Magazine 60+ # 13

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60+

magazine Ano II

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Formato A4 | internet livre

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#13

S.Paulo, Junho/2020 - #13

Enfrentar doenças ao envelhecer Como receber a notícia de que houve recidiva da doença o que significa dizer que ela ainda está lá...

Páginas 27 e 28

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


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VEJA TODAS AS ATIVIDADES PARA OS 60+ EM 2020

educação para a vida

Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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30/06/2020

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*Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam

Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial

Manoel Carlos Conti Jornalista

No site da ABJ - Associação Brasileira de Jornalismo as notícias nos jornais pelo mundo todo, principalmente em jornais impressos fica cada dia mais difícil de serem lidas uma vez estarem se acabando. Somos muito pequenos para sermos colocados em estatísticas, não somos filiados nem a ABJ nem da ABRAJ, nem da ANJ enfim, somos um nada para essas associações, não existimos. Mas vamos ver pelo lado bom. Nosso propósito inicial era de atingir Grupos de idosos de nossos amigos que são amigos de nossos colunistas, diga-se de passagem começamos em 11 pessoas. Hoje, somos mais de 30 que se dedicam a fazer bons textos pois sabem que, segundo relatórios do ISSUU, só nesse aplicativo temos mais de 100 mil acessos, isso sem contar os pdf que enviamos para A e esses enviam para B e C, que por sua vez acabam enviando para D, E e F... e por aí vai. Chegamos a centenas de Instituições, Hospitais, Asilos, Casas de Repouso, Médicos, Psicólogos e muitos outros profissionais que mesmo sem conhecer nenhum de nós se simpatizam com o que algum colunista escreve ou das matérias em geral que podem ser vistas no MAGAZINE 60+. Dia desses, recebi um email enviado por uma leitora em que se lia: “somos gratos (as) pelas suas matérias. Aprendemos cada mês um pouco mais. Os livros de Psicologia não trazem o trabalho do Psicólogo na prática e muitas de nossas (os) colegas dizem ficarem às vezes “perdidas” em seus consultórios. Mais uma vez agradeço em nome de todos nós. R.M. Almeida - Natal - Rio Grande do Norte”. Encaminhei esse email para nossa colunista que disse ter chorado de alegria. Nosso alvo tem sido atingido a cada exemplar e assim, informamos, distraímos e ilustramos as vidas de milhares de pessoas 60+ e porque não dizer 60 -. Chegamos ao número 13. Após o curso

Profissão Repórter 60+, 1 ano exato desde quando começamos essa empreitada. Nossa colega Malú Alencar à qual conheço há muito tempo me ligou uma noite dessas e disse: “você percebe o que você fez e está fazendo? Me diga Manoel, você já percebeu isso? Você consegue unir pessoas que sentiam falta de aparecer a quem quer que seja, de ajudar só com palavras...” Eu fiquei sem saber o que dizer, mas minha reação foi sempre a mesma de quando falo com alguns de vocês e me dizem quase sempre essas mesmas palavras, eu repondo “isso não é meu, esse trabalho é nosso, essa revista não tem um “proprietário, somos, como escrevi em um desses editoriais uma Sociedade de Poetas Vivos e bem vivos”. O trabalho é intenso, muda foto, ajusta texto, não posso esquecer dos títulos e a capa (?), tanta coisa interessante que eu queria colocar tudo numa capa só... lido todos os dias, inclusive finais de semana com esse trabalho para que essas edições sejam compartilhadas limpas, sem agressões, sem política, como se visse na minha frente um quebra cabeça de milhões de letrinhas que formam boas páginas e eu tenho o dever de montá-las, e tenho a ajuda de vocês para que tudo de certo. Gostaria muito de agradecer todos vocês, um a um que trabalha e trabalharam com esse projeto que, como já disse, é de todos nós. A Pandemia do COVID 19 atrapalhou um pouco, ou bastante, nossas conversas com possíveis patrocinadores e me parece que esse vírus infernal está querendo ir embora. Caso isso aconteça poderei voltar a conversar com aqueles interessados em distribuírem a revista em suas lojas com anúncio de seus principais fornecedores. Nesse dia, tenham certeza que todos nós ganharemos uma parcela desse patrocínio. É isso minha gente amiga, enquanto esse sonho não vem a gente continua sonhando da forma que sempre fizemos, lutando pelos nossos ideais mas com aquele nosso objetivo de ajudar com nosso conhecimento aqueles que necessitam de um olhar. Muito obrigado parceiros! Feliz aniversário!

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nosso time de colunistas

60+

magazine

Heródoto Barbeiro Togas Pretas Página 4

Laerte Temple

Reuven Vanessa Faingold Bulara O Gia Turístico Micro Emprede D.Pedro na endedor, Micro Terra Santa Empresas e as Páginas 5 e 6 de Pequeno Porte em tempos de COVID 19 Páginas 7 e 8 Jane Barreto Arteterapia na veia

Consertos domésticos qua- Páginas 15 e 16 rentênicos Página 13 e 14

Vera Soubihe Iasmin Galvão

O importância da hierarquia na constelação familiar Páginas 21 e 22

Malu Alencar Lembranças que voltam Páginas 16

Osvaldo B. de Moraes

Vê se se toca Página 9

Silvia Triboni É o mais velho que coloca o mais novo no mundo Páginas 17, 18 e 19

Carolina S. Conti

João F. Aranha Quem veio primeiro Dissonância Página 12 Cognitiva Páginas 10 e 11

Thais B. Lima Sérgio Frug A encruzilhada Página 20

Malu N. Gomes Enfrentar doenças ao envelhecer

Ma. Andréa Nogueira 19 de março dia 1

Páginas 27 e 28

Página 29

Filosofia Huna II Páginas 25 e 26

Manoel Conti M.Luiza A Arte Romana Dra. Lairtes Conti parte III Temple Vidal Entusiasmo Página 34 e 35 Glossário Página 31 e 32 Página 33 e 34

Katia Brito O amor tem idade? E cor? Páginas 40 e 41

Sandra R. Schewinsky

Cuidados com pacientes com demência em tempos de COVID 19 Páginas 23, 24 e 25

Tony de Souza A experiência das pedras de sal Páginas 30

Anete Z. Faingold Turismo e História na República da Turquia

Marcelo Thalenberg Internet ruim? João Alberto Conheça os equiJ. Neto pamentos de sua Mosaico de casa e os limites S.Bento Páginas 36 e 37 de trafego Maria Izilda do Sapucaí II Cida Tamaro Página 39 Sincorá Página 37 e 38 Se tornar vegano. Como come- Aventureiras e destemidas çar? Página 41 Página 42 e 43

Ebe Fabra Dicas de Culinária

Cida Castilho Cafeteria das antigas

Página 47

Página 48

Marcia Castilho Vamos exercitar os olhos?

Lenildo Solano Ana Luna Kairós Páginas 45

É o lindo Pantanal Página 46


Crônicas do Brasil

Togas pretas

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma

O julgamento da egrégia corte é a última palavra do judiciário. É verdade que poucos entendem o que os ministros decidem. Uns porque não são chegados a um ‘juridiquês’ temperado por ‘aforismas’ latinos, outros porque o tribunal se expressa em decisões herméticas que só os iniciados e que têm condições técnicas são capazes de entender. Vai da heurística a kabalismo. Só mesmo para iniciados. Ainda assim é a última instância e recorrem a ela quando outros poderes ameaçam as garantias constitucionais. É verdade que ela é muito jovem e abre margem para amplas interpretações que dividem os membros do plenário. Contudo não se pode afirmar que cada ministro é uma ilha e eles formam juntos um verdadeiro arquipélago do judiciário brasileiro. As decisões do plenário representam verdadeiramente o Supremo Tribunal Federal e são acatadas por todos ainda que discutíveis debatidas na imprensa e nos partidos políticos . Não é tão fácil decidir sobre assuntos que envolvem políticos uma vez que o poder executivo é muito forte. Afinal a república brasileira nasceu para ter um presidente com razoável força e alguns pais fundadores da república defendem uma ditadura como na antiga Roma. A história da corte no regime republicano recém-nascido foi marcada por um confronto com o presidente. Contudo o que se espera de homens com reputação ilibada e profundos conhecimento jurídico é a salvaguarda dos direito individuais. Uma delas é a de impedir prisão arbitrária ou salvo conduto para deixar as

