TCC

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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE SANTA CATARINA – CAMPUS FLORIANÓPOLIS DEPARTAMENTO ACADÊMICO DE METAL MECÂNICA CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM DESIGN DE PRODUTO

PROJETO EXPERIMENTAL DESIGN POSSIVEL SANTA CATARINA: Desenvolvimento Desenvolvimento de Embalagem para a Cooperativa Sonho Nosso

Maika Pires Milezzi

FLORIANÓPOLIS 2010

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MAIKA PIRES MILEZZI

PROJETO EXPERIMENTAL DESIGN POSSIVEL SANTA CATARINA: Desenvolvimento de Embalagem para a Cooperativa Sonho Nosso

Trabalho

de

Conclusão

de

Curso

apresentado como requisito parcial para obtenção do título de Tecnólogo em Design de Produto ao Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina.

Prof. Orientador: Orientador: Isabela Mendes Sielski

FLORIANÓPOLIS 2010

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MAIKA PIRES MILEZZI

PROJETO EXPERIMENTAL DESIGN POSSIVEL SANTA CATARINA: Desenvolvimento de Embalagem para a Cooperativa Sonho Nosso

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para a obtenção do grau de Tecnólogo em Design de Produto, Produto do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Florianópolis, 07 de julho de 2010.

BANCA EXAMINADORA

Profª. Isabela Mendes Sielski

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Orientador(a)

Prof. Bruno Manoel Neves,

Profª. Liliane Stelzenberger

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina

Erica Ribeiro, Ribeiro, Representante da empresa Design Possível Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina Campus Florianópolis

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Departamento Acadêmico de Metal Mecânica Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto Av. Mauro Ramos, 950 – Centro Florianópolis – SC – Brasil

ACADÊMICO Maika Pires Milezzi Aluno do Curso Superior de Tecnologia em Design de Produto IF-SC maikamilezzi@pensadesign.com

EMPRESA PARCEIRA Design Design Possível Rua da Consolação, nº 930, Consolação São Paulo – São Paulo – Brasil www.designpossivel.org Contato: Prof. Ivo Pons

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AGRADECIMENTOS

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Cabe pensar que planejar o futuro é ter consciência do caos. O design é sempre uma forma de encontrar uma saída. (Wilton Azevedo, 1998, p. 84)

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RESUMO

Um projeto experimental de design social em parceria com a Organização Design Possível. Iniciando com uma breve pesquisa teórica sobre as relações de trabalho e sustentabilidade, o trabalho se desenrolou com atuações em três diferentes grupos produtivos de Florianópolis, culminando no desenvolvimento de embalagens para Cooperativa de Gastronomia e Alimentação Sonho Nosso.

PALAVRASPALAVRAS-CHAVE: design colaborativo, comunidades, sustentabilidade.

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ABSTRACT

A social designing experimental project with the Design Poss铆vel organization. Beggining with a short theoric research about sustainability and the work relationships, the project was developed with activities in three Florian贸polis' diferent active groups, ending in the development of packings for the Sonho Nosso Cooperative.

KEYKEY-WORDS: collaborative design, community, sustainability.

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Sumário 1 Introdução_______________________________________________________11 1.1 Problema de Projeto 1.2 Objetivo Geral 1.3 Objetivos Específicos 1.4 Justificativa 1.5 Método 1.6 Etapas 1.7 Método de Pesquisa 1.8 Processo e projeto n.01 O Início______________________________________________________17 n.02 A empresa____________________________________________________ 18 2 O Design Possível São Paulo_________________________________________ 21 2.1 Definição/apresentação 2.2 Possíveis Empreendedores - Descobrindo o caminho 2.3 Cardume de Mães e Projeto Arrastão 2.4 Grupo Gerassol e Associação Comunitária Despertar n. 03 De volta a SC_________________________________________________ 26 3 Design Possível Santa Catarina_______________________________________27 4 Mapeamento de organizações em Florianópolis_________________________28 4.1 Florianópolis n. 04 Pesquisa Teórica______________________________________________ 32 5 Sustentabilidade_________________________________________________ 33 6 Por que trabalhar com comunidades_________________________________ 36 7 Design colaborativo_______________________________________________ 41 n. 05 Relato de Experiência DP-SP ___________________________________ 42 n. 06 Atuação nos Grupos Produtivos _________________________________ 45 n. 07 Recanto das Artes_____________________________________________ 47 8 Relatório da Ação – Recanto das Artes________________________________ 48 8.1 Relatório de Visita 8.2 Análise de Swot 8.3 Diagnóstico

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n. 08 – Mudança de Planos – Cooperativa de pranchas __________________ 55 9 Centro Cultural Escrava Anastácia ___________________________________ 56 10 Cooperativa de Fabricação de Pranchas – Solto________________________ 63 9.1 Análise de Swot 9.2 Cronograma 11 Cooperativa de Gastronomia e Panificação___________________________ 68 11.1 Análise de Swot 12Projeto de Embalagem___________________________________________ 66 12.1 Contextualização 12.2 Método de desenvolvimento de embalagem 13 Reuniões e Briefing______________________________________________ 74 13.1 Briefing 14 Análise do Ciclo de Vida__________________________________________ 75 14.1 Resultados da análise 15 PEST__________________________________________________________ 81 15.1 Políticas 15.2 Econômicas 15.3 Sociais 15.4 Tecnológicas 16 Conceitos______________________________________________________ 90 17 Requisitos de projeto_____________________________________________ 92 18 Geração de alternativas___________________________________________ 93 18.1 Pão-por-Deus n.02 – Considerações finais.________________________________________129 Referências______________________________________________________130 Anexos _________________________________________________________132

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1 Introdução

“Há profissões que são mais danosas que o desenho industrial, porém muito poucas. E possivelmente só haja uma profissão que seja mais desonesta. O desenho publicitário, dedicado a convencer pessoas para que comprem coisas as quais não necessitam, com dinheiro que não têm, para impressionar pessoas que não se interessam por isso, é, talvez, a especialidade mais falsa que existe hoje em dia. O desenho industrial, ao confeccionar as coisas estúpidas divulgadas pelos publicitários, alcança um merecido segundo posto.” (PAPANEK, 1977) Ao longo do curso de design me foram mostradas diversas faces do design de produto. Algumas assustadoras outras consoladoras. A citação de Papanek, acima, nos mostra uma das piores faces. A face da produção descontrolada, do excesso, do lucro como objetivo maior de todo o sistema. Essas características que fazem muitas pessoas desistirem da profissão, acabam sendo um estímulo para outras. Tranqüiliza-me saber que ela não é a única face do design, e que, justamente ela, possa servir de estímulo para mudanças. Textos recentes como os de Ezio Manzinni, John Thackara e o do próprio Papaneck apontam o design como uma alternativa eficaz para as mudanças que o mundo necessita. E é através desses teóricos que começo a buscar subsídios para uma outra forma de pensar o design. Além dessas teorias, algumas iniciativas reais muito próximas de nós são realizadas atualmente. Entre elas podemos citar o Design Possível, que figura como ‘empresa parceira’ desse projeto de conclusão de curso. O Design Possível (DP) é um projeto de desenvolvimento social que age na aproximação do design com parte da sociedade que se encontra a margem do processo de consumo. Utilizando o design como ferramenta para auxiliar no desenvolvimento humano e geração de renda através do desenvolvimento de produtos, gestão produtiva e outras formas de contribuir para esse fim. Nesse relatório apresento um breve estudo sobre a atuação do Design Possível e sua relação com algumas teorias acerca de design e sustentabilidade, que

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culminaram no processo de implantação do Design Possível Santa Catarina (DP-SC) e uma breve análise da atuação desse projeto em três diferentes grupos produtivos. E, por fim, no desenvolvimento de embalagem junto à Cooperativa de Gastronomia Sonho Nosso, sediada na Incubadora Popular de Cooperativas do Centro Cultura Escrava Anastácia. 1.1 Problema de Projeto

Como desenvolver, junto ao Design Possível e um grupo produtivo de Florianópolis, um produto que possua soluções de projeto e desenvolvimento e que auxilie na geração de renda e desenvolvimento humano de uma organização social que tenha essa necessidade? 1.2 Objetivo Geral

Desenvolver um produto em parceria com um grupo social, que auxilie no desenvolvimento humano e geração de renda desse grupo, e que busque a sustentabilidade na produção e no uso. 1.3 Objetivos Específicos

- Multiplicar, no Instituto Federal de Santa Catarina (IF-SC) e fora dele, a idéia de uma atuação do design de produto alternativa à produção industrial vigente levando em conta conceitos da sustentabilidade; - Buscar e organizar referências e contatos que auxiliem na implantação do Design Possível em Santa Catarina; - Desenvolver de forma colaborativa com um grupo produtivo, um produto adequado as suas necessidades. 1.4 Justificativa Justificativa

Tanto na cidade de São Paulo, onde fica O Design Possível quanto em Florianópolis sede do IF-SC e em todo o país, existe uma grande variedade de

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problemas sociais, como desemprego, subempregos e violência entre outros a espera de soluções. Nota-se, neste contexto, que existem muitas pessoas dispostas e capazes de trabalhar e gerar soluções para si mesmas e para o seu entorno. Algumas vezes o que se percebe é que faltam ferramentas adequadas para realizar essas ações. Em alguns casos, o design pode ser o diferencial que vá intervir nas relações produtivas e econômicas desses locais e proporcionar uma transformação social, bem fundamentada e duradoura. O Instituto Federal de Santa Catarina possui uma estrutura de desenvolvimento científico e tecnológico que pode servir como base para o desenvolvimento dessas idéias. Tanto no que diz respeito à estrutura física e material, como na existência de pessoas dispostas a realizar esse tipo de proposta. Além disso, iniciar a discussão sobre uma alternativa de exercício do design de produto focada nas pessoas envolvidas no processo, e no seu ambiente cultural e natural, dentro de uma instituição de educação pode fazer essa idéia se multiplicar e ganhar novas dimensões e valores. O Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA), possui um grande envolvimento com várias comunidades empobrecidas da região da grande Florianópolis. Principalmente as comunidades do Maciço do Morro da Cruz, que possuem proximidade física com Instituto Federal de Santa Catarina, mas ainda caminham a passos lentos para uma proximidade real. Com projetos educacionais e empreendedores, o CCEA, possui um perfil bastante interessante para o início dos trabalhos do DP-SC, e mostrou-se amplamente receptivo ao projeto.

1.5 Método

O método de design é baseado no processo estruturado de resolução de problemas. A partir da formulação de um problema, busca-se aplicar ferramentas de design na busca de soluções projetuais. Explorando os princípios das macro-fases de projeto (Informacional> Conceitual> Detalhado) apontados por Amaral et al (2006), procurei adaptar essas ferramentas para uma realidade de trabalho onde a busca pela informação se faz constante durante todo o processo como alimentador de um processo criativo contínuo e estruturado. Como sendo um projeto que enfoca a busca 13


de soluções de métodos e processos, e não só de produtos, será necessária a utilização de recursos de gestão de projetos como os sugeridos por Valeriano (2005, p.114) como subsídio tanto para a gestão do projeto quanto do processo de produção do produto desenvolvido. Ainda como ferramenta para auxiliar na qualidade do projeto, devo utilizar a o “PDCA” proposto por Amaral et al (2006). Essa ferramenta deverá ser verificada periodicamente, em todas as etapas do projeto de forma a manter o escopo (planejamento de projeto) sempre atualizado e adaptado às necessidades. É importante enfatizar que as ferramentas propostas e outras a serem buscadas, deverão ser utilizadas de forma a contribuir para o projeto da melhor maneira possível, podendo sofrer adaptações ou mesmo tendo o seu uso desconsiderado, caso ela se torne desnecessária. 1.6 Etapas Como expliquei no item anterior, as etapas do projeto serão uma adaptação das macro-fases de Amaral et al (2006). Essa adaptação é feita de forma que a fase Informacional fique dividida e alocada entre as outras fases, ou mesmo inserida dentro de uma das outras, para que, assim, possa subsidiar o desenvolvimento delas. Essa divisão pontual das etapas como parte da fase informacional e não como uma busca de informações dentro das outras etapas, é utilizada para proporcionar maior controle dessas atividades promovendo a sua qualidade e prevenindo que a sua realização prejudique a realização das outras etapas. Abaixo, segue a lista de etapas:

a) Planejamento 01 - O planejamento 01 é a primeira versão do plano de projeto, que foi apresentada à coordenação de TCC do IF-SC. Nele contavam as seguintes informações: Levantamento dos dados iniciais do Design Possível; Definição do problema de projeto; Justificativa do Projeto; Objetivos; Métodos e etapas; e cronograma. O planejamento será utilizado como referência durante todo o projeto e sofrerá alterações constantes. Algumas dessas alterações serão pontuadas em fases do projeto.

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b) Informacional 01 – A fase informacional 01 se concentra no recolhimento de informações a respeito: do Design Possível e sua metodologia de trabalho; de sustentabilidade; na seleção de organizações possíveis de se realizar o trabalho, na cidade de Florianópolis e coleta e análises de informações dessas organizações. Também, paralela a essa etapa, será selecionada a organização parceira, sobre a qual o estudo será mais detalhado. Em seguida, na fase de aproximação, é feito o levantamento das necessidades de projeto e definido um briefing.

c)

Revisão do Planejamento (02) – O término da fase informacional 01 é um ponto de checagem e revisão do planejamento de projeto. Nesse ponto, são levadas em consideração as informações levantadas até então para readequação do plano de projeto.

d) Informacional 02 – A segunda fase do informacional acontece em seguida da primeira, tendo inclusive algumas atividades coincidentes. Nela será feita a análise de concorrentes e similares; análise de necessidades da organização parceira, quando será definido o público; estudo do público do produto, junto com o grupo; definição de conceitos, também junto ao grupo; e estudo dos conceitos.

e) Intervenção – Trata-se do projeto de produto propriamente. A ser realizado junto ao grupo, deverá ter seu planejamento próprio, de acordo com as necessidades do grupo e os prazos. 1.7 Método de Pesquisa Pesquisa Teórica Os estudos teóricos para embasamento do projeto iniciaram-se propriamente no início do primeiro semestre de 2010, antes mesmo das outras atividades se iniciarem. Para a fase informacional 01, reservam-se as referências relativas à sustentabilidade.

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Estudos como ergonomia e características técnicas e conceituais referentes ao produto desenvolvido, serão realizados de acordo com a demanda dessas informações. Observações e vivências vivências Talvez tão ou mais importantes que as outras formas de pesquisa, para esse projeto, são as observações e as vivências. Muitas das informações aqui relatadas não poderiam ser encontradas em publicações. Algumas sequer poderiam ser obtidas através de pesquisas objetivas. Era preciso observar, conversar, conviver com as pessoas, em seu meio. Por isso, parte dos textos desse relatório possuem como referências essas observações. Foi inevitável que esses textos trouxessem consigo certa carga de repertório pessoal, agora incrementado com os estudos teóricos a cerca de sustentabilidade, mas, ainda assim, pessoal. 1.8 Processo e projeto Como mostrado no item “Etapas”, as informações deste projeto não foram obtidas na forma ‘blocos’ (primeiro todas as informações, depois o desenvolvimento, etc.), mas sim, de forma continua seguindo as necessidades que surgiram ao longo do processo. Entendemos também, que na apresentação dessas informações neste relatório, dividi-las em blocos dificultaria o entendimento do leitor. Assim, resolveu-se utilizar um sistema de relatório em que o andamento do projeto fosse narrado desde seu início como num “texto literário”. E o conteúdo pesquisado, assim como alguns relatórios de atividades e outros tipos de conteúdo com características técnicas, fosse adicionado nos intervalos da narração, de acordo com o contexto e necessidade. Para um melhor entendimento das distinções do conteúdo, a parte narrativa está diagramada com recuo à direita e com fonte tipográfica diferenciada. O restante do texto encontra-se diagramado segundo as normas técnicas (ABNT)

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n.01 O Início A história desse projeto começa com a sugestão de um professor do IF-SC para que eu fizesse o TCC em parceria com o Design Possível. Mesmo conhecendo muito pouco da sua estrutura organizacional, apenas a essência de seu trabalho, acabei abraçando a idéia. É verdade que quando fiz isso não sabia exatamente onde estava entrando. E, apesar de todos os percalços, penso que tomei o rumo certo. E é para falar desses acontecimentos e de toda a trajetória desse projeto que inicio essas linhas. Assim que aprovada a idéia de se fazer o TCC com o Design Possível (DP), entramos em contato com a organização, para saber da viabilidade da realização do projeto em parceria. Apesar de todo o nervosismo, fiz o primeiro contato com o Professor Ivo Pons, coordenador do DP. A proposta foi aceita prontamente, mesmo eu não sabendo claramente o que gostaria de fazer. Daí em diante, iniciou-se o planejamento que sofria mudanças constantes, pois faltavam muitas informações para se começar a formar o quebracabeça desse projeto.

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n.02 A empresa Design Possível São Paulo | Possíveis Empreendedores Possíveis Multiplicadores O meu primeiro contato direto com o Design Possível aconteceu entre os dias 27 e 31 de julho de 2009, no encontro de Possíveis Multiplicadores (ver Figuras 01, 02 e 03, p. 19), em São Paulo. O evento consistia em apresentar o funcionamento do DP, estabelecer o contato entre os participantes dos projetos de mesmo nome e filosofia que eram desenvolvidos em Manaus, Salvador e Belém, e fomentar a formação de novos grupos em outras cidades. As atividades do encontro aconteceram durante toda a semana das 9:00h às 22:30. A minha participação se deu a convite de Julia Asche, então responsável pelas relações externas do DP. As atividades se iniciaram com a utilização de dinâmicas de grupo que, fui verificar, mais tarde nos encontros com as comunidades, são bastante correntes na metodologia do DP-SP. Mas, logo começaram as apresentações do trabalho feito nas diferentes regiões ali representadas. Seguiu-se com o detalhamento da estrutura organizacional do DP-SP, e dos seus métodos de trabalho. Alguns grupos parceiros da instituição também estavam representados no encontro. Além das atividades em sala, também fizeram parte do encontro uma visita às sedes da Associação Comunitária Despertar, onde funciona o Grupo Gerassol, e do Projeto Arrastão (ver Figura 02, p. 19) que abriga o Cardume de Mães. Nessas visitas foi possível conhecer um pouco da estrutura e da história dessas organizações e algumas das atividades realizadas por elas. Além de conversar diretamente com as integrantes dos grupos atendidos pelo DP-SP no programa “Possíveis Empreendedores” (Ver Item 2.2), assim

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conhecer mais de perto os problemas enfrentados por elas e conseguir perceber a forma como a atuação do Design Possível impactou em suas vidas pessoais. O encontro de possíveis multiplicadores foi a porta de entrada no ‘universo Design Possível’. Somente a partir desse evento é que pude compreender do que realmente se tratava o projeto, não só de São Paulo, mas também os dos outros estados. Partindo dessa compreensão, e somente depois da volta a Florianópolis, é que começaram a amadurecer as idéias de implantação do Design Possível Santa Catarina.

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Figura 01 – Possíveis Multiplicadores Participantes durante apresentação.

Figura 02 – Possíveis Multiplicadores – Visita ao Projeto Arrastão.

Figura 03 – possíveis Multilicadores Encontro de comunidades.

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2 O Design Possível São Paulo O Design Possível, “empresa parceira” do TCC, é um projeto amplo e peculiar que dificilmente é compreendido totalmente em uma primeira visão. Para facilitar essa compreensão, neste Item, faço a apresentação do Projeto Design Possível, e, individualmente, de alguns elementos importantes que o compõe. Elementos esses, que possuem relevância nesse estudo e deverão ajudar a entender o projeto como um todo.

