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ERA Portugal “Eu posso dar mais” “I can give more”
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O director-geral da ERA Portugal, Rui Torgal, revela como foi a performance da rede, e em particular da Obra Nova ERA, num ano atípico e mostra-se optimista em relação ao futuro: “Estamos confiantes de que 2021 será um ano marcado por uma forte tendência de crescimento e pela total recuperação do mercado imobiliário em Portugal”. ERA Portugal’s CEO Rui Torgal discusses what the network’s performance has been like, focusing on that of Obra Nova ERA in particular, during this atypical year and seems to optimistic about the future: “We are confident that 2021 will be a year of strong growth and will see the real estate market in Portugal undergo a full recovery.”
A ERA concretizou a venda de cerca de quatro mil imóveis no valor de 529 milhões de euros e atingimos um valor de facturação de quase 29 milhões de euros em comissões de mediação imobiliária. In the first half of the year, ERA finalised the sale of around 4,000 pieces of real estate worth a combined total €529 million EUR, and we reached a turnover of almost €29 million EUR in real estate brokerage commissions.”
Num ano atípico, como decorreu a performance das vossas agências e dos vossos agentes em Portugal?
O início de 2020 foi marcado por uma forte tendência de crescimento no mercado imobiliário português. Com a chegada da pandemia de Covid-19 a Portugal, o mercado começou naturalmente a ressentir-se, influenciando o desempenho das agências imobiliárias, uma vez que o nosso trabalho é maioritariamente feito através de contacto presencial. No primeiro semestre do ano, a ERA concretizou a venda de cerca de quatro mil imóveis no valor de 529 milhões de euros e atingimos um valor de facturação de quase 29 milhões de euros em comissões de mediação imobiliária. Se compararmos com o período homólogo de 2019, estes resultados são inferiores, algo que já espectávamos, no entanto, são resultados bastante satisfatórios se tivermos em consideração o momento excepcional que vivemos e as condições anómalas em que actuámos. Ainda que este seja um ano atípico, lançámos, em Julho, uma campanha de recrutamento nacional para preencher 500 vagas para as mais de 200 agências que detemos em território nacional. Uma aposta na área de Recursos Humanos e na formação de novos agentes, uma vertente que muito valorizamos na ERA. Além disto, continuámos a nossa aposta na expansão da rede ERA em Portugal ao inaugurarmos cerca de 15 novas lojas após a chegada da crise sanitária ao nosso País.
Na habitação, apesar de as transacções terem diminuído, não há os descontos que todos estávamos à espera e o preço médio até subiu. Está o segmento da habitação a passar ao lado da crise pandémica derivada de Covid-19 ou em 2021 este cenário poderá alterar-se?
Efectivamente temos verificado que os preços do mercado imobiliário em Portugal se têm mantido equilibrados em relação ao período pré-pandemia. Nos últimos meses, temos vindo a registar um aumento da oferta de imóveis no mercado imobiliário português, o que tem contribuído para que se comece a manifestar um equilíbrio entre a oferta e a procura, levando assim a uma estabilização dos preços dos imóveis. Prevemos que esta estabilização se mantenha também em 2021. Outro factor que tem sido bastante importante nestes últimos meses, é o facto de continuarmos a registar um elevado interesse por parte de clientes e investidores estrangeiros, que procuram novas oportunidades e continuam a considerar o mercado imobiliário português bastante atractivo, o que tem contribuído para atenuar algumas quebras no sector.
O Obra Nova ERA já representa uma importante fatia do valor total de facturação da ERA. Como explica este caso de sucesso e quais os valores alcançados/apurados até ao momento?