cadeias que se parecem com masmorras medievais. Para tanto se apresentam paramentados e o que para leigos não tem nenhum sentido, parece antiquado, visa, na verdade, dar maior solenidade e respeitabilidade aos julgamentos. Suas excelências, este é o tratamento adequado que qualquer advogado deve saber, apresentam-se de toga preta o dá um tom ainda mais solene quando o plenário se reúne. As decisões de pedido de habeas corpus sempre movimentam as colunas políticas da mídia. Os advogados batem na porta do Supremo com pedidos que nem sempre são recebidos com boa vontade. Podem ser confundidos com chicanas para atrasar o andamento do processo ou para libertar um preso de notoriedade. Afinal não são todos que tem dinheiro para bancar a custa do processo e o trabalho do advogado. Ainda assim, o doutor Heitor Lima bate às portas do egrégio tribunal com um pedido de um habeas corpus às avessas. Será mais uma jabuticaba brasileira? Ele quer que sua cliente seja presa! Como assim, um pedido para que ela não saia da prisão? Ela está na casa de Detenção e não quer sair de lá. Corre risco de ser expulsa do Brasil como perigosa à ordem pública e nociva aos interesses do país. Tem todos os pedidos negados: nem perícia médica que comprove gravidez, nem comparecimento na corte, nem requisição dos autos do respectivo processo administrativo. Ministros acordam não tomar conhecimento dos pedidos. Olga Benario, mulher do líder comunista Luis Carlos Prestes, judia, alemã, é entregue aos carrascos nazistas em 1936. Seis anos depois é executada em um campo de concentração hitlerista. A filha do casal sobreviveu. À custa do processo foi pago pelo advoOlga Benário gado Heitor Lima.

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Nosso Mundo, Nossa Cultura

O guia turístico de D.Pedro II na Terra Santa

Reuven Faingold Historiador

“Frère Liévin tudo me explicava, e muito me agrada por seu caráter singelo e jovial, além de ser um homem inteligente”. Com estes elogios registrados no Diário de Viagem à Palestina, apresenta o Imperador do Brasil D. Pedro II a seu guia turístico na Terra Santa. O franciscano Frei Liévin de Hamme, religioso natural de Hannover (Bélgica), orientava peregrinos na hora em que a comitiva imperial brasileira, liderada pelo monarca D. Pedro II, ancorava no pequeno porto de Beirute para uma visita de 24 dias ao Líbano, Síria e Israel; territórios em que Jesus nasceu e viveu, pregou sua nova fé e morreu crucificado pelo Império romano. Quando a comitiva imperial brasileira chegou à Terra Santa em 1876; havia 18 anos que frei Liévin morava na região. Desde 1858, muito jovem ainda, ganhava seu pão como guia turístico de ilustres personalidades das cortes européias. O franciscano era modesto e ao ser perguntado acerca de suas atividades cotidianas, costumava responder que era um “conducteur des pelerines” (guia de peregrinos), pois seu trabalho consistia basicamente em escrever guias turísticos e livros sobre os Lugares Santos da Cristandade. Célebres orientalistas, arqueólogos e numismatas (segundo Michaeles é aquele que coleciona moedas ou medalhas) franceses como Louis F. Joseph Caignart de Saulcy, Charles ClermontGanneau e Guérin, e outras personalidades conhecidas do monarca brasileiro; foram alguns dos notáveis viajantes que Liévin acompanhou com explicações. Na época, o contato da Europa com a Ordem dos Franciscanos era forte. De todos aqueles padres responsáveis pela guarda dos Lugares Santos, Frei Liévin ocupa um

lugar de destaque. Ele escreveu um roteiro em latim, (vertido ao francês) intitulado “Guide Indicateur dês Sanctuaires et Lieux Históriques de la Terre Sainte”. Em 04/12/1876, em Jerusalém, este Guide foi oferecido de presente ao Imperador com uma dedicatória. No rico acervo da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro existem várias versões deste texto. Frère Liévin pesquisou os Lugares Santos. Dois textos relevantes elaborados pelo guia belga são: “Lê Thabor et la Transfiguration du Sauveur” (8 fols.) e o “Étude Topographique du Forteresse de Sion” (16 fols.); este último com um bonito mapa de Jerusalém, guardado no Museu Imperial de Petrópolis. Nas cartas pessoais do Imperador, Frei Liévin de Hamme é lembrado com carinho e admiração. “Muito conversei com frei Liévin, de quem gosto cada dia mais, por ser um espírito esclarecido e, portanto, tolerante”, escreve D. Pedro II, manifestando sua grande estima pelo franciscano. Mesmo após consultar e comparar outros guias, Sua Majesta-

Pedro II Retrato por Mathew Brady, 1876

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de chegou à conclusão que seu guia em Jerusalém é autor do melhor roteiro da Terra Santa. No Diário de Viagem à Palestina, D. Pedro II destaca as pesquisas sérias do franciscano e, no caminho de Jerusalém a Ramleh, confessa que “não fosse ele [frei Liévin], não teria visto nem metade do que tem visto com suas explicações”. Em outro trecho, o monarca inconformado, disse que “apesar das insistências, o superior dos franciscanos ainda não lhe deu um ajudante para se ir preparando a substituí-lo quando for necessário”. Um dia, ele há de fazer falta aos cristãos. Notem a preocupação: Que farão os peregrinos quando frei Liévin não mais puder acompanhá-los aos Lugares Santos. Apreensivo com a falta de um sucessor para a função do franciscano belga, D. Pedro II parece confiar pouco na capacidade intelectual dos franciscanos, e nota “falta de inteligência na maior parte destes frades”. O monarca do Brasil aprecia sobremaneira cada explicação de seu guia, mesmo quando o belga emite uma opinião preconceituosa sobre o modo de rezar dos judeus de Jerusalém: “Estava a rua cheia de judeus que rezavam voltados para a muralha. Alguns, sobretudo mulheres soluçavam realmente; e vi judeus respeitáveis por sua aparência agitar o corpo, dando mesmo saltinhos, o que, segundo frei Liévin, simboliza os movimentos sobre os burros e camelos dos israelitas quando iam do Egito para a

Terra da Promissão”. A descrição do franciscano é fruto de observação e se refere aos movimentos agitados feitos pelos judeus durante a oração “Amida”, quando pronunciam as palavras hebraicas “Kadosh, kadosh, kadosh” (Santo, Santo, Santo); a síntese da santidade divina. Frei Liévin ironiza práticas e preceitos milenares do Povo de Israel, opiniões que não achamos em nenhum texto moderno, apenas em tradições orais dos Pais da Igreja e em relatos dos propagandistas cristãos dos séculos 12-14. Paira a pergunta se D. Pedro II seria tão ingênuo em aceitar tais explicações do seu guia. Chegou à hora da partida de Terra Santa. D. Pedro II precisa dar adeus a seu guia, e o faz com grande estilo, dentro do próprio navio Áquila Imperial; ancorado no cais do porto de Jaffa; já de partida rumo a Port-said, no Egito. O monarca, satisfeito com seu guia, admite que frei Liévin deixará saudades; e se alguma vez sua filha Isabel, pensar em viajar à Palestina, o recomendará como seu guia. Lamentavelmente, a Princesa jamais visitou a Terra Santa e nem conheceu “o bom e inteligente Frei Liévin”. A amizade que teceu Sua Majestade D. Pedro II com o franciscano Frei Liévin de Hamme continuou durante o curto período do exílio em Paris, acompanhando Sua Majestade em seu leito, nas últimas horas de vida em 1891.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+ magazine 60+ #13 - Julho /2020 - pág.6


Direitos

Micro empreendedor individual, micro empresas e empresas de pequeno porte em tempos de COVID-19 e as medidas econômicas e tributárias do Governo