2.1 Definição/apresentação O projeto Design Possível (DP) nasceu de uma parceria entre a universidade de Firenze, na Itália, com o Instituto Presbiteriano Mackenzie de São Paulo no ano de 2004. O Idealizador do projeto foi o professor Ivo Pons, do Instituto Presbiteriano Mackenzie, que se encontra até hoje a frente do projeto. O Design Possível tem como objetivo promover a geração de renda em comunidades na Grande São Paulo, por meio de assessoria e capacitação de núcleos de produção de manufaturados diversos. Através de parcerias com ONGs e Empresas, o projeto já formou e assistiu vários núcleos produtivos com projetos de produtos pautados em critérios de sustentabilidade ambiental, econômica e social. Junto a esses núcleos, realizou parcerias e contratos com grandes empresas e feiras de produtos, ganhando visibilidade nacional e internacional. Seus objetivos principais são: Construção do conhecimento; Desenvolvimento de uma rede; Desenvolvimento do Design; Transformação dos atendidos; Mudança da relação centro-periferia. O Design Possível possui uma organização estruturada em quatro coordenações: Comunicação, Administrativo, Pedagógico e Comercial. A principal característica do DP é o funcionamento de forma líquida – Adapta-se às necessidades -, colaborativa, “empoderadora” – faz com que os envolvidos se tornem atores do processo e não apenas espectadores -, criativa e comprometida. Essas características estão presentes tanto na organização como um todo, quanto nos membros individualmente, de forma diferente, claro, mas garantindo o funcionamento da estrutura.

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2.2 Possíveis Empreendedores Empreendedores - Descobrindo o caminho

As intervenções iniciais do DP nos grupos produtivos se davam na forma de elaboração de projetos de design condizentes com as técnicas e os limites dos grupos. Entretanto, esse sistema, também utilizado por outras organizações e profissionais, se mostrou ineficaz por vários motivos. Entre eles, a constatação que intervenções externas dentro de um grupo ou comunidade nem são sempre bem aceitas, o que causava dificuldades de relacionamento. A diferença de linguagens e repertório entre a equipe de design e os grupos também dificultava. Por exemplo, era complicado fazer um grupo de artesãs entender e aceitar questões como “padronização de produtos”, ou “adequação com o público”, sendo que estes conceitos eram muito distantes da suas realidades. Além desses problemas, com uma intervenção superficial como a simples elaboração de projetos de produto, ou capacitação técnica (técnicas de artesanato ou produção), a continuidade e a sustentabilidade dos projetos ficavam comprometidas. Dificilmente um projeto desenvolvido por uma pessoa estranha ao grupo, sem a participação do mesmo ou um processo de comunicação eficiente, seria tocado adiante quando os grupos se afastassem. A partir desses e outros problemas, o Design Possível iniciou um programa de formação, que visava potencializar o sucesso das intervenções. Esse programa, hoje em andamento, foi chamado de “Possíveis Empreendedores” e tem como objetivos a capacitação técnica (potencializando uma das atividades de manufatura já desenvolvida por membros da comunidade ou introduzindo uma nova atividade) e a formação empreendedora que objetivam a “independização” dos grupos após a capacitação. O programa é realizado em módulos de atividades, a serem desenvolvidos em 3 anos. O primeiro de atividades e contato direto, o segundo de incubação e o último de acompanhamento e consultoria. Essas atividades são mediadas por um agente externo (membro do Design Possível) ou agente interno (membro da comunidade alvo). Por ela já passaram - e ainda passam - alguns grupos produtivos, entre eles o “Cardume de Mães” e o “Grupo Gerassol” que serão apresentados nos tópicos seguintes.

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2.3 Cardume de Mães e Projeto Arrastão O Cardume de Mães é formado por mulheres (ver figura 04) da comunidade do

Campo Limpo em parceria com a ONG Projeto Arrastão e o Design Possível. O objetivo do grupo é a geração de renda através da venda de produtos artesanais como acessórios, bonecos e papelaria artesanal. Utilizam materiais reaproveitados, como

banners, retalhos de tecido, garrafas pet, entre outros. A parceira com o DP iniciou-se em 2006 com o desenvolvimento de projetos. Mais tarde o grupo participou da formação de Possíveis Empreendedores, onde, além da capacitação empreendedora, foi desenvolvida a identidade visual do grupo e vários outros produtos (ver figura 05). Atualmente o Cardume de Mães encontra-se em fase de incubação, e conta com o acompanhamento do DP, mas já coordena internamente as suas atividades.

A

parceria entre o DP, o Arrastão e o Cardume rendeu vários frutos como a participação em feiras e exposições.

Figura 04 04 – Cardume de Mães - Possíveis Multiplicadores.

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Figura 05 05 – Produtos em lona de Banner do Cardume de Mães.

2.4 Grupo Gerassol e Associação Comunitária Despertar

A Associação Comunitária Despertar existe desde 1994 e atua no Jardim Villas Boas em São Paulo. Inicialmente trabalhando com capacitação profissional para adolescentes, mais tarde estendeu suas atividades aos adultos da comunidade. Desse trabalho de capacitação nas áreas de costura e bordado, se formou um grupo de mães que produziam trabalhos artesanais (ver figura 06).

Figura 06 – Grupo Gerassol – Possíveis Multiplicadores.

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Com a parceria com o Design Possível o grupo participou do programa Possíveis

Empreendedores. Durante o período de capacitação foi desenvolvida a identidade visual do grupo e escolhido o nome “Gerassol” utilizando-se, também, o design colaborativo. O grupo Gerassol teve sua formatura da capacitação do Possíveis Empreendedores em julho de 2009, durante a realização do Possíveis Multiplicadores. Passando, então, para a fase de incubação. Nas figuras 07 e 08, os produtos desenvolvidos pelo grupo.

Figura 07 07 – Grupo Gerassol – Exposição no Encontro de Comunidades realizado pelo DP-SP.

Figura 08 08 – Grupo Gerasol – Produto. Fonte: Acervo Pessoal.

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n. 03 De volta a SC DP-SC | Mapeamento de grupos produtivos Voltei a Florianópolis sem muitas certezas do que aconteceria. As coisas pareciam bastante turvas. Teria que trabalhar com um grupo lá de SP, à distância, ou um grupo daqui, com o mínimo de suporte. O DP-SC não existia nem em esboço, pois não tínhamos a mínima idéia de que haveriam pessoas interessadas em assumir o compromisso, exceto Mauro Alex Rego (então professor do IF-SC) e eu. Mas então, chegou a 13ª Mostra Design, e a vinda do Professor Ivo Pons para uma palestra. Ele falou sobre a sua carreira como designer e professor de design. Foi impossível desassociar da criação do DP. Foi nesse momento que o cenário mudou: Mauro voltou a se empolgar com a idéia de montar o DP em Florianópolis. Outras pessoas, algumas que não conheciam, outras que tinham uma vaga idéia e até umas que conheciam bem o DP, se juntaram ao grupo. Aliás, pela primeira vez pudemos dizer que tínhamos um grupo. Assim, começa a história do DP-SC. Com essas maiores possibilidades, decidimos procurar um grupo produtivo daqui de Florianópolis pra trabalhar. Então, precisávamos identificar qual seria esse grupo. Para isso foi feito um levantamento de organizações de Florianópolis que tinham relação com grupos de artesanato e geração de renda.

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3 Design Possível Santa Catarina A “abertura de caminhos” para a implantação do núcleo Design Possível Santa Catarina (DP-SC), vinha como um dos resultados esperados deste projeto desde seu planejamento inicial. Com a mudança de cenários ocorrida por incentivo da capacitação de “possíveis multiplicadores”, e da palestra do Professor Ivo Pons na 13ª mostra design IF-SC, que ocasionaram a adesão de outras pessoas à idéia, a implantação paralela à execução deste projeto, tornou-se efetiva. O Design Possível Santa Catarina configura-se atualmente como um projeto de extensão do IF-SC. Além de uma espécie de “filial” do Design Possível, em fase de estudo de configuração legal. Os objetivos do projeto em Santa Catarina permeiam a promoção de capacitação técnica e empreendedora de grupos produtivos; o desenvolvimento de produtos ou serviços para esses grupos; difundir dentro e fora do IF-SC os princípios do desenvolvimento sustentável; além de fomentar o envolvimento entre os estudantes do IF-SC e a comunidade, beneficiando ambas as partes (fonte: Plano de Trabalho DP-SC). A fase de implantação do DP-SC previa algumas atividades fundamentais, eram elas: 1) capacitação interna do grupo; 2) mapeamento e diagnóstico de grupos produtivos de Florianópolis. A atividade (1) vem sendo realizada desde o início das discussões acerca da implantação, mas teve um marco direcional na segunda semana de abril deste ano (2010) com a vinda do Professor Ivo Pons a Florianópolis para discutir a estrutura do projeto e sanar dúvidas dos participantes. Essa atividade deverá ser seguida de um maior contato entre os DP de SC e SP, tanto na transferência de informações como na realização de atividades em comum. Um ponto importante discutido nesse encontro foi a sustentabilidade estrutural e financeira do projeto. Algumas medidas foram tomadas para que esse desenvolvimento ocorra o mais breve possível, diminuindo os riscos de interrupção das atividades por falta de disponibilidade dos integrantes. A atividade (2) iniciou-se com um levantamento de possíveis entidades para contato – também realizado como parte desse TCC (tópico 4) – No início de 2010,

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começamos o diagnóstico das cooperativas do Centro Cultural Escrava Anastácia Onde estão sendo realizados alguns trabalhos experimentais.

4 Mapeamento de organizações em Florianópolis 4.1 Florianópolis

Florianópolis, ao longo de sua existência sofreu várias ações provenientes do poder público que, independente de sua intenção, acabaram por gerar desigualdade social marcada por limites geográficos. Como exemplo, foi o processo de “higienização” do centro da cidade fazendo com que os moradores de baixa renda, dessa região (próxima a Avenida Hercílio Luz) fossem deslocados para o Morro do Antão (atual Morro da Cruz), iniciando a ocupação desordenada do local. Por volta da década de 1960, houve um aumento da emigração de pessoas vindas do interior do estado, principalmente do oeste e planalto serrano, por conseqüência do êxodo rural (Coppete, p. 51 2003). Como na maioria das cidades brasileiras, a capital catarinense não absorveu toda essa mão-de-obra em sua economia formal, aumentando ainda mais a desigualdade. E fazendo com que as áreas “periféricas” – no sentido político, e não físico, considerando que uma das maiores concentrações de comunidades de baixa renda da cidade, o Maciço do Morro da Cruz (ver figura 09), encontra-se numa região bastante central – se tornem cada vez mais populosas.

Figura 09 – Morro da Cruz, visto do Campo de Futebol do IF-SC. – Fonte: acervo pessoal.

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O “limite” físico entre o Centro da cidade e as comunidades do Maciço do Morro da Cruz é apontado como Avenida Mauro Ramos. Antonio Colangelo no Livro Esse Movimento Chamado Aroeira organizado por Nadir Azibeiro, define categoricamente: “Florianópolis é um micro-cosmo no qual a demarcação física e simbólica entre o centro da cidade e as comunidades empobrecidas tem nome e endereço: uma rua chamada Rua (sic) Mauro Ramos” (p. 122). Por acaso ou não, o endereço do Instituto Federal Santa Catarina. Posicionado “no lado” do morro, porém “de costas” pra ele. Em contrapartida, como herança da colonização açoriana ou pela simples necessidade, o artesanato da cidade ganha força, sendo principalmente voltado para o turismo. No site de informações “Guia Floripa”, estão relacionadas 13 feiras de artesanato localizadas em diversos pontos da cidade e realizadas por organizações distintas. O levantamento de grupos produtivos em Florianópolis iniciou-se assim que se constatou a importância do projeto ser realizado na cidade. Os critérios utilizados para a aproximação foram as referências pessoais, como relacionamento anterior com a organização ou através de pessoas conhecidas. Assim foi como Fórum do Maciço (Grupo Escrava Anastácia), com a Casa dos Girassóis e a Rede Feminina de Combate ao Cancer. A iniciativa de procurar a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes, surgiu da informação de possíveis cadastramentos de grupos de artesanato. Com a evolução do processo de criação do DP-SC, houve a possibilidade de juntar os dois estudos. Ou seja, utilizar os dados levantados para o TCC, no diagnóstico de organizações do outro projeto. A maioria dos contatos se deu inicialmente por telefone, seguido de visita. Sendo que as conversas e observações realizadas nessas visitas serviram como coleta de dados que deram origem, entre outras coisas, às informações dos parágrafos seguintes. Em cada tópico, uma breve descrição e informações sobre a aproximação com cada grupo com o qual se buscou essa aproximação. a) Casa dos Girassóis - A Casa dos Girassóis é formada por colaboradores voluntários da Associação Espírita Fé e Caridade. A instituição tem participado de diferentes ações, há dez anos, na comunidade do Mont Serrat, próximo à Avenida Mauro Ramos. Trabalha na formação integral de crianças, de jovens e suas famílias. Um dos projetos realizados na Casa é o grupo de mães que trabalha com artesanato. 29


Esse grupo tem uma produção pequena que a destinada à venda em bazares na comunidade. Contato: Ivete; Diagnóstico: Já realiza um trabalho com uma designer. O contato está sendo mantido para se conhecer melhor o trabalho realizado por elas. A organização manifestou interesse na formação de outros grupos de artesanato envolvendo adolescentes da comunidade. b) Centro Cultural Escrava Anastácia - O Centro Cultural Escrava Anastácia existe desde 1994. Nasceu a partir do trabalho de um grupo da comunidade, que tinha como objetivo a educação de várias entidades educacionais com objetivos de fortalecer as pessoas e a participação na vida comunitária. O Centro Cultural foi projetado com a finalidade de abrigar projetos e atividades educativas para os moradores da comunidade. A partir desta iniciativa desencadearam-se outros projetos articulados pelo CCEA como: Projeto Travessia, Movimento dos Trabalhadores Oriundos dos Quilombos e o Fórum do Maciço, todos tendo como foco a articulação de forças sociais e a constituição de redes. Esse processo possibilitou a existência do Aroeira – Consórcio Social da Juventude e os demais projetos com foco na geração de emprego e renda e inserção cidadã da juventude das periferias. Pela ligação com diversas comunidades através do Fórum do Maciço, o CCEA é uma peça importante para estudos de trabalho comunitário e geração de renda na grande Florianópolis. O fato de ter surgido e continuado na sua existência com atividades educacionais também reforça essa idéia. c) Casarão da Lagoa - Centro Cultural Bento Silvério - Contato obtido através da Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC), é referência no trabalho realizado com as “rendeiras da lagoa”. As rendeiras são mulheres da comunidade tradicional de Florianópolis, descendentes de açorianos que herdaram as técnicas da renda de Bilros. Possuem um trabalho bastante reconhecido pela delicadeza e qualidade. Existem grupos de rendeiras em várias partes da Ilha de Santa Catarina, o grupo da Lagoa é um dos mais conhecidos. No Casarão ocorrem duas vezes por semana oficinas realizadas pela FCFFC, que também administra o Casarão. Além do trabalho com as rendeiras, o Casarão da Lagoa também é responsável pela organização da Feira da Lagoa, conhecida feira de artesanato que conta com cerca de cem artesãos devidamente cadastrados, segundo site da Fundação. Contato: J.B. (Núcleo de Artesanato da Fundação Franklin Cascaes). 30


d) Rede Feminina de Combate ao Câncer – Recanto das artes. - A Rede Feminina de Combate ao Câncer (RFCC) foi fundada no Brasil em 1946. Começando em Santa Catarina em 1961. A RFCC Florianópolis atua no trabalho de atendimento e informação às mulheres da Região Metropolitana de Florianópolis, sobre a importância da prevenção do câncer, principalmente do colo de útero e de mama. A base do trabalho da instituição se dá por meio de voluntariado. E as despesas maiores, como as poucas contratações e contas de manutenção da sede, são subsidiadas por doações feitas através da conta de luz (parceria com a concessionária de energia do estado, CELESC) e também por verbas da prefeitura. O grupo Recanto das Artes trabalha há 12 anos com a confecção de objetos artesanais utilizando as técnicas de costura, bordado, crochê entre outras. Os produtos confeccionados são direcionados à comercialização em um bazar que tem renda revertida para a manutenção do ambulatório da Rede Feminina de Combate ao Cancer. (Jornal do Artesanato)

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n. 04 Pesquisa Teórica Sustentabilidade | Trabalho Comunitário| Design Colaborativo Paralelamente a todos esses acontecimentos eu desenvolvia a pesquisa teórica do TCC. Quase toda pautada na teoria da sustentabilidade e design sustentável, com um pouco de filosofia do design e algumas outras fontes, a pesquisa inicial deu origem a uma série de reflexões a cerca do tema. Com as mudanças do projeto – de que falarei mais adiante -, esse material acabou ficando meio fora de contexto no relatório. Por isso, tivemos que selecionar algumas partes que tivessem relação direta com a fundamentação do trabalho. No momento da organização desse relatório, já temos uma melhor idéia da abordagem temática do TCC e do tipo de trabalho que está sendo realizado. Respeitando essas condições, os temas centrais selecionados foram:

Sustentabilidade;

Trabalho

Comunitário;

e

Design

Colaborativo. Três títulos seqüenciais e complementares, com temática central no desenvolvimento sustentável e discussões derivadas desse tema.

