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S.Paulo, Maio/2020 - #11
Foto:Divulgação
Ano II
#11
Cuidados com a saúde mental durante a quarentena Páginas 27 e 28
Editorial
TEMPOS DE PANDEMIA Página 2
A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.
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educação para a vida
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Editorial
Manoel Carlos Conti Jornalista
TEMPOS DE PANDEMIA Já vimos muitas vezes correria e brigas nas lojas por causa de promoções sejam de televisores, computadores, celulares, brinquedos, black fridey, algumas comidas como chocolate, ovos de Páscoa, panetone e muitas outras, mas por máscaras cirúrgicas, ao menos eu nesses 63 anos nunca tinha visto. Pior de tudo é que tudo isso parece que não vai acabar tão cedo. Dia desses, num jornal da televisão ouvi um famoso Médico dizer que “tudo só vai voltar ao normal quando tivermos uma vacina e isso leva de 1 a 2 anos”. Mesmo assim, tem sido curioso, ao menos no meu ponto de vista, o bom humor que mesmo com todo esse drama persiste em estar presente principalmente entre brasileiros, mas também em outros lugares do planeta. Um estudo feito pela Fundação Getúlio Vargas afirma que o Brasil é o quarto país que mais comenta sobre o COVID-19. Entretanto, 34% das menções são de imagens engraçadas, o que é muito maior do que as publicações sobre notícias relacionadas a doença – que somam 17%. Para a professora do Centro Universitário Internacional Uninter, Maria Carolina Avis, além de ajudar a “passar o tempo”, esta ferramenta também pode trazer conhecimento. ‘‘Embora os memes sejam uma forma divertida e informal de conteúdo, eles podem, sim, servir para educar e disseminar informações de qualidade como dar dicas e deixar mensagens positivas de forma descontraída’’, afirma. Os moradores e frequentadores da Maré, na cidade do Rio de Janeiro dizem já não aguentar mais um carro de som que, segundo depoimentos não para de passar pela região dizendo aos berros nos auto falantes “idosos, não saiam de casa”. Em Teresina no Piauí a fala nos auto falantes do carro já é, se assim podemos dizer, um pouco mais tétrica. O carro passa falando “os postos de saúde não tem remédios e não
existe uma vacina... fiquem em casa”. A Prefeitura de Vitória no Espírito Santo já tomou medidas mais drásticas, principalmente nos bairros onde a incidência de idosos é maior. O Prefeito mandou retirar todos os bancos das Praças. Já a Orquestra de Câmara do Amazonas resolveu ensinar como lavar as mãos ao som de Mozart, só que os moradores dizem que o som do carro é tão ruim que não conseguem identificar ao certo nem o que o locutor diz e nem a orquestra que toca. Na internet, melhor dizendo, nas redes sociais, principalmente no Instagran e no Facebook as fotos e filmes chamados ‘memes’ não se esgotam nunca. Já vi gente conversando com o espelho e depois tenta fazer como aqueles ventríloquos e respondem para si mesmo. Dia desses vi um sujeito que jogava milho por milho numa panela e quando a pipoca estourava ele a tirava e jogava outra. Vi todo tipo de montagem com cães, privadas sanitárias, crianças, carros, políticos então nem se fala, principalmente sátiras daqueles profissionais que ao lado das autoridades falam em Libras (Linguagem Brasileira de Sinais). Bom ou ruim muitos de nós estamos em ‘prisão domiciliar’ há algumas semanas, principalmente os 60+ para os quais essa Revista tenta levar um pouco de distração e de informação de todo o tipo para quem sabe termos o que fazer por mais 1 ou 2 dias. O importante é saber que hoje, dia 29 de abril, estamos (segundo dizem os especialistas) entrando no auge do pico dessa chamada primeira onda. Nossa torcida é para que tudo isso passe logo e que possamos voltar a ver e visitar nossos familiares, sair para comprarmos as coisas que gostamos e não as coisas que nossos filhos ou netos compram para a gente (felizes aqueles que os tem presentes) podermos ir a pizarias, conversar com amigos e uma coisa podemos afirmar, assunto é que não vai faltar. Por falar em conversa esse tem sido o ponto positivo dessa pandemia, temos conversado por telefone com amigos e parentes que não falávamos há anos e olha que essas conversas quase sempre são longas... muitas vezes longas demais. Mas como dizem “vai passar”. contihq@hotmail.com - cel. (11) 9.88906403
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nosso time de colunistas
60+
magazine
Heródoto Barbeiro O Virus que os governantes não deram atenção Página 4
Reuven Vanessa Faingold Bulara Yona Mann - O Votorantim da Transação triterra de Israel butária publicaPáginas 5 e 6 da em época de pamdemia
Sandra R. Schewinsky Por que sinto medo?
Marcelo Thalenberg
Osvaldo B. de Moraes O novo coronavírus e seus impactos na sociedade
Técnicas de Mindful Página 10
Página 9
Páginas 11 e 12
Páginas 7 e 8
Beltrina Corte Decidimos quem vive e quem deve ser mandado para casa para morrer
Jane Barreto
João F. Aranha Ajuda mútua M.Luiza e cooperação Conti - Fatores da Perdão Evolução Página 17 e 18 Páginas 15, 16 e 17
Página 13
Sérgio Frug As crenças
Malu N. Gomes
Páginas 22 e 23
Vai passar. E...? Páginas 25 e 26
Marcia Castilho Página 19
Silvia Cida Tammaro Triboni Atletas veganos Cuidados com Página 29 a saúde mental durante a quarentena
Os sobreviventes Malu Alencar Rir para Página 20 não chorar Páginas 21 e 22
Anete Z. Faingold Butão nos remete a Shangri-La Página 30
Iasmin Galvão
O que a Constelação Familiar diz sobre esse momento de Coronavirus Página 31
Manoel Carlos Conti A Arte Romana parte I Página 37
Katia Brito Campanhas publicitárias dão voz aos 60+
Thais Bento Lima Doença de Alzheimer é uma demência? Páginas 34 e 35
Alegria Página 38
Tony de Souza Histórias de Trancoso Páginas 35 e 36
Página 33
Ana Luna
Confinamento em casa Página 32
Páginas 27 e 28
Vera Soubihe
João Alberto J. Neto
Ebe Fabra
Cida Castilho
Receitas fáceis Páginas 39 e 40
Continuando as receitas com café
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Página 41
Crônicas do Brasil
O Vírus que os governantes não deram atenção
Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma
Ele vem da Europa. Ninguém desconhece que o contato com pessoas vindas do chamado velho continente são os portadores de uma grave ameaça `a saúde humana. O prognóstico não é favorável. A mídia estampa hospitais lotados, médicos e enfermeiros correndo sem saber para onde ir. As noticias divulgadas no pais de origem não merecem crédito porque o governo não tem interesse em divulgar uma pandemia que vai afetar a economia e derrubar a produção e o mercado internacional. Os cientistas buscam as origens do vírus, genericamente conhecido como influenza, e há discordância do animal responsável pela sua propagação. Alguns reputam a uma contaminação de aves que por sua vez contaminam os porcos, que por sua vez contaminam os seres humanos. Não há uma ligação direta entre as aves e os infectados. A doença é um desafio para os institutos de pesquisa que não chegam a um medicamento, ou vacina que sejam capazes de imunizar as pessoas. Os curandeiros e benzedeiras trabalham a todo vapor. Há um temor que as aglomerações, como o carnaval, sejam os locais de maior possibilidade de contágio. As fake News transitam de boca a boca. Há quem propague que a doença é um castigo divino provocado pelos pecados do ser humano, o apocalipse. Um castigo para uma sociedade pecadora, materialista, pela falta de religião e pela devassidão dos costumes. Ou a passagem de três cometas nas proximidades do planeta que trazem a doença, a guerra e a fome. De fato os três convivem em um mundo conturbado e disputado pelas potências bélicas em vários campos de
Foto: Wikpédia
Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador
batalha. As teorias da conspiração ganham grande aceitação, como a de um laboratório que criou o vírus como uma arma de guerra, para contaminar o inimigo e perdeu o controle da disseminação. A cada dia novas notícias dão conta que o vírus atingiu locais distintos tanto na Europa como nos Estados Unidos. O Brasil não está fora desse ciclo de contaminação, recebe estrangeiros que já chegam na alfândega doentes. Da constatação da chegada do vírus para a suspeita de muitos infectados é um passo. Em São Paulo são registrados muitos casos e logo em todo o país novos doentes são anunciados. Os protocolos médicos para impedir a expansão de epidemia são recentes e ninguém tem certeza que vão funcionar. A consequência imediata é a corrida para os hospitais ao primeiro sinal de gripe,
Rodrigues Alves e as vezes é apenas um resfriado. Mas o noticiário internacional não deixa ninguém tranquilo. A capital do Brasil é um foco de forte propagação. Nem mesmo uma equipe médica enviada para a Europa para apoiar os aliados na guerra escapa da doença. Já chegam com o vírus atuante. Uma onda de contaminação percorre o pais. Pobres e ricos são atingidos. Não escapam nem a burguesia industrial, nem os latifundiários do café. Nem os políticos. O presidente recém eleito em 1918, Rodrigues Alves, morre antes de tomar posse. A gripe espanhola mata no Brasil 35 mil pessoas. No mundo, matou mais do que as duas grandes catástrofes conhecidas como as duas grandes guerras mundiais.
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Nosso Mundo, Nossa Cultura
Yona Mann - A Votorantim da terra de Israel
Reuven Faingold Historiador
A declaração do Estado de Israel em 15/05/1948 encerrou um longo período de tribulações, perseguições e diáspora. Atender à promessa bíblica e poder viabilizar o sonhado lar nacional prometido na Declaração Balfour de 1917, era o maior desafio do Sionismo nessa empreitada rumo à modernidade. Vários judeus participaram ativamente dessa gesta nacional, dentre eles a família Mann-Fridland. Quando chegou ao porto de Yaffo por 1858, acompanhado pela mulher, filho e netos, Yona Mann estava com 60 anos de idade. Sentindo-se um judeu privilegiado, caminhou até Jerusalém peregrinando pela Terra Prometida. Sua mulher, sua nora e crianças montavam animais repletos de caixas, segundo os costumes daqueles tempos. Falavam com grande entusiasmo do antigo preceito (mitzvá) de povoar a Terra Santa, mas no podiam ignorar a paisagem árida, desértica e pedregosa diante de seus olhos. Em Charson, ao sul da Rússia, Yona e seus filhos encontraram o sustento trabalhando com cimento e potássio. Já em Jerusalém, com dinheiro escasso, sua maior vontade era estudar Torá e o Talmude. O filho de Yona, David, era ativo e não queria dedicar-se apenas aos estudos sagrados; sonhava em continuar com a antiga empresa do pai. Não passou muito tempo e, ajudado pelo seu filho mais novo; abriu uma canteira de cimento. Na época não havia indústrias em Jerusalém. A cidade estava abandonada, era pobre e totalmente fechada dentro das muralhas. Mas David não desanimou. Depois de terminar a Guerra da Criméia (1856), Jerusalém começava a crescer vertiginosamente com casas, enquanto Sir Moses Montefiore impulsionava a construção de novos bairros fora das muralhas da cidade.
Em 1859, munido de algum dinheiro e ferramentas pouco conhecidas até então, chegou a Jerusalém Moshé Yehudá, o irmão de David Mann. Outros dois irmãos de sobrenome Fridland (o nome de solteira da mãe), se incorporaram como sócios à nova empresa de cimento, tijolos e telhas que nascia. Com o passar do tempo, a sociedade Mann-Fridland inaugurou outra indústria de cimento em Yaffo, nos campos cítricos de Moses Montefiore; sob o comando do judeu David Klassen. Uma carta escrita por Moshé Yehudá nos permite conhecer a atividade industrial dos irmãos Mann: “Há três anos deixei Charson (Rússia) chegando à cidade santa de Jerusalém. Ali estabelecido, prometi de não aceitar dinheiro de benemerência (tzedaká) e sustentar-me com o suor do meu próprio trabalho. Fora de Israel tinha uma fábrica que produzia cimento e queimava tijolos para a construção civil. Graças a Deus, há dois anos administro uma empresa de cimento em Jerusalém, que me rende um bom sustento. Já faz um ano que estou em Yaffo e construí um forno para produzir cimento e tijolos, e
Yona Mann
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assim poder exportar produtos de muito boa qualidade a Londres. Agradeço ao Todopoderoso que me brindou o sustento de meu sagrado trabalho”. Porém, o empreendimento de Yaffo não teve êxito e os irmãos Mann-Fridland voltaram a Jerusalém para dedicar-se a primeira fábrica. Desde Jerusalém exportavam cimento e tijolos a Egito. O pai Yona, mais conhecido como Yona Potasha (Yona do Potássio) continuou a estudar Torá; enquanto seus vários filhos aumentavam gradativamente o capital da companhia. Dentro de um lar de Estudo e Trabalho (Tora ve-Avodá) surgiram novas ocupações. O filho de Moshé Yehudá, de nome Petachia Livai, administrava um moinho de trigo em Jerusalém, movido por oito cavalos. Yaacov, também filho de Moshé Yehudá aprimorou-se na área da construção civil e, mesmo sem haver-se formado na escola técnica; recebia projetos de engenharia e arquitetura. Dentre os numerosos projetos realizados por Yaacov Mann podemos mencionar dois que ainda existem em Jerusalém: o Hospital Shaarei Tzedek na rua Yaffo e a Escola Lemel na rua Yeshaiahu; ambos no centro da cidade moderna.