Acreditamos que a experiência e conhecimento que foram sendo acumulados ao longo dos mais de 20 anos da ERA em Portugal, ajudaram a fazer deste projecto um sucesso já comprovado. No entanto, visto que lidamos com diferentes necessidades e características dos vários promotores e investidores imobiliários com quem estabelecemos parceiras, foi preciso desenhar uma estratégia totalmente nova para o Obra Nova ERA e trabalhar este mercado de forma diferente para garantir o seu êxito. O empreendimento Valrio, localizado nos Olivais, e com o selo de qualidade dos promotores Habitat Invest e Solyd, é um dos exemplos de sucesso desta iniciativa. Actualmente conta com 90% dos 155 apartamentos já vendidos. Desde 2019, ano de lançamento do projecto, foram lançados mais de 550 empreendimentos, um número bastante significativo em dois anos de projecto. Lisboa é a zona com mais vendas, correspondendo a 23% da facturação total do programa. No que diz respeito a casas novas ou em construção, vendemos mais de 1.000 imóveis e ultrapassámos a patamar dos 200 milhões de euros transaccionados, o que demonstra claramente o sucesso que temos conseguido alcançar através da dedicação que temos empregue neste projecto. Quanto ao primeiro semestre de 2020, o programa de parceria comercializou 432 imóveis, tendo ainda angariado um total de 3.357 imóveis, com o concelho de Lisboa também a liderar no segmento de vendas e angariações. De Janeiro a Setembro, as casas novas ou em construção representaram já 13% da facturação habitacional da ERA. Estes são números que nos levam a considerar já o Obra Nova ERA como um dos projectos com mais sucesso lançados recentemente pela ERA.
Pode dizer-se que o Obra Nova ERA veio não só colmatar a falta de habitação que existe em várias zonas do nosso País, como também contribui para a promoção de edifícios de melhor qualidade construtiva e mais eficientes a nível energético?
Sem dúvida. Além de pretendermos ajudar a
Ainda que este seja um ano atípico, lançámos, em Julho, uma campanha de recrutamento nacional para preencher 500 vagas para as mais de 200 agências que detemos em território nacional. Despite being an atypical year, we launched a national recruiting campaign in July in an effort to fill 500 vacancies at more than 200 agencies we own throughout Portugal.”
colmatar a falta de oferta de habitação em Portugal com o Obra Nova ERA, procuramos que estes empreendimentos sejam também cada vez mais sustentáveis e eficientes a nível energético. O empreendimento Lux One, em Paços de Ferreira, é uma das apostas do projecto nesse sentido. Apresenta numa construção feita a partir de materiais sustentáveis, que oferecem um baixo consumo de energia. O empreendimento foi inteiramente desenhado com base na sustentabilidade, incluindo, por exemplo, a produção de água quente sanitária através de painéis solares e a instalação de espaços para carregamento de veículos eléctricos. Acreditamos, ainda, que este projecto tem vindo a contribuir para acelerar a eficiência energética dos imóveis no nosso País e tem vindo a tornar-se numa excelente alavanca para ajudar o sector a beneficiar de cada vez mais empreendimentos sustentáveis, que contribuem não só para uma larga poupança nos gastos energéticos, mas também para o conforto do nosso cliente.
In such an atypical year, how did your agencies and realtors in Portugal perform?
2020 started out with strong growth in Portugal’s real estate market. When the COVID-19 pandemic reached Portugal, the market naturally began to suffer, influencing the performance of real estate agencies, since most of our work is done through face-to-face contact. In the first half of the year, ERA finalised the sale of around 4,000 pieces of real estate worth a combined total €529 million EUR, and we reached a turnover of almost €29 million EUR in real estate brokerage commissions. These results are smaller in comparison with those from the same period in 2019, which is something we were already expecting. Be that as it may, though, these results are still quite satisfactory, if we take into account the abnormal circumstances we’ve been working in. Despite being an atypical year, we launched a national recruiting campaign in July in an effort to fill 500 vacancies at more than 200 agencies we own throughout Portugal. This is an investment in our human resources and in the training of new agents, something that we truly ascribe a lot of value to at ERA. In addition to this, we also continued focusing on expanding the ERA network in Portugal, opening more than 15 new branches after the health crisis reached our country.
In the housing segment, although the number of transactions has gone down, the price decreases we were all expecting never came to pass, and the median price even went up. Is the housing segment avoiding the crisis created by the COVID-19 pandemic or could this scenario change in 2021?
