CONDOMÍNIO & SOLUÇÕES
O NASCIMENTO DE UM CONDOMÍNIO
Por Márcio Rachkorsky Autor do livro : “ Tudo o que você precisa saber sobre condomínios.E.Saraiva, 2009. Um condomínio advém da realização de um empreendimento imobiliário, normalmente executado por incorporadores e construtores. Para comercializar as futuras unidades autônomas, a Lei 4.591/64, impõe ao empreendedor a necessidade de registro da incorporação imobiliária perante o Oficial de Registro de Imóveis. Isso é feito por meio do arquivamento de memorial descritivo do imóvel, certidões, plantas, minuta da convenção de condomínio, quadros de áreas e demais documentos. Em seguida, após o término das obras e obtenção do ‘habite-se’, documento que atesta que o imóvel foi construído de acordo com as exigências da prefeitura, a mesma Lei 4.951/64, determina que seja efetuado o registro da especificação e instituição de condomínio, oportunidade em que são expedidas as matrículas de cada unidade autônoma. Depois disso, ocorre a assembleia de instalação oficial do condomínio, com a eleição do primeiro síndico e aprovação da primeira previsão orçamentária, momento em que o condomínio está formal e legalmente instalado. A palavra condomínio significa ‘propriedade comum’ ou propriedade com mais de um titular. Na Idade Média já existia um sistema de propriedade muito semelhante ao condomínio atual. Há relatos de um grande incêndio nessa época que destruiu muitas casas, deixando milhares de famílias sem residência. Obrigados a construir suas novas casas em espaços menores e, diante da necessidade de economizar tempo e dinheiro, as famílias se agruparam em pequenas comunidades, 6
levantando edifícios por pisos. Os resultados foram magníficos e comemorados pelos chamados ‘arquitetos reais’. O condomínio em edifício, hoje denominado condomínio edilício, esta previsto em lei e o novo Código Civil dedicou um capítulo especial sobre esse tema, valendo citar: Artigo 1.331: Pode haver, em edificações, partes que são de propriedade exclusiva, e partes que são de propriedade comum dos condomínios. § 1° As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas, sobrelojas ou abrigos para veículos, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se à propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários. § 2° O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. § 3° A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identificada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio. Diante do que acabamos de destacar, é possível dizer que a legislação brasileira para condomínios é extremamente avançada, servindo inclusive de modelo e inspiração para outros países em desenvolvimento.
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NOVO SOFTWARE NA GESTÃO CONDOMINIAL
Por Rafael Rios Antenada às necessidades e exigências do mercado, e para facilitar a vida dos síndicos, a Petra Soluções Condominiais desenvolveu o primeiro sistema totalmente voltado à gestão condominial – O Sistema Integra, ferramenta construída especialmente para auxiliar no controle das atividades executadas pelos colaboradores dos condomínios (profissionais de portaria, agentes de limpeza, zeladores, garagistas, etc.), disponibilizando e armazenando informações do dia a dia, manutenções preventivas, manutenções necessárias quando equipamentos entram em colapso ou pane, reserva das áreas comuns, pesquisas de satisfação, empréstimos de objetos do condomínio, controle das chaves, controle de quem acessa o condomínio tais como: visitantes e prestadores de serviços.O sistema disponibiliza também procedimentos de rotina que orienta como as atividades devem ser executadas pelos colaboradores, entre outras. As informações constantes no sistema, sustentam ações que poderão ser executadas pelos síndicos ou colaboradores em geral, de forma proativa, se antecipando as adversidades da comunidade condominial. Para isso, basta que o condomínio ou síndico disponibilize um computador com acesso à Internet e mediante a um pequeno contrato mensal, síndicos, membros da administração, colaboradores e moradores, poderão compartilhar informações sobre : 10
- se a troca de turno foi realizada de maneira responsável; - se houve algum tipo de problema causado por atividades realizadas por terceiros no condomínio; - se houve algum tipo de ocorrência que os colaboradores possam atuar, de maneira proativa, para resolução do problema; - se houve acréscimo no consumo de água, gás ou energia elétrica, causado por algum tipo de descontrole; - que atividades de limpeza foram realizadas no condomínio em determinado dia, na semana, no mês, ou em qualquer período desejado, por quem e quanto tempo foi necessário para realizar as atividades registradas; - quanto tempo e que empresa realizou atividades terceirizadas pelo condomínio; - se o morador está satisfeito com os colaboradores, com os serviços prestados pelas empresas terceirizadas ou com a própria administração do condomínio. contato@integracondominios.com.br CURTAS Mudanças - O uso da tecnologia revolucionou a gestão condominial.Seja na área da administração ou da segurança.Muitas ferramentas utilizam a internet como veículo que diminui as distâncias.
