gostos de queijos, azeitonas e embutidos que são uma das características do Bar Azeite de Oliva, na 403 Sul em Brasília. Por ter a predominância da uva Alvarinho em sua composição, esse vinho serve para realçar o sabor dos petiscos. Como dizem os portugueses: escolha ideal para beber uns copos e um bom papo com os amigos.

Vinho uruguaio BouzaTannat 2009, a casta eleita como a ideal para acompanhar feijoada. Este vinho foi envelhecido 14 meses em barrica e é bem estruturado. Um tannat para os amantes do vinho com personalidade forte, produzido em escala quase artesanal, tanto assim que as garrafas são numeradas e o consumidor é informado inclusive acerca do dia no qual a uva foi colhida. Vale conferir com a Feijoada do Cavalcante, na 405 Norte em Brasília – sempre às sextas e aos sábados.

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Enogastronomia

Vinho italiano Santa Cristina AntinoriPinotGriggio 2010, um siciliano com acidez equilibrada, oferecendo um frutado cítrico buscando aromas para maçã verde e laranja, bem fresco, perfeito com a salada La Plancha (cebola, couve, alface, rúcula com queijo parmesão, nozes e coberta com creme de mostarda e mel) – uma exclusividade da filial de Brasília na 209 Sul, criação dos responsáveis pela cozinha e que ainda não foi inserida no meu da unidade da Barra da Tijuca.

Vinho português Douro Duas Quintas 2009, um tinto de corpo médio, elaborado a partir das castas Tinta Roriz, Touriga Nacional e Touriga Franca, colhidas na Quinta da Ervamoira e Quinta dos Bons Ares, uma quinta com posição privilegiada no Alto Douro nas imediações de Vila Nova de Foz Quoa, uma vila encantadora por sua tradição em abrigar grandes nomes do vinho como os vinhedos da Quinta do Vale Meão, vinho perfeito com carnes vermelhas como as que são servidas no BSB Grill, casa que é referência em Brasília nos seus dois endereços (304 Norte e 413 Sul).

Vinho português alentejano Monte do Carrapatelo Branco 2009, feito a partir de vinhas plantadas na propriedade do enólogo Luis Duarte, produzido com a castas Antão Vaz e Viognier, com perfeita acidez e equilíbrio que combinam de modo especial com os peixes preparados no restaurante Versão Tupiniquim na Comercial da 302 de Brasília. Experimente a Tilápia com pinceladas de castanha de caju e ervas e arroz de nata desta casa que está conquistando os paladares mais exigentes graças ao cuidado da chef Fabiana Pinheiro e sua equipe.

Vinho estruturado com tons dourados que combina os toques de fruta clássicos da Chardonnay aos aromas e sabores adquiridos com a permanência em barricas de carvalho. Maçã verde em harmonia com baunilha. O Perini Fração Única Chardonnay ficou perfeito com o frango da Galeteria Gaúcha – que vai à mesa com macarrão, polenta frita, saladas, arroz e um molho de ervas. Em Brasília, no Lago Norte ao lado do Iguatemi Shopping e na 108 Sul. www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 31


Comportamento

O direito de discordar Sandra Fernandes*

A maior de todas as liberdades não é a de ir e vir, mas a de voar nas asas da própria inteligência


S

e existe entre nós unanimidades, seguramente uma delas diz respeito ao direito de expressar a própria opinião. Consideramos e assinamos embaixo que este é um dos pilares das sociedades democráticas, entre as quais nos incluímos. Pensar criticamente, expor as próprias conclusões e debater nossos pontos de vista com os divergentes é tido como o saudável exercício do pensamento inteligente. Acreditamo-nos livres. O que nos esquecemos, muitas vezes, é que a liberdade é uma eterna conquista. Inclusive a liberdade de pensamento. Existem pseudo-consensos que ditam ou, pelo menos, direcionam o pensamento dominante. Utilizando os veículos de comunicação social como seus porta-vozes, esses novos lugares-comuns relegam a liberdade de opinião a um quase ostracismo. Pautado em supostas verdades universais, fecham a questão sobre os temas que elegeram como adequados em seu próprio raciocínio maniqueísta. E ponto final. Quem discorda da cartilha não é questionador, é equivocado. Quem levanta questões distoantes é indesejável para a boa ordem do pensamento dominante. As respostas embaladas são vendidas por outros que a fabricaram - não seus consumidores finais. Neste mundo onde o trabalho subdivide-se em milhares de atividades diferentes, parece que separamos também os papéis de pensar e de aceitar. Uns pensam, outros encampam as ideias como se fossem suas. Quem concorda com determinados valores é bom cidadão; quem discorda é preconceituoso, reacionário, qualquer-coisa-fóbico. Tal é a agressividade das imposições que as pessoas temem expor sua discordância e os mais sugestionáveis têm medo de discordar, até mesmo no mais recôndito de seu íntimo. Curiosa é a mudança de atitude. Quem há alguns anos levantava a bandeira da liberdade,