We’ve seen real estate prices in Portugal essentially stay stable in relation to the pre-pandemic period. Throughout the past few months, we’ve witnessed an increase in the supply levels in the Portuguese real estate market, which has led supply and demand in the market to start to balance out, thereby causing real estate prices to stabilise. We expect this stabilisation to continue in 2021 as well. Another factor that has been very important in recent months is the fact that we continue to see a high level of interest from foreign clients and investors who are looking for new opportunities and continue to consider the Portuguese real estate market attractive, which has helped mitigate some of the industry’s losses.
Obra Nova ERA (“New Projects by ERA” in English)now represents a considerable share of ERA’s total turnover. How do you explain this success story, and what values have been achieved so far?
We believe that the experience and knowledge that we have accumulated since ERA came to Portugal 20 years ago have helped make this project an already proven success. However, since our needs and characteristics differ from the various real estate investors and developers whom we’ve established partnerships with, we really needed to lay out a totally new strategy for Obra Nova ERA, approaching this market differently to ensure its success. The Valrio project, located in Olivais and bearing a seal of quality from developers Habitat Invest and Solyd, is a solid example of this initiative’s success. To date, 90% of its 155 apartments have already been sold. Since the project was set in motion in 2019, we’ve started work on 550 developments, a rather large number in just two years of existence. Lisbon is the area with the most sales, making up 23% of the programme’s total turnover. We have sold more than 1,000 homes that are either new or under construction and have seen more than €200 million EUR change hands under our watch, which clearly demonstrates the success we’ve been able to achieve through the dedication we have given to this project. During the first half of 2020, the partnership programme saw 432 pieces of real estate sold, with a total of 3,357 properties also added to the market. Lisbon was the region that led the country in terms of sales and additions. From January to September, new houses and those still under construction accounted for 13% of ERA’s housing-related revenue. These numbers lead us to consider Obra Nova ERA to be one of the most successful projects ERA has launched recently.
Could it be said that Obra Nova ERA has not only filled some of the housing gaps that exist in various areas of our country but also promotes buildings with better construction quality and greater levels of energy efficiency?
Without a shadow of a doubt. Although we do intend to help stem the lack of housing in Portugal with Obra Nova ERA, we’re also working towards ensuring these developments are increasingly sustainable and energy efficient. The Lux One development in Paços de Ferreira is one Obra Nova ERA-related investment to this end. Sustainable materials that consume less energy are being used in its construction. The project’s design was based entirely on sustainability. For instance, its hot water is produced via solar panels; it even features charging facilities for electric vehicles. We believe that this project has also helped make homes throughout Portugal more energy efficient and has become an excellent avenue to help the industry benefit from an ever larger number of sustainable projects that not only help our clients save on energy expenses but also help them feel more comfortable.
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SIL 2020 No timing certo The right timing
A 23ª edição do SIL – Salão Imobiliário de Portugal realizou-se em conjunto com a Tektónica - Feira Internacional de Construção e Obras Públicas e com a Intercasa - Living & Design, num só pavilhão, em formato físico e digital. Apesar do cenário restritivo de pandemia, de acordo com a Fundação AIP, este evento “superou as expectativas”. The 23ʳᵈannual Real Estate Exhibition of Portugal (SIL) was held in conjunction with both Tektónica – an International Construction and Public Works Trade Fair and Intercasa – Living & Design in a single pavilion, in both physical and digital formats. Even with the pandemicrelated restrictions in place, the AIP Foundation says the even “exceeded expectations.”
