Magazine 60+ #35

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#35

Variedades - Cultura - Informações Ano III

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Formato A4 | internet livre

Argentina

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Maio - Junho/2022 - #35

- Brasil - Portugal

Uma Rainha que foi às termas Páginas 19 e 20

Foto: Cidália Aguiar A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


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Editorial

seja bem-vindo Por: Laerte Temple “O importante não é o fato, mas a versão.” Benedito Valadares, político mineiro. O bom jornalista checa a fonte, confere a informação e ouve o outro lado antes de finalizar a matéria. Jornalismo sério incomoda. Aplicando Valadares: “Se a versão vende mais do que o fato, publique-se a versão.” A audiência aumenta e gera mais receita com publicidade. Patrono da minha turma de Direito, o jurista Heráclito Fontoura Sobral Pinto dizia que o advogado é o primeiro juiz da causa. Quando representa um réu e as provas são incontestes, deve garantir que ele não receba pena maior que a merecida em vez de tentar inocenta-lo. Porém, nem sempre é assim. Leis confusas, jurisprudência oscilante, recursos sem fim, prerrogativa de foro, prazo prescricional etc. levam a crer que às vezes o crime compensa. Bons profissionais de Marketing consideram o termo “marketeiro”, depreciativo, assim como motoqueiro, para o motociclista. Parafraseando Sobral Pinto, o profissional de Marketing é o primeiro juíz do produto e não deve “empurrar” para o consumidor aquilo que não cumpre o que promete. É propaganda enganosa. Mas o “marketeiro de campanha” não pensa assim. Numa sociedade ideal, policial não pratica crime, religioso não é pedófilo, advogado não tenta inocentar o culpado, juíz não vende sentença, mídia não divulga notícia falsa, publicitário não anuncia produto enganoso e político não faz promessa que não cumprirá. Mas nossa sociedade não é ideal. Para Aristóteles, o homem é imperfeito, mas é perfeccionável. Porém, muitos buscam o sucesso, não pelo árduo caminho da perfeição, mas pelo leve atalho da enganação. Existem órgãos para fiscalizar e aparato judicial para processar e julgar abusos, instituições sérias, com membros falíveis e que por vezes erram na interpretação dos fatos. E é decepcionante ver os justos tratados segundo a cartilha dos injustos. Nelson Rodrigues dizia que o dinheiro compra tudo, até o amor sincero. Se a grana é boa, sempre haverá um amoral a vender gato por lebre, fazer do bandido vítima da sociedade, divulgar o falso por dar mais audiência e acatar pressão de grupos de interesse em detrimento do coletivo. Como diz o samba de Correia da Silva e Brigadeiro: “Camelô na conversa ele vende algodão por veludo, Não tem bronca porque nesse mundo tem bobo pra tudo.” Não é justo chamar de bobo quem não consegue checar o que ouve, lê ou assiste. Enganadores profissionais fazem com que até pessoas experientes e bem informadas sejam traídas por falsas narrativas. Importa o fim – vencer – e não os meios. No Código Penal, “fake news” não possui tipificação precisa. A Justiça Eleitoral é lenta e há vários casos nos quais a sentença ocorre no final do mandato. Existe político cassado por abuso econômico e fraude nas contas, mas nunca por mentir na campanha ou descumprir promessa. Por isso, o eleitor é o primeiro juiz do candidato e o único a decidir quem merece o voto. A pesquisa influencia o eleitor? O mundo tem vários casos de pesquisas viciadas e não há como avaliar sua interferência no voto. Conheci pessoas que diziam: “não perco meu voto”. Leia-se: “sempre voto no vencedor”. Acham que votando no ga-

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nhador, também ganham. Pautam o voto pelas pesquisas. Se alguém compra um produto errado ou inadequado, o vendedor idôneo substitui ou devolve o dinheiro. O mesmo não ocorre com o eleito que decepciona, mente, trai ou se afasta das promessas. Não há reembolso ou substituição. Só na próxima eleição. Político, como automóvel, deveria ter recall. Deu defeito, substitua-se o quanto antes, sem prerrogativa de foro. Não defendo ou ataco candidatos. Apenas apresento fatos e critérios para análise. Minha sugestão é que o eleitor escolha candidatos como escolhe seu dentista: conheça o profissional, busque referências, informe-se. Você confia sua saúde bucal no mais próximo, barato ou simpático? Não! Você quer o melhor que seu dinheiro pode pagar. Use esses critérios para a escolher candidato

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Nosso time de Colunistas Herodoto Barbeiro 4e5 Silvia Triboni 7 a 10 João Aranha 13 a 16 Sandra Schevinsky 17 e 18 Cidália Aguiar (CAPA) 19 e 20 Marisa da Camara 21 e 22 Veterinária USP 23 e 24 Thais B. Lima 25 a 27 Fabio F. Sá (Reportagem) 29 e 30 Marcelo Conti 35 e 37 Norberto Worobeizyk (Reportagem) 39 e 40 Sonia Fernandez 43 a 45 Laerte Temple 47 e 48 Katia Brito 49 e 50 Osvaldo Bifulco 51 e 52 Tony de Sousa 53 e 54 Anita Tarasiewicz 55 e 56 Lenildo Solano 63 Liça Bonfin 65 e 66 Luiz A. Moncau 67 e 68 Marly de Souza 69 e 70 Cida Castilho 71 a 72 Ebe Fabra 75 a 78

AVISO LEGAL: Não há intenção de infringir direitos de autoria. Este Revista é apenas para fins educacionais e de entretenimento. Os direitos das fotos e textos pertencem àqueles citados nas reportagens, aos quais agradecemos imensamente This magazine is distributed via the internet to the Cancer Institute


Crônicas do Brasil - Parece mas não é

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

O líder exige que o desfile da vitória seja o maior possível. É preciso mostrar ao mundo, especialmente para os americanos, a pujança das forças armadas nacionais. O local mais conhecido é a Praça Vermelha, ou bonita, como se diz em Moscou, ao lado do Kremlin. O palanque oficial com a liderança nacional fica postado na marquise, sobre o mausoléu de pedra vermelha onde se conserva mumificado o corpo de Wladimir Ulianov, o Lênin, líder da revolução comunista de 1917, quando derrubou o governo republicano e instalou a ditadura do proletariado. A parada militar, ao mesmo tempo, comemora a vitória sobre o inimigo e a recuperação da importância geopolítica do país. As nações ocidentais avaliam o surgimento da potência militar que tem planos para levar as fronteiras nacionais para o ocidente. A mídia sob o controle do governo tem ordens de dar a maior cobertura, reservar grandes espaços para o desfile militar e exaltar a bravura dos soldados e o patriotismo de todo o povo. As prisões estão cheias de dissidentes, oposicionistas, jornalistas e até mesmo políticos do partido oficial acusados de traição. A pena é morgar em um campo de concentração na gélida Sibéria. Nada pode turvar a festa mais importante do país. As regiões consideradas estratégicas estão sob a mira dos burocratas do Kremlin. Especialmente a Ucrânia considerada a área agrícola mais produtiva da Europa, a sede da “terra negra”. A produção do trigo é um fator estratégico uma vez que alimenta não só a população ucraniana como a russa e de todos os povos espalhados pela Eurásia. De forma alguma a burocracia do Kremlin cogita permitir que ela se torne um país livre e que possa se aliar com o Ocidente. Por isso inserem a Ucrânia no mapa da concentração de forças militares que possam não só impedir um avanço contra o regime autocrata russo, como servir de base para um ataque em outros países da Europa Oriental. Não se afasta a possibilidade de uma Terceira Guerra, o que atemoriza parte da população mundial, dividida entre os que acusam os Estados Unidos de imperialismo, e os que acusam os russos de um social imperialismo. Está aberta uma guerra de versões, propaganda, marketing e até mesmo religiosa. A expansão russa está fora do controle. Os estrategistas ocidentais acreditam que a única forma de impedir esses avanços é a OTAN, Organização do Tratado do Atlântico Norte. Uma cláusula do acordo estabelece que se um membro for atacado, todos os outros reagem em solidariedade. O dia 9 de maio é a comemoração mais importante do país. Marca a vitória contra o inimigo que opôs seríssima resistência ao avanço das Forças Armadas Nacionais. Lembra também a grande quantidade de civis que morreram diante das tropas inimigas, especialmente em Leningrado, onde pereceram aproximadamente um milhão de habitantes. O desfile é encomendado pelo ditador Josef Stalin, por meio de uma ordem do Gabinete do Supremo Comandante em Chefe da Forças Armadas da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Mobiliza 40 mil soldados do Exército Vermelho e 1850 veículos militares. Dura mais de duas horas debaixo

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de chuva, um mês depois da rendição do III Reich aos comandantes soviéticos. Na Ucrânia e em outros países da Europa Oriental os partidos comunistas locais lideram movimentos para ingressar na União Soviética e formam o que o primeiro ministro britânico, Winston Churchill, chama de Cortina de Ferro. A democracia liberal está com os seus dias contados com a instalação de chefetes locais subordinados à Moscou. Ninguém imagina que um dia a URSS possa se desfazer e os países submetidos optarem pela OTAN e o modo de vida ocidental. Expressar essa hipótese pode custar a vida diante de um pelotão de fuzilamento.

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Mudança de Hábito

Etarismo na inteligência artificial Fotos enviadas pela colunista

Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Você sabia que a Inteligência Artificial cada vez mais usada na área da saúde corre o risco de aprofundar a discriminação contra os idosos? Pois é! A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um alerta quanto à possibilidade de existência do Etarismo na Inteligência Artificial para a Saúde. Em fevereiro de 2022 a OMS apresentou o relatório “Ageísmo em inteligência artificial para a saúde” que decorreu do exame sobre o uso de inteligência artificial na medicina e na saúde pública para as pessoas idosas. Nesta análise foram apresentadas as condições em que a Inteligência Artificial pode exacerbar ou introduzir novas formas de etarismo. Apresenta, também, medidas legais, não legais e técnicas que podem ser usadas para minimizar o risco do idadismo, e, ainda, maximizar os benefícios dessas tecnologias aos sêniores. Neste artigo apresentarei uma síntese deste relatório/guia, o qual deve ser lido em sua íntegra. Imagem do site https://online.stanford.edu/programs/artificial-intelligence-healthcare O que é Inteligência Artificial “A inteligência artificial (IA) é a capacidade de uma máquina para reproduzir competências semelhantes às humanas como é o caso do raciocínio, a aprendizagem, o planejamento e a criatividade”. “A IA permite que os sistemas informatizados percebam o ambiente que os rodeia, lidem com o que percebem e resolvam problemas, agindo no sentido de alcançar um objetivo específico.” Riscos do Etarismo no Design e no Uso das Tecnologias para a Saúde Embora as tecnologias de IA existam para melhorar os cuidados de saúde para as pessoas idosas, para que isso verdadeiramente aconteça é preciso assegurar que as tecnologias não extrapolem os seus objetivos. O preconceito etário na codificação, a discriminação na elaboração e uso da tecnologia de IA pode, por exemplo: ✔ Prejudicar a qualidade dos cuidados de saúde aos idosos; ✔ reduzir o engajamento intergeracional; ✔ Limitar o uso benéfico de tecnologias de IA; ✔ Assumir suposições muitas vezes equivocada sobre como os idosos desejam viver ou interagir com a tecnologia no seu dia a dia.

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“A codificação de estereótipos, preconceitos, discriminação e idadismo na tecnologia de IA, ou sua manifestação em seu uso, podem minar a qualidade dos cuidados de saúde para idosos”. Para exemplificar ainda mais este uso nocivo, importante lembrar que a Inteligência Artificial nos programas informatizados pode influenciar as decisões sobre a priorização ou alocação de recursos para os cuidados clínicos das pessoas. A OMS enfatizou em seu relatório os benefícios dos sistemas de IA no atendimento de idosos, no entanto, alertou a importância da constante atenção aos desafios éticos que decorrem do uso desses sistemas. Etarismo pode ser codificado em dados Big data biomédicos são eticamente, e cientificamente, importantes para as tecnologias com Inteligência Artificial, no entanto, esses conjuntos de dados usados para “treinar” os modelos de IA (big data) geralmente excluem as pessoas idosas, que acabam fazendo parte de um conjunto de dados “minoritário”. São excluídas apesar de representarem o maior grupo de pessoas usuárias dos serviços de saúde. Esta exclusão pode introduzir vieses, especialmente nas tecnologias de IA para a saúde das pessoas idosas. Os dados de saúde gerados a partir de outras fontes, incluindo ensaios clínicos, também tendem a excluir ou sub-representar os mais velhos no conjunto de dados. Portanto, se o algoritmo de uma tecnologia de IA predominantemente considerar dados de populações mais jovens, esta levará a diagnósticos ou previsões incorretas quando usados para uma população de idosos. Design Exclusivo O design de uma tecnologia de IA, incluindo como e quem o projeta, pode também determinar se ele estará contaminado pelo etarismo. Equipes de projeto não podem considerar raciocínios preconceituosos quanto à idade em suas práticas. Os preconceitos existentes refletem quem financia e projeta uma tecnologia de IA. A exclusão unilateral dos idosos, desempodera-os como um grupo, e perpetua a sua exclusão nas tecnologias de IA, minando gradualmente os esforços para mudar as atitudes sociais em relação aos mais velhos. A tendência é projetar em nome de pessoas mais velhas em vez de com pessoas mais velhas. Oito considerações para maximizar os benefícios das tecnologias e IA e evitar o etarismo Para garantir que as tecnologias de IA desempenhem um papel benéfico, o preconceito de idade deve ser identificado e eliminado de seu projeto, desenvolvimento e uso. Para tanto, a Organização Mundial de Saúde elaborou oito considerações que podem garantir que as tecnologias de IA para a saúde não sejam etaristas, e que os sêniores sejam totalmente envolvidos nos processos, sistemas, tecnologias e serviços que lhes digam respeito. São elas: 1 - Design participativo nas tecnologias de IA feito por e com pessoas mais velhas: Embora os idosos possam não estar envolvidos na concepção de tecnologias de IA a sua participação no design é necessária. Fornecimento de oportunidades de treinamento e educação para os idosos participarem no design de tecnologias de IA, e garantir que as forças de trabalho mantenham programadores e designers de várias gerações concederiam um equilí-