Construção em Jerusalém Yona, o patriarca da família Mann, estudou Torá por 10 anos em Jerusalém e conseguiu olhar com orgulho o sucesso de seus filhos e netos. Morreu em 1867. Seus descendentes diretos são as famílias Mann, Fridland e Livai. Além daqueles filhos que contribuíram para a economia jerosolimitana, há hoje no clã dos Mann advogados, contadores e comerciantes. Entre os vários bisnetos do patriarca Yona, um deles ocupou o cargo de Superintendente da Fazenda, Diretor do “Banco de Empréstimos Tefachot” e Presidente do “Hospital Hadassa” em Jerusalém. Uma família judaica que certamente fez história.
Fotos: arquivo do colunista
Construção de Hospital em Jerusalém
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Direitos
Transação tributária publicada em época de pandemia
Vanessa Bulara
Advogada tributarista Consultora
Sabe-se que a atual pandemia provocada pela Covid-19 tem causado enormes prejuízos na área sanitária, com consequências desastrosas para a economia mundial. Especificamente na seara da economia brasileira, todos têm acompanhado o fechamento dos estabelecimentos com a suspensão das atividades empresariais e, consequentemente, com a brutal queda da receita e faturamento e da arrecadação tributária. Anteriormente a estes fatos, o Governo brasileiro já discutia a instituição de uma modalidade de negociação de débitos tributários entre fisco e contribuinte (pessoa física ou jurídica) denominada transação. Embora a transação já estivesse prevista em nossa legislação tributária brasileira desde 1966 (artigo 171, do Código Tributário Nacional), havia “ainda” a necessidade de lei que regulamentasse essa possibilidade, ou seja, a possibilidade que a lei trazia desde 1966 era uma letra morta até recentemente. Nesse sentido, certamente com a perda na arrecadação provocada pela pandemia, em 17 de outubro do ano passado, o Governo publicou uma Medida Provisória regulamentando finalmente a transação. e, em 14 de abril deste ano, a referida MP foi convertida em lei ordinária federal (13.988/20). A transação permite que o fisco federal e o contribuinte possam negociar os débitos tributários (exclusivamente federais), permitindo-se o parcelamento com redução de multa e juros. Resumidamente, a aplicação da
transação se dá: I - aos débitos fiscais que ainda não estão em discussão judicial, II - à dívida ativa e aos tributos da União, cuja inscrição, cobrança e representação incumbam à Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, III - à dívida ativa das autarquias e das fundações públicas federais, cuja inscrição, cobrança e representação incumbam também à Procuradoria-Geral Federal, e aos créditos cuja cobrança seja competência da Procuradoria-Geral da União, nos termos de ato do Advogado-Geral da União. O procedimento para lançar mão da transação pode - se dar por três maneiras: I - por proposta individual ou adesão nos casos de cobrança de créditos inscritos na dívida ativa; II - por adesão, nos demais casos de contencioso judicial ou administrativo tributário; III - apenas por adesão, no contencioso tributário de pequeno valor. A via por adesão implica em aceitação pelo devedor de todas as condições fixadas no edital que a propõe. Os tributos que podem ser objeto de transação são os federais como PIS, Cofins, Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), contribuição previdenciária, Imposto de Renda Pessoa Física (IRPF) e Pessoa Jurídica (IRPJ) e Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL). Em contrapartida, fica proibida a transação de débitos do Simples Nacional e do Fundo de Garantia de Tempo de Serviço (FGTS), bem como proíbe-se a redução de multas qualificadas ou de natureza penal. Outra proibição é que o acordo não poderá ser feito com devedores contumazes e ficam de fora os tributos estaduais, como o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) ou o IPVA, e municipais, a exemplo do Imposto sobre Serviços (ISS) e do ITBI.
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Foto: cloudcoaching.com.br
O parcelamento permite a concessão de descontos nas multas, nos juros de mora e nos encargos legais relativos a créditos classificados como irrecuperáveis ou de difícil recuperação, conforme critérios estabelecidos pela autoridade fazendária, descontos estes de até 50%. Permite-se ainda o oferecimento de prazos de até 84 meses (7 anos) e formas de pagamento especiais, incluídos o diferimento e a moratória; e o oferecimento, a substituição ou a alienação de garantias e de constrições. Excepcionalmente, há reduções de até 70% e o parcelamento em até 145 meses (mais de 12 anos) para pessoa
física, microempresa, empresa de pequeno porte, sociedades cooperativas, instituições de ensino, Santas Casas de Misericórdia e organizações da sociedade civil que atuam em parceria com a administração pública. Que este seja um instrumento que possa beneficiar a muitos contribuintes como forma de regularização de suas pendências e, que o Governo, arrecadando este passivo inicialmente, perdido, possa se reorganizar melhor, focando na eficiência tributária e no melhor uso do dinheiro publico arrecadado, a exemplo da realidade que agora se apresenta.
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Divã
Sandra Regina Schewinsky
Psicóloga - Neuropsicóloga
Nem preciso dizer que estamos em tempo difíceis, muitos se desesperam com medo da morte, da solidão, da falta de emprego e dinheiro, outros choram pela dor dos demais, mas em menor ou maior grau o MEDO instalou-se no coração de todos. O medo é uma emoção primária que tem como finalidade a preservação da vida e assim a evolução da espécie, pois sua função principal é nos proteger dos perigos. Nosso cérebro funciona para manter o maior valor biológico que é a sobrevivência e o segundo valor biológico é a qualidade de vida, motivo que a atual crise mundial, gerada pelo coronavírus, desencadeou tantas dificuldades emocionais nas pessoas. Além do temor real e justificado, tenho acompanhado casos em que o pânico toma conta de forma insuportável. É importante saber que uma situação traumatizante reaviva dores anteriores, que muitas vezes, considerávamos já passadas e superadas. A forma que cada um enfrenta a situação depende de sua personalidade, uns são mais otimistas, outros pessimistas, temos aqueles que aproveitam a situação para refletir diferentemente daqueles que se desesperam. Necessário alertar que quando estamos tomados de angustia, medo e estresse, há uma provável tendência de potencializar os problemas, ou seja, ampliar a situação para uma tragédia e pensamentos catastróficos tomam conta de todo nosso espaço mental. Tenho conhecidos que já querem pedir demissão de seus empregos para não contaminarem a família, tem gente
com raiva do empregador por ter que trabalhar e se esquece que sua função é essencial para a manutenção do bem estar da coletividade, inclusive deturbando seu contrato. São situações totalmente compreensíveis, pois ninguém quer adoecer ou perder alguém querido, mas amado leitor, eu só peço para avaliar se o grau de desespero não está exagerado. O isolamento só piora a sensação de desamparo, a dor de se achar excluído dos processos provoca um ciclo vicioso de pavor e sofrimento, quando estamos muito tomados pelo medo fica difícil enxergar soluções. Por isso, na crise não é o momento de tomar decisões importantes ou definitivas, como pedir as contas do emprego, ou solicitar o divórcio, por exemplo. Todos nós já tivemos momentos difíceis anteriormente, uma boa técnica é pensar que recursos foram recrutados para superar as crises passadas, foram ajuda e apoio de pessoas queridas? Busca por tratamento especializado? Conforto na fé? Atividades criativas? Talvez seja necessário um mergulho em suas características pessoais, rever a forma de lidar com os problemas, reformatar a qualidade de seus pensamentos, elaborar traumas passados e buscar maior equilíbrio emocional. Enfim, o importante é saber que há saída para o MEDO insuportável!
Foto: www.wkms.org
Por que sinto medo?
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Empreendedor/Tecnologia
Técnicas de Mindful
Marcelo Thalenberg Empreendedor escreve artigos sobre tecnologia
Assisti à palestra online do Prof. Alexandre Gracioso na Criativa Idade online sobre Mindfullness. Alexandre, o palestrante, inicia a integração conversando com os participantes sobre as experiências individuais de meditação e após isso comenta que foi fumante inveterado, com problemas pulmonares até o nível de ter de usar bombinha de ar para respirar. Com esforço e disciplina iniciou a praticar a técnica Mindfullness diariamente no trajeto de carro casa trabalho e aos poucos melhorou sua qualidade pulmonar e poder deixar o uso de bombinha para a asma. Tornou-se pesquisador nas áreas de neurociência aplicada a aprendizagem e meditação. Introduziu a disciplina de Liderança Mindful na pós-graduação da ESPM.
Durante a palestra Alexandre mencionou o livro: The Healing Power of the Breath: Simple Techniques to Reduce Stress and Anxiety, Enhance Concentration, and Balance Your Emotions O poder de cura da respiração, técnicas simples para reduzir Estresse, ansiedade, melhorar a concentraçao e equilíbrio. (Foto abaixo) Os autores do livro recomendam que as inspirações e expirações sejam mais longas em torno de 5 por minuto, mas como podemos treinar sem olhar para o relógio e praticar? Assim como músicos utilizam metrônomos para treinar o tempo da música hoje temos aplicativos nos smartfones que nos ajudam a fazer a respiração no tempo certo. O Prana Breath é o recomendado no Android e Breath Pranayama no iPhone entre outros e para técnicas de meditação, o App Insight Timer. “Medite relaxe e durma melhor” diz ele. Existem centenas de técnicas de meditação seja em livros e vídeos e aplicativos. No último ano pratiquei a técnica do guerreiro do bambu sagrado com Beneh Mendes. Busque a melhor para você e pratique.
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Antropologia
O novo Corona Vírus e seus impactos na sociedade
Osvaldo B. de Moraes Historiador
Seria satisfatório poder fazer uma análise otimista sobre o futuro quando essa pandemia tivesse passado. Porém, principalmente em termos econômicos, o horizonte que se vislumbra é um tanto nebuloso e preocupante. Em outras ocasiões já houve esperança para um país melhor e com maior desenvolvimento, como ocorreu na virada de 2010 para 2011 quando havia expectativa que o Brasil entrasse numa nova fase, principalmente pelo incremento das comunicações, via smartphones e outros equipamentos eletrônicos e o avanço de altas tecnologias. Entretanto, em termos de crescimento essa década pode ser considerada perdida, motivada entre outros desajustes as controvérsias consequentes da polarização política Agora entramos em nova década e os prenúncios também não eram dos mais animadores em termos de previsão de crescimento, pela demonstração do acanhado PIB do ano anterior. No início do ano ainda havia projeções mais otimistas para a recuperação desses índices de crescimento. Todavia, essas expectativas perdem motivação frente o avanço da pandemia com o novo corona vírus, convidando então a uma revisão das projeções para o ritmo da economia face às novas variáveis que dificultam estabelecer bases com um mínimo de exatidão. O combate a esse vírus gerou uma dicotomia em termos de estratégia, isto é, manter as atividades econômicas ou implantar isolamento social preventivo, que pudesse minimizar seu avanço letal e praticamente estancar atividades que não fossem prioritárias para a sociedade. Seria o falso dilema: “a bolsa ou a vida”
Lógico que o isolamento preventivo deveria prevalecer em termos de política de saúde. Aqui não entramos nas especificações da prevenção ou nos índices de contaminação e letalidade dessa pandemia. Somente nos atemos às considerações sobre os impactos sociais e econômicos advindos dessa peculiar situação. O futuro após esse período crítico apresenta muitas dúvidas sobre como manter a vida comunitária, onde aglomerações costumeiras como shows, baladas, estádios lotados, bares e restaurantes se comportarão. Retornarão aos níveis anteriores? Provável um retorno gradual frente a uma nova realidade em que também a escala de valores individuais poderá ser revista. Segundo a Organização Mundial da Saúde a única vacina disponível no momento é o isolamento social. Implantando essas medidas cresceu maciçamente o uso de home office como prevenção e segurança ao isolamento, bem como a difusão do e-commerce. Provável que esse método de trabalho se consolide mesmo após o fim dessa pandemia, criando um novo fator cultural nas relações de comércio e de trabalho. Em contrapartida esses novos hábitos irão alterar costumes no relacionamento social e poderá trazer até efeitos ao setor imobiliário com novos destinos a edificações destinadas ao comércio e escritórios. Igualmente, o setor de transporte público e privado serão aliviados pela menor locomoção desses profissionais. Esses novos usos de tecnologias se expandem para reuniões online, chegando até nos poderes constituintes, como o Executivo, Congresso Nacional e Judiciário O futuro é incerto, mas pode se prever o enfrentamento de uma enorme gama de consequências, como empregos liquidados, alguns empresários com suas finanças dilapidadas, setores de serviços que deverão se reinventar em novas modalidades.