hoje lança mão dos mais cruentos recursos da repressão. Pergunto-me se a maldade mudou de lado e se os ditadores atuais são tão maniqueístas quanto seus antecessores, fazendo o papel da outra face da mesma moeda bidimensional que não consegue, no entanto, enxergar a vida em três dimensões. Liberdade deveria ser a possibilidade de dizer “respeito você, reconheço seu direito de escolha, mas não concordo com seu ponto de vista e não aceito que ele me seja imposto”. Deveria ser a capacidade de conviver com o diferente sem discriminá-lo ou atribuir a ele um rótulo negativo. Martin Luther King, ao lutar pelos direitos civis dos negros americanos, afirmava que não se deve pretender impor uma dominação sobre os opressores, pois essa atitude apenas perpetuaria a injustiça. Deve-se, ao invés disso, estabelecer um padrão de respeito em que todos convivam em igualdade e liberdade. Enquanto houver imposição, chantagem, maniqueísmo, orquestração e manipulação de fatos não haverá um pensamento livre, um respeito voluntário e uma aceitação verdadeira. Quem quer ser respeitado precisa começar respeitando, quem quer ser aceito precisa começar aceitando. Inclusive as divergências. E que sejamos livres da unanimidade, pois ela é o pior sintoma de nossa prisão intelectual.

* Sandra Fernandes é psicóloga e jornalista www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 33


Saúde

Para o Dr. Eduardo Barreto, que é neurocirurgião Ph.D, o grande desafio da vida nos dias atuais é evitar os excessos. Nesta entrevista, ele discorre sobre AVC e ataque cardíaco.

O

ser humano é naturalmente presunçoso. Parte, sempre, do princípio de que certas coisas só acontecem com os outros. Amparado em suas verdades, descuida do corpo – tratando-o como uma máquina infalível e que deve estar ao dispor, sem se preocupar com sinais, sintomas e desdenhando muitas vezes das recomendações médicas. Na estreia do espaço de Saúde na Revista Leitura de Bordo, trazemos uma conversa com o Dr. Eduardo Barreto – neurocirurgião Ph.D presidente da Sociedade de Neurocirurgia-RJ – sobre os cuidados, precauções e mitos que envolvem o AVC – Acidente Vascular Cerebral. Para o especialista, o primeiro passo é romper a presunção de “que as pessoas são invencíveis e que tudo somente acontece com o vizinho. As doenças podem ser prevenidas e não são totalmente desabilitantes se diagnosticadas e tratadas precocemente”. Vencida esta etapa, é importante cada um de nós conhecer um pouco da história da saúde da própria família. É sempre importante lembrar

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que o AVC e o ataque cardíaco podem fazer parte de uma herança genética. Assim, o Dr. Eduardo Barreto explica que “tanto as doenças cardíacas quanto as doenças cerebrais podem ter contribuição genética. Em especial, as má formações cerebrais devem ser lembradas, pois se alguém na família tem uma história de aneurisma cerebral, toda a família deve ser investigada”. Mas é importante ver a questão sem gerar pânico. Como faz questão e enfatizar o médico: o mais importante é manter uma rotina anual de exames - uma vez ao ano, independentemente da faixa etária. “Naturalmente, pessoas que tenham problemas visitarão mais frequentemente seus especialistas”, destaca o Dr. Eduardo. Algumas pessoas podem ser identificadas como mais predispostas a problemas de AVC, diz ele, destacando que “diabetes, pressão alta ou obesidade são fatores de risco que aumentam a chance de desenvolver um AVC. Isso porque eles contribuem para que o sistema vascular fique mais velho e sem elasticidade, facilitando o rompimento ou o fechamento do sistema vascular cerebral”.


Saúde Atenção aos sintomas

Não existe magia

É claro que o corpo humano tem sua própria linguagem. Nós, muitas vezes, não entendemos o que está sendo dito. Mas uma atenção a certos sintomas pode ajudar a evitar o pior. O Dr. Eduardo elenca alguns destes sinais que o corpo pode mandar: “O AVC pode se apresentar como um distúrbio da fala, dormência em um lado do corpo ou mesmo uma alteração visual - todos estes podem ser sinais do início de um AVC. O ataque cardíaco se caracteriza por uma dor no tórax, no braço esquerdo (mais frequentemente) ou mesmo uma dor na região do pescoço.” Mas... e sempre tem um mas: alguém que está por perto pode ver o que a própria pessoa está tendo dificuldade de perceber? Vale aqui a informação sobre a percepção dos sintomas: “Observe se a pessoa está fora de si, tonta ou mesmo com palidez facial. Em caso de dor de cabeça ou dor no tórax súbitas, deve-se procurar socorro rapidamente. Para não confundir com síndrome do pânico, procure assistência médica imediatamente”. Ou seja: não adianta achar que isso vai passar como em um passe de mágica. Mas também não vai contribuir para o momento dizer: caramba, você está tendo um AVC e vai morrer, até porque nem todo ataque é fatal, “mas as consequências podem ser fatais se não tratadas e diagnosticadas rapidamente”, reitera o Dr. Eduardo. Para completar: “Procure tranquilizar a pessoa e, se tiver em mãos, pode colocar uma simples aspirina em baixo da língua, além de, claro, procurar ajuda com especialista médico ou paramédico”.

