“A democracia depende de uma sociedade civil educada e bem informada cujo acesso à informação lhe permite participar tão plenamente quanto possível na vida pública da sua sociedade.”1
1 Disponível em: http://www.embaixada-americana.org.br/democracia/ speech.html, acedido a 24 de Março de 2012
artigo 19º Declaração Universal dos Direitos Humanos
TODO O INDIVÍDUO TEM DIREITO À LIBERDADE DE OPINIÃO E DE EXPRESSÃO O QUE IMPLICA O DIREITO DE NÃO SER INQUIETADO PELAS SUAS OPINIÕES E O DE PROCURAR, RECEBER E DIFUNDIR, SEM CONSIDERAÇÃO DE FRONTEIRAS, INFORMAÇÕES E IDEIAS POR QUALQUER MEIO DE EXPRESSÃO.”
“A medida do mundo é a nossa liberdade. Saber que o mundo à volta de nós é vasto, ter consciência disso, é um elemento da liberdade e da grandeza do homem.”2 “Designers devem ser bons cidadãos e participar na formação do nosso governo e sociedade. Enquanto designers, podemos usar o nosso talento e habilidades para encorajar os outros a acordar e a participar.”3 2 Vírilio, P. (2000) Cibermundo, a política do Pior, Lisboa, Editorial Teorama 3 Heller, S. & Vienne, V. (2003) Citizen designer : perspectives on design responsibility, Nova Iorque, Allworth Press
O design obriga-se a estudar o universo social, devido à constante transformação acelerada que este vai sofrendo. Deste modo, os designers desempenham um papel fundamental na sociedade e, como tal devem centrar-se na questão de como agir e actuar perante a sociedade e qual o seu dever, garantindo que o mundo em que vivemos é consistente com as necessidades humanas. Deve-se reforçar a ideia de que esta profissão se rege através de princípios que passam por entender as verdadeiras necessidades de hoje. O designer deve ser capaz, através de processos chamativos e apelativos, de tocar/sensibilizar massas em torno de uma determinada intenção. O nosso poder de persuasão deve ser aproveitado e direccionado de forma a consciencializar e a alterar a maneira de pensar das pessoas em relação ao nosso presente e ao nosso futuro. Admitindo que a função do designer passa por estruturar, representar e difundir mensagens, centradas numa atitude de responsabilização, este assume-se como catalisador de importantes plataformas de comunicação, as quais sustentam e dão relevância a uma consciência crítica sobre a ordem das coisas e o território social onde pertencemos.
Segundo Mary Robinson, a educação para os Direitos Humanos, deve abranger mais do que a transmissão de informações, deve também apresentarse como um processo amplo, para toda a vida, e através do qual as pessoas de todos os diferentes níveis de desenvolvimento e de todas as camadas da sociedade possam aprender a respeitar a dignidade uns dos outros. Desta forma, os designers são instruídos para gerar e desenvolver soluções pragmáticas e democráticas para problemas de diversa ordem e podem – devem - ser aproveitados para responder a todas as questões que diligenciam a nossa estrutura social.
ASSIM SENDO, DEVEMOS QUESTIONAR-NOS SOBRE O QUE ANDAMOS A FAZER E O QUE FIZEMOS ATÉ AGORA PRA MELHORAR E CONSCIENCIALIZAR A SOCIEDADE?
Com o surgimento da internet nos anos 90, o design teve oportunidade de se desenvolver, existindo uma maior oferta e, como consequência uma maior escolha e um maior consumo dando origem a uma sociedade muito mais consciente e informada. No entanto, nas últimas décadas, esta tem sofrido algumas transformações a nível educacional e económico e, em consequência disso, o Homem vive uma vida cheia de stress e ansiedade. Diariamente, somos bombardeados com inúmeras informações e mensagens, através dos mais variados suportes publicitários, cartazes, rádio, outdoors, televisão, etc, que nos são impostas por alguém que muito provavelmente não foi destinado para essa função, ou nem requer competências para um cargo de tamanha importância. Torna-se preocupante que essa informação, por vezes, não seja organizada e hierarquizada de modo a que chegue ao consumidor de forma clara e eficaz. Neste processo, as fontes tipográficas desempenham um papel muito importante, relativamente à transmissão da mensagem. Estas devem ser escolhidas pelas suas características, adequando da melhor maneira à finalidade do trabalho em questão. Também com o aparecimento da internet, surgiu a tipografia digital, que tornou o trabalho do designer mais fácil e acessível.
MAS SERÁ QUE ESTA SOCIEDADE SE RECORDA, COMO É QUE OS PRIMÓRDIOS COMUNICAVAM ENTRE SI, OS QUAIS CONTRIBUÍRAM E MUITO PARA O APARECIMENTO DO ALFABETO? SERÃO AS ASSINATURAS NAS PINTURAS RUPESTRES O SEU PRIMEIRO EXEMPLO? OU SERÃO AS MARCAS DE FERRO NO GADO QUE VÊM DESDE A ANTIGUIDADE?
“A comunicação visual, em seu sentido mais amplo, tem uma longa história. Quando o homem primitivo, ao sair à caça, distinguia na lama a pegada de algum animal, o que ele via ali era um sinal gráfico.”4
“Desde a pré-história, o homem vem criando símbolos, usando figuras da natureza, como o sol e a lua, para representar algo; usando desenhos estilizados de animais, do próprio homem, das estrelas, do fogo, das plantas etc.”5
4 Hollis, R. (2001) Design Gráfico - Uma História Concisa, 1ª ed. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora Limitada. 5 Nascimento, A. & Lauterborn, R. (2007) Os 4 Es de Marketing e Branding - Evolução de Conceitos e Contextos até a Era da Marca como Ativo Intangível, 1ª ed. Rio de Janeiro, Elsevier Editora Limitada.
O que é certo é que durante muitos séculos, o Homem, comunicava entre si, unicamente, através da fala e com o desenvolvimento da mente e da inteligência começou a sentir a necessidade de se expressar através de outras maneiras. O Homo Sapiens começou a representar nas paredes das cavernas, ilustrações/desenhos, descrevendo as suas caçadas, o seu quotidiano, a sua família, etc. Sendo assim, desde cedo, a humanidade tem usado símbolos para se expressar. O Homem, passou a criar símbolos para poder representar as coisas e, cada vez mais, esses símbolos foram sofrendo alterações gerando os primeiros alfabetos. Constata-se que as primeiras linguagens expressavam-se de maneira pictográfica, ou seja, através de desenhos figurativos – os pictogramas – que representavam de maneira clara o objecto ou a acção, que posteriormente veio dar origem a todo o processo da escrita. Esta foi, sem dúvida, um dos principais instrumentos para a grande evolução da humanidade. A evolução dos pensamentos, da sociedade e das tecnologias possibilitou um conhecimento mais aprofundado relativamente às artes. Em suma, é indispensável que o designer esteja consciente daquilo que acontece no mundo e que possa filtrar e escolher aquilo que realmente lhe interessa, de forma a que seja uma informação filtrada e capaz de se converter em conhecimento.
FAUTL - MESTRADO DESIGN DE COMUNICAÇÃO MESTRADO DE COMUNICAÇÃO II ANO LECTIVO 2011/2012 MAFALDA MATOS | 20112043