Vanessa Bulara

Advogada tributarista Consultora

A Medida Provisória 975 publicada no Diário Oficial da União em 02/06/2020 instituiu o Programa Emergencial de Acesso a Crédito ao empreendedor individual e às micro e pequenas empresas em razão das dificuldades econômicas provocadas pela Covid-19. Além disso, alterou outro programa instituído anteriormente, chamado de Pronampe (Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empre-

sas de Pequeno Porte). Anteriormente, houve também a publicação da MP 944 que instituiu apoio à empresa desde que mantivessem sua folha de pagamento não procedendo a demissões. Pela atual legislação, é considerado micro empreendedor individual àquele que auferiu, em 2019, faturamento de até R$ 81 mil; são consideradas Microempresas as que tiveram, também em 2019 faturamento igual ou inferior a R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais); são consideradas Empresas de pequeno porte, aquelas com faturamento entre R$ 360.000,00 (trezentos e sessenta mil reais) e R$ 4.800.00,00 (quatro milhões e oitocentos mil reais) no ano de 2019. É importante destacar que, a desFoto: Agência Senado - Autorizado

Bar vazio no Rio de Janeiro: governo oferece crédito para empresas não demitirem durante a crise

Tomaz Silva/Agência Brasil

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peito da MP 975 estar vigente já na sua publicação, ou seja, desde 02 de junho, os efeitos práticos para que as empresas pudessem lançar mão do Programa Emergencial de Acesso a Crédito e do Pronampe foi regulamentado somente no dia 16 de junho, ou seja, duas semanas após. Muitos empresários têm criticado a demora do Governo em colocar em prática esses auxílios e causado morosidade em operacionalizar o socorro a pequenos empreendedores altamente dependentes de capital de giro e que viram o faturamento despencar radicalmente por conta da crise sanitária. Resumidamente, as medidas vigentes, nesta data, que trata do auxílio às micro e pequenas empresas propostas pelo Governo federal são: 1. Programa Emergencial de Acesso a Crédito - A quem se destina: ME e EPP - Taxa de juros: A MP 975 não menciona - Finalidade: Investimentos, despesas em geral e capital de giro; há datas específicas para pedir o crédito a depender do enquadramento da empresa; o banco empresta o $ garantido pelo FGO (Fundo Garantidor de Operações); - Como funciona: Feito pelo site da Caixa 2. Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe - instituído pela Lei 13.999/2020 e alterado pela MP 975) - A quem se destina: MEI, ME e EPP - Taxa de juros: 1,25% ao ano, mais a taxa Selic - Finalidade: Banco empresta o $ garantido pelo FGO (Fundo Garantidor de Operações); as empresas deverão preservar o quantitativo de empregados em número igual ou superior ao verificado na data da publicação da lei; a concessão do crédito é vedada à empresa que possuir condenação relacionada a trabalho em condições análogas à escravidão ou ao trabalho infantil. Há datas específicas para pedir o crédito a depender do enquadramento da empresa começando em 16/06/2020. Banco empresta o $ garantido pelo FGO (Fundo Garantidor de Operações); - Como funciona: Feito pelo site da Caixa 3. Fundo de Aval para as Micro e Pequenas Empresas (FAMPE)

- A quem se destina: MEI, ME e EPP - Taxa de juros: 1,19% a.m a 1,59% a.m, dependendo do tamanho da empresa - Finalidade: capital de giro - Como funciona: Feito pelo site da Caixa 4. Programa Emergencial de Suporte a Empregos (instituída pela MP 944) - A quem se destina: EPP e empresas maiores* (não objeto da presente coluna) - Taxa de juros: 3,75% ao ano - Finalidade: Para pagamento de seus empregados - Como funciona: Feito pelo site da Caixa Caso você tenha uma empresa nos moldes de MEI, ME ou EPP, reflita sobre as possibilidades acima. Em relação ao vencimento dos tributos para as ME e EPPs optantes pelo Simples Nacional, ressalta-se que houve prorrogação de seus vencimentos em seis meses para os tributos federais e, em três meses para os tributos estaduais e municipais. Já para as MEIs, a prorrogação se deu integralmente em seis meses, incluindo os tributos de estaduais e municipais, conforme a síntese abaixo: Fonte: site do Sebrae Por fim, é interessante notar que além da morosidade em colocar em operacionalização os auxílios federais, o Governo estadual e municipal de São Paulo não apresentou nenhum estímulo ou incentivo fiscal ou econômico às empresas aqui localizadas. Sim: nenhum. Não lançou mão de alternativas como a prorrogação dos vencimentos dos tributos estaduais ou municipais (que não sejam, claro, os vinculados ao Simples Nacional). A prorrogação dos tributos ocorreu apenas em âmbito federal para as grandes empresas e, estadual e municipal apenas para as aderentes do Simples Nacional. Porém, é nítida a obrigatoriedade de paralisação das atividades empresariais pelo Decreto estadual de São Paulo que caracteriza a pandemia como estado emergencial neste Estado. Nesse sentido, é válido destacar: onde está a razoabilidade e a proporcionalidade esperada entre Estado democrático e a atividade empresarial? Profunda reflexão com triste conclusão.

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Divã

Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Acho maravilhoso o fato de que a dependência vital do nosso bebê é o que permite que ele absorva as conquistas da humanidade até hoje. A mente da criança começa a se desenvolver pelos caminhos que o cérebro faz por meio dos sentidos, sendo o tato o primeiro deles a formar os mapas mentais. A pele é nosso maior órgão e a palavra contato pode ser entendida como tato com tato, por isso que as crianças se acalmam quando são pegas no colo e acariciadas, o contrário pode ser danoso, infantes não estimulados e que não recebem carinho podem desenvolver problemas seríssimos. Com a pandemia atual, talvez muitos de nós, independentemente da idade, teremos sequelas emocionais por falta de abraços. Mesmo sem o isolamento, as pessoas terão que manter distância uma das outras e haverá carência de afagos. Sendo nosso cérebro um órgão social, seu aprendizado, que só cessa com a morte, depende da proximidade com o outro, embates e trocas afetivas. Formas de manifestações de carinho resultam da cultura, criação e personalidade de cada um, mas todos necessitam de contato físico com outrem. A neurociência atual refere que temos “Fome de Pele”, pesquisadoras como as doutoras Tiffany Field e Cristina Márquez Vega nos ensinam que por meio das fibras táteis o cérebro é estimulado em várias regiões e além da estabilização das emoções as tomadas de decisões também podem ser influenciadas. Alertam que a falta de contato físico pode acarretar em insônia, ansiedade e declínio da imunidade. Caro leitor, não estou falando exclusivamente de contatos eróticos ou sexuais, nossa mente está privada da nutrição do aperto de mão, dos abraços e beijinhos dos colegas de trabalho, manifestações caloro-

sas entre amigos. Quando nossos corações se unem num abraço apertado, segregamos o hormônio do bem chamado oxitocina, temos liberação de dopamina que aumenta o desejo de aproximação, temos a sensação de sermos mais atraentes e, por conseguinte diminuição do estresse e regulação da pressão arterial. Então o meu leitor amado fica agora mais preocupado ainda. Não quero alarmá-lo e sim colocar algumas descobertas interessantes da Ciência. Nosso cérebro quanto mais estimulado em algumas atividades, mais ele enriquece suas comunicações e efetividade, logo o desuso o deixa mais pobre em determinada função. Entretanto, descobriu-se que a imaginação pode manter ativas algumas redes neurais, pois então vamos soltar a imaginação. Quando encontrar as pessoas, mesmo que virtualmente, façam todos os gestos de carinho que faziam pessoalmente, pense que está com elas. Você também precisa se dar carinho, no banho estimule sua pele com espuma, passe cremes em forma de caricias e toquese sem vergonha alguma. A auto estimulação manterá viva em você a alegria. E quando tudo isso acabar, é só CORRER PRO ABRAÇO REAL!

