Caribe brasileiro - Revista Mergulho 152

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ESTREIA: NOVA COLUNA desvenda os segredos do mergulho TÉCNICO! Mergulho.com.br

ano XiII nº 152

R$ 8,90

honduras Grandes encontros, naufrágios, paredões... Tudo numa só ILHA!

A bahia é roxa!

• ABROLHOS 25 metros de visibilidade pra começar... • barra grande (inédito!!!) Como é que ninguém conhecia este lugar?!


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honduras Grandes encontros, naufrágios, paredões... Tudo numa só ILHA!

A bahia é roxa!

• ABROLHOS 25 metros de visibilidade pra começar... • barra grande (inédito!!!) Como é que ninguém conhecia este lugar?!


Por Maíra Borgonha, Áthila Andrade e Cláudio Sampaio Fotos: Áthila Andrade

Ermitão

CARIBE

à brasileira Barra Grande, paraíso ainda pouco conhecido na Bahia, tem tudo (mesmo!) para se tornar figurinha carimbada nos logbooks

Paru-branco

Peixe-cirurgião juvenil

Quando se fala em mergulho na Bahia é impossível não pensar em espetaculares águas claras de temperaturas amenas. Muitos são os points consagrados do território baiano, entre eles Salvador - onde estão excelentes naufrágios de fácil acesso – e, é claro, Abrolhos, que proporciona contato inesquecível com imponentes chapeirões e singulares corais-cérebro (como você pode ver em reportagem nesta edição...). No entanto, mais além, em direção à Costa do Dendê, há um destino estonteante e ainda pouco conhecido para o turismo subaquático. Nas próximas linhas, encante-se com as preciosidades de Barra Grande. Embora chamada de Barra Grande de Camamu, a paradisíaca vila de Barra Grande está situada na extremidade da península de Maraú, corruptela da palavra tupi “mayrahú”, que significa “luz do sol ao amanhecer”. Mantendo-se praticamente inexplorada por longa data, Barra Grande apresenta excelentes Revista mergulho  29


Peixe-frade

Jabú

Moréia-verde no Recife do Pedrão

A visibilidade em Barra Grande pode ser realmente impressionante!

Polvo -de-areia: nova espécie?

opções para o mergulho livre e autônomo. O mergulho pode ser praticado o ano inteiro. No entanto, é no verão, especialmente entre dezembro e janeiro, que as águas oceânicas se aproximam da costa devido a curta extensão da plataforma continental adjacente. Nos meses de julho a outubro, os “veranicos”, períodos de águas claras e tranqüilas, são aguardados pelos mergulhadores, enquanto as operações saem em busca das majestosas baleias-jubarte – batidas de nadadeiras e saltos são observados inclusive da beira-mar, um belo e inesquecível espetáculo. Para desvendar as belezas submersas que tornam Barra Grande um destino certeiro, aqui vão quatro opções de mergulho: Recife do Pedrão, Pedra da Arraia, Anguara e Taipus de Fora.

Lava-rápido

Ilha de Quiepe vista do mar

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Localizado a 30 minutos de lancha rápida a partir do pier da vila, o Recife do Pedrão apresenta profundidades médias de 15 a 20 metros. Apesar de importante local de pesca, demonstra excelente estado de conservação, em especial, pela abundância de “estações de limpeza”. No recife, pequenos peixes limpadoRevista mergulho  31


De forma circular, o recife pode ser contornado em um único mergulho. A maior riqueza de espécies está em seu centro: cardumes numerosos de pequenos peixes atraem grandes predadores

Pequeno gastrópodo (Micromelo undatus)

Formação coralínea típica

res, como o peixe-neon, aguardam seus “clientes”: garoupas, badejos e budiões ficam imóveis a espera da retirada de parasitas e tecido morto. Mas os neons não são os únicos a prestar o serviço. Jovens bodiões e peixes-fantasma limpam outros “fregueses” que preferem a coluna d’água, como as tesourinhas.