Foi estranho, confesso, ver o SIL ou até mesmo a Tektónica num só espaço, a uma só voz. A Fundação AIP tinha-nos habituado (talvez “mal”) a eventos de maiores dimensões. Stands com muitos metros quadrados, corredores cheios de profissionais e negócios feitos na “surdina” que só mais tarde descobríamos que tinham sido, ali, iniciados ou concretizados. “Foi o evento possível” foi a frase que mais ouvimos das diversas pessoas com quem a Magazine Imobiliário se cruzou na edição deste ano. Outra frase também replicada foi “viemos para mostrar que estamos unidos e fortes e que apoiamos o SIL em todos os momentos”. A nossa revista foi uma destas empresas. Mas se pensam que o SIL 2020 foi um fracasso comparativamente aos anos anteriores desengane-se. A 23ª edição do SIL que se realizou em conjunto com a Tektónica e com a Intercasa, de acordo com a Fundação AIP, “superou as expectativas”. A organização revelou que, “no decorrer dos quatro dias, participaram no evento mais de 8.500 pessoas, das quais mais de 5.500 presencialmente e 3.000 seguidores digitais”. Recorde-se que o pavilhão 1 da FIL recebeu 127 expositores e que a organização tinha estabelecido o limite de 2.288 visitantes em simultâneo no evento. Entre as empresas que habitualmente marcam presença neste evento imobiliário, houve algumas que mostraram-se, mais do que solidárias, verdadeiros crentes no certame. Tal foi o caso da rede de mediação imobiliária Century 21 que, em conversa com a Magazine Imobiliário, se mostrou optimista, sobretudo em relação ao fim-de-semana altura em que aumenta sempre o número de visitantes da população em geral. A ASMIP - Associação dos Mediadores Imobiliários de Portugal foi uma das entidades que se revelou de pedra e cal neste evento. Como o presidente Francisco Bacelar salientou, a associação não podia deixar de estar presente “num local de encontro do sector
Texto Text: Carla Celestino
imobiliário como o SIL, apoiando os nossos associados e a mediação em geral, apesar dos constrangimentos provocados pela pandemia”. Mas, curiosamente, houve também empresas que se estrearam no SIL movidos pela ideia de visibilidade à falta de concorrência. E ao que parece foi uma boa aposta. Já o espaço das conferências, alternado nos dias entre as apresentações SIL Investment Pro Powered by APPII (Associação Portuguesa de Promotores e Investidores Imobiliários) e da APR (Associação Portuguesa de Resorts), só não levou mais pessoas porque assim as actuais regras de distanciamento ditadas pela DGS não o permitiram. Temas actuais, preocupações transversais e um olhar sobre o presente e o futuro agarraram à cadeira oradores e público. No advento da abertura deste “trio” de feiras questionámos a gestora do SIL, San-
dra Fragoso, sobre se um agravamento da pandemia de Covid-19 no País faria adiar o evento ou mantê-lo em formato digital, ao que respondeu peremptoriamente que “os meios tecnológicos que temos ao nosso alcance permitem-nos potenciar a realização do SIL muito para além dos quatro dias de realização física” mas que pretendiam e estava ao seu alcance “garantir a segurança e oferecer confiança no nosso espaço aos expositores e aos visitantes” pelo que o evento concretizou-se. E em boa hora, mais umas semanas e tudo poderia ter sido diferente. Tiveram muita determinação e coragem mas também o timing e a sorte do seu lado.
I must confess, it was strange to see SIL or even Tektónica in just one space. The AIP Foundation had, for better or worse, gotten us accustomed to larger-scale events with stands taking up lots of square metres, Os meios tecnológicos que temos ao nosso alcance permitem-nos potenciar a realização do SIL muito para além dos quatro dias de realização física. The technology we have at our disposal will allow us to really enhance the SIL experience, taking things further than just the four-day in-person event.”
