Magazine 60+ # 24

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60+

magazine Ano III

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Formato A4 | internet livre

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#24

S.Paulo, Junho/2021 - #24 escolaeducacao.com.br

Festas Juninas Páginas 25 a 28 A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


NOSSOS PARCEIROS

USP 60+

Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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GENTIL GIGANTE j o r n a l i s m o

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31/5/2021

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*Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam

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Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista

Para o princípio de reduzir para o mínimo o emprego de elementos ou recursos damos o nome de Minimalismo. Marisa da Camara nessa edição (páginas 31 e 32) fez um belíssimo texto sobre esse assunto. Pessoalmente eu nunca fui de acumular muitas coisas e acho que a única coisa que guardo como coleção são canetas as quais tenho mais de 600 guardadas e a grande maioria funcionando. Tenho 2 pares de tênis, acho que 3 calças jeans e mais 2 de tecido mais chique, umas 12 camisetas e umas 5 camisas com gola, 4 pijamas completos, 1 celular, 1 computador e só. Assisti os filmes que Marisa recomendou e fiquei feliz quando percebi que sou minimalista. Enquanto isso, nosso querido João Aranha fala sobre o trabalho (pagina 10 a 12) e nesse ponto eu acho que não posso ser considerado um minimalista. Adoro trabalhar e quando não tenho nada para fazer invento algo, lavo o carro, passo aspirador na casa, faço um bolo e sempre acho algo para cobrir aquele tempo ócio. Gosto de tudo que faço e o que não gosto simplesmente paro de fazer. Nosso Magazine por exemplo aumenta a cada edição e agora entramos no 3º ano onde muitos estão com a gente desde o início enquanto outros preferiram outras formas de se comunicar. É um trabalho difícil, monta, remonta, muda de lugar, é como um quebra cabeça para que tudo caiba de forma suave e bem distribuída. Me preocupo as vezes com o que falar aos colunistas dessa revista... são fiéis, responsáveis e amigos que produzem matérias espetaculares que preenchem essas páginas. O que posso dizer é que no sentido do trabalho não canso nunca e por ser minimalista, mesmo não economizando palavras dessa vez não tenho mais muito o que dizer a todos vocês. Muito obrigado amigos. Sr. Osvaldo, saiba que estarei sempre ao seu lado, de verdade meu grande amigo. Boa leitura.

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60+

magazine ...

Páginas 4

Despedida

Páginas 5 e 6

A onda coservadora

Páginas 8 e 9

Trabalho, dádiva ou castigo

Páginas 10 a 12

Silvia Triboni

Empresas que rompem o idadismo em suas forção de trabalho

Páginas 13 a 15

Sérgio Frug

New Socity

Páginas 17 e 18

Malu N. Gomes

A luta pela cura ensina a luta pela vida

Páginas 19 e 20

A importância de manter o bom humor na Pandemia

Páginas 21 e 22

Acolhimento Festas Juninas - CAPA Quando a beleza vira doença

Páginas 23 e 24 Páginas 25 a 28 Páginas 29 e 30

Desapego INsustentável

Páginas 31 e 32

Uma festa de cores

Páginas 33 e 34

Osvaldo Bifulco Coluna do Leitor Heródoto Barbeiro João F. Aranha

Sandra R. Schewinsky M.Luiza Conti Malu Alencar Katia Vargas Marisa da Camara Lairtes Temple Vidal Rosa Maria

Carlos Augusto Segato

Páginas 35 a 37

Veterinária USP

O perigo pode morar no seu jardim

Páginas 38 a 40

Fábio F. de Sá

Antecipação do 13º

Páginas 41 e 42

Thais B. Lima

Testes olfativos:uma ferramenta para detecção precoce de possíveis quadros de demência? Junho; um mês de luta pelo amor e contra violência

Páginas 44 e 46

Katia Brito

Páginas 47 e 48

João Alberto J. Neto Jane Barreto

Mosaico em Alagoas

Páginas 49 e 50

Mas afinal o que é arteterapia

Páginas 51 e 52

Marcos Costa

O poeta e o caminha das descobertas

Páginas 54 a 56

Marly de Souza

O quinhentismo

Páginas 57 e 58

Cida Barica

Parece uma embaixada

Páginas 59 a 61

Laerte Temple

Memória

Páginas 62 a 64

Tony de Souza Lenildo Solano

A lenda do Papa - Figo

Páginas 65 e 66

Coragem e Esperança

Páginas 67 e 68

Luiz A. Moncau

Construir o passado

Páginas 69 e 70

Manoel Conti

O Renascimento pleno na Itália

Páginas 71 e 72

Cida Tamaro

Curiosidades sobre o consumo de carne

Páginas 73 e 74

Cida Castilho

24 de Maio - dia nacional do café

Página 75

Ebe Fabra

Receitas culinárias dia dos namorados

Páginas 76 a 78

Eleições no Conselho do Idoso

Páginas 81 e 82

60+ trabalho

Gostaria agradecer de coração uma doação em dinheiro feita pela colunista Sandra Regina Schewinsky. Toda ajuda para a continuidade do nosso trabalho é sempre muito bem vinda


Antropologia

...

Osvaldo B. de Moraes Historiador

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COLUNA DO LEITOR

A CADA EDIÇÃO PUBLICAREMOS UM ARTIGO, DESENHO, POESIA, PINTURA, ETC. DE NOSSOS LEITORES. NÃO HAVERÁ ESCOLHA E AS PUBLICAÇÕES FUTURAS SERÃO FEITAS POR ORDEM DE CHEGADA A REDAÇÃO. ESSA PUBLICAÇÃO PODERÁ OCUPAR 3 PÁGINAS E AS FOTOS (CASO TENHA) DEVERÃO SER ENVIADAS PELO AUTOR COM O CRÉDITO DE QUEM A FEZ. A PUBLICAÇÃO TEM DE SER ORIGINAL E NUNCA PUBLICADA, ENVIADA EM EMAIL PRÓPRIO DO AUTOR. NÃO ACEITAREMOS TEXTOS OU SEJA O QUE FOR SOBRE POLÍTICA, RELIGIÃO OU COM FOTOS E/OU HISTÓRIAS DE CRIANÇAS. VAMOS INCENTIVAR NOSSOS PARENTES, AMIGOS E LEITORES DESPEDIDA Nessa edição peço desculpas àqueles leitores que enviaram suas colunas mas eu gostaria muito de escrever aqui a minha coluna como leitor. Eu a conheci, não só ela mas também meu amigo Osvaldo há muitos anos em Campos do Jordão. Osvaldo chegou a ser por um bom tempo meu aluno de artes e dávamos muitas risadas com os mais jovens que com nós dois frequentavam a mesma classe em que estavamos. Mais tarde, ele estudou pintura com óleo, acrílico, espatulado tudo isso aplicado sobre telas. Quase todos os dias de aula a esposa dele, minha querida Vivi como carinhosamente nós e quase todos seus amigos a chamam, aparece na escola de artes e brinca com os alunos. Mantem uma relação tanto comigo como com minha esposa Rosita tão íntima que parece sermos da mesma família. Por falar em família, Osvaldo e Vivi tem 2 filhas e 1 filho que são maravilhosos como eles, de uma simpatia sem igual e junto com os netos do casal passamos a ser uma única família. Quando viajamos para nossa casinha em Campos a visita quase que diária a eles era praticamente obrigatória e Vivi sempre muito sorridente e receptiva prepara seus deliciosos pratos a moda italiana, cultura de seus pais que como ela eram tutti buona gente. Depois, no fim da visita que normalmente ia até a noite regada com vinho e a tradicional pizza, ela se desespera quando falamos “bom, vamos para casa”. --- Passem essa noite aqui, vamos conver-

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Wilma Trentin de


e Moraes - Vivi

sar mais, a gente abre outra garrafa... Manoel, você deve rezar toda noite agradecendo a Deus por ele ter colocado essa minha amiga no seu caminho, minha queridona... --- fala ela enquanto abraça minha esposa. De uma cultura impressionante, devora livros e mais livros e indica ou empresta para gente os que já leu... chega até a contar umas partes até que seu marido Osvaldo diz: --- Vivi, você num vai contar o final da história para eles né? Todos nós rimos muito em todas as vezes que nos encontramos. Pouco antes de fechar essa edição, um dos motivos do atraso de sua publicação recebemos a notícia do nosso querido Osvaldo que ela tinha partido. “Vivi partiu”. Eu não sabia e não sei até agora se estou escrevendo o correto, se deixei de falar algo (lógico que deixei, são centenas de histórias que tivemos juntos, eles 2, Rosita e eu). Tem coisas na vida, inclusive li numa coluna aqui mesmo em uma edição passada que nosso querido Frug escreveu sobre a morte fazer parte do todo. Difícil pensar assim quando acontece com a gente... perdemos o chão, na cabeça passa um filme de tantos momentos juntos, de tantas alegrias, histórias, abraços sinceros, verdades ditas, conselhos inesquecíveis e além de tudo, começamos a sentir a presença da ausência. Meus olhos e meus pensamentos agora serão dirigidos ao meu querido Osvaldo, nosso colunista tão capaz que pode entreter jovens e adultos ao mesmo tempo. Até aqui eu fiz esse texto no presente, como se ela estivesse aqui entre nós e ela estará, todos os dias em meu pensamento. Uma vez eu li um ditado chinês que diz “enquanto a gente se lembrar daqueles que partiram esses nunca vão morrer”. A coluna do amigo Osvaldo está aí e não está vazia como parece meu amigo, ela está com o carinho e o abraço de todos seus colegas aqui do Magazine 60+... está com o abraço daqueles que o acompanham e continuarão te acompanhando. A Vivi não vai morrer nunca meu caro, tenha certeza que esse é um compromisso da família Magazine 60+. Estamos e estaremos sempre ao seu lado, sabedores de que ela com certeza está num lugar muito lindo dentro do coração de cada um de nós. Meus sinceros sentimentos Manoel Carlos Conti

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Crônicas do Brasil

A onda conservadora Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

A onda conservadora varre a sociedade brasileira. Ela vem da própria formação do país e ainda é possível ver e sentir a herança patriarcal que remonta a formação da sociedade. Há uma prevalência masculina geral. Aos homens são dedicados os postos mais importantes, quer no governo, quer no funcionalismo público, quer nas empresas privadas de uma forma geral. Há um machismo ora velado, ora escancarado. Certas profissões são consideradas eminentemente masculinas. Parte-se do princípio que as mulheres não tem força nem competência para dirigir e liderar um grupo de homens. Estes, por sua vez, sentem-se humilhados por serem liderados por uma mulher. Essa tradição se perpetua na sociedade brasileira e vez ou outra há um movimento feminino para tentar, pelo menos, uma igualdade de direitos e tratamento com os homens. As manifestações femininas ganham cada vez mais força no mundo. Os exemplos partem dos países liberal democráticos da Europa e dos Estados Unidos. Há uma reação contra as políticas públicas que querem reduzir as mulheres apenas a geradoras de filhos. Para isso o Estado mantém programas especiais de amparo para as famílias que têm mais filhos, e a propaganda que consolida a submissão da mulher à

Renoir Fragmento de Mulheres lavando roupa Musée de l’Orangerie, Paris

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sociedade patriarcal e machista. Não se trata de obrigar as mulheres a usarem uma burka, mas torcem o nariz quando há algum tempo elas se apresentam no mercado de trabalho e buscam a independência econômica, Sem ela estão submetidas ao domínio do paí, do marido ou de outro homem qualquer. Não têm autonomia e as líderes femininas entendem bem esse comportamento, fazem protestos, tentam interferir na condução da vida política e buscam a participação efetiva no mundo artístico. A primeira dama da república do Brasil não deve se misturar com o populacho. Nem organizar festas nos palácio presidencial com a presença de artistas populares, desprezados pela elite intelectual. Deve se ater ao seu papel de esposa do presidente e procurar não provocar escândalos, ou comportamentos que motivem críticas no Congresso Nacional. O senador Ruy Barbosa faz um discurso contundente contra ela. Nair de Teffé, mulher do presidente Hermes da Fonseca, educada na França, rompe a barreira ao se tornar caricaturista de revistas que tratam de política. Nem o Águia de Haia escapou de seu lápis. É uma mulher do início do século 20, que traz para o Brasil a influência do movimento feminino que se espalha pela a Europa. Mesmo depois da morte do marido ela continua apoiando os movimentos revolucionários. Nair, ou Rian, como assina vários trabalhos, participa da polêmica Semana da Arte Moderna de 1922, em São Paulo

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Contos II

Trabalho: dádiva ou castigo João F Aranha

Cidadão e Repórter

A concepção do que é “trabalho” sempre foi acompanhada de contradições, às vezes irreconciliáveis. Há quem veja no trabalho uma dádiva que só nos traz benefícios e, na visão de outros, um castigo que nos oferece sofrimentos. A própria origem da palavra trabalho já embute em seu significado a sua incoerência.. A origem latina da palavra diz que trabalho vem de “tripalium”, que pode tanto ser definido como um antigo aparelho de tortura, ou como um instrumento agrícola de colheita, ou seja, algo que nos faz sofrer ou que nos beneficia. Na Física, a noção de trabalho está relacionada a uma força que desloca uma partícula ou um corpo. Trabalho e movimento estão, portanto, intimamente ligados e diz-se que houve um trabalho positivo quando a força atua no mesmo sentido do corpo que está em movimento.Já quando o trabalho atua no sentido contrário do movimento do corpo, ele é considerado negativo, mas é sempre trabalho Na bíblia, a primeira referência ao trabalho vem do próprio Deus, que trabalhou por seis dias na construção do céu e da terra e no sétimo descansou, podendo então tirar proveito da obra que realizou. Ainda na bíblia, Deus ao criar o homem à sua imagem e semelhança, o castigou pela desobediência de ter comido o fruto da árvore proibida e condenou-o a tirar da terra o seu sustento, dizendo: “Tu comerás o teu pão no suor do teu rosto…”. Na sabedoria de Salomão em Provérbios 6:6-11 é dito: “Vai ter com a formiga ó preguiçoso; olha para os seus caminhos e sê sábio”.