Como não é possível nos dias de hoje simplesmente abdicar do estresse cotidiano, o neurocirurgião enfatiza a importância de encontrar um equilíbrio para as ações na vida – sempre buscando evitar os excessos, uma receita que remonta aos nossos avós que sempre alertavam para os riscos desnecessários. A atividade física é recomendável para os dois casos – AVC e ataque cardíaco. Mas não pense em sair correndo por aí, depois de anos e mais anos de vida sedentária. Procure um especialista para ver em qual estágio está seu corpo no sentido mais amplo da palavra. E certamente o médico orientará mais usualmente exames de sangue, eletrocardiograma de esforço e outros exames após avaliação clínica.

Muitos tratam o próprio corpo como uma estrutura infalível e se vangloriam de suportar um ritmo de pressão e estresse cotidianos. Buscam viver no limite, como se estivessem a desafiar a própria condição humana – numa disputa com final anunciado e conhecido. O Dr. Eduardo Barreto repisa, tal qual um mantra, uma receita simples: “Tenha uma vida saudável, uma atividade física regular e esteja com seu médico pelo menos uma vez ao ano”. Pode soar como simplismo, mas quantos de nós estamos efetivamente dispostos a reconhecer os nossos limites e a respeitar os limites do próprio corpo?

Ainda não existe receita para a eterna juventude, nem um guia que nos torne imunes a todo tipo de doenças ou percalços em relação à saúde. O Dr. Eduardo Barreto, no entanto, aponta algumas dicas e cuidados que podem ajudar: 1. Atitude positiva em relação ao estresse ou a contratempos do trabalho e da vida pessoal; 2. Evite o tabagismo e também evite consumir bebidas alcoólicas em excesso; 3. Tenha uma vida saudável, respeite o ritmo de seu corpo. Durma bem e evite tranquilizantes, tente fazer a higiene do sono; 4. Sorria bastante (o riso é o melhor remédio).

Ft.: Diego Mendes

O corpo não é depósito...

Ajude o seu corpo a continuar ajudando você

Dr. Eduardo Barreto neurocirurgião Ph.D www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 35


O termo vem do francês – bricolage – mas resgata algo que era comum ao cotidiano de nossos antepassados: o hábito de fazer pequenos consertos, adaptar móveis, criar e improvisar

S

e no passado “fazer você mesmo” era uma alternativa frente à carência de mão-de-obra e mesmo limitação financeira de muitas pessoas, nos dias de hoje a opção pela “bricolagem” – como o termo foi aportuguesado – serve até mesmo como válvula de escape para a pressão e o estresse do cada vez mais corrido dia-a-dia. O ideal é começar por um kit de ferramentas que pode ser montado a partir de um investimento que gira em torno de R$  300 – mas aí depende também da marca e de encontrar produtos em oferta. É importante sempre dar uma olhada nas ofertas, até porque logo-logo outros produtos vão se revelando indispensáveis: compressor, lixa, pincéis, serras, serrotes, esquadros – num processo continuado e que acaba fascinando. Paralelo ao que se poderia chamar de “infra-estrutura” necessária ou retaguarda, é importante ficar atento aos cursos que são oferecidos por lojas que fazem campanhas nos setores de bricolagem. Outra fonte de informação são as publicações direcionadas e que estão em todas as bancas, além de encartes especiais de alguns jornais. Esses cursos servem como base porque o mais importante na bricolagem é ir fazendo, descobrindo soluções e implementando novidades – algo que pode servir até mesmo para aliviar as tensões que carregamos.

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Bricolagem

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Eventos

Festas pelo Brasil 30º Festa Pomerana

11 a 21 de janeiro – Pomerode (SC) Quando chega o verão, as delícias de origem alemã são postas à mesa. Desde 1984, o mês de janeiro se enche de alegria com a Festa Pomerana - A Festa Mais Alemã do Brasil. São 11 dias de muito chope, música, dança e comida típica, que transmitem ao visitante toda a riqueza do legado dos imigrantes germânicos. Para dar início aos festejos, diariamente ocorre desfile pelas principais ruas da cidade, levando a alegria e a beleza das majestades da festa, a tradição dos Clubes de Caça e Tiro, dos grupos folclóricos e das bandinhas. www.festapomerana.com.br

4ª Bento em Vindima 11 de janeiro a 17 de março

O evento celebra a colheita da uva, fruto que dá origem à identidade turística do município, o vinho. Na programação, além das tradicionais atrações, como concurso Prato da Vindima, Rústica no Vale dos Vinhedos, Jantar sob as Estrelas, Ciclo de Cinema, Fotografando a Vindima, cursos de degustação e apresentações culturais, está a promoção do “Compras sob as Estrelas”, quando o comércio da rua Herny Hugo Dreher e imediações deverá estar aberto, à noite, com descontos e programação diferenciada. www.vindima.bentogoncalves.rs.gov.br/

23ª Festa da Colônia de Gramado

11 a 28 de abril de 2013, na sempre encantadora cidade da Serra Gaúcha Boa gastronomia, bandinhas, bier platz, feira de produtos coloniais, entre outras atrações, farão da Festa da Colônia uma das mais animadas da cidade, o que garante grande participação da comunidade e de turistas.