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.11
No âmbito do mercado internacional, novas conexões surgirão em suas transações exteriores, com novas aberturas ou restrições ao livre comércio. O neoliberalismo, adotado por vários países e que propugna um estado mínimo e o mercado como grande regulador da economia provavelmente deverá ser revisto em sua concepção. Na atual faze crítica dessa pandemia, o Estado deverá se fazer presente na elaboração e implantação de medidas para recuperação econômica. O choque provocado pela retração da oferta e da demanda implicará indiscutivelmente a uma queda substancial do PIB, sendo que o Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê para este ano uma queda de 3% na economia mundial e para o Brasil 5,3%, com o agravante que a queda do preço das commodities no mercado internacional terão impactos dramáticos nas exportações e, consequentemente, na arrecadação, na renda e no índice de emprego e como corolário aumento dos desníveis sociais. A previsão do Banco Mundial é de uma recessão global e os efeitos nas contas públicas deverão ser vultosos. Nesse cenário fatalista, lembramos do economista inglês Maynard Ke-
ynes, cujas teorias econômicas foram testadas na grande depressão americana após 1929. O Estado deve adotar política fiscal e monetária que estimule o crédito e aumente os gastos públicos, porém atentando para não direcionar as despesas em supérfluos e privilégios públicos e privados, a fim de que os recursos não caiam em lugares errados ou especulativos. Investimentos em infraestrutura e saneamento básico deveriam ser prioritários ao governo, já que como efeito benéfico poderiam amenizar demandas em busca de tratamentos de saúde Neste momento de crise, a batalha decisiva trava-se dentro da própria humanidade. Se essa epidemia resultar em maior desunião e maior desconfiança entre os seres humanos, o vírus terá aí sua grande vitória. Entretanto, se a epidemia resultar numa cooperação global mais estreita e, sobretudo com o aumento da empatia com o semelhante, atingiremos um novo e promissor estágio humano. Espero sinceramente que essas análises pessimistas não se concretizem e que num futuro próximo estejamos em um novo patamar de relacionamento social
Foto: www.pymnts.com
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.12
Portal do Envelhecimento
“Decidimos quem vive e quem deve ser mandado para casa para morrer”
Beltrina Corte Idealizadora do Portal do Envelhecimento
O artigo de hoje é composto de narrativas que nos revelam a dor em torno do coronavírus. Tanto a dor das pessoas que perdem entes queridos pelo vírus e que acabam ficando sozinhos no hospital e partindo em completa solidão, sem ao menos se despedirem; quanto a dor de um médico que se vê forçado ante inúmeros casos graves de pessoas com o Covid-19 a ter que classificar aqueles que vivem e aqueles que morrem por falta de equipamentos que garantam a vida de todos. O primeiro relato foi extraído da linha do tempo de meu amigo jesuíta, Jorge Julio Mejia, 80+, mais conhecido por Jota, no dia 25 de março. Trabalhei com Jota em Bogotá, Colômbia, no final da década de 80, um ser espiritual muito especial pelo qual tenho grande respeito intelectual e carinho enorme. A narrativa é de um médico de Lombardia, Itália, país europeu com o maior número de vítimas fatais causadas pelo novo coronavírus, quase 8 mil mortos. “Nem nos pesadelos mais sombrios eu imaginei que eu pudesse ver e viver o que vem acontecendo aqui em nosso hospital por três semanas. O pesadelo está fluindo, o rio está ficando cada vez maior. No início, chegaram alguns, depois dezenas e depois centenas e agora não somos mais médicos, mas nos tornamos classificadores da fita métrica e decidimos quem vive e quem deve ser mandado para casa para morrer, embora todas essas pessoas tenham pago impostos italianos a vida toda. Até duas semanas atrás, eu e meus colegas éramos ateus; era normal porque somos médicos e aprendemos ciência, onde é ensinado a excluir a presença de Deus; Eu sempre ria dos meus
pais indo à igreja. Nove dias atrás, um pastor de 75 anos veio até nós; Homem gentil, ele tinha graves problemas respiratórios, mas tinha uma Bíblia com ele e ficamos impressionados porque ele lia para os moribundos que seguravam sua mão; Como todos os médicos estavam cansados, desanimados, psicologicamente e fisicamente acabados, quando tínhamos tempo, o ouvíamos; Agora temos que admitir: nós humanos atingimos nossos limites; não podemos fazer mais e todos os dias mais pessoas morrem; E estamos exaustos, já temos dois colegas que morreram e outros estão desempregados; Percebemos que onde termina o que o homem pode fazer, precisamos de Deus e começamos a nos perguntar quando tínhamos alguns minutos livres; Conversamos entre nós mesmos e não podemos acreditar que, dos ateus ferozes, diariamente buscamos encontrar nossa paz, pedindo ao Senhor que nos ajude a resistir para que possamos cuidar dos enfermos. Ontem o pastor de 75 anos morreu; que até hoje, embora tivéssemos mais de 120 mortos em três semanas aqui, todos nós fomos destruídos porque o velho pastor conseguiu nos trazer uma paz durante sua estadia aqui, que não esperamos mais encontrar. O pastor foi ter com o Senhor e em breve o seguiremos. Não estou em casa há 6 dias, não sei quando comi pela última vez e percebo minha inutilidade nesta terra e quero dedicar meu último suspiro em ajudar os outros. Estou feliz por ter conhecido a Deus enquanto estou cercado pelo sofrimento e morte de meus semelhantes”. (tradução livre) Não sou médica, mas tenho muitos amigos que são e pela empatia com eles fico imaginando o drama que será se forem forçados a escolher quem vive e quem morre, como na Itália e Espanha, pessoas que pagaram impostos a vida toda. Só me resta ficar aqui na torcida e pedir a todos que respeitem a quarentena, quem puder, é claro, para que isso não chegue a ocorrer.
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meu pai, que está desde os 15 anos com a sua mulher, não se pôde despedir dela. Só sei que vejo dinheiro por todos os lados, como sempre, e que estamos a deixar morrer uma geração que fez este país sair da guerra, que trabalhava 16 horas por dia para alimentar os seus filhos e criar uma família. Famílias com quatro ou cinco filhos, como a minha que vivia num apartamento com 60 m2 e uma casa de banho, mas onde nunca faltou amor. Não como agora, que temos um ou dois filhos porque somos egoístas. Vejo o meu pai morto, a minha mãe fechada em casa e não posso pegar na minha filha porque tenho medo, pois ela só tem três semanas. Não entendo por que o meu pai não vai poder levar a neta a ver a sua horta…” Estar só e totalmente isolada num momento como esse é uma experiência que uma amiga, grande parceira de nossa jornada na gerontologia social está vivendo. Ela foi internada com suspeita do Covid-19 e seu marido, médico, automaticamente ficou em quarentena no apartamento. Ela no hospital há mais de uma semana e ele em casa. Em suas velhices se viram isolados e separados, justamente quando um mais precisa do outro. Caso aconteça algo com ela – torcemos para que ela saia dessa bem e oramos por isso ardentemente -, nem despedida haverá. Quer morte mais triste? Mas a dor das pessoas que entram no hospital sozinhas e que vão embora em total solidão se repete diariamente na Itália, Espanha, Portugal… e agora Brasil. As pessoas partem sem ao menos se des-
Foto: El Pais - Espanha
“O direito de dizer adeus” Os médicos me pediram, em lágrimas, permissão para deixar meu pai morrer por falta de ventiladores, revelou em suas redes sociais o espanhol Oscar Haro, responsável da formação satélite da Honda no Mundial de MotoGP. Seu pai foi uma das vítimas do Covid-19. Após a morte de seu pai, ele decidiu compartilhar sua história. “Ninguém devia morrer sozinho. O meu pai começou a trabalhar aos 15 e só parou aos 65. Nunca pediu nada. Na quarta-feira, ele precisava de um ventilador para não morrer e eles negaramno. O médico chamou-me, em lágrimas, para me pedir permissão para o deixar morrer. Esta é a Espanha que temos. Estamos a deixar morrer estas pessoas. A minha mãe está fechada em casa, sem que possa abraçá-la, beijá-la, consolá-la. Também acusou positivo e não quer ir ao hospital, porque tem medo que a deixem morrer… Na segunda-feira, o meu pai e a minha mãe deram positivo ao coronavírus. Levei-os às urgências. Não voltei a ver o meu pai. A minha mãe pediu para receber alta porque queria cuidar do meu pai. Isolaram-no até morrer, na sexta-feira. Não entendo por que razão morreu. Não entendo como uma pessoa que trabalha desde os 15 anos, sempre a descontar para pagar impostos, morre porque não há ventiladores, porque não o podem continuar a tratar, pois há uma lei que diz que com mais de 75 anos já não interessa cuidar das pessoas e deixam-nas morrer… Não entendo como o
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pedirem dos seus entes queridos. Na Itália, depois do vereador de Milão Lorenzo Musotto ter escutado a entrevista da médica Francesca Cortellaro, chefe do hospital San Carlo, ele resolveu lançar uma campanha intitulada “O direito de dizer adeus” que usa a tecnologia para oferecer algum conforto a pacientes terminais para que estes possam se despedir de suas famílias. A campanha está arrecadando dinheiro para a compra de tablets, que serão doados a hospitais e clínicas que estão cuidando de quem está morrendo. É triste se despedir da vida por um tablet? Com certeza, mas ao menos aco-
lhe a dor da despedida de quem vai e de quem fica. Em declaração à imprensa italiana, o vereador disse que “A ideia de não ser capaz de dizer adeus me machuca mais do que a própria morte e existem outros locais com idosos, hospitais e asilos, onde não há mais a possibilidade de se despedir”. No Brasil esses depoimentos começam a aparecer nas manchetes de nossos jornais. “Nem pude ver meu filho e me despedir”, lamenta Maria Aparecida Martinez, 54 anos, que acabou de perder seu filho, Gabriel Martinez, de 26 anos, morto com suspeita de Covid-19 no dia 21 de março, na Tijuca (RJ).