hallways filled with industry professionals, and deals made quietly behind closed doors that only later would we find out had been initiated or closed there. “It was the event that was possible” was the phrase that we heard the most from the many people whom Magazine Imobiliário this year. Something else that was also repeated was “we came to show that we are united and strong and that we support SIL throughout it all.” Our magazine was one of these companies. But, if you think that SIL 2020 was a failure in comparison to years previous, think again. According to the AIP foundation, the 23ʳᵈ SIL, which was held in conjunction with Tektónica and Intercasa, “exceeded expectations.” The organisation has stated that, “over the event’s four days, more than 8,500 people participated, more than 5,500 of whom visited in person while 3,000followed along
online.” Pavilion 1 at the International Trade Fair Centre of Lisbon, SIL’s venue, welcomed 127 exhibitors, and the organisation had established that no more than 2,288 visitors could be at the event at any one time. Among the businesses that typically attend this real estate-related event, there were some that seemed to attend not only out of solidarity but because they are true believers in the event. Such is the case of real estate agency Century 21, which, when talking to Magazine Imobiliário, spoke with optimism, especially in relation to the weekend when the number of visitors from the general population always increases. The Realtors Association of Portugal (ASMIP)was another such stalwart supporter of the event. As ASMIP President Francisco Bacelar explained, there was no way the association could not be present “at such an important meeting place for the real estate
industry. [We had to] support our associates and real estate brokerage in general despite the constraints the pandemic has imposed.” Curiously, though, there were also companies that made their debut at SIL, driven by the idea of visibility with the lack of competition. And it seems like it was a good investment. As for the conferences, the presentations alternated depending on the day between SIL Investment Pro Powered by APPII (the Portuguese Association of Real Estate Investors and Developers) and APR (the Portuguese Resort Association), and the only reason why they didn’t have more people in the audience was because the Health Ministry (DGS)’s social distancing guidelines only allowed for a certain number of people to attend. Current topics, cross-cutting concerns, and a look at the present and what
the future will be like captured the attention of the public and speakers alike. Before this trade fair “trio” kicked off, we asked SIL manager Sandra Fragoso whether the event would be postponed or kept digital if the COVID-19 pandemic worsened in Portugal. She responded that, while “the technology we have at our disposal will allow us to really enhance the SIL experience, taking things further than just the four-day in-person event,” they intended and had within reach the ability to “ensure our exhibitors’ and visitors’ safety and make sure they feel confident in our space,” so the event took place. And in good time too. A few weeks later and everything would have been different. They were very determined and courageous but also had timing and just a bit of luck on their side.
Square Meter Metro Quadrado28 Opinião Opinion
Aniceto Viegas Quais são as perspectivas para o mercado residencial? What’s the outlook for the residential market?
Aniceto Viegas
Director-geral da AVENUE General Manager, AVENUE O INE anunciou recentemente que no 1º semestre de 2020, as transacções de habitação diminuíram 6% em Portugal, reportando-se às unidades vendidas. No entanto, as transacções em valor subiram 2,5% no mesmo semestre. Os dados são comparados com o período homólogo de 2019 e reflectem um bom comportamento do mercado imobiliário. Contudo, sendo um sector com ciclos de produção e de venda mais longos do que outros sectores da economia, será extremamente interessante reavaliar os números no final do ano de 2020. As transacções do 1º semestre de 2020 também realçam um mercado mais preparado e menos exposto a variações, como foi o caso das crises anteriores. Ou seja, é expectável que o sector imobiliário seja uma alavanca do crescimento económico dos próximos dois anos. Acredito que o sector tenha boas condições para captar a procura nacional e que Portugal continue a ser procurado por compradores e investidores estrangeiros. No entanto, é importante preparar a retoma económica de forma a ter uma oferta menos onerosa para o comprador final, revendo o peso das taxas no sector imobiliário: desde as taxas cobradas pelos municípios até às taxas cobradas pelo Estado, nomeadamente em termos de IMT e de IVA. Relativamente à nossa capacidade de atracção de compradores internacionais, seria extremamente benéfico adiar o fim dos “golden visas” por mais um ou dois anos, evitando assim que Portugal perca competitividade em relação a outros países que mantiveram este incentivo. The National Statistics Institute of Portugal (INE) recently announced that, during the first half of 2020, housing-related transactions decreased 6% in Portugal in terms of units sold. However, the value of these transactions went up by 2.5% during the same timeframe. These data are compared with the same period as last year and mean the real estate market is performing well. However, given that real estate is an industry with production and sale cycles that last longer than those of other sectors of the economy, it will be extremely interesting to re-evaluate these numbers at the end of 2020. Transactions from the first half of 2020 also paint the picture of a market that is better prepared and less exposed to the variations experienced during previous crises. In other words, we can expect for the real estate industry to be a driver of the next two years’ economic growth. I believe that the sector is in a good position to serve domestic demand and that Portugal will continue to be sought after by foreign buyers and investors. However, it is important to set up the economic recovery in such a way that supply is less expensive for the end consumer, with an overhaul of the taxes and fees found in the real estate industry: from municipal fees to the taxes charged by the State, especially the Municipal Real Estate Transfer Tax (IMT) and the VAT. As for our ability to attract buyers from abroad, it would be tremendously beneficial to postpone the end of the “golden visas” for another year or two. Portugal would thus avoid loosing its competitive advantage in relation to other countries that have held onto this incentive.
