2012
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Dilma Vana Rousseff Presidenta da Rep煤blica Guido Mantega Ministro da Fazenda Jorge Fontana Hereda Presidente da Caixa Econ么mica Federal
Atuar na promoção da cidadania e do desenvolvimento sustentável do país, como instituição financeira, agente de políticas públicas e parceira estratégica do Estado Brasileiro, é um dos principais objetivos definidos na missão da CAIXA. A instituição acredita que o desenvolvimento sustentável do país não se dá apenas nas esferas econômica, social e ambiental, mas engloba também o desenvolvimento cultural do nosso povo e a valorização de suas tradições. A CAIXA participa ativamente no fomento artístico e cultural do país promovendo projetos em diversos segmentos como: música, teatro, dança, artes plásticas, além de apoiar museus e a preservação de acervos públicos brasileiros, com o objetivo de restaurar, reformar, modernizar, digitalizar e propiciar um maior acesso da população aos bens culturais do país. De acordo com essas diretrizes, a CAIXA patrocina o Ciclo Mandacaru de Oficinas de Caligrafia, que traz para as unidades da CAIXA Cultural de São Paulo, Salvador, Brasília e Fortaleza, quatro dias de oficinas, cujas propostas têm em comum o exercício de liberdade e criatividade, através do gesto da escrita. O objetivo desse projeto é compartilhar o conhecimento de grandes nomes da caligrafia nacional com pessoas interessadas pelo tema, seja iniciante ou experiente, e ainda fomentar nos jovens talentos o prazer de trabalhar sua escrita.
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
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Caligrafia na Caixa Cultural Como disse uma vez o calígrafo convidado Cláudio Gil: “A caligrafia é a memória do gesto que constrói a escrita, dá solidez à palavra, sedimenta e protege a linguagem. Quase esquecida no vasto universo de sua própria herança — o design gráfico — a caligrafia parece fazer parte de um tempo sem volta, já que nos dias de hoje, poucos desenham suas letras à mão livre”. A ideia de dedicar o terceiro CICLO MANDACARU DE OFICINAS ao tema CALIGRAFIA veio da vontade de resgatar essa tal ‘memória do gesto’ — o gesto da escrita, uma ação tão pessoal que deixa marcas autorais, individuais, inimitáveis. A Mandacaru segue firme no propósito de promover e difundir algumas atividades manuais que andam meio esquecidas nestes tempos exageradamente digitais — assim como já fez com as oficinas de colheres de bambu, ilustração, quadrinhos e tipografia. Temos a alegria de realizar este projeto em mais uma parceria com a CAIXA Cultural, e com ele apresentar quatro grandes mestres do traço vindos de várias partes do país: AndréaBranco e Tony de Marco são de São Paulo, Cláudio Gil vem do Rio de Janeiro e Matheus Barbosa, do Recife. Levando as oficinas — sempre gratuitas e abertas ao público — às unidades de São Paulo, Salvador, Brasília e a recém-inaugurada em Fortaleza, buscamos realizar um intercâmbio cultural nesta nação continental que é o nosso Brasil. Bebel Abreu, curadora
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Caligrafia: a beleza formal da escrita
Em tempos de e-mail e SMS, para muita gente, o hábito de escrever a mão está restrito a fazer lista de compras e anotar um recado ou outro. Mas quem não tem na memória a época da alfabetização, quando aprendíamos a “desenhar” as letras, muitas vezes usando cadernos de caligrafia? Esse simples ato de comunicar uma mensagem com letras desenhadas guarda quase três mil anos de história da escrita. Escrita e caligrafia andam juntas – a segunda está inserida na primeira – mas vai além: ela é uma espécie de poesia formal onde o modo de construção, combinado com a ferramenta, torna mágico o modo de escrever, dando ainda mais força ao conteúdo da escrita. A palavra caligrafia vem do grego e significa a arte da bela escrita: “beleza” (kallos) e “escrever” (graphein). Além da beleza, a caligrafia também deve respeitar harmonia, ordem e ritmo. É o caso das delicadas letras dos convites de casamento, um dos usos atuais mais comuns dessa elegante tradição. É possível encontrar diversos meios de aplicação da caligrafia, mas nem sempre foi assim. Na Idade Média, ela era restrita
