Magazine 60+ nº 10

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60+

magazine Ano II

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Formato A4 | internet livre

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#10

S.Paulo, Abril/2020 - #10

O Papa Francisco ora pela humanidade Editorial Página 2

Adoração do Santíssimo e Bêncão Urbi et Orbi

Foto: vaticannews.va

Páginas 41 e 42

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


NOSSOS PARCEIROS

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NOTA DE AGRADECIMENTO POR MOTIVOS EXCLUSIVAMENTE PARTICULARES E EM VIRTUDE DE NOVOS PROJETOS, MARISA DA CAMARA NÃO PODERÁ MAIS PARTICIPAR DE NOSSAS EDIÇÕES, SEJA COM SEUS ARTIGOS SEMPRE SURPREENDENTES, SEJA COM SUA REVISÃO IMPECÁVEL NOS TEXTOS. TEMOS CERTEZA QUE A REVISTA NÃO SERÁ MAIS A MESMA. ASSIM, SÓ PODEMOS AGRADECER A MARISA POR ESSES 9 MESES JUNTO DA GENTE. TENHA CERTEZA QUE MESMO DISTANTES ESTAMOS JUNTOS. MANOEL CARLOS CONTI A EXPERIÊNCIA DE TER ESTADO AQUI, INTEIRA, POR 9 MESES, ACRESCENTOU-ME MUITO. TORCENDO PELO CONTÍNUO E CRESCENTE SUCESSO DO MAGAZZINE 60+ E DE SEUS COLUNISTAS, SIGO EM NOVOS PROJETOS. GRATA MANOEL, POR ESSA DELICIOSA OPORTUNIDADE. MARISA DA CAMARA

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30/03/2020

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Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial

Manoel Carlos Conti Jornalista

Como editor dessa revista além de gostar muito de ler jornais, revistas, livros e notícias online, tenho visto muita gente escrevendo sobre saúde e espiritualidade. Na página do Conselho Federal de Medicina está escrito que “Embora não possamos explicar certos fenômenos, sentimos que eles acontecem sem sabermos como e por qual razão. Podemos não os compreender, mas não podemos ignorá-los”. Li uma vez um livro que se chama O Centésimo Macaco (escrito por Ken Keyes Jr.) e num trecho o autor contava uma história que era mais ou menos assim: “Na antiguidade, muito, muito antes de Cristo, existiam tribos de macacos por todo o mundo. Certo dia um deles estava comendo batatas cruas perto de alguns galhos velhos até que iniciou uma tempestade e ele largou as batatas ali mesmo e assustado com os relâmpagos foi para sua caverna. Quando a chuva cessou, ele viu que um raio havia caído sobre os galhos que se tornaram uma fogueira e em conseqüência disso, o calor assou as batatas. Ele provou e logicamente as achou mais saborosas e macias assim, começou a sempre cozinhar as batatas. Não se sabe como, mas em outros lugares distantes, mais macacos começaram a cozinhar batatas. Assim que o Centésimo Macaco assou batatas, todas as tribos mesmo as mais distantes localizadas em outros continentes começaram a ter o costume de assarem suas batatas”. Sempre que vejo muitas pessoas em oração, sejam católicos, evangélicos, judaístas, budistas, islâmicos e outros que não me recordo agora, penso na capacidade do ser humano em conseguir transmitir seus pensamentos conjuntos e fazer com que seus pedidos sejam atendidos. Ontem, dia 27 de março, pouco antes de continuar meus trabalhos nessa e em outras revistas, assisti o Papa Francisco orando num palco montado no Vaticano para uma platéia presencial de nenhuma pessoa. Em

compensação, pela TV e pela internet milhões e milhões de pessoas o assistiam e oravam com ele para que essa pandemia que atravessamos se acabe logo, seja por vacinas, por medicamentos que possam curá-la ou, desapareça graças as orações dessa imensidão de pessoas que se unem não só ao Papa Católico mas aos Monges Budistas, Líderes da religião Muçulmana, Pastores Evangélicos, Judaicos e todos aqueles que de uma forma ou outra oram para seus Deuses pedindo pelo final desse período. Muitos médicos e cientistas de Hospitais de ponta como Hospital das Clínicas de SP, Albert Einstein, Hospital Sírio Libanês, Sociedade de Medicina Cardiovascular, Medicina Psiquiátrica entre outros, se reuniram em 2018 para estudarem e entenderem, ou ao menos tentarem entender como aquelas particularidades espirituais podem repercutir de uma forma tão eficiente na saúde cardiovascular, mental, além de outras especialidades e de outros pacientes. A despeito das evidências, em face à intrincada movimentação dos bilhões de neurônios presentes em nosso cérebro, os resultados das pesquisas ainda são modestos, e os pesquisadores seguem até hoje os efeitos no organismo do doente à mercê da espiritualidade e da religiosidade. Albert Einstein dizia: “Quanto mais acredito na ciência, mais acredito em Deus, a ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”. Mesmo sem ser muito religioso, acredito muito num Deus interior que cada um de nós tem e que de alguma forma eles se conectam, seja por um olhar, um pensamento, um abraço ou um simples aperto de mãos e sinto que cada dia, mais e mais gente tem se conectado para o mesmo propósito. Logo depois de ver o Papa orar abri minha internet para continuar meu trabalho e totalmente surpreso li a notícia “a OMS Organização Mundial de Saúde afirmou nesta sexta feira que há “sinais encorajadores” de desaceleração da pandemia de coronavírus no continente. Que todos os Deuses olhem por nós! Veja na página 41 e 42 a

HOMILIA DO SANTO PADRE na íntegra contihq@hotmail.com - cel. (11) 9.88906403

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nosso time de colunistas

60+

magazine

Reuven Heródoto Faingold Barbeiro Peste Negra O Presidente na (1348) e Coromanifestação navirus (2020) Páginas 4 e 5 uma reflexão Páginas 5 e 6

Sandra R. Schewinsky Haja o que houver manteA regra é clanha o amor ra: não perPágina 9 gunte minha idade Páginas 7 e 8 Silvia Triboni

Marcelo Thalenberg O papo ao vivo agora é virtual e fácil Página 10

Vanessa Bulara Tempos difíceis Página 12

Malu N. Gomes Em tempos de Coronavírus Páginas 10 e 11

M.Luiza Conti

Beltrina Corte O que é Eutanásia: triunfo Osvaldo B. nossa João F. da empatia e da de Moraes vibração Aranha compaixão, ou O COVID 19 e Página 18 cultura da morte a semelhança O ócio criativo com a Gripe Páginas 16 e 17 Página 13 Espanhola

João Alberto J. Neto Mosaico em tempo de crise

Páginas 14 e 15

Tony de Souza Rede de dormir

Helton Leal Cachorro também é arte

Página 20 Sérgio Frug O Sagrado

Jane Barreto

Página 28

Diário de uma educadora: sínPáginas 26 e 27 drome de AIAI Malu Alencar Anete Z. Faingold Melbourne. A cidade cultural na Austrália

Páginas 21, 22 e 23

Profecias? De novo? Páginas 23, 24 e 25

Página 30

Cida Tammaro

Katia Brito Autonomia, independência e fake news em tempos de Manoel Carlos coronavirus Conti A Arte Etrusca Páginas 33 e 34 Página 32

Vera Soubihe

Cida Castilho Continuando com histórias do nosso cafézinho Página 36 e 37

Página 19

Iasmin Galvão

Segundo Constelação, “rebeldes” da família são aqueles que abrem caminhos Página 31

Ebe Fabra Receitas fáceis Página 38

Ana Luna A guerra sem luta Página 39

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A necessidade de leite na sua alimentação Página 29

Thais Bento Lima Sistema Imunológico: o que é e como fortalecer esse sistema durante o processo de envelhecimento Páginas 34 e 35


Crônicas do Brasil

O Presidente na manifestação

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma

Foto: outraspalavras.net

O presidente está às turras com o Congresso. A maioria dos deputados e senadores faz oposição ao governo e atacam sistematicamente o chefe do executivo. Acusam-no de tramar um golpe de estado e implantar uma nova ditadura no Brasil. Não esquecem o período em que o Congresso esteve fechado e os representantes políticos impedidos de aprovar projetos de origem no legislativo e rejeitar os do executivo. Os embates são cada vez mais intensos e ‘fakenews’ varrem a opinião pública originárias dos dois extremos do espectro político. As manifestações públicas nas praças se tornam cada vez maiores e com discursos radicais. Há

quem tema que a segurança das pessoas corra risco uma vez que é impossível revistar todos os manifestantes. Como impedir faixas e bandeiras com hastes de madeira? Como proibir outros objetos que podem virar armas em um conflito aberto? Os discursos inflamados ora batem no legislativo, ora no executivo. Nem mesmo a justiça escapa, acusada de estar sempre ao lado dos mais ricos. Diante do clima de radicalização os conselheiros do presidente querem convencê-lo que não deve se expor em aglomerados ou manifestações públicas. Ele não é homem de fugir de compromissos e gosta de participar de atos políticos e até mesmo de se misturar com a população, especialmente no Rio de Janeiro. Está constantemente presente a eventos em locais fechados. Mas seus apoiadores planejam uma grande concentração na principal avenida da cidade com a presença do presidente e com o anúncio de medidas que possam tirar o Brasil da crise que vive. Uma pauta está sendo debatida entre os seus apoiadores e todos querem uma maior intervenção do estado na economia. Setores empresariais torcem o

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nariz. As acusações de corrupção se alternam. O presidente acusa parlamentares de representarem interesses de grandes grupos econômicos e não da maioria pobre da população. Não se aprova nada no Congresso sem o que uns chamam de negociação e outros de troca de interesses pessoais como por exemplo verbas, cargos, nomeações de apaniguados (favorecidos) e por aí vai. O embate acirra o conflito político. Ninguém sabe onde a atual crise política vai parar. O rompimento da ordem institucional pode se dar na manifestação marcada. Um dos alvos é o presidente do senado, acusado de representar as velhas oligarquias contrárias às mudanças sociais. Há uma disputa nos bastidores entre quem vai discursar na manifestação. Apenas estão confirma-

dos o presidente e o governador do Rio Grande do Sul. A manifestação foi marcada para o final do dia, quando milhares de pessoas buscam o transporte público e são arrebanhadas para engrossar a o ato público. Os slogans e faixas já estão prontos. As reformas de base, o nacionalismo, a estatização de empresas estrangeiras e a reforma agrária. O 13 de março será o tudo ou nada na disputa entre a esquerda e a direita. João Goulart fez um discurso moderado, mas o mesmo não se deu com Leonel Brizola. Um decreto nacionalizou as refinarias privadas de petróleo. Dai para frente a radicalização se acelerou com uma manifestação em São Paulo contra o governo. O golpe de estado está no ar. O que não se sabe é quem vai tomar o poder: a esquerda ou a direita?

Nosso Mundo, Nossa Cultura

Peste Negra (1348) e Coronavírus (2020): uma reflexão

Reuven Faingold Historiador

Até a presente data, 21 de março 2020, o vírus conhecido como SARSCOV-2, que causa a doença COVID-19, tem atingido mais de 283.746 seres humanos, matando mais de 11.833; espalhando-se pelo mundo, derrubando economias e complicando diariamente a vida das pessoas. As analogias com a Black Death (Peste Negra) de 1348-1350 são inevitáveis e já começam a reverberar. Afinal, o contágio pela peste bubônica resultou num impressionante saldo de morte avaliado em aproximadamente 1/3 da população da Europa. A semelhança entre as duas pandemias é gritante, sendo que a repercussão entre ambas não reside apenas nas enfermidades em si, mas nos seus desdobramentos e consequências sociais. Naquele século 14 como no atual século 21, os motivos da doença eram atribuídos a certos grupos étnicos. Mesmo

que os meios de comunicação ou redes sociais tenham começado a denominar o COVID-19 como a “praga moderna”, a ameaça desta pandemia é ainda pequena se comparada com os medos históricos medievais. O Corona vírus tem atuado como catalisador para que crenças racistas e xenófobas existentes se propaguem com extrema velocidade. Há lojistas que proibiram a entrada de chineses em estabelecimentos, criando um verdadeiro preconceito contra os descendentes da raça amarela. Como em tempos de Peste Negra na Europa, a COVID-19 teve suas origens nos países asiáticos. Outra semelhança importante entre a Peste Negra e o Corona vírus está na sua rápida propagação. Convertida em pandemia de longo alcance na Idade Média, a Peste Negra se alastrou pelo império mongol, atingiu mercadores e negociantes genoveses e venezianos que comercializavam produtos na famosa “Rota da Seda” pelos continentes descobertos e habitados. Obviamente, América era ainda um incógnito para os europeus até 1492. No caso do Corona vírus o contágio acontece em diferentes meios de locomo-

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das dimensões devastadoras da Peste Negra de 1348. Infelizmente, quase 700 anos depois, estamos repetindo os mesmos erros cometidos no passado. No atual clima de ansiedade e medo, a desinformação continua reinando como o próprio vírus. Existe também a teoria da conspiração dizendo que o Corona vírus é uma arma biológica criada pela China contra os EUA, a maior potência mundial. Alguns meios de comunicação afirmam categoricamente que o vírus pretende encobrir problemas mundiais que afetam os países: economias globais falhas como resultado da falta de liderança mundial. Na maioria dos países, a liderança é vista como radical e despreparada, pouco confiável e totalmente corrupta. Enquanto escrevo estas poucas linhas, o Corona vírus continua se expandindo e fazendo vítimas sem piedade. Acredito que entender experiências passadas (mesmo aquelas trazidas pela Peste Negra), pode ser um aprendizado valioso. É preciso urgentemente aproveitar as lições da história para prevenir novos ataques xenofóbicos, racistas e preconceituosos.