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5 Sustentabilidade Os conceitos de “sustentabilidade” têm estado bastante em pauta nos últimos anos. O que por um lado gera discussão e desenvolve o tema, por outro, faz que se produza muita informação irrelevante ou, até mesmo duvidosa. Em princípio tracemos uma definição do conceito de “desenvolvimento sustentável”. Cordoni faz uma conceituação geral do termo baseada no Relatório de Brundtland. “Desenvolvimento sustentável foi então definido no mencionado Relatório Brundtland. O que pretende é alcançar uma situação ideal de justiça social, para a humanidade, na qual o desenvolvimento sócio-econômico, em bases eqüitativas, estaria em harmonia com os sistemas de suporte da vida na Terra. Em tal situação, ocorreria certa melhoria na qualidade de vida das populações, cujas necessidades (e alguns dos desejos) da presente geração estariam satisfeitas sem prejuízos para as gerações futuras. (CORDONI,p.14, 1995)

De forma mais sintética podemos citar a Comissão Mundial Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento que diz que desenvolvimento sustentável consiste em “atender às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das

gerações

futuras

de

atenderem

as

suas

próprias

necessidades”

(CMMAD apud Azevedo, 2006). Apesar de estar em evidência, à idéia de desenvolvimento sustentável ainda é muito desacreditada em termos práticos. Ezio Manzini, no aclamado texto “comunidades Criativas” teoriza que diante dos problemas relativos ao uso não sustentável dos recursos terrestres, as pessoas agem alegando que o vivemos em um “sistema bloqueado”. “Las empresas y los políticos esgrimem que no pueden hacer nada porque “la gente” no estás dispuesta a cambiar. A su vez, los indivíduos y las comunidades, aunque expressan su voluntad de cambio, alegan que no pueden hacer nada porque ‘las empresas’ y ‘los políticos’ no ofrecen ninguna alternativa. Los diseñadores tambén participan en este juego de paralización, bloqueados en uma dinâmica que no les permite imaginar nada más que artilugios nuevos e inútiles o, em mejor de los casos, mejoras graduales em um sistema intrínsecamente insostenibile.” (Manzini apud Brower p.52)

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Thackara citando BoloBolo retoma o assunto, falando da resistência a mudanças que as pessoas apresentam. Mudar paradigmas sociais, mesmo em tempos em que a palavra de ordem é “inovação”, é uma empreitada difícil. E os mais resistentes acabam sendo os que deveriam ser os agentes dessa mudança. E muitas vezes, essa resistência é originada de comodismo intelectual. Pela forma como as coisas são encaradas e da forma como são apresentadas. “...muitas visões do futuro cheiram a renúncia e , moralismo, novos trabalhos, reconsiderações laboriosas, modéstias e autorestrições. É claro que a limites, mas por que haveria limites ao prazer e à aventura? Por que a maioria dos ambientalistas só fala de novas responsabilidades e quase nunca de novas possibilidades? Por que ser modesto diante da catástrofe iminente?” (BoloBolo apud Thackara p. 38)

É possível que pensar nas restrições que o planeta nos impõe para a nossa própria sobrevivência na forma de estímulo criativo, possa impulsionar o desenvolvimento de novas alternativas. E fazer dessa fase sombria da história humana, uma prova de que somos capazes de superar grandes problemas. E melhor, que somos capazes de sobreviver. Dessa forma Manzini retoma o tema afirmando que existem pessoas capazes de agir de forma diferente. “Estas personas creativa y empreendedoras no han esperado

a que produzca um cambio global en el sistema (la economia, las instituciones o las grandes infraestructuras), sino que han aprovechado lo que tenían a su alcance para crear algo nuevo.” E os resultados dessas ações aparecem em situações diversas, como ‘a solução de problemas de alimentação saudável de determinada região’, ‘alternativas de transporte’ ou produção. São soluções pontuais que podem ser multiplicadas, ou interagir em redes. Nesse âmbito o modelo do Design Possível se destaca: com recursos relativos à área de atuação dos seus integrantes (design de produto, gestão, etc), propuseram uma alternativa de solução para problemas locais de sua região. Com o tempo, os resultados do trabalho se espalharam pelos meios de comunicação, e outros grupos tomaram a iniciativa de realizar trabalhos semelhantes em outras regiões. Assim, foi estabelecida uma rede de troca de conhecimentos e experiências para ajudar na construção de soluções em outras localidades. Ressaltando que, em cada localidade diferente, o projeto tomou uma forma diferente adaptando-se as necessidades e

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permitindo a sua sustentabilidade. No livro Design para inovação social e sustentabilidade, Manzini ainda confirma o seu texto anterior, dando ênfase a capacidade das pessoas de reorganizarem elementos pré-existentes formando soluções inovadoras. “(...) casos promissores se baseiam em grupos de pessoas que foram capazes de dar vida a soluções inovadoras. E fizeram isso recombinando o que já existe, sem esperar por uma mudança geral de sistema (na economia, nas instituições, nas vastas infraestruturas). Por essa razão, considerando que a capacidade de reorganizar elementos em novas e significativas combinações é uma das possíveis definições de criatividade, tais grupos podem ser definidos como comunidades criativas: pessoas que, de forma colaborativa, inventam, aprimoram e gerenciam soluções inovadoras para novos modelos de vida.” (Meroni apud Manzini p. 64 2008)

O design por sua natureza de solução de problemas e os crescentes direcionamentos da disciplina para a gestão e design estratégico, encontra um papel fundamental nesse cenário. Não só na redução do impacto ambiental dos sistemas produtivos atuais, como numa possível mudança estrutural nesse sistema, envolvendo os hábitos das pessoas e todo modelo de produção e consumo.

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6 Por Por que trabalhar com comunidades “A estética cria a necessidade, mas o design proporciona os meios. A transcrição para a sustentabilidade não diz respeito a mensagens, mas a atividade. A maioria dos designers profissionais trabalha no negócio de representação, de forma que a primeira reação foi projetar um pôster sobre a sustentabilidade ou lançar uma campanha na mídia. Mas transmitir mensagens, por mais instigantes e evocativas que possam ser, não é o mesmo que ajudar pessoas reais, em lugares reais, a mudar um aspecto de sua realidade material cotidiana.”(THACKARA, 2006. p. 220)

Na citação acima, Thackara, chama a atenção para a atuação dos designers apenas na forma de comunicação quando se trata de solucionar algum problema como o da sustentabilidade. Ainda segundo Tackara, não se trata de desvalorizar esse tipo de atuação, mas de se pensar em outras possibilidades de se agir. Há cerca de 6 mil anos (data do desenvolvimento da escrita segundo o site Wikipédia), nós, seres humanos, começamos a ter consciência de nós mesmos. É claro que não falo da consciência individual, sobre isso não me arriscaria. Falo da consciência coletiva, da consciência histórica do ser humano. Esta começou a se desenvolver tão logo aprendemos a lembrar, a registrar fatos. As formas desses registros é que se mostram um tanto controversas. As ciências dizem que a “história” se inicia com o surgimento (ou a invenção) da escrita, e por isso têm até data (aproximada, obviamente) de início. Por que, segundo essa teoria, é com a escrita que os seres humanos começam a registrar as coisas, sendo elas verdade ou não. Mas, é fato que também sabemos coisas que aconteceram antes da escrita, na “pré-história” da humanidade. E até antes disso, antes dos humanos serem humanos. Além disso, sabemos que hoje, a comunicação escrita já não é a principal forma de comunicação (desconsiderando a fala). Temos milhões de sinais das mais variadas formas espalhados pelo mundo transmitindo alguma mensagem. Da pré-história até agora, podemos saber ou, ao menos, imaginar, o que aconteceu com a nossa espécie, só observando imagens e objetos. Villén Flusser, em suas reflexões que resultaram no livro “O mundo codificado”, diz que a história humana pode ser entendida através da análise das “fábricas” de diferentes grupos sociais (p.35, 2007). Uma vez que Flusser sugere a utilização do termo “Homo faber” (p.34, 2007) no lugar de homo sapiens para designar a espécie

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humana denotando a importância que o autor atribui as atividades de transformação da natureza realizadas pelos seres humanos. Se entendermos os seres humanos da forma apresentada por Flusser, colocamos a produção industrial no centro da cultura humana, se não como a própria definição dela. Em uma observação superficial de meios de comunicação informais (páginas de pesquisa do Google – ver Item 2.1.3, Observações), podemos perceber a forma antagônica em que são utilizadas as expressões “cultura” e “indústria”. Isso se dá pela adoção da “revolução industrial” ocorrida nos século XVIII e XIX (wikipedia) como sendo o marco do início da produção industrial. Para Flusser, essa é considerada a “segunda revolução industrial”, sendo a primeira ocorrida na pré-história com o início do uso de ferramentas (p. 37, 2007). Por esse ponto de vista, tudo que a humanidade fez desde que começou a pensar por si só, foi modificar a natureza ao seu redor. “Cercando-se de cultura e afastando-se cada vez mais da natureza” (FLUSSER p. 58, 2007). As formas como essas transformações são realizadas é que se modificam no tempo e no espaço. E a velha consciência coletiva da humanidade continua a tender para a visão hegemônica dos acontecimentos, mostrando apenas uma das linhas da vasta trama que é a produção cultural/industrial humana. Não seria arriscado dizer que o modelo de produção industrial vigente – que nada mais é do que uma variação próxima do modelo modernista – é apenas uma fase dentro da história da humanidade. Ou ainda, uma das alternativas existentes dentro de uma das fases. Claro, não se pode negar que esse modelo é, indiscutivelmente, o que causou impactos mais marcantes e de forma mais rápida de todos já vividos. E é justamente por isso que se torna tão importante buscar alternativas na época em que estamos. Cabe pensar que quase toda forma de ação humana tem como fim o próprio ser humano. Pensamos, agimos, produzimos para o nosso próprio benefício (mesmo que essa palavra tenha significados variáveis) ou de outros indivíduos da espécie. Seja o produto dessas ações intelectual, cultural ou mesmo industrial, é o ser humano o começo e o fim desse sistema. Devido à complexidade das ações humanas ao longo da história foram propostas diversas formas de se gerir os processos produtivos – que podem ser definidas na 37


forma de sistemas políticos (capitalismos, socialismo, etc...), administrativos (fordismo, toyotismo, etc...). Independente da origem, os fins e outras peculiaridades desses sistemas, eles acabam sendo restritos a um campo de visão/atuação limitado diante da complexidade da cultura humana como um todo. Em outras palavras, por mais bem intencionado que seja um determinado sistema ele não irá satisfazer as necessidades de todos os envolvidos. Sempre algumas partes ficarão a margem do campo atingido. Como explicitado na teoria da Hegemonia e Ideologia de Antônio Gramsci (GUEDES, p.26 1995), alguns desses sistemas acabam se tornando dominantes e tidos como padrão de utilização. O que induz a falhas relacionadas a fatores não contemplados no sistema em questão. Trazendo para o campo industrial. Se pensarmos o ciclo de vida de um produto nas formas mais utilizadas hoje em dia, podemos chegar ao seguinte diagrama: [Projeto Projeto > fabricação > transporte > venda > compra > uso > manutenção > reciclagem > descarte >. Etapas do ciclo de vida do produto segundo Baxter (p.183 , 2003)] Nesse ciclo, várias outras etapas podem ser inseridas em quase qualquer fase. Mas, tomemos uma “versão” mais concisa pra simplificar o raciocínio: projeto > produção > uso. uso Muitas das preocupações de design estão voltadas para o sentido de melhorar a ponta do esquema, no sentido “atingir o consumidor ou o usuário”. Várias teorias são desenvolvidas para se chegar nas “pessoas” que estão na ponta do esquema. Dentre elas, a ergonomia, usabilidade, design emocional e muitas outras. Em outra parte do caminho, temos as preocupações com a “produção”. Em geral voltada para a otimização de processos, redução de custos, de consumo de energia e matéria, redução de impactos ambientais e tantas outras. Dentre os fatores ligados a produção, citada no parágrafo anterior, prestemos atenção em um em especial: o que diz respeito às pessoas fazem parte da etapa de produção. Podem ser operadores de máquina, administradores, agricultores (o processo pode ser bem longo), milhares de pessoas envolvidas na fabricação, às vezes de um único tipo de produto. O que chama a atenção nessa situação é que a preocupação do design (entenda como “de todo o planejamento, dos produtos às indústrias”) para com as pessoas “da produção”, se dá da mesma forma que com a própria produção. Avaliam-se aspectos técnicos, ergonomia produtividade e, 38


sobretudo, respeita-se a legislação (no sentido de se fazer o que se é obrigado, apenas). É visível que boa parte das ações de melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores tem como pretensão final a melhoria da produtividade e não da vida das pessoas. Nesse momento surge um questionamento sobre o papel do design e de outras disciplinas ligadas à produção industrial, na vida das pessoas envolvidas em todas as etapas do processo de produção. Por que os esforços têm que ser voltados apenas para a ponta do diagrama? Se os designers fazem projetos para pessoas, por que não pensar em todas as pessoas envolvidas? Por que apenas os aspectos técnicos e de saúde são considerados na maioria das vezes, e questões emocionais e sociais são deixadas de lado? Esse comportamento do sistema industrial que insiste em ignorar as necessidades e características da principal peça que o compõe, o ser humano, ainda trás outros problemas. De forma que não só a qualidade dos postos de trabalho oferecidos pela indústria não suprem as necessidades humanas, como a quantidade de postos não corresponde à demanda da sociedade. Algo que poderia ser considerado natural não fosse o fato de a produção industrial crescer a cada ano. John Thackara comenta sobre esses fatos afirmando que “A população mundial tem aumentado a cada ano, no entanto continuamos procurando formas de poupar mão-de-obra.” (p. 105, 2008) O problema toma dimensões ainda maiores, quando observamos que a interferência do desenvolvimento industrial nas vidas humanas ultrapassa os envolvidos diretamente com o processo produtivo – trabalhadores e consumidores. Mas atinge todo o eco-sistema ao redor. Thackara observa que “o ‘desenvolvimento’ tende a ver ativos humanos, culturais e territoriais – as pessoas e estilos de vida já existentes – como obstáculos ao progresso e a modernização.” (p. 238, 2008). Dessa forma, o avanço do progresso industrial acontece de forma indiscriminada atropelando o que estiver no caminho, dos valores naturais aos culturais. A divisão do trabalho que acompanhou o processo de industrialização e a conseqüente alienação do trabalhador em relação à produção como um todo, apontadas – e duramente criticadas – por Karl Marx e diversos seguidores de suas teorias ao longo do tempo. Também contribuiu para esse processo de afastamento do ‘sistema industrial’ - tanto no conceito, quanto na prática – das pessoas que o compõem. Muitos teóricos, incluindo o próprio Marx, apontaram para caminhos em 39


que sistema devesse voltar para mão dos trabalhadores como forma de resolver muitos dos problemas que o sistema causa(ria) à sociedade. No entanto o “processo de reintegração da posse” dos sistemas de produção inteiros aos trabalhadores que acompanhamos agora tem uma origem mais prática do que teórica. Diante da incapacidade do sistema em e “treinar” pessoas para se inserir em seu meio e, mesmo, absorver essas pessoas, preparadas ou não, formas alternativas de produção e consumo foram se desenvolvendo espontaneamente. Entre essas novas formas, destaca-se a produção comunitária de bens e serviços. Não se trata de uma configuração uniforme que se repete em lugares diferentes. Mas de situações singulares vividas por grupos diferentes de pessoas em lugares diferentes. Que têm como característica comum – mas nem sempre – o fato de terem suas ações fundamentadas na prática e não em métodos pré-estabelecidos. Trazendo mais para a realidade, temos um cenário em que grupos produtivos comunitários surgem e tentam sobreviver em um sistema industrial e econômico viciado e pouco flexível. Cabe ressaltar que esses grupos não estão se desenvolvendo a margem do sistema industrial, mas dentro dele, tendo que enfrentar toda complexidade e voracidade desse sistema com pouca ou nenhuma ferramenta para isso. Nesse âmbito surgem novos modelos de gestão – embora nem todos aprovem esse termo – que buscam alternativas para a sobrevivência desses grupos. Entre eles, a

auto-gestão que é definida pelo SEGET como “uma forma a garantir o equilíbrio de forças e o respeito aos diferentes atores e papéis sociais de cada um dentro da organização”. (p.4 2009) Para ele, esse sistema “possui um caráter multidimensional (social, econômico, político e técnico) e refere–se a uma forma de organização da ação coletiva.” (p.4 2009) Diferente do sistema industrial vigente onde as decisões são centralizadas. Os autores ainda citam que a maioria dos estudiosos da autogestão, principalmente ligados às ciências sociais, defendem que se trata de uma “ruptura com a ideologia de trabalho com bases tayloristas-fordistas, em que a concepção e a execução do trabalho são processos dissociados.” (p.5 2009) O que nos remete ao dito dois parágrafos atrás.

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7 Design Colaborativo – um caminho para para autoauto-gestão dos grupos produtivos. A equipe do Design Possível-SP relatou durante a capacitação Possíveis Empreendedores que, nos seus anos de experiência, uma das maiores dificuldades da aproximação com núcleos produtivos comunitários era lidar com as “experiências anteriores” desses grupos em relação a intervenções externas. Esse também foi um fator citado pelos grupos dos outros estados. Esse relato aponta que as relações de “intervenção” entre culturas diferentes na maior parte dos casos, acabam trazendo prejuízos para uma das partes. Em geral, à que sofre a intervenção. E como muitos desses grupos costumam estar inseridos em sistemas mais complexos – sejam naturais ou culturais - que, por sua vez, dependem desses grupos para funcionar, o resultado acaba sendo um desequilíbrio de dimensões bem maiores do que aparentam. Por exemplo, se uma comunidade litorânea tem como seu sustento a pesca artesanal, em determinado momento a construção de um empreendimento imobiliário passa a impedir que a comunidade prossiga nessa atividade, além de gerar outros impactos para a região. Como resultado, temos uma alteração nos meios de sobrevivência de toda a comunidade e uma alteração no equilíbrio ambiental, que pode ser de dimensões variadas. Muitos teóricos da sustentabilidade defendem que é fundamental, quando se lida com qualquer cultura, respeitar os valores locais. Pois, a partir deles, se podem construir sistemas de produção mais justos e adequados aos envolvidos. Conceitos de localidade que incluem padrões de comércio, habilidades, e cultura de determinada região são fatores críticos de sucesso para muitas organizações, segundo John Thackara, que ainda fala sobre valorização da identidade local e de heranças culturais. (p.126) Enzio Manzini também defende, em um pensamento bastante ligado ao design para sustentabilidade, que os valores pré-existentes devem ser respeitados no desenvolvimento de novos projetos quando diz: “Visto que sustentabilidade é praticamente sinônimo de diversidade, planeje respeitando a diversidade existente (biológica, cultural, organizacional e tecnológica)” (p.32, 2007) Ainda para Thackara, as intervenções desastrosas envolvendo culturas diferentes, não se dão apenas por ações propositadamente destrutivas. Mas também

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de muitas ações bem-intencionadas, mas que, por ignorarem diferenças culturais, acabam tendo seu efeito anulado ou revertido. Como podemos observar nas experiências relatadas pelo DP-SP:

n.05 Relato de Experiência – DP-SP

Várias das comunidades de que o DP se aproximava se mostravam receosas com intervenções externas em seus núcleos. Aprofundando mais as observações, pode-se perceber que essas intervenções anteriores aconteciam de forma vertical e pontual. “O designer procurava a comunidade – algumas vezes voluntariamente, outras, levado por alguma entidade –, desenvolvia um produto para ser produzido pelo núcleo, e depois saía de cena.” O que acontecia nesses casos, que também foram relatados por multiplicadores (do DP) do Pará, era que: O produto era desenvolvido de acordo com as capacidades técnicas do grupo, mas sem a participação dele no desenvolvimento. Assim, os artesãos até tinham capacidade de dar continuidade ao projeto nos moldes como ele foi deixado, mas não entendiam por que deveriam fazer isso. Questões como padronização, adequação com o público, materiais, que são comuns em projeto, não necessariamente faziam parte do repertório dos grupos. Como resultado, quando os projetos eram continuados sofriam modificações, irrelevantes aos olhos dos artesãos, mas cruciais em termos comercias, que dificultavam as vendas. Em outras situações, os produtos desenvolvidos até davam certo por um determinado tempo, mas se esgotavam comercialmente, havendo necessidade de renovação da linha. Como a intervenção do designer no grupo já havia sido encerrada, e os processos de desenvolvimento eram desconhecidos por eles, o núcleo voltava à estaca inicial. Esse tipo de intervenção pontual foi diagnosticada pela equipe DP-SP

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como sendo um fator de geração de expectativa nas pessoas envolvidas, que eram frustradas tempos depois. E que, por si, não geravam benefícios reais às comunidades. Como, na cidade de São Paulo, esse tipo de intervenção, assim como outras semelhantes, mas em outras áreas, ocorrem com relativa freqüência, acaba gerando nas comunidades certa resistência a novas intervenções. A solução para essa situação encontrada pela equipe do DP foi envolver o grupo em todas as etapas do projeto de produto. Esse envolvimento, segundo as experiências do DP-SP, permite que as artesãs (a maioria dos grupos em que o DP-SP atuou era formado apenas por mulheres, por isso os textos no feminino) se sintam “donas” do projeto e do conseqüente produto. Dessa forma, as pessoas passam a fazer parte do processo e entender por que determinadas ações acontecem. Cabe ao designer/facilitador desenvolver as ferramentas de projeto junto com o grupo, explicando seu funcionamento e sua utilidade. Claro que a diferença de repertório ainda existirá, assim como a resistência às ferramentas. Mas, da mesma forma que acontece na indústria tradicional com profissionais de outras áreas, essas diferenças têm que ser superadas. Para que essas organizações consigam sobreviver se auto-gerindo, é imprescindível qualificar as pessoas que delas participam, para que possam enfrentar o sistema – o que não quer dizer compactuar com todas as suas mazelas. Essa qualificação que se faz necessária não deve acontecer em forma de treinamento para a repetição de processos. É preciso que as pessoas se interem do processo do qual participam e aprendam a lidar com ele de forma autônoma. Para Manzini, o desenvolvimento da autonomia dos envolvidos no processo é fundamental. E toma formas não só de capacitação, mas de formas de interação social: “ Fortalecer pessoas, incrementar a participação. Desenvolva sistemas habilitantes e de sociabilização para estimular as capacidades e reforçar o tecido social. Exemplo: sistemas de ‘faça-você-mesmo’; sistemas para o intercâmbio de bens, tempo e habilidades; sistemas de informação interativa; promoção de grupos de compra inteligentes.” (p. 34, 2007)

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Outra Experiência de Design Colaborativo Também na capacitação “Possíveis Multiplicadores”, a designer Fernanda Martins, que desenvolveu algumas experiências de “design colaborativo” – como vamos chamar esse método – falou de suas experiências que trazem reflexões interessantes a cerca do tema. A designer, que desenvolveu projetos com esse método com grupos produtivos do Pará, afirma que design colaborativo é uma ferramenta de intervenção social que mobiliza os grupos, promovendo reflexão e diálogo. A participação das pessoas no processo, muitas vezes “melhora o clima” da organização, valoriza talentos individuais e conseqüente melhora na auto-estima. Segundo ela “pessoas são o recurso mais importante para qualquer negócio ou organização. Dar voz aos envolvidos os torna ativos em relação ao futuro da entidade e ao seu próprio futuro.” Além disso, esse tipo de trabalho faz com que o profissional facilitador entenda a situação real do grupo, otimizando a sua intervenção. Ainda sobre o papel do designer nesse tipo de atividade, Fernanda cita a significância das diferenças culturais que podem existir entre grupos diferentes. Por exemplo, entre o mercado e comunidades tradicionais, fato que muitas vezes é crucial no relacionamento entre os dois grupos. O tempo é um desses fatores que tem mais significados. Para ela “O designer procura resolver o antagonismo existente entre o tempo das comunidades (real) e o tempo do mercado (acelerado)”.