Contos II
Ajuda mútua e cooperação - Fatores de evolução
João F Aranha
Cidadão e Repórter
“Somente seres humanos excepcionais e irrepreensíveis suscitam idéias generosas e ações elevadas”. Albert Einstein A ajuda mútua e a cooperação acompanham a humanidade desde os seus primórdios. Inúmeros exemplos poderiam ser citados, de homens, mitificados ao longo do tempo como heróis, de grupos e de ações que visavam o bem estar da comunidade. Muito precocemente o homem descobriu que necessitava da ajuda de seus semelhantes, desde atividades menores até aquelas que diziam respeito à sua sobrevivência. No entanto, os movimentos repressores foram muito maiores e mais intensos em relação a este estado de consciência, que se manifestava pelos princípios de associação, solidariedade e de comunhão com tudo que nos rodeia. Esta dicotomia entre aqueles que acreditavam que a cooperação conduziria a humanidade a uma forma mais harmoniosa
de vida e aqueles que pregavam o individualismo, a competição e os interesses pessoais - como atestam o darwinismo e o capitalismo - qualidades estas que seriam mais condizentes com o mundo moderno. Uma nova concepção do que é vida, no entanto, está surgindo através da Ciência, e ela nos diz que todos os membros de nossa grande comunidade estão interligados. Há uma interdependência, ou seja, uma mútua dependência entre todos os organismos vivos. As relações entre os vários membros da comunidade humana realçam a existência de uma parceria, que geraria formas de cooperação. A parceria pode então se transformar no que se convencionou chamar de “coevolução”, ou seja, quando a parceria ocorre, ela permite que ambas as partes se conheçam melhor, num processo de aprendizagem e mudança que leva a uma evolução conjunta e ordenada entre as partes. Sempre que se procura aplicar na comunidade humana os preceitos básicos de cooperação e ajuda mútua, existentes na natureza, é inevitável que se fale da organização, principalmente, dos formigueiros e das colméias. Animais como as aves, os peixes, as renas, os elefantes e tantos outros mais, costumam deslocar-se em grupos,
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outra história. Ao analisar o que se convencionou chamar de ganhos da inteligência coletiva, os estudiosos do assunto detectaram alguns fatores comuns a essas sociedades auto-organizadas e complexas, tais como o respeito à diversidade de opiniões, a independência (que não significa isolamento, mas sim liberdade de pensamento), a descentralização, ou seja, trabalhar com conhecimento local e, finalmente, a agregação, capacidade de transformar as avaliações pessoais em acertadas decisões coletivas. A esses fatores acrescente-se ainda a coordenação, que permite ajustar o comportamento dos que têm o mesmo objetivo e, principalmente, a cooperação, fator básico que estabelece a diferença do que é viver inteligentemente em sociedade, da simples vida de um bando. É indiscutível que formigas e abelhas, incapazes de sobreviverem de forma isolada, juntam-se e ajam de forma coletivista ou mesmo altruísta. No entanto, é preciso entender a causa de tal atitude, ou seja, verificar se estes insetos não estariam apenas seguindo seus instintos de sobrevivência e manutenção da espécie, com um comportamento que não pode ser caracterizado nem como egoísta nem como altruísta, já que não foi produto de uma escolha consciente. Em outras palavras, abelhas e formigas agem segundo um condicionamento biológico que não é alimentado por fa-
Foto - Infoescola
agindo como se cada um soubesse antecipadamente o que seu vizinho irá fazer, aumentando assim consideravelmente suas chances de sobrevivência, de encontrar alimentos, proteger suas crias e encontrar a rota mais indicada para a migração. Um estudioso do assunto, ao observar tal conduta, assim se manifestou: “Não havia antecipação ou reação. Não havia causa e efeito. Apenas acontecia”. Cientistas que estudam o comportamento das formigas espantam-se como uma colônia resolve, de maneira rápida e eficiente, os principais problemas de seu cotidiano, de forma coordenada, sem ninguém no comando e sem nenhum controle aparente. No caso das abelhas, ficam admirados ao observar o processo de avaliação independente e tomada de decisões, que consegue transformar opiniões diferentes em escolhas que beneficiam toda a coletividade. Mais recentemente, muitos cientistas têm se debruçado sobre esta intrigante questão: Como explicar a superação do comportamento de um grupo em relação ao comportamento individual? Como explicar que as ações simples de cada indivíduo, mesmo que haja algum desacordo inicial, resultem num comportamento onde freqüentemente a inteligência do grupo mostra-se mais inteligente do que o mais inteligente membro do grupo? Uma formiga, isoladamente, mostra-se estúpida, desorientada e frágil, mas um formigueiro, como dizem os cientistas, é
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tores emocionais ou sociais ou nenhuma escala de valores. Já a sociedade humana é dotada da possibilidade de entender as coisas e mudar, dispondo da consciência de que seus atos formam uma escala de valores condizentes com a compreensão que tem do todo. Ao buscar fora exemplos de sistemas cooperativos, o homem esquece que o melhor exemplo talvez esteja dentro dele, ou seja, o maravilhoso funcionamento de seu corpo físico e mental, totalmente integrado. O mesmo ocorrerá se elevar sua visão para as estrelas, os planetas e o Sol que nos aquece e alimenta. Verá então a mesma ordem, a mesma harmonia e
a mesma razão que une a parte com o todo. Dotado de uma matéria a mais, a espiritual, o homem que valoriza os elementos que o constituem, expandirá a sua consciência, até que ela se torne cósmica, substituindo o atual padrão de expansão indiscriminada pela conservação, que permitirá a sustentabilidade. Substituirá a competição desenfreada pela cooperação, a luta pelo poder pela parceria e, finalmente, o egoísmo pelos valores altruístas, compatíveis com aqueles que acreditam na existência de um mundo mais justo e bem melhor para todos.
Contato: João@stelltour.com.br
Nosso Universo interior
Perdão
M. Luiza Conti
Desenvolvimento pessoal
Perdão é o processo intencional e voluntário pelo qual a vítima passa por uma mudança de sentimentos e atitudes em relação a uma ofensa criminosa, deixa de lado as emoções negativas, como a vingança com uma capacidade aumentada de desejar bem ao agressor. O perdão é diferente de tolerar (falhar em ver a ação como errada e necessitando de perdão), desculpar (não considerar o ofensor como responsável pela ação), esquecer (remover a noção da ofensa da consciência), indulto (concedido por um representante reconhecido da sociedade, como um juiz) e reconciliação (restauração de um relacionamento). Em certos contextos, o perdão é um termo legal para absolver ou desistir de todos os sinistros por conta de dívidas, empréstimos, obrigação ou outras reivindicações. Como um conceito psicológico e virtude, os benefícios do perdão foram explorados no pensamento religioso, nas ciências sociais e na medicina. O perdão pode ser considerado simplesmente em termos da pessoa que perdoa incluindo perdoar a si mesmo, em termos da pessoa perdoada ou em termos do relacionamento entre o perdoador e a pessoa perdoada. Na maioria dos contextos, o perdão é concedido sem qualquer expectativa de justiça restaurativa, e sem qualquer resposta por
“O Retorno do Filho Pródigo”, obra de Rembrandt Museu Hermitage, São Petersburgo - Rússia parte do agressor (por exemplo, alguém pode perdoar uma pessoa que está incomunicável ou morta). Em termos práticos, pode ser necessário que o ofensor ofereça alguma forma de reconhecimento, um pedido de desculpas, ou até peça perdão, para que a pessoa injustiçada acredite que é capaz de perdoar também As dimensões sociais e políticas do perdão envolvem a esfera estritamente privada e religiosa do “perdão”. A noção de “perdão” é geralmente considerada incomum no campo político. No entanto, Hannah Arendt considera que a “facul-
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Fonte e Foto - Wikpédia
dade do perdão” tem seu lugar nos assuntos públicos. A filósofa acredita que o perdão pode liberar recursos tanto individual quanto coletivamente em face do irreparável. Durante uma investigação em Ruanda sobre os discursos e práticas de perdão após o genocídio de Ruanda, o sociólogo Benoit Guillou ilustrou a polissemia extrema (múltiplos significados) da palavra perdão, mas também o eminente caráter político da noção. Como conclusão de seu trabalho, o autor propõe quatro figuras principais do perdão para melhor compreensão, por um lado, de usos ambíguos e, por outro lado, as condições sob as quais o perdão pode mediar a retomada do vínculo social. O termo perdão pode ser usado de forma intercambiável e é interpretado de muitas maneiras diferentes por pessoas e culturas. Isso é especificamente importante na comunicação relacional, porque o perdão é um componente-chave na comunicação e na progressão geral como indivíduo, do par ou grupo. Quando todas as partes têm uma visão mútua de perdão, então um relacionamento pode ser mantido. “Entender os antecedentes do perdão, explorar a fisiologia do perdão e treinar as pessoas para se tornarem mais tolerantes, tudo implica que temos um significado compartilhado para o termo”.
Acredito que PERDOAR é libertador e que todos têm a capacidade do PERDÃO dentro de nós. O perdão é uma escolha. Entendo que em algum momento de nossas vidas nos sentimos incomodados, e percebemos que algo está atrapalhando nosso caminho, nos sentimos travados e sem saber por aonde ir. Quando isso acontece é hora de mudar, de olharmos para dentro de nós e nos conhecermos melhor, saber nossos limites, nossos erros e acertos. Chega então a hora da transformação, e nos sentimos prontos para fazê-la. Percebi que o caminho para nossa libertação, é o PERDÃO, e para chegarmos lá é necessário passar pela aceitação e entender que não podemos lutar contra aquilo que não podemos mudar, e perceber que cada um faz o que pode e sabe fazer, e em geral é o seu melhor. Esse é o caminho para o perdão. Esse é o processo. A pessoa que o prejudica vai se responsabilizar por isso de outra forma, não compete a você. Porém quando você perdoa ficará livre dos pensamentos ruins e do peso que isso causa a você. Você vai perdoar independentemente da atitude do outro. Temos que aceitar que todos somos humanos e podemos perdoar os outros e a nós mesmos, afinal ninguém é perfeito. Entender o quanto é importante reconhecer o quanto julgamos, o quanto condenamos,
o quanto cobramos, o quanto alimentamos o sentimento de fracasso, em nós ou nos outros, é perceber que podemos perdoar e recomeçar uma vida mais leve e mais feliz. Temos que aceitar a nós mesmos e as nossas emoções afinal temos essa condição humana. Aceitar o quanto somos felizes pelo que temos. Enaltecer as coisas boas para que as outras tenham um peso menor. Com a aceitação dos fatos vamos perceber o que é perdoar de fato e o quanto isso é libertador. Cada vez que entendemos isso, vamos nos conhecendo melhor e aceitando mais os outros e como eles são. PERDOAR significa deixar ir, ou seja, tirar de si a mágoa, escolher não guardar mais isso para si, elas não farão mais parte de você e nem da sua vida. PERDOAR vai limpar a sua alma, aumentar a sua felicidade e ter mais qualidade de vida. Sua vibração será em alta frequência e será um imã de atração de coisas boas. PERDOAR é ser capaz de se amar. É ser o protagonista da sua história, não se comparar com ninguém, pois todos cometemos erros. A sua paz vale ouro. PERDOAR é uma energia muito poderosa, e quem se beneficia do perdão é sempre quem perdoa. PERDOAR não significa concordar, e sim soltar essa energia q está bloqueando mais oportunidades... precisamos desapegar, temos que limpar nossa mente, é essencial... sempre teremos um aprendizado com isso. Idéias de exercícios de perdão: - Olhar mais amoroso para a vida, auto amor - Fechar os olhos, respirar - Esteja presente no que sente - Escolha perdoar e ser perdoado - Corte laços de sofrimento e siga seu caminho com gratidão. - Libere todas as memórias de dor e sofrimento e perdoe pelos julgamentos, magoas, tristezas, por tudo que não agrada na sua vida. - Permita que tudo de bom aconteça - Tudo está interligado e nada acontece por acaso. - Pare de brigar com a realidade - Ressignificar – criar uma nova história, fazer um exercício diário do perdão para benefício de si próprio. A distância que eu tenho do outro é exatamente a distancia que eu tenho de mim. Se fizer sentido para você, Pense Nisso!
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Dicas de Bem Estar Físico e Mental
Marcia Castilho Instrutora de hatha yoga. Yoga terapia hormonal e meditação para pessoas e empresas. Programa bem estar e yoga em cia.