Youtube

Vê se se toca

Vídeo que viralizou no Youtube onde criaças se abraçam

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Contos II

Dissonância Cognitiva

João F Aranha

Cidadão e Repórter

“Faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço” Dissonância cognitiva é um termo criado em 1957, pelo psicólogo americano Leon Festinger(1919/1989), após uma série de pesquisas feitas experimentalmente com estudantes. Seus estudos foram de grande importância para o desenvolvimento da psicologia social. Para Festinger, trata-se de um estado mental que gera conflito entre as idéias, crenças e valores do indivíduo em relação ao seu comportamento. Esse desconforto mental gera uma tensão que pode ser traduzida por um embate entre a coerência e a incoerência, entre a persuasão e a dissuasão e entre o comodismo e a mudança.A prática do tabagismo é um bom exemplo da dissonância cognitiva. As pessoas sabem que o hábito de fumar é prejudicial à saúde mas, ou dão mais valor ao vício do que à saúde,ou minimizam os efeitos do tabaco ou, ainda, tentam justificar alegando que parar de fumar tem um ganho e, por outro lado, uma perda, já que pode levar a um aumento não desejável de peso corporal. A dissonância leva,normalmente, a uma tendência à mudança, à procura de uma coerência do comportamento cognitivo. Porém, mudar o que? As crenças e valores do indivíduo, ou seu comportamento? Tanto uma como a outra são difíceis de ocorrer na prática.No entanto, adequar atitudes aos valores parece ser mais fácil do que contrariar convicções e princípios.Há indivíduos que se julgam sempre certos, não mudam de opinião e são refratários ao diálogo; vêem a coisas somente por um ângulo, excluindo alternativas viáveis numa busca incessante

do que se chama viés de confirmação, ou seja, encontrar informações que confirmem suas posições e visão do mundo. Há uma perseveração, tendência de repetir infindavelmente um padrão de atitudes. Um estudo recente publicado pela revista científica britânica Nature mostra o que acontece com nosso cérebro quando há necessidade de se tomar uma decisão. Feita com 75 voluntários, a pesquisa os coloca numa situação de escolha entre duas possibilidades. Após optar, novas informações são acrescidas, visando dar novos elementos que possam corrigir um possível erro de avaliação. Todo procedimento é acompanhado pelo scanner da atividade cerebral. O que se conclui é que o cérebro, mesmo recebendo informações contraditórias, continua sensível àquelas que confirmaram a escolha inicial.Em resumo, o estudo demonstrou que conceitos preestabelecidos estão tão arraigados no cérebro que as pessoas resistem a absorver novas evidências. Antes, o que era apenas uma observação do comportamento social humano, agora tem o peso de um confirmação científica.Uma situação oposta ao acima relatado, são aqueles seres que, inseguros, mudam sempre de opinião para agradar e não contrariar as pessoas. Buscam apoio social e se submetem com mais facilidade a boatos e inverdades baseadas, por exemplo, em pseudo ciência geralmente originárias de alguém com certa credibilidade, que usam números e índices que visam criar realidades paralelas, muitas vezes tendenciosas e propensas a se tornarem armas políticas. Tomar uma decisão se torna uma tarefa difícil e, muitas vezes, quase impossível. O filme Doze Homens e uma Sentença retrata bem a opção de evitar o conflito para selivrar rapidamente de um problema.A trama, que se passa quase totalmente na sala de jurados de um tribunal, coloca 12 homens encarregados de julgar, face aos fatos apresentados, a culpa ou inocência de umjovem latino

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Foto - arbache.com

acusado de ter matado seu próprio pai. Uma unanimidade de opinião poderá condenar o rapaz à morte - o que poderá ser ou nãouma grande injustiça - ou simplesmente ab solvê-lo - o que poderá se constituir ou não num flagrante desrespeito social e às leis.Em uma sala fechada, num dia de calor, os jurados querem se livrar rapidamente do problema, ávidos para retornarem às suas casas ou à seus afazeres.Para simplificar as coisas, os jurados fazem uma prévia, para atestar qual seria o pensamento individual de cada um. 11 deles se mostram favorável à condenação e apenas um não tem certeza sobre a culpabilidade do réu. Iniciase, então, uma batalha onde todos se vêem a ter que analisar detalhadamente as provas da promotoria, os detalhes de todos os depoentes, a exatidão das in-

formações prestadas pelas testemunhas e todos os fatores ligados à cena do crime. Aos poucos, o jurado discordante cria um clima de conflito, mostrando que um mesmo fato pode ser visto sob ângulos diferentes, fazendo ressoar na consciência dos demais jurados as palavras de alerta do juiz, que todos são em princípio inocentes até que se prove o contrário. O filósofo Nietzsche levou a dissonância para o campo da história, acreditando no que chamava de transvaloração, ou seja, considerando que os valores mudam ao longo do tempo, caberia ao homem ter a coragem de erigir novos e humanos valores, condizentes com o florescimento e a intensificação da vida humana.A melhor forma de se minimizar a dissonância e o viés de confirmação, talvez seja buscar informações que sejam confiáveis - o que se torna realmente difícil nesses tempos de fakenews - e se mostrar receptível a uma eventual mudança, considerando a real importância e o peso que se dá a sua escala de valores e suas crenças. Conciliar suas idéias e suas ações, evitando a dissonância, é um exercício que pode e deve ser aplicado diariamente. Comece, por exemplo, aplicando seus preceitos quando você for às compras, ou se manifestando sobre os cuidados com o meio ambiente.

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #13 - Julho /2020 - pág.11


O que aprendi com minha vó

Carolina Conti Jornalista

Quem nasceu primeiro? Juruaia é a capital da lingerie. E é também a cidade natal da Vó Gaia, que não gostava de usar sutiã. Declarou isso na velhice, um tanto senil. Ficava puxando o elástico, franzindo a testa e balbuciando o seu incômodo. Agora veja só que paradoxo: justo quando os peitos foram libertos, ela já não se dava conta de que eles sequer existiam. Pelo pudor, não acho que se fosse jovem hoje, vovó apareceria com eles à mostra em uma passeata feminista, mas certamente seus lábios finos fariam a meia-lua ascendente de um sorriso discreto, endossando essa causa, quando visse as moças seminuas no Jornal Nacional. E não comentaria seu consentimento a ninguém. Vovó falava pouco. Para sabê-la, era preciso estar atenta aos detalhes e ao que soprava ainda na cama, pouco antes do café, como no dia em que me apresentou seu termômetro emocional: veias das mãos inchadas significavam alegria e, quando fininhas, graças a Deus raras, entregavam a sua deprê. Tenho a impressão de que dormi com ela inúmeras vezes, mas a memória contradiz os fatos. Foram pouquíssimas as noites de colchão de mola, paparico e magia. Magia porque tudo o que me contava parecia vir contornado de luz. Em vez de varinha, acho que ela tinha uma caneta marca texto e a usava para me educar sinalizando aquilo que era importante eu ver e sentir. Por exemplo: havia uma gaveta encantada. Dentro, inúmeros lencinhos que ela punha sobre a cabeça na hora

da oração pré-sono, um momento tornado especial porque delegava a mim a responsabilidade de escolher qual deles ia vestir nossos cabelos naquela noite. Depois rezava, pedia pela família dizendo o nome de cada um (às vezes eu dormia nessa parte) e, por último, pedia por aqueles que precisam mais. Marca texto nisso aí. Na janela, havia um rádio de pilha e um coelhinho de gesso que, claro, ganhava vida de madrugada enquanto a gente sonhava. Numa Páscoa de mil novecentos e qualquer coisa, eu acordei e vó Gaia não estava na cama. Comecei a ouvir um assovio que aumentava com o som das passadas. Ao que ela apareceu na porta, segurando com suas mãos e veias gordinhas o coelho e sua cestinha rosa carregada de ovinhos de chocolate. Pra mim, um tesouro, o privilégio que me tinha sido dado; o presente do coelho mágico. Meus olhinhos eram faróis, acesos e iluminados pela atmosfera fantástica que ela tão bem engendrara ali. Os ovinhos eram da Pan. Aquele chocolate dos famosos palitos coloridos, guardados em uma embalagem que tinha uma criança fumando (fumando!) na capa. Enfim, com o toque da vovó as coisas ganhavam uma dimensão bem maior. Aquelas bolinhas de gordura saturada e muita inhaca industrializada fizeram e fazem a alegria daquela e de todas as minhas Páscoas porque elas são a metáfora da vó Gaia, aquela do detalhe, do pouco arquivo

Quem veio primeiro

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que – encantado – vira muito. Um tempo depois da sua partida, fui à casa dela, entrei no quarto povoado de memórias e avistei ele lá. O coelhinho de gesso. Empoeirado, com a tinta gasta, menos iluminado do que naquele dia dos meus 6 ou 7 anos de idade. Eu o peguei, ele cabia em apenas uma de mi-

nhas mãos. Tinha cheiro, textura e uma boa dose de ternura. Olhei pra ele emocionada e enquanto passeava os dedos pelas patas lascadas, me veio a pergunta. Aquela que não quer calar e inda hoje me rodeia: quem nasceu primeiro? O amor ou a Vó Gaia?