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No Jardim do Éden, como nos primeiros relatos de antigas civilizações, a Terra prescindia do trabalho humano, pois a natureza fornecia ao homem tudo que ele necessitava, cabendo-lhe apenas que a cultivasse e guardasse. A humanidade já teria vivido, segundo Ovídio, autor romano clássico, uma “idade do ouro” em que a terra “aliviada da enxada e não ferida pelo arado, dava todas as coisas livremente…”. Nos tempos primitivos, os primeiros homens visavam, por absoluta necessidade, trabalhar para sobreviver. A sociedade era, se assim possamos chamá-la, igualitária. Com a fixação do homem à terra, surge a divisão do poder, a hierarquia. Na Grécia antiga, Aristóteles considerava que o homem já havia passado por milhares de anos até que conseguisse domesticar alguns animais, dominar o fogo, arar a terra, tecer sua próprias roupas, criar seus diversos instrumentos, podendo então usufruir dos benefícios da roda e da escrita e dos conhecimentos da astronomia e da matemática, de tal forma que considerava que tudo que fosse necessário para satisfazer suas necessidades já havia sido descoberto, podendo então a humanidade se dedicar a tarefas mais elevadas, ou seja, o cultivo do espírito. Todavia, cumpre lembrar que tanto a sociedade grega como a romana contavam com uma quantidade extraordinária de escravos, além de servos e do trabalho das mulheres. Houve um tempo na Grécia que 50 mil cidadãos eram servidos por 300 mil escravos, e o tempo disponível, próprio dos homens livres, era visto como símbolo de nobreza e riqueza. Na Idade Média uma nova hierarquia estava surgindo. Havia o clero, responsável pela espiritualidade, a nobreza pela proteção e os servos pelo trabalho braçal. Como se sabe, toda sociedade costuma elaborar utopias, sonhos de um mundo e de um futuro melhor. Esse foi o caso da Cocanha, uma terra fruto da imaginação dos camponeses, onde havia fartura, ociosidade, juventude eterna, liberdade e, evidentemente, nenhuma necessidade de trabalhar. Mas, em 1620, Francis Bacon, em sua obra Novum Organum, faria um chamado à razão. Dizia que gregos e romanos já haviam feito tudo que se podia fazer pela elevação do espírito e que agora era chegada a hora do saber ser ativo e fecundo em resultados práticos. Rapidamente a habilidade humana vê o artesanato ceder lugar à manufatura, as máquinas já começam a substituir os homens em algumas de suas tarefas e a inovação

A mítica terra da Cocanha

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e a tecnologia dão ao trabalho uma nova configuração. Ocorre que o trabalho foi ficando cada vez mais fracionado, seja através das especializações ou das linhas de montagem, tornando-o enfadonho e as vezes desprovido de sentido, já que, entre outras coisas, privou o trabalhador do prazer de ver sua obra realizada completamente, na forma de uma obra acabada. Isso nos remete ao mito de Sísifo, condenado pelos deuses, aos quais desobedeceu, à mais terrível das punições, ou seja, praticar um trabalho inútil, sem significado e esperança. Chegamos, finalmente, à era da globalização, da alta tecnologia e da inteligência artificial. Os donos de empresas podem estar em qualquer lugar, mas os operários, os trabalhadores braçais, ainda estão presos à terra, como na Idade Média. Isto quando não tem que recorrer a um outro fenômeno da modernidade, a imigração. Está se desvanecendo o sentido de classe, de união, de sindicatos, suplantados pelo individualismo e pelo medo da perda de emprego. Robôs não bebem, não fumam, não ficam doentes, não engravidam e não fazem greves. Como competir com eles? Trabalhadores que não dependem de suas habilidades manuais e que possam viver em função dos seus dotes intelectuais, também podem trabalhar de qualquer lugar, até mesmo de suas casas, mais uma vez retornando à vida da Idade Média, onde trabalho e moradia se confundiam. O home office parece ser uma tendência que veio para ficar, mas um modelo híbrido deve ainda existir por algum tempo. Os empresários parecem estar satisfeitos com a evidente redução de seus custos, mas, como tudo, há ganhos e perdas e contratos profissionais já preveem novas regras para o teletrabalho. Quanto aos trabalhadores que estão em casa, passada a euforia inicial que lhes dava uma certa autonomia e liberdade, já começam a surgir alguns efeitos deletérios, como a queda de empatia com os colegas, distúrbios de sono, ansiedade e depressão. Há quem pense como o sociólogo italiano Domenico De Masi que acredita na prevalência de um novo modelo baseado na simultaneidade entre trabalho estudo e lazer, no qual os indivíduos são educados para privilegiar a satisfação de necessidades radicais, como a introspecção, a amizade, o amor, as atividades lúdicas e a convivência, no que ele chama de “ócio criativo”. Já outros, como o também sociólogo Zygmunt Bauman, lembram dos que dizem que a fábrica do futuro só necessitará de dois seres vivos: um homem e um cachorro. O trabalho do homem será alimentar o cachorro, e o trabalho do cachorro será garantir que o homem não toque em nada. A competição entre o homem e as máquinas está chegando a um ponto crucial. Já se trabalha arduamente para que computadores e robôs possam pensar e agir por conta própria, rompendo a última fronteira da tecnologia, a criatividade, até então faculdade que, por ser própria e exclusiva do ser humano, o caracterizava. Restará então a opção de destruir tudo que foi conquistado e começar novamente.

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Mudança de Hábito

Empresas que rompem o idadismo em suas forças de trabalho Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Nesses tempos bicudos saber que há empresas que rompem o idadismo em suas forças de trabalho, e se preocupam em reter seus trabalhadores mais velhos, é, para mim, motivo de renovação de energias e da confiança na humanidade. Essas boas notícias foram veiculadas em fevereiro deste ano, no site da Next Avenue.org, um organismo social norte-americano, cuja missão é “atender às necessidades e liberar o potencial dos americanos mais velhos por meio do poder da mídia.” Segundo a Next Avenue, há empresas que se preocupam com a fuga de conhecimento e experiência que decorre das aposentadorias, a ponto de aposentados retornarem ao trabalho após poucos meses de suas reformas. Este foi o caso de Mike Ungar, 62 anos, que após se aposentar na fabricante de pneus Michelin North America, da Carolina do Sul, EUA, esperava trabalhar como voluntário e passar mais tempo com seu neto de 2 anos de idade. Entretanto, seu afastamento durou apenas cerca de um mês. Ao saber da oportunidade que a Michelin passou a oferecer aos aposentados, voltou à empresa para atuar em um projeto de seis meses desenvolvendo e conduzindo um treinamento sobre preconceito inconsciente. Este projeto foi motivado posteriormente ao assassinato de George Floyd e protestos Black Lives Matter. O Programa de Retorno de Aposentados da Michelin Ungar está entre as centenas de aposentados da Michelin que fazem parte do Returning Retiree Program da empresa. Este programa está aberto a todos os aposentados da Michelin, independentemente do cargo, e utiliza as habilidades e experiências dessas pessoas em projetos de curto e longo prazo.

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O Returning Retiree Program da Michelin é uma resposta ao envelhecimento da força de trabalho global. Na Michelin, um em cada quatro trabalhadores tem 55 anos ou mais. Segundo a Next Avenue, “David Stafford, vice-presidente de pessoal e recursos humanos da Michelin nos Estados Unidos, diz que os aposentados da empresa têm “um rico acervo de conhecimentos e habilidades, e ajudam a Michelin a manter uma força de trabalho flexível. Eles geram grandes ideias e experiências, e isso não pode sair pela porta.”” O Programa da Michelin é uma resposta ao envelhecimento da força de trabalho global. Na Michelin, um em cada quatro trabalhadores tem 55 anos ou mais. David Stafford ainda diz: “Ironicamente, muitas empresas despedem trabalhadores mais velhos, para dar lugar aos mais jovens. Mas, neste processo, eles costumam perder décadas de capital intelectual.” A teor do que diz Andres Tapia, estrategista de diversidade, equidade e inclusão global da consultoria de gestão Korn Ferry, “As empresas não medem realmente o valor da propriedade intelectual que reside nesses indivíduos. Eles geram grandes ideias e experiências, e então tudo isso sai pela porta.” O Programa FlexRetirement na empresa Herman Miller A perda de potencial intelectual e humano mencionada pelo estrategista de diversidade Andres Tapia também foi observada e bem conduzida pela empresa fabricante de móveis norte americana Herman Miller. Já em 2012 e com mais de um terço de seus 8.000 trabalhadores globais com

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mais de 50 anos, a empresa temendo essa fuga de patrimônio intelectual, lançou em sua unidade de Michigan o Programa FlexRetirement. Esse programa permite que os trabalhadores com mais de 60 anos experimentem a fase de aposentadoria durante um período de seis meses a dois anos, trabalhando em jornadas reduzidas. “Deixamos os trabalhadores do FlexRetirement decidir quais serão as suas horas de trabalho e quando será a data de término”, diz Kim Chaumillon, vice-presidente de cultura e engajamento da Herman Miller. Até agora, mais de 200 funcionários participaram do FlexRetirement, incluindo Harris Hof, 65 anos. A senhora Hof mudou-se para o FlexRetirement na esperança de trabalhar menos horas, mas ainda concluir um projeto na empresa antes de se aposentar totalmente. “Eu realmente queria ver tudo concluído. Assim que contratem alguém para preencher minha posição, estarei envolvida na orientação dessa pessoa”, disse Hof. Segundo a Next Avenue, “a Herman Miller também oferece uma variedade de opções de trabalho flexível para funcionários de qualquer idade. Esses programas permitem que os trabalhadores compartilhem empregos, tenham horários flexíveis ou até mesmo tirem licenças sabáticas.” Programas U Work e U Renew na Unilever Outras empresas estão procurando maneiras de equilibrar as demandas de uma força de trabalho mais envelhecida com os novos requisitos de competência necessários para a empresa. No ano passado a Unilever, com sede no Reino Unido criou dois programas: U Work e U Renew . Começou a testar o U Work que permite que os funcionários trabalhem menos horas com remuneração reduzida, e o U Renew, que permite que os trabalhadores tirem um ano sabático para retreinar para atualizarem as suas habilidades para outros empregos se suas habilidades se assim precisarem. “Temos que melhorar a transição para a aposentadoria”, disse o vice-presidente de recursos humanos da Unilever, Placid Jovar. “Temos que ajudar as pessoas que desejam permanecer por mais tempo no emprego seja porque precisam financeiramente ou porque querem.” A Unilever agora está testando ambos os programas em cinco países. Michelin, Herman Miller e Unilever criaram caminhos de valorização e respeito ao legado que deixam os trabalhadores mais velhos, e, assim rompem o idadismo em suas forças de trabalho. Que seus exemplos sejam seguidos ampla e globalmente. Assim seja!

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ANUNCIE COM A GENTE PREÇO BAIXO E UM GRANDE ALCANCE

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Cultura Geral

Sergio Frug

Nossos homens não possuem mais a força que os caracterizava quando o Sol um dia nos fez nascer sobre este planeta. Andam tímidos, temerosos, procurando ardis e artimanhas para conseguir o que pretendem, quase sempre sem a menor preocupação com o bem social. Pouco fazem com as próprias mãos e tornam-se cada vez mais arrogantes ao se deparar com a própria dependência e com a própria inoperância. Olham para as mulheres com olhinhos desejosos e assustados, quase que sem nenhum poder advindo do próprio coração. Buscam e pavoneiam então o poder dos bens materiais, propondo às mulheres um tipo de troca que nunca se fará em condições favoráveis para nenhum dos interessados. Nossas mulheres perderam a capacidade de sorrir, transformando a lida da vida em tarefas pesadas que subtraem a sua alegria natural. Família e filhos significam apenas obrigações, enquanto as luzes do sucesso brilham cada vez mais distantes, mas não sem deixá-las constantemente ansiosas e invariavelmente hipnotizadas. Nossas mulheres não celebram mais e quando dançam é uma dança estranha, robotizada, permeada por um tipo de sensualidade que chega às raias da ofensa aos sentimentos naturais. Sua fertilidade mostra-se cada vez mais mecânica, procriando quase como máquinas ou tendo que valer-se de tec-

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Foto: UOL

New Socity


nologias para substituir o antigo dom. Nossas crianças, viva!, ainda nascem providas de alma, como observamos no brilho dos seus olhos e nos atos e frases surpreendentes da primeira infância. Mas logo se deparam com a implacável resistência social cheia de “nãos” e “fica quietos”, acabando então por apequenar seus nobres corações. Nossos adolescentes; ou muito mimados, ou muito carentes, perdem quase que totalmente os propósitos pessoais, passando a imitar comportamentos cada vez mais estranhos, incapazes de aportar qualquer tipo de qualidade à vida planetária. Nosso Sol, contudo, permanece diariamente chegando e partindo no horário previamente determinado. Assim como a Lua, aparentemente alheios a qualquer desventura, fazem a sua parte, oferecendo a base necessária para que possamos, aqui na Terra, acessar um dia os processos de definitiva transformação. Porque a esperança sem dúvida, permanece habitando o mais interno fundo de cada célula humana e no momento em que uma delas desperta; inúmeras ao seu lado começam também a despertar. Não há escuridão porque o Sol está lá. Não há ignorância porque a Lua está lá. Ambos talvez cheios de compaixão pelos atarantados seres habitantes de um planeta em plena crise, mas sem deixar um só minuto de apresentar o exemplo de força e harmonia, ritmo e repetição, tão necessários à compreensão do Homem e ao desenvolvimento da sua Sociedade. E será desta compaixão, talvez, que renascerá no coração dos humanos o poder intrínseco que lhes foi um dia surrupiado, mas que eternamente lhes pertence e a eles nunca será negado.

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Aprendizagem na 3ª idade

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

Tratar de um câncer não é tarefa fácil. Enfrentar a doença, perceber a necessidade de se comprometer com a saúde, cumprir as orientações prescritas pelos médicos passam a ser a tônica, o ponto central da vida do paciente. Tudo o mais é secundário, tudo pode esperar. Ao se receber alta do tratamento as perspectivas se transformam e a impressão que se tem é que, finalmente, retomaremos a vida normal. Para um idoso, como ocorre esse retornar à normalidade? Após a alta do tratamento e na ânsia da retomada da vida, o idoso pode vir a sentir o desconforto do desamparo. Afinal, enfrentou com imensa coragem as mais diversas batalhas contra um inimigo implacável. As vitórias se sucederam até chegar o momento da alta. Agora, o idoso se vê sozinho para definir seus rumos e talvez se sinta imensamente frágil e cansado para seguir seu caminho. Se durante o tratamento abandonou grande parte daquilo que lhe era importante imaginando após esse período retomar sua vida de onde parou, após a alta percebe que nada será tão simples como imaginava e se sente à deriva. Projetos e propostas profissionais deixaram de existir pelo tempo que o idoso se dedicou ao tratamento, afastando-se de tudo. Para retornar ao mercado de trabalho terá que se

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Foto: Adrian Swancar

A luta pela cura ensina a lutar pela vida


reinventar, pois já não possui a mesma destreza de antes, e poderá estar desatualizado em relação aos profissionais da sua área. Medo e ansiedade se fazem presentes com muita força nessa ocasião e quanto mais o idoso permitir que esses sentimentos existam, mais vulnerável e inseguro se tornará. Aliado a esse quadro e reforçando essas sensações o idoso sabe e sente que seu tempo é restrito. A consciência da finitude da vida se torna cada vez mais presente pelas dores que passa a sentir, pelas dificuldades sensoriais que começa a apresentar, pelo ritmo mais lento com que age enfim, por diversas condições que percebe existir e que, de alguma forma limitam suas ações e desejos. Passa, então a ser mais seletivo. O grande risco que se corre nesse momento é entrar em depressão e compreender que não há muito mais a se fazer. A vida, no entanto continua, o chama e o provoca, convidando-o a empregar toda a vivência adquirida, seu maior tesouro, em ações que valorizem e auxiliem outras pessoas. Por isso tudo, é importante ter um acompanhamento psicológico que ajudará o idoso a se reorganizar nessa nova vida, ajustando valores que ele se percebeu adquirindo ou aprimorando durante o tratamento e o que ele deseja ou não resgatar de suas vivências anteriores à doença. As experiências podem ter sido gratificantes ou não; por isso, é possível selecionar o que se deseja fazer e escolher a que mais se adapta a seu perfil atual. Planejar como colocar em prática tais condições é muito estimulante e é motivo para que ele volte a “sonhar” e readquirir a força para agir. Se não esmorecemos frente à luta pela cura, tampouco deixaremos de fazê-lo quando voltarmos a viver “tempos de paz”. Não era a paz que almejávamos alcançar durante todo o período de tratamento? Não foi por ela que encontramos forças, não se sabe de onde, para sobreviver aos períodos sombrios? Agora, um novo tempo se abre. Tempo de construção. Precisamos nos empenhar para oferecer o melhor de nós a cada momento e em cada ação.