Opinião Opinion
João Sousa Investir abanou mas não quebrou Investments have…but have not…
João Sousa
CEO JPS Group Em relação às possíveis mudanças no sector imobiliário após esta pandemia que estamos a atravessar, acredito que acima de tudo mudou todo um paradigma relativamente à forma como vemos, o mundo em geral, e o sector imobiliário em particular. As pessoas por este mundo fora começaram a dar mais valor à qualidade de vida em casa pois sentiram que estar confinados, por exemplo, em 60 metros quadrados (m2) sem espaços exteriores, é totalmente diferente de estar confinados em 180m2 com jardim. Estar confinado num T2 e ter dois filhos de idades diferentes que antes da pandemia até dormiam num beliche sem problemas, passa a ser muito complicado quando têm que estar todos em casa, com aulas à distância e com os pais a dividir-se entre a sala e a cozinha em teletrabalho. Esta mudança de necessidades é real e uma grande parte da população mundial passou por uma fase de quase insanidade nos meses de confinamento obrigatório. Já as pessoas que tinham um escritório em casa, que tinham um pequeno espaço exterior, que tinham um quarto para cada elemento da família, têm uma opinião bastante diferente em relação à fase de confinamento. É destas diferenças sentidas em cada família, em cada pessoa, e no mundo em geral, que falamos quando abordamos as questões da fase pré e pós-Covid. Por outro lado, o impacto económico nas mais diversas actividades económicas, não era esperado nem nunca sequer imaginado. Na fase pré-Covid, por exemplo, quem tinha uma unidade hoteleira na capital, ou três ou quatro restaurantes espalhados pela cidade, ou ainda uma discoteca “da moda” era considerado um empreendedor de sucesso quase “vitalício” com a afluência de turismo que tínhamos, e era impensável que, literalmente de um mês para o outro, fossem essas das áreas mais afectadas, com impactos negativos inimagináveis. E infelizmente podemos aplicar esse pensamento a muitíssimas outras áreas de investimento, como sejam a aviação, cruzeiros, estâncias balneares, alojamento local, ginásios, centros comerciais e um sem fim de actividades económicas que pararam simplesmente de um dia para o outro. Sem falar dos trabalhadores que exerciam as suas profissões em todas essas áreas. Mas como em todas as crises, surgiram oportunidades novas de negócio e houve sectores de negócio que saíram mais fortalecidos. Não posso dizer que o sector imobiliário tenha propriamente saído mais forte, porque estávamos a passar já uma fase muito forte e porque houve naturalmente algumas áreas no imobiliário que foram muito afectadas, sobretudo as que dependiam de investimento estrangeiro, mas considero que o sector imobiliário demonstrou que, à semelhança das estruturas anti-sísmicas, abanou, mas não quebrou. E isso veio demonstrar, uma vez mais, que o sector imobiliário foi e continua a ser um dos maiores motores de recuperação económica do nosso País, e um dos sectores mais seguros onde investir, quer estejamos a falar de pessoas a título individual, quer estejamos a falar de investimentos de uma forma em geral.