Imagem: Domínio Público

ção, sejam eles transportes rodoviários, cruzeiros marítimos, viagens domésticas ou internacionais, itinerários turísticos de lazer ou em aglomerações de pessoas. Certamente, a principal semelhança entre ambos os infortúnios reside na resposta imediata às epidemias por parte das populações. O homem medieval buscou e achou nos judeus da Espanha, França e Alemanha o “bode expiatório”; a real causa de seus males. Na época, judeus adoeciam e morriam em menor número que cristãos, pois os primeiros mantinham rígidos costumes de higiene e profilaxia. Enquanto os cristãos, no melhor dos casos, tomavam banho uma vez por mês, os judeus atendendo às “leis de pureza” (dinei teharâ) eram obrigados a lavar o corpo uma vez por semana antes de receber o Shabat, dia sagrado de descanso completo. Além disso, mulheres e homens ainda lavavam diariamente suas mãos (netilat iadaim) e faziam “banhos rituais” (micvê) para purificar seus corpos antes de manter relações íntimas. Durante o tempo da Peste Negra os judeus eram acusados pelos cristãos de aumentar a mortandade, envenenando o curso dos rios e poços d’água, como também por negligenciar e boicotar medidas adotadas pelos monarcas. Assim, aumentou rapidamente o ódio gratuito, testemunhado por médicos e cronistas da época que narram com luxo de detalhes torturas e execuções de judeus nas cidades e aldeias da Europa. Atualmente o alvo do Corona vírus são os asiáticos, especialmente os chineses. Suas empresas no mundo inteiro, nas diversas “chinatown” (bairros chineses) vêm caindo drasticamente. Os restaurantes com seus pratos tradicionais estão atravessando sérias dificuldades; uma vez que o público, por temor à pandemia, está optando por outras gastronomias. Em Roma, cidade fortemente atingida pelo CODIS-19, os chineses estão impedidos de entrar. Na Bolívia, três turistas japoneses foram obrigados a guardar quarentena num hospital, mesmo sem ter apresentado sintomas do vírus nem ter viajado nunca à China. Mesmo que o Corona vírus siga espalhando-se, ainda se mantém distante

Representação da Morte sem data Idade Média

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Mudança de Hábito

A regra é clara: não pergunte a minha idade

Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Foto: gratuita do site shopify.com

Em uma época de incertezas e limitações, como é bom saber que existe um lugar onde os maduros têm seus direitos respeitados, e muito além daqueles direitos básicos à vida. Em recente pesquisa a respeito da empregabilidade de pessoas acima dos 50 anos, as notícias vindas do Canadá realmente se destacaram, quer em amplitude de proteção, quer em abrangência de situações. Argumentos subjetivos no processo de contratação de empregados são considerados atos discriminatórios, e estão muito bem detalhados e exemplificados no ordenamento jurídico daquele país. Rejeitar candidatos maduros porque eles não correspondem à “imagem da empresa” ou “não se encaixam” na cultura da organização; recusar um candidato que tenha “muita experiência” ou que seja “superqualificado”, é só alguns

dos estereótipos combatidos na relação de emprego no Canadá. Quem é Older Worker O governo central canadense define regras de proteção para aquele com 50 anos, ou mais. Entretanto, esta delimitação não é absoluta, havendo variações nas províncias daquele país, como no caso de British Columbia, uma província do Canadá, onde a fase sênior começa mais cedo. O que um empregador não pode perguntar em uma entrevista de emprego. Perguntas simples às quais dificilmente nos importariam em respondê-las, são terminantemente vedadas. Consideradas motivo de constrangimentos aos candidatos ou empregados, e, conseqüentemente passíveis de reclamações trabalhistas, é proibido perguntar: • Sua idade; • Com quandos anos você espera se aposentar. Fim às considerações subjetivas Perguntas subjetivas são fortemente combatidas, devendo o painel de entrevistas de candidatos se restringirem aos deveres essenciais do trabalho e nos requisitos de boa-fé. Afirmações do tipo: a pessoa exibe “confiança” ou é vista como “adequada”, são vulneráveis a alegações de discrimi-

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Foto: metropoles.com

nação pelos entrevistados, e altamente rechaçadas pelo governo canadense. Este rigoroso código vai muito além do regramento. Engraçado que, “é negado a uma mulher acesso a um emprego normalmente ocupado por homens, mesmo ela tendo feito o trabalho anteriormente, sob a alegação de não ter as habilidades necessárias. Neste caso, o empregador não desenvolveu, ou não se baseou em critérios objetivos de avaliação; portanto, não conseguindo demonstrar que sua decisão não se baseou em estereótipos discriminatórios.” Cuidado com as perguntas Na verdade, “perguntar” algo a um candidato a uma vaga de emprego se tornou um ato de muita responsabilidade. Basta fazer perguntas em desatenção aos fundamentos do Código para se inferir que uma decisão de não contratar, por exemplo, foi influenciada por tais perguntas, sendo suficiente para provar a discriminação, mesmo que o candidato receba o cargo. Exemplo: “Um entrevistador começa a falar de sua própria família e pergunta a uma candidata se tem algum filho. Durante essa entrevista, a candidata se distrai, imaginando se o status de sua família será um problema para o empregador. Isso pode ser uma violação do Código, mesmo que essas informações não sejam levadas em consideração e o candidato receba o emprego.” E quanto pode discriminar? Existe uma seção especial neste Código, em que se podem aplicar restrições para um emprego especial, desde que com base em motivos específicos e de boa fé, sempre com base na natureza do trabalho. Exemplo: “Um homem contrata um cuidador para seu pai que tem deficiências graves. Apesar de receber pedidos de várias mulheres qualificadas, seu pai prefere um atendente do sexo masculino e isso é levado em consideração no processo de contratação. Isso é permitido.” Afinal, pode-se perguntar a idade? Apenas como exceção. E em casos muito bem fundamentados. Perguntas sobre idade são permiti-

Glória Maria - apresentadora na TV “nem morta vou revelar minha idade” das se o empregador for uma organização de serviços especiais, e que atenda a uma determinada faixa etária. Organizações de serviços especiais são definidas como de natureza religiosa, filantrópica, educacional, fraterna ou social, atendendo principalmente aos interesses de determinadas faixas etárias. Os empregadores podem contratar pessoas com base em sua idade, se a idade for um requisito de emprego razoável e de boa-fé. Comentários desnecessários ao Older Worker (trabalhador mais velho) também são proibidos. Por causa da idade aparente do candidato, comentar sobre o aspecto e/ ou saúde do candidato, ou sugerir que a pessoa pode não se encaixar em uma cultura de trabalho jovem, podem indicar discriminação com base na idade, e deve sempre ser evitado. • “Você acha que pode lidar com este trabalho?” • “É preciso uma pessoa cheia de vitalidade e vigor”. • “Estamos buscando rejuvenescer a força de trabalho.” Valiosa e visionária é a postura do governo canadense ao definir as normas mencionadas, que refletem o conhecimento e sensibilidade das autoridades às necessidades dos trabalhadores, em especial aos trabalhadores maduros. Fontes: https://www2.gov.bc.ca/gov/ content/justice/human-rights/humanrights-protection http://www.ohrc.on.ca/ en/iv-human-rights-issues-all-stagesemployment/5-interviewing-and-making-hiring-decisions

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Divã

Haja o que houver, mantenha o amor

Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Meu querido leitor. Você que me acompanha há tempos hoje irá ver comigo numa digressão (afastamento momentâneo) emocional em que talvez eu não consiga aportar em certa racionalidade. Primeiramente o título da coluna seria: HAJA O QUE HOUVER, MANTENHA A CALMA, em função do pânico instalado por causa do coronavírus, em que somos assolados por vários tipos de medos. Descobrir o que é pandemia, doença infecciosa que se espalha pelo planeta, demonstra que o mundo é um só, logo as idéias racistas dos xenofóbicos não os protegem, muito pelo contrário, só evidenciam suas patologias. Mas pensando em patologias, quando vejo faltar papel higiênico nos mercados, pessoas com receio das outras, começo a temer situações parecidas com as que José Saramago descreveu em Ensaio sobre a Cegueira, onde as pessoas isoladas em quarentena exerciam o que há de mais sombrio em suas almas. As mensagens não param de chegar por todas as vias de comunicação, dicas e mais dicas para prevenção do contágio, começaram as dispensas das escolas, trabalhos, tratamentos, ninguém sai para entretenimento, as pessoas não se abraçam mais, um começa a ter medo do outro, do isolamento, da falta de dinheiro e do futuro. Como na história de Saramago, penso nas reações que as pessoas terão às necessidades, à incapacidade, à impotência, ao desprezo e ao abandono. Como lidarão com o medo da morte? Em meio as minhas divagações, fiquei impactada com um filme que assisti no final de semana, em que a per-

sonagem previa o futuro e hoje ao ouvir a música ‘A Lista de Oswaldo Montenegro’, naquela parte: Faça uma lista dos sonhos que tinha Quantos você desistiu de sonhar Quantos amores jurados pra sempre Quantos você conseguiu preservar Comecei a pensar: se soubesse o final da história do coronavírus, o que seria diferente? Se soubesse das dores das perdas, desistiria de ter? Penso que ignorar o futuro seja uma benção, pois nos possibilita viver o hoje como nosso maior presente, faz com que sempre lutemos pelo melhor e alimentemos nossas esperanças. Não sei o quão grave será o coronavírus no Brasil, mas penso que poderemos sair fortalecidos dessa, se lutarmos contra o desespero, a ansiedade, a histeria coletiva e além de seguir todas as diretrizes do Ministério da Saúde e mantivermos a calma. Você leitor deve achar meu texto confuso, confesso que concordo com sua opinião. Hoje trago fragmentos de idéias em meio à confusão caótica de nossos dias, sinto tristeza ao ver lugares vazios, estou apavorada com a possibilidade de não conseguir pagar minhas contas, preciso preservar pais idosos, também não quero adoecer e nem pensar em perder alguém querido! Pavor e pânico não são soluções inteligentes, devemos obedecer as instruções, isolar o vírus e sonhar com dias melhores. Mesmo sem prever o futuro, ou lamentar os sonhos irrealizados ou ainda juras desfeitas, tudo para aguentar os reveses da vida, só se for com muito AMOR!