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Divã

A importância de manter o bom humor na pandemia Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Tenho a impressão que o Planeta chora em tempos pandêmicos, lamenta os mortos, desespera a falta de dinheiro, reclama da solidão e se assusta com as atrocidades dos governantes. Diante de tal quadro a sensação é de que estamos no período das trevas, mas podemos lutar para não sucumbir a essa situação. Não temos poder para mudar a ordem das coisas, apagar erros e fazer que o mundo seja diferente, entretanto dispomos de um certo controle sobre como recebemos os eventos da nossa existência. Gosto de pensar na vida como um ônibus em que a estrada pode ter paisagens lindas, curvas perigosas, buracos traiçoeiros e tempestades terríveis. A questão é: COMO CONDUZIMOS O ONIBUS DA VIDA? O humor de base de uma pessoa costuma ser constante ao longo do tempo, ou seja, os estados de emoção tendem a ser razoavelmente frequentes e contínuos. Claro que temos o humor reativo diante de fatos e circunstâncias, só que geralmente passada a tormenta volta-se à estabilidade inicial. Quem é mal-humorado geralmente possui uma nota emocional predominante para a tristeza,

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Foto: Arquivo HCUSP

raiva e ansiedade; já o humor imprevisível tem uma mudança da disposição emocional inesperada. Cada vez que ocorre um evento causador de raiva, um circuito de neurotransmissores do estresse envenena o corpo da pessoa, mas essa cascata de emoções negativas dura apenas 90 segundo no organismo, mas caso se fique relembrando o evento chato, o circuito é reativado e a toxidade volta a atuar. Quem tem mau humor geralmente encara a vida como difícil, falta confiança, fica viciada em reclamações, isolada, maltratada pelos pensamentos, sem achar solução para os problemas, com certa rigidez cognitiva e acaba adoecendo. A pessoa bem-humorada encara a vida de forma leve e com confiança, valoriza o que possui, inclusive os afetos, tem facilidade para as boas ações, agrega, pode ser mais inteligente e saudável. Freud coloca que a pessoa que consegue ter atitudes humorísticas, mesmo em situações adversas para ela, acaba sendo bondosa para si mesma, angaria a condição de se consolar e proteger do sofrimento. Caríssimo leitor, não estou pregando que se faça arruaça em situações de condolências, ou que se fuja do sofrimento impingido pelo momento atual, mas quero salientar que, por vezes, sofremos sem necessidade. Levamos a ferro e fogo, com estreitamento do humor, situações banais. Reclamos por ter que ficar em casa, mas também esperneamos se tiver que sair!!! Tentemos então propiciar situações de trocas afetivas, possibilidades de sorrisos e alegrias. Agradecer as beneficies que ganhamos nos dias. Evitar lembrar fatos negativos nos momentos de diversão, cuidar para não se sentir vítima de tudo! Finalizo com Júlio Piovesan: A vida, é dez por cento do que você faz dela, e noventa por cento da maneira como você a recebe! Leve a vida mais leve!!!!! Com amor PS: Dedico esse texto ao querido casal: Antonieta O. Martins Giovedi e Walter Giovedi

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Nosso Universo interior

Acolhimento

Escutar, observar, considerar... para acolher. O objetivo de acolher é poder dar condições ao outro para as suas necessidades. Nem sempre nos sentimos seguros ou capazes e é nesse momento que o acolhimento ajuda as pessoas a ter mais clareza no que precisa realizar. Ouvir alguém em um momento difícil pode torna-la mais forte para enfrentar a situação. Qualquer movimento que alguém tenha com o outro, o simples fato de ajuda-lo a atravessar uma rua movimentada, ou uma conversa de igual para igual, ou até um “obrigada”, podem deixar o outro acolhido, se sentindo respeitado e querido... Falamos muito em “dar colo”, isso é acolher. O “colo” é olhar para o outro com amor, observar que está precisando de algo e tentar reconhecer o que é essencial para ele. O acolhimento é poder ver que todas as pessoas são iguais a nós, tem as mesmas dores, as mesmas necessidades. Um sorriso, uma palavra de afeto, uma atitude, uma doação, uma bala, enfim qualquer coisa que mostre seu carinho para com o outro, pode fazer toda a diferença. “TUDO VALE A PENA SE A ALMA NÃO É PEQUENA” Fernando Pessoa As ações mais simples podem ter uma grande importância para alguém quando feitas com o coração. Quando você acolhe alguém, estará fazendo um treinamento consigo mesmo, olhando seu mundo interno, trazendo experiências muito significativas para si também. Tudo isso é possível quando permitimos romper barreiras, e deixar fluir o lado amoroso e bondoso em todos nós para que o amor seja a melhor forma de acolhimento. Quando você cede a chama da sua vela, ambos ficam iluminados... partilhar é iluminar sua trajetória.

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Foto: www.shopify.com.br

M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal Life Coach


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Contos I

Fetas Juninas Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Nasci numa cidade cuja data de fundação é 24 de junho, dia de São João, mas não recebeu o nome do santo, o fundador uniu seu nome com de sua esposa, a junção de Luiz e Cecilia deu Lucelia. Durante o mês de junho não havia um final de semana que não houvesse uma festa junina nos quintais das casas, nos sítios e no parque de diversão que se instalava na cidade com a certeza de público e muita animação. Adorava o dia de São João, no final da tarde uma fogueira era montada no quintal de casa e amigos e vizinhos traziam quitutes engrossando a farta mesa preparada por minha mãe, além de bombinhas, busca pé e rojões. As vezes um sanfoneiro amigo da familia aparecia para prestigiar ainda mais a festança. A vestimenta obrigatória para todos os presentes, homens, mulheres e crianças: chapéu de palha, camisa com remendos, vestidos de chita, para meninas, tranças nos cabelos amarradas com fitas e os meninos com bigodes e barbas feitos com lápis preto. Quando criança achava que a festa junina era uma comemoração exclusiva de minha cidade, santa inocencia! Mas logo descobri que não era privilégio de Lucélia, mas uma festa de origem bem antiga, desde o Brasil Colônia. Inicialmente, possuía uma conotação estritamente religiosa e era realizada em homenagem a santos como São João e Santo Antônio. Os historiadores apontam que as origens das festas junina estão diretamente relacionadas a festividades pagãs realizadas na Europa na passagem da primavera para o verão, momento chamado de solstício de verão. Essas festas eram realizadas como forma de afastar os maus espíritos e qualquer praga que pudesse atingir a colheita. As festas pagãs começaram a ser cristianizadas a partir do momento em que o Cristianismo se consolidou como a principal religião do continente europeu. Assim, a comemoração originalmente pagã foi incorporada ao calendário festivo do catolicismo. Essa foi uma prática comum da Igreja Católica para facilitar a conversão dos diferentes povos

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Dia Santo Antonio


o: 13 de junho

pagãos. Quando foi introduzida no Brasil no século XVII, a festa era conhecida como festa joanina, em referência a São João, mas, ao longo dos anos, teve o nome alterado para festa junina, em referência ao mês no qual ocorre, junho. Inicialmente, a festa possuía um forte tom religioso – conotação essa que se perdeu em parte, uma vez que é vista por muitos mais como uma festividade popular do que religiosa e se identificou com habitos e costumes símbolos típicos das zonas rurais. O crescimento da festividade aconteceu sobretudo no Nordeste. A maior festa junina do país acontece na cidade de São João de Campina Grande, no estado da Paraíba. Numa festa junina não pode faltar além da vestimenta típica do povo da roça, a dança da quadrilha, a música de sanfona, os quitutes feitos de milho, amendoim, abóbora, bolos e a deliciosa pamonha!!! E como bebida típica dessa festa é o famoso “quentão”, há quem diga que a bebida foi criada no interior de Minas Gerais e São Paulo, quando a população resolveu adicionar especiarias à cachaça para aquecer o corpo durante as festividades comemorativas dos três santos de junho: Santo Antônio, São João e São Pedro. Inclusive, o nome “quentão”, de acordo com Amadeu Amaral, folclorista e autor de “O dialeto caipira”, é de origem caipira. O certo é que a produção canavieira e a dificuldade de acesso a outras bebidas destiladas permitiu a criação de uma bebida saborosa e tipicamente brasileira: a cachaça.. Festa Junina que se preze deve ter uma quadrilha na sua programação. A dança é feita em pares, que devem estar caracterizados como a ocasião pede com roupas “caipiras”. Um animador dita as frases dos respectivos passos e ações e, em seguida, os participantes devem submeter-se aos movimentos e coreografias estabelecidos. “Olha a chuva!”, “Olha o formigueiro!”, “A ponte quebrou!”, “É mentira!” são alguns dos “passos” mais conhecidos da quadrilha. Mas a quadrilha não surgiu aqui nem em Portugal, mas na França a partir do século 18.nos salões dos palácios e castelos da nobreza. A quadrilha era dançada em formato de quatro pares, daí o nome ‘quadrille’, um de frente para o outro”, conta a pesquisadora Eleonora Leal. A quadrilha chegou ao Brasil no final da década de 1820 e, um privilégio da alta sociedade do Brasil Império, principalmente entre os integrantes da corte brasileira residente no Rio de Janeiro. Foi somente no final do século XIX que a quadrilha se popularizou e tornou-se comum entre as camadas populares da sociedade. Porém, ao tornar-se popular, agregou diversos elementos culturais, principalmente os relacionados às tradições e modo de vida no campo. Ganhou também, um caráter mais divertido, com pitadas de momentos descontraídos e engraçados. A partir do início do século XX, as quadrilhas se espalharam por várias regiões do Brasil, sendo até hoje muito populares tanto nas cidades do interior quanto nas grandes

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capitais. A temática mais comum nas quadrilhas atuais é a do casamento a moda antiga das áreas interioranas do Brasil. Com um tom cheio de comédia e marcado por exageros, o noivo é praticamente obrigado a casar com a noiva, sob a pressão do pai dela e do delegado da cidade. A festa acontece normalmente em terrenos a céu aberto ou em salões espaçosos, a decoração é feita com bandeirolas de papel de seda bem coloridos, assim como balões feitos com o mesmo material. Os balões simbolizam o agradecimento de pedidos atendidos. Símbolos Juninos: Fogueiras, bandeirolas, quadrilha, fogos de artifício e bandeiras dos santos são alguns dos símbolos de uma festa junina. A festa junina é conhecida popularmente por seu caráter alegre, com brincadeiras, comidas típicas, simpatias, etc. Além desses, os santos que são homenageados no mês de junho também dão significado ao festejo.São vários os símbolos dessa festa, mas os mais importantes são : - A fogueira: criada desde os tempos mais antigos para agradecer pela fertilização da terra e pelas fartas colheitas. Além disso, por manifestar tanto o bem quanto o mau; o bem por representar a criação, a luz, e o mau por ser um elemento destruidor. Cada santo junino tem um tipo diferente de fogueira, sendo a de santo Antônio quadrada, a de São João redonda e a de São Pedro triangular. A fogueira natural também ajuda a aquecer os festeiros, já que as Festas Juninas geralmente ocorrem em meses mais frios, como junho, outono e inverno no hemisfério sul. - Os balões foram criados para lembrar as pessoas do início da festa. Porém, essa prática deu início a grandes incêndios, e passou a ser proibida. Hoje existe uma lei que proíbe o uso dos mesmos, a fim de evitar maiores acidentes. - As bandeirolas surgiram por causa dos três santos: São João, Santo Antônio e São Pedro, onde estes eram pregados nas bandeiras para serem admirados durante a festa. Assim, passaram a fazer bandeirinhas pequenas e coloridas para alegrar o ambiente da festa. As bandeiras dos santos também costumam ser lavadas, mergulhadas em um lago, riacho ou mesmo numa bacia, para que as pessoas se molhem com essa água, podendo se purificar. - Os fogos de artifício são usados para espantar os sentimentos ruins, os maus espíritos. - A dança da quadrilha é uma forma de agradecimento pelas boas colheitas, feita aos santos juninos. - As simpatias são uma forma de trazer esperança e maiores crenças, como sorte na vida e no amor. No hemisfério sul, junho acontece no final do outono e o começo do inverno, com temperaturas mais amenas o clima fica propício para festas com fogueiras, danças, comidas e bebidas típicas esquentam o corpo e alegram a alma, pois junho é o mês de promessas cumpridas, pedidos realizados e a esperança de milagres acontecerem com santos tão poderosos: Antonio, João e Pedro! Um viva para as festas de junho

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Dia de São Joã

29 de junho


ão: 24 de junho

o – São Pedro

Os santos festejados no mês de junho: Dia Santo Antonio: 13 de junho Santo Antonio Padroeiro dos casamentos e muito conhecido por dar aquela forcinha à quem deseja encontrar um amor, o Santo Antônio é um dos mais populares santos do Brasil! E no dia 13 de junho, celebra-se o seu dia! Normalmente representado em imagens segurando o menino Jesus, ele é o famoso santo casamenteiro. É invocado para auxlilar solteiras e solteiros a encontrarem seu par ideal arrumar casamento. Inclusive, há várias simpatias para pressioná-lo a ajudar os desesperados: é possível deixá-lo de cabeça para baixo ou, então, separá-lo do menino Jesus até o pedido ser atendido. A conta de afazeres do padroeido dos pobres já é grande, mas ele ainda encontra tempo para ajudar quem quer encontrar objetos perdidos.Todo dia 13 de junho, as igrejas costumam distribuir os tradicionais paezinhos de Santo Antônio. Em vez de comê-lo, o pão deve ficar guardado em uma lata de mantimento para garantir fartura de comida durante o ano. Dia de São João: 24 de junho San Juan Bautistaé celebrado em 24 de junho,.em vez de junina, muitos chamam os festejos de São João, pois dia 24 é o auge das festividades, exatamente quando se comemora o aniversário de São João Batista, o santo festeiro. A lenda diz que nesse dia ele prefere dormir o dia todo para não ver as fogueiras na Terra e ficar com vontade de descer e comemorar também. Por isso mesmo, as pessoas soltam fogos de artifício para tentar acordá-lo. Entre os costumes católicos, a Festa Junina é marcada pelo levantamento do mastro de São João. Foi São João quem criou o batismo e que batizou o primo Jesus Dia de São Pedro: 29 de junho 29 de junho – São Pedro Pedro foi um dos doze apóstolos de Jesus, tendo o dia 29 dedicado a ele. É nesse dia que se rouba o mastro de São João para marcar o fim das festas juninas. Como características do festejo para São Pedro, estão a fogueira em formato triangular e o pau-de-sebo. Na sua lista de missões, São Pedro é o guardião das portas do céu e responsável por fazer chover na Terra. Além disso, protege pescadores e viúvas. Na biografia, ele liderou os discípulos de Jesus e fundou a Igreja Católica, sendo considerado o primeiro Papa. Nessa data, a Igreja Católica também homenageia São Paulo. (Fonte: Portal EBC) Referências: -. Daniel Neves Silva: Origem da festa junina, Brasil Escola - Blog: Saiba tudo sobre bebidas - Erica Caetano - Equipe Brasil Escola - Festa Junina - Jussara Barros - Símbolos Juninos - Jefferson Evandro Machado Ramos Quadrilha Junina

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Saúde, Beleza e Bem Estar

Quando a beleza vira doença Kátia Vargas Lutfi Pileggi

médica dermatologista

Amigos leitores, talvez por trabalhar em uma área médica onde as pessoas me procuram para tratar e amenizar os sinais do envelhecimento, alterações de peso e cuidados gerais, me sinto na obrigação de trazer um assunto muito importante, pois é falando que reconhecemos e identificamos um problema e podemos ajudar. Quando a beleza vira doença? Primeiramente, não há nada de errado em querer melhorar, se sentir bem, olhar no espelho e gostar da imagem refletida. Quando isso é feito de maneira saudável, traz satisfação e resultados naturais. Mas o problema está quando isto se torna uma obsessão e uma insatisfação constante. Atenção, podemos estar diante de uma doença. Cada vez mais me deparo com jovens que não toleram uma única espinha no rosto, não querem sair de casa e isso interfere tanto em sua autoestima, que evitam socializar. E por mais que expliquemos que todos estamos sujeitos a oscilações hormonais e que somos um caldeirão de hormônios, vitaminas e emoções, e claro hábitos alimentares, mas que isso é inerente a diversos fatores, frequentemente querem resultados mágicos e rápidos, reação típica da idade, o que pode gerar uma frustração nos mesmos. Oriento sempre os pais que não alimentem tal com-

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #24 - Junho/2021 - pág. 29


portamento, e que colaborem com hábitos de vida saudáveis. Alertar esses pais, que tem se tornado frequente a busca incessante por uma perfeição irreal, alimentada por mídias irresponsáveis, onde um mundo de filtros e realidade virtual, abraçam nossos jovens e o apresentam a um mundo de meninos e meninas de corpos, rosto e vidas perfeitas, e não sabemos até onde eles têm o discernimento para diferenciar e até onde se espelhar nesses influenciadores digitais. Aliás, influenciadores, estão na mídia para influenciar, são patrocinados por marcas e produtos que estimulam a vender seus produtos para que alcancem essa vida utópica. Veja bem, não estou aqui pra criticar esta que virou profissão, afinal também acabo influenciando muitos com a minha verdade, mesmo que me baseie em evidências, mas o objetivo é alertar para uma realidade cada vez mais frequente. Me afeta muito me deparar com pessoas em depressão, distúrbios alimentares, ou excedendo em procedimentos estéticos, muitas vezes levando a complicações irreversíveis ou até ao óbito, e só por isso minha responsabilidade como médica dermatologista com pós em nutrologia, não posso me calar. Quem de nós já não se olhou no espelho e reclamou de alguma gordurinha, ou se sentiu insatisfeito com alguma coisa? Isso é normal, mas como vamos reagir a isso é que faz a diferença. Você intensificar os exercícios, se alimentar de maneira saudável, ou eventualmente se submeter a um tratamento estético, são reações normais e que te trarão benefícios mentais e físicos. Mas não permita que isso domine a sua existência e distorça sua imagem. Sim, somos muito mais do que mostra nosso reflexo. Seja sempre a SUA melhor versão. Sempre ouvi muito sobre a beleza interna, e com o amadurecimento, cada vez mais ela se destaca e traz ainda mais brilho individual. Valorize os seus pontos fortes! O que você mais admira em você. Você já disse eu te amo pra você mesmo? Eu me amo sim!