Fiquei encantada com o primeiro contato que tive com Yoga Terapia Hormonal e que aconteceu durante um curso no verão de 2018. Assim que terminei o curso comecei a investigar mais sobre essa técnica cuja proposta é a de reduzir ou eliminar os desconfortos causados pela baixa hormonal que tanto influi na qualidade de vida milhares de mulheres. Fui investindo em minha formação e aperfeiçoamento e comecei a oferecer workshops de Yoga - Terapia Hormonal em Santos com a intenção de trazer para as mulheres um tratamento para a baixa hormonal natural e holístico. Com tudo isso, descobri que esta prática além de melhorar a nossa disposição e bem estar geral nos faz sentir mais energizadas e confiantes. Bem... agora me sinto na obrigação de agradecer a Dinah Rodrigues criadora desta técnica por este método rápido e sem efeitos colaterais que tanto vem contribuindo para a boa saúde de nós mulheres! Dinah Rodrigues, hoje com 91 anos, autora de três livros traduzidos para diversos idiomas ainda é requisitada a dar palestras e entrevistas sobre Yoga Terapia Hormonal no mundo todo. Falando um pouco sobre o método ele utiliza posturas, exercícios de respiração, relaxamento e visualizações do yoga para ativar a produção de hormônios em glândulas como ovários, supra-renais, tireóides e hipófise. Mas afinal, quais sintomas são tratados e qual a faixa etária a que se destina esta técnica? Através dela são tratados sintomas como: como ondas de calor, ressecamento da mucosa vaginal, cabelo, unhas e
Foto: Enviada pela colunista
Ativação Hormonal com Yoga
pele, dor de cabeça, estresse, insônia, ansiedade, depressão, lentidão de raciocínio e irritação e pouca libido. Também é indicada para tratar quadros de TPM e cólicas menstruais, ovários policísticos, hipotireoidismo, alguns tipos de infertilidade e menopausa precoce. Abrange mulheres jovens e maduras, retardando ou tratando sintomas do climatério, menopausa e pós menopausa. Mas talvez surja também a pergunta... esse método é eficaz? Sim. Sua eficácia está comprovada por inúmeros relatos e por testes laboratoriais de FHC e estradiol onde se faz dosagem hormonal. Só para terminar, se você identificar algum ou alguns dos sintomas enumerados procure uma instrutora de Yoga Terapia Hormonal e experimente desfrutar de uma vida plena com um novo ânimo para o trabalho e melhores relacionamentos sociais e em família. Contato: (13) 99608-6600 marcialexj@gmail.com
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CriativA Idade
Os sobreviventes
Foto: arquivo
ontem, no hoje, e no amanhã. Os dias nesse tempo Cronos passam na velocidade de quem vive seu agora, seu Kairós. Não mate o tempo... ele pode te matar! Viva o tempo e sobreviva à falta de perspectiva a falta de interesse em extrair Jane Barreto desse tempo, a preciosidade que ele nos Psicopedagoga e dá. Arteterapeuta O tempo é senhor de gestos, de inúmeras delicadezas, de alegrias, tristezas, de es...” Cada hora que incendeiam um oceano Fico morto de pavor de te perder pera, ESPERANÇA. Cada página que estampa uma desgraça A Esperança nos dá tempo, tempo de viver mesmo que em outra lógica de temCobre de mágoa, e nós aqui... po, distante de outros ideais de tempos... Já riscaram tanta coisa desse mapa a Esperança pode nos dar novos sonhos, Que a gente preferia não saber por novos tempos, novos dias, dias de Mas será possível que fechar os olhos toque, olhares e sorrisos, de beijos e É o que vai sobrar pra nós por aqui... abraços, de lágrimas de felicidade e suCada hora que envenenam um horizonte peração; de fim da espera por esse tempo absolutamente novo, como uma tela O futuro vai ficando mais passê pintada de branco, que permanece com Mas alimenta os estudantes da China E a conquista da paz celestial Já falaram sua brancura, encobrindo as cores nas camadas da história de cada vida. tanta coisa sem efeito Sobreviva! Use seus ponteiros, seu kaiQue as palavras não conseguem mais valer Mas será possível que calar a boca rós, suas passadas e compassadas para marcar o tempo que merece se dar de É o que vai sobrar pra nós por aqui presente para sobreviver e viver, e após ele, o tempo do agora passará, você terá Os sobreviventes saberão dar valor de novo o amanhã que será outro agora, Os sobreviventes conservarão calor deixando para trás o ontem que já não Respeitarão a dor Saberão dar valor Celebrarão o amor Isso se existirem!..” será tão descompassado como o tic tac do hoje. Parafraseando o poeta: “... Os sobreviLuiz Maurício Santos(Lulu Santos) ventes saberão dar valor, conhecerão a Nunca fez tanto sentido o que ecoa das dor, promoverão calor, saberão dar amor palavras e pensamentos do poeta con- e sempre existirão!...” temporâneo, que em um tempo não muito distante, descrevia uma realidade tão diferente e ao mesmo tempo muito pertinente a que vivemos hoje. Faz sentido! Passado, presente e futuro dialogam e deixam marcas em nossa história. O tempo registrado pelo relógio nos situa nos dias e horas, os tempos das vivências não cabem dentro deles. O tempo Cronos pode ser nosso maior rival ou o mais potente aliado no aprendizado e na construção da sabedoria para entendimento da realidade existente, no
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Contos I
Rir para não chorar
Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural
Foto: arquivo
A solidão é um tema abordado em letras de músicas, poesias, romances, contos, filmes, mexe com a alma, com a saudade, com a dor, com a tristeza. E está na moda nesses tempos de isolamento. Não chega a ser uma doença, mas pode ser. Principalmente quando a solidão isola a pessoa da realidade em que vive do mundo que a rodeia. Em março desse ano, a geração acima de 60 anos foi obrigada a viver em isolamento, longe de filhos, netos, amigos, pois era o foco do inimigo invisível que tomou conta do Planeta Terra, o Coronavirus. Eu faço parte dessa geração e me isolei desde o dia 15 de março. No começo foi estranho não poder ver Francisco e Maria, meus netinhos, pois moramos no mesmo prédio e não tem um dia que não nos encontramos. Escuto as histórias de Francisco, que já se acha um homenzinho nos seus 7 anos completados no começo de abril. Cheio de teorias sobre o universo, a natureza, Deus, religião... tem argumentos interessantes. Recentemente a caminho do Sesc Pinheiros, resolvi mostrar a igreja do Largo da Batata que frequentei quando estudava na USP. Estava vazia, caminhamos olhando as pinturas, as imagens. Francisco e Maria olhando tudo com muita atenção. Assim que saímos ele segurou minha mão e me disse: - Vovó, sabe o que acho de Deus? - Não, não sei, me diga. - Acho bonitas as imagens coloridas, enfeitam as paredes, mas Deus não é isso
não. - O que é Deus para você. - Bom, Deus é uma opção de cada um. Cada um cria o seu. - Qual a sua opção de deus? - A minha opção de deus é a natureza, a natureza é a coisa mais perfeita que existe, nós precisamos dela para viver, prá tudo... Sinto falta desses papos. Maria com 3 anos e meio se acha uma menina grande, cria seu mundo de fantasia e gosta de ouvir histórias de princesas e pede para eu contar todas que me lembro... Branca de Neve, João e Maria, mas a que mais gosta é do Lobo
Mau e Chapeuzinho Vermelho. Maria acrescentou que o lobo é mau, mas não é tão mau assim, pois cuida do filhinho e ficou bravo com a vovozinha que abriu a porta sem saber quem estava batendo. Sinto muita falta dessas crianças. Mas o mais difícil dessa quarentena, foi não poder acompanhar os últimos dias de gravidez de minha filha, foi angustiante. Não sou beata, mas gosto de acender velas, fazer minhas orações, meus
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pedidos e observo o movimento da chama e o queimar da parafina, tem que derreter tudo, não ficar nem sinal da vela. Se a chama faz movimentos como se dançasse, firmo o pensamento para que meu pedido seja aceito. Se a parafina queima, mas não derrete totalmente, fico preocupada, alguma coisa está errada. Na ultima semana acendi vela todos os dias pedindo que tudo corresse bem no parto de minha filha e Alice nascesse perfeita. Nos últimos 3 dias as velas não queimaram direito, a parafina se esparramava e as chamas pareciam chorar. Entrei em desespero. Alguma coisa vai dar errado. Não podia comentar com ninguém, assustaria os filhos, o medo era meu e eu tinha que me resolver. Foi marcada a cesárea para o dia 05/abril, domingo, às 8h. Passei a noite em claro. Fazia muito tempo que não chorava tanto, as lágrimas escorriam e eu não conseguia dormir. Acendi a vela e fiquei rezando, to-
As Crenças
das as orações que sei. Pedi socorro para as pessoas queridas que não estão mais aqui, meus pais, o pai de minha filha, minha irmã, meu cunhado, amigas, amigos, meu querido mentor Frei Paulino.... Assim que recebi noticias que Alice tinha nascido, que tudo correu bem chorei e chorei de alegria, de alivio e passei o dia inteiro como se tivesse de ressaca. As velas me enganaram... graças a Deus. Resolvi testar, abri a gaveta onde as guardo, percebi que tinha acendido as velas que tinha comprado numa loja tempos atrás e que não eram de boa qualidade, não queimavam corretamente. Foram essas que acendi todos os dias. Não sabia se chorava ou se ria. Fiquei com raiva de mim. Foi a solidão que me fez criar um mundo de dor e desespero? Ou foi minha mente vazia que não percebeu que as minhas velas não me enganam jamais? Ou foi a quarentena que me enganou? Ri para não chorar.
Cultura Geral
Sergio Frug
Antes de me mudar, ainda criança, para perto do Clube Pinheiros, onde vivi até os 30 anos; minha família costumava passar os domingos desfrutando a piscina e outros equipamentos daquela agradável associação. Armávamos redes entre as árvores que ornavam a piscina e fazíamos alegres piqueniques familiares. Aí então é que vinha o martírio: depois da refeição, três horas de espera para voltar a mergulhar! Aquilo era um absurdo, mas ordens são ordens; e o medo de uma possível congestão impedia minha mãe de flexibilizá-las. Quantos de nós ainda esperamos
três horas após uma comida leve para tomar banho ou cair n’água? Assim são as crenças, vêm e vão, mas são terrivelmente implacáveis enquanto estão. Como indica o nome, acreditamos nas crenças como se estivessem absolutamente acima de nós, das nossas percepções, dos nossos discernimentos. A organização social erigida em milênios de presença humana no planeta contribui ativamente para que vivamos rodeados de crenças. Em nome dos bons costumes, em nome da saúde, em nome da ciência, em nome da religião. E essas crenças tantas vezes mutáveis ao sabor dos ventos, mantêm-se impositivas, de certa forma nos escravizando, além de nos impedir de experimentar e decidir por conta própria. Pior ainda do que as crenças são as identificações. Essa coisa que gera os fundamentalismos e permite à vaidade correr solta em nome de bandeiras que quase
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Foto: paisefilhos.uol.com.br
sempre fazem sentido para quem as inventa, mas raramente beneficiam aqueles que se identificam e lutam ardorosamente por elas. E não há que se dizer que existem crenças evoluídas ou não evoluídas. Mesmo as crenças consideradas elevadas, quando entram em processo de identificação geram radicalismos tão violentos quanto quaisquer outros fanatismos. Vamos observar, contudo, que crenças não são convicções. Crenças são idéias impostas, muitas vezes por necessidade social, mas na maioria delas para manter o estado das coisas e a escravidão aos sistemas que geram favorecimentos tão díspares em nossa sociedade. Já as convicções são idéias, visões e inspirações resultantes da própria experiência de vida, do instinto e da sensibilidade de cada um ao atravessar sua jornada particular. Idéias que podem ser discutidas e difundidas de uma pessoa para outras, tanto por via oral, como por qualquer método comunicativo, mas que seja pessoal, originado nas profundezas da experiência
de ser. Convicções são internas e silenciosas; regentes, como a ética, do comportamento individual. Não se prestam a virar bandeiras de massificação ou construção de vaidades ou políticas sociais, como se faz normalmente em torno de figuras da maior preciosidade, mas que tiveram suas convicções transformadas em crenças e em nome delas se comete todo tipo de barbaridade. É muito difícil livrarmo-nos das crenças, mas tenho a convicção de que podemos muito bem ficar na espreita do nosso próprio comportamento e descobrir como nos deixamos escravizar e como podemos nos desprender, nos desligar, deixando derreter tudo que nos foi imposto para reconstruir algo que deveras tenha a ver com a origem e a intenção verdadeira, transcendente e efetiva, da nossa vida e da nossa proposição pessoal. Contatos: 11996331053 - @sergiofrug sfrug@uol.com.br
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Desde 1993
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60+
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Aprendizagem na 3ª idade
Vai passar. E...?
Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga
O assunto do momento é a pandemia que paralisou nossas vidas, nossos planos, nossa realidade. Muito ainda há para se dizer sobre esta época, este momento. Tenho ouvido autoridades públicas, profissionais da área da saúde e políticos principalmente, justificando o isolamento social como medida para achatar a curva de contaminação, retardar assim a corrida em massa aos hospitais e a ocupação, por tempo indeterminado, dos leitos nas alas de internação e UTI. Supõe-se que seja esta a forma de ganhar o tempo necessário para que se consiga descobrir a
vacina, o antídoto a esse vírus tão cruel e se tomem as medidas cabíveis para atender à urgência que a Covid-19 nos impõe e salvar o maior número de pessoas possível. Da mesma forma, ouço políticos comentarem a importância de se cuidar da saúde da população sem perder o foco das questões econômicas e sociais, o que aparenta uma contradição, já que a prioridade é garantir a vida de todos e a continuidade de nossa espécie no planeta terra. O ser humano nunca esteve tão frágil como atualmente, pois toda a engrenagem de ordem socioeconômica poderá entrar em colapso. Não posso ignorar uma pergunta que a esta altura me parece inevitável: por que não nos prevenimos antecipadamente contra esse possível inimigo? Será que nessa engrenagem toda, que há tempos vem sendo organizada, não ficou faltando uma peça ou mesmo parte dela para nos amparar quando uma nova doença chegasse? O mais deprimente para uma pos-
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sível resposta a essas perguntas é que nos preparamos para combater nossos iguais, outras pessoas, outras nações que porventura pensem e se posicionem de forma diversa daquela que nos habituamos a ter. Temíamos uma Terceira Guerra Mundial. Sem remorso, sem nenhum pudor gastamos rios de dinheiro para fabricar armas, bombas, equipamentos bélicos que nos ajudassem a vencer o inimigo visível, nosso irmão. Treinamos um sem número de pessoas para batalhar e derrotar o inimigo e, para essa guerra, já contabilizamos o número provável de mortes: milhões de pessoas perderiam suas vidas. Heróis anônimos que lutariam em prol da soberania de um grupo de nações que se sentem insultadas pela divergência de ideias ou ideais. É claro que estou simplificando ao máximo o exemplo que utilizei, pois esta não é a tônica deste artigo. Não tenho condições de fazer uma análise profunda da condição que temos de encontrar argumentos para justificar os conflitos e guerras que nos preparamos para travar. O inimigo que temos pela frente não tem nada a ver com nossas suposições. Ele é diminuto, quase invisível, uma partícula basicamente proteica, um inimigo que busca células para infectá-las e se reproduzir. Sua transmissão ocorre através de gotículas que liberamos no ar, mesmo sem perceber quando falamos, espirramos ou tossimos.