Ler e criar

Consertos domésticos quarentênicos

Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

Cansado de procurar o que fazer, resolvi organizar meus livros, CDs e DVDs. Achei raridades que nem lembrava que ainda tinha. Poe nisso Saramago, Assis, Camus, Drummond, LPs do Trio Los Panchos, Connie Francis, Ataulfo Alves, Vinicius, Elis, DVDs históricos de Elvis, Beatles, Sinatra, Charles Aznavour, Buena Vista Social Club e outros mais. Entendem agora por que é difícil para mim curtir Jojô Todinho ou Pablo Vittar? Liguei a TV e o portentoso “Tudo

em um”, aparelho chinês compacto que reúne rádio AM/FM, CD, DVD, Blue Ray, Home Theater etc. Só falta lavar e secar. Mas aí o DVD de Simon & Garfunkel no Central Park engasgou. Liguei para a assistência e ninguém atendeu. Devem estar em quarentena. Como sou alfabetizado e curioso, consultei o manual de instruções. Alguém com mais de sessenta anos já tentou ler um manual instruções de eletrônicos made in China? Uma folha A3 semitransparente, dobrada inúmeras vezes até ficar do tamanho de um maço de cigarros sem filtro, dividida em blocos com oito idiomas, todos mal traduzidos, repleto de siglas e termos de física quântica e impresso com letras iguais às das bulas de remédio para disfunção erétil. Nem com microscópio eletrônico! Peguei óculos de leitura, lente de aumento e comecei a pesquisar. Depois de vinte minutos lendo, conectei o plug HDMI à porta 3, liguei o cabo coaxial no

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receiver, encaixei as tomadas USB, cliquei na tecla Function, selecionei DVD, apertei Play e esperei inicializar. O DVD não destravou e o painel mostrou “Erro 49”. Consultei o manual. Eu não tinha desativado e função multiplex nem conectado a entrada RGB. Desliguei tudo, contei dez segundos e reinicializei no modo Beta. Nada. Repeti o procedimento três vezes. Nada. Consultei a lista de defeitos e soluções. Tinha perguntas geniais como: Você tirou o aparelho da caixa? Conectou à rede elétrica? Pressionou a tecla Liga? Como essas soluções não me atendiam, radicalizei. Peguei a chave Philips na caixa de ferramentas, desmontei a disqueteira e desencavalei o DVD. Montei tudo novamente com maior eficiência, pois sobraram umas peças, provavelmente desnecessárias, só para aumentar o preço.

Liguei na tomada e pressionei a tecla ON. Não inicializou e várias luzes azuis e vermelhas piscaram no painel. Parecia viatura da blitz da Lei Seca. O micro ondas apitou e a máquina de lavar, vazia, começou a centrifugar. Da TV e do “Tudo em um” chinês surgiu densa fumaça branca igual ao “Habemus Papam”. Arranquei tudo da tomada, porém tarde demais. Os disjuntores chamuscaram e todas as luzes se apagaram. Curto circuito geral, no apartamento e no prédio inteiro. Resolvi ler um livro na varanda prá disfarçar. No dia seguinte desci nove andares para comprar pão. Tinha um pessoal no poste trocando um transformador. O síndico me viu e disse que algum FDP deve ter feito gambiarra. Respondi “vai saber, tem muito doido metido a eletricista”. Maldita quarentena!

CriativA Idade

Arteterapia na veia

Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

O distanciamento social impacta as pessoas de forma inusitada durante a pandemia de Covid-19, causando doenças físicas emocionais, situação que reforça a necessidade de escuta, ou seja, de parar e escutar as pessoas, de acolher, principalmente os mais vulneráveis, como o grupo denominado idoso. Através do resgate de emoções e histórias que revelam as potencialidades de cada um, acontece uma imersão que pode ser feita por meio da Arteterapia. A Arteterapia consiste em uma prática possível que visa acessar e revelar o universo de emoções que habita em nosso interior, trilhando um caminho até o inconsciente, percebendo sentimentos e mensagens construídos desde a vida intra-uterina, por meio de uma imersão nas artes, utilizando técnicas de lingua-

gens artísticas. São diversas as linguagens da arte em que acontece a prática arte terapêutica. A música, a dança, o teatro, a literatura, a plástica visual, entre outras, são cenários de aprendizagem para o desenvolvimento da criatividade, evocando uma buscar na memória afetiva, reveladora da essência de uma mesma pessoa, mas que passou por transformações ao longo dos setênios de vida até a idade madura, com bagagem e conteúdo aprimorados de histórias em vários momentos de sua existência, construindo uma nova identidade. Destacamos como referencia a linguagem corporal, o corpo em movimento leva a linguagem da dança. Na dança o movimento é ingrediente para a construção de uma nova habilidade, acionando o hipocampo, parte do cérebro responsável pelo equilíbrio corporal e pela memória curta e longa de afeto. Um resgate desse corpo que já foi um bebê acalantado, no acolhimento materno faz com que pessoas nessa experiência se percebam, lembre-se que tem uma história e fluam em suas emoções. O resultado de vivências com o corpo na linguagem artística da dança, ou

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em qualquer outra linguagem da arte, vai além do impacto do momento, essas práticas que não param em um exercício, continuam no dia a dia no contemplar, apreciar cada gesto. O Arterapêuta é uma ponte, traz um pouco de conhecimento das diferentes áreas como a psicologia, pedagoga, a filosofia, e a medicina, possibilidade que a pessoa afine o olhar, observem o espaço da sua casa, as características dos objetos, a mobília ou um prato de comida, de forma sensível, percebendo texturas, sons aromas, cores, enfim, ser alimentado na sua alma, como também mudar a percepção sobre o mover-se em casa, contemplando. Contemplar é uma experiência que possibilita desacelerar o senso comum das experiências e ativar a neuroplasticidade cerebral, algo tão importante para superar este momento de pandemia. A arte pode em todas as idades ser um “medicamento” sem contra indicação, prescrito por aqueles que desejam uma humanidade mais sensível e resistente,

um mundo mais belo e consistente, com os que fazem a diferença protagonizando na história. “No caos a arteterapia pode consolar, em alguns momentos até curar, mas sempre irá aliviar” ...

ARTETERAPIA É UMA PROPOSTA DE PRÁTICAS TERAPÊUTICAS, QUE CONSISTEM EM UTILIZAR DIFERENTES RECURSOS EXPRESSIVOS, PRESENTES NAS LINGUAGENS DA ARTE, FACILITANDO AOS PRATICANTES, ACESSO AO UNIVERSO SOMBÓLICO, REAL E IMAGINÁRIO, POSSIBILITANDO NOVAS DESCOBERTAS E O AUTOCONHECIMENTO (AATA - AMERICAN ART TERAPY ASSOCIATION)

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Contos I

Lembranças que voltam

Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Desde meados do mês de março, a maioria dos brasileiros está em quarentena. Eu também estou nesse esquema de isolamento. Não é fácil. Passei parte desse tempo em São Paulo sem contato com pessoas, sem nenhuma atividade social. Uma situação inusitada para mim e para a maioria dos habitantes do planeta. Nenhuma novidade seja aqui ou no Amazonas ou Patagônia, todas as atenções voltadas para o bendito Coronavirus. O silêncio das ruas sem ‘buzinaço’, sem poluição, o céu azul e é raro se ver um helicóptero ou avião cortando o espaço. Incrível. Mas todo esse silêncio me faz pensar nas décadas passadas, meados do século 20 quando o rádio era um dos veículos de comunicação mais moderno, lá por volta de 1950. Nessa época se falava muito em discos voadores, em outros planetas habitados por seres estranhos que buscavam na Terra elementos importantes para a sobrevivência de seu povo. Água, minerais, plantas, animais... Tantas histórias eram contadas. Um mistério que assustador. Diziam que era no entardecer que apareciam misturandose ao lusco fusco, confundindo a visão. Ai que medo, as crianças se escondiam dentro das casas achando que poderiam ser raptadas... Nesse horário o céu era cortado por andorinhas voltando para seus ninhos. As luzes dos postes começavam a brilhar iluminando as ruas e praças competindo com as estrelas que se acendiam no céu. Um festival de beleza da natureza que se preparava para descansar na quietude da noite. Apesar do medo dos discos voadores, dava uma paz voltar para dentro de

casa, o cheiro de lenha queimando nos fogões a lenha, perfumavam o ar e afagavam as relações... As conversas em torno da mesa de jantar lembravam fatos do dia, faziam projetos para o amanhã. Sem televisão que não existia, somente o rádio que depois do noticiário apresentava programas de música, radio novelas ou ainda reprisavam as notícias do dia. A noite era um silêncio lá fora. Hoje, depois de décadas e com toda tecnologia que temos graças a internet, volto ao passado e me vejo olhando para o céu esperando a primeira estrela aparecer, acompanhando a revoada de pássaros que buscam seus ninhos, ouvindo vozes de crianças brincando de queimada ou de esconde - esconde no jardim, atrás do cachorro que late olhando para a lua como se fosse noite escura. Nunca imaginei que um dia voltaria a ter medo de discos voadores, de histórias de lobisomem... nas noites escuras e hoje me vejo revivendo tudo isso, na beira de uma represa num sítio distante da minha cidade grande, contando os mesmos causos que meu avô contava para mim e agora eu contando para meus netinhos, como se o tempo não tivesse passado, graças a pandemia que parou o mundo e me fez lembrar de minha infância querida. Não sei quando voltaremos para o século XXI sem medo de ser feliz.