e dominada por poucos: a Igreja Católica, sobretudo nos monastérios, aplicava este ofício em seus documentos. Em 1454, o alemão Johannes Gutenberg criou a prensa de tipos móveis. Para sua primeira publicação – a Bíblia – adotou o estilo gótico. Mas a invenção da imprensa não diminuiu a importância da caligrafia. No início do século XIX, foi introduzido o ensino da caligrafia em escolas de arte. E desde então esta cultura vem se propagando em distintos mercados. Hoje, a caligrafia moderna pode ser dividida em tradicional e expressiva. A tradicional é clássica, de estilo impecável. A expressiva, por sua vez, é transgressora, utiliza a estrutura formal como base e ao mesmo tempo rompe com ela, gerando uma caligrafia que tecnicamente não é perfeita, mas é carregada de expressão e humanidade. A potencialidade dos dois caminhos é diferente. Não há uma escolha correta nesse mundo dual da caligrafia. O importante é cultivar o ofício da caligrafia praticando a valorização da poesia visual que as letras têm a oferecer.
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Apolo Longhi
Ferramentas, suportes e tintas
Papel, pena e tinta e materiais de suporte são comuns na rotina dos calígrafos, mas vale recordar que a história da escrita começou com ferramentas bem mais rústicas. As pedras com pontas afiadas foram os primeiros instrumentos usados pelo homem para deixar sua marca nas cavernas, na pré-história. Daí até a invenção da escrita passaram-se alguns séculos. Os gregos testaram osso, metal ou marfim para fazer marcas em tábuas de cera e deixar seu recado. A tinta foi inventada pelos chineses por volta de 2.600 a.C., mas só se tornou popular por volta de 1.200 a.C. Enquanto isso, no Egito, surgia o papel – um dos papiros mais antigos conhecido é de 2.000 a.C. – hoje, além do papel, os suportes para caligrafia incluem tecidos, vidros e muros. Para poder usar o papel, os romanos criaram uma espécie de caneta feita de um tubo oco de bambu com uma ponta afiada. Dentro dele, eram injetadas tintas ou algum tipo de fluido. As canetas foram evoluindo até chegar, por volta do ano 700, às penas de aves que vemos em filmes de época. Em geral, as penas eram retiradas de cisnes, patos e gansos, mas duravam pouco – não mais que uma semana.
O formato das penas metálicas atuais foi inspirado nas penas animais, que davam fluidez à escrita. Hoje, produzidas em materiais como bronze e aço, as penas variam em forma, tamanho e dureza. Podem ser utilizados os bicos de penas para a escrita inglesa, ou as chatas automatic pens nos experimentos mais aventureiros. Há ainda a opção de usar pincéis, que propiciam liberdade com suas variadas formas, tamanhos e tipos de cerda. Os chatos imitam o uso da pena quadrada e os finos são utilizados em escritas delicadas. Cada época tem os instrumentos de sua preferência. Uma antiga ferramenta de desenho chamada tiralinhas e sua variante artesanal, a colapen, são as queridinhas do momento. A tinta que abastece as penas é fundamental na caligrafia. O nanquim é mais usado para estudos e esboços, e o guache e a aquarela aparecem em aplicações mais elaboradas. A gama de penas, papéis e tintas ajudam o calígrafo a potencializar o gesto da escrita e se expressar em uma infinidade de maneiras.