A Gata Borralheira adaptada pelos Estúdios Disney como Cinderela

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A vida como ela é

Desapego INsustentável Fotos enviadas pela colunista

Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista

Desapego de eletrôni Estamos na era do desapego. Um movimento global no qual todos estão revendo seus pertences, que vão de roupas, livros, louças, até carro e casa, visando viver com o essencial, de forma mais leve e simples. Penso que o exame que precisamos fazer não é sobre o gesto do desapego, e sim sobre o conceito da compra: O que faz detonar o processo desenfreado de posse? O que deixamos de pensar ou de sofrer após a posse de algo novo? O que o ato da compra ou da posse esconde, adia ou acalenta? A revolução industrial tardou chegar ao Brasil e trouxe avanços tecnológicos e a aceleração do desenvolvimento do País. O volume de ofertas e variedade de produtos encantaram uma geração batalhadora, que ascendia no mercado profissional, inclusive contando com a mão de obra feminina. A publicidade, por sua vez, esmerou-se em estudar e compreender os fatores psicológicos do consumo usando suas propagandas para fisgar o consumidor. Todos os fatores somados criaram um consumismo sem fim, gerando um círculo vicioso e virtuoso, dependendo do lado que se avalia (consumidor / indústria). Esses mesmos consumidores migraram do telefone com fio, para o telefone sem fio e, deste, para os smart phones; das tv’s de tubo para as de plasma e para as smart tv’s; das vitrolas, para o toca cd, para o ipod e itunes, enfim o volume de aparelhos obsoletos só foi se avolumando dentro de casa. Sem contar as empresas de tv a cabo que nunca voltam para buscar seus aparelhos sintonizadores de sinais. É muito lixo! A posse de bens foi símbolo de status social àqueles que ansiavam pertencer à categoria dos bens sucedidos. Além disso, o conceito do ‘descartável’ imperou por muito tempo e ainda sobrevive nas roupas, sapatos e até eletrônicos, todos com

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Desapego de meia sem inter


icos, sem interessados

curta durabilidade. Esse fator gera volume de compra, volume no interior das casas e lixo no planeta. Em um processo de desapego, em casa, deparei-me com uma gaveta repleta de meias-calças de seda, que não tinham mais serventia. Tentei doá-las para minhas filhas e outras pessoas, que recusaram, quando dei-me conta da mudança completa de nosso estilo de vestir. Quais os processos de aprendizagem na realização de um desapego? - Joga-se luz sobre nosso ser oras vaidoso, oras impiedoso, oras amedrontado, oras orgulhoso, muitas vezes usando a gratificação das compras para preencher nosso vazio, para não enxergarmos dores e medos diversos, resultando em gastos abusivos e até desnecessários. - Joga-se luz sobre o universo capitalista, que nos convence da compra, enquanto depreda o planeta sob a bandeira da sustentabilidade, selos de qualidade, etc. (Acho incrível que nos sintamos culpados por adquirir e reciclar embalagens plásticas, enquanto as indústrias continuam produzindo uma infinidade de produtos nessas embalagens, sem o menor questionamento, sem responsabilidade pelo lixo que produzem e sem planejamento de mudanças!) Sobre desapego, vale a pena assistir ao documentário, de 2015, na Netflix, de nome: Minimalism. 1:19h sobre a forma de viver sem apegos e de forma mais leve.

as-calças de seda, ressadas

Sobre INsustentabilidade, vale muito assistir ao documentário SEASPIRACY, na Netflix. (Foto a esquerda) É inacreditável o que Ali Trabizi, cineasta britânico, retratou em 1:29h. Termino meu desapego com a certeza de ter revisitado meu íntimo, minhas dores e meus medos, acalentados com tantos pertences.

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Variações in VIVO

Uma festa de cores

Anoitecendo, num banquinho improvisado com toco de madeira, junto ao calorzinho que o suave vento trazia do pé das brasas já sem labaredas, admirando fagulhas subirem ao encontro das estrelinhas no céu, rodeada de algumas memórias e duas cachorrinhas, me enebriava, identificando silhuetas imaginárias das salamandras. No fogo misto de vermelho alaranjado, amarelo dourado e azul platinado seres invisíveis aos olhos dançavam ao som de ritmados tilintares das faíscas pulsantes. Som baixinho, como que abafado mecanicamente por surdinas, similar aos tímpanos sinfônicos em algumas peças, remetia a um baticum no terreiro do sertão daqui, ou de tambores do outro lado do mundo. As bandeirinhas juninas resistiram ao tempo, desde as festas não ocorridas ano passado, não cintilam como no dia que foram penduradas, como que um ritual atrativo na esperança de haver a habitual festa, mas lá estão ainda, entre os galhos de uma e outra árvore do quintal. Os fitilhos que as sustentam algumas vezes serviram de ponto de descanso pra aves passageiras. Harmonizando a paisagem, como uma aquarela vívida pairada no ar, variando vez ou outra a pausa, com certa graça, num balanço impulsionado pela brisa de cá pra lá, de lá pra cá, reforçando o vai e vem, por vezes, acrescido pelo leve peso do conjunto de penas também coloridas das Saíras, quando ali pousavam, quebrando a pausa, da capo. Quando a noite cedia dando entrada aos luminosos rasgões solares descidos por entre as nuvens, podia-se observar, comtemplando o ambiente colorido, tal e qual para lá e para cá, no embalo do vento novo, a rede feita de tramas de algodão tingido nos nuances do buriti, urucum, e tons de vermelhões naturais de plantas e flores. E, sob a mesa, a toalha de chita estampada acolhia guardanapos multicores cobertos de muitos docinhos: de batata doce, roxinhos e amarelos clarinhos, de abóbora alaranjados, de cidra verdinhos, de groselha vermelhinhos, de curau amarelo bem vivinho, de cajuzinho e de banana bem marronzinhos. magazine 60+ #24 - Junho/2021 - pág. 33

Foto: http://acontecesantyago.blogspot.com divulgação/Pinterest

Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta


Canequinhas de ágata de todas as cores serviam quentão e vinho. Agora seus restinhos ao fundo serenados, e respingados de uma noite de festa, se misturam aos minúsculos pontinhos de orvalho resultando em prismas adentrando gotículas reluzentes. Afetada pela pandemia, a Festa neste ano enseja apenas No Interior de cada um de nós. Cada qual com sua dose de imaginação possível, que a memória conforte. Conforta observar que sem balões nem rojões, a vida segue.

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Falando em escrever

Carlos Augusto Segato Rosa Maria Rodrigues Castello Consultora em Direitos Autorais

Olá amigos leitores e leitoras! Incrível como o tempo está passando rápido, já estamos em junho de 2021, ainda em pandemia, mas agora a maioria de nós, 60mais, já vacinados, pelo menos com uma dose da vacina. Vamos continuar nos cuidando e protegendo nossas famílias. Ainda não é tempo de relaxar, o vírus continua fazendo vitimas pelo Brasil e pelo mundo. Mas vamos falar de coisa boa, leitura, escritor, literatura. Este mês apresento, mais um dos amigos autores e parceiros da Castello Consultoria - https://www.castelloeditorial.com.br. Eu e o Segato estamos nessa jornada há mais de 30 anos, por longo tempo através de uma grande editora. Agora há cerca de um ano trabalhando juntos com a certeza de novos projetos editorais e grandes lançamentos. Conheçam um pouco do autor Carlos Augusto Segato. Boa leitura! Carlos Augusto Segato nasceu em Itapeva, sul de São Paulo, no verão de 1960. Os livros fizeram parte da sua vida desde a infância. Sempre buscava, na pequena biblioteca dos pais, livros de aventura, fantasia, policiais, biografias, romances e clássicos (mesmo que adaptados). À época do ensino médio, formou-se técnico em Mineração, profissão nunca exercida de fato. Pouco depois, ingressou na carreira administrativa do Banco do Brasil. Em 1981 mudou-se para Guaratinguetá para trabalhar na área de TI do banco, que estava em desenvolvimento. Depois de uma rápida passagem por Cuiabá, a serviço, transferiu-se para Ribeirão Preto. Em 1986 conquistou o segundo lugar no concurso nacional de poesias Lindolf Bell, em Uberlândia, com o poema “Cinema”. Em 1986 estreou na literatura infanto-juvenil com “A morte do Conde”, pela editora Moderna, que chegou à 12ª. Edição, adotado em escolas de todo o país. A ele seguiram-se várias obras, também por outras editoras, igualmente aceitas pelo público, como “O reino de muito longe”, “A estrada de San Martín”, “Um rato na biblioteca”, “A mansão bem-assombrada” (infantil, em versos), “A Terra das

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Coisas Perdidas”, “A fúria do mundo” e outras, algumas delas ultrapassando a vigésima edição. São um total de vinte obras em mais de trinta anos de atividade literária. Desde 1999 mora em Brasília, onde se aposentou na carreira de analista de TI (Tecnologia da Informação) do Banco do Brasil em 2012. Desde então dedica-se à leitura e escrita, dentre outras coisas. Alguns livros publicados. 1987 - A Morte do Conde - Editora Moderna 1988 - O Reino de Muito Longe - Atual Editora 1989 - A Estrada de San Martín - Atual Editora 1990 - O Sonhador Aprendiz - Editora Moderna 1994 - A Terra das Coisas Perdidas – Atual Editora 1994 - A Mansão Bem-Assombrada - Editora Moderna 1995 - A Fúria do Mundo - Editora Moderna 1995 - Um Rato na Biblioteca – Atual Editora 1996 - Quem me Dera, Colibri – Atual Editora 1996 - Resgate de Amor - Quinteto/FTD 1996 - Alarico Vidro e Lata - Editora Palavra Mágica 1998 - Rafipan, a Esquina do Mundo - Atual Editora 1998 - Não Vem que Não Tem - Editora Palavra Mágica 2001 - O Incrível Rapto de Rosabela - RHJ Livros 2002 - Triângulo de Fogo (em parceria com Rosana Rios e Giselda Laporta Nicolelis) - Saraiva 2005 - O Mistério dos Dois Candangos - Editora Escala Educacional 2008 - Yacamin, a Floresta sem Fim - Giz Editorial 2008 - O Raposo e as Luvas - Editora Positivo 2012 - A Última Flor de Abril (em parceria com Alexandre Azevedo) Saraiva 2019 - Pretérito mais que imperfeito (em parceria com Alexandre Azevedo) – Bagaço Editora. Segato acredita no poder da escrita como um veículo para levar o leitor a reflexões mais aprofundadas a respeito da realidade, bem como a desenvolver pensamentos críticos, além de estimular a imaginação e a criatividade em todas as faixas etárias. Através da fantasia e da aventura, e da linguagem metafórica, podemos levar até mesmo a criança construir uma visão pessoal e enriquecida da sua própria vivência. É essa a proposta de obras como “Yacamim, a floresta sem fim”, “A Terra das Coisas Perdidas”, “O raposo e as luvas”, “Alarico vidro e lata”, dentre outras. Por outro lado, obras para jovens, como “A fúria do Mundo” ou “Resgate de Amor” falam de questões sociais e pessoais de uma maneira mais aberta. Livros de fantasia como “A mansão bem-assombrada” ou “Quem me dera, colibri!” despertam a natureza lúdica da atividade de leitura. Tudo contribui para o crescimento humano do leitor, e essa deve ser a principal motivação do autor. Como cronista e articulista, teve várias publicações esparsas em jornais do interior de São Paulo durante vários anos. É graduado em Língua Portuguesa e Literatura pela Universidade de Brasília. Siga o Segato em suas redes sociais: https://www.facebook.com/ carlos.segato.33 https://www.linkedin.com/in/carlos-augusto-segato-17904173/ https://www.instagram.com/carlosaugustosegato/?hl=pt-br

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SOBRE A EDITORA: A e-Editora é um Negócio de Impacto Social criado sobre uma proposta de valor abrangente e ambiciosa: enfrentar o isolamento social nos bairros, promover a aproximação comunitária e entre as gerações, estimular o cuidado com o meio ambiente naquela região, por meio da valorização da lembrança dos idosos dos fatos que testemunharam nos bairros em que viveram. O primeiro da série de quatro livros anuais é sobre o Sumaré. Além dos e-books, serão produzidos outros materiais editoriais e eventos dirigidos a esse público com o mesmo propósito, como passeios didáticos, exposições e coletâneas. Conheçam e sigam nossas redes sociais Site: https://e-editora.com.br Facebook: https://www.facebook.com/eeditoraoficial Linkedin: https://www.linkedin.com/company/68731609/admin/ Instagran: https://www.instagram.com/e_editora_oficial/

Rosa Maria Rodrigues Castello Contatos: cel. 11 99999-1893 e-mail: rosa.castelloconsultoria@gmail.com

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com

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Papo Animal

O perigo pode morar no seu jardim Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Além de contribuir com a decoração, as plantas possuem um papel fundamental em tornar ambientes mais saudáveis e aconchegantes. Entretanto, algumas delas podem representar perigo à saúde dos pets por serem tóxicas para eles. Esse mês, nós do Projeto Santuário, em parceria com a Associação Faça Sua Parte, abordaremos as plantas mais comuns que são tóxicas para animais de estimação e como evitar que seu amigo de quatro patas se intoxique. A ingestão de plantas por cães e gatos é multifatorial (pode ser causada por diversos fatores). Quando filhotes a curiosidade e o incômodo da erupção (do nascimento) dos dentes são fatores de risco muito importantes. Junta isso e a variedade de cheiros e texturas que as plantas apresentam e temos uma cilada armada para as crianças de 4 patas, elas vão brincar, mordiscar e mastigar e podem acabar por ingeri-las. Para os adultos os principais fatores predisponentes à ingestão de plantas são o estresse, o tédio e o desconforto gástrico. Existem muitas plantas que podem ser tóxicas, entre elas estão: antúrio, azaléia, copo-de-leite, espada-de-São-jorge, dama-da-noite, espirradeira, lírio, violeta, comigo-ninguém-pode, rododendro, narciso, amarílis, íris, poinsétia, dragão-fedorento, orelha-de-elefante, filodendro, saia-branca, samambaia, trombeteira, chapéu-de-napoleão e dedaleira. Os sintomas variam de acordo com a toxicidade da planta, a quantidade ingerida, a parte da planta ingerida e as condições do animal como idade, sensibilidade individual e comorbidade. Podem incluir irritação da boca e língua, excesso de salivação, desconforto abdominal, vômito, diarréia, febre, desidratação, tremores, convulsões, incoordenação motora e dificuldade respiratória, podendo até causar a morte, especialmente se não tratado correta e rapidamente. Caso você suspeite que o seu animal tenha entrado em contato com alguma planta tóxica e/ou ele apresente algum dos sintomas citados, leve-o imediatamente ao médico-veterinário.

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Para reduzir o risco de acidentes, o ideal seria não ter plantas tóxicas em casa, pelo menos não ao alcance dos animais. Para isso, é fundamental que conheçamos as plantas que mais comumente causam intoxicação e, caso tenha alguma delas em casa, dificultar o acesso dos animais, mantendo-as em locais altos (penduradas em suportes ou em cima móveis) ou utilizando portões para separar as áreas dos animais e das plantas. Essas alternativas podem ser desafiadoras quando se trata de gatos, devido ao comportamento natural de escalar, andar e ficar em cima de móveis, estantes, muros etc. Durante os passeios, especialmente em parques e praças, é necessário manter a atenção neles para evitar o contato acidental com essas plantas e também com animais peçonhentos ou outros perigos. Por fim, uma rotina saudável, com exercícios físicos e brinquedos, diminui o estresse, ajuda a aliviar a gengiva e evita que brinquem com plantas e outros objetos que possam ser prejudiciais à sua saúde ou cuja interação vá aborrecer seus tutores, dificultando o convívio.

Fotos: Gabriela C. O. Santos. Arte: Natayane do Vale Torquato. Texto escrito por Natayane do Vale Torquato com a colaboração de Gabriela Cristina de Oliveira Santos; Amanda Novais Grecco; Luana Helena Antonini Gaia; Larissa Silva Santos, Loren D’Aprile e Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário. Se tiver sugestões de temas ou dúvidas entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@ gmail.com. Nos siga nas redes sociais: Instagram: @projetosantuariousp e Facebook: Projeto Santuário - FMVZ USP. Ficaremos muito felizes em ter você conosco!