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Mudança de Hábito

É o mais velho que coloca o novo no mundo

“A casa da vítima é o

local com maior evidência de violação, 85,6%. Onde Mora a Violência Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

No Dia Internacional de Conscientização e Combate à Violência contra a Pessoa Idosa, lembrado em todo o mundo no dia 15 de junho, o SESC São Paulo apresentou a live com o tema “ONDE MORA A VIOLÊNCIA”. Abriu os trabalhos a Dra. Vania Heredia, socióloga, Presidente do Departamento de Gerontologia da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia SGG, enfatizando que a SGG– participa desta campanha com o intuito de sensibilizar e conscientizar as pessoas quanto à violência contra os idosos, quanto ao aumento dos casos nesta pandemia. Na sequência, os ilustres palestrantes: Conceição Evaristo, escritora, Dr. Alexandre Kalache, Presidente do Centro Internacional da Longevidade Brasil, Dr. Alexandre Silva, doutor em Saúde Pública (USP), explanaram sobre o tema com a mediação de Gabriel Alarcon Madureira, assistente técnico do Núcleo Idoso, GEPROS - Gerência de Estudos e Programas Sociais. Este seminário teve por base de discussão, os dados do balanço anual das denúncias sobre atos contrários aos direitos humanos no Brasil, denunciados por meio do canal Disque 100, os quais permitiram aos painelistas apresentarem suas opiniões e argumentos a respeito desta grave violência social. Deste relatório constatou-se que 52,9% dos casos de violações contra pessoas idosas foram cometidos pelos filhos, seguidos de netos com 7,8%. As pessoas mais violadas são mulheres com 62,6% dos casos e homens com 32%, sendo eles da faixa etária de 71 a 80 anos com 33% e 61 a 70 anos com 29%.

Dr. Alexandre Kalache

Ao abrir os trabalhos, Dr. Alexandre Kalache (foto acima) observou que a violência mora em toda a sociedade, mas a violência contra o idoso mora, sobretudo, dentro de casa. “Importante deixar isso claro para tomarmos consciência disso e não deixarmos escondido debaixo do tapete, pois é dentro de casa que essa violência ocorre”, disse ele. Em perspectiva histórica, ressaltou o trabalho de um grupo de pioneiros britânicos que em 1995 começou a definir o que é a violência contra idosos, já no intuito de identificação e combate aos abusos. Definiram como “um ato único ou repetido, ou omissão que lhe cause dano ou aflição e que se produz em qualquer relação na qual exista expectativa de confiança”. Sequencialmente, no ano de 1999, quando foi diretor do Departamento de Envelhecimento da Organização Mundial de Saúde, Dr. Alexandre Kalache convi-

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Não é só a vida daquele se foi. Tem a vida de uma mãe, de um pai, um avô, uma avó ligada a ele, traumatizando famílias inteiras. Este sofrimento, esta violência que nós sancionamos e que estamos expandindo é um sinal de alerta neste dia em que estamos celebrando, e comemorando, a luta para que a gente possa não fazer mais essa cara feia da violência, do abuso contra o idoso, que é sistêmica, escondida embaixo tapete. Mas que também existe quando fazemos com que a família seja traumatizada a cada dia, a cada hora como se faz neste país.” Para ser mais no Brasil é preciso ser menos cabelos brancos? - Alexandre Silvia “O ageismo, o idadismo, é mais do que discriminação. São ideologias que modulam a nossa sociedade, o nosso modo de vida e a invisibilidade dos mais velhos” disse Dr. Alexandre Silva em sua palestra. De forma contundente, Alexandre Silva questionou as fontes de violência em nosso país, as quais perpassam o Estado e toda a sociedade. “Temos determinantes estruturais da violência. Passa pela cor da pele, imigrantes, pessoas consideradas não brancas, machismo, patriarcado, tudo isso vai estruturando a sociedade e impactando na vida do idoso”, enfatizou o especialista. Foto: jornalcafeimpresso

dou representantes de 12 países para pesquisarem, entre os próprios idosos, o que eram os maus tratos, uma vez que legítimos protagonistas da situação, não cabendo a acadêmicos definirem os tipos de violências. Doutor Kalache contou que o objetivo principal desse estudo qualitativo foi reconhecer a raiz desse abuso, no caso a discriminação, e o preconceito, para tirar, então, tirar essa nódoa perversa da sociedade, essa negação da dignidade da vida humana. Faz com essas pessoas sejam abusadas sob todos os pontos de vista. Em 1999, as Nações Unidas criaram uma campanha para o lançamento do Ano Internacional dos Idosos, e lançaram o Missing Voices – com uma série de recomendações importantes para combater a negligência, o abandono, a exclusão social e a violação de direitos sociais dos idosos. No Brasil morre um George Floyd a cada 4 horas A violência contra os idosos no Brasil não se restringe às violações já mencionadas, afirmou o especialista. “Em um país onde temos um excelente estatuto do idoso, se ele não é posto em prática também se torna uma forma de abuso, uma violação de nossos direitos.” Da mesma forma, a intervenção ocorrida no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Idosa, em que se eliminou a participação da sociedade civil de sua estrutura, representa um grave atentado aos interesses e participação do público idoso, e um cerceamento ao diálogo com esse público, uma forma de abuso. “O que hoje temos é uma forma de mal trato, de negligência, de respeito aos idosos, na medida em que se nega acesso às formas de denunciar os abusos, complementou Dr. Kalache. Ao finalizar sua manifestação, o ilustre painelista exprimiu, de forma emocionada, suas impressões sobre a violência no Brasil, dizendo: “Vivemos em uma sociedade extraordinariamente violenta, que não respeita a vida. No Rio de Janeiro, a polícia militar mata 179 pessoas, 1 a cada 4 horas. Morre um George Floyd a cada 4 horas.

Uma análise da FIOCRUZ mostrou como os idosos se sentem onde moram. Os idosos negros e indígenas sentem que são discriminados na sociedade em que vivem.

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Segundo Alexandre Silva, a violência contra o idoso pode ocorrer, inclusive, pela redução da rede de apoio dessas pessoas que não tiveram oportunidade de fazê-la enquanto trabalhavam, e agora que estão sem trabalho, veem-se sem amigos. Vivem sozinhos, sem ninguém por perto. “Para ser mais no Brasil é preciso ser menos cabelos brancos? Ter menos cabelos crespos, ou peles escuras? Que as pessoas sejam possibilitadas de fazerem denúncias! Que possamos ofertar aos idosos mais conhecimento! Tenhamos combate efetivo contra o idadismo! E que seja um compromisso nacional!” JUVENTUDE E VELHICE PRECISAM SER FORÇAS INSEPARAVEIS Conceição Evaristo Na visão da escritora Conceição Evaristo, a violência vem se aprofundando ao longo da história. Lembrou a frase “a velhice é uma conquista e não uma tragédia” e questionou: “mas quais velhos podem pensar a velhice como uma conquista? Para aquele que sofre violência, a velhice é uma tragédia. Quais os sujeitos podem comemorar a velhice, pensando no futuro?” No processo de escravização, na visão da escritora, criou-se uma imaginização sobre eles aqueles que após uma certa idade não produziam mais e eram abandonados, dependendo de alguém que o ajudasse. Igualmente, na literatura, criaram-