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PARA EX-TERCEIRIZADO Em depoimento à revista Condomínios e Soluções, Wanderley, funcionário de uma empresa do ramo, acredita que, pelo contrário, a tendência da terceirização em Brasília é crescer e muito. Com bastante conhecimento de causa, ele acredita que mesmo fora da área específica de condomínios, uma boa parte da mão de obra da Esplanada dos Ministérios, que movimenta a máquina federal em Brasília, é terceirizada e não cobram o equivalente aos concursados. Para Wanderley, este setor da economia só tende a crescer. Ele que durante muitos anos trabalhou na empresa Dinâmica, de uma deputada distrital, como terceirizado no setor judiciário, especificamente no Supremo Tribunal Federal. EMPRESÁRIO A FAVOR DA PROIBIÇÃO Eu, Érico Felipe Cotrim, como fornecedor de equipamentos e soluções técnicas de limpeza profissional, através da Dometec-DF, acredito que cabe a nós, administradores sem fins lucrativos, defender sempre a posição que socialmente é menos danosa aos funcionários. Acho extremamente oportuna essa decisão judicial em Limeira-SP, que seja o gatilho para uma decisão a nível nacional. Nossa sociedade sofre as consequências de uma velocidade de mudanças, que acabam por marginalizar aquele trabalhador, que por não ter tido condições de se autopreparar, se vê cada
vez mais recusado a qualquer vaga de emprego por falta de qualificação. Quantos empregos foram eliminados, após o disparo cibernético? Não sou contra a evolução, mas contra a velocidade de evolução, incompatível com os mais pobres e de menos recursos. Parabéns à Limeira, pois está dando uma chance humanitária, para o desenvolvimento gradual da sua classe mais pobre, de zeladores, faxineiros, vigias, agora cabe a nós síndicos melhor prepará-los como profissionais e brasileiros! 1
Jurisprudência é um conjunto de decisões judiciais num mesmo sentido, indicando uma tendência a ser seguida por outras decisões futuras.
CURTAS OS LOTES VAZIOS Donos de lotes vazios em condomínios ou moradores que não terminaram de construir suas casas até 31 de dezembro de 2006, vão usar decisões da justiça tomadas em 2012 para lutar contra licitação dos “seus” terrenos. Sentenças mandaram a Terracap vender os imóveis diretamente aos ocupantes e não oferecê-los em concorrência pública, como prevê o Termo de Ajustamento de Conduta-TAC, firmado entre o GDF e o Ministério Público.