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brio no grupo de criadores. Esta inclusão também deve ser interseccional, focando não apenas na idade, mas também nas diferenças entre as pessoas mais velhas, como gênero, etnia, raça e habilidade (2). 2 - Equipes intergeracionais em Data Science: Como os dados são críticos tanto no treinamento quanto na validação das tecnologias com IA, equipes de Data Science responsáveis por selecionar, validar e aplicar dados também devem ser inclusivas e bem equilibradas. A inclusão de pessoas maduras nessas equipes e o treinamento dos cientistas de dados para que reconheçam e superem as formas de preconceito de idade podem garantir que as tecnologias de IA sejam apropriadas e positivas. 3 - Coleta de dados com inclusão de idade: Os desenvolvedores de IA devem garantir que os dados sejam precisos, completos e diversificados, inclusive quanto às faixas etárias. Se um determinado grupo, como o das pessoas mais velhas, está sub-representado em um conjunto de dados. Em alguns países, foram tomadas medidas para que essas comunidades supervisionem seus dados por meio de cooperativas de dados, onde os membros estabeleçam padrões éticos, desenvolvam ferramentas e aplicativos que garantam que os dados os incluem corretamente. 4 - Investimentos em infraestrutura digital e alfabetização para idosos e seus prestadores de cuidados de saúde e cuidadores: Mesmo que as tecnologias de IA para a saúde sejam desenvolvidas adequadamente para idosos, seu uso pode ser limitado na ausência de infraestrutura digital adequada. Falta de infraestrutura digital também poderia contribuir para o a predominante crença de que os idosos não usam tecnologias (ou IA) e, portanto, não precisam ser contabilizados. As tecnologias de IA devem ser mantidas como meio auxiliar de tomada de decisão pelo homem e assegurar que os humanos, em última análise, sejam, de fato, quem tomam as decisões críticas. 5 - Direitos dos idosos de consentir e contestar: As pessoas mais velhas devem poder exercer a escolha e fornecer consentimento para: ➢ o uso das tecnologias com Inteligência Artificial; ➢ como as tecnologias devem ser usadas (além ou em vez de cuidados e tratamentos fornecidos por profissionais médicos e cuidadores); ➢ retirar os seus consentimentos do uso de tecnologias de IA no fornecimento de cuidados, apoio e suporte. 6 - Estruturas de governança e regulamentos para capacitar e trabalhar com idosos: À medida que novos regulamentos são introduzidos para fornecer uma estrutura para avaliar, financiar, aprovar e usar tecnologias de IA para a saúde, a governança e o aparato regulatório não devem repetir práticas excludentes e anti-idade que possam afetar o design de tecnologias de IA para a saúde. Regras devem estar em vigor para garantir que os governos, agências, organizações não governamentais, setor privado e as parcerias público-privadas possam

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Grafico: Parceria Revista Superinteressante

trabalhar com idosos, desencorajar ou identificar o preconceito de idade e garantir procedimentos para lidar com o envelhecimento e as suas consequências. As pessoas mais velhas devem estar envolvidas em comitês de ética, agências e outros organismos intergovernamentais que definam regras e padrões para o uso da Inteligência Artificial. 7 - Pesquisa aprofundada: A cada nova aplicação ou uso de IA surgem desafios éticos que devem ser estudados e avaliados antes 8 - Processos éticos robustos: É preciso que haja um robusto processo de análise ética, especialmente nas universidades, organizações sem fins lucrativos e empresas que projetam tecnologias de IA, a fim de que orientem o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de interesse das pessoas idosas.

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Contos II

Solidariedade que repousa no fundo do mar A história do Endurance Fotos enviadas pelo colunista João F Aranha

Cidadão e Repórter

1901/1904 - Existem lugares no mundo em que os homens ainda não conseguiram colocar seus pés. O capitão Robert Falcon Scott quer dar à Inglaterra a primazia de ser a primeira a chegar ao Polo Sul. A expedição conta com o terceiro-oficial, o irlandês Ernest Shackleton, que observa e registra todos os detalhes, pois como veremos, ele alimenta a ideia de, um dia, ter sua própria tripulação. Nem tudo, porém, ocorre como foi planejado. A 850 quilômetros do marco do Polo Sul, Shackleton e outros membros da empreitada começam a se sentir mal e o próprio capitão registra em seu diário que estão vomitando sangue e que não há condições de continuar a viagem. O que ocorreu com Scott e sua tripulação foi uma doença que costumava atacar principalmente os marinheiros que faziam longas travessias: o escorbuto. Trata-se de um mal que é associado à falta de alimentos frescos, notadamente os que contém vitamina C. Um dos principais sintomas é justamente o sangramento que pode levar até a morte. Não restava à Scott outra opção a não ser a de cancelar a viagem e retornar à Inglaterra. 1908/1909 - Desde 1895 o VI Congresso Geográfico Internacional determina que a grande conquista ainda a ser feita é a exploração das regiões antárticas. Expedições partem para o norte e chega-se à conclusão de que não existe praticamente um caminho para se chegar ao Polo Norte. O mar aberto, tão presente nos navegadores do passado, agora se torna um obstáculo, muitas vezes intransponível: “Era como atravessar um rio numa sucessão de pedras gigantescas” disse o americano Robert Peary (a quem se atribui a primazia de

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ser o primeiro ao chegar ao Polo Norte geográfico), restando apenas atravessar o gelo polar a pé ou através de trenós. O intrépido Ernest Shackleton está novamente em ação em 1908, dessa vez por conta própria, procurando uma rota que seja mais confiável e promissora. 1910/1912 - Só resta a Antártida, último continente a ser dividido entre as grandes potências coloniais. A Real Sociedade Geográfica patrocina duas expedições, ironicamente, ao mesmo tempo. Uma delas é comandada pelo norueguês Roald Amundsen que deve se dirigir ao Polo Norte e outra pelo obcecado Robert Scott, que tenta mais uma vez dar à Inglaterra o laurel de ser o primeiro a chegar ao Polo Sul. Ocorre que o norueguês Amundsen, no início de sua viagem, recebe a notícia de que o americano Peary já havia chegado ao Polo Norte e, consultando sua tripulação, resolveu alterar sua rota, agora em direção ao invicto Polo Sul. As duas expedições compartilham o mesmo destino, mas os meios para sua concretização são completamente diferentes. Enquanto Scott procurava conciliar a potência muscular humana com artefatos mecânicos, cavalos e cães (ele não admitia ver o sofrimento dos cães, não admitia ter que atirar neles e muito menos comê-los), Amundsen, ao contrário, concebia os cães como “almas viventes”, parceiros de sua aventura, porém desprovidos, no entender dele, de sentimentos. Em dezembro de 1912, Amundsen, que encarava a jornada como uma competição, chegou primeiro e lá deixou a bandeira norueguesa para atestar o seu grande feito. Enfrentando uma série de dificuldades, entre outras, com os cavalos que não se adaptaram ao solo gelado, Scott chega um mês depois, mas depara-se com a inesperada bandeira norueguesa. O norueguês Amundsen e seus cães huskies A expedição inglesa terminaria de forma trágica. No retorno, Scott e quatro companheiros que o acompanhavam, com a moral debilitada, morreriam de frio e fome: “É uma pena, mas acho que não consigo escrever mais. Por Deus, cuidem da nossa gente”, deixou escrito, Scott, no diário que foi posteriormente encontrado. 1914 - É preciso retomar o orgulho e a glória britânica. Ernest Shackleton entra em cena. Shackleton quer dar à Inglaterra o título que Scott não conseguiu. Organiza então uma viagem cujo objetivo era ser o primeiro a atravessar o continente antártico de lado a lado. Com algum apoio do Império Britânico, leva a bordo um fotógrafo cujo objetivo era ilustrar um livro, conforme acordo que havia celebrado com uma editora. Parte no navio Endurance (resistência em inglês) em 1º de agosto de 1914. Seu plano era desembarcar 14 dos 28 homens de sua tripulação. Desses, apenas 6 caminhariam pelo gelo, com a ajuda de cães que puxariam os trenós. Do outro lado, um navio os esperaria e os levaria para casa. No mesmo dia que o Endurance partia, inicia-se a primeira guerra mundial. Ainda em águas britânicas, Shackleton recebe a notícia que o Império Britânico entrou na guerra. Manda um tele-

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grama colocando seu navio e toda tripulação às ordens do governo. Recebe uma resposta lacônica: “Continue”. Mais uma vez tudo daria errado. Mas a saga do Endurance entraria para a história como uma das mais notáveis experiências humanas. Ernest Shackleton Já no final do inverno o navio se depara com o mar congelado. Com o gelo ficando cada vez mais espesso, nem mesmo a força de todos motores a vapor consegue movê-lo. Inicia-se então um ziguezague, quando a variação da temperatura as vezes faz o gelo derreter e logo volta a congelar. O Endurance estava apenas a 150 quilômetros de seu destino inicial, mas o gelo levava a embarcação em direção contrária. Passaram-se 10 meses de luta da tripulação contra os terríveis ventos e as imprevistas correntes marítimas. Com a pressão do gelo, a água começa a penetrar no grande barco de madeira artesanal. Ouvem o gelo ameaçando quebrar o navio que sofre e parece chorar. “O navio não vai aguentar essa vida, comandante. É melhor se preparar pois é só uma questão de tempo”, diz o capitão para Shackleton. O Endurance preso no gelo Os homens são forçados a deixar a embarcação, Shackleton é o último a sair. Levam apenas o necessário para seguir a pé. Três botes a vela, todos os mantimentos e os negativos das fotos do contrato que foi assinado com uma editora. O objetivo é caminhar 300 quilômetros até chegar ao mar aberto. Mais uma vez tudo deu errado. Não conseguem caminhar muito no gelo e acampam apenas a 2,5 quilômetros do Endurance. Em 21 de novembro de 2015, o navio desistiu de lutar contra o gelo. Emborca com a popa para cima e silenciosamente afunda na escuridão das águas geladas. Shackleton ainda traumatizado pelo perigo do escorbuto vê a tripulação se alimentar de inúmeros pinguins e focas e até mesmo de alguns cachorros. Quando eles haviam comido os últimos cães, em março de 2016, resolveram se lançar ao mar, que é um dos mais terríveis do mundo. Os três botes enfrentam 5 dias que seriam os piores de suas vidas. Lutando contra ondas gigantescas, o frio congelante e sem um suprimento de água, conseguem graças à extraordinária habilidade do capitão Frank Worsley, chegar à desértica e gelada ilha Elefante. A chegada à ilha não representava a salvação, pois as condições climáticas ainda eram aterrorizantes. Shackleton então resolve escolher o barco menos da-

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divulgação

nificado e selecionar cinco homens que ainda estavam em boas condições, entre eles o capitão Worsley. Dessa vez não havia espaço para o fotógrafo. A epopeia, realizada entre abril e maio de 1916, entre a deserta ilha Elefante e a habitada Geórgia do Sul, num trajeto de 1500 quilômetros, foi um feito extraordinário de navegação e sobrevivência. Mais uma vez creditado ao magnífico senso de orientação do capitão, já que o que se podia esperar era que a pequena embarcação viesse a soçobrar frente às ondas gigantescas que invadiam o convés, ou que acabasse se perdendo naquela imensidão do oceano. Quando a terra é avistada, uma nova dificuldade se avizinha. Chegaram ao lado desabitado da ilha e três deles - os que estavam em melhores condições tiveram que escalar uma imensa montanha, coberta de neve e, 36 longas horas após, conseguir pedir socorro, para si e para os 25 outros homens que foram deixados pelo caminho. Shackleton ainda teria uma longa espera até conseguir uma embarcação que aceitasse a incumbência de navegar até à ilha Elefante. Finalmente ele consegue um quebra-gelo chileno e em 30 de agosto de 1916, dois anos após a partida do Endurance, a embarcação chega à ilha Elefante e, milagre, encontra vivos os 22 tripulantes que já haviam perdido a esperança de serem salvos. A era heróica da exploração da Antártida estava chegando ao fim e, só muitos anos depois, o nome de Shackleton seria levado ao píncaro da glória. Um livro seria publicado e as fotos estavam lá atestando a saga de sobrevivência e companheirismo daqueles homens. 5 de março de 2022 - O Endurance reaparece 107 anos após ter afundado. Um veículo autônomo submarino, equipado com duas potentes lâmpadas LED, controlado à distância por um quebra-gelo que está na superfície, bate levemente no que parece ser o casco de um navio. Lá estava o Endurance, quase que intacto, repousando a 3.000 metros de profundidade, muitíssimo bem conservado, por estar imerso em águas estéreis, livres de bactérias e protegido da luz solar. Seu ressurgimento só foi conseguido graças às observações feitas pelo capitão Worsley em seu diário, numa precisão admirável, para quem só contava com as posições dos astros para sua localização. O Endurance fez juz ao seu nome: resiliência. Exemplo edificante de solidariedade e companheirismo, muito superior e muito mais importante - principalmente nos dias que vivemos hoje - do que qualquer outro feito dos desbravadores que ajudaram a escrever a história mundial da exploração de nosso planeta

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Divã

Cuidado, Cuidador e cuidados com a relação! Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Não estamos preparados para ver alguém que amamos ficar doente! Menos preparados ainda para a fragilidade do envelhecer e, quando menos esperamos, estamos atolados de afazeres com a pessoa, nosso trabalho, nossa vida pessoal, médicos, hospitais, fraldas, alimentação, higiene e, e, e, e, e uma lista infindável que nos consome. Primeiramente nos consideramos potentes e capazes de fazer tudo da melhor forma, mas não somos e como correlato de nossa fraqueza, contratamos um cuidador formal. Escrevo a coluna de hoje a pedido de uma amiga querida: Posso dar uma sugestão de tema? Tenho ficado exaurida com os cuidados com as cuidadoras da minha mãe. Minha mãe é inteligente, lê jornais, aprecia um bom filme, mas por conta de sequelas de um AVC, tem dificuldade de mobilidade. As cuidadoras são boas, mas entram na vida da família e apresentam enorme dificuldade para manter certa neutralidade. Elas não entendem quando peço para não falar com minha mãe no diminutivo... Aff Fiquei por dias pensando no tema, pois convivo com cuidados e cuidadores em minha prática profissional e agora na minha vida familiar. Então, falarei do que observei no trabalho e no que sinto, ou seja, não estou buscando bases cientificas para minha coluna hoje. Elenquei muitos sentimentos que são misturados, primeiramente lidar com o luto do vigor per-