Góbios-leitosos (Ptereleotris randalli)

Praça sub

Peixe-neon

Próximo à Ilha de Quiepe, com profundidades que variam entre 12 e 16 metros, está a Pedra da Arraia. De forma circular, o recife pode ser contornado em um único mergulho dando idéia do seu tamanho e beleza. Contudo, a maior riqueza de espécies está em seu centro: cardumes numerosos de pequenos peixes atraem grandes predadores, não sendo rara a observação de barracudas, cavalas e badejos. Tartarugas são avistadas com freqüência e é possível observar arraias descansando, muitas vezes escondidas sob o fundo. Uma vez que o ponto encontra-se próximo à saída da Baía de Camamu e cercado por fundos arenosos (o que pode comprometer a visibilidade pelas marés), é importante que o mergulho seja acompanhado por guias locais experientes.

Gamma

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Tubarão-lixa

Espécie de nudibrânquio comum nas piscinas de Taipus de Fora

Sepioteuthis sepioidea, figurinha fácil nos recifes

Imagine a cena: você na beira da praia, diante de uma enorme piscina recifal com água transparente beirando os 28ºC e apenas máscara, nadadeiras e snorkel... Sorria! Você está em Taipus de Fora! Jovem peixe-borboleta Estação de limpeza na coluna d'água: o bodião limpando um tesourinha

Um jabú, Cephalopholis fulva, recebendo uma limpeza

Depois dos coqueiros

Últimos raios de sol no Píer de Barra Grande

A uma hora de navegação ao sul da ponta do Mutá, próximo a praia de Algodões, surge amplo e complexo o recife de Anguara. Com profundidades entre 18 e 23 metros, fundo de algas calcárias e muitas tocas, o recife exibe fauna espetacular: budiões-azuis, pirambocas, badejos, enxadas e caranhas, além de cavalas e xaréus são observados facilmente. Entre os invertebrados, esponjas, corais e ceriantos exibem colorido e formas curiosas. Por estar relativamente distante de Barra Grande, é necessária uma avaliação prévia das condições oceanográficas para mergulho no local. Durante o trajeto até o ponto de mergulho, golfinhos e tartarugas são avistados regularmente, além das praias desertas da península de Maraú, com vastos coqueirais e restingas preservadas.

Mil metros de snorkel

Agora imagine a cena: você na beira da praia, diante de uma enorme piscina recifal com água transparente beirando os 28ºC e apenas máscara, nadadeiras e snorkel nas mãos... Sorria! Você está em Taipus de Fora! Um dos melhores locais do Brasil para a prática do snorkeling, Taipus é um recife costeiro com mais de um quilômetro de extensão que forma um enorme aquário natural de águas quentes e cristalinas. Na face protegida das ondas, o recife atinge profundidade máxima de quatro metros formando

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Há ótimas opções em toda a região, desde áreas próximas à baía, em locais mais rasos como o Sorocuçu ou o Recife da Cioba, com corais surgindo aos cinco metros

Jovem tricolor

Visibilidade espetacular no Rego da Caranha

Vista da Cidade de Camamu

Barra Grande ➢ Com aproximadamente 1.400 habitantes, Barra Grande não possui estradas

pavimentadas ou agências bancárias – nem mesmo caixas eletrônicos! Mas dispõe de boa infraestrutura com pousadas e restaurantes, além de ótimas opções de passeios. Eles podem ser embarcados entre as dezenas de ilhas no interior da baía de Camamu ou em veículos tracionados e motos por estradas de terra, em direção a lagoas de águas cristalinas, restingas e praias desertas. Para os mais dispostos, bicicletas são ótima pedida, inclusive no preço. Mas não se esqueça de levar água, bonés e roupas adequadas, pois não há, no trajeto, qualquer ponto de apoio.