QUASE PRONTO! O Mané Garrincha está 83% concluído
Neste começo de ano, Brasília tem mais um motivo para comemorar: 83% da construção do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha está finalizada e o restante segue em ritmo acelerado. Agora, a obra caminha para mais uma etapa: a montagem da cobertura. No anel de compressão já estão sendo 200
Maquete eletrônica do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha
instaladas as placas-base que permitirão fixar a estrutura. Ao todo, são 48 peças, pesando 2,4t cada uma. Cobertura - A cobertura do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha é uma das inovações tecnológicas que a obra exibirá. Funcionando como
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O PAPEL DA ADASA Entrevista com o Presidente da Adasa Engenheiro Vinicius de Sá Benevides Muita gente já viu ou ouviu falar da Sigla Adasa,mas nem todo mundo sabe o seu significado , e qual o seu papel. A Adasa é a Agência Reguladora de Águas, Energia e Saneamento Básico do Distrito Federal. É dotada de autonomia patrimonial, administrativa e financeira. Acompanha, regula e fiscaliza o ciclo completo do uso da água em todo DF e simultaneamente, define regras e condições para os serviços de abastecimento e do esgotamento sanitário, inclusive tarifas. Regula também a energia, como por exemplo: o gás canalizado e os produtos derivados do petróleo. Criada em 2004 ela é presidida pelo engenheiro Vinicius de Sá Benevides, que nos recebeu para uma breve entrevista. 1. Presidente, a Adasa garante, que até 2015, os mananciais do DF conseguem atender a demanda local de água, e depois? Estudos recentes, feitos no âmbito do Plano de Gerenciamento Integrado de Recursos Hídricos do Distrito Federal (PGIRH), concluído e aprovado junto ao Conselho de Recursos Hídricos (CRH-DF), dentro do processo de cenarização, indicam valores favoráveis que possibilitam vislumbrar ambientes possíveis ou mesmo prováveis de futuro com vistas à implementação de políticas públicas de longo prazo que garantem o crescimento econômico de forma sustentável, para os horizontes de 2020, 2030 e 2040. É importante destacar que a cenarização considerada - cenário tendencial –pressupõe que a economia no âmbito distrital evolui no mesmo ritmo das taxas de crescimento atual, refletindo principalmente, o crescimento do mercado interno. Um importante elemento deste cenário corresponde, precisamente, à qualidade da gestão que é feita dos recursos hídricos, isto é, o grau de efetividade e fiscalização das restrições que visam proteger os recursos hídricos, bem como o grau de eficiência dos sistemas de extração e abastecimento de água e dos manejos produtivos agropecuários e industriais que utilizam recursos hídricos, entre outros. Os principais itens de melhoria de gestão que podem resultar em modificação da demanda, foram assim 26
Engenheiro Vinicius de Sá Benevides identificados: (i) redução das perdas físicas dos sistemas de distribuição de água urbana; (ii) introdução de novos manejos mais eficientes nos sistemas de irrigação; e (iii) incorporação de três novas captações da Compahia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) – sistemas Bananal, Lago Paranoá e Corumbá. Embora a bacia do Rio São Marcos apresente déficit, indicando que as medidas de gestão não serão suficientes para sanar a indisponibilidade hídrica na bacia, o foco deverá estar dirigido para o uso da irrigação, que representa valor em torno de 99% das vazões máximas totais de retirada superficial, pois é a irrigação o principal segmento usuário de água responsável pelo crescimento do consumo. As boas práticas do reuso da água constituem outro aspecto que destacamos no contexto da gestão de recursos hídricos. A água é um bem natural que está se tornando cada vez mais raro e caro. Reutilizá-la é de fundamental importância para a economia das empresas, para o bolso dos cidadãos, dos governos e para o meio ambiente. Muitas empresas já reutilizam a água usada em processos industriais no mesmo ciclo de produção após seu tratamento, em suas próprias dependências. Numa residência, por exemplo, a água de banho
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poroso e no sistema fraturado). O uso para abastecimento humano é responsável pela maioria das outorgas subterrâneas concedidas, representando mais de 52% do total outorgado. Alguns dados interessantes valem ser citados: nas bacias hidrográficas do rio Maranhão, do rio São Bartolomeu e do rio São Marcos, o abastecimento humano, por poços artesianos, chega corresponder a cerca de 73%, 90% e 100%, respectivamente.
Água tratada: a prioridade é o consumo humano
4. Pode chegar o momento em que haverá controle de uso de água potável nas piscinas e nas lavagens de automóveis? Em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é para o consumo humano e a dessedentação de animais, conforme previsto na Lei Federal 9.433/97 e na Lei Distrital 2.725/2001. Nesse sentido, sempre que a disponibilidade hídrica dos mananciais alcançar níveis de restrições, a vazão inicialmente outorgada poderá ser reduzida na quantidade suficiente para atendimento a essas finalidades.