55º Congresso Nacional de Hotéis Conotel 26 a 28 de março – No Transamérica Expo (SP)

O Conotel 2013 será realizado em paralelo com a Feira Profissional de Alimentação e Hospitalidade (Food Hospitality World). De acordo com o Presidente da ABIH Nacional, Enrico Fermi Torquato, a junção dos dois eventos vai ao encontro da nova estratégia comercial da entidade que é fomentar novos negócios e resultados. 38 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

Couromoda 2013

40ª Feira Internacional de Calçados, Artefatos de Couro e Acessórios de Moda 14 a 17 de janeiro de 2013 - Pavilhão do Anhembi A feira tem caráter profissional e é aberta somente a lojistas, empresários e pessoas que comprovarem sua ligação com o setor. Produtos apresentados: calçados, tênis, artigos esportivos, artefatos de couro, confecções, acessórios de moda, produtos para equipar lojas, couros, componentes e tecnologia para calçados. www.couromoda.com

21º Salão Internacional da Construção Feicon/Batimat 12 a 16 de março – Anhembi (SP)

A Feicon Batimat é o maior e mais conceituado salão da construção da América Latina. Com 21 anos de existência, surpreendendo a cada ano seus milhares de visitantes, apresentando em primeira mão os lançamentos e tendências para todo o setor da construção civil. É o evento mais completo da área, pois só ele reúne todos os grandes líderes do segmento em uma exclusiva exposição de produtos e serviços para todos os setores do ramo. www.feicon.com.br

Chocofest 2013

14 a 31 de março – Gramado-RS O mundo mágico do faz-de-conta em que adultos e crianças se unem em busca de alegria e diversão é a proposta dessa festa realizada na Serra Gaúcha.


Bem Viver

Tempo de Natal

Tempo de magia

A cada fim de ano, o Casa Park, shopping de Brasília especializado em móveis e objetos de decoração, convida profissionais para montar as vitrines de Natal das lojas. O resultado é uma diversidade de propostas que fascinam, criando um clima de magia e encanto. “Um sonho de Natal”. Esse foi o projeto de Betânia Midian, Elda Midian e Gabriela Sue ao projetarem a vitrine natalina da Prima Línea Dormecentro. O desafio foi traduzir, em um ambiente moderno e aconchegante, os sentimentos de amor, paz e esperança que nos visitam principalmente nos finais de ano. Simplesmente mágica! A inovação, que torna a vitrine encantadora, surge com a projeção de Led, fazendo com que a árvore de acrílico cortada a laser e com detalhes em cristais também mude de cor a cada cinco segundos! Azul, lilás, rosa, branca, amarela... numa magia de cores tão presente no Natal. O resultado foi o casamento perfeito entre o bom gosto dos interiores contemporâneos e a elegância do tradicional espírito natalino. Contatos: Fone: (61) 8411 8171 E-mail: midianinteriores@hotmail.com

Prima Linea teve sua vitrine trabalhada em clima de magia

Betânia Midian, Elda Midian e Gabriela Sue www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 39


Pelo Brasil

Cidades valorizam o

carnaval à moda antiga Em lugar da massificação dos festejos do Momo, algumas comunidades lutam para manter vivo o lado irreverente

É cada vez maior número de cidades que simplesmente resolveram olhar para o próprio passado na hora de comemorar o reinado de Momo. Em lugar do evento comercial e estereotipado que atrai milhares de turistas de todo mundo, um carnaval com marchinhas, fantasias e muitas brincadeiras.

O carnaval de Maragogipe (BA) Tido como o carnaval mais antigo da Bahia – remonta aos idos de 1800 e caboclinhas - os festejos nessa cidade que fica a 133 km de Salvador (BR-324, sentido Feira de Santana) na região do Recôncavo Baiano , são, segundo o jornalista Caio Marcel Simões Souza, “uma celebração popular, fruto de um arraial que tem consciência de sua riqueza histórica e de seu patrimônio cultural, que não se rendeu às grandes correntes modistas. As ‘estrelas’ do carnaval baiano não têm vez por lá”. A infra-estrutura ainda é precária, mas vale pela alegria dos foliões. O evento foi considerado oficialmente como patrimônio imaterial da Bahia, através de decreto do governador Jaques Wagner, publicado no Diário Oficial do Estado em fevereiro de 2009. 40 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

São Luiz do Paraitinga – SP São Luiz do Paraitinga - fundada em 1769, tornou-se cidade em 1857 e declarada estância turística em 2002. Em 1873, recebeu o título de Imperial Cidade, conferido por D. Pedro II do Brasil. Tra-se de uma pequena cidade do interior do Estado de São Paulo e possui inúmeros atrativos culturais e ecológicos. Um de seus principais eventos turísticos é o Carnaval de Marchinhas que traz todos os anos milhares de foliões para curtir o melhor carnaval de blocos do Estado em um cenário de ruas, ladeiras, praças e casarões com arquitetura do século XIX. Para os foliões, vale a pena aproveitar a viagem para conhecer os arredores da cidade e também municípios vizinhos, com suas belezas naturais e uma arquitetura que remonta aos primórdios de nossa brasilidade. Outra vantagem é o folião ficar livre dos ritmos que hoje embalam o período momesco. Para chegar - A cidade fica a 171 km da capital paulista (São Paulo / São José dos Campos / Taubaté / São Luís do Paraitinga – pelas vias BR-116 (Rodovia Presidente Dutra) e SP-125 (Rodovia Oswaldo Cruz).