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n. 06 Atuação nos Grupos Produtivos A parte mais relevante desse projeto é a atuação nos grupos produtivos. Foi inicialmente planejada para ser apenas uma intervenção, em que se desenvolveria um produto ou linha de produtos em parceria com o grupo. No entanto, o tempo de desenvolvimento do TCC e a estrutura da intervenção tornaram inviável a realização do projeto como planejado. A decisão de se trabalhar com um grupo de Florianópolis foi um fator crucial nessa mudança de planos. Inicialmente eu não tinha total noção das dificuldades da escolha do grupo, e principalmente, do trabalho que seguiria. Essas dificuldades foram tão sérias que levaram o projeto a três tentativas de desenvolvimento em grupos diferentes, obtendo problemas nos dois primeiros que impediram a continuidade do trabalho nos moldes propostos. Apesar de terem trazido vários problemas, como atrasos, entre outros, as experiências com grupos diferentes trouxeram uma riqueza de informações para o projeto que também não estavam previstas. Foi possível, com isso, traçar um comparativo entre as experiências e ter uma medida da complexidade do trabalho com grupos produtivos. Os grupos trabalhados possuíam características muito diferentes entre si que levaram o projeto a rumos bastante distintos em cada experiência. O primeiro grupo foi o Recanto das Artes. Por diversos motivos, que serão mais detalhados no tópico seguinte, a atuação nesse grupo não chegou aos resultados esperados causando um adiamento dos prazos de finalização do TCC em 2009/II. As atuações seguintes, na Cooperativa de Fabricação de Pranchas e na Cooperativa Sonho Nosso de Gastronomia, ambas

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participantes da Incubadora Popular de Cooperativas marcaram o início da parceria do DP-SC com o Centro Cultural Escrava Anastácia, do qual fazem parte. Nos próximos tópicos, faço o relato das experiências vividas nos dois primeiros grupos, e do andamento atual do trabalho com a Cooperativa Sonho Nosso, onde será desenvolvido o produto.

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n.07 Recanto das Artes Dos grupos pesquisados, o que obtivemos um parecer favorável foi o Recanto das Artes. E com ele o trabalho foi iniciado. Porém várias incompatibilidades não diagnosticadas a tempo resultaram na não resolução do projeto em tempo hábil. Isso aconteceu, em parte, pela demora na identificação do grupo, em parte pela sua falta de disponibilidade de tempo devido procedimentos internos do próprio grupo. Esses problemas levaram a interrupção do projeto de TCC, que foi continuado no semestre seguinte com novas parcerias.

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8 Relatório da Ação – Recanto das Artes O Recanto das Artes confecciona objetos artesanais utilizando as técnicas de costura, bordado crochê entre outras. Seus produtos (ver imagens 10 e 11) são direcionados à comercialização em um bazar que tem renda revertida para a manutenção do ambulatório da Rede Feminina de Combate ao Câncer.

Imagem 10 10 – Artesãs Voluntárias do Recanto das Artes – Fonte: Jornal do Artesanato

Imagem 11 11 – Artesãs Voluntárias do Recanto das Artes – Fonte: Jornal do Artesanato

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O contato com o grupo foi feito através da coordenadora Iegle Canali, que manifestou parecer favorável ao trabalho já no primeiro contato por telefone. Na semana seguinte visitei o grupo durante uma de suas reuniões, quando pude conhecer melhor o trabalho e iniciar o levantamento de informações, aqui relatadas resumidamente:

8.1 Relatório de Visita

a) Número de artesãs: artesãs: 12 b) O que elas produzem: Artigos para a casa como toalhas, panos de prato, aventais, jogos americanos (ver imagem 12) e um porta-tesoura (ver imagem 13). Estão iniciando com bolsas ‘ecológicas’. Todos com excelente qualidade de acabamento. c) Técnicas: Técnicas: Bordado: Ponto cruz, aplicação de tecido, crivo e costura. Obs.: Cada artesã trabalha com uma técnica diferente. d) Formas de comercialização: Bazar no Hippo Supermercado, uma vez por ano. O deste ano ocorreu nos dias 29 e 30 de agosto. Quase toda a produção é voltada para esse bazar. A exceção são alguns artigos doados a pacientes do CEPON, no dia das mães e pais. e) Quantidades: Não estabelecido. f) Materiais/origens: Tecidos e linhas. Muitos são comprados, e entram nos custos. Algumas coisas são doadas. As voluntárias acabam pagando parte do material. g) Dificuldades/ Necessidades: Precificação é feita por intuição e balanço de mercado. Não é computado o trabalho, que é voluntário. Gostariam de ter marca e etiqueta (observação para marca da RFCC, que elas demonstraram não gostar). Gostariam de

ter uma linha de produtos que reunissem as técnicas diversas do grupo, mas mantendo um padrão.

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Imagem 12 12 – Produtos na Feira. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 13 13 – Produtos na Feira. Fonte: Acervo Pessoal.

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8.2 Análise de Swot Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que envolvem o projeto. É utilizada para medir os riscos da realização de um projeto ou tarefa. Forças

Oportunidades

- Excelente qualidade do acabamento.

- Manifestação de disponibilidade para a

- Artesãs relativamente conscientes do

realização do projeto.

mercado em que estão inseridas,

- Mercado (local de venda) já acertado.

buscando atualizações em revistas especializadas, e procurando saber sobre as “tendências” do momento.

Fraquezas

Ameaças

- Pouca uniformidade entre os produtos,

- Calendário muito engessado, poderia

conseqüentes da pouca uniformidade

dificultar o desenvolvimento do projeto

técnica das artesãs.

de forma colaborativa. - O grupo não se caracterizava como sendo de “geração de renda”. Pois as artesãs são voluntárias, e a renda é revertida totalmente para a instituiçãosede (RFCC). Assim, o comprometimento e o envolvimento das artesãs eram variáveis e instáveis.

Tabela 1 – Análise de Swot Recanto das Artes.

8.3 Diagnóstico

Após a visita, com as informações mais claras, o Recanto das Artes foi, selecionado para a realização do projeto. Porém, mais tarde ocorreram alguns imprevistos que dificultaram o contato com o grupo. Entre eles a organização do Bazar que ocupou boa parte do tempo ocorrido nesse intervalo, inviabilizando parte da

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realização do trabalho. O último contato presencial com o grupo foi a visita ao Bazar que pode ser visto nas imagens 14 e 15.

Imagem 14 14 – Produtos na Feira. Fonte: Acervo Pessoal.

Imagem 15 15 – Produtos na Feira. Fonte: Acervo Pessoal.

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Um fator que havia chamado atenção nos trabalhos do DP (tanto de SP quanto de outras regiões) foi o problema de artesãs de grupos formados terem habilidades em técnicas artesanais diferentes. O que traz problemas na fabricação de produtos padronizados, principalmente em grandes quantidades. Nas conversas com as integrantes do grupo Recanto das Artes, foi diagnosticado que essa característica também se torna um problema para o grupo. A coordenadora do grupo, Iêgle, relatou que gostaria de confeccionar uma “linha de produtos” e que diversificação das técnicas aplicadas pelas artesãs dificulta esse objetivo. Nos grupos com que o DP-SP trabalhou, a solução para esse problema foi a capacitação técnica que servia para proporcionar ao grupo a utilização de técnicas em comum. Além do nivelamento da qualidade da aplicação dessas técnicas em comum. A escolha das técnicas a serem adotadas é feita de acordo com as habilidades da maior parte do grupo podendo ser influenciadas por demandas de mercado. É também importante ressaltar que outras habilidades que as artesãs possuam que estejam fora desse padrão adotado também podem ser valorizadas pelo grupo. Por exemplo: em um grupo de dez artesãs, sete sabem costurar com níveis de

aperfeiçoamento diferentes, cinco trabalham com bordado, e três com crochê. A técnica adotada como padrão do grupo pode ser a costura, e todas deverão aprender. Mas, provavelmente os trabalhos desenvolvidos por elas também terão aplicados bordados, já que é uma habilidade pertencente ao grupo. O processo de capacitação poderá ser feito por um agente externo ao grupo ou pelas próprias integrantes. E poderá fazer parte de uma capacitação formal como acontece na formação “Possíveis Empreendedores”, ou de maneira informal. No entanto, com o “Recanto das Artes” não seria possível esse tipo de trabalho, pelo menos durante a realização deste projeto, devido o pouco tempo e outras características do grupo. Sendo, assim, levantada a possibilidade de uma outra proposta de solução. O grupo Recanto das Artes possui características próprias que o diferenciam dos demais grupos observados (grupos em que o DP atua). A mais marcante delas é, sem dúvida, o fato de os lucros não serem revertidos para as próprias artesãs, mas sim (exclusivamente) para a Rede Feminina de Combate ao Câncer. O trabalho delas é voluntário e “doado” para a entidade como forma delas contribuírem com a causa. 53


Assim as participantes têm uma relação de compromisso com o grupo diferente dos grupos de geração de renda. Em que elas não dependem do grupo para se manter, apenas a relação contrária acontece: o grupo depende delas, assim como a manutenção da entidade. Essas características levam a uma diferenciação da forma de abordagem. Por exemplo, como o tempo disponibilizado para o grupo é limitado (uma vez por semana, apesar de trabalharem em casa) e torna-se complicado o trabalho junto ao grupo, pois teria que ser interrompida a rotina de trabalho delas. O mais difícil não é a adequação dos horários semanais, mas o período do ano em que o projeto se iniciou. O contato com o grupo foi iniciado no mês de setembro, véspera da realização da feira anual em que os produtos do grupo são comercializados. Logo, a concentração de trabalho nas semanas que se seguiram, dificultaram ainda mais o contato, e resumiram-no a apenas alguns encontros. A feira se realizou nos últimos dias do mês de outubro e, o que já deixava o tempo para a realização do projeto bastante curto. Após a realização do evento, o grupo entrou em recesso (fato que não havia sido comunicado anteriormente) o que inviabilizou de vez possíveis trabalhos colaborativos com as artesãs durante o ano de 2009. Deliberações a respeito da continuidade do trabalho com o Recanto das Artes no ano de 2010, serão discutidas junto a equipe do DP-SC e o próprio grupo. Com a dificuldade de se trabalhar com o grupo durante o tempo disponível para o projeto, uma possível solução para esse problema teria que ser realizada como uma ação externa. Por exemplo, trabalhar com métodos ou produtos para serem introduzidos no grupo posteriormente. Esse tipo de procedimento, de acordo com as referências utilizadas nesse projeto, é bastante complicado e, muitas vezes ineficaz. A essa altura do projeto, entre tentativas de contato, o tempo se tornou insuficiente para a conclusão da proposta, provocando um adiamento da conclusão do TCC. Por todos os fatores relatados, conclui-se que o grupo não tinha o perfil adequado para a realização desse projeto. Assim, decidimos partir para a busca de outro grupo.

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n. 08 Mudança de Planos – Cooperativa de pranchas CCEA | Plano de intervenção | Cooperativa de Fabricação de Pranchas - Solto A essa altura, o DP-SC já tomava outras configurações. Mauro e Patrícia, bastante ativos no início, viajaram a estudos para Europa, mas esperamos que voltem ainda mais empolgados. Em compensação, ganhamos com a vinda da Érica (umas das entusiastas do DP-BA), da Prof. Isabela, nossa nova coordenadora, e da Prof. Lurdete. E mais um monte de gente. Ainda no final de 2009, começamos o contato com pessoas ligadas ao Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA) através de atividades internas do DP-SC. No início de 2010 esse contato evoluiu para uma parceria com a Incubadora Popular de Cooperativas (IPC) ligada ao CCEA e ao antigo projeto Aroeira (Consorcio Social da Juventude) nome pelo qual os projetos educacionais do CCEA são chamados ainda hoje, devido o forte apelo popular.

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9 Centro Cultural Escrava Anastácia Em 1988, uma comissão formada por instituições de caráter educacionais do morro do Mont Serrat – CEBEM Mont Serrat, Escola Básica Lúcia Livramento Mayvorne, Creche Casulo LBA, Creche Mont Serrat, Grupo Pinheiro e Escola de Datilografia – foi criada com o intuito de “fortalecer as relações interpessoais, buscando estimular, intensificar e aperfeiçoar a reflexão e a participação na vida comunitária”. (Coppete, p.80 2003) Dessa comissão, teve origem o Centro Cultural Escrava Anastácia que, segundo Coppete, “foi projetado para abrigar projetos e atividades educativas para os moradores do morro” (p.80). A construção foi erguida ao lado da Igreja com trabalho de mutirão e financiada pelo “orçamento participativo” – ação do governo da frente popular entre 1993 e 1996 (Groh, apud Coppete. 2003) O nome “Escrava Anastácia” faz referência a um mito de origem afro-brasileira e tem papel importante em movimentos de ressignificância da religiosidade afrobrasileira junto à comunidade e a Comissão das Igrejas, segundo Coppete. A autora também afirma que essas relações têm papel bastante importante na identidade da comunidade principalmente na valorização das mulheres negras. O maior expoente do Centro Cultural perante a comunidade Florianopolitana foi o Consorcio Social da Juventude, uma parceria com o Governo Federal na figura do Ministério do Trabalho e Emprego. O projeto objetivava a “articular sociedade e

Estado para preparar e encaminhar ao mundo do trabalho, mulheres e homens jovens, em situação de vulnerabilidade e risco social, comprometendo-@s (sic) ao mesmo tempo, com suas comunidades, através do trabalho voluntário” (Azibeiro, p. 45 2006) Em Florianópolis o projeto recebeu o nome de Aroeira, pelo qual ficou conhecido por diversos setores da comunidade. O Aroeira teve a duração de 5 meses (outubro de 2005 a março de 2006), nesse período atendeu 1200 jovens entre 16 e 24 anos (Azibeiro, p. 15 2006) e deixou sementes espalhadas por onde passou.

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Outro projeto desenvolvido pelo CCEA é a Incubadora Popular de Cooperativas (IPC). Herdeiro do legado do Aroeira, esse projeto, como nome sugere, abriga cooperativas populares em fase de formação. Os empreendimentos “incubados” pela IPC, encontram-se em fases diferentes de desenvolvimento, por motivos também diversos, segundo a coordenação da organização. Enquanto alguns já possuem um elevado grau de autonomia e estão quase prontos para funcionarem por conta própria, outros ainda estão em fase inicial embora não tenham tanta diferença no tempo de formação. Quanto à atuação no mercado, algumas cooperativas já possuem um posicionamento certo, outras quase não estão inseridas nele. Quase todas, ainda possuem algum grau de dependência da incubadora. Dentre as cooperativas da IPC – nem todas legalizadas como cooperativas – e outras sediadas fora da incubadora, o CCEA trabalha atualmente com doze grupos. Organizados como mostra a imagem 16.

Imagem 16 16 – Cooperativas ligadas ao CCEA. Fonte: Acervo Pessoal.

As cooperativas são, em geral, formadas por jovens das comunidades atendidas pelo CCEA. Esses jovens passam por formação técnica dentro das próprias cooperativas e, às vezes, em outros locais. Mas o papel da IPC vai além da simples capacitação técnica e produção.

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“As cooperativas populares do IPC não são simplesmente ‘unidades de produção’, mas são frutos de relações sociais, culturais, econômicas com a própria realidade, com a cidade, com as dinâmicas globais. As práticas sociais e econômicas das cooperativas do IPC são ‘atos criadores’ dos próprios jovens, que tomam consciência da própria presença crítica no mundo e na própria capacidade de transformação da realidade.” (Azibeiro, p. 122 2006)

Os objetivos do CCEA com esses projetos são resgatar os jovens de situações de risco e promover oportunidades diferentes do que eles estão habituados. Pretende-se com esse trabalho acabar com a cultura de subalternização presente nos indivíduos de comunidades “periféricas”. Além de incentivar o protagonismo desses jovens diante das necessidades da própria comunidade.

No primeiro encontro com o IPC, conversamos com alguns líderes de cooperativas (ver figuras 17, 18 e 19) e outras pessoas envolvidas nos projetos. Como primeiro contato, só tivemos uma idéia superficial das necessidades dos grupos. A partir daí marcamos algumas atividades pra aproximar o DP-SC da organização. Eram elas: Uma visita do nosso grupo à comunidade do Alto da Caiera, pertencente ao Maciço do Morro da Cruz; uma reunião com todos os líderes das cooperativas; e uma visita dos jovens do projeto ao IFSC (solicitada por eles, a ser acertada com os chefes de departamento do IF-SC e direção). Também nesse primeiro encontro com IPC, foi manifestada uma necessidade imediata da Cooperativa fábrica de pranchas de fazer um trabalho com reaproveitamento de resina, para o qual foi designado previamente esse projeto de TCC.