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Oswaldo Montenegro Foto: Site oficial


Empreendedor/Tecnologia

O papo ao vivo agora é virtual e fácil

Foto: Colunista

nequinho e chame a segunda e terceira pessoa. Pronto o time de bate papo está online. 1. A roda é maior que 4 pessoas? Baixe e utilize o Skype ou Google Hangout. Marcelo Thalenberg Empreendedor 2. Quer dar aulas para até 100 pessoas? escreve artigos Utilize o Zoom. sobre tecnologia Abriu o papo! A mesa de cerveja dos amigos ou Hora de brindar! o encontro de amigas agora em tempos Saúde! Tintin! de confinamento, continuam alegres e divertidos como era ao vivo. Agora podemos faer chamada de conferência com até quatro pessoas no WhatsApp. É muito fácil: antes de começar coloque o smartphone ou Ipad em um suporte e tenha as mãos livres para a cerveja, champanhe, whisky, café ou suquinho detox, o suporte evita dores de coluna e pescoço por má postura. Eu uso até suporte de pauta musical pois posso até portar o iPad. Para iniciar, no WhatsApp faça uma chamada em vídeo para a primeira pessoa. Clique no ícone do bonequinho no topo da tela à direita e inicie a primeira conversa. Clique novamente no ícone do bo-

Aprendizagem na 3ª idade

Em tempos de Coronavírus

tempos somos surpreendidos por uma situação avassaladora, seja uma epidemia, uma guerra, terremotos, maremotos, etc. A diferença é que nunca se pesquisou tanto, nunca se realizou tantas ações na área da saúde, nunca se viu progresso tão rapidamente construído. E um pequeno vírus nos derruba! Malu Navarro Gomes Enquanto escrevo este artigo, o noPedagoga ticiário informa que hoje, ultrapassamos Psicopedagoga a casa da centena de casos confirmados De repente parece que só sabemos de Covid-19 no Brasil e de dezenas de falar sobre um único assunto: coronaví- mortos só no Estado de São Paulo. Enrus, a Covid-19. Não é sem razão. Nun- quanto isso, a jornalista declara que “a ca a humanidade foi abalada tão forte- ONU alerta para o perigo de uma panmente em suas estruturas quanto nesse demia em proporções apocalípticas.” Esperíodo. A verdade é que de tempos em tamos vivendo um isolamento domiciliar

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à população. Da janela de meu apartamento avisto trechos de duas ruas importantes do bairro em que moro. Nelas, poucos veículos transitam e de vez em quando percebo a presença de algumas pessoas fazendo caminhadas, andando de bicicleta, passeando com seus pets. Creio que logo esse cenário mudará. Aí sim, sentiremos o isolamento total, de porte tal como quase nenhum de nós jamais conheceu. Como todo o mundo, temo por aquilo que prevejo e se aproxima de nós. O que será que acontecerá com a humanidade após o coronavírus? Como as nações reagirão frente à profunda crise econômica e social na qual estamos entrando? Haverá a supremacia de um ou alguns países sobre o restante do mundo, como apregoam alguns? Quem serão então o “mocinho e o bandido” nessa história toda em que, queiramos ou não, também somos personagens principais? Irei morrer por fazer do grupo de risco? Para que conservemos nossa saúde mental devemos cultivar a esperança de que dias melhores virão. Se não agirmos dessa forma, nosso sofrimento, devido ao medo, crescerá numa escala maior do que aquela que contabiliza as pessoas que apresentam o Covid-19 e as pessoas morrerão... de medo. E como passar mensagens de esperança para quem já se encontra fragilizado frente à realidade que estamos vivendo? Convidei minha amiga Catarina Vitória Quiqueto Relvas, a Cacá, uma jovem de 20 anos de idade, com paralisia cerebral, autora do livro “Meu nome é Vitória” (https://clubedeautores.com.br/ livro/meu-nome-e-vitoria). Ela entende melhor que muitos de nós de como enfrentar o medo e encontrar caminhos de superação. Propus um desafio: “O que você diria para uma pessoa que está com mais medo do coronavírus do que nós duas juntas? Que mensagem você diria para essa pessoa? Como você poderia ajudá -la?” Após pensar um pouco e ter certeza de haver entendido a questão que formulei, Cacá respondeu: “Tudo isso vai passar. Tenha fé. Pense

positivo! As pessoas têm que ter confiança de que isso vai passar. Não sei qual a crença delas, no que elas acreditam, mas falaria para elas confiarem em Jesus, porque isso irá passar. Que depois de que tudo isso passar o mundo será mais carinhoso; as pessoas vão se olhar com olhos mais carinhosos, vão ter mais amor como não tinham antes. O carinho chegará aos hospitais, aos idosos. As pessoas terão mais cuidado e mais amor pelas outras pessoas, porque eu estava sentindo que muitas pessoas não se amavam. Elas vão se dar mais abraços, vão ouvir mais músicas românticas, terão mais afeto umas com as outras. Darão mais valor às pessoas do que às coisas. Terão mais confiança em tudo. Quando passar o coronavírus todo mundo vai poder se abraçar. A sociedade vai mudar o jeito de pensar. O Brasil vai melhorar.” Cacá sintetizou, em poucas palavras, o que muitos pensam e esperam que ocorra em um futuro próximo: o medo do desconhecido leva as pessoas a repensar suas vidas e a desejar mudá -las para melhor. O recolhimento estabelecido pela quarentena evita o contato e sugere o distanciamento necessário entre as pessoas para que o vírus não se propague. Ficamos sem os abraços, sem o toque físico do outro, tão necessários à nossa constituição e garantia de pertencermos a espécie humana. Não estamos sozinhos e precisamos ter a coragem de confiar que é mesmo assim. Essa pandemia colabora para que tenhamos mais consciência daquilo que somos daquilo que queremos. A determinação imposta pelas situações limites como a que vivemos há de nos mobilizar para semear e exigir as mudanças que vislumbramos desde que optamos por não nos deixar vencer pelo medo.

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Direitos

Tempos difíceis

Quando aceitei, com grande satisfação, o desafio de escrever esta coluna, o legado era claro no sentido de que eu deveria colocar no papel meus conhecimentos técnicos tributários voltados a um público mais maduro. Entretanto, escrever a coluna desse mês, foi uma tarefa mais desafiadora. Os meios de comunicação têm massivamente noticiado tudo sobre o coronavirus. Então, excepcionalmente, eu quis escrever sobre este assunto e, apesar de, aparentemente, não existir nenhuma relação direta entre crise sanitária e tributação, achei que mais uma vez a tributação pode representar um mecanismo de justiça social. Ao término da primeira quinzena de março, o Governo divulgou algumas medidas para socorrer a economia brasileira que foi agressivamente prejudicada pela pandemia que atravessamos. Aliás, desprestigio este não só do Brasil já que a economia é globalizada e estamos vendo que o vírus vai pela mesma direção. O que pretendo aqui salientar é a importância da tributação como mecanismo de justiça social; mecanismo que deveria ser realmente aplicado e não como forma de tirar dos que pagam corretamente (ricos ou pobres) para o enriquecimento ilícito dos governantes. Infelizmente, no caso do Brasil, vemos com freqüência essa prática em detrimento de um olhar para o coletivo e social. Em termos tributários, na semana de 16 de março, o Governo noticiou algumas medidas, todas ainda sujeitas à publicação de legislação específica para entrar em vigência. São elas: a) a antecipação do pagamento do 13º salário de aposentados e pensionistas, que colocará R$ 46 bilhões nas mãos dos beneficiários do INSS, cuja previsão de pagamento é metade do valor para abril e a outra metade para maio;

Foto: astrocentro.com.br

Vanessa Bulara

Advogada tributarista Consultora

b) pagamento de todas as parcelas do abono salarial em junho. c) suspensão do pagamento do FGTS e das contribuições ao Simples Nacional por três meses; d) redução em 50% das contribuições ao Sistema S por três meses; e) redução das alíquotas de importação à zero para mais de sessenta produtos de uso médico hospitalar; f) desoneração do IPI de bens importados que sejam necessários para combater os efeitos da pandemia, tais como álcool gel, máscaras, luvas, etc; g) simplificação do desembaraço de insumos e matérias-primas industriais importadas antes do desembarque; h) destinação do saldo do fundo do DPVAT para o SUS. Essa realidade nos permite refletir se tais medidas poderiam ser utilizadas de forma rotineira ou se o fluxo de arrecadação tributária e a destinação fiscal deveriam ser permanentemente mais eficientes. Por que nossos governantes não praticam mais e melhor a eficiência fiscal, a justiça fiscal, a tributação progressiva? Por que a mudança depende sempre de uma grande dificuldade e sofrimento? São indagações que me fazem refletir intensamente. Pensar o coletivo. E assim, seguimos acompanhando a publicação das normas que darão eficácia ao cumprimento dessas medidas e aguardando outras mudanças fiscais que pretendem socorrer nossa economia. Que todos estejam mais conscientes e esperançosos de que essa pandemia passe logo, mais cautelosos e experientes com todos esses grandes e difíceis ensinamentos.

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Portal do Envelhecimento

Eutanásia: triunfo da empatia e da compaixão, ou cultura da morte?

Beltrina Corte Idealizadora do Portal do Envelhecimento

A eutanásia continua em pauta. Vários jornais do mundo todo a estamparam em letras garrafais em 20/02 quando em Portugal o “sim” ganhou e finalmente a eutanásia foi aprovada pelo Parlamento. Foram aprovados cinco projetos de lei que despenalizam a eutanásia, ou seja, o suicídio assistido, para portugueses ou estrangeiros que lá residam. A palavra eutanásia significa “morte piedosa”, pois a idéia é antecipar a morte de alguém em estado terminal frente a um pedido dele ou de seus familiares para que possa morrer dignamente e seu sofrimento não seja prolongado. É o que fazemos com nossos queridos animais, que por compaixão, os sacrificamos quando estão sofrendo muito. Os projetos ainda dependem de sanção do Executivo. E pelas leis atuais, a eutanásia é punível em Portugal com pena de até três anos de prisão. No Brasil, não existe a tipificação da eutanásia como crime na Constituição de 1988, mas ela é enquadrada como homicídio, e pode também ser classificada como auxílio ao suicídio. O código de medicina considera a prática antiética, a qual consiste em um profissional da saúde, movido pelo sentimento de compaixão para com a situação clínica em que o paciente se encontra antecipar sua morte, para que este não tenha que lidar com mais sofrimento. Mas não será antiético deixar uma pessoa vivendo como um “vegetal” por anos a fio, por exemplo? A quem interessa essas vidas? À indústria farmacêutica para prolongar a vida das pessoas mais velhas e em sofrimento? Por isso ele escreve que: “Tendo em conta o horrível que é a solidão, e tendo em conta o horrível de muitas famílias, pouco solidárias ou disfuncionais, confusas ou oportunistas, imagino bem que

pelo cansaço ou pela fúria, por vingança ou ganância, muitos elegíveis para a eutanásia se verão encurralados, como se pedir a morte fosse a única coisa decente a fazer.” O que está em jogo é na realidade a dignidade da vida e da morte, de quem vive e de quem quer partir, não de qualquer jeito, mas dignamente. E essa dignidade tem a ver com o significado que a vida tem, seja para o planeta, nação, família… Nascer, viver e envelhecer no Jardim Paulista, em São Paulo, é muito diferente de nascer, viver e envelhecer em Pederneiras (também em São Paulo), por exemplo, quando o fosso da expectativa de vida entre um e outro bairro é de 20 anos para cima. Em terras brasileiras, o que vivenciamos a cada dia é o suicídio social. Vivenciamos a falência de políticas sociais que deveriam garantir a dignidade da vida. Verificamos que a cada dia há menos investimentos na saúde, na educação, nos serviços Foto: notariado.org.br

sociais básicos, levando-nos a crer que por aqui a vida vale cada vez menos. Ou como diz nossa colaboradora Maria do Carmo Guido Di Lascio em seu artigo Mistanásia da exclusão social: “A atual política econômica está promovendo uma eutanásia social. Sem cuidados básicos de saúde nos programas de atenção primária, sem perspectivas de envelhecer com a aposentadoria de pelo menos um salário mínimo, sem poder contar com benefícios sociais de transferência de renda por parte do estado…”. Ou seja, nós, brasileiros, estamos tendo uma morte infeliz em vida.

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Antropologia

O COVID-19 e a semelhança com a Gripe Espanhola

Osvaldo B. de Moraes Historiador

A humanidade independente de suas diferenças culturais integra-se hoje ao combate de um inimigo relativamente comum, porém com alto poder e inusitado foco destruidor. Esse novo Corona vírus -“Covid-19” espalhou-se em pouco tempo, podendo se transformar em uma pandemia perniciosa como foi há mais de um século a chamada Gripe Espanhola, que devastou uma vasta área matando um enorme número de seres humanos. Essa pandemia foi nominada de Gripe Espanhola, uma vez que a Espanha se manteve neutra na primeira guerra mundial e sua imprensa livre de censura imposta a outros países envolvidos no conflito, divulgavam o terror da infecção por um vírus que assolava à Europa e que vitimou inclusive o rei Alfonso XIII. Como as informações circulavam mais livremente se criou a falsa impressão de que o país foi o mais afetado pela doença. Daí ter ficado marcada como Gripe Espanhola. Não há estimativas confiáveis, mas diferentes fontes falam entre 20 e 40 milhões, chegando a 50 milhões ou até 100 milhões de mortos em pouco mais de dois anos. Para se ter idéia da dimensão que isso significa a Primeira Guerra Mundial - que terminou em 1918 tem um número de mortes estimado entre 10 e 20 milhões em quatro anos. A epidemia que varreu a Europa, após seis meses aportou no Brasil em setembro de 1918, quando o navio inglês Demerara, vindo de Lisboa, passou pelos portos de Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O contágio de marinheiros levou a epidemia a se espalhar pelas regiões portuárias e em poucas semanas, surgiram novos casos em várias cidades, incluindo São Paulo. Entre os mortos no Brasil está Rodri-

gues Alves eleito presidente para um segundo mandato e faleceu antes de sua posse. O escritor Nelson Rodrigues relatou sua experiência no Rio de Janeiro: “Morriase em massa. E foi de repente. De um dia para o outro, todo mundo começou a morrer”. O escritor reparou em particular na mudança que acontecia nos ritos fúnebres. “Os primeiros ainda foram chorados, velados e floridos. Mas quando a cidade sentiu que era mesmo a peste, ninguém chorou mais, nem velou, nem floriu. O velório seria um luxo insuportável para os outros defuntos. (...) durante toda a gripe espanhola, a cidade viveu à sombra dos mortos sem caixão”. “De repente, passou a gripe”, relatou ainda Nelson Rodrigues. Com o fim da epidemia, as coisas não mais foram as mesmas. “A peste deixara nos sobreviventes não o medo, não o espanto, não o ressentimento, mas o puro tédio da morte. E ninguém percebeu que uma cidade morria que o Rio de Janeiro estava entre os muitos finados. Outra cidade ia nascer. Logo depois do ocorrido explodiu o Carnaval. E foi um desabamento de usos costumes, valores e pudores”. Hoje o planeta hiperconectado cria condições para o COVID-19 se espalhar rapidamente por todas as regiões do mundo. Sistemas de alertas, monitoramentos e padrões de imunização tentam conter o risco cada vez mais iminente. A facilidade para espalhar uma doença globalmente multiplicouse intensamente em comparação com 1918. As imagens das principais cidades do mundo com a implantação de isolamento da população em quarentena apresentam ruas e avenidas quase desertas e fazem lembrar cenas do filme ‘A Hora Final’, de 1959, que exibia São Francisco com suas ruas desertas e abandonadas após uma nuvem radiativa derivada de uma guerra nuclear que assolou o planeta. Não cabe aqui comentar as medidas preventivas, que a imprensa divulga de forma maciça e diária, mas sim, acreditar a previsão de que o mundo não será o mesmo após este difícil período, assim como disse Nelson Rodrigues a respeito do Rio de Janeiro após o final da crise da gripe espanhola. É previsível que a sociedade global