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Lírio

Azalea


Samambaia

Costela-de-Adão

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Amigo do Idoso

Antecipação do 13º (INSS) Fábio Faria de Sá

No instituto IOPREV recebemos diversas demandas dos aposentados e pensionistas onde vemos como os idosos são mal atendidos e muitas vezes seus problemas ocorrem por erros de leitura ou entendimento do documento por parte do atendente, e por isso, venho mensalmente deixar algumas mensagens de aviso e atenção a vocês idosos ou quem acompanha pessoas que estejam na melhor idade, lembre-se que é de suma importância a leitura das pequenas palavras nos contratos e de maneira alguma, assine contrato sem ler, com as liberações de benefícios e adiantamento de pagamentos crescem o número de denúncias e também o número de pessoas vítimas de estelionatários, por isso, muita atenção. Agora vamos falar um pouco sobre o direito dos aposentados e pensionistas que vão receber o 13º/2021 em duas parcelas, aqueles que recebem um Salário mínimo de benefício, terá a primeira parcela em Maio e a segunda em Junho, conforme cronograma pelo ultimo dígito do número do benefício. Os beneficiários que recebem mais que 1 salário mínimo a data prevista é para Junho a primeira parcela e Julho a segunda parcela. A pandemia fez o Governo antecipar o décimo terceiro para injetar dinheiro na economia antecipadamente, antes esse pagamento era realizado em agosto/ setembro e setembro/outubro respec-

Foto: metodo.cursorendaonline.com.br

Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária

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tivamente. Os beneficiários do Loas, não recebem 13º (infelizmente), pois o Congresso Nacional não aprovou a intenção do Governo Federal em incluí-lo. Lembrando que esse ano de 2021, historicamente o reajuste aos aposentados e pensionista do INSS teve um reajuste “justo”, sendo 5,26% para o salário mínimo e 5,45% para quem ganha acima do salário mínimo. Há décadas o reajuste era de forma injusta e desproporcional, fazendo com que o reajuste recebido acima do salário mínimo federal fosse bem menor do que do reajustado para o salário mínimo. Nos anos anteriores, digo, bem mais de 10 anos, quem recebia 3 ou mais salários, hoje esta perto dos R$ 1.100,00 pagos atualmente a maioria dos aposentados e pensionistas, tomará que “esse reajuste justo” continue por muitos anos, só assim não teremos tantas perdas pela diferença percentual de reajuste. E essa pandemia que não acaba mais? Vamos de vacina, máscara e higienização das mãos e objetos. Esse é o nosso “novo normal”, tenho certeza que não será assim pra sempre, até mesmo porque teremos eleições no próximo ano. Atente-se ao calendário de vacinação da segunda dose da Covid-19, sem ela, não terá o efeito pretendido, cuide-se! Já ia me esquecendo.... os beneficiários do INSS tem que fazer a prova de vida, a obrigatoriedade voltou, mesmo sem o fim das restrições impostas à nós pelos especialistas no assunto, se não o fizer o benefício será suspenso. No banco que recebe o salário, no INSS ou até mesmo “on-line” pode-se fazer essa comprovação. Prova de vida em casa somente para quem tem mais de 80 anos e acima dos 60 anos para quem dificuldade de locomoção, o que não recomendo, esperar em casa a boa vontade do INSS ir te fazer uma visita, mesmo que solicitado, não estão indo no próprio local de trabalho deles, imagina na sua residência. Contatos, dúvidas, perguntas: FABIO FARIA DE SÁ Contabilista e Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária 11-5015-0500 ou 11 97095-2112 fdesa@icloud.com

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Benefícios

Testes olfativos: uma ferramenta para a detecção precoce de possíveis quadros de demência? Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Alguma vez você já sentiu algum cheiro que te levou de volta à cozinha da casa onde cresceu ou te fez lembrar de momentos que marcaram sua infância e que há muito tempo não lembrava? É bem possível que sim, certo? Sabe por que isso acontece? Segundo especialistas, para criar memórias, o hipocampo é a região do cérebro que conecta elementos de uma experiência, incluindo as informações que recebemos por meio dos nossos sentidos. Ou seja, tanto o olfato como a memória envolvem processamento dos neurônios dessa região cerebral e, assim, estão intimamente conectados. Além disso, dentre os cinco sentidos, o olfato é o que possui maior integração com áreas do cérebro que processam emoção, aprendizagem associativa e memória. Nessa mesma linha de raciocínio, é natural pensarmos também na associação entre a saúde do cérebro e a do sistema olfativo. Estudos indicam que, ao longo do processo de envelhecimento, há um aumento da ocorrência de deficiências nos sentidos relacionadas ao comprometimento cognitivo. Em pessoas com doen-

Foto: Pinterest

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ças neurodegenerativas, como a Doença de Parkinson (DP) e a Doença de Alzheimer (DA), por exemplo, são encontradas alterações significativas do olfato. Uma dessas alterações é a hiposmia, isto é, a diminuição da capacidade olfativa, a qual tem sido considerada como um dos primeiros sintomas detectáveis da DA. Diversos estudos destacam que a hiposmia pode aparecer muito antes dos sintomas cognitivos, chegando a cerca de 15 a 20 anos antes. Na DP, aparece em geral de 4 a 8 anos antes do diagnóstico da doença, podendo também aparecer até 20 anos antes. Sabe-se que é comum uma diminuição da capacidade olfativa com o envelhecimento. Assim, as conclusões dos estudos se baseiam na comparação da ocorrência de hiposmia observada durante o envelhecimento saudável com a alteração verificada em pacientes diagnosticados com doenças neurodegenerativas. Na DA, a hiposmia chega a atingir em torno de 85 a 90% dos pacientes, além de ocorrer de forma mais abrupta e mais grave. Na DP, as alterações olfativas estão presentes em uma proporção de 70% a 80% dos pacientes. É um sintoma que ajuda tanto no diagnóstico precoce da doença como na distinção entre DP e algumas condições neurodegenerativas como tremor essencial, tremor distônico, entre outras. Desse modo, a ocorrência e a intensidade dessa alteração olfativa pode ser utilizada como um marcador de doenças neurodegenerativas em estágio inicial. Em outras palavras, o diagnóstico de hiposmia surge como um importante parâmetro de detecção precoce dessas doenças e, assim, serve de alerta para a necessidade de serem intensificadas ações de prevenção, que envolvem a manutenção das interações sociais e a prática regular de atividades físicas e intelectuais, como a estimulação cognitiva, por exemplo. Nesse sentido, à medida que envelhecemos torna-se fundamental nos atentarmos para possíveis perdas de olfato. Uma forma de percebermos isso é prestarmos mais atenção em nosso paladar, uma vez que esses dois sentidos estão diretamente conectados. Assim, se você tem sentido mais falta de sal ou açúcar nos alimentos em relação a outras pessoas, uma ação essencial é buscar por um especialista para que passe por uma avaliação olfativa. Além de atuar como uma ferramenta essencial na promoção da saúde do cérebro, esse tipo de avaliação pode ajudar a prevenir o agravamento de doenças como a hipertensão arterial e o diabetes mellitus, visto que a ingestão de sal e açúcar podem aumentar caso haja uma perda de olfato. Os testes para avaliação olfativa mais utilizados nas pesquisas atualmente são: University of Pensilvania Smelling Test (UPSIT) e o Sniffin’ Sticks. Em geral, a avaliação inclui: ● Testes de Identificação de Odores: avaliam a habilidade de reconhecer odores já familiares a pessoas de uma determinada cultura; ● Testes de Limiar Olfativo: avaliam a menor concentração de determinado odor que é capaz de ativar os receptores

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olfativos, isto é, que o sujeito é capaz de perceber; ● Testes de Discriminação de Odores: avaliam a habilidade em detectar odores diferentes entre si; ● Testes de Memória Olfativa: verifica se o paciente reconhece um odor previamente experimentado. Mesmo com o grande problema que a perda do olfato pode representar, avaliações olfativas não estão entre os exames de rotina solicitados pelos médicos em geral, uma vez que os pedidos deste tipo de exame são normalmente motivados apenas pelas queixas dos próprios pacientes, os quais dificilmente percebem possíveis perdas de olfato. Portanto, cabe a nós estarmos sempre atentos a esta questão e perguntarmos ao médico ou a outros profissionais de saúde com quem tivermos contato. Fontes consultadas: BASTOS, L. O. D. (2019). Acurácia dos testes de identificação de odores no diagnóstico da Doença de Parkinson. Tese (doutorado) - Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas, Campinas, SP. Wehrmann, L. (2019). O papel da avaliação olfativa no diagnóstico da doença de alzheimer em idosos sulbrasileiros: um estudo exploratório. Dissertação (Mestrado em Biotecnologia Farmacêutica) - Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Escrito por:

Fotos: Supera

Graciela Akina Ishibashi- graduanda em Gerontologia pela Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Estagiária do projeto de validação do Método SUPERA. Estudante de iniciação científica na área de treino cognitivo. Mauricio Einstoss de Castro Barbosa – Graduado em Gerontologia pela Universidade de São Paulo (USP), com participação no Programa de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/Interprofissionalidade), teve atuação como estagiário de Gerontologia na Coordenação de Políticas Para a Pessoa Idosa – Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania – Prefeitura de São Paulo. Profa. Dra. Thais Bento Lima-Silva, Docente do curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP), Coordenadora do curso de pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS), pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e diretora científica da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG). Membro da diretoria da Associação Brasileira de AlzheimerRegional São Paulo. É assessora científica e consultora do Método SUPERA.

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Em todas as telas

Junho: um mês de luta pelo amor e contra a violência Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Foto: Divulgação

Violência

Infelizmente não só de romance se vive, e a

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Kenji (James Saito) der) vivem o am

Foto: Reprodução

Junho remete a datas importantes quando pensamos no envelhecimento e longevidade da população. Dia 12 é celebrado o Dia dos Namorados, e o amor e a sexualidade ainda um tabu, pode e deve ser vivido em sua plenitude em todas as fases da vida. Na mídia, os casais formados por pessoas idosas, aos poucos, se integram às propagandas e estão também nas novelas, filmes e séries. Mulheres e homens maduros se apaixonam e investem em novas relações. Lembro do último episódio da série “Modern Love” (disponível no Amazon Prime), com o sugestivo título “A corrida fica mais gostosa na volta final”. Um casal 70+, Margot (Jane Alexander) e Kenji (James Saito), se conhece em um grupo de corrida e vive um lindo romance, de encontros até a decisão de morar juntos. Não há idade para ser feliz. O amor e a sexualidade não deixam de existir com o envelhecer. As possibilidades de uma vida amorosa na maturidade são muitas, seja com o amor de sempre, não são tão raros os relacionamentos duradouros, ou com novos romances. O envelhecer para muitos abre ainda novas possibilidades, inclusive para se libertar, se assumir e viver plenamente amores e desejos. Estar com homens, mulheres, os dois, abandonar o sexo, a felicidade é só sua.

Os saudosos Oswaldo Lo vida ao casal de avó


e Margot (Jane Alexanmor na maturidade

violência é uma realidade vivida por muitos idosos. O dia 15 de junho marca o Dia da Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa. Violência presente no dia a dia, no preconceito estampado em quem diz que se é velho demais para fazer isso ou aquilo. Na infantilização promovida por diversos veículos de imprensa que celebraram a imunização de “fofos” vovôs e vovós no Brasil e pelo mundo. O combate ao idadismo toma conta do mundo com a campanha #StopIdadismo, que envolve países como Brasil e Portugal. Por aqui temos o Movimento Atualiza, também de combate ao preconceito, mostrando todo o potencial das pessoas 50+. A iniciativa surgiu em contraponto ao vídeo do grupo Porta dos Fundos, que infantilizava uma mãe de 57 anos. Todos juntos na luta pela valorização da pessoa idosa. Uma violência que também é física, psicológica, sexual e financeira. Parece uma realidade distante, mas ainda há quem aja como a personagem Doris, interpretada pela atriz Regiane Alves, na novela “Mulheres Apaixonadas”, que maltratava os avós vividos pelos saudosos Oswaldo Louzada e Carmem Silva. A trama de 2003 voltou a ser exibida no ano passado no canal pago Viva. Os números da violência contra a pessoa idosa subiram no período da pandemia, com destaque para a negligência. São muitos os idoso que têm seus direitos negligenciados. Situações que reforçam a necessidade de políticas públicas que atendam as demandas específicas dessa parcela da população que cresce cada vez mais, e também de mobilização social na defesa de direitos da pessoa idosa, como o Movimento Nacional Vidas Idosas Importam. Amor e educação

ouzada e Carmem Silva deram ós maltratados pela neta

Movimento #StopIdadismo reúne diversos países na luta contra o preconceito etário (Divulgação)

A mudança para que o amor possa ser vivido plenamente em qualquer idade e que a violência seja a exceção e não a regra tem como base a educação. Para uma nova cultura de valorização da vida idosa, é preciso educar para o envelhecimento desde a primeira infância. É preciso que a longevidade seja respeitada, e que o objetivo de todos seja viver muito, com saúde e dignidade. Diferente do que disse recentemente o ministro da Economia, Paulo Guedes, uma sociedade cada vez mais longeva não é o problema, pelo contrário, são enormes as possibilidades para uma população que envelhece com saúde e dignidade, oportunidades para um desenvolvimento econômico e social nunca vistos antes, com amor e sem violência.

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Reutilizando materiais

Mosaico em Alagoas

Fotos: enviadas pelo colunista

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

A Cidade. Arapiraca – “Embora a cidade de Arapiraca pareça ser uma cidade recente (foi emancipada como município em 30/10/1924), há registros de que, por volta de 1848, as terras arapiraquenses pertenciam a Marinho Falcão. Este as vendeu para Amaro da Silva Valente, que passou a habitá-las junto com sua família. Algum tempo depois, o genro de Amaro da Silva, Manoel André Correia, foi adentrando nas longas matas virgens intocadas até que descobriu uma planície fértil e rica em árvores frondosas, principalmente a árvore que dá nome a cidade, a “Arapiraca”.[16] Foi embaixo da Arapiraca, localizada as margens do Riacho Seco, que Manoel André Correia descansou e teve a ideia de construir uma cabana.” (Wikipedia). A artista. Nossa entrevistada nessa edição é Eliane Rocha, 54, arapiraquense, formada em pedagogia e direito, servidora pública concursada, administradora do museu e escola de arte, além de mosaicista. No ano de 2011, Eliane lia muito sobre arte, trabalhava na Casa da Cultura e já tinha familiaridade com a arte de desenhar; em uma visita da artista Marta Arruda ao seu local de trabalho - Marta Arruda recebeu um convite da prefeitura para participar de um longo projeto para introduzir o mosaico na comunidade do Jardim das Paineiras (onde permaneceu por 5 anos) – ao seu local de trabalho, indagou com a artista que apreciava a sua obra e que gostaria de aprender mosaico. Recebeu, assim, convite para aparecer na comunidade aos finais de semana e ela poderia ensiná-la. Então, juntando as aulas na faculdade de direito e trabalho, começou a frequentar a comunidade e ter aulas de mosaico, rotina que durou quatro meses. A partir dessas aulas iniciais, começou a treinar em casa, produzindo muitos trabalhos, aprimorando a sua técnica. Por ser muito otimista, perseverante e com novas ideias, conseguiu uma pequena exposição do seu trabalho no Memorial da Mulher em novembro de 2011.