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Imagem 17 17 – Reunião com a IPC

Imagem 18 – Reunião com a IPC

I mage m

19

Reunião

com

a

IPC

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No dia 27 de março, fomos (grupo DP-SC – Ver figura 20), visitar a comunidade do Alto da Caiera, no Morro da Cruz (atrás do IF-SC – Na Imagem 20 o Instituto Visto da “Caixa D’água”) acompanhados do Raí (CCEA). Subimos o morro com o ônibus do Mont Serrat até um determinado ponto, e seguimos a pé. Raí nos falou sobre a organização social da comunidade, suas lideranças e o envolvimento do crime nessa dinâmica. Mostrou-nos as divisões entre uma comunidade outra ressaltando as que “poderíamos andar e fotografar” as que “poderíamos passar, apenas” e outras que não deveríamos nos aproximar, pois estava em “guerra” com a primeira. Durante a caminhada, encontramos alguns meninos que faziam parte da Cooperativa da Fábrica de Pranchas. Raí sempre muito atencioso com os garotos, mas se comunicando com uma linguagem típica da idade e contexto deles, poderia assustar algum desavisado, sempre os chamando para “aparecerem na fábrica”. Nosso guia confirmou com suas impressões pessoais, alguns dados que já tínhamos observado na teoria, entre eles, que a maior parte dos moradores antigos das comunidades eram vindos do interior do estado. E que, segundo ele, os filhos dessas pessoas quase sempre se envolviam com o tráfico de drogas. Nessa hora, falou do trabalho desenvolvido pelo CCEA e outras entidades, que procuravam agir, justamente com esses jovens, resgatando-os da situação de vulnerabilidade e apresentando oportunidades diferentes nos projetos desenvolvidos. Ele explicou, o que também pode ser percebido na fala da Ivone em outras ocasiões (uma das coordenadoras do Centro Cultural), que esse trabalho é bastante pontual, de convencimento e entendimento das necessidades e preferências (fator citado várias vezes por Ivone) dos jovens. A visita ao morro também nos mostrou aspectos físicos da comunidade. Podemos perceber que o problema maior não é de falta de espaço, pois existe ainda uma vasta cobertura de vegetação, onde

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“podem” ser construídas novas casas, mas de infra-estrutura, principalmente nas moradias. A rua principal do Alto da Caiera é asfaltada, possui calçada e barreiras de contenção nas encostas. As casas variam em tamanho e estrutura. Algumas têm aparência de “casas de classe média”, com carro na garagem, etc. Outras são barracos de madeira onde, explicou Raí, chegam a morar cerca de seis pessoas. Nas Imagens 21, 22 e 23 algumas cenas da visita) Encerramos a visita compreendendo melhor a comunidade com que iríamos trabalhar. E, em diante, tínhamos que dar prosseguimento às outras atividades planejadas. O trabalho com a Cooperativa de Pranchas iniciou-se nas semanas seguintes, cumprindo um planejamento de intervenção que previa em suas primeiras etapas o “diagnóstico do grupo”.

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Figura 20 20 – Vista do alto da Caiera.

Figura 21 – Alto da Caiera.

Figura 22 22 – Grupo do DP-SC no Alto da Caiera

Figura 23 23 – O Instituto Visto da “Caixa D’água”.

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10 Cooperativa de Fabricação Fabricação de Pranchas - Solto A Cooperativa Solto Pranchas e Surf Wear foi criadas por alunos do projeto Aroeira em 2006. Sediada no prédio da IPC – antigo prédio do Instituto Médico Legal do Bairro Estreito – a Fábrica de Pranchas funciona onde antes era o necrotério. As instalações, apesar da “estranheza”, são perfeitamente adequadas para a prática de

shape (modelagem das pranchas em blocos de poliuretano e acabamento), pois as “mesas” onde eram realizados os exames nos cadáveres são de altura adequada para o trabalho, e sobre elas as pranchas cabem perfeitamente. Ver figuras 24, 25 e 26.

Figura 24 24 – Cooperativa de Pranchas – Gaveta onde são secadas as pranchas.

Figura 25 25 – Cooperativa de Pranchas.

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Figura 26 26 – Cooperativa de Pranchas.

No ano de sua fundação, a Cooperativa fabricou e vendeu pranchas com valores entre R$ 450,00 e R$ 500,00, e os rendimentos foram revertidos para novos investimento e pagamento dos alunos, segundo o site de notícias do Ministério do Trabalho e Emprego (financiador do Projeto Aroeira). Com o decorrer do tempo e saída do Shaper responsável (Zabo), segundo a coordenação do IPC, o grupo se desarticulou. No início desse ano, Zabo voltou ao projeto e um novo grupo começou a ser formado. Atualmente a Fábrica de Pranchas presta serviços de concertos para o próprio Centro Cultural, concertando pranchas doadas que serão utilizadas nas aulas de surf do projeto Procurando Caminho. Nesse período de desarticulação, o grupo que trabalhava com moda, se distanciou da linha de Surf Wear (moda para o surf), e apesar de ainda utilizarem o mesmo nome (Solto) os grupos estão separados.

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9.1 Análise de Swot Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que envolvem o projeto. É utilizada para medir os riscos da realização de um projeto ou tarefa. Forças - Infra-estrutura do local; - Suporte Técnico do Shaper; - Auxílio da IPC para investimentos iniciais.

Oportunidades - Inserir o grupo no mercado de forma pouco custosa.

Fraquezas - Distanciamento dos repertórios (nosso e do grupo, devido à idade, e contexto social, como escolaridade, etc.); - Falta de experiência, nossa, com esse tipo de trabalho.

Ameaças - Jovens saídos de situação de vulnerabilidade, fato que trazia incertezas ao grupo; - Incertezas quanto à quantidade de jovens envolvidos; - Possíveis problemas com as distâncias e transporte dos jovens até a IPC.

Tabela 2 – Análise de Swot – Cooperativa de Pranchas

Planejamento de intervenção foi traçado em cima dos objetivos iniciais da atividade, das demandas que esses objetivos geraram inicialmente, e do tempo disponível para a realização. O objetivo principal da ação na Fábrica de Pranchas era atender a uma necessidade de aproveitamento da resina utilizada nos concertos que era desperdiçada durante o processo. O tempo disponível, tempo de decorrência do TCC dividido pelas datas disponíveis para encontros semanais com o grupo gerou um cronograma onde foi adequado o conteúdo estimado para o trabalho (conteúdo livremente inspirado nos métodos de Baxter e Amaral). Esse conteúdo deverá ser estudado e adequado à realidade e necessidades do grupo. Os primeiros encontros teriam uma função de diagnóstico do grupo, o que ajudaria a moldar as ações e o conteúdo posteriormente.

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9.2 Cronograma

06/04 - 1 Apresentação, conversa inicial 12/04 - 2 Conhecendo a Solto 19/04 - 3 Apresentação da metodologia de projeto Design; Planejamento; Informacional; Conceitual; Detalhado. 26/04 - 4 Execução do Informacional Identidade;; Marca. 03/05 e 10/05 - 5 e 6 Informacional Público alvo: Conceituação; Pesquisa (sugestão, saída de campo); Definição do perfil do público (painéis semânticos, Referências); Definição dos objetivos; Definição dos conceitos. 17/05 - 7 Informacional Requisitos técnicos; Briefing. 24/05 - 8 Conceitual Estudo dos conceitos;; Oficina de criatividade. 31/05 - 9 Conceitual Modelamento de estudo. 07/06 - 10 Detalhado Finalização dos produtos. 14/06 - 11 Detalhado Elaboração dos moldes e protótipos 21/06 – 12 Reserva

Datas do TCC: PréPré-defesa Doc. orientadora – 15/04 Doc. Banca – 21/04 Pré-banca – 28/04

Defesa Doc. orientadora – 23/06 66


Doc. Banca – 30/06 Banca 07/07

Inviabilidade de continuação. Na fase de diagnóstico verificamos a inviabilidade de realização de um projeto pontual de desenvolvimento de produto devido à estrutura do grupo. O trabalho ali deveria ser realizado de forma contínua e não traria resultados em tão curto prazo. Dessa forma, direcionamos o trabalho de conclusão para a cooperativa de gastronomia. Ficando a ação com a cooperativa de pranchas sob responsabilidade dos outros dois integrantes do DP-SC que já haviam iniciado o trabalho.

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11 Cooperativa de Gastronomia e Panificação A Cooperativa de Gastronomia e Panificação “SONHO NOSSO”, nasceu do projeto Aroeira, como quase todas que fazem parte da Incubadora Popular de Cooperativas. Suas atividades estão ligadas à produção e prestação de serviços no setor alimentício especificamente em panificação, confeitaria, serviços de coquetel e degustação, prestando serviços de fornecimento para instituições e empresas, festas e eventos. A cooperativa tem em seu currículo alguns eventos já realizados como: Serviço de Coquetel para UDESC, Mesa Brasil, Caixa Econômica Federal, ICADS, Governo Federal, Governo do Estado, etc. Fornecimento de lanche para escolas e outras entidades. (SEGET. p.8 235) A produção da Cooperativa é composta principalmente de pães, biscoitos, doces e congelados. Os três primeiros para consumo interno no CCEA/IPC e outras entidades. Os congelados são vendidos para público externo. Eventualmente são fabricados bombons de chocolate e outros produtos ligados a datas comemorativas. No início de suas atividades contava com cerca de 20 jovens cooperados (SEGET. p.8 235). Hoje trabalha com, em média, cinco jovens, mas que não se fixam no empreendimento por muito tempo. Desde sua fundação a Sonho Nosso, funciona nas dependências da IPC, onde possui equipamentos e espaço para a produção. Parece não haver interesse em sair da Incubadora, fato que foi confirmado durante umas das conversas. Nas reuniões feitas com a cooperativa, tratou-se principalmente das necessidades em relação às embalagens. As informações foram registradas para posterior análise. Entre as informações levantadas podemos citar: A coordenadora do grupo queixou-se de só conseguir no mercado embalagem para pães de forma, com emblemas de outras empresas, o que, segundo ela, “não valia a pena comprar”. Assim, o produto permaneceu sendo embalado com sacos plásticos de uso doméstico vendidos no varejo. Também se conversou a respeito de embalagens para os congelados. Para esses produtos, pediram que se fizesse um adesivo para colar na tampa da embalagem (bandeja de alumínio com tampa de papel). E, mais tarde, da necessidade de ter uma sacola pra transporte dos produtos vendidos, que tivesse a 68


identificação da Cooperativa. Assim, segundo uma das cooperadas “ninguém mais vai poder reclamar de não ter o telefone”. Os custos das embalagens também foram bastante citados na reunião. A Cooperativa Sonho Nosso possui uma marca (Ver figura 27 ) que é utilizada em poucas aplicações, no cartão da Cooperativa (Ver figura 28), por exemplo. Questionadas se havia interesse em mudar a marca do empreendimento, as cooperadas não manifestaram interesse na mudança. Principalmente pelos “investimentos” em impressos (cartão da Cooperativa).

Figura 27 – Marca Cooperativa Sonho Nosso

Figura 28 – Cartão da Cooperativa

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11.1 Análise de Swot Análise das forças, fraquezas, oportunidades e ameaças que envolvem o projeto. É utilizada para medir os riscos da realização de um projeto ou tarefa.

Forças

Oportunidades

- Infra-estrutura do local;

O Centro Cultural e a própria incubadora

-

Experiência

dos

cooperados

e como clientes iniciais.

conseqüente qualidade dos produtos;

Fraquezas

Ameaças

- Falta de experiência, nossa, com esse Comodismo dos cooperados em relação a tipo de trabalho.

situação

confortável

dentro

da

incubadora. Tabela 3 – Análise de Swot Sonho Nosso.

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12 Projeto de Embalagem 12.1 Contextualização Novos empreendimentos, principalmente os pequenos, encontram muitas dificuldades ao entrarem no mercado. Segundo dados do SEBRAE (Serviço Brasileiro de Apoio a Micro e Pequena Empresa), 30% das empresas que abrem no Brasil fecham antes de completar um ano. Dessas, 50% fecham antes de completar cinco anos. Para a entidade, grande parte dessa dificuldade de “sobrevivência” dos empreendimentos brasileiros, vem da falta de qualificação dos empreendedores em gerir seus próprios negócios. Para um empreendimento dar certo é preciso uma união de vários fatores como gestão administrativa e financeira, marketing, conhecimentos técnicos da área em questão além de um bom planejamento. Com a falta desses conhecimentos, muitas situações aparentemente simples e corriqueiras aos olhos de um profissional especializado, podem parecer dificuldades imensas ou passarem despercebidas para o empreendedor mal informado. Uma dessas situações é a colocação de novos produtos no mercado. Muitos empreendedores pensam que é simplesmente uma questão de fabricar o produto e vender. Para essas pessoas o sucesso ou fracasso de um produto não passa de um golpe de sorte. Conceitos como “pesquisa de mercado”, “público alvo”, “marketing” ou “design” são desconhecidos ou tem significados deturpados. O que pode gerar muito investimento jogado fora ou fazer muitos empreendimentos “morrerem” antes mesmo de entrar no mercado. A realidade das micro e pequenas empresas não é muito diferente de outras formas de empreendimento, como cooperativas, grupos de artesãos, agricultores entre outros. Para esse tipo de empreendimento, o design tem papel fundamental, não só na concepção dos produtos, como na sua apresentação. Para Fábio Mestriner, autor do livro Design de Embalagem, “As pequenas empresas são as que mais precisam e têm a se beneficiar com o bom design de embalagem. Isso porque elas geralmente não dispõem de outro recurso para promover a venda e facilitar a entrada de seus produtos no mercado.” (p.154, 2002)

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As queixas expressadas pela Cooperativa Sonho Nosso, só vem reforçar esse pensamento. Quando as cooperadas levantam a necessidade de manter um canal de comunicação com os clientes através da embalagem, ou quando reclamam dos custos das embalagens compradas no varejo, podemos identificar mais do que essas simples necessidades. Evidencia-se, nesse caso toda uma falta de estruturação e posicionamento de mercado. As embalagens têm um custo alto, por que o volume de vendas é baixo, o que não depende unicamente da estrutura de produção, mas de muitos outros fatores como estratégia de vendas. Podemos observar que na atual situação, a Cooperativa encontra-se num ciclo vicioso: Baixo volume de vendas que proporciona baixo capital para investimento em estratégia de promoção, por exemplo – incluindo embalagem. O que, por sua vez faz as vendas estagnarem. Claro que todo esse contexto que envolve a gestão da Cooperativa tem muito mais fatores envolvidos, inclusive a própria capacitação dos cooperados para tais funções – diga-se de passagem, cooperados esses, que são muito bem qualificados para a função “produção de alimentos”. Todos esses fatores não poderiam ser resolvidos em uma ação pontual, um estudo da situação teria que ser feito, com a participação dos envolvidos. E, aí sim, uma estratégia elaborada para a ação junto à cooperativa. O que esse projeto pretende com a elaboração de um projeto de embalagem para alguns dos produtos da Cooperativa é uma ação emergencial para a quebra desse ciclo. Que deverá suprir a necessidade imediata de embalagem para os produtos já comercializados, utilizando o processo de design para levar os custos o mais próximos possível das necessidades da cooperativa, equilibrando com a valorização dos produtos em questão. Assim, possibilitando o início da independização do grupo. Claro que este passo – desenvolvimento de embalagens – representa apenas uma ação pontual no processo que levaria à essa independização. 12.2 Método de desenvolvimento de embalagem Nesse projeto de embalagem para a Cooperativa Sonho Nosso, utilizaremos algumas ferramentas metodológicas próprias para desenvolvimento de embalagem, e algumas mais abrangentes vindas do desenvolvimento de produto em geral. Com a utilização do método aqui esquematizado na Cooperativa Sonho Nosso de forma

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experimental, poderemos entender, posteriormente, se as ferramentas são realmente adequadas a esse uso. E, assim, utilizar esse trabalho como parte da fundamentação para a metodologia a ser utilizada no DP-SC. De forma mais geral o projeto de embalagem seguirá com a metodologia apresentada no início desse relatório, entrando na fase da Intervenção no grupo produtivo. Dentro da fase de intervenção temos sub-etapas que retornam ao esquema: planejamento> informacional > conceitual> detalhamento. No entanto o relatório dessas etapas não será dividido dessa forma. Como se trata de um projeto dinâmico e de curto prazo, as informações serão adequadas no texto de acordo com a necessidade. Algumas ferramentas projetuais serão utilizadas para facilitar o levantamento e a organização dessas informações. Ficando sua relação da seguinte forma: Briefing de projeto, com as informações iniciais da empresa; Análise de concorrentes e similares; PEST, onde estará concentrada a maior parte das informações do projeto; Conceitos, com informações escritas e painéis semânticos; e os requisitos de projeto finalizando a fase informacional. Nos tópicos seguintes, estarão a geração de alternativas, e algumas informações pertinente a essa etapa. E, por fim, o detalhamento técnico das alternativas selecionadas. O fluxo de informações e trabalho entre as etapas se dá da seguinte forma (Imagem 29):

Figura 29 – Diagrama metodológico

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13 Reuniões e Briefing Para dar início ao projeto foram feitas duas reuniões iniciais com as integrantes da Cooperativa para levantamento de informações e construção do Briefing do Projeto. Aqui foram dispostas as informações mais relevantes à realização do projeto, selecionadas com o auxílio dos modelo de briefing indicados por Fábio Mestriner em “Design de Embalagem”. Essas informações junto aos passos seguintes “Análise de Concorrentes e Similares” e “Restrições PEST servem de subsídio para a definição dos conceitos e subsequentemente dos requisitos de projeto”. 13.1 13.1 Briefing Objetivo: Objetivo Desenvolvimento de embalagens para a Cooperativa de Gastronomia a e Alimentação Sonho Nosso, a fim de reforçar a identidade da cooperativa perante os clientes e os próprios cooperados. Principal Diferencial a ser explorado: Explorar o diferencial do negócio, o cooperativismo e a geração de renda, como atrativos para o projeto. Demonstrar a qualidade dos produtos, pelo fato de serem artesanais e demandarem dedicação no “desenvolvimento” das receitas e fabricação dos produtos. Chamar a atenção para a “existência” da cooperativa, de forma que as embalagens em circulação possam trazer novos clientes. Público Alvo: - Produtos feitos por encomenda para empresas/organizações que se identificam com o formato do empreendimento. - Congelados: vendas externas de porta em porta. Público provável: famílias e donas de casa. Casas da redondeza. - Pães: Circulação interna na organização, e outras entidades. Concorrência direta e indireta: Pães Indiretos – Padarias; fábricas de pães industriais;

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Diretos – Panificadoras artesanais da região; Congelados Diretos – Fabricantes de massas caseiras da região. Indiretos – Fabricantes de massas congeladas industriais. Requisitos/restrições: Baixo custo de produção; Normas da categoria (embalagem de alimentos); Sustentabilidade dos recursos; Utilização da marca da cooperativa; Identificação e contato da cooperativa; Identificação/etiquetagem dos produtos; Observações: Observações As necessidades assim como os objetivos da cooperativa (planejamento estratégico) ainda são pouco claros. O grupo não tem muito claro seus objetivos em longo prazo. Observa-se certa resistência a mudanças na marca e identidade, motivada pelos investimentos já realizados em papelaria (cartão de visitas). Produtos: Produtos Embalagem para massas congeladas; Embalagem para pães de forma; Sacolas;

14 Análise de Concorrentes e Similares A análise de concorrentes e similares é uma ferramenta utilizada para se levantar as principais características técnicas e a linguagem dos produtos que serão os concorrentes do produto que se está projetando. A análise, em princípio, serve para se identificar a linguagem da categoria na qual o produto irá se inserir no mercado. Possibilitando que o consumidor possa identificar esse produto como fazendo parte da categoria. Em um segundo momento, a análise pode ser útil para se averiguar quais

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elementos de diferenciação poderão ser utilizado no novo produto para que ele se destaque dentre os demais. Categoria 1 – Artesanal Produtos que se identificam como artesanais ou de panificadoras de pequeno porte. Encontram-se apenas em algumas lojas, em geral mercados e panificadoras de bairro. Também alguns produtos vendidos em feiras. A) Produto: Pão de Soja Light – Mentu’s Posicionamento no ponto de venda: Variável Preço: R$ 2,59 Cores: Layout - Laranja, Azul, Branco; Marca – Vermelho, Amarelo, Azul, Branco. Decoração/ rotulagem: Predominam planos retangulares sólidos nas cores principais (branco e laranja); Marca Sobreposta em Elipse; Outras inserções de informação em caixas retangulares com cantos arredondados; Impressão dos dois lados do pacote. Tipografia: Tipografia Letreiro principal – Cursiva; Marca – sem serifa /bold; Cerca de 4 tipos diferentes na mesma embalagem. Materiais: Polipropileno cristal, com impressão 4x0 (Empresa Ricaplast); Arame revestido; Fabricação e validade em etiqueta adesiva. B) Produto: Produto: Pão de Leite - Docepan Posicionamento Posicionamento no ponto de venda: Variável Preço: R$ 2,59 Cores: Layout – Amarelo, vermelho, branco; Marca – Vermelho, verde, branco. Formas: Predominam planos geométricos sólidos; Marca Sobreposta em Elipse; Outras inserções de informação em caixas retangulares com cantos arredondados. Tipografia: Tipografia Letreiro principal – serifado; Logotipo – serifada/bold (“estrudada”); informações adicionais em Arial. Materiais: Polímero não identificado na embalagem, com impressão 4x0 dos dois lados da embalagem; Arame revestido; Data de fabricação e validade em etiqueta adesiva. Saco com soldagem lateral.

