Hai Kai
silĂŞncio
Carolina Conti
domingo me empresta uma alegria confessa: deixar de ter pressa
aquieta a mente enquanto o lago sussurra doce prece em OMdas
paisagem de fora duplo-matiz: sombra e luz paisagem de dentro
inventei o mar concha abraçada ao ouvido e a alma à deriva
em mim deu blecaute nem por decreto eu escapo completo nocaute
pra nunca esquecer inda que seja de noite vivo ĂŠ o sol de dentro
mas será possível o que parece mais claro mostrar-se invisível?
desperto pro mundo do jeito inverso: eu, submerso mergulho profundo
na borda da folha uma bolha de luz ĂŠ resquĂcio de ontem
partida sem volta eu, a metade que fica
inteira saudade
previsão do tempo não existe o que aplaque o atroz tique-taque
descanso meus olhos no sobrevôo dos plátanos delírio de outono
aboles o micro no teclado, a letra ĂŠ morta vivo ĂŠ o seu rabisco
achou a saĂda saltou pra dentro da vida e reencarnou-se
ventre-ninho acolhe amor matura, transborda e nasce uma mĂŁe
lua, atrรกs da moita espera que o sol se deite pra acender a noite
balĂŠ de improviso o que lhe deu na veneta dupla pirueta
faz-se noite e dia vai e vem; de esconde-esconde brinca o vaga-lume
os pĂŠs da baiana ĂĄgeis, animam a roda chacoalham chocalhos
os mini peixinhos nadam no cĂŠu refletido onde o mar ĂŠ raso
Hai Kai danรงa
Carolina Conti