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Sonia Fernandez 59 a

Foto: Wikipédia primeiros anos da Conquista da América, pois o fidalgo passou à História como homem sem gênio, sem talento e sem valor, simplesmente, porque não soube fazer as leituras que o momento oferecia. Sejamos justos, nem ele, nem Pizarro, nem Almagro, porque já a lua do século XVI ia distante do tempo dos ensinamentos das histórias tradicionais. Esses homens não mais acreditavam em milagres e sim na força bruta, na arrogância e na destruição. Assim, a expedição de Mendonza (querendo ou não), fundador de Buenos Aires, apadrinhada por ninguém menos que o Imperador, resultou em um enorme fracasso e a cidade ficou completamente despovoada a partir de 1541. Vejam que mito é uma palavra duvidosa. Pode-se cultuar alguns, sem se levar em conta seu verdadeiro peso no contexto e até na História, entretanto, basta que algum xereta comece a vasculhar documentos, cotejar falas e registros daqui e dali e o mito fica com cara de farsa tosca. Não confundir com a Tosca de Puccini que, apesar das reviravoltas policialescas, é uma tragédia inconteste e não uma farsa. Farsa ou tragédia contrastam o anonimato do homem e da mulher do conto “A mulher que tinha certeza de milagres” e a singeleza de seus feitos, além do anonimato próprio das coisas da tradição, pois as obras são anônimas, com as veleidades de Cortez, descritas em Las cartas de relación, seus informes a Carlos I da Espanha (o mesmo imperador que nomeou Pedro de Mendoza), sobre a tomada da cidade de Tenochtitlán (México-DF), durante os anos de 1519 a 1526. Neste caso, o que sobressai são a vaidade e o apavorante realismo... do narrador que assina as cartas. Mas essa é outra história. Para hoje, quem quiser que mergulhe nas façanhas desaventuradas de Solís e Mendoza, antes de entrar na obra de Hernán Cortez, na qual os povos originários não tiveram a menor chance, nem de comer os invasores, nem de resistir aos seus arcabuzes. E tem gente que chama isso de liberdade. Ainda que a fome grasse e que os bois estejam raros e caros. Já, no que se refere às mulheres, tenho dúvidas se seguem acreditando em milagres. Haverá sempre alguma, como a mulher do conto, com certeza, e, por isso, a história ainda faz sentido. Lido em uma perspectiva modernista, eu diria, um belo exemplo de “esperançar”.

Em todas as telas Bem-vindo aos 80!

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Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Em outros tempos reverenciar os 80 anos, mesmo de um artista famoso, não era tão comum. A sensação era que aquilo parecia que não soava bem ou adequado, e que estas pessoas deveriam sair de cena para dar lugar aos jovens talentos. Mas, com a transição demográfica, e um número cada vez maior de pessoas com 60 anos ou mais, esses talentos mais experientes mostram que seu lugar continua intacto, seguem produzindo e inovando. Em agosto do ano passado, Ney Matogrosso foi homenageado pelos seus 80 anos com direito a capa digital da revista Vogue, período em que lançou também um novo álbum e uma biografia. Não foi diferente neste ano, primeiro com Gilberto Gil, desde abril imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) e ganhador de vários prêmios, que completou 80 no dia 26 de junho, quando iniciou uma turnê europeia em família para celebrar seu legado. Difícil quem não conheça seu trabalho e saiba pelo menos o trecho de uma de suas canções:

“Drão, o amor da gente é como um grão Uma semente de ilusão Tem que morrer pra germinar Plantar n’algum lugar Ressuscitar no chão, nossa semeadura Quem poderá fazer aquele amor morrer Nossa caminha dura Dura caminhada pela estrada escura...” (Drão – Gilberto Gil)

Parceiro de Gil, Caetano Veloso oitentou no dia 7 de agosto com a apresentação de um show em família, transmitido Ney Matogrosso foi capa digital da Vogue celebrando seus 80 anos em 2021

FOTO 80 MPB / CRÉDITO: Montagem Globo/Divulgação

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