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C) Produto: Pão Integral com Centeio – Solares

Posicionamento no ponto de venda: Variável Preço: R$ 2,50 Cores: Layout – Branco, preto e azul – Azul e vermelho. Formas: Apenas textos sobre fundo branco. Além do código de barras e tabela de informações nutricionais. Tipografia: Tipografia Letreiro principal – sem serifa; Logotipo – sem serifa /bold; Informações adicionais em Arial. Materiais: Polímero não identificado na embalagem; Rótulo em adesivo de papel impresso; Arame revestido; Data de fabricação e validade em etiqueta adesiva. Saco com soldagem lateral.

D) Produto: Pão de Manteiga – Mentu’s Posicionamento no ponto de venda: Variável Preço: R$ 2,49 Cores: Layout - Laranja, Azul, Branco, Dourado; Marca – Vermelho, Amarelo, Dourado, Branco. Formas: Faixa continua laranja de fundo, sobreposta por uma faixa central dourada que guarda uma fotografia do produto com moldura elíptica vertical; Marca sobreposta em Elipse (obs.: cores diferentes do outro produto da mesma marca); Sabor em splash em forma de fita e elipse. 77


Tipografia: Tipografia Letreiro principal – sem serifa/ bold/ itálico; Logotipo – sem serifa/ bold; Materiais: Polímero não identificado na embalagem, com impressão 4x0 dos dois lados da embalagem; Arame revestido; Data de fabricação e validade em etiqueta adesiva. Saco com soldagem lateral.

Categoria 2 – Industrial Produtos que não se identificam como artesanais. Líderes de mercado, presentes na maioria das lojas em posição de destaque nas gôndolas.

E) Produto: Pão de Integral – Wikibold

Posicionamento no ponto de venda: Variável Preço: R$ 2,80 Cores: Layout – Amarelo, marrom, vermelho e branco – Vermelho, Branco. Formas: Fundo circular, sem preenchimento no centro. Letreiro principal com o nome do produto “Grão Sabor” (que é o mesmo para vários produtos ingredientes diferentes). Ingredientes principais e algumas outras informações separadas por um fundo de outra cor. Marca, discreta, nas cores branca e vermelho. Tipografia: Tipografia Letreiro principal – sem serifa/ bold/ itálico; Logotipo – sem serifa/ bold; Materiais: Polímero não identificado na embalagem, com impressão 4x0 dos dois lados da embalagem; Arame revestido; Todas as informações impressas na embalagem.

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Categoria Categoria 3 – Destaque Produtos que possuem características que os diferencie da concorrência. Aqui abrimos margem para produtos fora do mercado regional, embalagens premiadas e outros elementos interessantes. F) Produto: Linha de pães – Silver Hills

Posicionamento Posicionamento no ponto de venda: desconhecido (Terceiro Lugar no Lions Cannes 2010) Preço: desconhecido Cores: Diferentes e contrastantes cores para cada produto diferente. Individualmente, as embalagens têm uma cor predominante com variações de tom apenas nas ilustrações. Textos em branco. Formas: Fundo de cor chapada sobre toda a embalagem. Ilustrações relacionadas ao nome do produto. Tipografia: Tipografia Letreiro principal – sem serifa; Marca –serifada; Uniformidade. Materiais: Polímero flexível não identificado nas imagens.

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14.1 Resultados da análise Linguagem comum da categoria: Todos os produtos analisados, de Florianópolis, e a embalagem vencedora do Lions Cannes, são embalados em sacos de polímero transparente (que variam entre si). Com formatos retangulares e dimensões aproximadas de 300 mm X 150 mm, quando preenchidos pelo produto toma forma de paralelepípedo seguindo a forma tradicional dos pães. As informações técnicas são concentradas na parte de trás da embalagem. Enquanto a frente é reservada para informações mais diretas como: nome do produto, sabor, marca, peso e splashs com informações sobre o produto. Existe um predomínio das cores vermelha e azul nas marcas dos produtos brasileiros analisados. Ainda sobre cores, verifica-se a variação por padrão dos diferentes produtos: Produtos Light e Diet utilizam cores mais claras, tons de verde e azul. Produtos integrais utilizam tons de marrom e verde. E os produtos tradicionais (linha normal, sem especificações próprias) utilizam as cores vermelha e azul. Variações nesse padrão são mais comuns nas marcas da Categoria 1, dessa análise. Que compreende os produtos de indústrias menores, e mais baratos. Também é mais freqüente problemas relacionados à linguagem visual, como baixa pregnância, e legibilidade causada pelo excesso de elementos, pouca uniformidade das cores e tipografia. Como elementos de diferenciação, percebemos as formas mais legíveis, layout limpo, com informações mais organizadas e agrupadas. E, principalmente, linguagem conceitual forte.

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15 PEST O PEST é a ferramenta de projeto 18 indicada por BAXTER em Projeto de Produto (p.235, 2000), que objetiva relacionar todas as restrições do projeto. Para melhor organizá-las, as informações são divididas em quatro categorias: Políticas, Econômicas, Sociais e Tecnológicas. Nesse projeto, o PEST abrigará a maior parte das informações levantadas para o desenvolvimento da embalagem. Dessa forma, outras ferramentas de projeto estão inseridas dentro do PEST. 15.1 Políticas O órgão regulador das normas para embalagens de alimentos, assim como para os próprios, no Brasil é a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Em uma Breve pesquisa no site da ANVISA, encontramos a listagem das portarias e resoluções referentes ao tema. Nessa lista encontram-se as regulamentações sobre a utilização de diversos tipos de materiais em embalagens de alimentos. Entre eles, os que mais interessam no caso desse projeto: materiais poliméricos, metálicos e celulósicos. Como as informações são bastante extensas, optou-se por fazer as verificações pertinentes apenas às alternativas selecionadas para a produção. As informações que deverão estar obrigatoriamente presentes nos rótulos também são regulamentadas pela ANVISA. Essas informações estão relacionadas no ANEXO1. 15.2 Econômicas Como foi dito no Briefing de projeto, os custos do investimento em embalagem devem ser relativamente baixos. As relações desse investimento, no entanto, não são claras. Levando em conta que não se tem um planejamento das vendas dos produtos da Cooperativa, nem em termos de quantidade nem da forma de venda. E ainda que o valor dos investimentos financeiros em matéria prima e processos é diretamente ligado às quantidades produzidas/adquiridas – na ordem de quanto maior a produção/compra, menor o preço por unidade. E que essa relação na indústria gráfica

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– em geral, e considerando processos industriais – costuma fazer com que produções com menos de mil unidades fabricadas não compensem o investimento. Encontramos um cenário bastante delicado. A solução ideal para essa situação, seria em princípio, fazer um planejamento das vendas, seguido do levantamento de quantidades e prazos. Além da prospecção do retorno financeiro e dos riscos da ação para se saber a quantidade de recursos que se teria disponível para investimento – em outras palavras, verificar se haveria possibilidade da Cooperativa investir antes das vendas tendo garantia de retorno. O que possibilitaria a aquisição de um financiamento, por exemplo. O valor desse investimento também teria que ser medido anteriormente calculando-se qual o retorno que, especificamente, as novas embalagens trariam para as vendas. Ou seja, qual a relação de custo-benefício desse investimento. Na situação atual da Cooperativa, sem a prospecção certa das vendas, esses dados se tornam bastante imprecisos. Podemos obter valores de quais seriam as quantidades mínimas e o tipo de embalagem para que o preço por unidade possa ser embutido no preço final do produto – somado aos outros custos e ao lucro – sem comprometer o preço de venda. Mas não podemos, por exemplo, saber em quanto tempo seria utilizada uma quantidade X de embalagens. Tampouco em quanto tempo as vendas dos produtos cobririam o investimento em embalagem. No entanto, para a continuidade do projeto, teremos que buscar novas alternativas. Temos como referência os custos e as quantidades mínimas das embalagens utilizadas atualmente na Cooperativa. E a informação de que esses custos não são satisfatórios. Fazendo uma relação entre os custos, quantidades, e o preço final dos produtos, temos os seguintes dados:

Lasanha (congelados) – O produto com 500g é vendido para o cliente final por R$8,00; com 1000g é vendido por R$ 16,00. A embalagem atual é uma bandeja de alumínio com tampa de papel laminado revestido com filme polimérico. As embalagens são compradas no varejo em Florianópolis e têm os seguintes preços:

Embalagem Bandeja de alumínio

Quantidade

Preço (R$) 100

Preço/por unidade (R$) 33,00

0,33

Tabela 4 – Estimativa de preços 1

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Pão – É vendido por aproximadamente R$ 2,50. A embalagem atual é um saco plástico de uso doméstico comprado em rolo no varejo. Para essa função a Cooperativa também pesquisou preços de sacos próprios para pães vendidos com estampa (genérica) pronta. Os preços das duas alternativas são os seguintes:

Embalagem

Quantidade

Saco Plástico de rolo Saco de pão pronto

Preço (R$)

Preço/por unidade (R$)

30

2,60

0,08

1000

80,00

0,08

Tabela 5 – Estimativa de preços 2

Sacola – Os produtos são atualmente entregues aos clientes em sacolas de Polietileno de Alta Densidade (sacolas comuns) sem impressão que tem custo aproximado de:

Embalagem Saco comum

Quantidade

Preço (R$) 1000

Preço/por unidade (R$) 20,00

0,02

Tabela 6 – Estimativa de preços 3

Esses dados servirão de parâmetro para comparação entre as embalagens atuais e possíveis alternativas para a redução de custos. 15.3 Sociais O produto, segundo as cooperadas, é vendido “de porta em porta” na região da ICP, sede da Cooperativa (Bairro Estreito, Florianópolis). Não se tem estimativa das pretensões da Cooperativa em relação ao crescimento das vendas nem expansão do mercado. Dessa forma, é bastante complicado traçar um perfil mais detalhado do público. Mais que uma função comercial, as embalagens para a Cooperativa Sonho Nosso, terão uma função de construção da identidade do empreendimento. Reforçando e valorizando os conceitos já existentes no nome. O estabelecimento de uma identidade visual para os produtos, criará uma unidade entre eles e conseguinte associação deles

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com a Cooperativa por parte do público. Isso promoverá uma visão mais profissional do trabalho da Cooperativa. O possível aumento nas vendas e quebra do ciclo de estagnação comercial da Cooperativa – citados na contextualização do Projeto de Embalagem, tem a pretensão de mostrar um caminho possível a se seguir que valorize o trabalho dos envolvidos. 15.4 Tecnológicas

Embalagem

O ato de embalar objetos está presente a muito tempo da historia da humanidade. Desde a pré-história com meios primitivos de se acondicionar substâncias e objetos usando elementos encontrados na natureza, como conchas, etc. As embalagens, aos poucos foram assumindo, além do acondicionamento e conservação, funções de comunicação sobre o seu conteúdo. Mas foi a partir da revolução industrial que tiveram seu maior avanço para a situação atual, nessa época a função de comunicação toma níveis mais profundos passando a ter também função comercial. Além disso, as distinções e normatizações técnicas também avançaram muito nesse período. (CERQUEIRA p.3. 2007) No Brasil, as normas técnicas para embalagens são regidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) que define através da norma “TB 77/1982 – Acondicionamento e Embalagem: acondicionamento, termo advindo do inglês packing, como 'recipiente ou envoltório destinado a proteger e acomodar materiais e equipamentos embalados ou para os quais não se utiliza embalagem, por ser desnecessário ou inaplicável’. E embalagem como ‘ato de embalar ou envoltório apropriado ou estojo diretamente aplicado ao produto para a sua proteção e preservação’. (ABNT apud CERQUEIRA p.2. 2007) Tecnicamente, as embalagens se dividem em três classificações de acordo com sua aplicação: Embalagem de venda ou embalagem primária: envoltório ou recipiente que se encontra em contato direto com os produtos; Embalagem grupada ou embalagem secundária: é a embalagem destinada a conter a embalagem primária ou as

embalagens

primárias.

Como

as

caixas

que

abrigam

chocolates

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embalados; Embalagem de transporte ou embalagem terciária: utlizada para o transporte, protege e facilita o armazenamento dos produtos. Por exemplo, os pallets. Diante dessa classificação, as embalagens são concebidas levando em conta estudos ligados ao marketing ou à logística, e às vezes os dois. No primeiro caso são enfocados a comunicação com o público, o mercado, o posicionamento no ponto de venda e outros aspectos ligados. No segundo, a eficiência no transporte, conservação do produto, facilidade de manuseio e armazenamento. Como as necessidades desse projeto dizem respeito principalmente à comunicação com o cliente, focaremos nas embalagens primárias. As funções principais das embalagens guardadas as classificações, são: função de proteção – a embalagem tem função de proteger os produtos contra choques, vibrações, compressões e outras avarias. Também deve proteger o produto contra adulteração ou perda de integridade, quer sejam acidentais quer sejam provocadas, através de sistemas de evidência de abertura, como selos, tampas com anel de ruptura, etc; função de conservação – a embalagem deve manter a qualidade e a segurança dos produtos, prolongando a sua vida-útil e minimizando as perdas de produto por deterioração. Para isso, a embalagem deve controlar fatores como a umidade, o oxigênio, a luz e ser uma barreira aos microorganismos presentes na atmosfera envolvente e impedir o seu desenvolvimento no produto. A embalagem deve também ser constituída por materiais e substâncias que não migrem para o produto, em quantidades que possam por em risco a segurança dos consumidores ou alterar as características organolépticas do produto; função de informação – a embalagem é também, um veículo de informação sobre o produto, desde informações relevantes para o consumidor, até informações úteis para o sistema de distribuição e armazenamento; função de conveniência ou serviço – na medida em que a embalagem deve ser conveniente e adequada à utilização. Exemplos de aspectos da embalagem que se englobam nesta função: abertura fácil, tampas dosadoras e possibilidade de fecho entre utilizações, possibilidade de aquecer/cozinhar e servir na própria embalagem, utilização em fornos microondas, permitir a combinação de produtos diferentes, como iogurte e cereais, ser adequada a diferentes ocasiões de consumo. Nesta função podem ser incluídos aspectos menos técnicos e mais

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relacionados com o marketing e a comunicação, já que a embalagem deve reter a atenção e seduzir o comprador no ponto de venda. As embalagens de produtos alimentares podem ser de materiais muito variáveis. Entre eles, madeira, têxteis, cortiça e novos materiais que surgem a cada dia. No entanto os mais comuns são o vidro, os metais, os polímeros e os celulósicos (papel). Considerando

seus

materiais,

as

embalagens

podem

ser

classificadas

como rígidas, flexíveis ou semi-rígidas. Na tabela 7, abaixo, alguns exemplos dessa classificação.

Tabela 7 – Classificação de Materiais

Processos Especificamente sobre a embalagem que se vai projetar, Mestriner recomenda que procure informações que abranjam: material; características técnicas; técnica de impressão; decoração ou rotulagem; número de cores; sistema de envase; modo de fechamento. E ainda, antes da elaboração do layout para que não haja conflito nos espaços: marcas e indicações de fotocélula; posição e tamanho do código de barras;

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áreas de reserva da impressão; áreas de soldagem; lacre e informações de lote e fabricação; data e prazo de validade; plantas e desenhos da embalagem atual (no caso de redesign) ou do concorrente. De acordo com essas recomendações, a análise dos concorrentes e similares e a verificação das normas da ABNT sobre o conteúdo do rótulo (anexo 1), na imagem (figura 30), está um diagrama com os elementos principais da embalagem. O posicionamento dos elementos no diagrama segue o padrão da categoria, mas não é obrigatório.

Figura 30 – Elementos da Embalagem

Análise do Ciclo de Vida Essa ferramenta, proposta por BAXTER (Pág. 183, 2003), é utilizada para se verificar o impacto do desenvolvimento do produto no meio ambiente. Observando-se desde a extração da matéria prima até o descarte final do produto, passando pelo impacto causado pelo seu uso, processos de reutilização e reciclagem. 87


O ciclo de vida de um produto é dividido nas seguintes etapas (Figura 31):

Figura 31 – Ciclo de Vida do produto

Dentro dessas etapas várias medidas podem ser tomadas para a diminuição e até neutralização dos impactos ambientais (entre outros) do processo. Como, por exemplo: diminuição de resíduos na fabricação; diminuição da energia utilizada no processo; diminuição das distâncias físicas dos locais onde são realizadas as etapas; utilização de materiais de baixo impacto na extração; facilitação do reaproveitamento e reciclagem dos materiais; diminuição do uso de materiais de alto impacto ambiental no descarte, entre outros. Nesse projeto, tendo em vista as restrições orçamentárias que dificultam investimentos em novas tecnologias (por exemplo: uma faca de corte nova que aproveite melhor os materiais), o projeto se focará nas medidas de redução de impacto que estiverem ao alcance. Entre elas a priorização do uso de processos e materiais de origem regional, diminuindo os impactos no transporte. Se possível, a utilização de processos artesanais e/ou serviços prestados por outros grupos produtivos comunitários ou por cooperativas.

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Na escolha dos materiais serão priorizados, dentre os que orçamento permitir, os que tiverem menor impacto ambiental. Assim como será evitada a utilização de materiais ou combinações de materiais que dificultem a reciclagem. Entre outras medidas que forem observadas durante o processo.

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16 Conceitos Com os requisitos definidos, os conceitos escolhidos para cumpri-los foram três. Os dois primeiros ligados à identidade da Cooperativa, “Sonho” “Nosso”, procuram evidenciar a mensagem passada pelo nome do empreendimento. O terceiro, vem responder aos requisitos de diferenciação no mercado e diálogo com o consumidor. Nos tópicos seguintes falamos mais especificamente de cada conceito e mostramos as referências visuais de cada um deles. Sonho

Figura 32 - Sonho Em realidades muitas vezes difíceis, pessoas buscam construir novos caminhos. Mudar a sua realidade e a realidade em volta. Como ir além do lugar-comum da realidade de mercado? Como propor uma nova maneira de construir suas vidas e ver a si mesmo? Um objetivo em comum... Construir a sua própria existência. Ir além do que foi proposto/imposto.