Pelo Brasil Agência PE4

Carnaval a Cavalo: tradição renovada

Papangus fazem a Folia em Bezerros

Carnaval a Cavalo – Bonfim (MG)

Papangus de Bezerros (PE)

Criado pelos idos de 1840, o Carnaval a Cavalo de Bonfim, em Minas Gerais, foi idealizado por Pe. Chiquinho, que tencionava transformar a guerra entre mouros e cristãos em uma festa de cunho religioso. É a maior festa da cidade. São três dias, onde cavaleiros e amazonas (essas conquistaram seu espaço mais ou menos a partir de 1940) desfilam na Praça da Matriz, vestidos em fantasias de veludo bordadas à mão, que se assemelham a roupas de príncipes, montados em belos cavalos, e colocam sua bandeira em plena praça. Com confetes e serpentinas, disputam a atenção das pessoas e tentam conquistá-las e levá-las a participar com eles da festa. Ao final do terceiro dia, há a “batalha de confetes e serpentinas”, onde os cavaleiros desmontam, tiram seus dominós (máscaras que lhes encobrem o rosto em todos os dias) e brincam com o povo; essa brincadeira simboliza a conquista definitiva das pessoas. Após a batalha, os cavaleiros montam novamente, recolhem sua bandeira e com lenços brancos despedem-se do povo. Para voltar no ano seguinte.

Os papangus do carnaval de Bezerros, cidade do agreste de Pernambuco (107 quilômetros do Recife) são uma tradição centenária. Segundo o professor Ronaldo J. Souto Maior, fundador do Instituto de Estudos Históricos, Arte e Folclore dos Bezerros, a origem dos Papangus de Bezerros data de 1881: “o papa-angu nasceu de uma brincadeira de familiares dos senhores de engenhos, que saíam mascarados, mal vestidos, para visitar amigos nas festas de entrudo – antigo carnaval do século dezenove – e comiam angu, comida típica do Nordeste (agreste) pernambucano. Por isso, as crianças passaram a chamar os mascarados de papa-angu”. Quando vai chegando a época próxima do carnaval, os foliões procuram confeccionar suas fantasias em segredo, para não correrem o risco de ser desmascarados antes da festa, numa dispúta que mistura tradição, cristividade e muita irreverência de toda a comunidade. Em Bezerros, a cultura do Papangu é vivenciada durante o ano inteiro, através das oficinas de máscaras, da culinária desenvolvida com variados pratos feitos com angu, e de aulas de dança e música carnavalesca.

Para chegar – Distante 80km de BH, chega-se a Bonfim pela BR 040 e depois BR-381

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Relatos de viagem

Viajar com a família

e o cachorro exige cuidados e atenções Mesmo com existência de hotéis e canis que oferecem a opção de hospedar os cães enquanto a família viaja, muitos optam por levar o animal junto.

S

e você e sua família decidiram que o cachorro os acompanhará na viagem durante as férias, os especialistas recomendam alguns pontos que não devem ser desprezados – antes e depois da viagem. Objetivamente, a primeira coisa a se fazer antes de viajar com seu animal para uma temporada de férias é um exame de sangue para verificar como anda a sua imunidade, pois assim é possível saber se ele está em condições de viajar ou não. Outro cuidado importante com a saúde do animal é realizar um exame de fezes antes e depois da viagem – até porque ele entrará em contato com terra, grama ou areia e poderá contrair algum parasita intestinal.

Os perigos de um parasita Existe uma doença, comum em regiões litorâneas, chamada dirofilariose - patologia grave causada pela Dirofilaria Immitis, um parasita transmitido por mosquitos que se aloja no coração e artérias pulmonares dos cães que frequentam ou moram nessas regiões. Por isso, antes de viajar, é 42 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br

importante proteger os animais contra essa doença com um antiparasitário específico. Vale aqui um alerta: o verme do coração não é o único mal a que os animais estão expostos na praia. O contato com a areia pode causar conjuntivite, problemas de pele e outras verminoses, já que cães e gatos de rua podem defecar na região, depositando fezes contaminadas.

Para viajar Quem quiser viajar com seu cachorro de estimação precisa somente da carteira de vacinação e de um atestado de trânsito emitido por médico veterinário particular. Em relação às vacinas, a antirrábica precisa estar em dia. Mas atenção: a vacinação contra raiva só é válida quando tomada no mínimo 30 dias antes da viagem e no máximo 12 meses antes. Se o animal foi revacinado a menos de 30 dias da viagem, mas a vacina anterior ainda estava dentro da validade, não há problema. Para viajar ao exterior com seu animal é necessário um CZI, Certificado Zoossanitário Inter-


Mundo Pet nacional, emitido pelo Ministério da Agricultura gratuitamente. A obtenção do CZI requer o agendamento de uma consulta com um médico veterinário do Ministério da Agricultura nos aeroportos internacionais. É importante ressaltar que cada país possui seu trâmite para o transporte de animais e as exigências sanitárias podem variar, por isso é necessário informar-se na embaixada ou no consulado do país de destino.