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Trabalhos de Eliane Rocha

Em 2015, com o falecimento da sua mãe, resolveu viajar e o lugar escolhido foi Curitiba, considerada a Capital Nacional do Mosaico, onde contatou a mosaicista Patrícia Ono, dividindo seu tempo em passeio, fazendo cursos e comprando materiais. Com acesso às mídias sociais, se inscreveu em vários cursos para aprender novas técnicas. Cursou com Andréa Olighon para mosaico picaciette, Lu Rizzi para Rostos, Dina dos Santos para muralismo. O investimento deu certo e em fevereiro de 2016 inaugurou seu Atelier em Arapiraca, onde ministra aulas, desenha e planeja projetos, confecciona suas obras e comercializa. Em 2017, Andreina Giorgia Carpenito fez um convite ao grupo Mosaico Paulista para participar na confecção do Maior Mosaico Voluntário do Mundo, na Igreja do Espirito Santo em Arezzo, Itália. Mesmo sem fazer parte do grupo, Eliane demonstrou interesse em participar e foi incluída no grupo de 12 mosaicistas brasileiras que participaram do evento, sendo a única nordestina. Foram 14 dias de muito aprendizado. a sua terra natal, sente-se na obrigação de ensinar a preços populares, pois acha que deve dar a oportunidade de que aprendam como ela aprendeu. –“tudo parecia meio improvável. Funcionária pública, no nordeste, em Alagoas e no interior. Tudo diferente, como se fosse na capital”, diz com seu sotaque bonito. Ganhando fama e reconhecimento na região, foi responsável por vários projetos, como piscina, mosaicos nas igrejas de Santo Antônio em Arapiraca e em Teotônio Vilela. Uma de suas maiores obras foi executada durante a quarentena. Junto com sua equipe (que sempre auxilia em grandes projetos), composta por: José Wilson, José Alexandre, Enaura Oliveira e Paulo Santos , idealizou , confeccionou e coordenou um muralismo ao redor do Complexo Educacional Mario Cesar Fontes, com painéis sobre meio ambiente, leitura e esporte, totalizando 150 m de criação própria. Atualmente faz especialização em História da arte Sacra, na Faculdade D. Luciano Mendes, onde pretende fazer mestrado. Seu atelier é referência na cidade e o sentimento é que “apostou na coisa que deu certo”. O seu projeto atual é a confecção de biojóias e já tem uma coleção inteira lançada e comercializada também nas redes sociais. Vimos aqui uma história longa e interessante. Como sempre digo, as oportunidades passam na nossa frente e devemos ter a capacidade de aceitar os desafios. Nem sempre são simples, às vezes exigem mais do que podemos dar, mas sempre há alternativas para encontrarmos a solução. Como diz Eliane, - “ É preciso ser otimista, determinada e resiliente. Se um projeto não está dando certo, recomeço, até chegar a concluí-lo”. Até mais... Referências: https://pt.wikipedia.org/wiki/Arapiraca Https://www.facebook.com/permalink.php?story_fbid=129886 5007135315&id=100010354849382

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CriativA Idade

Mas afinal, o que é arteterapia Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

Muitos curiosos perguntam o que é, como funciona, são atraídos pelo nome, simpatizam e logo deduzem que a arteterapia é algo terapêutico relacionado a arte, que deve trazer bem estar. De certa forma, não estão distantes do que se traduz do termo, mas ele vai muito além disso. No século XVIII a arteterapia já era usada oficialmente na Europa por profissionais da psiquiatria, medicina, psicologia e outras áreas de conhecimento como tratamento clínico e curativo para males psíquicos e emocionais. Começou então a ser difundida e hoje no mundo todo, há inúmeros especialistas que buscam formação e trabalham como arteterapeutas de forma interdisciplinar em vários campos de atuação. A arteterapia consiste em uma área de conhecimento que auxilia no desenvolvimento humano, utiliza recursos e linguagens artísticas para que o sujeito possua autoconhecimento e expresse suas emoções e sentimentos, a partir da prática com essas linguagens da arte, como a música, teatro, dança, artes visuais. As atividades arteterapêuticas reforçam o propósito de pacientes em dar continuidade a tratamentos de reabilitação, influenciando diretamente sobre o resgate de sentimentos e atitudes positivas de valorização da saúde, autoconfiança, autoimagem e de pertencimento social que impactam o corpo físico.

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Produções do grupo arteterapia na Veia 5/2021 Fotos: Jane Barreto

Depoimento de participante, 62 ano rapia na veia.

“... linda a proposta da arteterapia, mos ou percebemos...Ter a oportun limitações e dons foi muito forte, a g algo tão simples e essencial como o


os, participante do grupo de artete-

A prática pode ser realizada individualmente ou em grupo, por pessoas de todas as idades, inclusive os idosos que precisam estabelecer laços afetivos, sociais, além de motivá-los para o aprendizado de diferentes linguagens artísticas e aquisição de informações sobre a saúde, o auto cuidado e a autoestima. O resgate e elevação da autoestima estimula a interação social, a troca de experiências, o conhecimento da fragilidade na saúde ou doença e questões sensíveis do homem; a possibilidade efetiva do exercício do convívio e a percepção do reconhecimento de seus pares, possibilita imersão no universo da criatividade. Agora com o cenário de pandemia pela covid 19, a prática estendeu-se ao atendimento e práticas on line, com ateliê itinerante. Durante as oficinas ou atendimento individualizado, não há uma preocupação com desenvolvimento de técnicas, não é aula para aprender a desenhar, pintar somente, ou desenvolver qualquer outra habilidade, artística o trabalho consiste em potencializar a expressividade. O arteterapeuta é o interlocutor entre a pessoa e as propostas artísticas, como por exemplo a produção de poesias, histórias e narrativas, fotografias, tecelagem, marcenaria, esculturas e modelagens. A pessoa começa a projetar -se na sua produção criativa com esses materiais artísticos disponíveis e até os do próprio cotidiano; seus conteúdos inconscientes ou conscientes vão tomando forma e fazendo sentido juntamente com a narrativa, sensações e reflexão ao termino da produção. A experiência é muito singular, cada um tem um ritmo tempo próprio e a identidade aparece logo nas primeiras produções, com o tempo a criatividade ganha dimensões profundas e as pessoas demonstram enorme prazer em realizar. O homem é sensível e se humaniza na medida em que se reconhece no outro, a arteterapia é uma das formas de acesso para essa humanização tão fundamental para manter a essência humana e a qualidade de vida.

muito mais intensa do que pensanidade de nos deparar com nossas gente traz tanto sentimento em o ato de se perdoar...”

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Buscando palavras

O poeta e o caminho das descobertas Marcos Rogério Martins Costa Escritor A.C.L

Nascido e criado no interior do Estado de São Paulo, na cidade intitulada Birigui-SP, conhecida como a Pérola do Noroeste, desde cedo, encantei-me com as sutilezas da vida. Uma de minhas primeiras reminiscências da arte da descoberta ocorreu, ainda, aos seis anos, quando questionei a minha progenitora como aquele objeto acolhia frutas, cereais e tantos outros alimentos sólidos e dele saia, como que por magia, líquidos saborosos. Inquieto e curioso de tudo, não me bastou a resposta seca: é um liquidificador! Não queria saber o rótulo adâmico que lhe tinham dado, mas o fator que fazia desse objeto um instrumento tão engenhoso. Manhoso e queixoso de atenção, solicitei uma observação direta do tal liquidificador. A materna mão, então, estendeu o objeto ao chão, com todo cuidado. O olhar direto e rápido desnudou a questão: havia ali dentro do copo gigantesco uma lâmina que fazia o trabalho duro de triturar. Foi minha primeira grande descoberta. Depois disso, tive muitos outros deslumbres e traquinagens. O sol quente de minha cidade natal e o aconchego familiar são memórias queridas que aquecem meu coração científico. Tão logo fiz meus dezessete anos, parti para a capital paulista, cinzenta e cheia de oportunidades. Formei-me em Letras, na Universidade de São Paulo (USP), licenciado em Português e Linguística, ainda, em 2012. No mesmo ano, consegui ingressar no mestrado, o qual conclui em

Foto: Arquivo

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2014, estudando o meu querido Fiódor Dostoiévski e sua estética romanesca realista. Entrei, sem espera, no doutorado em 2015. O tema não era mais a literatura russa, mas a própria vida em movimento, pois examinei as manifestações populares de rua de junho de 2013 e os protestos de março de 2015, capítulos de nossa história recente que até hoje retumbam. A defesa ocorreu em 2018 no salão nobre no templo uspiano. Quem pensou um menino humilde, filho de uma honradíssima zeladora, Catarina de Fátima Martins Costa, e um prestimoso carpinteiro, Venceslau Costa Neto, se tornar, no entardecer, do dia dezessete de dezembro de 2018, um dos mais jovens doutores do Brasil, com apenas 28 anos. Milagres da vida ou artinhas do mais belo livre-arbítrio? – deveras, nunca saberemos. Em 2019, ano de grandes mudanças no Brasil e no Mundo, estava dando aula de Leitura e Produção de texto na faculdade, quando resolvi, no intervalo, dar uma olhadela no meu e-mail. Tive um agradável sortilégio. Fiquei empalidecido. Deram-me água com açúcar - que nunca nos faltem anjos que nos socorram nos momentos de maior euforia! Li, li de novo, tresli. Recuperado da lucidez, em estado mais leve do que o de uma pluma, disse altivamente: fui aceito para a Academia Contemporânea de Letras (ACL)! O dia da posse foi 25 de maio de 2019. Era outono. A temperatura amena, o tempo mais fresco e já havia a queda das folhas das árvores. Embora nessa época os dias e as noites tenham a mesma duração, posso afirmar que a noite anterior à posse foi mais longa do que o dia – a relatividade einsteiniana se comprovou naquele momento. Mais uma descoberta. Fui honrado na cerimônia com o Patrono Érico Veríssimo, escritor gaúcho que nasceu em 1905 e se eternizou em 1975. Nessa celebração, estiveram presentes meus alunos queridos, meus amigos de coração e minha mãe, a qual vaticinou “hoje, confirmou-se o que eu já sabia: meu filho é um poeta”. Destaca-se, aliás, que meu patro-

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O amor tem Marc O vermelho é quente e

Lábios em chama, terra

O laranja é aventura e i

Movimento do corpo, to

O amarelo é força e pot

Braços fortes, concreto,

O verde é juvenil e saud

Pele de criança, broto, a O azul é frio e calmo:

Olhos de turquesa, onda

O lilás é místico e cheio

anéis, círculos da nature

O roxo é a sabedoria e a

Vida, natureza, infinito..

Em tudo, há o amor que mesmo tempo.


m muitas cores cos Costa vibrante:

a árida, entardecer...

imaginação:

opo da montanha, nuvens...

tência:

, tufões...

dável:

amanhecer...

as, céu...

o de mistérios:

eza, horizonte...

a experiência:

..

e é branco e preto, ao

no e eu guardamos similitudes que ninguém poderia prever ou prescrever. Primeiro, tanto ele como eu, temos, como grande influência, o movimento realista e as obras do autor russo Dostoiévski. Segundo, Érico trabalhou como professor de literatura, profissão que estou, intrinsecamente, afiliado. Atuo como professor da Universidade de Brasília, no Instituto de Letras e no Centro de Educação a Distância, bem como pertenço ao Mestrado Profissional em Ensino de Física, do Instituto de Física/UnB, no qual encabeço a pesquisa “Letramento científico: contextos, desafios, avanços”. Terceiro, Érico demorou para publicar suas primeiras obras autorais, eu também. O meu primeiro livro de poemas, intitulado Trovoada: poemas de paixão, amor e desilusão, Editora Futurama, saiu no final de 2019, impulsionado pela Presidente Marly de Souza, a qual prefaciou a referida obra e sinalizou: “é impossível não se emocionar diante desta obra que inaugura a chegada de um Contemporâneo”. Seja pelo estilo artístico de Veríssimo, seja pela sua carreira literária, nossas vidas se entrelaçaram muito antes de minha posse na ACL. Desde os doze anos, já lia seus romances. Dentre suas obras, destaco: Olhai os lírios do campo (1938); O tempo e o vento (1949-1962); e – o louvável e tão contemporâneo – Incidente em Antares (1971). Presente, passado e futuro são limiares que se desmancham no ar, quando paramos para pensar no finito que é nosso olhar. Portanto, fazer parte da ACL é estar empenhado em fazer literatura sempre e em todos os lugares. Nesse sentido, a ACL, em sua breve, mas aguerrida história, fez, faz e fará muito na construção de nossa literatura nacional. Eu me sinto honrado por pertencer a essa comunidade que, em tempos tão conturbados, faz nascer a flor na rua e nas telinhas. Eis o caminho das descobertas: estar pronto para rever, ver, antever. Por isso digo: a ACL é visionária!

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Falando em leitura

O quinhentismo Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras

Hoje vamos falar um pouquinho sobre como a literatura entrou no Brasil. O nome Quinhentismo vem da época em que o movimento literário surgiu no Brasil, por volta de 1500 (século XVI, 1500-1601), trazido pelas manifestações dos portugueses, quando chegaram às ilhas brasileiras. A primeira carta escrita em solo brasileiro, como marco inicial dessa era literária, foi pelo fidalgo português Pero Vaz de Caminha, que se notabilizou nas funções de escrivão da armada de Pedro Álvares Cabral. Enviou uma Carta a el-Rei Dom Manuel sobre o achamento do Brasil, com os objetivos de revelar a conquista dos bens materiais e a propagação da fé cristã. Os portugueses estavam em busca de novas terras e riquezas. Portanto a ideia das escritas tem valor literário e a literatura se prende, basicamente, à descrição da terra e do índio, ou a textos escritos pelos viajantes, jesuítas e missionários que aqui estiveram. Neste período, a literatura passa a ser considerada informativa e de catequética (ou jesuítica). “A literatura informativa consiste em relatórios, documentos e cartas que se empenham em levantar a fauna, flora e habitantes da nova terra, com o objetivo principal de encontrar riquezas, daí o fato de ser uma literatura descritiva e de valor literário. Conhecida como literatura dos viajantes ou literatura dos cronistas, como consequência das Grandes Navegações.” A literatura catequética tinha como objetivo principal converter os índios nativos ao cristianismo. “Foi con-

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Foto: Original da carta d Arquivo Nacional d em Lisboa


de Pero Vaz de Caminha da Torre do Tombo, (Portugal)

sequência da Contrarreforma. A principal preocupação dos jesuítas era o trabalho de catequese, objetivo que determinou toda a sua produção literária, tanto na poesia como no teatro. Além da poesia de devoção, os jesuítas cultivaram o teatro de caráter pedagógico, baseado também em trechos bíblicos, e as cartas que informavam aos superiores na Europa o andamento dos trabalhos na Colônia. José de Anchieta se propôs ao estudo da língua tupi-guarani e é considerado o precursor do teatro no Brasil. José de Anchieta é considerado o principal autor jesuíta da época do Quinhentismo, viveu entre os povos indígenas, pelos quais era chamado de piahy, que significa ‘supremo pajé branco’. Foi o autor da primeira gramática do tupi-guarani e também de várias poesias de devoção.” Trechos da Carta “Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas, que, certo, assim pareciam bem. Também andavam entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a nádega, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos com as curvas assim tintas, e também os colos dos pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocência assim descobertas, que não havia nisso desvergonha nenhuma.” “Viu um deles umas contas de rosário, brancas; fez sinal que lhas dessem, e folgou muito com elas, e lançou-as ao pescoço; e depois tirou-as e meteu-as em volta do braço, e acenava para a terra e novamente para as contas e para o colar do Capitão, como se dariam ouro por aquilo.” Fontes de pesquisa: https://www.soliteratura.com.br/ https://pt.wikipedia.org/ https://www.todamateria.com.br/

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Só uma mensagem

Parece uma Embaixada Cida Barica com Bia

Conversando com minha afilhada Bia sobre convivência no tempo de pandemia, minhas irmãs e eu contamos a ela como vivíamos em Sampa nos anos 60, 70, 80. Ao relatar a diversidade de nacionalidades que havia na quadra da rua onde crescemos, ela falou: “vocês viviam cercados de Embaixadas”. Todos sabem que São Paulo desde sua criação tem relação com estrangeiros, os padres Jesuítas eram de nacionalidade portuguesa e espanhola. A escravidão, época vergonhosa, levou a cultura africana a cada cantinho desse país. No fim do século XIX, italianos e japoneses, imigraram para o Brasil, uma opção para substituir o trabalho do escravo nas lavouras de café. Muitos deles, também, encontraram ocupação na cidade de São Paulo. A imigração continuou sempre ativa, com o desejo de reconstruir suas vidas em um novo país chegaram os alemães, judeus, russos, coreanos, chineses, bolivianos, etc. Muitos brasileiros migraram para cidade de São Paulo, em busca de melhores condições de vida. Meus pais, no final dos anos 50, um casal com 6 filhos, desejavam estar em uma cidade que proporcionasse estudo, saúde e oportunidade de trabalho para os filhos que logo estariam em idade para isso. Eles só não sonhavam que teriam mais dois filhos, meu irmão Octavio e eu. A cidade de São Paulo, no século XX foi se transformando em uma grande metrópole, a população explodindo, movimento intenso. São Paulo da garoa, São Paulo que não pode parar, São Paulo desvairada, São Paulo a locomotiva que move o país. A Sampa, de Caetano Veloso, uma cidade a ser traduzida, uma mistura de arranha céus, deselegância discreta, desenvolvimento, culturas, riquezas e misérias. Uma característica dessa cidade é ter bairros com a cara do povo que ali habita. Bairro operário, bairros de italianos, de japoneses, de nordestinos, etc. A Vila Romana, localizada na região da Lapa, era um bairro