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dido pelo nosso familiar, ter um cuidador significa perdas de autonomia, independência, mobilidade, cognição e muito mais. Também temos a decepção conosco por não darmos conta e delegar não é tarefa fácil. O cuidador formal chega, muitas vezes, no seio de uma família que está com a ferida aberta, em sofrimento pela situação, em brigas, carências de todas as formas e desestabilizada. E, os sentimentos ambivalentes começam: a própria família tem vontade de pular no colo do cuidador e pedir: Cuida de mim!! Só que esse desejo muitas vezes é inconsciente. Mas, a expectativa que o cuidador formal entre em cena como o salvador da Pátria é enorme. Porém, certa hostilidade também pode surgir afinal o cuidador é o encarnado da minha impotência! O cuidador formal, por sua vez, vem carregando sua bagagem de vida, mas nem sempre conhece a patologia que seu paciente tem, principalmente quando se refere a alterações cognitivas e comportamentais. Ele cai de paraquedas na dinâmica familiar de pessoas que nunca viu, concorda, discorda, se cala, e, extrapola! Pacientes e familiares sentem-se desrespeitados em suas maturidades com os diminutivos. Entretanto, falam ou dão ordens de seus pontos de vista, sem perceberem que essa pessoa que chegou agora, não pensa como eles. Não é raro um mexerico, paciente e familiar falando mal do cuidador e vice versa. Creio que as dificuldades encontram-se nos desvãos dos relacionamentos humanos, ou seja, expectativas não correspondidas por falta de clareza do que se espera, contratos não bem firmados, diálogos truncados e pouca intimidade com a subjetividade de cada um. Na área da Saúde os cuidados profissionais não se encerram em técnicas e conhecimentos, é necessário empatia, paciência, capacidade para apoiar, suportar frustrações e muito afeto. Desta feita, compreender que o cuidador formal é um profissional da Saúde e a bela tarefa de dar conforto e beleza a vida de quem está em situação de vulnerabilidade só é possível com responsabilidades compartilhadas e transparência nos relacionamentos. Querido leitor, acho que ainda precisarei retornar ao assunto, pois creio que muitos passam por situação parecida. Grande beijo

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Caminhos de Portugal

Uma Rainha que foi às termas Cidália de Aguiar Bióloga, professora, repórter 60+

Uma rainha que foi às termas por Cidália Aguiar Fotos: Cidália Aguiar Projeto: Momentos https://momentoscidaliaaguiar. wordpress.com/ Corria o ano de 1484, quando a rainha de Portugal, D. Leonor, esposa de D. João II, rei de Portugal, resolveu experimentar tratamento para uma ferida que não cicatrizava numa nascente termal. De “águas mornas e com características especiais”, já naquela época era muito procurada pela população. Assim reza a lenda… Sarada a ferida, o que veio a comprovar as propriedades curativas das águas das termas, a Rainha mandou aqui construir, em 1485, um Hospital. À sua volta formou-se a povoação que assim ficou conhecida como “Caldas da Rainha”. Considerado o hospital termal mais antigo do mundo, está situado na praça Dª. Leonor. A classe abastada tomou o hábito de frequentar a região no século XIX, onde posteriormente, as artes se desenvolveram e fazem parte da cidade, tornada “refúgio artístico e terapêutico”. Ligado ao hospital termal, o Parque D. Carlos I é um espaço emblemático da cidade. Romântico, belo e rico em biodiversidade, com jardins onde passeiam pavões e florescem glicínias circundando um lago artificial, numa vastidão de colorido impressionante. Foi remodelado em 1950, e passou a incluir o Museu José Malhoa, instalado na “Casa dos Barcos”. José Malhoa, pintor de costumes e tradições, nascido na cidade, é pioneiro do naturalismo em Portugal. Neste museu encontra-se o maior núcleo reunido de obras do seu patrono e uma importante cole-

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ção de pintura e de escultura dos séculos XIX e XX, considerando-se o museu do naturalismo português. Completam as coleções de pintura, uma secção de Cerâmica das Caldas. Articulada em torno da importância de que se revestiu a atuação de Rafael Bordalo Pinheiro para a faiança local, possui cerâmicas de crítica social e política. A fundação da Fábrica de Faianças da cidade deve-se a este famoso caricaturista do séc. XIX. http://www.patrimoniocultural. gov.pt/pt/museus-e-monumentos/rede-portuguesa/m/museu-jose-malhoa/ A gastronomia é fortemente marcada pela cultura conventual e merece uma degustação. São exemplo as Trouxas das Caldas e as Cavacas. Logo à saída do Parque encontramos a Pastelaria Machado, com os seus azulejos verdes e a vasta doçaria onde o difícil é escolher. Subindo as ruas desembocamos na Praça da República ou Praça da Fruta, um mercado diário ao ar livre, com inícios que remontam ao século XV. Além das suas bancas de um exuberante colorido de hortícolas, encontramos ainda bolinhos, cestaria tradicional e fruta da região. Dali pode caminhar-se para a conhecida Rua das Montras, com interessante calçada portuguesa, descobrindo comércio e edifícios interessantes nas proximidades. Ainda no centro, o Chafariz das Cinco Bicas faz parte de um conjunto de três Chafarizes, inseridos na modernização da rede de abastecimento de água promovida pelo Rei D. João V. Adepto da utilização das águas termais, requalificou o hospital, já no século XVIII. Eis como, em volta das águas terapêuticas, uma cidade hospitaleira, artística e cultural se desenvolveu. Segundo o povo, porque uma rainha carinhosamente chamada de pelicano real por tirar do próprio peito para dar aos pobres, vendo-os banharem-se nas águas milagrosas da região, mandou construir ao lado um Hospital. Outros blogues e páginas da autora: http://urbanscidalia.blogspot.com/ https://www.instagram.com/ aguiarcidalia/ https://www.facebook.com/Momentos-Cid%C3%A1lia-Aguiar-104233638203929 https://www.pinterest.pt/cidaliaaguiar/ https://www. facebook.com/cidalia.aguiar/

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A vida como ela é

Criança é cura Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista

Não há momentos ruins que não sejam aliviados quando se está ao lado de uma criança. Se o mal for passageiro, quer seja ele físico, mental ou espiritual, ocorrerá cura ou alívio após alguns momentos compartilhados com uma criança. A energia de uma criança aliada às fantasias de seu mundo mágico e colorido são capazes de eliminar a maioria dos males. Em poucos minutos a criança lhe envolve em seu mundo e a expressão de dor ou tristeza, em seu rosto, somem, como num passe de mágica. Se seu mal é a depressão, nada melhor que sentar para desenhar e colorir, ao lado de uma criança. Seus desenhos têm força de realidade, têm vida e verdades contagiantes. As explicações de uma criança sobre seus desenhos são fascinantes. Cada ponto ou borrão tem um porquê interessante. Montar um quebra-cabeça ou peças de Lego, com eles; ficar horas jogando bexiga para o alto, sem deixar cair; lutar espadas ou brincar de casinha, têm a capacidade de lhe reconstruir, minimizando seus problemas e suas dores. A energia vital de uma criança é algo que se expande para além de seu próprio corpo. É uma onda que irradia e se funde àqueles que estão em seu entorno. Não há como não ser beneficiado. Se ficarmos quietos, abraçados a uma criança que assiste à TV, lê um livro ou dorme, já seremos agraciados com uma energia pura e renovadora. Para aqueles que não têm netos pequenos, vale a pena pensar em possibilidades de contato com crianças, ao menos uma vez por semana, como forma de receber pílulas de alegria e energia vital. Mergulhe no universo infantil e se reabasteça. É revigorante e sem contraindicação. É o amor, em uma de suas mais lindas formas na Terra.

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Papo Animal

Transtorno de acumululação de animais Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Classificado como um subtipo do Transtorno de Acumulação Compulsiva, o Transtorno de Acumulação de Animais, também chamado de Síndrome de Noé, é considerado um grave problema de saúde pública que pode colocar em risco a saúde das pessoas e dos animais diretamente envolvidos, dos que vivem no entorno e, também, do meio ambiente. A acumulação decorre, em geral, de uma percepção profunda da necessidade de salvar os animais e a simples ideia de renunciar a eles causa grande sofrimento na pessoa, gerando ansiedade, angústia e preocupação. O quadro pode estar ligado a outros transtornos, como transtorno depressivo maior, transtorno do espectro da esquizofrenia, transtorno de ansiedade e o transtorno obsessivo compulsivo. A complexidade e a multiplicidade de fatores associados à acumulação contribuem para que seja negligenciada e se torne crônica, agravando os danos emocionais, sociais, físicos, profissionais e financeiros. É importante salientar, no entanto, que não é o número de animais abrigados que define um acumulador, mas as condições em que vivem e o comportamento da pessoa diante da situação. O acumulador não consegue ver a condição de deterioração dos animais (doenças, fome e até morte) e não percebe as condições sanitárias inadequadas na residência. Geralmente, há acúmulo de lixo, de restos de alimentos e de excretas dos animais, o que favorece a proliferação de ratos, baratas e pernilongos. A negligência com os animais e patrimônio se estende à própria pessoa e demais moradores da residência, culminando na alienação e distanciamento da família. Um fator agravante é que cerca de 80% das pessoas que acumulam animais também acumulam objetos, o que dificulta a circulação e compromete a rotina de cozinhar, tomar banho e dormir. Já os protetores, mesmo aqueles que mantêm muitos animais resgatados, buscam sua reabilitação e realocação em lares adotivos, além de oferecerem, quanto possível, os cuidados básicos que os animais precisam, como alimentação, higiene, vacinas e castração. Por se tratar de um distúrbio psicológico, o transtorno de acumulação pode acometer qualquer indivíduo, mas, no geral, o perfil da

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pessoa em situação de acumulação segue um padrão, composto em sua maioria por mulheres acima dos 60 anos e que vivem sozinhas. O transtorno pode estar ligado a algum trauma prévio, como perda de entes queridos, agressões, abusos ou doenças graves, desse modo, os animais são vistos como uma forma de suprir certas necessidades, sendo considerados fontes de carinho e atenção. Alguns estudiosos propõem uma classificação dos acumuladores para ajudar a compreensão do tema e o planejamento estratégico da abordagem e intervenção por uma equipe multidisciplinar, composta por médicos, psicólogos, assistentes sociais, agentes comunitários de saúde, enfermeiros, médicos veterinários entre outros. Esta proposta não é definitiva, existem sobreposições e, em algumas circunstâncias, o acumulador pode ter características dos três tipos. ● Cuidador sobrecarregado: tem consciência do problema, embora tente minimizá-lo e tenta oferecer os cuidados adequados aos animais, entretanto, por questões financeiras ou de saúde, acaba falhando. Pode possuir alterações sociais como depressão e pouca interação com outras pessoas. Nessa situação, os animais são vistos como família e a auto estima da pessoa é ligada ao papel de cuidador. Adquire os animais passivamente para fornecer abrigo e alimentação. ● Salvador em uma missão: tem forte sensação de que está cumprindo uma missão e acredita ser o único que pode cuidar dos animais. Inicialmente pratica resgates seguidos de adoção, tem dificuldade em recusar novos animais, evita autoridades, impede o acesso à propriedade, teme a morte desses animais, se opõe à eutanásia e adquire os animais ativamente. ● Explorador de animais: é o mais difícil de lidar, já que adquire os animais para benefícios próprios. Não tem empatia pelos animais e é indiferente aos danos causados a eles. É articulado, passa confiança, acredita ser superior aos demais e adquire os animais ativamente. Casos suspeitos de acumulação devem ser comunicados à prefeitura para que seja realizada a avaliação da saúde e a programação das intervenções, na qual é fundamental um vínculo de confiança com a pessoa e sua rede de apoio, visando a atenção integral à saúde. É muito importante tomar medidas cautelosas, mas rápidas para evitar o sofrimento de todos, sempre lembrando que é necessário um trabalho constante para evitar recidivas e maiores traumas, preservando a vida do tutor e dos animais que ali estão. Embora possa haver diferenças entre municípios, algumas opções para denúncia são: ● Disque Denúncia Animal (0800-600-6428) - nos 39 municípios da Grande São Paulo. ● SP 156 - Portal de Atendimento da Prefeitura de São Paulo - https:// sp156.prefeitura.sp.gov.br/portal. ● Centro de Controle de Zoonoses (CCZs) do seu município. ● Você ainda pode comunicar o Agente Comunitário de Saúde - ACS. Texto escrito por Rafaela Oliveira Caetano dos Santos com a colaboração de Natacha Teixeira e Evelise Oliveira Telles, membros do Projeto Santuário. Para sugestões ou dúvidas, entre em contato pelo e-mail: papoanimal60mais@gmail.com. Nos siga nas redes sociais: Instagram: @projetosantuariousp e Facebook: Projeto Santuário FMVZ USP. Ficaremos muito felizes em ter vocês conosco!