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Calígrafos convidados
Roberta Figueiredo
Andréa Branco nasceu em São Paulo, em 1966. Calígrafa profissional há 23 anos, criou o Curso de Caligrafia Artística para o público em geral e o Curso de Caligrafia para Designers, tendo formado centenas de pessoas, em São Paulo e outras capitais do país. Em 2009 fez a revisão técnica do livro A Arte da Caligrafia, de David Harris, primeiro e excelente título traduzido para o português. Em seu atelier, tem criado caligrafias sob medida para agências, estúdios e editoras. www.flickr.com/andreabranco
Cláudio Gil é artista plástico, designer e calígrafo. Desenvolve a caligrafia como arte e dá oficinas para os mais variados públicos. Seus cursos pelo Brasil já receberam mais de mil alunos desde 2004. Participou de diversas exposições, como a três Mostras Internacionais de Caligrafia ocorridas na Rússia entre 2008 e 2010. Com a individual Kaligrápho & non kalligrapho expôs no CCJF Rio de Janeiro e inaugurou o Centro Cultural Correios Recife em 2009. Possui trabalhos publicados em diversos livros e revistas no Brasil e no exterior como os livros 1000 Artist Journal Pages nos EUA e Sketchbooks - As páginas desconhecidas do processo criativo, Brasil 2010. www.flickr.com/photos/49471096@N00/ Marco Moreira
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matheus Barbosa é designer gráfico formado pela UFPE. Esteve em Buenos Aires cursando pós-graduação em Diseño de Tipografía na Universidade de Buenos Aires. Participou da mostra Tipos Latinos 2008 com a fonte Armoribats e teve projetos selecionados para o Salão Pernambuco Design 2008 e a 9ª Bienal de Design Gráfico. www.matheusbarbosa.com.br Lucídio Leão
TONY DE MARCO é ilustrador, designer tipográfico digital e pioneiro na street-art tecnológica, além de ser o criador de mais de 50 alfabetos premiados mundialmente, como a Samba, premiada no International Type Design Contest da Linotype, em 2003. Foi ilustrador do jornal A Folha de S. Paulo, editor de arte das revistas Macmania e Magnet. Desenvolve design tipográfico digital desde 1989. Desenhou a fonte da última reforma gráfica do jornal Notícias Populares. As editoras Moderna, Saraiva, Ática e FTD são seus clientes na área de fontes caligráficas e dingbats. Dirigiu o clip “Chapa o Coco” ganhador do VMB 2002 da MTV na categoria Rap. Desde 2001 atua na intervenção urbana através de experiências com stickers, pixação, LEDs e materiais alternativos. A revista Tupigrafia, publicada pela Editora Bookmakers, foi produzida pela dupla Cláudio Rocha e Tony de Marco. www.flickr.com/photos/tonydemarco Jorge Brivilati
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CALIGRAFIA PARA DESIGNERS A oficina oferece uma introdução à caligrafia, tanto em seu contexto histórico quanto prático. Através de exercícios práticos e observação de alguns trabalhos nacionais e internacionais, o participante conhece as origens do nosso alfabeto e obtém uma introdução dos fundamentos da história da tipografia. Faremos um breve apanhado da história da escrita e da caligrafia ocidental; a caligrafia e as formas do alfabeto ocidental romano – manejo da pena quadrada; surgimento das minúsculas; estudo prático da pena quadrada no alfabeto romano sem serifas; relações da caligrafia com a tipografia; instrumentos, suportes e tintas; demonstração da pena de bico no alfabeto cursivo inglês; grandes designers calígrafos e publicações; bibliografia e sites selecionados.
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CALIGRAFIA EXPERIMENTAL Com um material audiovisual selecionado e o desenho de caligrafias em aula, o instrutor traçará diversos alfabetos que vão desde a Roma antiga até os dias atuais. O objetivo é proporcionar aos alunos uma visão da evolução do alfabeto latino através do tempo e das diferentes culturas em que ele se estabeleceu. Os alunos desenharão, estudarão um alfabeto fundamental, terão noções básicas para a composição de textos e também construirão seu instrumento de trabalho.