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Grafite na p de um de Sã


parte externa m prédio ão Paulo

arborizado, com ruas de paralelepípedos, cheio de casas. Ao entrar no bairro, procurando a casa anunciada para aluguel, minha mãe não teve dúvidas que ali era o lugar onde deveria morar. O bairro próximo ao comercio grande, tinha indústrias, fabricas, oficinas. Ao mesmo tempo era muito acolhedor, com muitas escolas, igrejas, parques, transporte farto, segurança, padaria, armazém, mercados, feiras livres, cinemas e festas populares. Enfim, uma comunidade que favorecia criar uma família, vinda ela de qualquer lugar do mundo. Ali fomos descobrindo famílias de várias nacionalidades e famílias de diversas regiões do Brasil. Partilhamos experiências culturais e habilidades diferentes. A amizade permitiu nos aproximar de cada uma delas, sem interferência na intimidade ou discriminações de credo ou raça. A meu ver, as crianças e jovens se conhecendo nas brincadeiras, estudando juntos na mesma escola e as mães encontrando apoio e conforto umas nas outras, foram a base dessa harmonia. A família de portugueses, “uma casa portuguesa com certeza”, arrumada na simplicidade e decorada com muito crochê feito pela matriarca. Educados, estudiosos e religiosos. Na época de natal havia uma mesa com rabanadas e vinho do Porto, que uma das minhas irmãs sempre desfrutava. Eram 03 filhas inteligentes. Pessoas bem distintas e que confiavam bastante em nós. A família de alemães, o casal era bem discreto, 05 filhos, as regras da casa eram bem definidas e obedecidas pelas crianças (nem sempre, afinal criança apronta em qualquer nacionalidade). Gripe, febre baixa, dor de cabeça não era motivo para ficar na cama. As crianças, além de estudar, também tinham que participar de alguma atividade física extra: ginastica, atletismo ou ballet. Faziam bolos de aniversários imperdíveis. Eu era a amiguinha da Lili e até hoje, mesmo com as distancias da vida, lembramos uma da outra. Os descendentes de italianos, onde nos incluímos, sempre foi uma turma mais barulhenta. Tendo sempre com uma nona ou um nono para cuidar, mas também para mandar na gente. Muito almoço partilhado com quem chegasse e muita bebida para brindar. Havia, também, italianos mais discretos, um casal com 03 filhos, pessoas de muito valor e batalhadores. Sua dedicação era construir um patrimônio, manter a disciplina e os valores da família. Tivemos uma convivência bem próxima e muito cultivada por uma de suas filhas. Os sírios com seus olhos marcantes, pessoas bem-humoradas e afetivas, uma família mais patriarcal. Com uma mama que cozinhava muito bem. Uma culinária que parecia festa: esfiha, Kibe, doces. Pessoas que podemos chegar e bater um papo bom até hoje. Os mineiros com suas alegrias e também lutas, muita cumplicidade e amizade conosco. Os alagoanos, família toda trabalhava, a criançada aproveitava para brincar por ali. Os pernambucanos, uma distração a parte, era massa ver a arruaça que a mãe deles fazia. Não importava a idade da filha

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ou filho, o que estava fazendo e com quem, ia na janela da casa gritava o nome, dava uma bronca e mandava entrar. Aliás, naquela época a gente não esperava os pais mandarem entrar, pois você teria um problema. Todos sabiam o seu limite de rua e tratassem de obedecer. Ficar na rua brincando era igual a ficar no celular ou joguinhos hoje. Também, conhecíamos os vizinhos pela profissão ou pelo jeitão: D. Bem, “ tudo bem? ”, essa era sua expressão. Uma criatura muito gentil e que nos amava muito. A Tereza costureira, super capacitada e requisitada. D. Graça, espanhola, que vendia os sonhos mais gostosos do mundo. D. Lúcia, portuguesa, dona da mercearia, que se solidarizava com todos que precisavam de sua ajuda para concluir o almoço. O Aguiar do bar que gentilmente cedia o seu telefone para recados da vizinhança. Seu Alípio, o barbeiro, um baiano com sorriso de orelha a orelha. O japonês da tinturaria, a lavadeira nordestina, eles foram os primeiros Delivery que conhecemos, ambos retiravam as roupas em casa e as devolviam limpas e passadas. O dono da fabriquinha, a mulher do tricô, o mecânico, o advogado, o Del Nero do depósito de bebidas, dona Nenê, professora de datilografia. Parte da nossa integração acontecia aos domingos, era um dia bem distinto. Logo de madrugada armava-se a feira livre. Na parte da manhã, tinha a vida religiosa, missa, cultos, etc., depois as compras na feira, o preparo do almoço e a tarde brincar na rua. Como era domingo apareciam mais criança, pois vinham visitar os parentes e assim conhecíamos os primos, sobrinhos e netos. As mães também tinham seu momento de convivência. Era uma relação sem combinar, espontânea, acontecia na porta de casa ou na varanda. As crianças aprendiam a lidar com as situações ou emoções que brotavam naquela convivência, uma pequena ofensa, um machucado causado por um empurrão. A intromissão dos pais só acontecia se essas coisas ultrapassassem os limites de uma boa convivência entre os vizinhos, um desrespeito grave, ou se quebrássemos algo dos amigos ou da vizinhança. Posso dizer que sempre me senti muito grata por ter vivido num espaço tão diverso em cultura, recheado do propósito de trabalho, educação, cheio de brincadeiras e aventuras de juventude. Isso criou laços de amizades que duram até hoje. Foi uma grande oportunidade como “Ser Humano”. Realmente, vivíamos na simplicidade, mas como diplomatas de embaixadas.

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arquivo


Humor

Memória Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

ltemple@uol.com.br Madaleno não dormiu bem e não sabia o motivo. Jantou, descansou, tomou remédios para pressão, colesterol, diabetes, úlcera, triglicérides e artrite reumatoide. Não tomou o remédio da memória porque acabou e ele esqueceu de comprar. Acordou preocupado, sem saber o que lhe tirou o sono. Pegou o jornal e leu: “Hoje, último dia para entrega do Imposto de Renda.” É isso! Eu me esqueci completamente! Largou o café da manhã e foi para o home office. A mesa estava uma bagunça e Madaleno decidiu arrumar tudo. Depois, força, foco e fé no I. R. Não levaria mais que duas ou três horas, mas o laptop pediu para atualizar o sistema operacional. Melhor fazer logo isso. - Atualização iniciada. Tempo estimado: 40 minutos. - Droga! Esqueci de atualizar antes. Mas ainda dá tempo. Madaleno precisava de um cafezinho. Pôs água na caneca, acendeu o fogo, viu as plantas secas na varanda e decidiu aguar. Retirou folhas mortas, limpou o piso e voltou à cozinha. A água evaporou. Mais água na caneca e foi ver o computador. Tela preta. Esqueceu de ligar na tomada e a bateria não aguentou. Maldita memória! Ligou o laptop na tomada e reiniciou o processo. Pelo interfone, avisaram que é hora de colocar o lixo no corredor. O saco plástico estourou, ele pegou outro, mas precisou limpar a meleca no piso. Pegou balde, pano, produtos de limpeza e limpou tudo. Abriu a porta e o faxineiro já tinha passado. Recolocou o saco na lavanderia e voltou para a cozinha. A água evaporou, mas sobrou o suficiente para um café curto.

Redação

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Interfone: seu carro está brecado, ele esqueceu de deixar a chave no painel e o vizinho precisa sair. O elevador demorou e quando porta abriu, dona Isolda lembrou que está sem máscara. Voltou para pegar, mas não lembrava onde tinha guardado. Improvisou um pano no rosto, desceu rápido pela escada e desculpou-se com o vizinho. Voltou para a cozinha e tomou o café frio. O computador ressuscitou. Tudo pronto para começar, exceto pelo alerta do antivírus. Melhor atualizar. Entrou no site, iniciou a compra, esqueceu a senha. Memória de m...@! Conseguiu recuperar a senha e agora era só procurar o cartão de crédito, coisa que consumiu apenas 15 minutos. - Compra finalizada com sucesso. Deseja instalar agora? - Não, idiota! Eu coleciono antivírus! É claro que quero instalar! - Tempo estimado: 10 minutos. O computador será reinicializado. A campainha tocou. Madaleno abriu a porta da sala e não viu ninguém. Tocou novamente. Era na estrada de serviço e ele não lembrava a diferença dos toques. Droga de memória! Era o zelador entregando boletos e um livro: “Como melhorar a memória e a concentração.” Não lembrava dessa compra. Assinou o protocolo e sentiu o estômago reclamar. Viu o ímã de geladeira com o número do delivery e pediu almoço. Voltou ao computador. Tudo certo agora. Ia acessar o site da Receita Federal quando notou 78 e-mails não lidos. 72 eram de vendas: mangueira mágica, remédios para impotência, planos de saúde, aumente seu pênis, mais planos de saúde, operadoras de celular, Tarô digital etc. Cinco eram cobranças do que esqueceu de pagar e um não abria. Forçou abrir e o laptop travou. - Deve ser vírus. Preciso atualizar o antivírus.

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Interfone novamente: sua comida chegou. No térreo, vê no espelho que, esqueceu a máscara. Voltou e viu que esqueceu a porta aberta e o cachorro do vizinho estava demarcando território no tapete. Tentou espantar o animal e ganhou uma mordida. Não lembrava onde guardou o band-aid. Pesquisou mordida de cão no Google, ligou para a farmácia, pediu remédios e band-aid. O interfone insistiu e ele foi buscar a comida fria. Requentou no micro-ondas, ligou a TV e o telejornal lembrou o fim do prazo para a declaração de renda. Largou tudo e entrou no site da Receita Federal: - Atualize o aplicativo Jawa para baixar o software do IR. - Instalação do Jawa em andamento. O computador será reinicializado. Tempo estimado: 15 minutos. Voltou à cozinha para almoçar a comida fria. Retornou ao escritório e começou a declaração. Não lembra onde estão os comprovantes. Após meia hora procurando, resolveu telefonar para o contador. - Seu Chico, tudo bem? Preciso dos comprovantes de rendimentos. - Estão aqui, na sua pasta, mas prá que precisa disso agora? - Para fazer minha declaração de renda, oras! Hoje é o último dia! - Madaleno, você me mandou os comprovantes há um mês, eu fiz sua declaração e já entreguei. Esqueceu? - Alô! É da farmácia? Tem algum remédio porreta para a memória? Conhecem alguém assim? Esquecido e atrapalhado? Eu conheço, só não me lembro quem é

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‘Causos’ do Nordeste

A lenda do Papa Figo Tony de Sousa Cineasta

Existe uma lenda no folclore brasileiro sobre um personagem chamado “Papa Figo”. Na minha infância ouvi muito falar desse personagem. Também conhecido como “Velho do Saco” ou “Homem do Saco”. O folclorista e antropólogo Luiz da Câmara Cascudo, meu conterrâneo, descreve essa figura da seguinte forma: “O papa-figo é como o lobisomem da cidade, que não muda de forma, sendo alto e magro. Diz-se que é um velho negro, sujo, vestido de farrapos, com um saco ou sem ele, ocupando-se em raptar crianças para comer-lhes o fígado ou vendê-lo aos leprosos ricos. Em outras regiões é muito pálido, esquálido, com barba sempre por fazer. Saí à noite, às tardes ou ao crepúsculo. Aproveita para as saídas das escolas, os jardins onde as amas se distraem com os namorados, os parques assombrados. Atrai as crianças com disfarces ou mostrando brinquedos, dando falsos recados ou prometendo levá-las para um local onde há muita coisa bonita” No tempo do meu pai e do meu avô, no nosso meio, não se falava em trauma emocional. Naquela época, além dos castigos físicos (surra de

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Ilustração: escolaeducacao.com.br

corda ou de cinto de couro, bolos de palmatória) quando queriam manter as crianças longe de algo que consideravam perigoso, os adultos usavam o artificio de contar histórias de assombração para elas. A lenda do Papa Figo era uma dessas histórias. Meu tio José gostava de me assustar colocando-me na garupa do burro de um velho que tinha lábios leporinos. Eu gritava desesperado porque achava que ele era o Papa Figo. O que é curioso nessa história do Papa Figo, é que apesar das descrições dos estudiosos do assunto, ele não é um personagem único. Cada lugar elege o seu Papa Figo. Na cidade de Natal havia um Papa Figo que era mulher. Uma tal de viúva Machado. Diziam que ela tinha uma doença desconhecida que fazia crescer as orelhas. E para se curar dessa doença precisava comer fígado de criança. Essa viúva tinha uns empregados que andavam para cima e para baixo num Jeep preto e o povo dizia que eles raptavam crianças nas ruas e levavam para viúva. Em Mossoró havia um senhor que tinha também um Jeep preto e diziam que ele era Papa Figo. Diziam que suas orelhas eram enormes. Mas ninguém conseguia vê-las porque ele estava sempre de chapéu. Conheço um cara chamado Mineiro, que fala um monte de expressões muito engraçadas, pronunciadas de acordo com o que ele ouve. Fez, quer dizer Face, de Facebook. “Seu Antonio, eu agora tô no Fez.” E figo, a fruta, ele pronuncia fígado. “Seu Antonio viu como o pé de fígado tá carregado?” Perguntei para ele se ele conhecia o Papa Figo e ele com toda naturalidade respondeu: “Claro seu Antonio, quando eu era pequeno, lá em casa viviam me falando desse tal de Papa Fígado”

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Mensagens para leitura e meditação

Coragem e Esperança Lenildo Solano Professor

Sentimos felizes com tudo que fazemos de bom e de belo, é logico, e admiramos a tudo que não fazemos, torcendo sempre para o pleno sucesso. Com esta colocação vamos falar sobre a coragem e a esperança num sentido bem pessoal, esperando que tenha semelhança, retrate com a opinião de outras pessoas o quanto significa este binômio poderoso no caminhar das nossas vidas. Somos apaixonados pela mãe Natureza como um todo, do equilíbrio dos astros, da composição de uma molécula, da formação e funcionamento do nosso organismo, da água, do fogo, do vento, da flora, da fauna enfim da gênese do nosso planeta. A necessidade, o motivo levado a preservação e a conquista são os principais fatores que influenciam em termos coragem além do conhecimento, do domínio, da segurança e, principalmente, da fé. Já ouvimos muitas vezes este questionamento, se a coragem é fruto da fé então, quem não tem fé nunca terá coragem? Quando falamos da fé devemos analisá-la em dois aspectos, um deles é a certeza de que alcançaremos o nosso objetivo, já vemos, sentimos o resultado e o outro aspecto é a fé confiança em Deus enfim, acreditarmos no que não vemos mas sentimos. A coragem motiva a esperança e a esperança por sua vez motiva a coragem; intensificando, potencializando a nossa ação na obtenção, na realização dos objetivos, das coisas desejadas, das metas planejadas. De vários outros adjetivos e virtudes formam, caracterizam um vencedor, mas a coragem e a esperança são fundamentais. Não nos esqueçamos de que vencedor também é aquele que sabe recuar e replanejar a ação com mais competência, prudência após o insucesso. Conscientizemos de que a coragem e a espe-

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rança, juntamente, com a fé e a família são os combustíveis imprescindíveis da vida; sem eles a vida perde todo sentido! Como símbolo de força, coragem e porque não da esperança temos o leão e vamos a um poema: A LEOA E SEUS FILHOTINHOS A leoa saiu com seus filhotes Pixabay

em busca de alimentação mas deparou com uma má situação Mesmo tendo a coragem por ser um animal felino sentiu-se acuada e recuo pela segurança dos filhotinhos Deu-nos uma bela lição de paciência e observação acariciando os filhotes inocentes até o momento de ter a alimentação Ela estava de olho em grupos de diferentes animais que poderiam vir de encontro e seus pequenos serem vítimas fatais A sua coragem e esperança contemplaram em um feliz e saboroso final os outros se foram e ela com os filhotes alimentaram das sobras deixadas de abatido animal. - Com humildade e observação aprendemos muito com a mãe Natureza!