Alimentação Há um consenso de que o ideal é fornecer uma refeição leve aproximadamente 10 horas antes de partir. Neste contexto, deixar o cão em jejum durante a viagem (de carro) para diminuir o risco de vômito é o mais indicado. No entanto, se a viagem durar mais de 12 horas, o ideal seria fornecer uma alimentação leve, possibilitando um período de descanso. Existem animais que não toleram viagens. Neste caso, pode-se dar um medicamento anti-enjoo ou, em casos extremos, um sedativo. Lembre: estes medicamentos devem ser prescritos pelo Médico Veterinário. Uma dica é, em caso de viagens mais longas, parar a cada duas horas para que o animal possa fazer as suas necessidades e beber água. Nunca o alimente em tais paradas.

Onde o cachorro deve viajar? Se seu carro tiver espaço adequado, a forma mais segura do seu cão viajar é em uma caixa de transporte – que deve ficar no banco de trás do veículo. Não transporte o seu animal no porta-bagagens e nunca coloque a caixa de transporte no lado ensolarado do carro, pois seu animal poderá ficar super aquecido. Se uma caixa de transporte não se encontrar disponível para o seu cão, utilize um peitoral (restraining harness). Os peitorais são encontrados em diferentes tamanhos para todas as raças e são vendidos nas lojas de suprimentos para animais de estimação. Sempre coloque uma guia em seu cão antes de deixá-lo sair do carro. Se você sair para andar com seu cão em uma rodovia à noite, use faixas refletoras em suas roupas e coloque uma coleira refletora em seu cão para fins de visibilidade e proteção.

No avião Procure evitar os horários de pico em que os atrasos e interrupções são mais longos. Viajar nas estações extremamente quentes ou frias pode ser perigoso se seu animal de estimação tiver que esperar muito tempo antes do embarque e do desembarque. Planeje uma viagem com o mínimo possível de paradas e baldeações. Faça as reservas de hotel, resort e empresa aérea para o seu cão bem antes. Algumas empresas aéreas têm um espaço limitado para transportar animais de estimação.

Cuidados redobrados na praia O grande problema dos donos de cães – quer de guarda ou de estimação – é que eles pensam que todo mundo deveria ser obrigado a gostar de animais. Mas a verdade é que existem questões de saúde que falam mais alto do que a paixão. Por essa razão, a maioria dos municípios do litoral possui leis que proíbem animais na praia. No entanto, se mesmo assim o dono quiser passear, alguns cuidados são básicos: - Evite que o cão suje a areia e se o fizer, recolha as fezes com saco plástico e jogue no lixo. - Coloque focinheira no seu cão. Lembre-se: na praia existem muitas crianças e mesmo que o animal seja manso, num certo momento ele pode ferir alguém. A responsabilidade é sempre do proprietário.

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e d s o t Rela m e g a i v Sr. Editor, Gostei da revista na medida em que ela não é apenas uma leitura de bordo, mas traz uma abordagem que contempla bastante informação. Espero que, com o tempo, ela se torne mensal. Creio que isto estaria mais adequado e justo. Marcantonio Gouvea – Brasília (DF) .....................................................................

Amigos – fiquei surpreso com a revista, na medida em que ela consegue ir um pouco além das abordagens recorrentes de revistas “de bordo”. E mais surpreso ainda por perceber, descobrir que é uma revista feita aqui em Brasília. Parabéns. Luciana Alvim Sanches – Taguatinga (DF) .....................................................................

Sr. Editor, Para uma revista que tem a proposta de ser uma Leitura de Bordo, senti falta e sugiro que vocês avaliem a possibilidade de abrir espaço para assuntos relacionados com a cultura – onde a exceção foi uma página com o Wanberto. Marlly Quintanilha Proença – Porto Alegre (RS) .....................................................................

Alfredo, o nosso vinho nacional não vai ter espaço? Eu já ando de saco cheio de ver como o brasileiro é generoso em tratar o vinho do exterior. Lucas Manfrazolo – Caxias do Sul (RS)

Resposta: leia a matéria nesta edição. .....................................................................

Bom dia! Como eu peguei a revista no aeroporto de Brasília e não costumo viajar muito para esta cidade, fiquei em dúvida se ela está disponível em outros aeroportos. E se não estiver, como faço para ter acesso a novas edições? Rafinha – Belo Horizonte (MG)

Bom dia. Trabalho com turismo e recebi a revista no Congresso da Abav. A proposta me parece ser muito boa. Sugiro que vocês pensem na possibilidade de colocar ao menos um resumo de cada texto em inglês. Não sei se a relação custo x benefício valeria a pena, mas creio que daria um upgrade na publicação.

Resposta: Você poderá “ler” a revista toda na versão online, que estará disponível no www.leituradebordo.com.br – nosso cronograma indica que no começo de dezembro a revista já estará no ar e a edição impressa circulando. Como você mandou por e-mail a mensagem, por este mesmo e-mail você será informado quando da nova edição.

Marcia Carmorano Dantas – São Paulo (SP)

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Prezados jornalistas, A revista é uma bela ideia, que precisa, como acontece sempre, sofrer os ajustes. Principalmente em relação ao tamanho dos textos. Mas gostei da qualidade das fotos e muito boa a qualidade da impressão. Quando vocês irão publicar algo do Maranhão?