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LIVRETO CALIGRÁFICO A oficina parte da análise, criação e modificação da escrita do dia-a-dia. Com o suporte de uma coleção de imagens para ampliar o repertório, os participantes utilizarão ferramentas caligráficas recicláveis (penas feitas de lata de refrigerante e cartão magnético) onde a construção de texturas, frases e textos serão a base para o desenvolvimento dos livretos caligráficos. Durante a oficina: análisisaremos escritas, ordem e ritmo, a sua escrita manuscrita, construção de ferramenta, modificação da escrita, composição de texturas, frases, texto e, finalmente, do livreto.
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SAFÁRI FOTOTIPOGRÁFICO O grupo sai às ruas para “caçar” letras com celulares ou minicâmeras, para então, na sala de aula, desenhar e remixar o que foi registrado em novas criações, num exercício de observação e alteração criativa das imagens. Pré-requisito: levar qualquer máquina fotográfica (pode ser celular com câmera), e é recomendado uso de laptop com software de tratamento/manipulação de imagens e cabo para descarregar as fotos.
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CRÉDITOS Curadoria e Produção Executiva Bebel Abreu Assistente de Produção Letícia Marques Direção de Arte Manaira Abreu Designers Apolo Longhi e Brena Ferrari Criação da marca e grafismos Criação de textos (págs. 9 e 11) Matheus Barbosa Edição (textos págs. 9 e 11) Marina Motomura Site Daniel Cabral (design) Leandro Castro (programação) Produtor local Santiago Mourão (Brasília) Wendel Alves (Fortaleza) Letícia Marques (São Paulo e Salvador) Calígrafos convidados Andréa Branco, Cláudio Gil Matheus Barbosa, Tony de Marco As imagens deste catálogo pertencem aos arquivos pessoais dos artistas convidados: Andréa Branco: 15, 16 e 17 Cláudio Gil: capa, 6, 8, 19, 20 e 21 Matheus Barbosa: 23, 24 e 25 Tony de Marco: 27, 28, 29 e 30
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Inscreva-se através do site e concorra a uma vaga! www.mandacarudesign.com.br/oficinas-de-caligrafia
São Paulo 22 - 26/8
Brasília 3 - 7/10
CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 - Centro Info: (11) 3321 4400
CAIXA Cultural Brasília SBS Quadra 4, lotes 3/4 Brasília DF Info: (61) 3206 9450
Salvador 19 - 23/9
Fortaleza 7 - 11/11
CAIXA Cultural Salvador Rua Carlos Gomes, 57 - Centro Info: (71) 3421 4200
CAIXA Cultural Fortaleza Av. Pessoa Anta 287, Praia de Iracema Info: (85) 3453 2750
Cláudio Gil: 22/8, quarta-feira Matheus Barbosa: 23/8, quinta-feira Andréa Branco: 24/8, sexta-feira Tony de Marco: 26/8, domingo
Cláudio Gil: 19/9, quarta-feira Matheus Barbosa: 20/9, quinta-feira Andréa Branco: 21/9, sexta-feira Tony de Marco: 23/9, domingo
Cláudio Gil: 3/10, quarta-feira Matheus Barbosa: 4/10, quinta-feira Andréa Branco: 6/10, sábado Tony de Marco: 7/10, domingo
Cláudio Gil: 7/11, quarta-feira Matheus Barbosa: 8/11, quinta-feira Andréa Branco: 10/11, sábado Tony de Marco: 11/11, domingo
Das 10h às 18h, com intervalo para almoço. Entrada: franca Acesso para pessoas com necessidades especiais Twitter: @MandacaruDesign #CicloCaligrafia Facebook: http://www.facebook.com/MandacaruDesign
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“A caligrafia é a memória do gesto que constrói a escrita, dá solidez à palavra, sedimenta e protege a linguagem.”
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