Pela primeira vez na história, a humanidade inteira necessita se unir para combater esse inimigo que avança a passos largos em nossa direção. E, para ele, não importa se pertencemos a qual classe social, não importa o gênero, a idade, as ideias que acumulamos. Só o fato de sermos humanos já é suficiente para o inimigo atacar. Então, permanecemos em casa na expectativa de que “essa onda” irá passar e que tudo voltará a ser como antes. É isso mesmo? É isso que almejamos, que tudo passe e que possamos continuar nossa vida naturalmente, como se nada tivesse acontecido? Não consigo aceitar essa ideia. Creio que aquilo que estamos vivendo deve marcar de tal forma nossa história que ao findar essa guerra – porque, certamente, ela terá um fim – possamos reavaliar tudo o que fizemos, construímos e também desprezamos e descartamos até aqui. Nossa arrogância, presunção, orgulho, vaidade, ignorância, cobiça só para citar algumas condições que vivemos, provocaram uma distorção naquilo que é fundamental para a preservação da vida humana: amor ao próximo, compaixão, empatia, solidariedade, piedade, para também citar algumas das condições que devemos resgatar para mudar nosso destino e fazermos parte da humanidade.
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Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+ magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.26
Mudança de Hábito
Cuidados com a saúde mental durante a quarentena
O impacto psicológico da quarentena e como reduzi-lo
Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+
Diante da impactante informação de que mais de um terço da população do planeta está em quarentena, jornais de todo o mundo poucos tratam de outros assuntos. Já não basta estarmos cerceados da liberdade de deslocamento, de termos de cuidar para que nossos cérebros não explodam com tantas notícias ruins, fake news, e tanta preocupação em ter de arrumarmos o que fazer neste interminável tempo ocioso, recentemente deparei-me com um sentimento estranho: a raiva. Isso mesmo: raiva. Prestes a terminar a primeira fase da quarentena sozinha em Lisboa, senti uma irritação imensa por ser proibida de sair de casa. Passados alguns dias, pasma, constatei que amigos estavam tendo este mesmo sentimento. Isso não podia ser só uma coincidência. Decidi pesquisar a respeito e, felizmente, encontrei explicação para esta minha recente onda de ira. A raiva é uma das consequências da vida em quarentena. Quase nada se sabe sobre como essa gente está enfrentando esta atual e inusitada situação, em especial o público 60+. Seus sentimentos, conflitos e desafios somente estarão à tona do debate quando a curva de contágio abrandar, e a sociedade começar a conferir as sequelas da quarentena. A boa notícia é que, felizmente, quando as autoridades de saúde resolverem cuidar desta situação poderão contar com este material do King’s College Lon-
don, “O impacto psicológico da quarentena e como reduzi-la: revisão rápida das evidências”, publicado na revista médica “The Lancet”, em fevereiro passado. Esta análise foi elaborada após a sucessão de ordens de quarentena, determinadas aos primeiros países duramente atingidos pelo coronavírus. Sete pesquisadores, Samantha K Brooks, Rebecca K Webster, Louise E Smith, Lisa Woodland, Simon Wessely, Neil Greenberg, Gideon James Rubin, todos associados ao departamento de medicina psicológica do King’s College London, basearam suas descobertas em 24 estudos realizados anteriormente em 10 países que colocaram em quarentena partes de suas populações após o surto de vírus mortais, incluindo Síndrome Respiratória Aguda Grave (SARS), Ebola, influenza H1N1 (gripe suína), doenças respiratórias no Oriente Médio, síndrome (MERS) e gripe equina. A vida em quarentena pode afetar negativamente sua saúde mental, causando estresse pós-traumático, confusão e até raiva, aponta este estudo. Se por um lado a quarentena atual deva ser adotada, e rigorosamente respeitada, é de rigor que autoridades precavidas se atentem nos efeitos psicológicos negativos dela decorrentes, a fim de que meios de mitigação possam também ser incluídos no planejamento da medida restritiva. ESTRESSORES DURANTE A QUARENTENA A teor dos dados coletados no estudo, os fatores que causam os males às pessoas submetidas a longas quarentenas incluem medos de infecção, frustração, tédio, falta de suprimentos adequados em casa, perda financeira e a estigmatização daqueles em isolamento. Mas outros fatores também contribuem para os danos às mentes dos confinados. “Notícias falsas, ou equivocadas, podem alimentar a ansiedade”, afirmou o professor Neil Greenberg, um dos autores do
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trabalho. ALGUMAS CONSEQUÊNCIAS Participantes das pesquisas disseram que o contato social e físico reduzido, causou tédio, frustração e uma sensação de afastamento do resto do mundo. Viver ilhado pode também ter efeitos negativos, incluindo o desenvolvimento de abuso de álcool e outros sintomas de dependência. Dois estudos que analisaram os efeitos da quarentena relacionados ao vírus da SARS mostraram que alguns indivíduos desenvolveram sintomas de dependência que persistiram até três anos após o surto da SARS. E COMO VAMOS LIDAR COM ISTO? Além de listar os problemas psicológicos e mentais que podem surgir naqueles em quarentena, os pesquisadores apresentaram práticas que podem ajudar a reduzir, ou mesmo impedir, as consequências do isolamento. REDUZA O TÉDIO E MELHORE A COMUNICAÇÃO Tédio e isolamento causarão angústia. Ter um telefone celular funcionando nesses casos é uma necessidade, e não um luxo. Redes de Wi-Fi robustas com acesso à Internet para permitirem que os confinados se comuniquem diretamente com entes queridos podem reduzir sentimentos de afastamento, estresse e pânico.
Ativar e manter a sua rede social, ainda que remotamente, tornou-se uma prioridade fundamental, uma vez que a suspensão do convívio social está associada não apenas à ansiedade imediata, mas também ao sofrimento da solidão. Também é importante os órgãos governamentais forneça aos que estão em quarentena o máximo de informações possível, observaram os pesquisadores, para que entendam claramente os riscos que enfrentariam se não estivessem isolados, bem como os motivos pelos quais foram colocados em quarentena. Reforçar que a quarentena está ajudando a manter outras pessoas seguras, incluindo aquelas particularmente vulneráveis, e que as autoridades de saúde são genuinamente gratas a elas, só pode ajudar a reduzir os efeitos na saúde mental daqueles em quarentena, dizem os especialistas. DORMIR, COMER BEM E EXERCITAR-SE. “É hora de tentar dormir bem, comer bem, exercitar-se o máximo possível e evitar hábitos prejudiciais, como beber ou fumar demais, diz o cientista Greenberg ao reforçar o entendimento de que a manutenção de um estilo de vida saudável deve ser levada a sério. Finalmente, o estudo deixa um alerta às autoridades contra a prorrogação de quarentenas. “As autoridades precisam respeitar a duração de uma quarentena e não a estender. Fazer o oposto seria particularmente prejudicial à saúde mental”, disse Greenberg. Por aqui, reforçarei o convívio social com meus familiares e amigos, continuarei frequentando os cursos online nos quais me inscrevi, manterei a rotina de me exercitar e, acima de tudo, me disciplinarei para não me deixar levar pelos sentimentos negativos que possam surgir. Xô raiva! Silvia Triboni Fundadora do Projeto Across Seven Seas e Repórter 60+ www.acrosssevenseas.com Também no You Tube, Facebook e Instagram Fonte: https://www.france24.com/en/ 20200323-post-traumatic-stress-confusion-and-anger-how-quarantine-affects -your-mental-health
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Vida Saudável
Atletas Veganos
Cida Tammaro Adm. de Empresas
O veganismo para os leigos é sinônimo de magreza e má alimentação, por isso as pessoas não se interessam muito, por esse tipo de alimentação. Mas isso, não é verdade. Existem vários atletas e “bodybuilders” (fisiculturistas) veganos. Muitos deles inclusive alegam que seu desempenho, ficou melhor, após ter aderido ao veganismo. Eles vencem campeonatos importantes, e alcançam resultados recordes. Segue alguns atletas: BRASILEIROS NINA CARLSON Jovem fisiculturista vegana, e praticante de boxe. Não comia carne desde os 13 anos e, quando alcançou a maioridade, eliminou também leites e ovos. Ela diz que dá para obter proteínas e bons resultados, através de alimentação vegana e muito treino. DANIEL MEYER
É um triatleta, ultra maratonista. Foi o primeiro colocado/campeão no Multisport Brasil 90 km. Tornou-se vegano, desde 2005, após ler vários artigos científicos e optar por esse estilo de vida. NÃO BRASILEIROS PATRICK JOHN NESHEK É um dos jogadores de beisebol mais conhecidos dos Estados Unidos. Em 2007, decidiu se tornar vegano. A principio, sua escolha foi baseada em razões de saúde, mas em seguida, o novo estilo de vida fez com que melhorasse muito sua carreira de atleta. SERENA WILLIAMS (foto abaixo) É uma tenista profissional, considerada uma das maiores atletas de todos os tempos. Para apoiar a irmã Venus Williams (também tenista), que após ser diagnosticada com uma doença auto -imune, se tornou vegana. Mesmo após a mudança para dieta vegana, se manteve no topo do ranking e é com certeza a grande jóia do tênis americano. Fontes: Medium.com Huffpostbrasil.com Greenme.com.br Sugestão de filme: Live and Let Live Foto: noticiasaominuto.com
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Dicas de Viagem
Butão nos remete a Shangri-Lá
Anete Z. Faingold Engª. da Computação
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Foto: Divulgação
Após visitar a Índia, fomos de avião rumo ao Butão. Uma dica importante que me deram e repasso, “sente-se perto de uma janela, pois a vista das montanhas é fantástica e a aterrissagem uma experiência única”. O avião segue ao aeroporto internacional de Paro, voa dentro de um vale estreito entre montanhas e parece que vai colidir com elas quando começa a descer. É um vale magnífico, os pilotos devem ser ótimos pois a qualquer erro podem bater nas encostas. Chegando a Paro vemos um cartaz enorme com as fotos dos imperadores. Olhando a cidade me senti em Shangri -lá. No aeroporto uma pessoa nos recepcionou, era nosso guia que ficaria conosco por 5 dias. Visitamos as principais cidades: Paro, Thimphu e Punakha. Butão é uma monarquia. Eu tinha muita curiosidade de conhecer este local, pois havia escutado que o PIB era medido pelo grau de felicidade da população. É um país de entrada limitada, tem custo e não entram numerosos turistas. Um guia local acompanha os visitantes durante todo o percurso. Ele ensina tudo sobre o país. Visitamos monastérios, fomos a uma casa particular e assistimos a uma cerimônia típica budista onde tocavam instrumentos de sopro, serviram comidas, não costumeiras ao nosso paladar, mas por educação e respeito comemos e bebemos. Chamou-nos muito a atenção uma erva vermelha que mascavam e cuspiam no chão e nas paredes. Esta planta é para controlar a pressão atmosférica, e todos a mascam. Num dos dias visitamos
uma fábrica de papel, funcionava totalmente manual, fazem papiros. Comem bastante arroz vermelho. As casas vão aumentando conforme o crescimento da família, muitos moram juntos. Boa parte dedica-se à plantação e na parte externa das residências há pinturas, e dentre as imagens encontramos um membro masculino ereto expelindo sêmen, símbolo de fertilidade e abundância. Fomos a uma feira aberta de comida e nos chamou a atenção que a população é menor que o padrão normal. Em janeiro faz frio e neva. Fomos a uma fábrica de tecelagem e provamos roupas típicas de Butão. Eles vestem uma túnica com uma meia calça que parece um vestido. Lá também visitamos um gigantesco monumento dourado de Buda. Em Thimphu, no hotel, assistimos a um show de danças típicas, com roupas e máscaras. Convidaram-nos todos a dançar. Voltamos a Paro e fizemos uma caminhada até o “Ninho do Tigre”, um monastério encravado na montanha de 3.120 metros de altitude. Subindo uma escadaria sem fim, passeio que demora mais ou menos duas horas, mas vale a experiência. Chegando lá, pode-se apreciar uma vista linda de um lugar único. Reza a lenda que um Buda subiu a este local nas asas de um tigre, daí o nome “Tiger Nest”. Esta viagem parece um sonho, uma vivência imperdível. Butão é uma Shangri-lá escondida nas montanhas entre a China e a Índia.