se o imaginário do preto velho e da preta velha como sujeitos passivos. Pai João, Preta Velha, sujeitos que estavam sempre em um estado de gratidão e passividade em relação ao Senhor. Tanto é que havia uma linguagem para aquele que aceita tudo: Ele é um tipo Pai João, ou seja, um velho. Quando coloca alguém nesta situação de impotência, dificilmente ela vai virar o jogo, explicou Conceição. Deixou, em suas palavras, as seguintes reflexões: “Sobre esse preto velho, essa negra velha, em vez de pensarmos como sujeitos passivos e eternamente gratos ao senhor, podemos mudar essa chave de pensamento, se lembrarmos que esse preto velho, essa mãe preta, tinham todo o conhecimento do que se passava na Casa Grande, tendo sido um facilitador para a criação dos quilombolas, quando avisava os escravos quando o senhor estava fora. As culturas tradicionais respeitam o mais velho, assim como elas respeitam o mais novo. Se a gente pensa em um tempo espiralar, vemos que o tempo é sempre dinâmico É o mais velho que coloca o novo no mundo. Juventude e velhice precisam ser forças inseparáveis!” Fonte: vídeo no YouTube: https://youtu.be/tIcwzbDGeGw Fundadora do Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com Também no You Tube, Facebook e Instagram

Diagramação, Reportagem, Fotografia, Desenho, Entrevistas, Propagandas, Folders, Folhetos, Identificação Visual, Montagem de livros e Revistas

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A encruzilhada

Cultura Geral

Sergio Frug

Li há tempos o longo e agradável romance de Jean M. Auel, “Os Filhos da Terra”, cujo cenário se localiza na pré-histórica Era Glacial. Fiquei estarrecido ao notar que muito pouco mudou no comportamento humano desde aqueles primórdios até agora. Segundo a autora bastante aplaudida pela qualidade da pesquisa científica; em todas as tribos da época, em todos os níveis de evolução que coexistiam, a diferenciação por status era um fato. Sem dúvida havia uma grande conexão com a natureza, de quem dependiam quase que absolutamente. Honravam a Grande Mãe e o Espírito dos Animais e tratavam certos assuntos (como o sexo, por exemplo) com grande naturalidade. Mas o germe do ciúme, mesmo infundado, já principiava a se instalar. Reporto-me àqueles tempos e imagino o Ser Humano diante da encruzilhada: “A vida neste planeta é muito difícil e é preciso matar um leão por dia. Assim é preciso resolver: devo trabalhar para servir ou devo trabalhar para ser servido?”. O valor do status demonstra que a resposta foi evidente: trabalhamos quase sempre para sermos servidos e com isso criamos as grandes diferenciações, sempre com a desculpa de algo como a “teoria evolutiva”, onde vence o mais forte. O mais óbvio, porém, é que sempre há um mais forte e no limite, seríamos engolidos uns pelos outros até que sobrasse apenas um. O “winner”, o #1, o grande e solitário vencedor! Talvez possa funcionar com os peixinhos lá do mar, mas nós não nos alimentamos uns dos outros. O que para os peixes é natural para nós não é. A mínima reflexão pode concluir que para nós o natural é cooperar e não matar.

© REUTERS / Era do Gelo (2012), LLC Mas foi assim que decidimos e assim que enveredamos por uma das pernas dessa encruzilhada. Milênios sangrentos se passaram, onde o que mais fizemos foi escravizar e sermos escravizados, até alcançar a fase atual, onde uma nova consciência luta por desabrochar. Aonde chegamos? Aonde chegaremos em meio à violência ensandecida e ao consumismo desvairado? O que fazer? Começar de novo, talvez, como se fazia na escola com um longo teorema que insistia em não dar certo. Voltar à origem? Tomar então a outra perna daquela encruzilhada e experimentar um sonho de união, integração e consagração da vida orgânica no planeta? Quem sabe... No íntimo, porém, nós sabemos. Sabemos que é preciso mudar, rever essa encruzilhada dentro do nosso próprio interior, na expressão do nosso próprio comportamento. Deixar de escravizar e deixar de aceitar a escravidão, como muitos ainda fazem em nome talvez de uma ilusória segurança pessoal. O ego humano encontra-se acuado sob a pressão de um grande dilema: continuar caminhando cegamente em direção ao próprio cadafalso, ou abrir os olhos para uma transformação integrativa e assim no lugar do “status”, valorizar o espírito de grupo, de união, de cooperação e de serviço uns aos outros num amplo congraçamento cósmico cuja grande alegria um simples vislumbre é capaz de sentir e desfrutar. O momento não poderia ser mais propício...

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Constelações

A importância da hierarquia na constelação familiar

Iasmin Galvão e Vera Soubihe explicam a importância do respeito aos ancestrais para resolver questões do presente

Vera Soubihe

Iasmin Galvão

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Foto: www.ageuk.org.uk

“Muita gente julga que o amor tem o poder de superar tudo, que é preciso apenas amar bastante e tudo ficará bem. Mas para que o amor dê certo é preciso que exista alguma outra coisa ao lado dele. É necessário que haja o conhecimento e o reconhecimento de uma ordem oculta do amor” A afirmação é de Bert Hellinger, criador da constelação familiar, e diz muito sobre a importância da hierarquia para a manutenção do amor. “Hierarquia pode significar aqui quem já estava antes”, diz a consteladora Vera Soubihe. “E quem vem depois respeita quem chegou antes.” Dupla de Vera, a consteladora Iasmin Galvão complementa: “Se quem chegou é quem quer salvar a família, os anteriores recebem isso como desrespeito”. Segundo elas, por isso, filhos não devem tratar do pai ou mãe como se fossem seus filhos, sentido-se responsável por eles. “Um filho que cuida muito dos pais e se intromete na vida deles deve dar um passo atrás. Esta atitude traz de volta a dignidade dos pais e, consequentemente, o respeito à hierarquia”, explica Vera. Na constelação, o lugar da mãe não é o da melhor amiga, pois segundo a hierarquia tudo tem seu lugar e sua função. “Amiga a gente briga, faz as pazes, briga de novo, e às vezes escolhemos não conviver mais. Fala-se em um mesmo tom de voz, contamos tudo e ela pode até dar conselhos, mas não precisamos obedecer”, diz Iasmin. “Mãe é diferente. Podemos ter cumplicidade, fidelidade, carinho e amor sem tirá-la do lugar de mãe.”

Elas afirmam que devemos sempre aceitar nossos pais da melhor maneira, entendendo sempre que fizeram o melhor que conseguiram por nós. Somente assim, com essa aceitação, a vida flui. “Temos sempre que ter em mente que somos pequenos diante de nossos pais e, assim,forma-se o equilíbrio de nosso papel dentro do sistema familiar.” Será que você está respeitando a hierarquia de seu sistema familiar? Faça a si mesmo as questões abaixo: Olho com respeito para aqueles que vieram antes de mim na minha família, ou fico apenas no julgamento de suas atitudes negativas? Costumo i ntervir nas discussões entre meus pais e tomar partido de um contra o outro? Vejo meu pai ou minha mãe como mais fracos ou incapazes do que eu a ponto de buscar resolver seus problemas mesmo quando não me pedem? Mesmo quando me mostro, em algum aspecto, mais capaz do que meus irmãos mais velhos acredito ser mais importante ou ter mais direitos do que eles? Assumo para mim o papel de meus pais ao tentar ajudar algum irmão mais novo ou procuro ajudar apenas como irmão quando necessário? Julgo-me mais importante do que os filhos do primeiro casamento do meu marido ou da minha esposa? Olho com respeito para meus antecessores e reconheço sua contribuição à empresa, mesmo que seu trabalho tenha se tornado obsoleto?


Imponho mudanças ao ambiente organi- zacional, sem os devidos cuidados, sem escutar, reconhecer e valorizar aquilo que já havia de positivo, ainda que seja na intenção de ajudar as pessoas mais antigas?

Boa reflexão!