Poderá ser solicitado ao órgão responsável pelo serviço de distribuição de água potável, no caso a Caesb, que determine as reais necessidades de vazão, para atender os usos prioritários nos meses de estiagem, e que exerça a fiscalização, junto ao usuário, no sentido de coibir usos menos nobres da água tratada, como irrigação de jardins, lavagem de carros e calçadas, entre outros. 288
5. No período de estiagem a Adasa restringe o uso das águas nas irrigações das chácaras. Há possibilidade de o fato ser revertido? Já está acontecendo isto, mas com a participação e consenso dos usuários. Os usuários repartem em comum acordo a quantidade de água a ser consumida nos períodos mais críticos de estiagem, sendo a Adasa mediadora do processo de gestão descentralizada. Exemplo desse processo é o realizado pela Adasa na bacia hidrográfica do ribeirão Pipiripau. Ele tem por base o Marco Regulatório definido pela Resolução ANA nº 127, de abril de 2006, que estabeleceu procedimentos e critérios de outorga de direito de uso de recursos hídricos a serem observados pelos usuários já outorgados, bem como para os novos atos de outorga de direito de uso de recursos hídricos. A regra básica é que os atos de outorga na bacia do ribeirão Pipiripau observarão as restrições decorrentes do balanço entre disponibilidade hídrica e demanda, em termos quantitativos, realizados de forma integrada no âmbito da bacia, e a necessidade de manutenção de vazões mínimas remanescentes nos pontos de controle ao final de cada um de seus trechos. Toda vez que o monitoramento verificar que as vazões atingem valores iguais ou inferiores ao estabelecido em qualquer ponto de controle, a realocação de uso é negociada e acordada pelos usuários, redimensionandose os quantitativos, em meses determinados, em cada trecho da bacia, visando ao atendimento dos usos estabelecidos.
A segunda parte desta matéria será publicada na próxima edição.
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Regularização de condomínios no DF, um sonho cada vez mais distante Por Júnia Bittencourt
Quem no DF não ouviu falar da regularização de condomínios? O assunto é recorrente em todas as mídias, um sério problema que se arrasta há mais de 25 anos. Milhares de pessoas, independente de classes sociais, aguardam pacientemente a entrega das escrituras dos lotes que ocupam. Uma solução que aconteceu. A história se repete de quatro em quatro anos sem nenhum planejamento ou estratégia que ponha fim ao problema. A confusão fundiária do DF, só agrava a situação, além da postura intransigente do Ministério Público quando se trata de regularização de moradia ocupada de maneira irregular no DF. O Governo do Distrito Federal (GDF) e o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) não se entendem, questionamentos surgem a toda hora e por mais que sejam resolvidos, logo aparecem outros. Um vai e vem sem objetivo e compromisso. Um exemplo é a execução do famoso Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) dos Condomínios, um tipo de contrato cheio de obrigações para todos os envolvidos, principalmente o morador. Ocorre que, aquele que mora, não foi sequer convidado a discutir os termos do documento, só sofre as sanções. Situações peculiares acontecem nos chamados condomínios irregulares no DF. Primeiramente, todo e qualquer parcelamento irregular ou clandestino de terras, tem nome de condomínio. Grandes áreas ocupadas por população de baixa renda, sem qualquer infraestrutura pública, têm nome de condomínio. Cidades inteiras na ilegalidade também recebem nome de condomínio. Apesar da legislação hoje em vigor flexibilizar a regularização para estas áreas, questões ambientais e fundiárias são impeditivas para que elas saiam do papel, deixando prevalecer somente o discurso político. Em todo Brasil, o processo de regularização de áreas informais vem avançando. Infelizmente, no Distrito Federal os procedimentos patinam e não saem do lugar. A descontinuidade nas ações governamentais aliadas à burocracia e aos diversos interesses envolvidos, prejudicam o andamento do processo, além de deixar a população descrente de que a regularização efetivamente aconteça. Por outro lado, existem também os verdadeiros condomínios, constituídos como tal, em um momento que não existiam programas habitacionais para 32