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Benefícios

O que são as Blue Zones e quais os segredos da longevidade nestas regiões do mundo? Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Você com certeza já deve ter ouvido falar das Blue Zones ou se não ouviu falar deve ter ficado curioso para saber o que são. O termo não científico é recente e dado as regiões geográficas onde habitam pessoas com idades muito mais elevadas em comparação ao resto do mundo. E teve origem em um estudo demográfico realizado pelos pesquisadores Gianni Pes e Michel Poulain publicado no Jornal Experimental Gerontology que identificava a província de Sardenha na Itália como a região com maior concentração de homens centenários. O termo foi visto pela primeira vez em um artigo de novembro de 2005 da revista National Geographic intitulado “The Secrets of a Long Life”. pelo autor Dan Buettner e desde então é utilizado para além das 5 áreas citadas pelo autor no livro para outras regiões que possuem alta concentração de pessoas longevas, vivendo com uma excelente qualidade de vida, sendo possível destacar uma alimentação equilibrada, bom convívio social, senso de propósito de vida e bons valores culturais como características dessas populações. Essa qualidade de vida supracitada das regiões de Blue Zones, infelizmente não é vista no Brasil apesar de ser um país em processo de inversão da sua pirâmide etária. Dados são da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, mostram que aproximadamente 30,1% de idosos longevos brasileiros, tem uma limitação na realização de atividades de vida diária (AVD). Além disso, o país enfrenta regiões de extrema pobreza e falta de uma agenda pública. De acordo com pesquisadores como Minayo e Firmo, faltam serviços sociais e de saúde, que apoiem as famílias e envolvam o poder público, Organizações não-governamentais para a proteção da

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indivíduo de acordo com a gravidade de sua saúde. Tudo isso é muito importante para que haja uma maior longevidade em um país e com uma melhoria da sua qualidade de vida. As 5 áreas citadas pelos autores conhecidas como Blue Zones são: a província de Nuoro, localizada na Sardenha (Itália), a província de Okinawa (Japão), A cidade de Nicoya na Costa Rica, Ilha de Ikaria localizada na Grécia e Loma Linda situada nos Estados Unidos. Vamos conhecer um pouco sobre a longevidade de cada região citada? Província de Nuoro, em Sardenha na Itália Nesta província os sardos possuem um estilo de vida muito saudável e tradicional pois possuem seus vínculos sociais muito estáveis com suas famílias e amigos ao longo da vida. Além disso, caçam, pescam e colhem a própria alimentação. A maioria da sua população também atinge os 100 anos de idade e somente ⅓ da sua população desenvolve demências, sendo um vilarejo conhecido por ter a maior concentração de homens centenários do planeta. Província de Okinawa no Japão É um conjunto de ilhas japonesas conhecido pelo baixíssimo índice de problemas cognitivos em idosos e onde as mulheres vivem por mais tempo, além de ter uma grande população centenária e transcender a ideia de tempo de vida. Cidade de Nicoya na Costa Rica A península é conhecida por ter uma expectativa de vida sete vezes maior que a do Japão, que é um país conhecido pela maior longevidade do mundo. Além disso, tem uma taxa de mortalidade de meia idade muito baixa e é o segundo lugar com maior concentração de homens centenários do mundo. Ilha de Ikaria na Grécia O que garante o selo de Blue Zone dessa região é ter uma população livre de doenças crônicas e cerca de 30% da população ultrapassar os 90 anos de idade. Loma Linda (Estados Unidos) É a população estadunidense que vive 10 anos a mais que as outras regiões do país, tendo uma saúde melhor impactada positivamente pela espiritualidade e fé da alta concentração de grupos religiosos da região. Grafico: www.vidavida.com.br

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A seguir descrevemos algumas orientações, do relatório de envelhecimento saudável da Organização Mundial de Saúde (2015), para a promoção da qualidade de vida e uma maior longevidade: ● Ter uma vida socialmente ativa, evitando o isolamento e a falta de comunicação com outras pessoas; ● Realizar exercícios que promovam a saúde do cérebro, por meio de exercícios de ginástica para o cérebro; ● Prevenir ou controlar as doenças crônicas, chamadas de não transmissíveis, que são o diabetes, a hipertensão arterial e o colesterol elevado; ● Diminuir os fatores de risco do ambiente, para os eventos de quedas; ● Evitar o tabagismo e o alcoolismo; ● Buscar realizar atividades culturais, intelectuais que possam preencher a rotina, evitando assim que tenhamos uma rotina ociosa; ● Manter as vacinações em dia; ● Ter uma alimentação saudável, rica em nutrientes e vitaminas; ● Realizar atividades físicas regularmente e com acompanhamento profissional; ● Prevenir e acompanhar aspectos relacionados à visão e à audição. ● Ter uma boa qualidade do sono. Indicamos para você, alguns documentários disponíveis e de acesso público, para entender mais sobre a relação qualidade de vida, longevidade e envelhecimento saudável. Palestra NatGeo The blues zones of happiness com Dan Buettner: https://www.youtube.com/watch?v=K6MpnIVip6w Documentário do fotógrafo José Jeuland sobre centenários em Okinawa, Japão: https://www.josejeuland.com/longevity-okinawa-japan-centenarians/ Para saber mais, ver Okinawa Research Center for Longevity Science: https://orcls.org/ A responsabilidade por se alcançar uma boa qualidade de vida, também está associada ao acesso às políticas públicas sociais e de saúde existentes em cada nação, para garantir fatores que possibilitem uma boa qualidade de vida para os seus cidadãos. Contudo, ao termos condições de ter uma boa qualidade de vida, estaremos com a possibilidade de envelhecer mais, e melhor, e acima de tudo com a saúde preservada. Estudos consultados: Buettner, D., & Skemp, S. (2016). Blue zones: lessons from the world’s longest lived. American journal of lifestyle medicine, 10(5), 318-321. Minayo, M. C. D. S., & Firmo, J. O. A. (2019). Longevidade: bônus ou ônus?. Ciência & Saúde Coletiva, 24, 4-4. Texto escrito por: Profa. Dra. Thais Bento Lima da Silva– Docente do Curso de Graduação em Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo (EACH-USP). Pesquisadora do Grupo de Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (GNCC-FMUSP). Coordenadora do Curso de Pós-graduação em Gerontologia da Faculdade Paulista de Serviço Social (FAPSS). Membro da diretoria da Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo e da Associação Brasileira de Gerontologia (ABG).

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Amigo do Idoso

Atendimento Faria de Sá Reportagem Redação

No sábado, dia 14 de maio, nossa reportagem esteve no Escritório Faria de Sá, onde nosso colunista Fábio Faria de Sá atende, juntamente com 20 Advogados previdenciários e mais 5 para ASSESSORIA jurídica” O local estava lotado de pessoas que muitas vezes são humildes e não têm o menor conhecimento de como podem fazer para conseguir sua aposentadoria, ou algum problema de residência ou mesmos em sua empresa e ali, essas pessoas encontram ajuda GRATUÍTA. Fábio é sobrinho do grande político Arnaldo Faria de Sá o qual é um radialista e político brasileiro filiado ao Progressistas. Foi deputado federal por São Paulo por oito mandatos, compondo, além do PP, os atuais Partido Trabalhista Brasileiro, Partido Trabalhista Cristão e Democratas, e o antigo Partido Progressista Reformador. Tanto Fábio como seu tio e assessores correm de um lado para o outro para dar o melhor atendimento, principalmente aos idosos. O intuito é facilitar o atendimento às pessoas que necessitam, no qual levam as documentações do assunto em que necessita atendimento, para o atendimento previdenciário levam carteira de trabalho, carnês de contribuição. É possível verificar no atendimento quanto tempo FALTA para aposentadoria ou dar entrada ao processo de aposentadoria por Idade, , Auxílio Acidente, Aposentadoria Invalidez, Agendamentos e acesso ao Meu INSS, Agendamento no CRAS, Avaliação de Processos e Aposentadoria Especial para Deficientes. Além disso, os munícipes têm um pós-atendimento para saber o que deve fazer e não ser enganado. Com agilidade no atendimento, quando não há bloqueio de documentação, o benefício pode ser concedido no mesmo dia. Num momento em que o Dr. Arnaldo entregava um título de aposentadoria a uma Senhora ele disse ao microfone que esse ano vai se aposentar da vida pública e disse “passo agora o bastão ao meu sobrinho Fábio o qual dará continuidade ao meu trabalho... agradeço a todos vocês e mais uma enormidade de eleitores que confiaram no meu trabalho”. O local é em São Paulo, pertinho do metrô Jabaquara! Atendimentos presenciais às quintas-feiras, das 14 às 17h. Sábados, das 9 às 12h! É só chegar, nem precisa marcar! Serviço: Endereço - Av. Engenheiro George Corbisier, 1127 – Metrô Jabaquara Telefone: (11) 5015-0500 Caso queira me conhecer melhor, veja nas redes sociais: Instagram: @fabiofariadesa Facebook: @fabiofariadesa Whatsapp: 11 95879 - 1628

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Desmistificando a conversa com Smartphone/ Computador Por: Sérgio Grinberg Como sempre o objetivo do Projeto Desmistificando a Conversa com o Smartphone/Computador é ensinar as funcionalidades da tecnologia atual que estejam sejam do interesse e estejam ao alcance de todos interessados. Impactar positivamente a qualidade de vida, até a autoestima dos participantes. A grande maioria das funcionalidades abordadas é de aplicabilidade quase que imediata. Sempre respeitando a individualidade do tempo de aprendizado, as repetições, esclarecendo as dúvidas que vão aparecendo. Os dispositivos que já temos oferecem uma série acessível de possibilidades que promovem melhor organização, muita informação, diversão, comunicação com muitas outras pessoas. Pela experiência acumulada nestes 4 anos deste projeto (mais os muitos anos nesta estrada de softwares e Apps), reunimos o material a ser passado em núcleos de focos. Cada um dos 8 Encontros básicos passa por um ou mais núcleos.

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O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção.

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com

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lawrencegnogueira@adv.oabsp.org.br

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Viva Cultura

O chato Marcelo Conti

Escritor, Gestor Cultural Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br

Quem é que não conhece um chato? Em nosso relacionamento diário, pessoal e profissional, temos a oportunidade de conviver com esse ser diferenciado que, ao contrário do que se pode imaginar, representa uma parcela significativa da população. Por ser o que é, confunde-se com o próprio ser normal, podendo tanto estar muito bem vestido como usar roupas excêntricas, sem a menor preocupação de combinação de peças e cores. Mas, você consegue visualizá-lo através de seu comportamento, ainda que não abra a boca. De atitudes incomuns, parece estar sempre procurando algo para atingir seu objetivo que é chatear. Assim, olha por todos os cantos, mexe em tudo e sorri para todos. Procura o que não tem, apenas para contestar. Nunca está contente com nada, faz sempre melhor, acredita no seu poder infinito de realizar e consertar... Convivi com vários chatos. Mas, alguns deles marcaram sua presença em minha vida, tamanha era sua chatice. Sempre fui (ou tentei ser) compreensivo sem ser chato também, entretanto as situações em que era colocado, às vezes, me forçaram a “esquecer” alguns princípios de educação... Certa vez, trabalhando no Banco, em uma segunda feira que antecedia um feriado (ou seja, todo mundo “emendou” e eu ali de castigo), vi na sala de espera, perto do horário de fechamento, uma figura que me chamou a atenção. Já pela sua altura era notado. Vestia uma camisa rosa social, uma bermuda cinza com cinto branco, meia social marrom e kéds preto (lembra do kéds?). Trazia consigo um guarda-chuva e uma “capanga” (pequena bolsa para guardar pertences de toda espécie). Assobiava “O ritmo da chuva”, e aquilo tirava a concentração de todo mundo. Puxou conversa com a recepcionista, com outros clientes que não conhecia e, a um dado momento, começou a criticar o Banco em voz alta. Lá fui eu, c disponível no momento, “apagar aquele incêndio”... Entrou na sala de atendimento como se estivesse pisando no templo sagrado. “Que lindo!”, exclamava a tudo que via. O tapete, os móveis, os telefones, os quadros, tudo era lindo. “Muito prazer, disse, Afrânio... Olha, eu sempre quis entrar nesse Banco. Não sei, mas achava que não era pro meu “bico”. Então, ficava na dúvida... Mas, hoje criei coragem e entrei! Que lugar lindo! Só que esse seu arquiteto, hein! Pisou na bola ali naquela sala de reunião. Imagina, uma mesa daquele tamanho e só seis cadeiras! Além disso, essas cores dos móveis com o tapete...” Pobre arquiteto, confundido com o decorador. Mas, vá lá! A metralhadora disparou e foi sobrando “bala” prá tudo que é lado. Eu tentei contê-lo: “Pois não, que bom que o senhor nos procurou! Em que podemos ajudar?”. E o cidadão continuou: “Bom, espero ter aqui o atendimento que o Money Bank não me deu. É engraçado, a gente é cliente há tantos anos, prestigia e o

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Banco não tá nem aí. Porque eu uso mesmo! Ah, isso eu uso! Se eu tenho um cartão de crédito é prá usar. Tem uma loja onde eu compro todos os dias, cem gramas de castanha de caju. Pago com cartão, e daí? Vai achar ruim? Se eu fosse porcaria não me davam cartão, certo?... No banco também é assim. Abriram minha conta, quiseram meu dinheiro, usaram meu nome prá falar prá todo mundo que os clientes estão satisfeitos... E agora, na hora do vamos ver, eles me rejeitam? Vocês não são assim, vocês tem boa fama, por isso eu vim aqui...” Os clientes antigos, acostumados com a postura e a filosofia do Banco, estranhavam aquela figura “diferenciada” entre eles. Mais uma vez rezei uma “Ave Maria” e pedi a Deus prá me dar paciência com o tal do cliente novo. “Sr. Afrânio, o senhor quer uma conta corrente? Podemos ver a documentação, sua renda mensal...”. “Não me fale em renda mensal! Quem cuida disso é meu contador. Aliás, não quero dar trabalho a ninguém. Eu procuro, mesmo, é uma poupança segura que possa me garantir o futuro. Sabe, a gente vive numa cidade dessas, a saúde...”. Cortei a conversa: “Que bom”! Uma poupança... Podemos abri-la com o maior prazer... Qual seria o valor de seu investimento? “Bem, inicialmente pretendo colocar uma parte do que tenho no Money Bank. Tá louco, Banco estrangeiro nunca mais! Lá só se fala em dólar, aqui não, aqui é Real mesmo.” Quanto, então, senhor Afrânio? “Bem, quero dizer, pensei em uma quantia simbólica para começar. Mas, vai crescer! Você aposta em mim, acredita no meu potencial e eu vou trazendo mais, aos poucos e por mês.” Então, esta aplicação inicial é de... “OK, digamos uns R$ 20,00, é para começar entende?” A essa altura os outros clientes se voltaram para a figura que estava à minha frente. Que, aliás, continuava falando alto, botando banca de bacana, descarregando o verbo contra o governo e, claro, contra o ex banco. De repente, pediu para ir ao banheiro e tivemos não somente minutos de descanso, como também uma esperança enorme em que saindo do banheiro fosse diretamente para a porta que dava para a rua. Iludidos, ele compensou a ausência repentina reaparecendo com um rolinho de papel higiênico com o qual tratava de limpar o “salão” (como dizia vovó). Enfim, eu tinha de definir aquela situação. Maltratar, jamais. Isso nunca fez parte da minha educação, nem da postura profissional. Além disso, existem algumas reações básicas que você nunca deve ter diante de um chato. Como, por exemplo, contestar, orientar, duvidar, perguntar, sugerir,