Como faço para acessar as edições anteriores?

Carla Belis – São Luis (MA) .....................................................................

Resposta: O assunto ainda não tem uma definição. Surgiu a ideia de fazer uma edição toda ela em inglês, mas apenas na versão online. De qualquer modo, obrigado pelas sugestões.

Jany Alencar – Belo Horizonte (MG)

Resposta: A ideia é disponibilizar as edições anteriores – quando a revista se chamava Boa Viagem – Leitura de Bordo e teve sua primeira edição em 1998, quando surgiu como uma publicação voltada para os passageiros de ônibus de longo curso. .....................................................................

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Boa tarde. Existe algum sistema de assinatura ou de venda em banca? Vocês poderiam abrir espaço para que os leitores escrevessem, não apenas para falar do que acharam da revista (elogiar ou criticar), mas para que contassem coisas de suas viagens, experiências, curiosidades e muito mais.

Vai ter espaço para publicação de crônica ou poesia?

Lucas Mello de Araújo – Vitória (ES)

Arthur Miguel Dutra – Florianópolis (SC)

Resposta: Muito obrigado por sua contribuição. Assinaturas não temos. A venda em bancas ainda está restrita a algumas cidades. Por incrível que pareça, já tínhamos discutido algo “parecido” com a Isabela Toschi, da Setur-DF. Por conta da junção destas vontades, vamos sim abrir este espaço e a partir da próxima edição iremos publicar “relatos” enviados pelos leitores. Todas as contribuições devem ser enviadas para: leituradebordo@gmail.com

Resposta: Talvez em um momento futuro, sim. O que nós resolvemos fazer já a partir da próxima edição é abrir um espaço para “relatos de viagem”, cujo nome já estamos adotando nesta edição e que será o espaço dos leitores. Outra ideia é espaço para a cultura de um modo geral, mas não pensamos, ainda, em algo específico para poesias ou mesmo crônicas. 44 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.leituradebordo.com.br


Comunicação

Rádio: de volta Por: Allan Barbosa

Eu não sabia o que havia acontecido naquela manhã de novembro de 1984. Poderia ser mais um dia normal, não fosse o choro tímido de minha mãe embalado por uma insistente música sertaneja. Passados quase trinta anos eu ainda não me esqueci de como ela era repetida, cansativamente. Até que um comunicador da antiga rádio Planalto revelou o motivo que entristeceu e transtornou todo o DF naquele dia. O radialista e jornalista Mário Eugênio fora assassinado, no exercício da profissão. Escrevo esta história não para relembrar o fato, mas para tentar entender o que é o rádio para a vida das pessoas, neste momento em que muitos ousam prever a sua morte. Por que minha mãe chorava por alguém que nunca conhecera pessoalmente, que não era da família? Apenas o poder do rádio explica. Durante muitos anos, o rádio foi o veículo que construiu personagens e revelou mitos. Depois a TV assumiu esse protagonismo. Salvo raras exceções, hoje são nos atores e apresentadores televisivos que as pessoas se espelham e é a eles que admiram. Quando um talento surge no rádio, logo migra pra telinha, muito por culpa do próprio veículo que precarizou os profissionais, cada vez mais mal pagos e com pouco espaço para a veia criativa. Mas o rádio brasileiro sempre sobreviveu de talentos, não do meio. Enquanto a TV procurou correr atrás da qualidade da imagem, para sair dos chuviscos até o paraíso da TV Digital, e os jornais tiveram que investir pesado em caros equipamentos de impressão e designer, o rádio em pouco mudou. O “chiadinho” do AM ainda faz parte da vida das pessoas e o FM apenas adaptou-se à tecnologia dos telefones celulares. O problema é que ao mesmo tempo em que o rádio não se reinventou, os grandes comu-

ao começo

nicadores também sumiram. Prova disso é que na década de 1980 o rádio brasiliense elegeu um senador da república, o radialista Meira Filho. E só pela força do rádio. Alguém acha que hoje isso seria possível? Se antes o rádio promovia o “companheiro” o amigo de todas as horas, passou a ser apenas uma “vitrola” bancada pela indústria fonográfica. É música atrás de música, apenas. A exceção fica para os veículos noticiosos. O comunicador talentoso ficou caro e os veículos optaram pela padronização. E não adianta mudar de estação: as vozes são quase as mesmas, a ponto de poucos ouvintes saberem distinguir o seu locutor preferido. O problema é que para ouvir música os ouvintes contam, agora, com outras opções, graças aos aparelhos que tocam os MP’s. E, assim, a audiência vai pro buraco! Mas a preferência pelo rádio ainda existe. Na crônica esportiva, muitos radialistas acusam a TV de lhes roubar a audiência. É verdade. Mas de igual forma muitos telespectadores baixam o som da TV para acompanharem as narrações no rádio. “Dá mais emoção”, dizem alguns. É um ativar dos sentimentos que, ao que parece, não se sustenta só com as imagens. E a grande questão é que as pessoas não querem só ver, querem imaginar, serem provocadas. Só os grandes comunicadores de rádio ainda conseguem fazer isso. É preciso voltar ao começo. As emissoras de rádio com o seu “toca-toca” tornaram-se frias e sem graça. Algumas ainda sobrevivem devido a um punhado de prêmios distribuídos todos os dias. Outras tentam convergência com as redes sociais via internet. O teórico canadense Marshall McLuhan (1911-1980) disse que o rádio era um veículo quente, ao contrário da frieza dos impressos. Representou a volta à oralidade, do contato direto, do feed back. O rádio sobreviverá se compreender isso e retornar às origens. Allan Barbosa é jornalista, radialista e especialista em Gestão de Marketing. É narrador esportivo da Rádio Transamérica de Brasília e Assessor Especial na Secretaria de Publicidade do GDF. www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 45