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A primeira página da ‘Gazeta de Notícias’ mostra o caos no Rio de Janeiro dominado pela gripe espanhola (imagem: Biblioteca Nacional)Biblioteca Nacional Digital altere seus hábitos e novos padrões comportamentais sejam implantados através de revisões das instituições culturais, e intuindo seus membros a adotarem novas escalas de valores. Hoje, já é sentido o surgimento de solidariedade que ameniza o tédio desse isolamento que estamos sentindo, face a quarentena imposta pela situação de risco. Mas como tudo tem sua polaridade entre o benéfico e o maléfico, se tem notícia que nesses últimos meses a China reduziu sua emissão CO2 em cerca de 25% e a emissão global de gases com efeito estufa diminuiu 100 milhões de toneladas, comparando-se os dados com o mesmo período do ultimo ano. Contudo, as projeções para a econo-

mia no final da crise não são animadoras e indicam um número elevado de desemprego e talvez uma recessão global. É de se prever, portanto, uma revisão dos conceitos do neoliberalismo, já que a iniciativa privada não poderá arcar com esse ônus, devendo o Estado ser mais presente a tomar várias iniciativas econômicas, financeiras e, sobretudo, sociais. Não é de se descartar a hipótese da criação de um novo “neal deal” (novo acordo), instituído por Roosevelt na crise econômica de 1929, para amenizar e reparar as perdas volumosas deste período. Concluindo, vamos manter o refrão otimista “ISSO VAI PASSAR”.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Contos II

O ócio criativo

João F Aranha

Cidadão e Repórter

Ontem mesmo tínhamos ferramentas maravilhosas. A tecnologia de que dispúnhamos, embora bastasse para que resolvêssemos a maioria dos nossos problemas cotidianos, evoluía em progressão estratosférica. Contávamos com as máquinas, a inteligência artificial e a robotização para nos aliviar dos trabalhos manuais. Éramos quase que senhores do nosso destino. Subitamente, um ser de proporções infinitamente pequenas surgiu e nos remeteu para um confinamento em nossas casas. Passamos de uma situação de domínio completo para um cenário trágico onde o indispensável está se tornando quase impossível de alcançar. Constatamos então que houve um descompasso entre o desenvolvimento tecnológico – rápido e linear - e a concepção dominante do que é trabalho, do que é uma empresa e de como se estabelece a relação entre eles – lenta e descompassada. Em resumo, hesitamos em abandonar os conceitos padrões da sociedade industrial e ingressar, definitivamente, no novo mundo da sociedade pós-industrial. Sem que muitos tenham se apercebido, estamos vivendo mais, o uso intenso da tecnologia multiplicou nosso tempo livre, aumentou o nosso nível de escolarização e também o nosso acesso à cultura, sem falar nos inúmeros canais de informação que dispomos. Voltamos para séculos atrás onde o local de trabalho e a nossa casa se confundiam. Há um entrelaçamento entre as funções domésticas e as profissionais. Para alguns, ficar em casa se torna algo agradável e tranquilo, para ou-

tros, no entanto, pode ser estressante e opressor. Há quem aproveita para dedicar mais tempo à família, às crianças e a si mesmo. Outros se sentem perdidos, sem rumo, depressivos. Nesse momento único, recomendo atentar para o que vem dizendo, há algum tempo, o sociólogo italiano Domenico De Masi, autor de vários livros, em que aborda, principalmente, questões relativas ao trabalho, ao ócio e à criatividade. Segundo De Masi a sociedade industrial separou o local de convívio das pessoas em relação ao local de trabalho, interpondo entre eles uma grande distância, o que leva o trabalhador, nas grandes cidades, a perder tempo precioso nos deslocamentos, além de contribuir ou para grandes congestionamentos ou para superlotação dos meios de transportes coletivos. Nos tempos da pós-industrialização há inúmeros fatores que podem fazer com que grande parte de funcionários possam exercer suas funções em casa, ou onde desejarem, munidos que estão dos seus celulares, notebooks, dos seus aplicativos e da internet. Com isso anulam-se as distâncias e torna-se o tempo real. Ainda segundo De Masi uma revolução desse tipo não surgirá de uma hora para outra. Muitas empresas resistem e os chefes abominam a distância dos seus subordinados, acostumados que estão à rígida hierarquia, à competição e ao conformismo. Cabe, portanto, que as empresas se redefinam, que dêem mais valor aos objetivos e resultados do que as normas e procedimentos; que valorizem a informação em tempo real e que permitam a seus funcionários maior liberdade para que possam dar asas à criatividade, muitas vezes reprimida pela subordinação estressante existente nos escritórios. Do ponto de vista das empresas, haveria menos despesas de manutenção, menos tempo perdido na solução de miniconflitos próprios do ambiente empresarial confinado, permitindo que, por

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mente dos criativos assim como a inércia regenera o corpo dos operários. O tempo livre, que para muitos já é uma realidade, abre uma gama de inúmeras oportunidades que no entender do filósofo Bertrand Russel seria as artes, as ciências, os livros, a filosofia e o refinamento das relações sociais. Na modernidade seriam também o teatro, o cinema, o bom uso da televisão, as viagens, as práticas esportivas e tudo mais que permite que a fantasia criativa se transforme em concretude. De Masi insiste que suas idéias não são proféticas, mas sim uma constatação dos fatos presentes. Não é parar de trabalhar, mas sim parar de se matar de trabalhar. Fazer com que as máquinas trabalhem sempre mais e os cidadãos sempre menos, alargando o tempo para o que a humanidade possa pelo menos vislumbrar o conceito que sempre teve em mente do que é felicidade. Para saber mais: Obras de Domenico De Masi: O ócio Criativo Uma Simples Revolução – Novos Rumos para uma Sociedade Perdida O Futuro Chegou A Sociedade Pós-industrial O Futuro do Trabalho A Emoção e a Regra A Arte dos Ociosos – Herman Hesse Elogio ao ócio – Bertrand Russel Perspectivas para os nossos Netos – John Maynard Keyne

Foto: http://escoladacidade.org

esses e pelos outros motivos elencados acima, haja mais eficiência no trabalho. Aos funcionários, economia de tempo e dinheiro e menos estresse e alienação; À sociedade, menos poluição, menos trânsito, menos custo de manutenção das estradas e, nas cidades, melhor redistribuição das funções urbanas. Nesta visão cada vez menos utópica de De Masi, dois fatores se sobrepõem: a criatividade e o ócio, ou como ele mesmo diz o ócio criativo. A palavra ócio traz em si toda uma conotação negativa. Geralmente é relacionada com a preguiça e com falácias que falam em propensão aos vícios, às transgressões, ao individualismo anárquico e narcisista e na falta de solidariedade. Tudo isso levaria à uma crise econômica e à uma guerra entre os ociosos e os laboriosos que poderia gerar um regime autoritário. Para De Masi há ainda o verdadeiro ócio, aquele positivo, que fala de distração, de alívio, de paz, de recreio, de diversão, de descanso, de lazer e, principalmente do estudo, da leitura, do lúdico e das relações familiares, pessoais e sociais. Na concepção do sociólogo o ócio não se contrapõe ao trabalho, pelo contrário, ao estimular a criatividade surge a inovação até que um dia a cultura empresarial se misturará à cultura social, de forma que trabalho e vida seja uma coisa só, com ganhos para ambos os lados. Para o autor, o ócio regenera a

Domenico de Masi

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Nosso Universo interior

O que é nossa vibração

M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal

Foto:science.howstuffworks.com

Adorei ser convidada a colaborar com essa Revista maravilhosa que tem apresentado tantas matérias produtivas para todos nós. Sempre fui uma pessoa bastante curiosa, e com isso costumo ouvir vídeos e palestras presenciais e pela Internet, para ampliar minha consciência e com isso poder cuidar mais do meu lado interno, e quem sabe ajudar pessoas. O que tem me chamado bastante a atenção em muitas coisas que tenho ouvido, é sobre a nossa vibração. E o que é a nossa vibração. Entendi que o que pensamos nos trazem uma emoção e consequentemente uma ação, e essa será a nossa vibração, ou seja, se tivermos bons pensamentos eles nos darão uma emoção alegre e boa,

e essa emoção vai gerar ações mais felizes. Portanto, a nossa realidade será a vibração que mandarmos para o Universo. Isso nos ensina que devemos estar sempre atentos aos nossos pensamentos para que estejamos sempre vibrando coisas boas. O Universo nos deu de presente o livre-arbítrio, portanto podemos escolher e inclusive mudar nossos pensamentos, nos aproximando cada vez mais do que desejamos experimentar. Seja você a mudança que quer ver no mundo. Algumas coisas que podemos experimentar para termos bons pensamentos e aumentar nossa vibração: 1.– exercitar-se 2.– tomar bastante água 3.– Ter gratidão 4.– acreditar – ter fé 5.– usar criatividade 6.– mexer com a natureza 7.- ....... Isso tudo faz sentido pra você Se fizer, tente e veja você mesmo os resultados. Grande abraço.

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Reutilizando materiais

Mosaico em tempo de crise

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Sabe gente! Com essa história de quarentena obrigatória que estamos vivendo, não tive tempo suficiente para parar um pouquinho e escrever essa coluna. Tive algumas idéias, mas faltava alguma coisa para ter a vontade de colocá-las no papel, digo, sentar e escrever bons textos. Então meu amigo e personal trainer Alexandre de Andrade me forneceu uma foto que me deixou muito feliz e desencadeou todo um processo. Eu sempre falo que o mosaico é um processo lento, pois exige paciência e disponibilidade de tempo para fazê-lo. Exige também criatividade, mas isso é inerente a cada um. Existem atualmente muitas pessoas ministrando cursos através de vídeos em muitas modalidades de mosaico, alguns deles usando a tal criatividade em relação a materiais utilizados. Alguns usam azulejos, outros pedras, outros ainda botões e até tecidos. Vejam que interessante é essa tal de criatividade. O objetivo final deve ser alcançado de qualquer forma, mas os meios são de uma variedade impressionante. O artista não se prende a um único ponto, sendo que o que importa mesmo é o resultado e normalmente este é uma beleza. Nessa fase que estamos passando, o que importa mesmo é ficar com a mente ocupada e não ficar grudado na tv e (no meu caso) no rádio, acompanhando de forma depressiva se a quantidade de pessoas infectadas aumentou, ou quantas pessoas perderam a vida, ou qual a ‘desgracera’ é maior nesse mundo. O que devemos fazer no momento é esperar por dias melhores e manter o foco em algo que nos agrade.

Fotos: enviadas pelo colunista

Obviamente eu sugiro o mosaico como mais um ótimo entretenimento. Algumas modalidades são mais simples do que outras e são facilmente encontradas em vídeos no YouTube, páginas do facebook ou em sites desenvolvidos para esse fim, até mesmo em sites de vendas, cujo produto nos dá alguma ideia interessante.

Mosaico com azulejos Algumas dicas interessantes: Página de Katia Piffer no facebook – mosaico com retalhos de tecido. Página de Academia do mosaico – Aulas virtuais. Página de Solange Piffer – Aulas virtuais. Existem também grupos cuja função é divulgar, ou trocar idéias sobre mosaico. Mãos a obra e cabeça fria!