Regarding the changes the real estate industry may undergo after the present pandemic abates, I believe that, above all else, the way we see the world in general and real estate in particular will change. People across the globe have begun to pay more attention to their quality of life at home, as they have realised that being cooped up in a 60-square-metre space with no access to the outside is totally different from being confined to a 180-squaremetre space with a yard. Being confined to a two-bedroom apartment and having two children of different ages who, before the pandemic, would sleep soundly in a bunk bed becomes rather complicated when everyone has to be at home, classes are online, and the parents are going back and forth between the living room and the kitchen while also teleworking. This change in people’s needs is real, and much of the world has experienced a phase of near insanity with these months of mandatory confinement. For the people who’ve had a home office, a small space outside, and/or a room for each family member, though, their opinions regarding the confinement phase are rather different. We’re talking about these differences felt by each household, each person, and throughout the world in general when we speak about pre- and post-COVID questions. On the flip side of the coin, the impact this pandemic has had on any number of areas of economic activity was neither expected nor ever even imagined in people’s wildest dreams. Before COVID, for example, whoever owned a business in the hospitality industry in Lisbon or three or four restaurants spread throughout the city or even a “trendy” discotheque was considered to be an entrepreneur with virtually “lifelong” success thanks to the influx of tourism we had. It was unthinkable that, in the span of a month, those businesses would be the most heavily hit with unimaginable negative effects. And, unfortunately, we can apply this line of thinking to many other areas of investment, such as aviation, cruises, seaside resorts, local lodging, fitness centres, shopping centres, and an unending list of economic activities that simply came to a halt from one day to the next. Not to mention the countless workers whose professions were in these areas… As during any crisis, though, new business opportunities have arisen, and certain industries have emerged stronger than ever. I can’t exactly say that the real estate industry has emerged stronger because we were doing so well and because, naturally, there have been some parts of the industry that have suffered a truly devastating effects, especially those that depended on foreign investmen. But I do believe that the industry, just like a building designed to weather earthquakes, simply wobbled but has not fallen apart. And this goes to show, once again, that the real estate industry has been and will continue to be one of Portugal’s greatest drivers of economic recovery and one of the safest industries to invest in, whether we’re talking about people investing individually or investing in general.
Square Meter Metro Quadrado32 Opinião Opinion
José Araújo A mobilidade modifica e humaniza o conceito de escritório Mobility changes and humanises the concept of the office
José Araújo
Director da Direcção de Crédito Especializado e Imobiliário Millennium bcp Director of the Department of Real Estate and Specialised Credit, Millennium bcp Terá a pandemia e os seus efeitos acelerado uma realidade já anunciada? Deixarão de existir os escritórios tradicionais ou serão apenas diferentes, com ênfase na humanização dos mesmos? Estas questões surgem da forma como o teletrabalho já foi encarado e com a qual nem todas as empresas se identificam ou estão preparadas, mas que mais cedo ou mais tarde têm que incorporar se querem sobreviver e prosperar. Uma coisa é certa, o mercado global não é o mesmo, a tecnologia está cada vez mais evoluída, e quem mais rápido se adaptar à mudança, maior sucesso alcançará porque chegará mais depressa a quem quer chegar, a clientes mais tecnológicos e mais exigentes. E o teletrabalho já era uma realidade em movimento e já mexia com o mercado imobiliário há algum tempo. No contexto dos espaços de escritórios, a evolução costumava assentar nas formas de organização da sociedade, na tecnologia, no crescimento dos grandes centros urbanos, bem como nas formas de trabalhar. Hoje, a assunção de consciência por novos espaços de trabalho, quer sejam eles novos, quer sejam remodelados, reorienta a atenção de investidores de forma mais desafiante porque foi acrescentado um coeficiente (não mensurável) de incertezas. Teletrabalho não é sinónimo de menor procura nem o fim dos escritórios, antes pelo contrário. Mas houve uma evidente contracção da procura por novos espaços porque retomar decisões de expansão ou deslocalização merece alguma cautela. O teletrabalho ganha, efectivamente, uma expressão importante e impacto nas empresas com a optimização do espaço e com as zonas de trabalho flexível. Haverá transformações, não só imediatas, ao nível da análise e definição de estratégias, como também a longo-prazo na reorganização no layout dos escritórios e na redução na área ocupada. Mas