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Nosso

Figura 33 33 - Nosso Um grupo de pessoas que se uniu pra construir um sonho. O espírito da união, da cooperação, da coletividade. A essência do cooperativismo.

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Poesia/diálogo

Figura 34 34 – Poesia Diálogo Singularidade. Diálogo. (O elemento de destaque perante a concorrência.) Algo que chame e prenda a atenção dos consumidores/ usuários. Que os faça perceber os produtos da Sonho Nosso como diferentes dos demais, pelos conceitos anteriores, e os faça guardar a referência, talvez até literalmente guardando a embalagem. Em termos práticos, lembrar de formas de contatar a Cooperativa novamente.

17 Requisitos Requisitos de projeto Os requisitos de projeto foram selecionados a partir da junção de informações provenientes de todas as ferramentas usadas anteriormente a esse tópico. Alguns se mantiveram iguais aos levantados no briefing de projeto. Mas outros foram acrescentados ou melhor detalhados. - Ter relativo baixo custo de produção;

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- Respeitar as normas da ANVISA para o uso de materiais; - Respeitar as normas da ANVISA para rotulagem; - Reduzir ao máximo - respeitadas as condições de normatização e os custos de produção – o impacto ambiental do produto (embalagem); - Reforçar a identidade da Cooperativa utilizando de forma coerente o nome e a marca gráfica pré-existentes; - Promover a identificação da Cooperativa por parte do público; - Comunicar formas de contato com a Cooperativa;

18 Geração de alternativas De acordo com briefing, os produtos a serem desenvolvidos nesse projeto são: Embalagem para ‘pães de forma’; embalagem para massas congeladas (lasanha, empadão); e sacola para transporte dos produtos. Foi diagnosticado que as primeiras impressões dos clientes do projeto (cooperativa) eram de se fazer essas embalagens com soluções já utilizadas pela cooperativa, ou pelos similares. Por exemplo, para os pães, sacos em polímero impressos com a marca da Cooperativa; e para os congelados, rótulo em adesivo com a marca da Cooperativa e demais informações para ser colado na tampa da badeja de alumínio já utilizada pelo empreendimento. No entanto, com o projeto restrito a soluções pré-existentes, o controle sobre as variáveis do projeto como estética, custos e usabilidade e mesmo impactos ambientais, se torna relativamente baixo. É sabido que a demonstração de preferência das integrantes da cooperativa por determinados tipos de soluções é tida com base na pressuposição de que essas soluções seriam mais simples e menos custosas em sua aplicação. Da mesma forma que é relevante informar que não houve por parte da cooperativa qualquer manifestação de impedimento a soluções diferentes e/ou inovadoras. As restrições apresentadas, apenas diziam respeito às apresentadas no briefing e no PEST, que, por sua vez foram transpostas aos requisitos de projeto. Dessa forma, as ações desse projeto se voltaram para a conciliação entre as restrições do projeto e as necessidades funcionais e estéticas. Elegemos as necessidades funcionais como o ponto de partida para o processo de geração de alternativas. Assim as “embalagens para ‘pães de forma’; embalagens

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para massas congeladas (lasanha, empadão); e sacolas para transporte dos produtos”, se transformaram nas necessidades iniciais: embalar pães; embalar congelados; e transportar produtos. produtos Correspondentes a função principal das embalagens. Visto que quase tão importante quanto as primeiras (e obrigatórias, sob o aspecto legal) estava à função de comunicar informações que foi definida como “rotular”. Por questões técnicas, essa função se divide em duas: rotular e imprimir. Para buscar soluções para essas necessidades – ou funções – utilizou-se uma adaptação da ferramenta “princípios de solução” (AMARAL et Al. 2008 p.25). p.25). Com a qual se busca propor maneiras de se resolver o problema inicial apontando soluções práticas - mesmo que essas soluções não sejam totalmente utilizáveis. Na figura abaixo (35 p. 95), está disposto o resultado do uso dessa ferramenta.

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Figura 35 – Princípios de Solução

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Nessa aplicação da ferramenta, diferente da proposta de Amaral em que as soluções são bastante livres, procurou-se utilizar soluções em que já houvesse processos, industriais ou não, capazes de colocá-las em prática, mesmo que vindos de outras categorias de produtos. Visto que no projeto não há possibilidade de investimentos (financeiros) em novos processos. Também, com vista nas restrições financeiras, com a definição de alternativas de solução, será possível fazer um comparativo do investimento estimado em cada um a delas, calculando qual seria mais vantajosa financeiramente para a cooperativa. Como pode ser notado, os dois grupos de necessidades que preenchem a tabela são complementares devendo ser combinados para gerar as alternativas. Para facilitar a demonstração desse estudo, as combinações mostradas serão da necessidade “embalar pães”. De acordo com as necessidades e alguns requisitos técnicos e econômicos as soluções selecionadas da tabela de princípios de solução para serem levadas adiante foram: Saco Plástico; Caixa de Papel; Pacote; Cesta; e Embrulho. Nos esquemas a seguir, são feitas as combinações possíveis e mostrados os seus resultados. (Figura 36, 37 e 38) No esquema da figura 36, as combinações de rotulagem em impressão para o tipo de embalagem “saco plástico” - que é o tipo de embalagem mais utilizado pela indústria panificadora, sendo feito de polímero sem cor (cristal), geralmente polipropileno - dão origem às alternativas: Saco com impressão na base (alternativa mais utilizada por indústria de grande porte); Saco com rótulo de papel; Saco com rótulo em adesivo; e Saco com tag (etiqueta presa por cordão). A rotulagem por “bordado” foi descartada dessa combinação por incompatibilidade com o material da base. Os processos de impressão podem variar de acordo com os materiais da base do rótulo. Nos casos de bases poliméricas, os mais indicados são a flexografia, e a serigrafia. Nas bases de papel todas as opções destacadas na figura são válidas. Atentando para as possibilidades de impressão industrial como a Offset com a qual é desejável uma tiragem relativamente alta. A contraponto de opções manuais como o carimbo que exige apenas um investimento inicial na matriz e o processo poderá ser feito pelas próprias cooperadas, mas perde em quantidade de cores e qualidade da imagem para os outros processos, além de aumentar o trabalho na hora de embalar o produto.

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Figura 36 – Combinação 1

Nas combinações seguintes, o processo é repetido com o princípio de solução básico “Caixa de papel” utilizado por algumas indústrias principalmente de estrangeiras, de acordo com a pesquisa de similares e concorrentes. As combinações levam às alternativas: Caixa com impressão na base; com adesivo; com rótulo de papel; e tag. Lembrando que a impressão aqui também envolve os processos flexografia, carimbo, stencil, serigrafia e offset.

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Figura 37 – Combinação 2

As últimas combinações que partem dos princípios de solução “pacote”, “cesta” e “embrulho”, apresentam um sistema de combinações semelhante. No entanto, esses princípios de solução apresentam características técnicas que inviabilizam a comercialização dos produtos na forma solicitada – respeitando as normas brasileiras. Mas, poderiam ser utilizados, caso a venda fosse feita “na hora” como nas padarias.

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Figura 38 – Combinações 3, 4 e 5

O resultado da utilização da ferramenta são algumas propostas de solução básicas (que ainda podem ter aplicações diferentes). Como dito anteriormente, a

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opção do “saco plástico” é, devido a restrições de regulamentação condizente a conservação do produto, a mais adequada. Ainda assim, a ferramenta disponibilizou diferentes opções de alternativas. Alternativas estas, que foram submetidas a uma comparação que teve como parâmetro dois dos requisitos de projeto: O relativo aos custos financeiros do projeto, e o relativo ao impacto ambiental.

Assim,

organizaremos uma tabela de comparação entre as propostas de solução e seus custos estimados. Lembrando que essa comparação não é definitiva para a escolha das alternativas, mas servirá como um valor a contribuir com essa escolha. As outras necessidades apontadas na tabela de princípios de solução também foram combinadas. Como exemplo o “saco de tecido” (ver figura 39) que é uma das opções que apresenta maior variação de técnicas de fabricação em relação as demais.

Figura 39 – Combinação 6

Alternativas conceituais Com as propostas funcionais encaminhadas para as soluções, o próximo passo era resolver a parte conceitual e o layout. Os conceitos do projeto guiados pelas 100


necessidades do cliente, levavam a proposta para um caminho de diálogo com o publico através da embalagem. O conceito “poesia/diálogo” foi escolhido justamente por tratar dessa questão. Os produtos enquadrados nesse conceito trazem elementos que representam: humor, descontração, envolvendo o público emocionalmente. Por outro ponto de vista, faz com que esses produtos se destaquem entre os demais, pois apresentam elementos visuais diferentes do que a categoria costuma usar. Mas, é importante frisar, sem comprometer a comunicação ou descaracterizar o produto como “integrante” da categoria. Buscando encontrar esse ponto de diálogo entre o cliente e o produto (ou a Cooperativa, representada no produto), algumas possibilidades foram levantadas: Poesias diferentes em produtos iguais; Poesias diferentes em cada tipo de produto; Tag (etiqueta) com poesia; E aqui surge um outro questionamento: se, se busca um ponto de diálogo entre a Cooperativa e o público, precisamos saber quem é a Cooperativa. Trata-se de uma mensagem institucional, ou é uma aproximação entre as pessoas que produzem e as pessoas que consomem os produtos? Para essa questão entramos no outro conceito: “Nosso” (sim o primeiro deles). E também na fundamentação desse projeto. Desde o início desse trabalho falamos de design feito de pessoas para pessoas. Dentro de uma indústria igualmente feita por pessoas e para pessoas. Humanizando os processos, inclusive os de design, devolvemos às pessoas a posse dos procedimentos industriais como elementos culturais que são. O conceito “Nosso”, adotado do nome da Cooperativa, está para ajudar a decifrar essa ‘personalidade coletiva’ que é uma cooperativa. Nele encontramos a coletividade, o plural - “nós”. Mas também, o pronome possessivo - “nosso”. É algo que é coletivo, mas não deixa de pertencer àquelas pessoas que o constroem. O que pode ser comparado a uma manifestação cultural regional, em que a tradição pertence a todos, ao mesmo tempo em que depende de todos para existir. Nesse contexto, a participação das cooperadas volta a ser requisitada – volta, pois já havia sido levantada a necessidade quando se fala de design colaborativo no da fundamentação teórica. Assim surgiram algumas propostas pra se trabalhar nesse sentido. Como a utilização de tipografia manuscrita das cooperadas. Entre outras alternativas. No entanto os conceitos ainda precisavam ser amadurecidos. Uma outra face do conceito “nosso”, mais visual, é da simbologia da coletividade. Unidades que formam coletivos, que por sua vez, formam unidades. Pelo conceito gestaltico de proximidade, elementos ópticos próximos tendem a ser

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vistos juntos, principalmente se forem semelhantes (GOMES p.34, 2004). Vejamos bem que ser semelhante não significa ser igual. Então, visualmente, assim como em outros sentidos, o agrupamento pode fazer com que coisas inicialmente separadas

possam

formar

uma

unidade.

Sem

necessariamente

anular

a

individualidade de cada unidade Ver figura 40.

Figura 40 – Agrupamento por semelhança

Também o conceito sonho precisava dar sua contribuição. Embora as referências subjetivas já se fizessem presentes. Era necessário buscar referências visuais do conceito. Assim, alguns estudos (ver imagens 41 e 42) foram feitos buscando-se essas referências.

Figura 41 – Estudo – Sonho

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Figura 42 – Estudo - Sonho

No grau de amadurecimento em que o desenvolvimento das alternativas estava nessa altura do projeto, identificou-se a necessidade de se buscar outras referências que se enquadrassem nos conceitos e nas reflexões geradas a partir deles. Assim, pensando no conceito de localidade – valorização da cultura local – proposto na fundamentação teórica buscou-se procurar referências culturais tradicionais da região que pudessem servir como referência visual entre outras coisas. No entanto, nesse quesito, encontrou-se um contraponto: a formação populacional das regiões empobrecidas de Florianópolis, como dito no tópico a respeito da situação sócio-política da cidade – na fundamentação teórica -, é formada por pessoas vindas de diversas regiões do estado e do país. Fato que certamente dificultaria uma identificação cultural tradicional das cooperadas entre si e do público. Em outras palavras, como pessoas de diversas regiões – ainda desconhecidas nesse projeto, pois o problema não foi levantado a tempo da verificação dessas informações – a dificuldade de levantar algum aspecto cultural tradicional comum ao grupo aumentava. Ainda assim, tendo em vista que as envolvidas na cooperativa eram jovens de gerações já nascidas na cidade, optou-se por continuar nessa busca mesmo que algumas verificações tivessem que ser feitas após o termino desse TCC. Das referências observadas na cultura tradicional de Florianópolis muitas possuíam forte apelo visual, como o “boi-de-mamão”, mas além de já bastante saturadas com referência em outras situações, não apresentavam o diálogo desejado com os conceitos do projeto. Até que surgiu o “Pão-por-Deus”, uma

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tradição herdada da colonização açoriana, mas que sofreu várias modificações na sua existência no litoral catarinense. Essa referência cultural apresentou vários aspectos que poderiam ser utilizados em favor dos conceitos da embalagem. Aspectos que serão apresentados no tópico seguir junto com o resultado da pesquisa sobre a manifestação.

18.1 PãoPão-porpor-Deus Nos idos de novembro, época de finados, ou o dia de “Todos-os-Santos e das Almas” na cultura herdada dos imigrantes açorianos na Ilha de Santa Catarina e arredores, preparava-se o rendado de papel escrito com versos. O bilhete cheio detalhes era entregue para familiares ou amigos, pessoas da comunidade, e quem recebia ficava na “obrigação” de devolver a gentileza. Os motivos, o tipo de pedido e retribuição, variam pela época ou local. Em algumas regiões se pedia um presente de volta. No versinho retirado do livro “Sensibilidade de Viver” de Edésia Santos, fica claro o pedido de prenda:

“Lá vai meu coração, Visitar minha madrinha, Vai pedir um pão por Deus, Pode ser uma sombrinha” (SILVA, p.90 2009) No mesmo livro, a autora afirma que o tratamento nos versos poderia ser diferente, por exemplo, quando era trocado entre namorados. Em “Ribeirão da Ilha Vida e Retratos”, os autores confirmam essa variação de intenções nos pedidos de pão-por-Deus – como é chamado o costume e o bilhete. Segundo eles o pão-por-Deus ribeironense - originário do Ribeirão da Ilha, comunidade tradicional de Florianópolis – difere-se do açoriano pela carga sentimental. Enquanto o açoriano era um “pedido de dinheiro, espécie de esmola em época própria”, o do Ribeirão “exprime sentimento, espera-se que estejam em evidência a amizade, carinho, calor humano, afeto e amor, embora também no conjunto adquira uma forma de dádiva ou pedido.” (PEREIRA, p. 235, 1991) Um exemplo dos versos do Ribeirão da Ilha coletado para o livro citado:

“Senhora Tão delicada 104


De tanta sabedoria Eu lhe peço Pão-Por-Deus Porque é chegado o dia Por ser uma linda flor Que no meu coração enflorece, Manda-me o Pão-Por-Deus Si o meu coração merece!”

Em termos formais, o pão-por-Deus é, genericamente, um bilhete de papel recortado como se fosse de renda. Normalmente em forma de coração (ver figura 43) com sobreposições de papel colorido. (PEREIRA, p. 235, 1991) Os bilhetes são recortados à mão, normalmente dobrados pra conferir simetria aos recortes. Na imagem abaixo (figura 44), uma fotografia do rendado feito pro Maria Adelina de Aguiar, de 74 anos, moradora do Ribeirão da Ilha, a pedido para esse projeto.

Figura 43 – Rendado em forma de coração. Fonte: Livro Ribeirão da ilha e Outros Retratos.

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Figura 44 – Modelo de Pão-por-Deus

No modelo feito por Maria Adelina, o Bilhete fica com uma dobra, ocultando o conteúdo interno. Em algumas outras referências também foram encontrados bilhetes desse tipo. O Pão-por-Deus era o elo que faltava para ligar os conceitos entre si. Nessa poderiam se utilizar a unificação por proximidade gestaltica, com elementos individuais ligados aos conceitos “sonho” e “nosso”. O conceito diálogo/poesia estaria presente de forma direta ou indireta. Utilizando-se “versos de pão-por-Deus” nas embalagens, ou simplesmente pela referência à tradição. Alguns estudos foram elaborados pensando-se nas duas possibilidades. (Figura 45)

Figura 45 – Estudo Pão-por-Deus

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Da idéia de se usar versos de pão-por-Deus nas embalagens, surgiu a proposta de as cooperadas Elaborarem esses versos. E, mais tarde, de propor um espaço para os clientes usarem, principalmente nos produtos ligados a datas comemorativas, funcionando como um cartão. Essas possibilidades teriam que ser testadas junto ao grupo pra ver se haveria viabilidade. Processo que, de acordo com as observações sobre os trabalhos com os grupos produtivos realizadas nesse TCC, exigiria atenção e tempo por parte do designer “mediador”. No entanto, independente da forma com que seria utilizada a idéia precisava evoluir graficamente, assim o processo de desenvolvimento dos desenhos continuou. A partir dos esboços produzidos, alguns mostrados nas figuras anteriores, foram feitos outros desenhos que deram origem aos elementos a baixo: Os desenhos que buscavam formas para o conceito sonho, mostrados nos esboços das figuras 40 e 41, foram continuados e transcritos para softwares gráficos onde foram estudas as imagens das figuras 46 e 47. Chegando, por fim, na nova proposta de marca mostrada na figura 48.

Figura 46 – Estudo Conceito Sonho

Figura 47 – Estudo Conceito Sonho

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Figura 48 – Proposta de nova de marca.

A nova proposta de marca possui elementos dos três conceitos relativos a Cooperativas. E pode ser subdividida em elementos que poderão ser utilizados em composições gráficas envolvendo a cooperativa. A utilização de cores ainda não foi totalmente definida – tampouco a definição a respeito da substituição da marca antiga pela nova. Novos estudos e trabalhos colaborativos deverão ser feitos para se legitimar essas definições. Os elementos pertencentes à proposta de marca foram utilizados também para formar a composição do elemento de referência ao Pão-por-Deus (mostrado na figura 49). Nessa composição os elementos individuais pertencentes à proposta de nova marca “pessoa e balão de pensamento” (primeira imagem de cima pra baixo da esquerda pra direita na figura 49) foram usados de repetidamente causando o efeito de unificação por proximidade apontada pela Gestalt. Esse efeito funciona tanto para os elementos iguais (ver os balões destacados na segunda imagem de cima pra baixo, da esquerda na figura 49) quanto para elementos diferentes. Como se percebe na imagem mais abaixo da coluna da esquerda (na figura 49) os elementos não precisam estar ligados entre si tampouco cercados pela moldura para parecerem uma única imagem. Esse fator, como dito anteriormente, vem reforçar os conceitos ligados a coletividade. “A formação de um todo a partir de elementos separados, semelhantes

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ou não”. Por fim, na imagem maior (ainda da figura 49), vê-se a composição por completo com a moldura que reforça a unidade entre os elementos. E, ainda faz com que quem visualiza a imagem tenha a impressão de quem os elementos centrais sejam partes retiradas (furos) da figura como um todo. Tal qual os rendados de Pão-porDeus. Essa impressão poderá ainda ser reforçada se o material em que for aplicado o desenho tenha característica de transparência, e esses “furos”, realmente possa “mostrar” as imagens dos objetos aos quais estiver sobreposta a composição – o que poderá ser visto nas alternativas de aplicação mais adiante nesse relatório.