Mosaico com botões

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Rede de dormir

‘Causos’ do Nordeste

Tony de Souza Cineasta

Foto: Pinterest

Câmara Cascudo foi grande amigo de Mario de Andrade. Os dois trocaram correspondência por muito tempo e Mario de Andrade sempre que ia a Natal o procurava e às vezes se hospedava na casa dele. Em 1927 quando fez a viagem pelo norte/nordeste que resultaria no livro “O Turista Aprendiz”, Mario de Andrade trocou muitas idéias com Câmara Cascudo. A amizade se prolongou por muito tempo, e como Mario de Andrade dizia que gostava tanto de Natal, Câmara Cascudo o convenceu a adquirir uma casa lá. Através das suas relações políticas, conseguiu, com o então governador do estado na época, Juvenal Lamartine (final dos anos vinte , início dos anos trinta), a doação de uma casa na Praia de Areia Preta. Mario de Andrade entusiasmado, fez planos de morar em Natal. Numa carta a Câmara Cascudo em maio de 1930, escreveu: “meu coração caiu no Nordeste e se Deus mi der dinheiro é lá que hei de morrer! Agora já tenho onde. Levo para lá minha rede de Tucum do Alto Solimões , uma viola de Sabará, e Chico Antonio cantará o Jurupanã, coco sinhá!“ Mario tinha tanta intimidade com Câmara. Cascudo que o chamava cada hora de um jeito: Luis, Cascudo, Luis do Coração, Camaradão, Cascudinho, Cascudinho velho. E lhe dava conselhos sobre como escrever. Era duro nas críticas. Câmara Cascudo gostava de pesquisar. Apesar de ter escrito mais de 30 livros, se fixava mais na sua condição de pesquisador do que de escritor. “Queria saber a história de todas as cousas do campo e da cidade. Convivência dos humildes, sábios, analfabetos, sabedores dos segredos do Mar

das Estrelas, dos morros silenciosos. Assombrações. Mistérios. Jamais abandonei o caminho que leva ao encantamento do passado. Pesquisas. Indagações. Confidências que hoje não têm preço.” Voltando ao título desse causo, rede de dormir, que é título de um dos livros de Câmara Cascudo, no qual ele tenta provar que a origem da rede de dormir é sul-americana. Mario de Andrade, em uma de suas críticas, o acusa de ser negligente com o que escreve e culpa a sua mania de rede por essa falha. “Minha convicção é que você vale muito mais do que o que já produziu. Há nos trabalhos de você dois erros que em assuntos técnicos, me parecem fundamentais, a falta de paciência e o desprezo da medida.” E mais adiante: “Você precisa um bocado mais descer dessa rede em que você passa o tempo inteiro lendo até dormir. Não faça escritos ao vai-vem da rede, faça escritos caídos da boca e dos hábitos que você foi buscar na casa, no mucambo, no antro, na festança, na plantação, no cais, no boteco do povo. Abandone esse ânimo aristocrático que você tem e enfim jogue as cartas na mesa, as cartas de seu valor pessoal que conheço e afianço, em estudos mais necessários e profundos.*” Coitado do Cascudinho. Só porque de vez em quando escrevia alguma anotação enquanto se balançava na sua rede de dormir. *os textos das cartas foram reproduzidos como nos originais.

Praia de Areia Preta

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CriativA Idade

Diário de uma educadora: Síndrome de AIAI

Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

Em tempos caóticos de pandemia, crise em canais de comunicação como as revistas on line, por exemplo, é muito fácil encontrar pessoas manifestando suas percepções, pensamentos, opiniões, atitudes e sentimentos, acerca dessa nova realidade. Esse comportamento característico do ser humano é esperado e acontece em seres sociáveis, que vivem em conjunto e desejam o compartilhar de experiências durante sua existência. A palavra crise conota em duas outras palavras: oportunidade e alerta. Oportunidade para mudar, para apreender e se desenvolver como ser humano, tornar-se melhor para o mundo e para humanidade, apesar das circunstâncias que o rodeiam; e alerta para estar atento ao risco que existe, de passar pela crise sem se apreender a ela, e só enxergar regressões e perdas. Diante do novo, do desconhecido, o MEDO aparece! O novo assusta, causa medo, por não ser possível controlar aquilo que é inusitado, surgem algumas reações até então não manifestadas, que vão se revelar de acordo com a resiliência, e o nível de enfrentamento que cada um consegue exercitar. Nessa perspectiva, aflora uma cadeia de sintomas notáveis em muitas pessoas: Ansiedade, Impulsividade, Angústia, Irritabilidade, desencadeando a síndrome do ‘AIAI’! Síndrome é o conjunto de sinais ou de características que, em associação com uma condição crítica, desperta insegurança e desestabilidade emocional. O sênior, bem como crianças, jovens, adultos, em qualquer idade, têm necessidades vitais de sobrevivência,

como: respirar, dormir, se alimentar, mas não desejam apenas o alimento material, precisam se alimentar da convivência, do contato com o outro, e se isso não é praticado, algo logo se altera no aspecto sócio emocional e na química cerebral. Ansiedade: se revela quando há preocupação intensa, excessiva e persistente, pelo medo de situações cotidianas; é querer tomar posse do inexistente e manter o controle do que não é controlável ou ainda irá acontecer. Pode estar atrelada a inúmeras questões como: desejar fazer várias coisas ao mesmo tempo, se apropriar de todas as informações, seja como receptor ou como transmissor ou pela perda da rotina que até então estava estabelecida e promovia a segurança; é ter o anseio em viver o futuro, e não viver o presente. Impulsividade: é o agir antes do pensar, presente em atitudes precipitadas, em direção a aquisição de uma falsa segurança, engajamento num consumismo exacerbado, tentando garantir que nada de material falte para si, ou que vá suprir algo invisível... o julgamento para responsabilizar de forma irresponsável, alguém como culpado atribuindo a ele o que não é de sua responsabilidade. Angustia: estreitamento, um abafamento descrito como redução de espaço ou de tempo, gerada por uma carência ou falta que traz inquietude, sofrimento, tormento, insegurança, falta de humor, ressentimento e dor. Está relacionado a “cair a ficha”, tomar consciência, ter espaço para compreender e aceitar os fatos da realidade, então se caímos em angustia por esse espaço que lhe falta e comprime a alma. Irritabilidade: é o estado exacerbado de irritação e exaltação de quem se deixa provocar com facilidade; acontece quando há baixo controle dos impulsos, a pessoa irritada tende a reagir de modo exagerado a estímulos que outras pessoas conseguiriam tolerar melhor, é um atributo do desequilíbrio emocional. Todos esses “sintomas” podem estar presentes naqueles considerados al-

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vos fáceis - por estarem vivendo enclausuradas, em isolamento social, não por escolha, mas por saber que há necessidade de preservar a vida - principalmente os “mais vividos”, que são apontados como vulneráveis e como grupo de risco, de forma que desencadeiem essas sensações e não conseguem manter a saúde mental que impacta a saúde física. Então, como poderemos evitar que a síndrome do AIAI assombre nossos dias de vida nesse tempo pandemia? Vamos pensar juntos em práticas criativas para combater e buscar a qualidade de vida. *Manter o isolamento social, não é estar completamente isolado, o distanciamento deve ser físico; podemos recorrer à VELHOS INSTUMENTOS de comunicação com os outros, escrevendo cartas e lendo, por telefone, descrevendo sonhos, contando histórias aos mais jovens, resgatando memórias, através de fotografias; usar NOVOS recursos, para se conectar, fazendo uso da tecnologia como ferramenta que não escravize nem tome o lugar de voz do outro. Aproveitar para registrar, fotografar filmar, gravar e Foto: Min. da Saúde

Síndrome do medo transmitir de forma criativa aquilo que faz parte da história real, isso manterá viva a identidade, quem somos e para o que existimos. *Você pode estar pensando: “demorei tanto a criar uma motivação para sair do sofá após entrar na curva declive da crise dos 60, 70, 80 e agora eu tenho que voltar para ele? ’’. O que pensar sentir, como agir? A solitude é diferente da solidão. Pode-se estar rodeado de pessoas e sentir-se só, como estar sozinho e sen-

tir a companhia de si mesmo, ficar bem, em paz. Ouça sua música preferida, ou aquelas que nunca ouve; estabeleça uma rotina para cumprir em casa; olhe o céu pela janela, deixe a luz e o calor do sol entrar... cultive conversas otimistas e que iluminam seus dias como um farol de esperança. *Verifique o que gostaria de apreender hoje? Só temos o agora! Apreendeu algo novo? O que ensinou? Qual seu objetivo para aprendizagem de amanhã? Apreender requer assimilar, tomar conhecimento das características do desconhecido, e acomodar; quando o que assimilou dá sentido para nós estará acomodando e equilibrando, assim também acontece o processo de aprendizagem. Não fique ansioso em querer saber tudo de uma vez, parafraseando um sênior sabido, “devagar é mais rápido”... * Olhe para cada parte do seu corpo, se arrume, coloque uma roupa que aprecia, passe um hidratante, use maquiagem, faça as unhas você mesmo, passe seu perfume. Suba degraus da escadaria do seu prédio, agache repetidas vezes, levante alguns enlatados, pule cordas; dance, cante, desenhe, pinte, jogue, brinque, pule corda; tire aquela soneca, sem pressa de acordar porque não tem compromisso nem horário; respire devagar e profundamente. A noite foi feita para dormir, o sono reparador, das 21h30m até as 04h da manhã, ocorre o sono regenerador que mantém a imunidade; dê boa noite a você em voz alta, e recorra às lembranças boas de suas várias fases da vida. *Prepare uma receita saborosa coletivamente, usando o celular e conversando com um familiar ou amigo; jante com alguém, ligue o tablet ou celular e converse com a pessoa a distância durante o jantar; arrisque cozinhar algo novo, tente comer bem sem se entupir do fácil, rápido e aquilo que não lhe faz bem. *Recolha-se em seu quarto e fique em silêncio; ouça as vozes da sua consciência e do seu coração; medite, esvaziese das informações, e pense em nada por alguns minutos. Para tratar essa nova realidade, precisaremos olhar para ela e conhecê

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Foto: www.uckg.org

“A Fé imuniza!” -la, com todos os anseios e demandas de sentimentos que ela traz; enfrente os medos, as alegria, as tristezas que estarão presentes, mas saiba que será parte e não o todo de sua existência. Lembre se que a informação não é sinônimo de conhecimento é preciso assimilar, digerir, filtrar, interpretar, para refletir e conhecer, ai sim, surge a sabedoria e a criatividade que vai alimentando a existência, a vida. O ser humano é adaptável as circunstâncias...uns levam mais outros menos tempo, mas todos têm essa capacidade, já vem no “chip”, no DNA... A Fé imuniza! O exercício de recorrer a algo que transcende o humano,

numa relação íntima com a divindade, sem necessariamente ter a prática de um dogma ou religião, auxilia na prevenção de prepotência e onipotência que rodeia todo ser, e traz o remédio chamado esperança, livrando dessa e de outras síndromes. Mas cuidado! Não deposite toda a sua esperança na fé como algo estático, que age sozinho e sem você. Entenda fé como ato de responsabilidade e consciência, em que cada um se compromete a fazer sua parte, e não negligencie suas atitudes. Abrir mão do controle mas não de suas ações empáticas e possíveis. É um trabalho de parceria, que precisa ser feito com quem te inspira e te move ...

Contos

Profecias? De novo?

Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

No começo do ano escrevi uma crônica sobre “profecias”, mania que tenho de gostar de ver o que astrólogos, numerólogos, horóscopos e adivinhos dizem sobre como será o ano que inicia. Antigamente gostava de ler o Almanaque do Biotônico Fontoura que Luiza, minha mãe, gostava de colecionar. Ainda hoje guardo alguns exem-

plares remanescentes. Davam boas dicas do que plantar ou colher em cada estação do ano, dicas de como limpar manchas de roupas, mitologia, pensamentos, horóscopo. As farmácias davam como brinde no começo do ano, não existe mais, pelo menos nunca mais vi a distribuição em farmácias e boticas de manipulação. Uma pena. Voltando ao assunto que comecei a escrever profecias, fiquei impressionada com a premonição de Nostradamus sobre um fato que ocorreria muito tempo depois, nos meados do século XX, que de fato ocorreu, Hitler e a II Guerra Mundial: “O primeiro do III fará pior que Nero / Ele será também valente para derramar san-

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gue humano / Ele fará construir fornos / A prosperidade terá fim e esse novo chefe será a causa de grandes escândalos”. Foi a II Guerra Mundial que destruiu grande parte do continente europeu e provocou a morte de judeus, ciganos, comunistas, anarquistas, poloneses e das minorias de gays e portadores de deficiência física ou mental. Aqui no Brasil não sofremos as agruras que a Europa passou, nosso território não foi destruído como Polônia, Alemanha, Áustria, França, Itália, Japão, Rússia. Somente reflexos e histórias contadas. Tivemos racionamento de gás, querosene, açúcar, farinha, etc. Além disso o medo que uma outra guerra acontecesse. Foi essa a lembrança que tenho de minha infância: medo da guerra, medo dos nazistas, medo do medo. Mas apesar de tantas desgraças, guerras, mortes entre suas profecias, há cerca de 60 versos que parecem descrever um líder espiritual que ajudará a construir um fenômeno histórico chamado “Movimento do Potencial Humano” ou “Movimento da Nova Era” conforme diz: “Do oriente, ensinando coisas boas ao ocidente / Ele aparecerá na Ásia / Se sentirá em casa na Europa e voará pelo céu / Pelas chuvas e pelas neves /golpeará

todo o mundo com seu bastão (símbolo da iluminação) / As religiões se unirão contra os vermelhos e ele falará de boca fechada”. “O nome do novo mestre MAITREYA, ou seja, amigo cuja missão será ajudar as pessoas a encontrarem a verdade”. A meu ver, tudo indica que esse novo Mestre seja Dalai Lama (Tenzin Gyatso 1935) o líder espiritual e político do Tibete que na sua jornada busca conhecimento e luz. Mas acho que esse movimento da nova era, aconteceu agora no limiar da década de 20 de 2020... Uma onda avassaladora, um vírus invisível que tomou conta da China e foi avançando rapidamente, como um vento forte que vai se espalhando sem rumo, arrasando, destruindo e matando. Passou pela Europa e atravessou o Atlântico, e finalmente chegou no continente Americano, em todos os países das Américas, do Norte, Central e do Sul. Muitos não acreditavam que esse vírus chegaria aqui no Brasil... - Imagina, estamos tão longe Outros ainda diziam: - É uma onda, vai passar. - Coisa dos políticos... querem atenção da mídia. - Exagero dos médicos...

Único retrato autêntico conhecido de Nostradamus pintado em vida por seu filho César Museu do Louvre - Paris

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Imagem: divulgação

- Aí tem... os laboratórios estão por trás, querem vender remédios. O vírus chegou e bateu na porta da maior cidade do país, veio com passaporte... - É uma virose da classe média... não vai chegar até o povo. - Doença de rico. Nada disso. Instalou-se e se alastrou, agora está em todo território nacional, pipocando que nem milho na panela quente. Estamos em guerra contra ele. É muito difícil viver em guerra, ainda mais quando essa guerra é contra um inimigo invisível. Você não sabe o que fazer, não sabe que arma usar, não sabe onde pisar, tocar... Dai nos apegamos em santos, rezas, para o universo, perdão de nossos pecados e todos nós, sem exceção estamos sozinhos, como viemos ao mundo. Mas como disse Nostradamus: “As religiões se unirão contra os vermelhos e ele falará de boca fechada Acredito que quando essa guerra terminar, porque é uma guerra sim, nós, todos que sobreviverem, serão melhores, terão mais respeito um pelo outro, menos desigualdade social e econômica, construirão um mundo melhor, acredito sim que seja o “Movimento do Potencial Humano” ou o tal “Movimento da Nova Era”. PS: Não sou astróloga, nem numeróloga, nem adivinha... mas sou curiosa. Nem sei por que escrevi a primeira coluna do ano para o Magazine 60+ sobre “profecias” citando Nostradamus. E eis que em pouco tempo, de certa forma, a profecia está acontecendo... E estou com medo, muito medo. Acho que é mais um desabafo, não de morrer, mas que esse vírus maldito tome conta de pessoas queridas de minha família, de amigos, de vizinhos, de pessoas indefesas.

Almanaque Biotonico Fontoura 1950 Museu do Fabricante Que 2020 seja o começo de Nova Era mesmo. Mais Humana, com mais Harmonia, mais Paz, mais Amor, mais Respeito, mais Carinho e mais Alegria. Nostradamus nasceu na França e tinha como sua profissão principal a medicina. No entanto, depois de algum tempo resolveu se tornar um profeta futurista e fez várias previsões para o século XXI. O então médico profeta levantou muitas polêmicas a respeito da veracidade de suas falácias, e há quem acredite nele, e há quem pense que ele é mais um farsante. Acreditando ou não, uma coisa é certa, as profecias do francês causam certa curiosidade nas pessoas.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

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O Sagrado

Cultura Geral

Sergio Frug

Na adolescência me dizia ser ateu. Em tempos de juventude festiva, a religião era o ópio do povo. E era mesmo, já que as cerimônias de que participava não me aproximavam do meu ser, não me ofereciam a noção de sagrado, não me sugeriam o êxtase espiritual. Mas se definirmos como sagrado o contato com a própria alma, sem dúvida o sofrimento das grandes perdas fez a sua parte e foi a dor quem me acordou, ou recordou, de alguma coisa antiga e profunda que era eu, mas que não se podia ver no espelho, nem servia para nenhuma apresentação social. Talvez ainda não viesse a me dar conta, mas através da dor, o sagrado começava a buscar o seu espaço em meu interior. Dessa forma não foi preciso estudar em catecismos ou seguir nenhuma regra estabelecida para conhecer aquilo que a vida naturalmente mostrava e desenvolvia dentro de mim. Assim a dor fez o seu papel e foi preciso tomar muito cuidado para não identificar a dor com o sagrado, pois a dor é apenas um caminho natural que vem quando vem e não algo a ser buscado como experiência devocional ou transcendente. Um tênue fio de navalha separa o

encontro do sagrado através da dor que se manifesta na vida, de uma experiência simplesmente masoquista, ou de autoflagelação, sem nada a ver com o sagrado verdadeiro. Assim vejo. Enfim, mais do que as conquistas materiais, como a formatura, o primeiro emprego ou as promoções; as grandes perdas é que foram moldando o meu coração e criando as mais profundas experiências de vida. Os encontros, em contrapartida às perdas, também exerceram esse tipo de efeito. O meu casamento, em cerimônia apenas civil, me fez transbordar de uma alegria superior (ou sagrada), ainda que na época não soubesse apreciar e nem me comportar de forma adequada para melhor desfruta-la. Mas a alegria não deixou de ser tão grande quanto a própria dor da rápida separação, após poucos anos de difícil convivência, mas não sem antes gerar outro encontro de magníficas proporções. O nascimento da minha filha, cuja presença até hoje é mais capaz de evocar o sagrado à minha alma do que conseguem realizar quaisquer religiões. A separação foi um marco, pois a partir daí e já de forma gradativamente consciente, reconheci que não me conhecia e tratei de buscar a mim mesmo. E assim surgiram formas mais amenas e menos dolorosas de contatar o sagrado. Muitas vezes os passes kardecistas, inúmeras vezes no consultório dos queridos terapeutas ou nas aulas de movimento do Sistema Río Abierto, inexplicavelmente pouco conhecido e pouco valorizado em

Foto: significadodossonhos.inf.br

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nosso país. Mais tarde em inúmeras cerimônias xamânicas como as saunas sagradas, as danças e as rodas de cura. O contato com a alma vai se tornando intenso e criativo, diminuindo a necessidade de sofrer perdas e preparando para profundos processos de transformação. E é assim que essa energia vem se mostrando fundamental em minha vida, enchendo-me o coração de alegria, gerando uma sensação de confiança não gratui-

ta, mas quase absoluta, de que o destino que se manifesta é o que há de mais perfeito e adequado para o desenvolvimento de um Ser Integral e Orgânico, útil não apenas para si, mas para toda a sua comunidade e para toda a sua espécie de forma especial... Contatos: 11996331053 - @sergiofrug sfrug@uol.com.br

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Mundo Pet

Cachorro também é arte

sa das mídias, em filmes e séries como Lessie e Rin-tin-tin, eles ganharam status de super astros e passaram a fazer parte Helton Leal de uma vez por todas do nosso cotidiano. Gerente de Ganharam alter egos, viraram super-hemerchandising na róis, aprenderam a falar, viveram cenas indústria pet e pesquisador da área de românticas, lutaram contra bandidos e práticas de consumo conquistaram, de uma vez por todas, as Desde a idade média, quando os nossas vidas e o nosso coração cães de estimação começaram a conviver com o homem no ambiente doméstico, eles também começaram a povoar o imaginário dos artistas, aparecendo em suas pinturas, graças a sua plasticidade e valor ornamental. Foi a partir do renascimento que muitos pintores, bebendo na fonte das epopéias clássicas literárias, inspiraramse no animal como símbolo de afeição e elevado valor moral. Um exemplo disso se encontra na Odisséia de Homero, quando o cão de Ulisses, chamado “Argos”, o reconhece no seu regresso e morre somente após esse reencontro. Muitas vezes, o cão também foi retratado na pintura junto a reis e nobres, como uma representação de poder e majestade, reforçada sempre pela retratação do animal com olhar de devoção ao monarca, em uma posição de submissão e disponibilidade. Injured dog - Frans Snyders O cão somente assume o protago(1579–1657) nismo, a partir do trabalho do pintor flaMusée des Beaux-Arts mengo Frans Snyders (1579–1657), que Rennes, France rompe com sua representação clássica, colocando-o no centro da obra em pinturas exclusivas, dentro de cenas realistas. “A esperança é um Foi no século 18, com o aparecimento de alimento da novas raças e o advento das exposições caninas, que ele ganhou status de signossa alma, ao qual se no de prestigio, ganhando representações na pintura inspiradas nas competimistura sempre o ções caninas, com representação do cão veneno do medo” numa tipologia de pintura que obedecia a cânones de pose, em pé e de perfil, com Voltaire a cabeça ligeiramente apontada para o observador, com o objetivo de ilustrar os padrões típicos da raça. Para finalizar, foi o cinema que alçou a figura do cão à posição de herói. Graças a cultura pop e o poder de mas-

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Vida Saudável

A necessidade do leite animal na sua alimentação

É natural o ser humano consumir leite animal? O leite de vaca é para bezerros. Precisamos de leite de vaca, na mesma proporção, que precisamos de leite de rata, de égua, elefante, cachorro, etc. O leite de vaca tem alto teor de gordura, para transformar um bezerro de 35 quilos, em uma vaca de 200. O leite faz com que seu sangue se torne acido (causa acidose). Vários estudos mostram, que tão importante como a redução de cálcio, é a redução de sua perda. Entre os maiores responsáveis pela perda de cálcio através da urina fezes e suor, se destacam: Proteína animal / sal / cafeína /tabaco / bebidas alcoólicas / ausência de exercício físico. A proteína animal tem um teor de enxofre, mais elevado do que a proteína vegetal por isso, ocorre aumento de produção de ácidos metabólicos que acidificam o sangue e, para neutralizar e restaurar o ph normal do sangue, porém ocorre a perda de cálcio ósseo. Segue alguns alimentos veganos ricos em cálcio. Espinafre - Da mesma maneira que a couve, este é um alimento rico em cálcio, pela cor de sua folha ser forte, é um indicativo da presença do nutriente. Tomate - Fonte de ferro e potássio, tem ainda fósforos, vitamina A, C, Licopeno*, além de combater doenças de ossos. Amêndoas - Ricas em cálcio, elas devem fazer parte de nossa alimentação, pois previnem osteoporose. Couve - A ingestão de couve no almoço ou jantar, supri nossa necessidade mínima de cálcio por dia. Ameixa Preta - Esse alimento con-

Fontes de referência Dr. Michel Klaper Vegnize.com.br (*)Licopeno é uma substância carotenóide que dá a cor avermelhada ao tomate, melancia, goiaba, entre outros alimentos. É um antioxidante que, quando absorvido pelo organismo, ajuda a impedir e reparar os danos às células causados pelos radicais livres. Foto: arquivo

Cida Tammaro Adm. de Empresas

tribui para diminuir o desgaste dos ossos. Soja orgânica - Fortalece muito os ossos. Atua absorvendo minerais do corpo. Deve ser ingerida, principalmente por mulheres acima de 50 anos, pois durante a menopausa, são mais suscetíveis à osteoporose. Frutas cítricas - Laranja, limão acerola, são alguns exemplos de alimento natural, ricos nesse nutriente. A vitamina C, é essencial para a proteção da cartilagem dos ossos. Enfim, para se informarem mais sobre veganismo, sugiro que assistam. A dieta dos gladiadores – documentário (Netflix) - - de 2018, sobre os benefícios da alimentação vegana à base de plantas para atletas A carne é fraca – documentário (Youtube) - sobre os impactos que o ato de comer carne representa para a saúde humana, para os animais e para o meio-ambiente

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Dicas de Viagem

Melbourne - A cidade cultural na Austrália

Anete Z. Faingold Engª. da Computação

pedra e o tema são os aborígenes. O lindo passeio dura aproximadamente duas horas e vale a pena. O local é bem estruturado e organizado. Fora do parque é possível almoçar num restaurante localizado dentro de uma moradia típica do local. Lugar agradável com comida apetitosa. Uma dica: sempre se informe dos horários de abertura e fechamento. Fizemos outro passeio, mas desta vez alugamos um carro para poder ver as esculturas dos “Doze Apóstolos”, um passeio bonito onde encontramos pedras rochosas dentro do mar. Durante anos, Melbourne foi eleita uma das melhores cidades em qualidade de vida, muito por conta de sua ótima estrutura na área dos transportes. Recomendo a todos esta maravilhosa visita. Fotos: Secr. Cultura - Melbourne