Constelações
O que a Constelação Familiar diz sobre este momento de isolamento por causa do coronavírus Consultoras Iasmin Galvão e Vera Soubihe mostram que o recolhimento tem um lado bom pois propicia reflexão
Iasmin Galvão
Por mais difícil que seja, é possível tirar algo positivo deste período de isolamento causado pela pandemia do novo coronavírus. Segundo o estudo de Constelação Familiar, o recolhimento nos permite desligar da correria cotidiana e olhar para dentro de nós. Assim, percebemos o quanto está nos fazendo mal o mundo da forma como temos vivido. “É uma boa hora para fazer uma revisão de como estão nossos relacionamentos, nossas atitudes, muitas vezes egoístas, nossa capacidade de perdão e de amor”, diz a consteladora Vera Soubihe. “E também de ter gratidão pelo que temos de bom.” Mestres em Constelação familiar aplicaram a técnica na busca do auxílio para analisar o quadro mundial, buscando compreender o que este momento significa para a nossa história. Foram constelados em diversos experimentos: a Vida, a Morte, a Quarentena, os Cuidados a serem tomados, a População, o Medo, a Mídia e o Vírus. A Constelação mostrou que a pessoa que representava o Vírus estava paralisada, em relação à Morte que se mostrava caída ( olhar para baixo). A População estava aflita, procurando algo que não sabia o que era, com olhar disperso. O Medo rodeava a população e a Mídia sentia-se superior (notava-se no olhar). Em seguida, a pessoa que representa as normas de Vigilância Sanitária mostrou sentir uma fraqueza muito grande e a ajuda necessária foi representada por uma pessoa que se “ajoelhou e olhou para cima” - tal ato foi interpretado como
Contatos: Vera: 11999904833 E-mail verasoubihe @outlook.com Iasmin iasmingalvão@uol.com.br
Foto: www.mensagenscomamor.com
Vera Soubihe
a Fé. “O movimento da Constelação trabalha o inconsciente. É a energia do sistema da Constelação a responsável por entender todas as correções necessárias”, explica a consteladora Iasmin Galvão. “Temos a certeza de que cada dia desta quarentena está nos mostrando o que podemos mudar em nossas vidas e, assim, sairmos evoluídos e fortalecidos.” Elas dão o recado de como agir para que ocorra esta transformação: “O mundo estava acelerado. Nós estávamos acelerados. O trabalho ininterrupto imposto pelo poder digital tomou a todos e assim vivíamos de forma inconsciente. O coronavírus chegou impondo uma pausa. Correr demais já não faz sentido. Faz parte do planeta e da natureza humana a necessidade natural sobre pausar. Parar para refletir sobre o que é essencial, diminuir a ansiedade de ter que sempre estar fazendo alguma coisa. Clama-se a presença, o viver o hoje, o viver de fato. O coronavírus é o conceito que nos pede humildade e um retorno urgente a todos nós.”
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Reutilizando materiais
Confinamento em casa
Fotos: enviadas pelo colunista
coluna e, mais uma vez, fui salvo pelos meus amigos Alexandre e Waldirene. A boa prática quase sempre gera bons resultados. Fizeram um projeto e o executaram com excelência. Não são mosaicistas, mas com simples aulas rudimentares há tempos atrás e com muita vontade e alegria, produziram uma bela João Alberto J. Neto obra. Analista de sistemas Vamos seguindo em isolamento, Durante essa quarentena, consegui reestabelecendo velhos contatos. Até a próxima... colocar em andamento vários projetos há muito tempo parados. Uma coisinha aqui, outra ali, arrumar a garagem, falar com velhos amigos, assistir filmes (uma raridade, pois não temos televisão), ouvir muita música e navegar na internet. Só isso? Não exatamente. O que um casal acima de 60 anos pode fazer quando está em confinamento? Muitas coisas. Vocês não imaginam quantas, pois a diversidade de funcionalidades, estudos, diversão, muito movimento, são os melhores remédios para isso. Tudo isso abre as portas da mente para criar, realizar e se organizar. Como sempre, algumas coisas acabam sendo mais prioritárias que as outras, como se nunca tivéssemos tempo de realizá-las no tempo normal. Acho engraçado isso, pois se normalmente estamos 90% em casa, porque quando somos “obrigados” a ficar 100%, achamos de fazer coisas que fomos postergando, achando que não tínhamos tempo de sobra para fazê-lo? Acho que é mais um problema psiquiátrico do que funcional. Nessas duas semanas troquei lâmpadas (há muito queimadas), fiz arrumações (nem todas) em documentos, mudei toda a configuração do “meu atelier” (minha garagem), cortei madeiras há muito esperando para serem cortadas, e muitas coisas mais, além de me dar o direito de sentar na poltrona e ouvir as notícias do dia. Tudo isso é, na verdade, se ocupar com coisas que normalmente seriam supérfluas. Foram tantas coisas que mal tive tempo ou inspiração de escrever essa
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Em todas as telas
Campanhas publicitárias dão voz aos 60+
Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade
Contato: katia@novamaturidade.com.br
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Foto: TV GLOBO/MATHEUS CABRAL
Aprendizado ao longo da vida é um dos pilares da política de envelhecimento ativo proposta pela Organização Mundial de Saúde (OMS). E a tecnologia não pode ser encarada como um obstáculo, mas sim como uma ferramenta importante para ampliar o mundo como o conhecemos. Nos momentos de distanciamento social necessário para evitar uma onda de contágio ainda maior do novo coronavírus (Covid-19), Renato Aragão, de 85 anos, foi um dos convocados para mostrar que a tecnologia não é nenhum bicho de sete cabeças. Ao lado da esposa Lilian, 52, na campanha 60+ conectados, 60+ protegidos mostrou como usar o aplicativo de um banco público. Como uma extensa carreira na TV e no cinema, o trapalhão é bastante ativo nas redes sociais e conta com mais de três milhões de seguidores no Instagram - @renatoaragao. Um dos principais bancos privados do país, por sua vez, trouxe de volta as amigas Lilia e Neuza, que fizeram sucesso há três anos em uma campanha publicitária criada com o mesmo objetivo: desmistificar o aplicativo da instituição financeira. Elas tinham então 79 e 80 anos, respectivamente. No novo vídeo, as ‘vovloggers’ esbanjaram mais uma vez bom humor para reforçar a necessidade do distanciamento social e como podiam matar a saudade virtualmente. Claro que o foco foi mais uma vez na tecnologia para usar os serviços do banco sem sair de casa. São ações muito interessantes que demonstram como aos poucos o olhar da mídia está mudando sobre o envelheci-
mento e a longevidade. Os 60+ passam a ganhar o posto de protagonista e longe estão de serem ridicularizados por não saberem utilizar os recursos que a internet oferece. Há ainda um exemplo como a pessoa idosa pode ser acolhida e apoiada de forma singela. Na propaganda de uma empresa de telefonia móvel, a neta faz um manual de instruções para que a avó utilize a chamada em vídeo. O tema é “Digitalizar para Aproximar”. Que bom se toda vez a mídia tivesse esse olhar de aproximação e acolhimento sobre o envelhecer e a longevidade, mas nem sempre é assim. Ainda são comuns os pedidos para cuidar de quem sempre cuidou, ficar atento aos pais, avós, como se eles não tivessem nenhum resquício de autonomia ou independência. O desafio para a mídia de forma geral, não só quando se fala de publicidade, é falar diretamente com os 60+, construir com eles e para eles sempre. E precisamos cobrar para que este desafio seja superado de forma definitiva e não pontual.
Benefícios
Doença de Alzheimer é uma demência?
Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro
Muito se pergunta se Doença de Alzheimer é demência, pois entender sobre as demências tem muita relevância, quando pensamos em cuidados e em prevenção. Neste contexto é importante esclarecer que há muitos tipos de demências, todas têm em comum a característica de ser neurodegenerativa, porém a mais comum é a Doença de Alzheimer, é a mais prevalente em indivíduos idosos, principalmente com 70 anos e mais. Mas por que falar em demências ou na Doença de Alzheimer? Desde o ano de 2019, a Associação Internacional de Alzheimer (ADI), verificou a importância de se discutir este tema, pois para muitas pessoas é desconhecido, mesmo que muitas vezes convivamos com indivíduos portadores da Doença de Alzheimer, sendo lançada a campanha, vamos falar sobre demência? Neste mesmo ano, foi lançada uma pesquisa pela ADI, em parceria com a Associação Brasileira de Alzheimer (ABRAz), e outras entidades de outras nações, e os dados encontrados também nos fizeram refletir ainda mais sobre o tema demências, pois 2 de cada 3 pessoas entrevistadas achavam que não se falava sobre demências em seus países. Embora para muitas pessoas pareça algo negativo, pejorativo ou até mesmo cause estranhamento, por não ser um profissional estudioso desta área, o objetivo da campanha foi mostrar que temos que sensibilizar a sociedade para a prevalência de demências, mostrando formas de identificar e de reconhece-la em nosso meio, assim como de realizarmos hábitos de vida preventivos, para envelhecer com saúde, longevidade, e com a preservação
da saúde mental. Algumas pessoas têm dúvidas se seu familiar tem o diagnóstico de doença de Alzheimer, ou outra demência, pois muitas vezes saem com a informação geral do consultório médico, que seu familiar tem demência senil, e que a mesma não é a Doença de Alzheimer, normalmente este diagnóstico tem sido informado, para facilitar a compreensão do cuidador familiar, mas do ponto de vista técnico e científico, o mais apropriado é informar o nome da demência, pois se falamos demência senil, não estamos dizendo qual demência o indivíduo desenvolveu, estamos informando apenas que ela aconteceu após os 60 anos de idade. Hoje no Brasil temos um dado estatístico preocupante, há 1.600,000 (um milhão e seiscentas mil pessoas) diagnosticadas com algum tipo de demência, sabemos que a doença de Alzheimer e outras demências continuam sem tratamento curativo, mas possuem um tratamento que visa melhorar a qualidade de vida do portador destas doenças. É importante saber que qualquer tratamento que diz reverter a doença não é seguro e nem confiável. Sempre que observar estudos que prometam a cura da doença de Alzheimer e de outras demências, procure saber as seguintes informações: - O estudo é gratuito para a inserção de voluntários? Esta pergunta é importante, pois todo estudo, por ser apenas uma investigação que busca evidências não cobra dos seus participantes, pois em pesquisa os participantes são voluntários; - O que o especialista publica nesta área? Muitos profissionais prometem receitas milagrosas para a longevidade, vende inúmeros materiais de apoio, livros, mas é importante conhece-lo em suas publicações científicas, que é o mecanismo de certificar-se da veracidade das informações propagadas, o que este profissional publica na ciência dentro de sua área? Coloque o nome completo do pesquisador, em buscas na internet, se
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for brasileiro acesse o seu currículo Lattes (o currículo nacional que mostra as produções cientificas na área); se for internacional coloque seu nome completo nas bases de dados científicas, PubMED, Scielo, que saberá o que ele publica do assunto e o quanto tem de respaldo em sua prática profissional. No momento o que sabemos em relação às demências, é que quem não tem o diagnóstico da doença, deve se cuidar, com hábitos de vida preventivos: - Dormir bem; - Alimentar-se com nutrientes importantes para o bom funcionamento da memória;
- Realizar atividades de estimulação cognitiva; - Praticar atividades físicas regulares; - Manter-se em comunicação e interação social. Agora que você já entendeu algumas dicas, vamos falar sobre demência? Fontes consultadas: Alzheimer´s Disease International (ADI), Site: https://www. alz.co.uk/, acessado em 24 de fevereiro de 2020. Associação Brasileira de Alzheimer, http://abraz.org.br/web/, acessado em 25 de fevereiro de 2020.
O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção.
‘Causos’ do Nordeste
Histórias de Trancoso
Tony de Souza Cineasta
Minha mãe era uma grande contadora de histórias. Quando eu era pequeno a gente chamava essas histórias de histórias de trancoso. Não tinha a mínima idéia porque a chamávamos assim. Assim como não tinha idéia de onde elas surgiram. Eu achava que minha mãe as inventava. Nós não tínhamos livros em casa e tudo era contado oralmente por minha mãe. Às vezes percebíamos que determinada história tinha variações ou minha mãe emendava com outra história. Eu tinha uma relação das minhas preferidas e queria que ela contasse sempre alguma da minha lista. “Dá-lhe
meu cacetinho”, “Guimar e Guimazinho”, “Os pés de manjericão” “O reino de Tibiriri”, “O galo que foi buscar milho na serra”, “A formiguinha que foi reclamar do pingo que neve que caiu em seu pé”, “João sem medo”, “O marido bobo”, e tantas outras. De tanto ouvir essas histórias acabei decorando-as. E publiquei um livrinho com o título “Histórias que mamães contava”. Só depois de adulto é que fui pesquisar sobre essas tais histórias que Vladimir Propp chama de contos maravilhosos. Descobri que Trancoso era uma pessoa. Um português chamado Gonçalo Fernandes Tancoso. A sua obra foi um verdadeiro bestseller para a época, época essa do descobrimento do Brasil, tendo conhecido inúmeras edições até o século XVIII. De acordo com Câmara Cascudo, algumas dessas histórias eram adaptadas de novelistas italianos e outras colhidas entre o povo. Como Trancoso era professor usava muito essas histórias na sua atividade e elas acabaram ficando
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conhecidas como histórias de Trancoso. Até hoje gosto de ler esse tipo de literatura e me delicio quando encontro uma das histórias que mamãe contava em algum livro. Como o conto “JoãozinhoSem-Medo” que consta do livro “Fabulas Italianas” de Ítalo Calvino. Algumas “Fábulas de Esopo” Várias no livro “Contos tradicionais do Brasil” de Câmara Cascudo, tais como “A raposa e o Cancão”, “A onça e o bode” “O bicho folharal” e “O menino sabido e o padre”. E uma dessas histórias que mamãe contava era aquela “A menina e a figueira”, que o cantor e compositor Belchior adaptou para uma música chamada “Aguapé”.