➢ Hoje a única operadora na região é a Carpe Diem Dive Tour - www.

carpediemdivetour.com.br, tel. (73) 3258-6327. Se precisar de um guia, procure pelo Antônio Carlos, o Tonton, no telefone (73) 3258-6043. Ele pode fornecer preciosas informações sobre locais de mergulho (é nativo e conhece todos os fundos da região).

Como chegar Partindo de Salvador, via ferryboat (Itaparica) ou pela BA-001, são cerca de duas horas e meia de carro até o cais de Camamu. Mais uma hora e meia de viagem tranqüila em um “saveiro” - embarcação típica da Bahia - ou 35 minutos em uma das muitas lanchas rápidas que operam no lugar. Ao chegar ao pier de Barra Grande, não se preocupe com a bagagem – você pode contar com o serviço dos simpáticos carregadores locais para levá-lo até seu destino. Mas, importante: não deixe de combinar o preço antes.

➢ Em Barra Grande há diversas pousadas, para todos os gostos e bolsos como a Pousada Terra Mar, Pousada Estrela do Mar, Pousada Iglu e alguns resorts. Avalie também a possibilidade de alugar uma casa durante a temporada. Há ainda campings arborizados e em frente à praia, como o Lagosta Azul, uma ótima opção para quem desejar gastar pouco e se divertir muito.

➢ Falando em gastronomia, não deixe de saborear o melhor da culinária local,

Saramunete

no restaurante Bé & Zene, próximo a Ponta do Mutá, e a pizza no palito, no Tio Sazo: imperdíveis!

➢ Taipus de Fora se encontra a sete quilômetros do centro da vila de Barra

Grande. Conta com pousadas e bares, além de quiosques na praia onde é possível alugar máscaras e nadadeiras. O acesso é feito por carros utilitários. Aproveite para observar a vegetação e a fauna de restinga durante o translado, há sempre bromélias e aves exibindo cores e cantos.

➢ Utilizar cremes ou protetores solares em piscinas naturais, como a de Taipus de Fora é prejudicial aos corais. Prefira as camisetas de lycra, a fauna marinha agradece!

➢ Lembre-se que a plena satisfação de uma saída de mergulho depende muito da experiência dos guias locais. Durante o percurso aproveite para apreciar as paisagens de rara beleza e conversar com os guias que certamente indicarão outras opções, muitas vezes fora do roteiro turístico.

➢ Para conhecer um pouco mais da cultura subaquática baiana, acesse o site www.nectonsub.com.br, que traz matérias sobre mergulho, equipamentos, viagens, arqueologia sub, conservação, naufrágios e navegação.

Coral Mussismilia hispida

labirintos repletos de espécies de corais, camarões, lulas, estrelas, peixes e tartarugas. Durante a baixa-mar, nos períodos de lua cheia e nova, o snorkeling pode ser realizado com segurança, inclusive à noite, quando é possível flagrar espécies trajando “pijamas” (o colorido de alguns peixes muda à noite enquanto dormem), como os peixes-cirurgião, ou mesmo aquelas de hábitos noturnos. Uma boa dica é buscar por peixes e invertebrados no fundo arenoso raramente observados durante o dia, como as ubaranas, camarões sete-barbas e estrelas-do-mar. Além dos recifes descritos, há ótimas opções em toda a região, desde áreas próximas à baía, em locais mais rasos como o Sorocuçu ou o Recife da Cioba, com corais surgindo aos cinco metros. Há também opções para mergulho técnico, ainda pouco difundido na região, como o Rego da Caranha, onde, além dos famosos cardumes de enormes peixes que emprestam seu nome ao local, há agulhões-bandeira, olhos-de-boi, atuns e muitos outros peixes oceânicos. Não há como não se render diante das inúmeras belezas subaquáticas de Barra Grande. A profusão de recifes banhados por águas quentes e cristalinas, aliada a extraordinária diversidade de espécies, nos faz crer que o “Caribe brasileiro”, definitivamente, é baiano. Revista mergulho  37


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