Melbourne é conhecida como a cidade cultural e financeira do Estado de Vitória e fica a quase uma hora de avião da cidade de Sydney. Para visitá-la sem faltas e sem exageros, recomendo ficar entre 3-4 dias no local. Sugiro um passeio à pé desde a Central de Trem até o mercado municipal. A primeira vez que fui à Central de Trem e observei a arquitetura vitoriana, me senti num filme de Harry Potter. Caminhando pela cidade observem a arquitetura dos edifícios, dos mais antigos aos mais modernos, vá devagar e olhe para cima, pois muitas construções vão te surpreender. Outro belo local para passear é o “píer” com várias opções de restaurantes, um lugar extremamente agradável para ver esculturas ao ar livre. Na cidade existem vários postos para turistas, os atendentes são voluntários idosos que pacientemente respondem às perguntas e dão todas as dicas desta cidade. Existe inclusive um ônibus para os turistas que desejem visitar os lugares mais importantes, e o melhor de tudo, é de graça. Caso goste de museus não deixem de visitar o Museu de Arte Contemporânea, o Museu do Holocausto e o Museu dos Presidiários (lá eram degredados os “convicts” que construíram essa cidade no final do século 18). Fizemos um passeio para fora da cidade e fomos visitar um parque que foi a antiga residência do escultor William Ricketts. Facilmente tomamos trem e ônibus, pois queríamos observar a paisagem sem pressa. Chegando ao local nos recepcionam e logo nos recepcionaram exibindo um vídeo explicando a vida do escultor e suas principais obras, todas feitas na

Escultura na pedra William Ricketts

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Constelações

Segundo constelação, “rebeldes” da família são aqueles que abrem caminhos

Vera Soubihe

Iasmin Galvão

Nesse artigo queremos mostrar o quanto é a importante função do parente que parece não se enquadrar. Sabe aquela pessoa que parece não se encaixar totalmente na família, antigamente chamada pejorativamente de “ovelha negra”? Pois é, de acordo com os valores da Constelação Familiar, ela é, na verdade, uma caçadora nata de caminhos de libertação genealógicas. “Os membros de uma árvore que não se adaptam às normas ou tradições do sistema familiar, aqueles que desde pequenos precisam, constantemente, revolucionar as cren-

ças, em geral são os chamados a libertar gerações inteiras”. “Apesar de criticados, julgados e mesmo rejeitados, eles reparam, criam o novo e fazem desabrochar novos galhos da árvore genealógica”. Segundo Bert Hellinger, psicoterapeuta alemão criador do método da Constelação, a rebeldia é terra fértil, a loucura é água que nutre, a teimosia é novo ar e a paixão é fogo que volta a acender o coração dos ancestrais. “Incontáveis desejos reprimidos, sonhos não realizados e talentos frustrados de nossos antepassados se manifestam na rebeldia dessas pessoas procurando realizar-se”.

Contatos: Vera: 11999904833 E-mail verasoubihe @outlook.com Iasmin iasmingalvão@uol.com.br Foto: nepal24hours.com

Greta Thumberg É um bom exemplo de “menina rebelde” que deu certo

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção.

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A História da Arte A Arte Etrusca

fotos: fineartamerica.com

Quanto as cidades os Etruscos foram mestres na arquitetura, no urbanismo e na topografia. A pátria originária deles, a Toscana era por demais acidentada e esses profissionais puderam desenvolver muito de sua arte nos terrenos Manoel Carlos Conti Artista Plástico mais planos de Roma. Jornalista Dentre os desenhos mais reconhecidos daquele povo eles foram feitos nos rever A Península Itálica demorou em en- sos de espelhos, 400 a.C. muitos desses trar na história. A Idade do bronze, ao em Bronze com um diâmetro de aproximenos ali, só terminou no século VIII a.C. mais ou menos quando os Gregos se estabeleciam na costa sul da Sicília. Artisticamente falando, não sabemos ao certo o que pensavam de suas origens e de sua cultura. Os únicos documentos escritos que deixaram foram curtas inscrições funerárias e poucos textos de seus ritos religiosos. Nas sepulturas daquela região normalmente os restos eram colocados numa urna ou vaso de olaria e depositados numa cova simples. Já na Grécia, com características mais Egípcias os sepulcros eram muito mais bem trabalhados e foi assim que em algum momento começaram a proceder no sul da Itália. Oito séculos passados, começou a ocorrer algo muito semelhante na Tosca- madamente 0,152 m. (figura acima - no na. Ali os Etruscos começaram a imitar em Museu do Vaticano - Roma). Outra obra prima da engenharia pedra a beleza dos sepulcros fazendo ur- Etrusca são os arcos em blocos talhanas em pedra esculpida ou barro bem trabalhado mostrando as características dos dos na pedra. Os arcos começaram a ser feitos no Egito e eram muito utilizados em restos de quem ali havia sido enterrado. Apesar de só terem restado os ali- edifícios de caráter utilitário, eles jamais os cerces de pedra dos templos Etruscos, co- utilizariam em Templos. meçamos a notar que esse povo era mes- Os Gregos conheciam o processo de constre na arte da alvenaria (motivo principal trução de arcos, porém como os Egípcios, só de desaparecerem com o tempo) onde havia eram utilizados em passagens subterrâneas. Os Romanos não, eles viram a beuma semelhança com os templos Gregos, mais um exemplo da cultura adquirida por leza dos arcos e os fizeram tomar parte de templos, pontes, passagens para outros eles de alguma forma, não se sabe como. Dentre as figuras Etruscas, a de Apolo edifícios e de outras múltiplas maneiras. é considerada uma obra prima da escultura. Mas todo esse método de construção coube Outra obra encomendada aos artis- aos engenheiros Etruscos e a eles cabem os tas Etruscos é a Loba, um dos símbolos méritos de terem inventado e desenvolvido mais famosos de Roma. Essa Loba ainda dando a respeitabilidade de sua força e de existe e sabe-se que os meninos Rômulo sua resistência. Na próxima edição veremos a Arte e Remo foram acrescentados no Renasci- Romana. mento.

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Em todas as telas

Autonomia, independência e fake news em tempos de Coronavírus

O avanço do novo coronavírus (Covid-19) tem assustado a todos. Na mídia de forma geral e nas redes sociais, muito se fala no cuidado com as pessoas idosas, sobre proteger nossos ‘coroas’, pais e avós, porém, por vezes de forma errônea dando a entender que esta é uma responsabilidade de terceiros. Claro que há idosos dependentes com problemas sérios de saúde que inspiram um cuidado maior, mas há uma grande parcela da população idosa independente e autônoma, que inclusive mora sozinha. E é preciso incentivar estas pessoas a assumirem a responsabilidade no reforço do cuidado com higiene e adesão ao isolamento social para evitar que no Brasil se repita o que ocorre na Itália. Situações como esta mostram como a velhice ainda é vista com pré-conceitos, não apenas pela mídia, mas por toda a sociedade. É forte a crença na pessoa idosa como um ser frágil que demanda cuidados supervisionados, e o que é pior, tratados de forma igual, sem atenção à heterogeneidade e diversidade que formam a população também nesta faixa etária. Importante lembrar que as medidas preventivas cabem a todos, embora os idosos formem o principal grupo de risco, com maior taxa de mortalidade ao contrair o novo coronavírus, chegando a quase 15%. Fato que se confirma com as primeiras mortes no Brasil pela Covid-19, todas de pessoas 60+. E em São Paulo, os pacientes estavam em um hospital de um plano de saúde voltado ao público sênior.

Contato: katia@novamaturidade.com.br

Foto: divulgação

Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Fake news Outro ponto fundamental neste momento é combate às notícias falsas, as famosas fake news. Quem nunca recebeu uma informação, acreditou que era verdade ou que era nova e repassou? Difícil alguém que não tenha caído nesta armadilha, por isso todo cuidado é pouco. As notícias falsas alcançam as pessoas mais rápido que qualquer vírus. Faça sua parte, verifique a informação! Há agências de checagem de informação como a Lupa - https://piaui.folha. uol.com.br/lupa/, e sobre o coronavírus, acompanhe os sites oficiais do Ministério da Saúde - https://coronavirus.saude.gov. br/ e do governo do Estado de São Paulo http://saopaulo.sp.gov.br/coronavirus/. O Magazine 60+ também preparou uma edição especial muito bacana, que traz também dicas de atividades e entretenimento para os tempos de quarentena. Parabéns ao Manoel e a Marisa e toda equipe! Acesse https://issuu.com/manoelcarlosconti/ docs/magazine_60__edi__o_extra.

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Benefícios

Sistema Imunológico: o que é e como fortalecer esse sistema durante o processo de envelhecimento

Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Vocês sabiam que nós temos dois tipos de sistema imunológico, que também é chamado de sistema imune? Primeiro vamos falar um pouco sobre a que forma o nosso sistema imune: é um conjunto de órgãos, tecidos e células que fazem a defesa do organismo contra os agentes causadores de doenças. Por exemplo: ele combate vírus, bactérias e agentes infecciosos, e, assim, previne o desenvolvimento de várias doenças. Dessa forma, o bom funcionamento do nosso sistema imune passar a ser fundamental para a nossa sobrevivência. Mas como ele funciona? Quando um agente estranho invade o organismo, como se fosse um exército de defesa, o sistema imunológico é ativado para combatê-lo gerando uma série de reações. Por exemplo, quando você se machuca, a área se aquece e fica avermelhada. A própria inflamação local é uma defesa do organismo a nosso favor. O nosso sistema imune responde, na tentativa de matar os micro-organismos do local. Assim como esse mecanismo, diversos outros são ativados dependendo do tipo de invasor ao qual o organismo for exposto. O nosso organismo tem duas possibilidades de resposta a um agente agressor: Desde que nascemos nós viemos com a capacidade de nos defendermos de agentes agressores e isto em grande parte se deve ao período pré-natal, ou seja, de que alimentação nossa mãe ingeriu, se ela recebeu os cuidados ne-

cessários, mas principalmente se nós fomos amamentados na fase logo após o nascimento. Se todos os cuidados foram tomados, nós nascemos com o sistema imune fortalecido (ou seja, adquirido antes ou logo após nascermos). A este sistema chamamos de imunidade inata. Um exemplo de imunidade inata são as consideradas barreiras imunológicas como os pelos, a própria pele, a mucosa nasal que é agente que impede a entrada dos oportunistas. Como exemplo de barreira fisiológica contamos com o ácido do estômago e a temperatura corporal. Mas, quando imunidade inata não consegue combater o agente agressor, a outra imunidade entra em ação para evitar o desenvolvimento de enfermidades, veja a seguir. A imunidade adaptativa é a que adquirimos ao longo da vida. São os famosos anticorpos, que são células de defesa que o organismo desenvolve após entrar em contato uma vez com as doenças e sobreviver a elas. E quais são os agentes que impedem o nosso sistema imune de funcionar bem? Stress Uma atividade estressante, que aumenta a produção de cortisol, que apesar de ser bom para o nosso organismo, em excesso ele baixa a defesa do nosso organismo Má alimentação Quando nos alimentamos sem consumir alimentos variados e faltando nutrientes e vitaminas essenciais para a nossa defesa, como a vitamina C, por exemplo, ou deixando de incluir frutas como o abacate, dentre outras, estamos debilitando nossa imunidade. Distúrbios de sono Quando não dormimos a quantidade de horas e nem com a qualidade de sono que necessitamos, impedimos que alguns hormônios que se expressam du-

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Fotos:library.neura.edu.au

rante o sono tenham sua ação, pois se o sono for fragmentado nos impede de entrar na fase mais profunda onde vários processos fisiológicos acontecem. Finalmente, que dicas podemos deixar? - alimentar-se bem (variedade e qualidade, não quantidade!); - consumir cebola e alho, brócolis, nozes, sardinha, uva roxa; - praticar atividade física regular (ajuda na nossa capacidade cardiovascular); - Lembrar-se da vacinação nas épocas corretas, atente-se ao calendário vacinal na unidade básica de saúde mais próxima de sua casa; - procurar dormir as horas que seu organismo precisa; - evitar situações estressantes, sempre que possível; - expor-se sempre que possível à luz solar; - caso sinta febre, resfriado, mal estar e falta de energia, entre em contato com um médico, antes de ir a um serviço de emergência, para ter as orientações precisas. No momento é recomendável que indivíduos com mais de 60 anos, evitem locais públicos, incluindo, cursos, reuniões sociais, idas às igrejas, mercados,

e permaneça o maior tempo possível de sua rotina, em suas casas. Também é recomendável que indivíduos com fatores de risco, como aqueles com idade inferior a 60 anos, mas que apresentam doenças crônicas vasculares, como diabetes, hipertensão, doenças cardíacas, ou quadros de doenças respiratórias, como bronquite, asma, pneumonia, tenham cuidados redobrados em relação à sua saúde. É um momento importante de aplicarmos para a nossa rotina, medidas preventivas, seguindo as recomendações das autoridades e técnicos nas áreas de infectologia, pneumologia e epidemiologia. Com essas medidas podemos colaborar para fortalecer o nosso sistema imunológico e estarmos preparados para situações como a que estamos vivendo atualmente com a proliferação do coronavírus, que causa a doença COVID-19. Texto elaborado pelas Professoras Eva Bettine e Thais Bento, gerontólogas e pesquisadoras na área do envelhecimento na Universidade de São Paulo-USP e pela Profa. Dra. Rubia Pereira de Carvalho Mendes, neurocientista, bióloga especialista em ritmos biológicos com ênfase nos ciclos hormonais da USP