população de média renda. São aqueles ocupados geralmente por funcionários públicos assalariados, que muitos insistem em chamar de “ricos”. O perfil equivocado dificulta a regularização dos lotes nessas localidades. O rigor para legalizar terreno de “rico” é bem maior que o do pobre. Quem dera se todos fossem realmente ricos, na realidade são trabalhadores que construíram sozinhos, dentro da capacidade de cada um, a sua moradia e de sua família, sem nenhum investimento público. Alguns com mais poder econômico, outros com menos. Tanto é que se vê, em um condomínio, todo tipo de construção, para todos os bolsos. Também é fato que o tempo passa e as vidas das pessoas melhoram, refletindo na própria qualidade de vida. As boas casas são fruto de muitos anos de trabalho e não de enriquecimento sem causa. Outra situação peculiar é a forma como se discute a regularização. Em alguns momentos tentam comparar o morador com grileiros, parceladores irregulares de terras, verdadeiros párias da sociedade. Esquecem que são apenas pessoas buscando moradia, segurança e qualidade de vida em cidades que o imóvel legal é um dos mais caros do país. Já em outros, reconhecem as ocupações, lançam impostos como nas áreas formais. No entanto, não garantem a contrapartida da infraestrutura pública. Certo é que os condomínios são uma realidade no DF. Existem, as pessoas moram, estudam e trabalham nessas localidades. Se houve danos ao meio ambiente e ao urbanismo planejado das cidades, precisam ser mitigados. A população que mora em condomínios reconhece suas responsabilidades, mas espera bom senso por parte dos que comandam a regularização. O morador não é o único culpado da ocupação irregular do DF. A necessidade de morar é omissão dos órgãos públicos para com o problema, e devem ser levados em conta no momento da regularização. De nada vai adiantar atrasar o fim da história, sob qualquer argumento, seja ele jurídico, ambiental ou urbanístico. O que realmente precisa ser encarado é a realidade. Independente de ser de baixa, média ou alta renda, os condomínios precisam ser legalizados. O morador, as cidades e o meio ambiente agradecem! Júnia Bittencourt - Advogada e Presidente da União dos Condomínios e Associações de Moradores no Distrito Federal (Única)
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Os velhos
puxadinhos
A histĂłria dos puxadinhos no comĂŠrcio em BrasĂlia se arrasta por anos. Os moradores invasores dos terrenos das quadras 700 norte e sul, nem se fala. Muitos defendem as invasĂľes do espaço pĂşblico por questĂŁo de segurança. PorĂŠm, hĂĄ casos que ultrapassam o bom senso, o respeito Ă s leis e passa a ser uma manobra para valorização imobiliĂĄria. Depois da decisĂŁo judicial que derrubou a expansĂŁo de duas lojas na quadra 105 da Asa Norte, os comerciantes pedem uma lei que regulamente a expansĂŁo, como aconteceu na Asa Sul. Por terem arquitetura e construçþes diferentes, a lei que se aplica na Asa Sul nĂŁo pode ser
aplicada na Asa Norte. Portanto, serå absorvido mais tempo na Assembleia Legislativa e na Justiça. A Federação das Associaçþes Comerciais e Empresariais do Distrito Federal atÊ que tentou estender os efeitos da lei complementar 766/2008, mais conhecida como Lei dos Puxadinhos, tambÊm ao comÊrcio da Asa Norte. Em vão. No final de Abril a Câmara Legislativa aprovou projeto de lei complementar que amplia o prazo para que os comerciantes da Asa Sul regularizem a situação das åreas ocupadas irregularmente. O prazo foi prorrogado atÊ 30 de Abril de 2013. No mesmo mês de Abril deste ano o Tribunal de Justiça decidiu manter as notificaçþes para demoliçþes de puxadinhos na Asa Norte.