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etc. O tiro pode sair pela culatra. Portanto, só restava uma alternativa de curto prazo: obedecer. E foi o que eu fiz... “Pronto, sr. Afrânio! Aqui está a sua poupança de R$ 20,00 devidamente aplicada, e já rendendo juros e correção monetária a partir de agora! Muito obrigado pela escolha do nosso Banco. O senhor vai fazer débito no cartão? Se sim, me passe os dados, por favor”. Perceberam meu atendimento? “Cartão??? Aplicação? Olha, querido (termo utilizado pelo chato profissional), eu não ando com cartão em véspera de feriado. Você sabe, a violência está insuportável, o governo não nos protege, só Deus para nos proteger... De mais a mais, eu hoje só vim mesmo para conhecer seu Banco, e as condições que vocês têm para aplicar meu dinheiro”. E, levantando-se, foi saindo de fininho após quase uma hora de tempo perdido. Mas, ao chegar na porta deu aquela meia volta sobre os calcanhares, olhou bem para todos, respirou fundo, sorriu no canto da boca a felicidade da atenção que lhe dispensavam, e emendou firme e forte: “Mas eu vou pensar no assunto. Quero ver se faço uma também para o meu filho. Vocês têm poupança de R$ 1,00?” E, virando as costas, nem esperou pela resposta. Marcelo Conti Sócio da SOLUÇÃO Gestão de Negócios e Cultura Ltda. www.solucao-gnc.com.br

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Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Caminhos da Argentina

Triatleta que ficou tetraplégico se recupera e treina todo dia aos 72 anos Especial - Redação Sobre não desistir de si mesmo. A história de superação do triatleta Norberto Bruno Worobeizyk é uma verdadeira inspiração. O argentino estava montando uma empresa no Brasil em 2004, quando foi atropelado por um motorista bêbado e ficou tetraplégico, aos 56 anos de idade. “Um bêbado com uma Land Rover 4×4, a 80 quilômetros por hora não respeitou a placa de pare, passou por cima de mim e acabou com meus sonhos presentes e futuros”, disse Noberto em entrevista ao Só Notícia Boa. Ele estava num moto-táxi quando foi atingido. O atropelamento foi no Balneário Camboriú, em Santa Catarina. Profissional de Comércio Exterior e Marketing Internacional, o triatleta – que foi vice-campeão argentino na categoria salva-vidas, treinador de windsurf, treinador de esqui aquático e personal trainer – de repente se viu sem movimentos, numa cama. Ele foi socorrido, ficou 15 dias sem memória, teve infecção hospitalar e os médicos queriam amputar uma das pernas de Norberto. “Quando minha perna ia ser amputada, minha companheira Claudia, junto com meu filho Javier, me transferiram para Curitiba, onde verdadeiros profissionais salvaram a minha vida e minha perna direita”, contou. Norberto passou por “sete cirurgias, após um trauma na medula espinhal e múltiplas fraturas expostas da minha perna direita. […] Tenho uma barra de titânio intramedular dentro do osso, do joelho ao tornozelo”. A virada Quando parecia tudo acabado, ele teve uma surpresa: “Um dia, olhando para a minha mão direita, consegui mover meu dedo um milímetro. Foi o início de uma nova etapa inesperada. Chamamos o fisioterapeuta com urgência e começamos com

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Norberto Worobeizyk no remo e na academia Fotos: arquivo pessoal


um treinamento de recuperação. Fazia exercícios diferentes todos os dias para mover meus membros atrofiados”, contou. Aos poucos ele conseguiu ficar de pé, começou a andar com um andador, depois com muletas e quanto teve alta, continuou se exercitando em uma academia. Ele começou a andar sozinho quase dois anos após o acidente e entrou na academia no colo dos professores. “Deixei de ser tetraplégico […] São muitos os casos reversíveis que, com vontade, esforço, sacrifício e sobretudo com muito amor, podem ser resolvidos”, afirmou. Ele conta que para se recuperar usou o conhecimento dos treinos de triatleta mais “força de vontade, espírito e desejo de não morrer”. Positivismo Passados 17 anos desse verdadeiro pesadelo, Norberto está firme e forte aos 72 anos, vivendo na Argentina com o amor da vida dele, a Claudia, mulher que largou o emprego, cuidou e viu o marido se levantar. Hoje o Norberto é um adepto do positivismo. Ele adora ler notícia boa – sim, é leitor do nosso portal direto da Argentina – e vive transmitindo determinação para as pessoas que o seguem nas redes: “não desistir tão facilmente”, ensina. Apesar de não competir mais e de sentir dores diárias na perna, ele se exercita de duas a três horas todos os dias: [Faço] “natação, musculação, spinning, caminhada, arqueria e remo”. Ele também dissemina a importância do esporte “para ter sentimentos e atitudes positivas. Esse tipo de pensamento, sem dúvida, fará a diferença entre se recuperar ou não, viver ou morrer”. E ensina que a alimentação saudável, que faz há anos, também ajudou na recuperação. Norberto brinca que tem duas idades: 72 anos nos documentos e 28 na cabeça. “Pela minha aparência física atual e pelos resultados das minhas atividades, considero que a minha atual idade cognitiva e mental biológica é de 28 anos, até que alguém prove o contrário”, concluiu

Fonte: www.sonoticiaboa.com.br

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Literatura e Vida

“O ser humano quer perseverar e viver” Espinosa

Sonia Fernandez

Depois de falar da “passividade do sentir” e das suas inúmeras formas contrárias “ação, “atuação”, “participação”, “reação”, quero falar de esforço para continuar e do prazer de continuar. Só me lembro de um livro nesse momento que daria conta de exemplificar essa nostalgia, utopia: Dom Quixote, de Cervantes. Alguém se lembra de um continuar, apesar de tudo, como o do Quixote? Quer personagem mais teimoso do que esse? Teimar em continuar na sua jornada. Ao final, depois de tanta amolação, já nem importavam mais as primitivas convicções. O importante era continuar. Assim como para as mães. Os filhos vão passando por fases: as de dependência, aquelas em que eles são gracinha, sempre nos abraçando e buscando estar protegidos e em alguns momentos até achando que nos protegem, outras em que vão se distanciando, até ficar um fiapo de filho que você duvida que seja a mesma criatura. Também foi assim para algumas de nossas mães, a despeito de toda badalação no Dia das Mães. Quantas mães não estarão chorando neste momento? Nem falo da ausência e descaso, mas da incompreensão, da prepotência, da ignorância própria das idades... Não me venham com falatório indulgente. Que me desculpem as mães felizes, com “filhos maravilhosos”, há mães infelizes e, neste momento, só posso abraçá-las virtualmente, pois, a ordem é continuar. Viver. São tantos os que precisam continuar. Para os ucranianos, continuar “apesar de”. Para outros, a palavra é perseverar. Exemplos de resiliência, não faltam, inclusive entre os de mais de sessenta anos envolvidos nas mais diferentes ações de vida. A vida pode ser definida para alguns como vontade de pertencer, ou como propósito de realizar algo mais, como desejo de transcender. Em cada caso, qual seria a história que contaríamos sobre nós mes-

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divulgação

mos e para nós mesmos, uma vez que os leitores são raros e os ouvintes atentos mais raros ainda e não apenas por sua própria culpa. Os ventos não são favoráveis. Há mudanças que nem atinamos com a cara delas, menos ainda com a sua estrutura. É preciso, no entanto, falar de si. Até que ponto falar de si não é um meio de esconder de si as dores? O filósofo italiano Franco Berardi (1949) nos adverte que o “espírito crítico morreu”. Se não voltarmos ao texto, pelo menos duas vezes, não temos condições de avaliá-lo, diz ele. O mesmo que vem dizendo os professores de Literatura há quase um século. Mais ou menos isso... Seus textos são contundentes e valeria a pena lê-los. Justamente porque o tema de hoje está difícil de ser desenvolvido. São tantas situações desafiadoras. O tempo não dá para nada e a vida segue indiferente, arrastando-nos para onde? Sebastião Salgado e os rios aéreos, C.S. Lewis e As crônicas de Nárnia, o trio de russos Dostoievsky, Tolstoi e Tchecov, não sei por onde recomeçar. Que mundo virado de ponta cabeça esse nosso! Só relendo o Dom Quixote. E aí, me dei conta de que a realidade se repete na ficção de forma quase sempre farsesca, confirmando o que diz a teoria na prática, e que a inversa é quase sempre trágica. A farsa pode ser a cara mais visível da realidade atual, mas o que está por trás e o que traz indignação é a tragédia. Indígenas, moradores de rua, famintos por todos os lados me fazem lembrar que a História acumula milhares de episódios com essa composição. E, em espanhol existe a expressão “pordioseros” a evidenciar que por lá, pelas terras de Dom Quixote essa situação foi tão recorrente que a língua criou um substantivo para designar os pedintes (aquele que pede pelo amor de Deus), que de tanto pedir, tornaram-se pordioseros. Noto que está saindo outro texto “pra baixo”. Olho a minha volta e vejo que tudo está em seu lugar: a casa limpa, a mesa recolhida, mas tem gente que não tem o que comer, há crianças, inclusive. Essas, as que sofrem mais e, daqui a alguns anos, mais traumas a serem enfrentados. Não sei se a enxurrada de psicólogos que as faculdades despejam todos os anos no mercado (deletei o eufemismo) darão conta de tratar abandono, solidão e mais complicações emocionais, em decorrência dessa avalanche de problemas. Por isso mesmo, volto a El ingenioso Hidalgo don Quijote de la Mancha (1605) que, além de distrair-nos com suas confusões, promove e defende valores como a lealdade, a fidelidade, o apreço pela virtude e, sobretudo a necessidade de justiça, que tanto nos acossa. Não tivesse a região de La Mancha uma geografia tão diferente da nossa, seus valores serviriam muito bem para esse país de Nossa Senhora Aparecida. Pois, lições para uns e consolo para outros viriam bem a calhar neste momento de tantas transformações. Consolo e lições é quase tudo que Dom Quixote tem para oferecer aos leitores que souberem encontrar as chaves para reconhecer a estrutura, as emoções e a sabe-

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doria do texto e, como prêmio, disfrutarão da ironia, da profundidade e do humor dessa obra inesgotável, do escritor Miguel de Cervantes (1547-1616), claro que voltando ao texto várias vezes. Alguém se habilita? No entanto, se a leitura parecer demasiado difícil, cansativa e aborrecida, o leitor poderá tentar os textos de C S Lewis (1898-1963), consolo ali não vai faltar. Ele era irlandês e viveu em Londres, ensinando literatura inglesa, disciplina que ajudou a sistematizar junto com J.R.R. Tolkien (ninguém menos do que o autor de Senhor dos Anéis), pois até os anos 1950, ela não tinha a importância que tem hoje. Uma curiosidade: o professor universitário e escritor de livros infantis, além de romanista e crítico literário, foi grande defensor do cristianismo depois de ter sido ateu. Fato que rendeu vários livros, entre os mais conhecidos, Cristianismo puro e simples (1952), que consiste na transcrição de uma série de conversas de rádio levadas ao ar pela BBC entre 1940-1944. Cristianismo para espantaras agruras da 2ª. Guerra Mundial. Com essas sugestões de leitura, penso que, para mim e para meu leitor, não haverá tédio. Por que todos esses senhores, minha Nossa Senhora, e esses livros? Se o espírito crítico morreu, como afirma Berardi, vamos nos ocupar com o quê? Com a novela de cavalaria. Não com a cavalaria, propriamente dita que, com a ocupação da América, ficou desacreditada. Quem chamaria de cavaleiro um Cortés ou um Pizarro? Eles estão novamente ocupando as terras ianomâmi (cujos problemas são velhos conhecidos), as dos suruwahas (de quem nunca ouvi falar), as dos ashaninkas (que fiquei conhecendo e admirando pela lente de Sebastião Salgado) - Exposição Amazônia que está no SESC-Pompeia) -. Desta vez, candidamente, estão passando a boiada. Sem Marechal Cândido Rondon, quem vai defender essas criaturas? Apenas restarão os registros fotográficos de Salgado, apenas nostalgia. Contudo, a ficção persiste, Lewis perdeu a mãe aos nove anos, as duas mulheres que amou, mesmo assim escreveu vasta obra, não deixou de pensar e de comunicar seu pensamento e foi uma pessoa afável. Cervantes morreu no mesmo ano em que publicou a segunda parte de Dom Quixote e foi um escritor determinado. Ambos continuaram nas obras que realizaram. Estamos aqui para provar. Isto é vida e perseverança, não? Que mundo cheio de potencialidades esse nosso: ficção, realidade, fantasia, documentário, livros, exposições! E tem os russos e o russo. Como não sabemos onde ele irá dar ou onde nos levará, podemos tentar ler aqueles três tremendos escritores, ainda que seja para ficarmos mais nihilistas. Mas, perseverando sempre. É o que nos aconselha Espinosa enquanto à utilidade política da doutrina filosófica. Entre outras coisas, a doutrina filosófica serve para ensinar à sociedade civil como devem ser governados e dirigidos os cidadãos, não para que sejam escravos, mas para que façam livremente o melhor. Já, Dostoievski, nos diria para tirar o cavalinho da chuva com o russo. Não vai rolar. Dessa empreitada de vaidade, travestida de vingança ou de chega pra lá, não vai resultar vida livre. Espinosa, por sua vez, explicaria que se não suceder é porque os russos, os americanos, nós todos não estávamos prontos. Chegamos a estar prontos em outros momentos: guerras religiosas, 1ª e 2ª guerras mundiais? Não é fácil compreender a filosofia de Espinosa, porém, é proveitosa em tempos bicudos e, por isso, reclama leitores dispostos a compreendê-la. Estou entre eles, porque sua filosofia se propõe em síntese a “saber lo que las cosas son para devenir hombres libres en una sociedad libre”. Tolstoi e Tchecov, o que diriam?