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Nosso cafézinho

Continuando com histórias do nosso cafezinho

Cida Castilho Barista

Em minhas idas e vindas treinando pessoal para fazer café em máquina de café espresso pelo interior de São Paulo e pelo Brasil, tive oportunidade de conhecer pessoas maravilhosas e que amam o que fazem, ou seja Café! Nesses dias me contaram 3 (três) curiosidades que considero muito importante. 1ª curiosidade: Já ouviu falar do Sr. Luís Norberto Pascoal? Ele é o atual Presidente da rede DPaschoal, assumiu com 23 anos quando seu pai, Donato Pascoal morreu em 1970. O Sr Luís Norberto Pascoal além de presidente da Rede DPaschoal, também foi um dos primeiros empresários a fazer a responsabilidade social em sua fazenda em Patrocínio (MG) com preservação da natureza, cuidados intensivos com a terra, água, mananciais, reflorestamento, trabalhos sociais enfim tudo que se possa contribuir com a Natureza. A fazenda do Sr Norberto foi a primeira Fazenda certificada pela ‘Rainforest Alliance do Brasil’. Este selo só é concedido a fazendas modelo em sustentabilidade, e respeito social. Foi a 1ª Fazenda a ser verificado como amiga do clima pelo Módulo Clima, da Rede de Agricultura Sustentável (SAN) na América do Sul. Vencedora do “Prêmio Fazenda Sustentável 2015) O livro “Aroma de café” escrito por Luis Norberto Pascoal, tornou-se um guia para os baristas na época, e até agora faz muito sucesso, por ter uma fácil compreensão, além de ilustrações incríveis. Atualmente uma grande maioria das fazendas aderiu a este trabalho e passaram a ser sustentáveis, algumas até para visitação que como passeio vale muito a pena conhecer ao vivo em cores. 2ª Curiosidade: Ernesto Illy (in memoriam) era um químico e empresário de

alimentos italiano, conhecido como presidente do fabricante de café Illycaffè S.p.A. Ele era profundamente e amplamente respeitado e considerado “um gigante absoluto” no mundo do café. Tive a oportunidade de conhecê-lo e de ser contratada para trabalhar nos Workshop da Illy Brasil, e conseqüentemente aprendendo mais sobre o café italiano conhecido mundialmente. 3ª Curiosidade: Avião e café devem agradecer muito ao pai de Santos-Dumont Sr. Henrrique Dumont que foi o “Rei do Café” e que patrocinou os inventos de seu filho Santos-Dumont. Os feitos de Santos-Dumont com o 14 BIS, o primeiro avião do mundo, e seus outros experimentos que lhe renderam o título de “Pai da Aviação” são conhecidos e idolatrados mundialmente. Seu nome consta no “Livro de Aço” do Panteão da Pátria e Liberdade, dedicado a personalidades que se destacaram em prol da pátria brasileira. Mas você sabia que, se não fosse pelo café a história poderia ser bem diferente? Acontece que o pai do aviador, o francês Henrique Dumont, foi o segundo “rei do café” na época do Brasil Império e sua fazenda, a Arindeuva, localizada no interior de São Paulo, era a maior e mais moderna da América Latina. (texto extraído do café cultura). Pois é, foi o café que financiou o primeiro avião do mundo o 14BIS. Que orgulho! Veja receitas com café a seguir Foto:jornalspnorte.com.br

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Nosso cafézinho Receitas aprovadas e testadas por Barista Cida Castilho em aula de gastronomia com alunos da Faculdade Hotec.

Entre várias receitas distribuídas para os grupos, vou passar as que mais gostaram e que combinaram com café. Peras com calda de café

- 4 peras maduras - 1 colher (sobremesa) suco de limão - ½ litro de água - 1 xicara de (café) de café bem forte - 2 paus de canela - 2 cravos - cascas de limão raladas Modo de preparo Descasque as peras deixando-as inteiras e mantendo o cabinho. Esfregue com suco de limão para que não escureçam. Coloque a água, o açúcar, a canela, as cascas de limão, os cravos e ferva. Junte as peras abaixe o fogo e deixe cozinhar por 20 minutos. Retire-as da panela espere esfriar e leve a geladeira. Junte o café à calda da panela. Ferva 5 minutos para engrossar. Deixe esfriar, sirva as peras geladas com a calda de café.

Misture com uma espátula e incorpore às gemas batidas. Misture bem. Bata as claras em neve bem firme. Junte delicadamente ao creme de chocolate. Distribua o mousse em taças individuais e leve a geladeira por 4 horas, decore com grãos de café e chantilly se preferir. Batatas gratinadas com café

- 1 k de batatas cozidas - 100g de mozarela cortada em cubos - 100g de presunto cortado em cubos - 1 cebola picada - 1 tomate picado - 1 peito de frango cozido e cortado em cubinhos ou desfiado - 1 lt de creme de leite - 1/3 xícara de café preparado bem forte - 150g de queijo ralado, sal, orégano, cheiro verde a gosto. - 50g de azeitonas - ½ lata de milho verde Modo de preparo Coloque em um refratário uma camada de batata Em outro recipiente misture o queijo, o presunto, o frango a cebola e os temperos. Em uma vasilha misture o café, o queijo e o creme de leite Faça camadas alternadas com a batata, o queijo e por ultimo o creme de leite. Leve ao fogo para gratinar

Mousse de Café - 5 ovos separados - 4 colheres de (sopa) de açúcar - 200g de chocolate meio amargo picado - 100g de manteiga ou margarina - 1 xícara de café bem forte - 2 colheres de rum Modo de Preparo Coloque as gemas e o açúcar na batedeira e bata até que cresçam. Junte em outra tijela o chocolate, o café, a manteiga e o rum e leve ao fogo em banho-maria para que derretam.

Cida Castilho Barista Senior (011) 99914 8868 Cidacampos52@gmail.com

magazine 60+ #10 - Abril/2020 - pág.37


DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Receitas Fáceis

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Estamos enfrentando um grande desafio: o Coronavírus! Ficar em casa! Eis a questão! Tivemos que parar nossas atividades pra ficarmos num espaço limitado e reinventar “ novas coisas “, fazer, criar, apreciar, enfim viver esta nova etapa. Mas que bom podermos ficar mais tempo com nossa família, assistir filmes, jogar, brincar, às vezes só fazíamos isso aos fins de semana e férias. Por sorte, Deus me permitiu vir ao sítio e poder desfrutar esse espaço junto a natureza e ficar com nossos entes queridos. Estou aqui revivendo várias coisas, e entre elas passo boa parte do tempo refazendo e criando novas receitas. Como é gostoso vê-los apreciando meus pratos, dando palpites, e claro, sempre tentando fazer algo novo. Hoje fiz um prato que minha mãe fazia sempre: Pimentão recheado! Ingredientes: pimentão, pode ser verde, vermelho, amarelo, e agora já temos o roxo também. 6 pimentões de médios para pequenos. O colorido sempre nos apetece mais. ½ kg de carne moída (acém, coxão mole, patinho etc.) 1 pão francês ( pode ser velho ) embebido no leite, 1 ovo cru, sal e pimenta a gosto, cheiro-verde, cebola e alho bem picadinhos. Modo de fazer: lave bem os pimentões, abra-os cortando as tampas e reservando-as, tire as sementes. Ponha num bowl: a carne, o sal, a pimenta, cebola, alho e cheiro-verde, acrescente o pão ( deve ficar bem molinho ) e o ovo. Misture bem com as mãos até ficar bem homogêneo. Pegue os pimentões e na parte maior encha-os com a mistura de carne; junte a tampa, feche-os e colo-

que palitinhos ( 3 ) pra ficar bem fechadinhos. Coloque no fundo de uma panela óleo de sua preferência (canola, milho, soja etc.) e vá adicionando os pimentões um ao lado do outro. Tampe a panela e vá fritando-os; vá virando com cuidado pra ficar frito e cozido por inteiro. Se precisar vá acrescentando um pouco de água fervente. Pode ser feito um molho de tomate batido ( tipo purê ) e colocar quando estiverem prontos! Para acompanhar fiz arroz com lentilha e cebolas em rodelas fritas no azeite bem douradas por cima do arroz. Pra uma xícara de arroz, meia xícara de lentilha ( deixe-a de molho umas duas horas antes de fazer o arroz ) Farofa: Meio pacote de farinha de milho em farelo (amarela), 8 cebolas cortadas ao meio e em 4 partes. Doure as cebolas ( na manteiga, azeite ou óleo, veja a sua preferência ). Quando estiverem bem douradas, acrescente a farinha de milho, um pouco de sal a gosto e vá mexendo até desprender do fundo da panela e ficar bem douradinha. Desligue o fogo. À parte pegue 7 ovos inteiros, pegue uma frigideira, coloque o fundo de óleo ou uma colher de sopa de manteiga ou margarina e faça um mexidão. Mexa bem até se desprender do fundo da frigideira e estar bem cozido por inteiro. Desligue. Ponha o ovo mexido na farofa. Se gostar, pegue duas bananas nanicas e corte-as em rodelas em 4 pedaços. Separe-os, coloque na farofa e misture bem. Pique um pouco de cheiro-verde e misture. Bom apetite e até a próxima.

magazine 60+ #10 - Abril/2020 - pág.38

Foto: Ebe Fabra


Ana Luna Cabelo Branco Crônicas do Cotidiano

Ana Luna Graduada em Letras

A guerra sem luta Jamais pensei viver uma guerra ! Vivemos em um país pacífico, tropical e ...abençoado por natureza ! Já diz a canção. Muitas crises passamos. Isso é certo. Ouvi dizer de guerra química, além das físicas, mas nunca sonhei passar pela guerra do vírus . Olho da minha sacada . O movimento parou. Até os pássaros acham que hoje é domingo e não cantam. Ninguém sabe muito sobre essa guerra. Dizem que começou no país tal. Que importa ? Será mesmo ? Não existe uma receita, remédios e cura. Estou no grupo de risco. Tenho 68 anos e energia de sobra. Mas estou no risco. Idoso. Sou idosa. Estou na faixa que tem que ficar em casa, alimentação boa, casa arejada e

muita água. Penso nos idosos que precisam ainda trabalhar, pegar transporte público , sair, andar longas distâncias. Penso no álcool gel. Eles têm dinheiro para isso? Água e Sabão. Aqui, nesse retiro involuntário , observo o comportamento em dias de guerra. Pessoas correram para os super mercados para estocar alimentos. Correram para as farmácias . Pensar no outro, para que ? A internete nos uniu. Somos um só. Passamos por um momento extremamente delicado: pandemia global. Todas as áreas foram atingidas e o estado de calamidade pública urge. Reuniões, projeto de lei emergencial, comitês, tudo para controlar a guerra. Estamos fazendo nossa parte. As pessoas estão fazendo sua parte. Senhoras e Senhores, ajudem a quem não tem acesso à informação. Quem pode doar sangue, faça. Creio que todo tipo de ajuda será útil. Olhe ao lado: alguém precisa da sua ajuda ? Não lute . A guerra é sem combate. A luta é de Atitude ! Guerra sem luta. Estamos no isolamento mas nunca sozinhos ! Paz na Saúde !!

Foto: You Tube

magazine 60+ #10 - Abril/2020 - pág.39


informe publicitário

O Cidadão e Repórter é um movimento social que desenvolve e transmite informações relacionadas a cidadania levando aos leitores e seguidores, a visão de repórteres 60+, baseada na nossa vivência e experiência e na divulgação e defesa dos princípios da democracia e da livre expressão.


HOMILIA DO SANTO PADRE Adoração do Santíssimo e Bêncão Urbi et Orbi («Sagrado» da Basílica de S. Pedro, 27 de março de 2020) «Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demonos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos. Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). AcordamNo; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40). Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados. A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades. Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!» «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo

magazine 60+ #10 - Abril/2020 - pág.41


de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais. O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança. Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança. «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7).

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