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Mensagens

Construir o passado Luiz Arnaldo Moncau

Acordar. Por alguns minutos permanecer deitado. Lembranças vêem à mente, e com elas a sensação de viajar. Elevar-se do solo, ganhar altura, e ir deixando para trás as coisas do dia a dia, mergulhando num mundo que por alguns dias não terá obrigações nem cobranças. Livre, leve e solto. E assim liberto, olhar para trás e ver a vida de uma perspectiva diferente, mais do alto, menos perdida nos detalhes, mais nítida a verdadeira grandeza de algumas coisas e a pequenez de tantas outras... Ainda deitado, com a sensação de viagem ainda por perto, voltar a mente para o futuro, imaginar-se em algum ponto vago do futuro. E se surpreender ao se ver, lá na frente, olhando para trás, olhando para si próprio aqui deitado. Sim, imagine-se no futuro a olhar para si próprio hoje, E perceber, extasiado, assustado, quase em choque, que o atrás é hoje... A partir deste dia, deste susto, desta experiência, se levantar todos os dias, olhar para os pés, para o chão em que se pisa, fechar os olhos, respirar fundo, e trazer para dentro de si o espírito do viajante. Elevar-se do chão, mentalmente, e subir, não muito, apenas o suficiente para ver o seu mundo, o seu novo dia em perspectiva. E lá da frente, lá do futuro, olhar para trás para este dia que começa: os problemas, as oportunidades, os medos, as expectativas e necessidades, suas e dos outros. Sim, há muitos desafios, mas há um bom número de pequenas coisas que estão ao alcance das mãos e das suas forças, um bom número de ações e atitudes que se

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Foto: Nadiya Ploschenko

pode tomar, que se transformarão em realizações, alegrias, alívios, agradecimentos. Reordenar um pouco as prioridades, introduzir dois ou três telefonemas, duas ou três palavras rápidas e apropriadas a pessoas que estarão no seu caminho, próximo dele ou ao seu redor. Introduzir um pequeno ajuste na postura, no estado de espírito, na forma de abordar o dia. Sim, olhando de longe, lá da frente, perceber a força que se tem. Perceber, nesta hora, lá na frente, que se tem o poder de mudar o passado. Perceber não só que estas mudanças sutis são possíveis, mas principalmente que são necessárias. Respirar fundo novamente, e com um sorriso firme nos lábios voltar lentamente ao chão, voltar desta viagem que se aprendeu a fazer nos primeiros minutos de cada manhã, ou em pequenos intervalos de cada dia. Pisar no chão e sorrir por ter descoberto o poder de mudar o passado. E de olhos abertos, bem abertos, levantar-se e começar a mudá-lo. A cada novo dia pisar no chão com a disposição e energia de viajantes que somos. Sim, agora, neste exato momento, levantar-se e começar o seu novo dia. Começar diferente, porque estará construindo o que será seu passado. E ao fim do dia, olhar para aquele dia e ver as pequenas vitórias, ver não só as lutas, mas como se lutou. Sim, terá conseguido mudar muitas coisas. Seu passado ficará um pouco melhor, talvez bem melhor, não tanto pelo tanto que se mudou, mas porque se teve a felicidade e a coragem de buscar e praticar a mudança. E a sensação ao fim do dia será tão maravilhosamente boa, que o fará, neste momento, nesta manhã, neste regresso, o fará levantar-se e caminhar confiante e certo das muitas surpresas que irá causar aos outros e a si mesmo. Levantar-se, começar a moldar o presente, começar a construir o passado. Amém. Luiz Arnaldo C. Moncau 20 junho 2001 (escrito exatamente há 20 anos)

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A História da Arte

O Renascimento pleno na Itália A pintura

Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

Foi o tempo que o Renascimento Pleno na Itália seria continuação do Proto-Renascimento. Supunha-se que mestres como Leonardo, Bramânte, Miguel Ângelo, Rafael, Ticiano iriam partilhar os ideais de seus predecessores. Esse período que começamos a estudar à partir de agora poderia consumir muitas e muitas edições dessa revista então, iremos tentar citar (se é que é possível) os pontos mais importantes. Pessoalmente acho que todos os pontos do Renascimento formariam dezenas de páginas impossíveis de resumir, mas vamos lá. As qualidades do Pronto-Renascimento foram, de certa forma, passadas aos artistas de 1520 em diante. Parece que não mas mas os artistas do Renascimento Pleno acabaram por aceitar regras que já eram seguidas no período antecessor. Vamos começar com Leonardo da Vinci Leonardo deixou inacabada uma obra (deixou várias) chamada Adoração dos Reis Magos na qual fez dezenas de estudos preliminares e cujo traçado revela uma ordem geométrica do esquema de construção lembrando mais uma pintura florentina. O mais surpreendente desse painel é o modo como está pintado, embora Leonardo nem tivesse acabado o preparo dos desenhos. Leonardo iniciou um método em que não fazia mais os contornos das figuras e sim as dava um volume tridimensional tornando variável a incidência da luz pelo lado em que ele imaginava estar. A esse método foi dado o nome de chiaroscuro (claro escuro) e isso faz a separação e distanciamento entre uma imagem e outra tornando elementos muito realísticos. Além disso, Leonardo colocava em suas obras algo que transmitia a verdadeira incidência de um “milagre”. Voltaremos na próxima edição com mais observações sobre as obras de Leonardo. Até lá.

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A adoração dos Magos - Leonardo da Vinci Galeria Uffizi - Florença - Itália

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Vida Saudável

Curiosidades sobre o consumo de carne Cida Tammaro Adm. de Empresas

Você sabia? 1 - comer carne, é desperdício de comida, pois a cada 10 calorias de carne que você consome, foram necessários 100 calorias para alimentar os animais? Muita gente acha, que se não produzirmos carne, não teremos comida para todos. Na verdade, a realidade, é o inverso. Ao produzirmos carne, precisamos alimentar os animais, para que esses cresçam, e se desenvolvam mas, esse processo, eles gastam muita energia, é óbvio! Ou seja, desperdício absurdo de alimentos (não se engane, os bois que vivem no pasto, na época da engorda, também recebem ração (desperdício de terras e alimentos vegetais). Se você acha o veganismo uma besteira, ao menos, deve ser contra a fome no mundo. Faça sua escolha, mas leve em conta, o 10 para 1, que representa o bifinho no prato. 2 - a pecuária ocupa 75% das terras cultiváveis no planeta, mas é responsável apenas, por 12% das calorias que alimentam a população mundial? É comum as pessoas falarem que sem carne, não poderia a população mundial ser alimentada, mas estudos (de pesquisadores não veganos), apontam para o equívoco dessa afirmação. Saiba mais a respeito, em www.svb.org.br/ livros - Impactos da pecuária no Brasil e no mundo.

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3 - boa parte dos animais de criação, recebem ração enriquecida com vitamina B12. Será que estamos tomando uma suplementação terceirizada? Muitos falam “mas veganos tem que suplementar B12”. Sim, temos que ter atenção mesmo, mas, terceirizar suplementação, é no mínimo estranho. 4 - galinhas da indústria de ovos, vivem abarrotadas em gaiolas com um espaço menor do que uma folha A4? Com o preço das carnes em alta, muita gente, opta por comer ovos. A maioria esmagadora dos ovos encontrados nos mercados e vendinhas, são abastecidos por granjas que promovem esse tipo de vida para as galinhas. Vivem em um espaço menor do que uma folha A4 (procurem na internet, gaiola para galinhas poedeiras e, se certifiquem que isso é real). Vivem com luz artificial, sendo estimuladas 18 horas em média, por dia, para que botem mais ovos. Não colocam os pés no chão, apenas nas grades, para seus excrementos caírem direto no chão, o que causa muitos ferimentos. Elas não podem nem abrir as asas, e quando não mais produzem como o esperado, são abatidas, para consumo. É exatamente que existe atrás de um omelete, ou ovos mexidos. Receita Mousse vegano de chocolate Ingredientes 1 2 1 4 1

abacate maduro colheres de sopa de cacau em pó pitada de canela em pó colheres de sopa de melado de cana colher de chá de essência de baunilha

Modo de fazer blog.tudogostoso.com.br

Misture tudo no liquidificador, bata bem, leve à geladeira por duas horas, após esse tempo, pode servir. - Ricardo Laurino - @receitasveganas - @sociedadevegetariana-svb.org.br

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Nosso cafézinho

24 de maio dia nacional do café Cida Castilho Barista

Dia 24 de maio foi instituído Dia Nacional do Café em 2005 pela ABIC (Associação Brasileira da Indústria do café), data importante para o Brasil, que marca início de colheita nas regiões cafeeiras e foi pensada em valorizar o produto que é paixão nacional e homenagear essa bebida consumida no mundialmente. Ai, friozinho chegando e nada melhor que uma bebida quente para nos aquecer. Junto com o frio vem a Festa junina no mês de junho iniciando consumo de bebidas quente para saborear como; quentão, vinho quente e um café com paçoca. Café com paçoca Ingredientes 1 Xícara média 1 rolinho de paçoca 2 colheres de sobremesa de doce de leite 1 xícara de café (coado) ou (espresso) 100ml de leite quente Canela em pó (opcional) Modo de preparo Misturar a paçoca junto com o doce de leite Com as costas da colher de sobremesa, passar a mistura do doce de leite com paçoca na parede da xícara e deixar as bordas com bastante produto. Adicionar o café e leite e canela Foto ilustrativa, fica a critério de cada um resultado diferente. Invente! Cida Castilho - 9 9914 8868 youtube/cidacastilho@cidacastilho_blend blendespecial@gmail.com

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Foto: www.rappi.com.br


Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Fotos e receitas da Colunista

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

E o friozinho tá chegando ... e com ele o Dia dos Namorados pra ficarmos juntinhos e nos enamorarmos. Postarei esta poesia da minha amiga Cidinha Cassiano: Namorar-te Namorar-te doce ilusão Viver esse real momento Sou tão feliz ao teu lado És dono do meu pensamento Me perco no seu olhar Nossas mãos entrelaçadas Tão bom te namorar Ser sua mulher amada Quando estou ao seu lado O tempo parece parar É como viver um sonho Querendo nunca acordar És meu amor abrigo Seu corpo é meu lar Estarei sempre contigo Eternamente vou te amar! Então vamos às receitas bem quentinhas... Pra começar um delicioso Consomè de Mandioquinha com Camarão Tempo de Preparo: 40 minutos magazine

Consomè de Mandioquinha com Camarão

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Rendimento: 4 pessoas Ingredientes: 600g de mandioquinhas, descascadas e picadas 1,5l de água fervente 400g de camarão limpo e sem casca 2 colheres (sopa) de cheiro-verde picado alho (a gosto) - 1 colher de chá cebola (a gosto) - 2 colheres de sopa Sal e pimenta-do-reino a gosto 1 colher sopa de azeite 1 folha de louro Modo de fazer: Em uma panela, coloque o azeite, deixe esquentar bem; coloque o louro, o alho, deixe dourar, depois a cebola, em seguida a mandioquinha. Deixe dar uma refogada e coloque a água fervente. Deixe cozinhar até a mandioquinha ficar cozida. Quando estiver cozida, bata com um mixer ou no liquidificador. Volte à panela e quando começar a ferver, coloque os camarões. Deixe uns 5 minutos de fervura. Desligue a panela e acrescente o cheiro-verde.

Abobrinhas Recheadas

Abobrinhas Recheadas com Linguiça Toscana Tempo de preparo: 40 minutos Rendimento: 6 porções Ingredientes: 150g de muçarela ralada 2 abobrinhas médias cortadas em 3 pedaços, tire o miolo deixando o fundo pra não ficar aberto 1 tomate picado em cubos 1 dente de alho picado 1/2 cebola média picada 1 xícara de chá de molho de tomate 4 linguiças toscana 1 colher de sopa de azeite Modo de fazer:

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Peras ao


Tire a pele da linguiça e desmanche-a, para que fique tipo moída. Em uma panela coloque o azeite pra esquentar, em seguida coloque o alho triturado, para dar uma fritada. Corte toda a polpa de abobrinhas em pedaços pequenos. Em seguida coloque a linguiça e vá mexendo até ficar bem sequinha. Depois coloque a cebola e mexa até murchar. Junte o miolo da abobrinha, tomate logo após. Mexa bem e ponha o molho de tomate e deixe dar uma fervida. Encha as abobrinhas e coloque-as em forno preaquecidos a 180 C por 40 minutos. Coloque a muçarela e volte ao forno até que derreta. Você pode comer pura ou com arroz. Sobremesa: Peras ao vinho Tempo de preparo: 40 minutos Rendimento: 6 porções

com Linguiça Toscana

o vinho

Ingredientes: 6 miniperas (Peras Portuguesas) lavadas e secas 1 copo (200ml) de vinho tinto seco 1/2 copo de vinho do Porto 1 xícara de açúcar 4 cravos 1 pote de sorvete de creme Modo de fazer: Em uma panela colocar vinho tinto vinho do Porto açúcar cravos Deixar ferver até que a calda tome corpo. Coloque as pêras e as deixe embebidas nessa calda até que se encorpe. Sirva 2 bolas de sorvete de creme e por cima 1 pera com a calda. Que você faça sucesso fazendo estas receitas para o seu amor!

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Aguardem mais informações nas próximas edições

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ESPETÁCULO MUSICAL: “MISS BRASIL 60+ PODE” Realização do Projeto: UPTV de São Bernardo do Campo. Texto e Direção Beneh Mendes (Estreia outubro de 21) Beneh Mendes: Mestre das Terapias do Bambu Sagrado (Arte do Não Sofrer). Terapeuta como Acupunturista, Medicina Complementar e Coach de Saúde e Bem-estar/USP. - Profissional de Teatro desde 1970 com 54 produções como: Produtor/ diretor / Ator e Autor. Espetáculos como: Dzi Croquettes / Secos e Molhados / Pano de Boca / Filhos de Kennedy / Ópera do Malandro / Édipo Rei / Drummond – A Poesia de uma Vida / e outros. - Atualmente: Dirigindo o espetáculo “Das Mãos do Imperador”, com estreia para maio.

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No dia 12/06, sábado, de 10 às 16 horas, será realizada a eleição para o Grande Conselho Municipal do Idoso, órgão colegiado de representação da pessoa idosa na cidade de Sào Paulo. Apresentamos , abaixo, as candidatas participantes do coletivo Trabalho60 +, com atuação na luta por políticas públicas que visem proporcionar um envelhecimen-to digno e ativo. Para votar, é necessário ter sessenta anos ou mais. Caso não tenha se inscrito como eleitor para votação “on line”, poderá votar presencialmente, mas só em um dos locais indicados para a região do seu domicílio. Neste caso, deverá apresentar comprovante de residência, para confirmar que é daquela região, documento de identidade com foto e comprovante de CPF, como também levar caneta azul ou pre-ta. O uso de máscara é obrigatório. Ainda, informamos que no caso da Região Norte, foi disponibilizado mais um endereço: Clube Escola Jardim São Paulo, Rua Viri, 425 (nas proximidades do Sesc Santana). Região Leste: 1)Centro de Cidadania da Mulher -Itaquera -Rua Ibiajara, 495; 2)Centro de Cidadania LGBT Laura Vermont – Avenida Nordestina, 496 –São Miguel Paulista. Região Norte: 1)Centro da Cidadania da Mulher -Perus - Rua Aurora Boreal, 43. Região Sul: 1)Centro da Cidadania da Mulher -Santo Amaro - Praça Salim Farah Maluf, s/n; 2) Centro da Cidadania da Mulher -Capela do Socorro Rua Professor Oscar Barreto Filho, 350 -Grajaú; 3)Centro de Referência da Mulher -Eliane Grammont Rua Dr. Bacelar, 20 - Vila Clementino; 4)Centro de Cidadania da Mulher Rua Terezinha do Prado Oliveira, 119 -Parelheiros. Região Oeste: 1)Centro de Referência Especializado de Assistência Social -CREAS (Butantã) -Avenida Ministro Laudo Ferreira de Camargo, 320 -Jardim Peri Peri; 2) Centro de Referência de Assistência Social -CRAS (Lapa)Rua Caio Gracco, 421; 3) Centro de Referência de Assistência Social -CRAS (Pinheiros) Rua MoratoCoelho, 104/106.Região Centro:1)Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania -Rua Líbero Badaró, 119 -Centro (conforme resolução nº 18/GCMI publicada no Diário Oficial da cidade de São Paulo no dia 01/12/2020 os eleitores da macrorregião leste poderão votar no endereço acima mencionado);2)Polo Cultural da Terceira Idade José Lewgoy -Rua Teixeira Mendes, 262 -Cambuci

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segunda capa


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