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O Papa e o Deputado O deputado estadual Saulo Diniz procurava se reeleger pela quarta vez para ocupar uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de Minas Gerais, na década de 60. Em que pese sempre obter uma votação representativa que poderia levá-lo à Câmara Federal, o deputado acreditava que estar perto do eleitorado, escutando as suas reivindicações era uma das fórmulas que poderia levá-lo, um dia, ao Governo do Estado de Minas Gerais. Além disso, por ser amigo de Juscelino Kubitschek e líder da bancada, e considerando que as conjunções políticas na época lhe eram favoráveis, julgava importante manter-se ocupando uma cadeira na Assembleia Legislativa. Entretanto, o deputado começava a encontrar certa resistência para se reeleger, já que a mídia o apontava como deputado de esquerda, o que sabiamente nunca confessou, por razões óbvias, tendo em vista a origem política da sua família: o seu pai Henrique Diniz e irmãos Bráulio, Dimitrieff e Henrique Diniz Filho, eram participantes ativos de células do execrado e perseguido Partido Comunista, em Moscou, Belo Horizonte e Rio de Janeiro. A criatividade, inteligência, coragem, ousadia e a bagagem cultural levaram posteriormente o deputado Saulo Diniz a alçar voos inimagináveis na política: foi deputado em quatro legislaturas, ministro do TCDF, delegado do Brasil na Organização Internacional do Trabalho (OIT), em Genebra, e Embaixador Plenipotenciário. A sua reconhecida capacidade de realização possibilitoulhe ser o criador do Instituto Histórico e Geográfico de Brasília, da Associação Brasileira de Amparo aos Leprosos (ABAL)–MG e do Instituto de Medicina Nuclear – MG, quando o tema no primeiro mundo ainda era considerado, mesmo no setor de medicina, uma possibilidade esdrúxula. Mas as realizações não pararam por aí. O deputado também criou organizações e promoveu encontros internacionais tendo como tema a história universal, além de outros projetos sociais que beneficiaram as camadas mais pobres do estado de Minas Gerais. Mas o coroamento das realizações do deputado Saulo Diniz deu-se com a criação da Usiminas, história extraordinária, caracterizada pela ousadia, inteligência e principalmente criatividade, que foram alvos de matérias na revista Veja, no jornal Folha de São Paulo e no Jornal de Brasília, quando do aniversário da Siderúrgica. Mas esta é uma história para outra ocasião. O deputado Saulo Diniz, percebendo que sua reeleição corria sérios riscos por estar sendo apontado como simpatizante do Partido Comunista, convidou a sua esposa,
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por Domingos Sabino Diniz Maria da Conceição Sabino Diniz (irmã do escritor Fernando Sabino) para uma viagem à cidade de Roma, com o argumento de que iria obter do Papa uma benção pela criação da Associação Brasileira de Amparo aos Leprosos (ABAL). A esposa do deputado, conhecedora da efervescente imaginação do marido, procurou não questioná-lo, para não lhe criar ansiedade, mas previa que poderia acontecer algo inusitado. Entretanto, como católica fervorosa, ela viu na atitude do marido uma possibilidade ímpar de estar com o Papa e aceitou. Percebendo que precisava de mais argumentos que justificassem a solicitação da audiência, o deputado lembrou que algumas condecorações poderiam dar um aspecto oficial ao encontro e que as normas e liturgias que são necessárias para agraciar o personagem são tão criteriosas que muitas das vezes o agraciado se sente constrangido em não recebê-las. Entretanto, havia um problema: ele não estava em missão oficial. Depois de muito pensar numa solução para a questão, lembrou-se da Rua da Alfândega no Rio de Janeiro, que se caracteriza por ser um comércio que vende todo tipo de bugigangas. E foi lá que, algumas horas antes do embarque no aeroporto Santos Dumont, o deputado conseguiu uma faixa com as cores da bandeira nacional e um brasão de difícil interpretação. E assim nascia a “Associação Brasileira de Amparo aos Leprosos” (ABAL) pela qual o Papa Pio XII seria o primeiro a ser agraciado. Chegando a Roma, Saulo Diniz dirigiu-se ao Vaticano, onde foi recebido pelo bispo que era o “I Maestro di Câmera di S. S.”, e lá ele fez a seguinte explanação: ”Venho a Roma solicitar a Sua Santidade, o Papa Pio XII, uma benção para a Associação Brasileira de Amparo aos Leprosos (ABAL) que estou criando. Gostaria de lembrar que o estado de Minas Gerais tem o maior número de possuidores de hanseníase do Brasil e este fato é muito importante e simbólico, porque lembra uma passagem bíblica. Em razão disto, trouxe uma comenda da Associação para agraciar o Papa Pio Xll, pela benção que iremos receber. A comenda representa a nossa gratidão, como se fosse o retorno do único leproso que voltou para agradecer a Jesus.” ”Honorável deputado Saulo Diniz, que aqui está com a sua digníssima esposa, a quem saúdo com a benção de Deus, me permita a franqueza: o que Vossa Excelência está pleiteando, eu não tenho nenhum óbice. Mas devo lembrar a Vossa Excelência que uma audiência com o Papa é solicitada no mínimo com 2 anos de antecedência, a não ser que seja um Chefe de Estado. No entanto, Vossa Excelência chegou ontem