Figura 49 – Elemento referente ao Pão-por-Deus.

Ainda na fase de desenvolvimento dos elementos que comporiam o projeto gráfico, algumas fontes foram testadas para as funções de letreiro e texto corrido. Entre elas as fontes: Alte Haas Grotesk; Perpetua; Gabriola; e PR Charade (ver figura 50 e 51). É interessante observar que para a utilização dessas e outras fontes no projeto final, seria necessária a verificação de autoria e licenciamento delas.

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Figura 50 – Fontes testadas

Figura 51 – Fontes testadas: Perpetua; Perpetua Bold; PR8 Charade.

18.1 Alternativas de aplicação do Layout

Para cada princípio de solução selecionado anteriormente, foram elaboradas algumas alternativas de aplicação gráfica de layout. Em forma de representação por desenho e modelo de estudo. Dessas opções, algumas foram escolhidas como finais. Como não houve escolha da solução funcional e dos processos a que serão utilizados na fabricação das embalagens, foram escolhidas opções de layout pras diferentes aplicações de processos (adesivo, impressão sobre polímero e tag no caso dos pães). Essas opções – a não ser que haja algum fator inesperado que faça a cooperativa decidir o tipo de investimento – deverão ficar disponíveis para a cooperativa utilizar a mais adequada com as possibilidades do momento em questão. Por exemplo, se

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houver recursos o suficiente para investimento nos “sacos de polímero impressos” em uma quantidade satisfatória, os arquivos estarão disponíveis. Caso esses recursos sejam menores, a embalagem utilizada poderá ser o “adesivo” ou as “tags” que exigem investimentos menores.

Alternativa 1 É uma alternativa de layout para o princípio de solução “saco plástico com impressão direta” – tecnicamente, impressão sobre filme polimérico transparente. Nessa alternativa o elemento gráfico do Pão-por-Deus Encontra-se deslocado para a esquerda e para baixo, não descentralizando a posição da marca original da Cooperativa. A nova proposta de marca gráfica fica em posição mais elevada e com tamanho funciona na composição atraindo a visão para esse signo, apesar de possuir fundo transparente. Também é nesse signo que se encontra o nome do produto em uma fonte cursiva com tamanho relativamente pequeno, que pode dificultar a leitura para determinados usuários.

Figura 52 -

Alternativa 1 – com impressão direta

A cor da nova proposta de marca foi escolhida para poder contrastar com o fundo transparente em que apareceria o produto, como se sugere no desenho. Mas

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também com elemento do Pão-por-Deus que deveria, nessa proposta, ter sua cor escolhida de acordo com o sabor ou tipo de produto embalado.

Alternativa 2 Nessa alternativa – como na primeira e na terceira, também em impressão sobre filme polimérico – o elemento do Pão-por-Deus encontra-se centralizado e em tamanho menor, possibilitando a sua visualização por completo. A marca atual foi utilizada com as cores originais e a nova proposta não foi utilizada. O letreiro com nome do produto está maior e com fonte mais legível. No entanto a sobreposição dos elementos, letreiro e figura de fundo, pode dificultar a leitura, fato que se tentou resolver utilizando contraste de cores entre os dois elementos.

Figura 53 -

Alternativa 2 – com impressão direta

Nessa alternativa foi acrescentado um espaço para informações adicionais como a frase “produto artesanal”, utilizada para a valorização de determinada característica do produto.

Alternativa 3

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A alternativa 3 – também com impressão sobre polímero – utiliza a marca atual como ponto central nas cores originais. A figura do Pão-por-Deus também está centralizada, mas ocupando boa parte do espaço disponível. A nova sugestão de marca aparece nessa alternativa sobreposta à figura do pão-por-Deus, mas com fundo branco para aumentar legibilidade. O nome do produto aparece em dois lugares: no letreiro principal, situado na parte de baixo da composição, e no signo sugerido como nova marca.

Figura 54 -

Alternativa 3 – com impressão direta

A figura 55 traz uma variação da alternativa 3, onde são estudadas variações de cores e alguns posicionamentos de elementos. Aqui o signo da nova marca é aplicado do lado esquerdo da composição mudando o fluxo de leitura. As cores escolhidas no estudo foram rosa e lilás como cores diferenciadas em relação à concorrência para que conferissem ao produto um lugar de destaque na gôndola. A cor verde – assim como tons de marrom – são comummente utilizadas em produtos orgânicos e/ou integrais de acordo com a análise de similares. A utilização dessa cor se deve ao fato de, mesmo buscando uma diferenciação da concorrência, o produto não deve fugir completamente da linguagem da categoria. Ou seja, o consumidor deverá ter sua

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atenção atraída para o produto, mas também compreender que tipo de produto aquela embalagem abriga.

Figura 55 –

Alternativa 3 – Estudo de cores

Outras informações foram adicionadas a essa alternativa como o sabor ou tipo do produto (integral na terceira imagem da figura 55) e o texto central da figura do Pão-por-Deus. A esse texto devemos uma atenção especial. Ele está localizado na parte da imagem do Pão-por-Deus, onde iria originalmente (nas referências primárias) o verso escrito. Propõe-se com essa alternativa um espaço de texto onde poderia estar um verso elaborado pelas cooperadas como sugerido no texto de discussão dos conceitos. Ou, ainda, algum outro tipo de informação sobre a Cooperativa.

Alternativa 4 A quarta alternativa é correspondente ao princípio de solução rotulagem com “adesivo impresso”. Nas Figuras 56 e 57 algumas alternativas de layout para o adesivo frontal. Essa opção poderia ser utilizada no caso do uso de dois adesivos, um com informações relativas ao nome do produto e da cooperativa que teria que ser complementado com outro com as informações nutricionais e demais elementos

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técnicos que as normas exigem. Essas alternativas foram impressas a fim de se fazer modelos físicos e visualiza-las com maior precisão. A fotografias desses modelos podem ser vistas nas figuras 58 e 59 .

Figura 56 -

Alternativa 4 – com impressão em adesivo.

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Figura 57 -

Figura 58 –

Alternativa 4 – Alternativa de adesivo

Teste de adesivo impresso na cor branca.

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Figura 59 –

Teste de adesivo impresso do layout da figura 56.

Alternativa 5 A alternativa seguinte é correspondente ao princípio de solução “tag” – do inglês etiqueta. Com essa proposta, todas as informações referentes ao produto e à Cooperativa viriam impressas em uma etiqueta de papel que seria presa ao produto. Nesse caso, a embalagem propriamente dita do produto poderia variar de acordo com a necessidade da cooperativa. Por exemplo, a tag poderia ser aplicada nos produtos embalados com saco polimérico transparente como nas alternativas anteriores. Mas também em outros tipos de embalagem caso não fosse possível usar os sacos ou se abrissem outras possibilidades como vendas a granel. Essa possibilidade também representa maior flexibilidade nos investimentos, pois pode ser feita em larga escala em gráficas industriais, ou em escalas menores com técnicas de carimbo, impressão em gráfica rápida e até mesmo, em casos especiais, impressão doméstica. Na proposta de alternativa de tag dobrada, busca-se assemelhar-se aos modelos de Pão-por-Deus que eram entregues dobrados com dizeres dentro e fora do bilhete. Assim, propõe-se que as informações a respeito da cooperativa e do produto venham

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na parte externa da tag, e dentro um espaço para o “verso” que poderá ser escrito pelas cooperadas, ou deixado em branco para uso do consumidor (ver figuras 60 e 61).

Figura 60 -

Figura 61 -

Estudo para alternativa 5.

Alternativa 5 – com tag pequena dobrada.

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As formas do corte do papel estudadas nessa proposta foram pensadas para evitar a confecção de uma nova faca – parte do sistema de corte de papel nas gráficas que pode encarecer o processo dependendo da complexidade – em caso de produção industrial. Já para o caso de produção manual, linhas retas deverão facilitar o processo de corte.

Alternativa 6 Na alternativa 6, a proposta da tag ganhou um tamanho maior em que a visualização dos elementos gráficos fica mais fácil. Os elementos estão dispostos de forma semelhante ao adesivo (alternativa 4) porém, aqui representado com cores diferenciadas (ver figura 62) com uma proposta de impressão sobre papel Craft. O papel Craft foi cogitado por ter um impacto ambiental na produção menor que os papéis brancos, pois utiliza menos elementos químicos – como o Cloro - no processo de clareamento. É totalmente reciclável e, além disso, esse tipo de papel é, de acordo com informações iniciais, fabricado por empresas catarinenses. Isso significa que o impacto ambiental e os gastos com transporte podem ser menores – informação que deverá ser verificada durante os orçamentos.

Figura 62 -

Alternativa 6 – com tag grande.

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Nessa alternativa, as informações técnicas seriam impressas no verso da tag. Em reunião com as cooperadas, as alternativas com tag e adesivo foram as melhores cotadas, devido ao custo aparentemente menor. Ficou acertado que antes de se fechar a proposta, todas as possibilidades seriam devidamente orçadas, pra se ter um valor real do investimento. As propostas de layout, assim como a proposta conceitual foram aprovadas pelas cooperadas. Tendo, dentre todas, preferência pela alternativa 3, com a marca da Cooperativa no centro do rótulo.

Refinamento das alternativas Seguindo as preferências indicadas, alternativa 3 de layout foi refinada corrigindo-se alguns problemas de legibilidade. Uma proposta de aplicação desse desenho foi elaborada para os princípios de solução: “adesivo” e “tag” adaptando para os processos de impressão diferenciados propostos anteriormente. Também foram feitas algumas modificações nos layouts a fim de corrigir problemas. Nas figuras 63, 64, 65, 66 e 67, as imagens desses layouts.

Figura 63 -

Alternativa 3 branca “refinada”.

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Figura 64 -

Alternativa 3 magenta “refinada”.

Figura 65 -

Alternativa 3 lilás “refinada”.

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Nas figuras 69 e 70, respectivamente o layout de adesivo com informações técnicas e sobre a Cooperativa na parte frontal e o seu modelo impresso.

Figura 69 – Layout da

Alternativa 3 em adesivo com informações nutricionais e

sobre a Cooperativa na parte frontal.

Figura 70 – Modelo do layout da

Alternativa 3 em adesivo com informações

nutricionais e sobre a Cooperativa na parte frontal.

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Mesmo com os layouts melhor finalizados, o projeto ainda precisará ter continuidade para se efetivar a participação das Cooperadas, que não pôde ser muito efetiva até o presente momento devido às restrições de tempo do trabalho de TCC. A utilização e possível, criação dos “versos” deverá ser conversada nos próximos encontros entre o DP-SC e a cooperativa, quando também serão trabalhados outors aspectos pendentes do projeto. Com essas propostas a Sonho Nosso poderá usar as suas embalagens pra mandar um “recado” aos clientes de forma delicada e divertida, convidando-os a voltar a consumir os produtos do empreendimento. Esse recado, claro, não é direto. Trata-se de um verso de Pão-por-Deus, escrito por um ou mais integrantes da cooperativa. A variação dos versos nas embalagens dependerá das quantidades e da periodicidade da produção, visto que a maioria dos processos de impressão exige quantidades mínimas por matriz, e o orçamento para o projeto é relativamente baixo. Os textos e outras informações das embalagens nessas representações não correspondem às informações corretas sobre o produto e a cooperativa, mas apenas ao espaço que será ocupado pelos textos finais. A fim de testar a legibilidade e demais aspectos do layout.

18.3 Outras aplicações

Para os outros produtos é sugerida a aplicação da mesma linguagem mostrada nas imagens seguintes (figuras 71, 72, 73, 74 e 75). Essas embalagens deverão ser mais bem refinadas e detalhadas antes da sua aplicação.

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Figura 71 –

Estudo para embalagem de congelados.

Figura 72 –

Estudo Verso de embalagem

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Figura 73 -

Alternativa de aplicação de embalagem para congelados

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Figura 74 -

Figura 75 -

Alternativa de aplicação de layout para sacola plástica

Alternativa de aplicação de layout para adesivo em sacola de papel craft.

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n.08 Considerações finais O início... As últimas semanas desse trabalho de conclusão foram marcadas por muitos altos e baixos. Ao mesmo tempo em que o projeto tomava um caminho, o tempo parecia correr mais rápido que as soluções. Mas o projeto precisava ser concluído dentro do prazo. No DP-SC, muitas novidades boas aconteceram desde a última vez que ele foi citado nesse relatório. Agora somos um projeto de extensão, ao menos por um ano (a começar de janeiro de 2011) teremos financiamento para continuar os projetos com IPC, inclusive esse com a Sonho Nosso. Que, como já foi falado várias vezes nesse relatório, não se resume a um projeto de embalagem. Outras possibilidades de atuação também surgiram para o DP-SC, mas ainda estão em fase de negociação. Sobre as experiências desse “projeto experimental”, poderia fazer uma lista de erros e problemas ainda maior que esse relatório. Mas é certo que apreendemos várias coisas, principalmente o que não fazer nesse tipo de trabalho. Reitero que o trabalho com grupos produtivos comunitários é bastante difícil, principalmente pela inconstância das relações entre as pessoas, instituições e nós. O que se agravou, nesse projeto, com a nossa falta de experiência com esse tipo de trabalho. No entanto, apesar de todas as dificuldades o trabalho de conclusão de curso pôde ser concluído, e todo o movimento em torno do tema iniciado. E essa continua sendo uma alternativa sedutora e viável pra se fazer design. Provando que não é preciso levantar bandeiras para se mudar alguma coisa para melhor – não que eu tenha alguma coisa contra bandeiras...

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Concluo esse trabalho com um subtítulo igual ao primeiro título dessa narração: O início. Pois é isso que esse TCC representa. O início do Design Possível Santa Catarina. O início da minha vida como designer – deixando de ser aluna do IF-SC depois de quase oito anos.

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11 Referências

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GUIA FLORIPA (Florianópolis) (Org.). Feiras de Artesanato. Disponível em: <http://www.guiafloripa.com.br/cultura/feiras.php3>. Acesso em: 15 set. 2009. GOMES FILHO, João. GESTALT DO OBJETO: Sistema de leitura visual da forma. 6. ed. São Paulo: Escrituras, 2004. 128 p. JORNAL DO ARTESANATO (Florianópolis) (Org.). Artesanato cuidando da saúde feminina. Disponível em: <http://www.jornalartesanato.com/site/index.php?option=com_content&view=article &id=91:redefeminina&catid=1:noticias&Itemid=3>. Acesso em: 20 set. 2009. PEREIRA, Nereu do Vale et al. Ribeirão da Ilha Vida e Retratos: Um distrito em destaque. Florianópolis: Fundação Franklin Cascaes, 1990. 502 p. REDE FEMININA (Florianópolis). Histórico. Disponível em: <http://www.rfcc.org.br/florianopolis/fp_historico.html>. Acesso em: 10 set. 2009. SILVA, Edézia Santos da. Sensibilidade de ver:Retratos de uma época. Florianópolis: da ver: Autora, 2009. 147 p. THACKARA, John. Plano B: Alternativas viáveis em um mundo complexo. 1ª São Paulo: Saraiva/virgília, 2008. 300 p. WIKIPEDIA. Escrita. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Escrita>. Acesso em: 15 set. 2009. WIKIPEDIA. Revolução Industrial. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Revolução_Industrial>. Acesso em: 15 set. 2009.

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ANEXOS

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Anexo 1

O que é rótulo?

Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), rótulo é toda inscrição, legenda e imagem ou, toda matéria descritiva ou gráfica que esteja escrita, impressa, estampada, gravada ou colada sobre a embalagem do alimento.

O que é embalagem?

De acordo com a ANVISA, embalagem é o recipiente destinado a garantir a conservação e facilitar o transporte e manuseio dos alimentos. Alguns tipos de embalagens são: vidro, plástico, papelão.

Quais são as informações que devem estar presentes obrigatoriamente no rótulo? Denominação de venda do alimento: é o nome específico que indica a origem e as características do alimento. Por exemplo: óleo de soja, gordura vegetal hidrogenada, cereal matinal à base de trigo, leite UHT desnatado, biscoito recheado sabor morango. Lista de ingredientes: com exceção de alimentos com um único ingrediente (por exemplo: açúcar, farinha de trigo, vinho), os demais devem ter a descrição de todos os ingredientes no rótulo, por ordem decrescente da proporção. Os aditivos alimentares também devem fazer parte da lista sendo relatados por último. Peso líquido: no rótulo deve constar a quantidade de alimento presente na embalagem, sendo expressa normalmente em mililitro (ml), litro (l), grama (g), quilo (Kg) ou por unidade. Identificação da origem: devem ser indicados o nome e o endereço do fabricante. Atualmente, a maioria das indústrias oferece aos clientes, o Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC), disponibilizando também no rótulo, o telefone e o e-mail para facilitar o contato em caso de dúvidas, críticas ou sugestões. Identificação do lote: todo rótulo deve ter impresso uma indicação em código que permita identificar o lote a que pertence o alimento. 133


• Prazo de validade: deve estar presente de forma visível e clara. No caso de alimentos que exijam condições especiais para sua conservação, deve ser indicado o melhor local de armazenamento (freezer, congelador, geladeira) e o vencimento correspondente. 0 mesmo se aplica a alimentos que podem se alterar depois de abertas suas embalagens. O consumidor deve estar sempre atento à data de validade, ao adquirir um alimento. Todo produto vencido deve ser desprezado pois, além de perder a garantia de qualidade pelo fabricante, pode trazer riscos à saúde. • Instruções sobre o preparo e uso do alimento: quando necessário, o rótulo deve conter as instruções necessárias sobre o modo apropriado de uso, incluídos a reconstituição e o descongelamento. • Informações nutricionais: de acordo com a Resolução nº 40, de 21/03/01, todos os alimentos e bebidas produzidos, comercializados e embalados na ausência do cliente e prontos para oferta ao consumidor devem ter as informações nutricionais presentes no rótulo. Excluem-se deste Regulamento, as águas minerais e as bebidas alcoólicas. As empresas têm 180 dias, a partir da data da Resolução, para se adequarem. O modelo de rotulagem nutricional, proposto pela ANVISA, encontra-se a seguir. Obrigatoriamente a informação nutricional deve estar por porção (fatia, copo, unidade) e os nutrientes devem estar dispostos na ordem abaixo. • Contém glúten: a partir de 23/12/92 (lei nº 8.543), todos os produtores de alimentos industrializados contendo glúten através dos ingredientes trigo, aveia, cevada, e centeio e/ou seus derivados passaram a ter que incluir obrigatoriamente a advertência no rótulo das embalagens, a fim de alertar os indivíduos com doença celíaca que não podem consumir tais alimentos devido à intolerância ao glúten. • Alimentos para fins especiais: segundo a Portaria nº 29, de 13/01/98, os alimentos para fins especiais, ou seja, os formulados para atender necessidades específicas, devem ter no rótulo a respectiva designação, seguida da finalidade a que se destina (exemplos: diet, light, enriquecido em vitaminas, isento de lactose). Em alguns casos, é obrigatória a utilização de alertas, como: "Contém fenilalanina" (alimentos com adição de aspartame) ou "Diabéticos: contém sacarose" (alimentos contendo açúcar).

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