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Humor

Inflação Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

ltemple@uol.com.br Careca, Bigode e Fuinha, companheiros de trabalho e filósofos de bar, reúnem-se toda sexta no Boteco do Giba. No último encontro, a escalada dos preços foi o tema dominante. Por causa do aumento na tarifa, o Giba não acende as luzes e só atende em mesas na calçada, com iluminação pública, mesmo com frio e garoa. Ele tentou adaptar uns candelabros para as velas que recolhe no cemitério próximo, mas os clientes não aprovaram a ideia. Bigode, solteiro e metido a galã, chamou a bela garçonete Laura. Fez os gracejos de costume e pediu: uma dose de cachaça, uma cerveja Crystal e três copos. O pedido demorou a vir porque Laura acumula o bar com o trabalho de manicure, solução que Giba e a dona do salão encontraram para cortar custos. Careca, perguntou se a porção de amendoim é cortesia e recebeu um sonoro “não” como resposta. O jeito foi pagar pelo tira-gosto. A cerveja veio estupidamente sem gelo porque o Giba só liga a geladeira quando abre o bar. - A patroa voltou furiosa da quitanda – disse Fuinha. R$ 14,00 o quilo da cenoura. Então pediu as folhas para fazer sopa. Sabe aquele talo verde que as pessoas jogam fora? Cobraram R$2,00 o maço! Pode? - Vou à feira na hora da Xepa – falou Careca. Atrás das bancas tem uns caixotes com restos onde sempre acho alguma coisa útil. No domingo os caixotes estavam sobre a bancada com o título: Ponta de Estoque de verduras: 50% de desconto. Agora cobram até pelo lixo! - E a gasolina? – falou Bigode. Eu vinha trabalhar com o Chevette, troquei por uma moto velha, vendi e caminho 8 quilómetros na ida e 8 na volta. Emagreci, mas não tenho grana para ajustar as roupas. - Você não usa o vale transporte da fábrica? - Não. Eu revendo aqui no Bar. O Giba me paga 50% do valor. Nas mesas vizinhas, pouca comida, pouca bebida e muita choradeira. O Giba disse que tudo aumentou e ele teve de repassar o custo. Mesmo assim, deve fechar o bar no mês que vem por causa do reajuste do aluguel. Pensou em suicídio, mas o preço da bala do revólver também aumentou. - Giba, você ficou louco? Suicídio?

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Foto: blog


- Tem razão. É covardia. - Pensa no preço do funeral. Está pela hora da morte e nós é que teríamos de rachar a conta! Tem gente surrupiando flores de velório grã-fino e alugando para enterro de pobre. Uma coroa dura 10 dias. Os preços não baixam e todos procuram saídas. O namorado da prima do Bira foi demitido e inventou de dividir a conta do motel com. Ela deu um pé no cara e passou a viver de rendas. Antes, era tudo de graça. Agora, quem quiser ver as rendas tem de pagar. Sua mãe foi na igreja pedir conselhos ao pastor, mas quando viu que não dá para parcelar pagamento de promessa, resolveu montar algo próprio. Ela agencia as rendas da filha e das amigas, o negócio prosperou e tem até programa de fidelidade. Estudos que comprovam que quengas são melhores e custam menos do que manter uma esposa. - Sabe o primo do Giba que trabalhava aqui? Apostou que seu time seria campeão, perdeu e não teve grana para pagar. Vai ter de usar a camisa do rival por 3 meses. Nem mico ele consegue pagar à vista. - Ele não era passeador de cachorro? - Era, mas com a crise os donos soltaram os cachorros. Ele perdeu o emprego e os animais ficaram sem casa e comida. Virou flanelinha, mas quase não tem carro na rua para tomar conta. Antes tinha um emprego seguro: era remarcador de preços, mas o mercado faliu. - Até a classe média foi atingida. Tem restaurante vendendo foto digital de prato chique para quem só quer postar no Insta e ostentar. - Meu amigo foi ao banco sacar o auxílio emergencial. Teve de pagar ingresso para entrar na agência, cobraram senha, assento na fila e taxa por respirar ar condicionado. Saiu de lá com metade da grana. O pessoal da mesa vizinha deixou um jornal sobre a cadeira e Bigode leu as manchetes do Caderno de Economia: Congresso aprova fundo eleitoral de R$ 5,7 bi. Ágio no ônibus escolar é de R$ 700 milhões. Cada míssil russo custa entre US$ 20 e US$ 70 milhões por lançamento. Um ticket para passar 10 dias na Estação Espacial pela Space X custará R$ 256 milhões. Classe média é criticada por ostentar duas TVs. Revisão gratuita ggiramundo.com - divulgação do carro custa quase R$ 2.000,00. Moça resolve cobrar por sexo e namorado desiste da relação. - Uns com tanto, outros com tão pouco – filosofou o Fuinha. - Senhores, o Bar vai fechar – disse Laura. A conta: Cachaça R$ 5,00 + Cerveja R$ 9,00 + Amendoim R$ 6,00 + Couvert Artístico R$ 10,00. Total R$ 34,50, incluindo a taxa de serviço de 15%. - Couvert Artístico? Por que? - Vocês me cantaram o tempo todo. - 15% de taxa de serviço? Não é 10%? - Era, mas isso também aumentou. - Seu nome é Laura Ferrari? – perguntou Bigode. Alguma relação com a famosa marca de carro? - Sim. O preço. E também aumentou!

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Em todas as telas

Um brinde a todas as mulheres que são parte de quem somos Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Todo dia é dia de celebrar as muitas mulheres da nossa vida, que tanto contribuíram para sermos quem somos hoje. São nossas mães, tias, irmãs, amigas, primas, uma infinidade de mulheres que com suas atitudes nos mostram que é possível ir além. Por isso chamou a atenção a propaganda da Natura, veiculada no mês de maio, em alusão ao Dia das Mães. A propaganda homenageava às muitas mulheres que fazem parte de nossas vidas, como as avós, irmãs e tias. A personagem principal destacava seus muitos aprendizados com as figuras femininas de sua vida, para viver sendo quem é, e não seguindo padrões pré-estabelecidos. E quem era a avó nesta história? É ela quem deu colo. Será que isso não diminui o papel que as mulheres idosas têm na vida das gerações que a sucedem? Carinho de avó é tudo de bom com certeza, mas elas são bem mais que um bom colo. Elas podem ser um ótimo papo, por vezes até mais encorajador que mulheres mais jovens, e guardar uma trajetória de vida inspiradora. Lembrando que as velhas de hoje são as mulheres que venceram

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Avós são bem mais que mulheres que fazem par onde ainda c


Crédito: Reprodução YouTube

colo e acolhimento, são rte de quem somos e de chegaremos

preconceitos, e derrubaram inúmeras barreiras sociais. Foram elas que conquistaram o direito ao voto e a viver plenamente o amor e a sexualidade; abriram as portas do mercado de trabalho nas mais diferentes funções, algumas até tidas como estritamente masculinas, e lutaram contra a ditadura em nosso país e pela volta da democracia. A lista é ainda maior! Essas mulheres que hoje têm 60, 70, 80, 90 anos e mais, estão no centro de importantes mudanças que fazem parte do que somos hoje e de onde ainda chegaremos. Nossa ancestralidade precisa ser resgatada com urgência. É preciso olhar com mais atenção para elas! Enquanto estivermos reproduzindo estereótipos de perdas no envelhecer, negando as muitas velhices, não vamos fugir do padrão da avó como símbolo apenas de colo. Destaco ainda que, mesmo quem optou pelo caminho em não ter filhos, em se voltar para outras formas de amor, segue fazendo parte da história de outras mulheres. Vamos abrir os olhos não apenas da mídia, mas das próprias famílias para a potencialidade dessas mulheres 60+ que já fizeram tanto e ainda continuam fazendo em prol de uma sociedade melhor. Converse, conheça melhor quem faz parte da sua vida! Não se trata de olhar apenas o lado bom da vida, e os exemplos de um envelhecer bem-sucedido, não podemos esquecer que há também rabugice e quem leve a vida com negatividade, resultado provavelmente de situações de violência e da vulnerabilidade extrema. Mas precisamos focar, especialmente, nos exemplos positivos e ver que muito do que celebramos hoje, de forma democrática e com liberdade, veio dessas nossas queridas ancestrais.

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Antropologia

HO’ OPONOPONO Osvaldo B. de Moraes Historiador

Refletindo como está o comportamento da humanidade atualmente, vejo que a solidariedade, a humildade e sobretudo a empatia estão descartadas em grande parte das sociedades, ditas modernas, onde se promove guerras e conflitos seivando vidas e provendo miséria entre populações. Somente fixando em um ponto dos conflitos existentes, vemos um ditador, gozando de suas benesses com mordomias em seu luxuoso palácio, enviando jovens a matarem outros desconhecidos e morrerem para satisfazer seu ego inflado. Isto em pleno século XXI, quando o avanço da tecnologia, oriunda do século passado e aprimorada a cada dia coloca à disposição do planeta bens e serviços inimagináveis há algumas décadas, facilitando a vida cotidiana e sobretudo disponibilizando novos meios para o tratamento da saúde. Esta conflagração entre civilizações modernas, faz refletir sobre o comportamento de outras sociedades que embora com bens modernos indisponíveis como os de hoje, mantinham padrões humanitários diferenciados. Nessa reflexão volto a fixar na sociedade dos Kaunas, no antigo Havaí e do uso de prática que não requer ensinamentos, porém poderosa para a purificação de sentimentos ruins penetrados na mente através de sintonia negativa e possível, inclusive, de purificar o próprio corpo. Esta técnica com um nome inusitado é denominada “ho’ oponopono “, cujos significados são ho= “causa” e

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oponopono= “perfeição”. O termo também pode ser considerado como “corrigir um erro” ou “tornar certo”. Esse termo se tornou conhecido a partir de uma experiencia adotada pelo professor Lhaleakala Hew Len, onde conseguiu curar um pavilhão inteiro de criminosos que sofriam doenças mentais no Havaí. A técnica dessa tradição havaiana sintetiza-se em quatro frases: Sinto muito – é tornar-se consciente da situação, sentimentos, emoções e ser humilde. Me perdoe – é libertador reconhecer que está vivenciando uma experiência que você criou. Eu te amo – só o amor pode referenciar verdadeiramente o que é melhor para você. Sou grato – agradecer a vida por permitir tal situação, emoção e pensamentos que fazem parte da vida. Usar esses mantras, segundo a tradição havaiana, constituem ferramenta de transformação e purificação de lembranças e sentimentos passados, prevendo a cura de problemas alocados em nosso cérebro. Desta maneira tudo que está a sua volta envolve sua participação, através do que pensa e sente, através de um mecanismo que recria um mundo de problemas, muitos até ilusórios. Como seria benéfico para a humanidade atual, com todas tecnologias disponíveis que nossos líderes adotassem, pelo menos em termos, esses princípios havaianos. Acontece que amar é a melhor forma de melhorarmos nós mesmos e nosso mundo

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‘Causos’ do Nordeste

As antigas saudações populares Tony de Sousa Cineasta

De acordo com o mestre Câmara Cascudo, até 1922 “o velho sertão nordestino” conservava sem mudanças suas caraterísticas culturais “fies à herança poderosa do regímem antigo no qual haviam nascido”. Ainda segundo ele, com o surgimento das rodovias a cultura do litoral foi aos poucos aproximando-se da cultura do sertão. E alguns traços culturais antigos do sertão nordestino foram sumindo até quase desaparecerem por completo. O mestre vangloria-se de ter feito a sua pesquisa diretamente nos locais e conversado diretamente com as pessoas da região. Ele nos fala que os primeiros rituais de chegada e partida a um local, eram manifestados pela expressão oral. Transcrevo abaixo um trecho com saudações fraternais entre índios tupi e o aventureiro alemão Hans Staden: “ERE-UI PE? Vieste então? PA-AIUT, sim, vim. É o nosso íntimo: - Então? Por aqui? – É verdade, estou por aqui! Hans Staden saúda Cunhambebe: - Vives tu ainda? - O grande soberano selvagem responde apenas: - Sim vivo ainda!” Antes do gesto de estender a mão para ser apertada, gesto esse que não existia entre os nativos do continente americano, houve o gesto de estender as mãos para mostrar que estava desarmado. De acordo com as pesquisas do mestre, foram os europeus que trouxeram

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esse gesto para nossa cultura. Entre os povos primitivos, seja no Brasil ou na África, não se usava o aperto de mão. E no sertão nordestino, a partir do final do século XIX e primeiras décadas do século XX é que começou o aperto de mão entre as pessoas letradas das classes mais abastadas. “O sertanejo antigo não apertava a mão.” Câmara Cascudo afirma que na mesma época que fez sua pesquisa no Brasil, numa viagem a Portugal, descobriu que lá também, entre os agricultores, entre a gente do interior, não havia aperto de mão. Transcrevo abaixo mais um trecho do livro Coisas que o povo diz sobre esse assunto: No alpendre da fazenda velha. Lampião aceso. Conversava-se nas primeiras horas da noite. Os recém-vindos não vinham apertar a mão do dono da casa. Entravam dizendo e ouvindo os períodos do preceito: - Boa! Boa noite pra todos! Boa! Tome acento! Na saída: Bem. Vou indo! Até! Intante!.. E a resposta: Intantin!... Instante, instantezinho, até breve, até logo.” Citando outro grande folclorista, Cornélio Pires, Cascudo afirma que no sertão de São Paulo também o povo não tinha o hábito de apertar a mão. Cornélio Pires dizia: “Quem aperta a mão é praciano”. Ou seja, quem vive na cidade, na capital.

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E termina afirmando: Esses eram os estatutos da cortesia sertaneja no tempo em que vintém era dinheiro.

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Laços de família

Geração Canguru os jovens que escolheram não sair da casa paterna Anita Tarasiewicz

O termo “ geração canguru” foi cunhado na França , no final dos anos 1990, para designar a geração dos adultos entre 26 e 36 anos, que permanecem ou retornam à casa paterna. Durante a pandemia, houve um grande movimento nesse sentido, em função do trabalho remoto, altos índices de desemprego entre os jovens e finanças abatidas pela crise, ou mesmo a preocupação de ajudar os pais. Esse é um fenômeno do século XXI e tem inúmeros motivos. Atualmente no Brasil, 1 a cada 4 jovens adultos mora com os pais, havendo prevalência do sexo masculino. Essa situação acontece em muitos outros países, principalmente na América Latina, pela configuração das famílias latinas, que vivem muito voltadas aos seus ascendentes. Em alguns países da Europa, tais como Itália e Portugal, é comum os filhos morarem perto ou juntos dos pais, mesmo após a maioridade, ao contrário dos E.U.A., onde os pais incentivam sua prole a sair para enfrentar o mundo. Uma grande parte desses jovens trabalha e ganha um salário, que eventualmente, poderia oferecer uma independência, mas esses jovens optaram por permanecer na casa paterna ou materna. A geração de seus pais, os baby boomers,buscava sair da casa de seus pais o quanto antes, para ganhar independência em todos os sentidos, inclusive buscando uma liberdade em sua vida sexual.