não podemos descurar os benefícios do escritório físico, da colaboração interpessoal e da partilha dos valores e da cultura da empresa que promovem. E nesta conjugação híbrida, entre a incidência do teletrabalho e procura de espaços de menores dimensões ou a procura de espaços mais amplos e com layouts flexíveis, as oportunidades vão surgir. Os formatos Coworking voltarão a ter relevância para os investidores, talvez em sistemas integrados de Serviced Offices, dando forma a Serviços de Empresas, TMT’s & Utilities, Gabinetes de Arquitectura, contabilidade e advocacia, entre outros, com rendas mais atractivas, com maior atenção à qualidade dos espaços dentro do escritório e sobretudo das zonas sociais e de trabalho em equipa. As empresas vão ter que se reorganizar e com maiores preocupações ao nível do bem-estar dos seus colaboradores. Espera-se uma transformação no sector, mas será uma transformação sustentada em fluxos de investimento, quer nacionais, quer estrangeiros, impulsionados pelas características que nos distinguem e que têm cativado a procura, tais como os recursos humanos qualificados e a segurança. O teletrabalho e a sua força no futuro dos escritórios, vai trazer consigo a valorização
da vida humana, da sua importância e propósito na vida das empresas, ajudando a criar um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, com consequências imediatas na forma como se ocupamos espaços de trabalho, na qualidade com que se comunica, no maior envolvimento, colaboração e criatividade e na produtividade aferida. O desenvolvimento e transição tecnológicos já começaram há algum tempo nas empresas que querem prosperar, e não há nada que os pare.
Will the pandemic and its effects hasten the coming of a reality whose advent has already been foretold? Will traditional offices cease to exist or will they just be different, with special emphasis on humanising them? These issues have arisen largely because of telework. Not all companies identify with or are prepared for it, but, sooner or later, they will have to incorporate it if they want to survive and prosper. One thing is certain: the global market is not the same. Technology is ever evolving, and whoever adapts the fastest to these changes will have the most success because they will be the ones to most quickly reach those who want to come, customers who are ever the more demanding and technologically inclined. And telecommuting was already making its mark on the global stage, influencing the real estate market to some extent for quite some time now. Office spaces have evolved based on how society has been organised, technology, growth in large city centres, and work styles. Today, when it comes to new workspaces, be they brand-new or remodelled, investor attention is redirected in a more challenging way because an immeasurable number of uncertainties has been added. Telework is synonymous with neither less demand nor the end of the office. Quite the contrary. But there has been a clear decline in the demand for new spaces because taking up expansion or relocation decisions deserves some degree of caution. Telework, in fact, is an important tool and has a profound impact on companies, helping them optimize their space and create flexible working areas. There will be changes immediate and otherwise in terms of analysing and defining strategies. Office layouts will also be reorganised, and the amount of space that offices take up will shrink. But we cannot overlook the benefits of having a physical office, of interpersonal collaboration, and of sharing the values and culture of a company. And opportunities will arise with this hybrid combination, with telecommutingon the one hand and the demand for generally smaller spaces or larger spaces with flexible layouts on the other. Co-working will once again be relevant to investors, perhaps in the form of integrated Serviced Offices, providing spaces for those working in Business Services, TMTs & Utilities, Architecture, Accounting, Law, and more. Leasing these areas will be affordable, and greater attention will be paid to the quality of the spaces within the office, especially the social areas and spots where people will work as a team. Companies will have to reorganise and concern themselves with the well-being of their employees. A transformation in the industry is expected; it will be a sustained one in terms of investment flows, both domestic and foreign, driven by the characteristics that set us apart and have attracted demand, such as qualified human resources and security. Telecommuting and its influence on the future of the office will bring with it a better appreciation for human life and its importance and purpose in companies’ lives, helping people strike a better balance between their professional and personal lives. This will have immediate consequences on the way we occupy work spaces, the quality of our communication, and productivity and will also bring about greater involvement, better collaboration, and more creativity. Adapting to technological developments and change began some time ago in companies that want to thrive, and there is nothing that will stop them.