Gonçalo Trancoso 1520 - 1596
Nota do Editor Meu grande amigo Tony de Sousa além de graciosamente escrever os contos nessa revista é cineasta, roteirista, ator e pesquisador acadêmico com mestrado em Comunicação Semiótica, e doutorado em Ciências da Comunicação pela PUC - SP e USP - SP. Professor de roteiro na Faculdade Anhembi Morumbi, dirigiu curtas Magia das Tintas, A Boca do Cinema Paulista, Mary Jane, O Fazedor de Fitas Inacabadas além dos longas Avesso do Avesso e Expresso para Aanhangaba. Autor de vários livros você pode saber mais de Tony em www.tonidesousa.com.br ABAIXO COLOCAMOS AS CAPAS DE ALGUNS DE SEUS LIVROS OS QUAIS PODEM SER ENCONTRADOS NA LIVRARIA CULTURA (com encomenda) ou pelo email do autor tonydesousa@uol.com.br
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A História da Arte A Arte Romana (parte I)
foto: arquivo
perfeito equilíbrio entre horizontais e verticais. Os assentos eram de mármore e a escadaria ou arquibancada dividia-se em três partes, correspondentes às diferentes classes sociais: o podium, para as classes altas; a meaniana, setor destiManoel Carlos Conti Artista Plástico nado à classe média; e os pórticos, para Jornalista a plebe e as mulheres. A tribuna imperial ficava no podium e era ladeada pe Entre todas as civilizações do Mun- los assentos reservados aos senadores e do Antigo, a de Roma é a mais acessível magistrados. Os primeiros combates para nós. Sua expansão territorial desde a cidade-estado ao Império, as lutas políticas e militares, as enormes transformações de sua estrutura social, o desenvolvimento das instituições, a vida pública e privada de um número sem fim de personalidades conhecidíssimas até hoje, com tudo isso podemos acompanhar sua riqueza artística e cultural. Sempre nos perguntamos: o que é arte romana? Eis uma das perguntas mais embaraçosas para um historiador. O gênio da arte romana é tão vasto que fica difícil de aprendê-lo quando se estuda artes. Acho que ficaremos nesse tema sobre a arte romana por algumas edições uma vez que ela não pode simplesmente ser entendida em poucas palavras. Mesmo não tendo expoentes de sabedoria e criação como os que houveram e disputados para comemorar a conclusão ficaram conhecidos na Grécia, a arte romana do Coliseu duraram cerca de 100 dias seacabou se misturando com as escolas gregas guidos e se estima que, só nesse período, centenas de gladiadores e cerca de 5 mil e tornou-se para nós a arte greco-romana. A arquitetura Romana pode ser descri- animais ferozes tombaram mortos em sua ta por uma enormidade de edifícios, mas o arena de 85 por 53 metros. Já no século Coliseu é uma dessas obras que nos impres- XI, quando Roma era dominada por uma família de barões, o Coliseu foi transforsionam até os dias de hoje. Foi construído como um enorme anfi- mado em uma fortaleza, abrigando memteatro para que o povo apreciasse a luta de bros de uma família nobre, os Frangipane, que usaram a edificação para proteger-se Gladiadores. Acabado em 80 a.D. é um dos maiores em suas batalhas contra grupos rivais. Algo que muitas pessoas não sabem edifícios do Mundo capaz de acomodar mais é que uma enormidade de peças de márde 50 mil espectadores sentados. Seus quilômetros de escadarias e cor- more do anfiteatro e das partes nobres foredores acima e abaixo do chão, todos abo- ram empregados na construção da famobadados são considerados uma obra prima sa Basílica de São Pedro, no Vaticano. Voltaremos com a arte Romana na da engenharia. Seu exterior digno e monumental re- próxima edição. Até lá! flete a articulação interior da estrutura. É um
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.37
Ana Luna Cabelo Branco Crônicas do Cotidiano
Ana Luna Graduada em Letras
Alegria !!!
Foto: memphistours.com
Um dia ainda vou pegar várias frases das letras do cancioneiro do Oswaldo Montenegro e fazer uma poesia e claro, colocar os devidos créditos e publicar. Cada vez que ouço uma canção dele fico pensando na beleza das colocações . “E vou contagiar diversos corações com minha euforia.” Puxa, como queria contagiar as pessoas . Cutucar e falar :- olha, tudo passa, fica bem, tenha calma. Nesse momento a tendência é ficar pra baixo como se diz. Continuo otimista. Fazendo tudo direitinho. São momentos. Já que falei em música, resolvi dar uma olhada rápida em letras que falam de alegria. Primeiro, vou mexer com minha mente e tentar lembrar sem pesquisar no famoso tio Google. Caetano Veloso cantou Alegria, Alegria. Lembram? “Caminhando contra o ven-
to, sem lenço sem documento, no sol de quase dezembro, eu vou......” Será que Caetano estava atrás da alegria? Com certeza. Todo mundo corre atrás... Bem recente Ivete Sangalo cantou, mas cantou muito “ Ôo,Ôo,Ôo, alegria...alegria...que é o refrão da música “Tempo de Alegria”. Martinho da Vila canta , canta, minha gente, deixa a tristeza pra lá, canta baixo, canta alto que a vida vai me Melhorar ! E por aí vai.... Dei sim uma olhada no tio, aquele, e sabe de uma coisa? É muito mais fácil letras com tristeza, dores profundas, amores perdidos, corações dilacerados. Eu, hem ! Deixa a vida me levar ! Vamos em frente ! Vai passar. Creia, vai passar. Liga o radio. O celular? Sim, vamos lá ! Coloca uma música pra dançar. Dança....dança....roda, roda, se mexe, espanta essa loucura. Seja mais louco que a própria loucura de viver. Relaxa. Respira. Estamos na vida, estamos na luta de viver. Envelhecer Não Dói ! E como diz Oswaldo Montenegro, “ Meu amor, a vida passa num instante. É um instante é muito pouco pra sonhar...” Vamos sonhar mais ? Alegria !! Alegria !!! Vamos em frente !!
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.38
DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA Receitas Fáceis
de ser um prato pra esta ocasião! Bacalhau do Pipo à moda da Ebe (foto abaixo)
Ebe Fabra Chef de Gastronomia
Bacalhau do Pipo a minha moda Como é bom poder dedicar este espaço a vocês! Já estamos há um bom tempo enclausurados em casa ... mas tenho visto que temos ótimas opções pra fazermos neste tempo de isolamento, além de refletirmos tudo que aconteceu em nossas vidas. Muitos reclamam ... será por que só querem sair ... e antes não faziam nada de útil, de bom, apenas a mesmice. Curtam este momento, ... é tempo de perdoar e pedir perdão! De amar! Telefone para alguém, dê uma esperança, um conforto, vá consertar aquela roupa que descosturou, a meia furada! Vá pra cozinha e tente fazer algo que nunca fez! Até mesmo tentar fazer um arroz soltinho. Adoro cozinhar, criar novos pratos, adaptar. Bom, este mês temos o dia das mães, então vou passar para vocês um bacalhau que adaptei na Páscoa e não deixa
Ingredientes: Bacalhau em lascas (deixar de molho em água e ir trocando a água por várias vezes pra dessalgá-lo), o meu ficou 3 dias (1kg) Batatas (1kg) cortadas em cubos Leite 700ml 3 cebolas grandes em rodelas azeitonas pretas cheiro-verde a gosto sal (se precisar) pimenta-do-reino a gosto azeite 1 pimenta-dedo-de-moça média (sem sementes) bem picadinha Modo de fazer: Depois de dessalgado o bacalhau, escorra bem, coloque numa panela o bacalhau, acrescente metade da cebola, a pimentadedo-de-moça e metade das cebolas fatiadas em rodelas, acrescente o leite, ligue o fogo e deixe ferver por 5 minutos. Veja o sal (se achar necessário acrescente). Depois disso escorra o bacalhau e aproveite esse caldo (leite) não despreze. Deixe o bacalhau num refratário. O leite que você escorreu do bacalhau, Fotos: Ebe Fabra
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.39
coloque numa panela e leve ao fogo pra ferver, coloque as batatas em cubos na panela, ponha pimenta-do-reino e azeite. Veja se é preciso por mais leite e sal, quando as batatas ficarem bem molinhas (bem cozidas...desmanchando), vamos desligar a panela e bater com um mixer ou amassar com um garfo ou passar no amassador de batatas. Tem que ficar um purê bem mole (tipo mingau). Pegue um refratário e unte com azeite, coloque a metade do purê e todo o bacalhau que estava reservado, pegue a outra metade do purê e coloque por cima. Coloque as azeitonas, o restante do cheiro-verde, regue com mais um pouco de azeite e coloque em forno preaquecido pra gratinar. Assim que estiver borbulhando, deixe dourar e está pronto. Fica muito bom com arroz com brócolis. Agora vamos a nossa sobremesa. Delícia de Chocolate (foto abaixo) Ingredientes: 4 ovos inteiros 1 lata de leite condensado 1 cálice (de licor de cacau ou rum ou conhaque) 1 caixa do chocolate do padre (Nestlé)
em pó 1 pacote de manteiga sem sal (200g) 1 caixa de creme de leite (200ml) 200g de chocolate meio amargo Modo de fazer: Coloque no liquidificador os ovos e bata bem, em seguida o leite condensado, a manteiga e o chocolate em pó e vá pondo aos poucos. Bata bem até que fique bem homogêneo. Unte um refratário com manteiga e acrescente esta mistura. Coloque na geladeira por umas duas horas (até que fique bem durinha). Faça uma ganache do creme de leite com o chocolate em barras (200g). Pode colocar tudo num bowl e pôr no micro por mais ou menos 1 minuto ou em banho -maria no fogão. Deixe dar uma esfriada, retire o refratário da geladeira e coloque por cima a ganache. Se quiser pode colocar nozes picadas depois de batidas no liquidificador ou apenas enfeitar com nozes e cerejas secas(a gosto). Como é dia das mães, coloque uma rosa pra enfeitar o prato na hora de servir. A todas as mẽs um dia bem feliz!
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.40
Nosso cafézinho
Continuando as receitas com café
Cida Castilho Barista
BRIGADEIRO DE CAFÉ 1 lata de leite condensado 1 colher de sopa de chocolate em pó 1 xícara de café forte 1 colher de sopa de manteiga ou margarina Chocolate granulado para confeitar, ou granulado da sua opção. Modo Preparo Misture todos os ingredientes, menos o chocolate granulado, numa panela pequena. Mexa sobre o fogo médio até que engrosse e solte nas laterais, Despeje num prato e deixe esfriar, Com uma colher de (chá) forme bolinhas e passe no chocolate granulado.
SUSPIROS DE CAFÉ 4 claras 10 colheres de (sopa) de açúcar 5 colheres (sopa) de café forte MODO PREPARO Bata as claras com o açúcar em banho -maria até obter um suspiro firme Retire do banho-maria e bata até que esfrie, Coloque em saco de confeiteiro e faça suspiros sobre papel manteiga numa assadeira, Leve ao forno preaquecido por 20 minutos. Deixe secar com a porta do forno entreaberta por uns 15 minutos
COQUETEL COM CAFÉ IRISHI COFFEE OU CAFÉ IRLANDÊS (esta bebida tem uma historia) – Esta bebida foi inventada na década de 1940 pelo Chef Joseph Sheridan. A bebida serviu para aquecer passageiros que chegavam da América do Norte pelo Atlântico. 50 ml de Irish Whisky 200ml de café quente e forte 1 colher (sobremesa) de açúcar Chantilly ( ou creme de leite levemente batido) MODO PREPARO Coloque em uma caneca aquecida o Irishi Whisky e o açúcar. Mexer bem. Complete com café e termine com chantilly, ou creme de leite levemente batido. Sirva com canudinho.
CAFÉ ANNE 1 colher de (chá) de açúcar ½ dose de licor de café ½ dose de creme de leite 1 café espresso, ou coado forte Creme de chantilly MODO PRPARO No “shsker” misture o creme de leite e o açúcar até formar um creme homogêneo. Coloque a mistura em um copo ou taça especial para café adicionando o licor e o café misturando levemente. Cubra com chantilly. Cida Castilho Barista Senior (011) 99914 8868 Cidacampos52@gmail.com
magazine 60+ #11 - Maio/2020 - pág.41
informe publicitário
O Cidadão e Repórter é um movimento social que desenvolve e transmite informações relacionadas a cidadania levando aos leitores e seguidores, a visão de repórteres 60+, baseada na nossa vivência e experiência e na divulgação e defesa dos princípios da democracia e da livre expressão. magazine 60+ # 11 - Maio 10 - Abril/2020 - pág.42
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