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Hoje, porém,muitas famílias permitem aos filhos trazerem os namorados (as ) para dormirem em casa, sem constrangimento. Quais são as justificativas para permanecer no lar parental: - falta de segurança no campo profissional, financeiro ou afetivo. - maior liberdade sexual e também de expressão. - custo habitacional. - casamentos tardios (mais de 30 anos) - Comodidade - praticidade: casa,comida,roupa lavada - Falta de maturidade - novos padrões de consumo - insegurança e violência - DEPENDÊNCIA EMOCIONAL. No quesito dependência emocional, é importante frisar que, algumas vezes, as mães sozinhas ou viúvas e alguns pais contribuem com seu avental de CANGURU, para manter os filhos em casa, para não se sentirem solitárias, inclusive, muitas vezes, pagando todas as contas da casa, sem exigir nenhuma participação dos filhos adultos, nem financeira, nem logística. Há também aqueles pais que controlam os filhos, que não conseguem se virar sozinhos.Em geral no bojo desse cerceamento todo, existe uma preocupação excessiva, um sentimento de não ter sido um bom cuidador. O comportamento controlador, aliado a chantagens, acaba sendo um complemento para desencorajar os filhos e isso aprofunda ainda mais a situação, ficando mais difícil sair dessa “ teia de aranha” . Quebrar este ciclo depende unicamente do filho, que se tiver dificuldade para se impor, se esforçar e tomar iniciativas, pode e deve buscar ajuda psicológica. Como esse fenômeno cresceu muito durante a pandemia da COVID 19, pensei em algumas regrinhas de ouro, para evitar conflitos mais graves e tentar manter a paz no lar. - Uma vez que são filhos adultos vivendo na casa parental, é preciso que haja uma distribuição justa de tarefas: fazer as compras, limpar a casa, preparar a comida, limpar os banheiros, levar o lixo para fora - TODOS precisam contribuir com despesas - Os filhos ficarem o tempo todo reclusos no quarto não contribui em nada para um relacionamento harmonioso - Os pais precisam ser lembrados que seus filhos cresceram e são ou podem ser independentes. - Os filhos necessitam se lembrar que quem dá a palavra final são os donos da casa. Algumas vezes se faz necessária uma terapia de família, quando as relações ficam demasiadamente tensas e parecem impossíveis de resolver.

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Mais que conectar pessoas. Somo

Todos nós precisamos de aces mundo não tem como se conec nossa visão gira em torno da con para todos e em todos os l

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os a tecnologia à serviço da liberdade.

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um livro é sempre um bom presente

magazine 60+ #35 - Maio - Junho/2022 - pág.59


Este é um bom momento para você, empreendedor, movimentar suas vendas A chamada divulgação boca a boca é ótima mas, nos dias de hoje, o seu negócio precisa estar onde suas vendas irão subir muito: As redes sociais é o lugar onde você precisa estar com o seu negócio. Porém não é só criar um perfil e deixar lá não, é preciso trabalhar no perfil Oi? Você não sabe como trabalhar o seu perfil? Então vai lá no seu inbox e entra em contato com a gente. Você está pensando que o valor é muito alto? Vem conversar com a gente

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Mensagens para leituras e reflexões

Queridas Mães Lenildo Solano Professor

Como é demais gratificante elevar nossas orações aos Céus agradecendo pelas nossas vidas que devemos às mães queridas. Mãe é pessoa divinamente abençoada recebeu do Grande Pai Criador a linda missão de ajudá-Lo na renovação da humanidade em ato de amor. A mãe é ora santa e ora leoa santa na educação pacienciosa dos seus filhos amados torna-se uma fera leoa na defesa quando sente as suas crias ameaçadas.

Homenageamos com carinho todas as queridas mães guerreiras, trabalhadoras, dedicadas defensoras dos seus dignos direitos. - Que Nossa Senhora seja a intercessora junto ao vosso amado filho Jesus para que as mulheres, as mães tenham saúde, paz alegria e vitórias em seus caminhos com fé e muita luz!

Pietá, obra de Michelangelo. Atualmente localizada no interior da Basílica de São Pedro, no Vaticano. Foto: Vitaly Minko

Por motivos diversos essa matéria era para ter sido publicada no dia das mães. Pedimos desculpas ao colunista e aos leitores. magazine 60+ #35 - Maio - Junho/2022 - pág.63


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magazine 60+ #35 - Maio - Junho/2022 - pág.64


Memórias de uma casal de velhos

Quanta diferença! Mas como deu certo! Liça Bonfin Psicóloga

Eu psicóloga, área de humanas, ele engenheiro químico, área de exatas; eu nordestina, nascida em Salvador, ele gaúcho de Santa Maria; eu de origem protestante, ele católica; ele se achando o protótipo do cartesiano e eu sonhando com fadas, gnomos e pirilampos. E foi assim: eu setenta anos, três filhos, três netos, e sozinha havia catorze anos. Ele, setenta e nove anos, dois filhos, quatro netos e fazia três anos que ficara viúvo após um casamento de cinquenta e dois anos. Entre nossas idas e vindas, moramos em São Paulo durante 26 anos, um distante do outro, sem saber que um dia iríamos nos encontrar. Uma das minhas filhas queria muito que eu tivesse um namorado. Ela não se conformava de me ver tantos anos sem ninguém. Mas eu não estava triste. Nunca me senti solitária ou infeliz. Tinha ótimas amigas com quem saia todo fim de semana e batíamos papos muito bons. Mas, de tanto ela insistir, concordei em entrar na internet. Como a única coisa que sabia fazer em computador era escrever e-mail e jogar paciência, ela mesmo fez o meu perfil num site de relacionamento, falou com o primeiro que me escreveu, para me ensinar como fazer e fez de mim uma expert no famoso “par perfeito”. E até nisso fomos diferentes. Eu levei nove meses para encontra-lo. E ele levou uma semana para me encontrar. Ele dizia brincando, que por apenas R$29,90, (que era o valor da mensalidade do site) havia conseguido uma esposa. Eu estar na internet procurando alguém, era algo meio escondido. Se até hoje não aceitam mulheres que entram em sites, imaginem onze anos atrás, uma mulher de setenta anos fazendo isso! Mas o que importa, é que nosso encontro foi lindo. Todas as emoções que senti aos vinte e poucos anos, senti aos setenta. É impressionante! Eu não imaginava que até as chamadas “borboletas no estômago” a gente sentia sendo mais velha. E voltei à adolescência! E revivi

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Foto: m.


.blogs.ne10.uol.com.br/casasaudavel

o mesmo capricho pra me vestir, a mesma ansiedade pra falar ao telefone, o cuidado em preparar um lanche e o desejo incrível de abraça-lo o tempo inteiro. Só que com uma vantagem. Existem muitas vantagens na velhice. No primeiro casamento, a gente se preocupava em comprar uma casa, decidia se ia ter filhos ou não, quantos seriam e a prioridade seria sempre deles. Enfim são preocupações totalmente diferentes. No segundo, nada disso existia. Não precisávamos mais nos preocupar com os filhos. Todos já independentes. Ambos tinham seu apartamento, seu carro, sua aposentadoria. Então era só viver! Buscar satisfações, alegrias, descobertas e sabermos aproveitar o que a vida estava nos dando. Isto sim! Não desvalorizarmos um presente tão lindo e gratuitamente oferecido a nós. Uma coisa que aprendi e sempre vou repetir: estejam atentos ao inesperado. Ele pode estar lhe rondando querendo lhe presentear e você ou por medo ou cuidado exagerado, não abrir a porta pra ele e perder a chance de vivenciar coisas maravilhosas. Estou me referindo, não apenas à coisas sentimentais. Os presentes da vida, podem ser profissionais, econômicos, ou simplesmente uma viagem, um curso, ou qualquer outro tipo de descoberta. Já estamos juntos há onze anos e hora nenhuma nos arrependemos de ter juntado nossas tralhas. E assim terminou um novo conto de fadas com velhos protagonistas. Eu o terminaria como minha tia terminava as histórias que me contava quando eu era pequena, apesar de eu nunca ter entendido direito o que ela queria falar: Entrou na perna de um pato, Saiu na perna de um pinto, O rei senhor me mandou, Que eu vos contasse mais cinco. -----------------------------------------------------

A minha intenção em escrever minha história não é querer dizer que sei tudo de relacionamento. Pelo contrário. É abrir caminho para trocarmos. Gostaria que esse, fosse um espaço interativo, onde vocês também escrevessem, perguntassem e trocassem opiniões. Pretendo conversar aqui sobre afetividade, sorte, objetivos, vida e morte e tantos outros assuntos que vocês também poderão sugerir. Vamos escrever juntos?

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Mensagens

Algumas facetas da Colaboração Luiz Arnaldo Moncau

Afinal, o que é e o que não é colaboração? Essa pergunta me provocou, e aleatoriamente fui listando pensamentos que me vieram... Colaboração, no sentido mais elevado, é algo que fazemos para ajudar o outro, sem ter a obrigação de fazê-lo e sem que exijamos alguma retribuição por essa ajuda. Já nessa primeira frase uma palavra se destaca: obrigação. Uma pessoa caminha à sua frente, tropeça e cai. Ajudá-la a se levantar é uma obrigação. Não é colaboração. Ao deixar de colaborar, de tomar determinadas atitudes ou ações, não falamos de violar leis ou direitos, mas de atitudes que geram uma reprovação ou sanção social se não praticadas. A somatória dos comportamentos e valores praticados por um grupo são parte da Cultura daquele grupo. Vale para comunidades, organizações, empresas etc., onde colaborar é obrigação ou valor aceito e praticado. Nesse texto, entendo ser colaboração quando a pessoa excede ou supera o que é dela esperado. Acima disse que colaboração é algo que fazemos sem ter a obrigação de fazê-lo, e mantenho essa afirmação. Porém, quando a pessoa se dispõe a colaborar e assume um compromisso ou responsabilidade, nesse momento ela passa a ter uma obrigação, ela tem que prestar contas do quanto se propôs fazer. Continua sendo uma colaboração, pois a pessoa não era obrigada a fazer ou deixar de fazer. Mas se assumiu que iria fazer, a colaboração passa a ser obrigação. É um ponto importante, pois muitas pessoas não se dão conta desse “detalhe”. Pena não termos em português a palavra inglesa “accountability”, que é a obrigação de prestar contas por algo que está sob sua responsabilidade. Caridade é colaboração? Para mim, a caridade é uma forma de colaborar. Doar valores, roupas, objetos etc., ou contribuir mensalmente com R$ xx para uma instituição, é uma colaboração. Abordarei adiante o que motiva essa colaboração. Por ora apenas digo que o importante é que elas ajudam. A prática da caridade pode ser mais ou menos nobre, mas sempre é uma forma de colaboração.

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Foto: Infoescola

Uma colaboração remunerada é colaboração? Acho que só será colaboração se o valor do tempo ou dedicação for maior que a remuneração recebida. Caso contrário será uma prestação de serviço, uma obrigação de executar algo para o que foi contratado, mesmo que as pessoas beneficiadas nada paguem. Muitas vezes é até um trabalho nobre, mas não é colaboração. Colaboração pressupõe reconhecimento? Entendo que são coisas diferentes. Todos nós gostamos de receber o reconhecimento por um trabalho bem-feito, por uma atitude que tomamos, por ajudar ou colaborar com outros independentemente de ser ou não nossa obrigação, ser remunerado ou não. Mas o reconhecimento pode não vir. Nessa hora, lembro uma frase de Morris West em As Sandálias do Pescador: “É preciso amar, sem esperar um regresso fácil do amor”. O que motiva uma colaboração? Para mim, isso não importa. O que importa é se a pessoa colabora ou não. A forma mais “elevada” de praticar a caridade ou a colaboração é quando esta implica em doação de si, de seu tempo, sua atenção, implica em se envolver com a pessoa ou grupo ao qual se dedica ou ajuda. Mas muitas vezes as pessoas não têm a disponibilidade de tempo ou não querem se envolver, ou ajudam para ficar em paz com sua consciência. No fundo o que vale é se colabora ou não. Posso colaborar simplesmente porque gosto, porque me faz bem ajudar os outros. Ou por minha visão de mundo, de valores, exigindo de mim mesmo que eu colabore. Ou porque espero com isso alcançar uma promoção, uma aceitação no grupo, ou algum tipo de benefício ou reconhecimento, casos em que estaria colaborando por interesse. Tanto faz o motivo, e muitas vezes nem sabemos que estamos colaborando. E quem não colabora? Existem pessoas que simplesmente não colaboram com os outros. Focam só em seus objetivos e interesses. Acho que é um direito delas. Para mim o que conta mais é se essas pessoas são corretas, justas, cumprem com suas obrigações e respeitam as outras pessoas. Quem recebe tem alguma obrigação? Sem qualquer dúvida, quem recebe tem várias obrigações. Afinal, quem colaborou não tinha a obrigação de fazê-lo. Nos pequenos gestos ou colaborações, um simples “muito obrigado” pode ser suficiente. Mas quando alguém recebe uma ajuda material, financeira ou sob a forma de envolvimento e tempo em um projeto ou atividade, quem recebe tem a obrigação de dar uma satisfação de como aquela ajuda está sendo utilizada, qual o andamento do projeto ou atividade, e se o objetivo que baseou o pedido de colaboração foi ou está sendo atingido. É uma obrigação muitas vezes descuidada, o que certamente irá limitar a capacidade dessa pessoa conseguir novas colaborações no futuro. Finalmente, estou ciente que esse é um tema vasto, merecedor de maior aprofundamento e análise, e passível de diferentes interpretações.