Check in Durante o Congresso da Abav, realizado em outubro no Riocentro, a Revista Leitura de Bordo esteve presente. A seguir, alguns registros dessa ação da Revista junto a trade turístico 01

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Ft 1 - Antônio Azevedo, presidente Abav e re­ presentante da Abav-PR; Ft 2 - Jornalista Age­ nilson Santana e Ruth Avelino, da PBTur, junto com Sandra Fernandes da Revista Leitura de Bordo; Ft 3 - Andrea Wolleter, gerente geral de turismo do Chile; Ft 4 - Thierry Attuomo e Kou­ assi K. Jean Jacques, diretor do Bureau de Tu­ rismo da Costa do Marfim; Ft 5 - Wanda Kali­ cinski, rainha da Vindima de Mendoza 2012; Ft 6 - Sandra Fernandes e o cangaceiro da Ypioca; Ft 7 - Representantes da Angola Airli­nes; Ft 8 - Fotógrafo Rosemberg dos Anjos, de SC, sempre bem acompanhado; Ft 9 - Dança­rinos do Chile: cultura andina em alta; Ft 10 - Papai e Mamãe Noel de Blumenau, junto com Sandra, na Feira da Abav; Ft 11 - Mário Raul Leonardi, sommelier argentino radicado em Floripa.



Humor

Bar x Academia Por que será que é mais fácil frequentar um bar do que uma academia? Para resolver esse grande dilema, foi necessário frequentar os dois (o bar e a academia) por uma semana. Os resultados finais revelam algo fantástico. Preste bem atenção... Vantagem numérica: - Existem mais bares do que academias. Logo, é mais fácil encontrar um bar no seu caminho. 1x0 para o bar. Ambiente: - No bar, todo mundo está alegre. É o lugar onde a dureza do dia-a-dia amolece no primeiro gole de cerveja. - Na academia, todo mundo fica suando, carregando peso, bufando e fazendo cara feia. 2x0 – sem nenhum risco.

Amizade simples e sincera: - No bar, ninguém fica reparando se você está usando o tênis da moda. Os companheiros do bar só reparam se o seu copo está cheio ou vazio. Vá anotando: 3x0. Compaixão: - Você já ganhou alguma saideira na academia? Alguém já te deu uma semana de ginástica de graça? - No bar, com certeza, você já ganhou uma cerveja ‘por conta’. Se acalme que tem mais: 4x0. Liberdade: - Você pode falar palavrão na academia? Tá com cheiro de goleada: 5x0. Libertinagem e democracia: - No bar, você pode dividir um banco com outra pessoa do sexo oposto,

Este Galileu... Galileu, quando afirmou que o mundo apenas girava, confirmou o que os bêbados já sabiam.

Totó fujão Um grupo de anões decide jogar futebol. Alugam um campinho de várzea e vão pra lá contentes e eufóricos. Lá chegando, percebem que não existe vestiário e então decidem vestir o uniforme no banheiro do boteco lá perto. Todos entram e se dirigem para o fundo do bar, onde fica o banheiro. Chega um bêbado e pede uma garrafa de cachaça. Após alguns minutos, passam pelo bêbado os jogadores anões, vestidos de azul. O bêbado nao entende nada, fica bolado, mas continua bebendo. Em seguida, passam os anões de uniforme vermelho. O bêbado chega pro dono do bar e diz: - Aí maluco, fica ligado que o jogo de totó tá fugindo. 48 Leitura de Bordo | Nov/Dez 2012 | www.debrasilia.com.br

ou do mesmo sexo, problema é seu... - Na academia, dividir um aparelho dá até briga. Olha aí geeeente: 6x0. Saúde: - Você já viu um ‘barista’ (frequentador de bar) reclamando de dores musculares, joelho bichado, tendinite? Pois eu falei antes. Já tá 7x0. Burocracia: - Alguém pede seu cartão ou você precisa passar pela catraca para entrar no bar? O balaio tá grande: 8x0. Tudo em cima: - Na academia, suas banhas e adiposidades são motivo de bulling e constrangimento. No bar, indicam sua expertise. Vamos ficar por aqui... para evitar maiores constrangimentos: 9x0.


Relatos de viagem

Mande suas fotos com sugestão de legenda e autorização de publicação para: leituradebordo@gmail.com www.leituradebordo.com.br | Nov/Dez 2012 | Leitura de Bordo 49


Outro olhar

Alvorada em Piúma (ES)

Mirante de Serra Grande, localizado entre Ilhéus e Itacaré (BA)

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Relatos de viagem

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