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Falando em leitura

Modernismo x Pós - Modernismo Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras

Ainda há muito que recordarmos dessas escolas literárias. O modernismo foi um movimento artístico e literário que surge em muitos países no início do século XX. Nasceu em meio às guerras. A Primeira Guerra Mundial ocorreu de 1914 a 1918 e a segunda de 1939 a 1945. A primeira geração do modernismo no Brasil é também chamada de “fase heroica” (1922 até 1930). Foi um movimento que abarcou as áreas artísticas, culturais, políticas, sociais e literatura. Suas fases foram divididas conforme o contexto histórico em que estavam inseridas. Seu início foi o marco da Semana de Arte Moderna, que ocorreu no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro de 1922, com o objetivo de romper com os padrões tradicionais. Os artistas modernistas de maiores destaques, também chamados de “Grupo dos Cinco”, foram: Mário de Andrade (1893-1945) Oswald de Andrade (1890-1954) Menotti Del Picchia (1892-1988) Tarsila do Amaral (1886-1973) Anita Malfatti (1889-1964) Além desse grupo, outros se destacaram: - Manuel Bandeira (1886-1968): escritor, professor, crítico de arte e historiador brasileiro. De sua obra poética destacam-se: A Cinza das Horas (1917), Libertinagem (1930) e a Lira dos Cinquent’anos (1940). - Graça Aranha (1868-1931): escritor e diplomata brasileiro, sua obra de maior destaque é “Canaã” (1902). - Victor Brecheret (1894-1955): escultor ítalo-brasileiro. O “Monumento às Bandeiras” (1953), na cidade de São Paulo é, sem dúvida, sua obra mais importante. - Plínio Salgado (1895-1975): escritor, político e jornalista brasileiro e fundador do movimento nacionalista radical denominada “Ação Integralista Brasileira (1932), sua obra mais emblemática do período é “O Estrangeiro”, publicada em 1926. - Ronald de Carvalho (1893-1935): poeta e político brasileiro, publicou em 1922 “Epigramas Irônicos e Sentimentais”. - Guilherme de Almeida (1890-1969): escritor, jornalista e crítico de cinema brasileiro, publicou em 1922 a obra “Era Uma Vez…”.

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Di Cav

Menotti D


valcanti

Del Picchia

- Sérgio Milliet (1898-1966): escritor, pintor e crítico de arte brasileiro, publicou em 1927 a obra “Poemas Análogos”. - Heitor Villa-Lobos (1887-1959): maestro e compositor brasileiro, Villa Lobos é considerado o maior expoente da música moderna no Brasil. De suas composições com traços modernos destaca-se “Amazonas e Uirapuru” (1917). - Cassiano Ricardo (1895-1974): escritor e jornalista brasileiro. De sua obra destaca-se o poema indianista e nacionalista, publicado em 1928, “Martim Cererê”. - Tácito de Almeida (1889-1940): escritor, jornalista e advogado brasileiro, foi colaborador da Revista Klaxon onde publicou diversos poemas. Em 1987, foi publicado uma seleção de poemas na obra: “Túnel e Poesia Modernista 1922/23”. - Di Cavalcanti (1897- 1976): pintor brasileiro, considerado um dos mais importantes representantes da primeira fase modernista. Foi ilustrador da capa do “Catálogo da Semana de Arte Moderna”, destacando-se com sua obra “Pierrot” (1924). - Lasar Segall (1891-1957): nascido na Lituânia mudou-se para o Brasil em 1923. Foi pintor e escultor de influência expressionista, sendo suas obras mais representativas: o “Retrato de Mário de Andrade” (1927) e “Auto-retrato” (1933). - Alcântara Machado (1901-1935): escritor, jornalista e político brasileiro, destaca-se sua coletânea de contos intitulada “Brás, Bexiga e Barra Funda”, publicada em 1927. - Vicente do Rego Monteiro (1899-1970): poeta, pintor e escultor brasileiro, dentre suas obras temos: “Mani Oca (O nascimento de Mani)” (1921) e “A Crucifixão” (1922). MANUEL BANDEIRA O BICHO Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Rio, 27 de dezembro de 1947 CASSIANO RICARDO O RELÓGIO Diante de coisa tão doída conservemo-nos serenos. Cada minuto de vida nunca é mais, é sempre menos. Ser é apenas uma face do não ser, e não do ser. Desde o instante em que se nasce já se começa a morrer.

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Nosso cafézinho

Cafés da Mata Atlantica Fotos: enviadas pela colunista

Cida Castilho Barista

Cada vez que saio a procura de uma cafeteria que tenha um bom café e serviço, me surpreendo com tantas novidades no setor e me encanto com tantas opções de bebidas e comidinhas com café. O brasileiro está ficando muito bem acostumado com os cafés de qualidade, e vamos combinar; tudo que é bom é fácil acostumar. E ai, diante desse mercado promissor eu fui pesquisar sobre café Robusta, que para quem conhece essa bebida é adstringente, amarga, porem com uma quantidade de óleos essenciais maior que o arábica, proporcionando uma alta solubilidade onde esse café na sua grande maioria é exportado para se fazer o café solúvel, não só é exportado, usamos bastante aqui no Brasil com a mesma finalidade além de incorporar os cafés tradicionais. Pois bem; em 2016 eu recebi um exemplar de uma revista de Rondônia, e vi que eles estavam trabalhando firme junto com EMBRAPA para melhorar a qualidade de bebida do Robusta e desmistificar os preconceitos. Hoje vejo com mais clareza que o café Robusta está em franca expansão na Amazônia com produtores orientados a fazer dessa bebida mais limpa e com preços de venda melhor no mercado.

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Mata Atlântica


a - Brasil Escola

Continuando a pesquisa vi que 3 corações está com projeto chamado “ProjetoTribos” Na intenção de promover o desenvolvimento sustentável, o projeto tem 3 pilares importantes 1 – Protagonismo do indígena 2 – Proteção da floresta 3 – Cafés de qualidade Protagonismo indígena, vem com ajuda técnica do Embrapa para o cultivo no viveiro, preparação da terra, colheita, limpeza, secagem, beneficiamento e finalmente venda da produção garantida. Proteção da Floresta, plantando com responsabilidade social é manter a floresta e ainda usar recursos naturais para proteção do café, e com isso acabamos ganhando um café sem agrotóxicos, que maravilha poder tomar um café e saber que não nos agride internamente. Além de todo esse cuidado, há também concursos para avaliar e posicionar como café de excelente qualidade e as sacas de café geralmente são vendidas em lotes com preços especiais. Quero dizer com tudo isso, que o tempo é sempre o melhor remédio para as melhores mudanças em qualquer produto e setor, sempre estarão pensando nas melhorias para agradar o mais fino paladar.

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Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Fotos e receitas da Colunista

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

QUEIJO CAMENB MASSA F Estamos em maio: e isto quer dizer MÃE, significado muito grande em nós Mulheres. Não precisa ser mãe biológica, adotiva, mãe do coraçao. MÃE esta palavra, com tantos predicados...Amor, Força, Carinho, Fuga, Coragem, Acolhimento, Refúgio, Perdão.....,como é bom “termos” e “sermos” um porto seguro. MÃE é tudo isto!! Aproveitem a mãe todos, com seus filhos, sobrinhos, afilhados, dedicando muito amor! Comemore, reúna a família, fale pelo telefone, celular, vídeo, declare exploda este amor que está dentro de você!️ Saudades da minha MÃE que há 7 anos partiu, mas deixou um legado, só coisas boas...para ela tudo era motivo para estar com s família, reunir, confraternizar, celebrar, não tinha tempo ruim, quanta disposição. Tinha sempre a palavra certa...fazia um “ponche” maravilhoso, um pate de atum, que só ela sabia fazer, bolos, pães, roscas. Gostava de estar sempre arrumada, lia jornais de cabo a rabo, gostava de participar das conversas e estar por dentro de todos os assuntos. Quanta saudades! Se você tem a sua, curta o máximo que puder!! Senão, mate a saudades fazendo um pouco do que ela tanto gostava de fazer.

SALADA

ENTRADA QUEIJO CAMENBERT ASSADO COM MASSA FOLHADA Ingredientes: *1 massa folhada em rolo de 300g (vc acha em supermercados) dívida em 2 partes iguais * 1 queijo Camenbert (120g aproximadamente) * 50g de manteiga trufada* vc pode comprar pronta ou fazer) * mix de castanhas trituradas e sementes * 1 gema

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FAROFA DE


Manteiga trufada é cara..se vc não sabe fazer vou te ensinar....existem vários modos... 50 g de manteiga sem sal e um pouco de Ervas frescas, eu usei manjericão e alecrim. Deixe a manteiga em temperatura ambiente, quando estiver amolecida, coloque no processador juntamente com as Ervas frescas e bata bem. Está pronta sua manteiga trufada a base de ervas finas. Bora fazer então... Corte a massa em 2 partes iguais, coloque o Camenbert, besunte bem com a manteiga trufada ou pesto. Junte as duas partes, moldando bem o queijo, aperte bem a sua volta e por cima do queijo, com um garfo aperte as extremidades para tirar todo o ar do queijo. Com uma faca corte em tirinhas ao redor do queijo, toda a massa, enrole as tirinhas ou gire, torça. Pincele com a gema do ovo. Por último, coloque em forno a 240°C, por uns 15 minutos. Tire do forno …

BERT ASSADO COM FOLHADA

SALADA DE ABACATE Ingredientes: *1 abacate inteiro, maduro mas não mole *Pimenta Rosa *sal, azeite e limão a gosto *1 pé de alface americana ou mimosa *tomatinhos cereja Modo de fazer: Tire o caroço e a casca do Abacate, corte em lascas finas. Pegue um recipiente onde colocará a salada e distribua as folhas em volta, no centro coloque o abacate, por cima dele, coloque um pouco de pimenta rosa. Sobre o alface, distribua os tomatinhos. Faça um molho, com sal, limão e azeite e sirva. FAROFA DE COGUMELOS

DE ABACATE

COGUMELOS

Ingredientes: * 200g de shimegi branco(ou o cogumelo de sua preferência) * 1 cebola média cortada em cubinhos * 2 colheres de sopa de manteiga * 1 colher de sopa de azeite * 2 ovos * sal e pimenta caíena seca em rodelas * cebolinha verde Modo de fazer: Em uma frigideira grande, coloque 1 colher de manteiga (reserve a outra), e o azeite. Espere aquecer e refogue a cebola até que ela fique transparente. Junte os cogumelos e refogue por mais alguns minutos, até que eles murchem. Tempere com uma pitada de sal e leve os cogumelos pra um lado da frigideira. Do outro lado, quebre os ovos, tempere com um pouco de sal, e mexendo com 1 colher, deixe-os como ovos mexidos. Misture os ovos já cozidos ao restante do refogado,

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coloque a colher de manteiga restante, espere derreter e em seguida coloque a farinha de mandioca, misturando bem. Cozinhe por alguns minutos, tempere com sal e pimenta caíena em rodelas. Desligue o fogo, junte a cebolinha e sirva em seguida. Vai bem com carnes, aves e peixes. ARROZ VERMELHO Ingredientes: * 1 cx de arroz vermelho 200g * 2 dentes de alho triturado * 1 cebola roxa média em cubinhos * sal a gosto * 1 colher de sopa de manteiga sem sal * 1 colher de sopa de azeite * 1 folha de louro * nozes quebradas (50g) * 1 1/2 lt de água fervida ou mais (este arroz é mais duro, demora mais pra cozinhar) Modo de fazer: Pegue 1 panela, coloque o azeite e a manteiga para aquecer, ponha o alho, deixe murchar, a folha de louro, a cebola e faça o mesmo processo ,coloque o arroz, de uma refogada e em seguida a água fervente. Coloque a água aos poucos, até ficar cozido, conforme o seu gosto. Quando estiver cozido, desligue a panela, coloque as nozes quebradas, ponha no recipiente que irá servir e coloque umas nozes pra enfeitar por cima.

ARROZ

CESTINHAS DE CARNE MOÍDA COM CREAM CHEESE Ingredientes: * 1 kg de patinho moído ou da carne de sua preferência * 3 dentes de alho triturado * 1 ovo * 1 cebola em cubinhos * sal pimenta do reino a gosto * 1 cx de cream cheese * cheiro verde picado a gosto * queijo parmesão 50g

CESTINHAS DE CAR CREAM C

Mofo de fazer: Coloque num recipiente fundo a carne moída o alho, a cebola, sal, pimenta do reino e o cheiro verde , misture bem pra pegar bem o tempero. Pegue esta carne moída, separe em 6 partes iguais, faça uma bola com cada parte, como se fosse uma almôndega grande. Coloque num recipiente que vá ao forno, forre com papel manteiga, e distribua bem essas bolas de carne. Pegue um copo de

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MORANGOS COM SUS


Z VERMELHO

RNE MOÍDA COM CHEESE

fundo pequeno, e aperte bem no centro da bola formando uma cova, tipo um buraco, mas no fundo fica com uma camada fina da carne. Agora em um recipiente misture o cream cheese com 1 colher de sobremesa de cheiro verde e recheie o centro das bolas. Pegue a gema, misture bem e pincele em volta das bolas, coloque o parmesão por cima da cestinha pronta, em forno pré aquecido a 200°C por 40 minutos. SOBREMESA MORANGOS COM SUSPIROS E CHANTILY Ingredientes: * 600g de morangos (3 cxs) * 600 g de suspiros de médio a grande * 500g de creme de leite fresco pra bater e virar o chantily * 2 colheres de sopa de açúcar ( se quiser) Modo de fazer: Lave, limpe, tire os verdinhos do morango e seque-os em papel toalha. Em um recipiente (pirex retangular ou fundo), acrescente o fundo com os suspiros, coloque os morangos, como você quiser em lascas em cubos ou inteiros, na metade, etc. Depois coloque o chantily e vá fazendo as camadas, deixe alguns morangos inteiros pra decorar. Modo de preparar o Chantily.... Pegue a garrafinha de creme de leite de 500g, deixe bem gelada, ou quando começar a preparar esta sobremesa deixe no freezer até a hora que for começar a fazer. Coloque numa tigela funda e bata com a batedeira , velocidade média, por cerca de 5 a 10 minutos, até virar o ponto de chantily, se quiser acrescente o açúcar, como o supiro é bem doce, uso somente 1 colher, cuidado pro chantily não virar manteiga. Coloque filme plástico por cima e leve a geladeira. E bora comer está delícia de sobremesa!!

Por motivos diversos essa matéria era para ter sido publicada no dia das mães. Pedimos desculpas a colunista e aos leitores.

SPIROS E CHANTILY

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Desde 1993

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