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Benefícios

Guia de orientações: cuidados de pacientes diagnosticados com demência, em tempos de quarentena - pela COVID 19

Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Ao escrever sobre os cuidados que se deve ter para prevenir o novo coronavírus em indivíduos idosos, pensamos em produzir este conteúdo educativo, mais leve do que toda essa enorme “onda” de notícias trazidas pela mídia que, temos certeza, tem deixado muitos de nós assustados com uma pandemia que pegou a todos, não de surpresa, porque já sabíamos que chegaria até nós, mas, social e economicamente despreparados. Contudo, não importa nosso papel na sociedade, somos todos seres humanos que estamos lutando para conter a propagação, ainda maior, deste vírus em nosso país. Neste momento, podemos nos perguntar: o que fazer? Do ponto de vista clínico, acompanhamos o esforço de pesquisadores na busca por medicamentos curativos, ou, de uma vacina que possa ser útil e evitar desfechos tão tristes como os que temos visto ultimamente. Acreditamos na ciência e, por isso, esperamos em breve a notícia da existência de opções medicamentosas que permitam maior segurança, prevenção e controle deste vírus mortal. Em termos de ações não farmacológicas, as medidas de distanciamento e isolamento social, utilizados atualmente têm sido discutidas como a única maneira de se reduzir o número de casos e de mortes tanto no Brasil, quanto em outros países. A maioria das pessoas está fazendo, na medida do possível, o que podem

para se manterem isoladas em casa, e este isolamento é relaxado apenas para aqueles que prestam os chamados serviços essenciais. Também acreditamos que, a irresponsabilidade de algumas pessoas em se exporem a maiores riscos e possivelmente contaminarem outras, está associada a ignorância, a falta de informação e, principalmente, às desigualdades sociais muito presentes em nosso país. A questão é: como devemos nos comportar e como faremos para minimizar nossos riscos de contaminação em idosos com diagnóstico de demência? Todos, certamente, deverão aderir às medidas de isolamento e de higiene do corpo, da mente e do ambiente, principais pilares do que se entende por HIGIENE. Pensando nos grupos mais vulneráveis, entre eles os idosos e portadores de doenças crônicas e doenças neurodegenerativas, o nosso olhar e cuidado deve se tornar ainda mais acurado. Seguramente, há muito que se dizer sobre isso ao considerarmos as características clínicas de diferentes doenças de alta morbidade, ou seja, são aquelas que perduram por muitos anos e demandam maior cuidado. Assim, vamos falar sucintamente, sobre os principais cuidados que se deve ter com idosos que se apresentam em algum estágio da demência. Esperamos que possa ser útil, sobretudo, para aqueles que se acham em isolamento social e que prestam cuidados no domicílio a um familiar que apresenta o diagnóstico de uma demência. Vamos observar algumas sugestões: Em primeiro lugar, pensemos que estamos diante de alguém em fase leve deste tipo de transtorno. Obviamente, será preciso muita observação, supervisão, delicadeza e cautela, com as sugestões de cuidados que contempla o “kit higiene”, medida tão preconizada neste momento por profissionais de saúde, como lavar

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bem as mãos, usar álcool em gel, usar máscara em ambientes externos e manter distância de pelo menos 150 cm de outra pessoa, se tossir ou espirrar, levar o antebraço à boca e usar lenços descartáveis. É, mas, também é preciso pensar que estas atividades, quando propostas, poderão, na prática, encontrar pouca, ou muita resistência da pessoa que receberá cuidados. Talvez seja preciso repetir várias vezes, e com delicadeza e paciência, a necessidade de seguir as instruções, dado que existe o risco de se contaminar e contaminar alguém muito querido dela. Este é um bom argumento que, nesta fase, poderá funcionar muito bem. Lembremo-nos que, neste momento evolutivo, os hábitos antigos de higiene, em geral, são postos em prática sem muitos problemas. As fases intermediárias e finais das demências podem exigir que as atividades sugeridas para a prevenção de contaminação pelo novo coronavírus, sejam lembradas, estimuladas e, muitas vezes, realizadas pelo familiar e/ou cuidador. E ao falar nessa pessoa contratada para tanto, é preciso evitar o máximo possível que ele(a) tenha que ir e vir diariamente, pois esta movimentação poderá favorecer a contaminação em razão de seu maior contato com outras pessoas, por exemplo, nos transportes públicos. É aconselhável que, ao chegar, este Profissional troque de roupa e sapatos, após um banho rápido, antes de se aproximar da pessoa que será cuidada. Após a troca e o uso de máscara e mãos devidamente higienizadas com água e sabonete, e álcool em gel, iniciar os procedimentos habituais que fazem parte da rotina da pessoa. É importante lembrar que a pessoa cuidada também deverá ter suas mãos, frequentemente higienizadas do mesmo modo que seu cuidador antes, e após qualquer atividade realizada. Medidas parciais de distanciamento de outras pessoas, e distanciamento total de crianças e recém-nascidos são fundamentais, e embora saibamos, o quanto é difícil para os avós permanecerem longe de seus netos, essa medida é essencial para proteção própria, entendendo que o

sistema imunológico (de defesa) dos idosos é mais vulnerável a diferentes tipos de contaminações. Quanto ao ambiente, este deve ser frequentemente limpo com desinfetantes habituais, preferencialmente a base de hipoclorito (água sanitária) ou álcool líquido diluídos em água. As superfícies precisam ser higienizadas por, no mínimo, duas vezes ao dia com álcool. Janelas devem ser abertas para ventilação adequada do ambiente e o vestuário de ambos, cuidador e pessoa que recebe os cuidados, compatíveis à temperatura ambiente. Do ponto de vista de cuidados com a alimentação, ofereça ao idoso que está em cuidados, uma alimentação balanceada, ricas em nutrientes, vitaminas e sais minerais, para o fortalecimento do sistema imunológico, com consumo de peixes, como atum, sardinha, salmão, que são ricos em zinco. Tente levar o idoso para a exposição da luz do sol, pelo menos 15 minutos por dia, pois a luz solar é rica em vitamina D que também possibilita o fortalecimento do sistema imunológico.

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Sugestões de atividades de lazer para o preenchimento de rotina: - Ver fotografias de eventos marcantes e de familiares próximos; - Ouvir músicas que tenham significados para o idoso; - Fazer um prato preferido junto com o idoso ou que o idoso goste; - Fazer uma ligação telefônica para um familiar e/ou amigo próximo. Finalmente, manter a mente positiva e usar de toda a criatividade auxiliará para a superação desses momentos difíceis pelos quais a humanidade passa. Conversar, cantar, fazer trabalhos manuais, ver e organizar álbuns de fotos, assistir um bom filme, falar por vídeo com parentes distantes, amigos, tudo isso

pode suavizar este momento e nos aproximar mais. Independente da ausência ou de diferentes crenças religiosas, somos todos humanos e estamos diante de uma oportunidade ímpar que nos permite refletir sobre o individual e o coletivo, o que é mais importante para cada um de nós para tentar aproveitar ao máximo esta nossa proximidade “forçada” pelo isolamento social, descobrir e construir novas experiências de vida, novos significados e papéis. Acredite! Tudo isso vai passar, e a cada dia, se percebe entre nós (família) e o coletivo (sociedade) que sairemos internamente modificados. Esperamos e desejamos que seja para melhor!

Antropologia

Filosofia Huna II

Osvaldo B. de Moraes Historiador

Seguindo exposição anterior, vamos detalhar alguns aspectos da filosofia Huna adotada pela sociedade Kahuna e seus avanços místicos, segundo Max Freedom Long, psicólogo, estudioso de esoterismo e das religiões, professor de linguística. A filosofia Huna encontra elementos para descrever a constituição do sistema humano, ou seja, o Corpo físico, Três espíritos ou Eus, Três corpos etéreos (um para cada Eu) e três níveis de energia. O corpo físico – seria o corpo humano, que evoluiu de um estado animal até atingir o poder da razão e ter controle da própria vida desde o momento da concepção, controlar todo mecanismo de digestão, nutrição, manutenção e reprodução Os Eus na composição da filosofia Huna: o Eu Básico, (conhecido na psicologia moderna como o subconsciente) o Eu Médio (o racional) e o Eu Superior (superconsciente); Na filosofia Huna o corpo físico possui uma imagem como um seu espelho, isto é, um corpo etéreo, denominado AKA

que interpenetra em todas suas células. Essa substância etérea AKA é um molde de cada tecido do corpo físico e é um condutor de força vital e também de formas de pensamento. Através do Eu Básico essa substância AKA pode ser condutora de um fluxo de energia vital, denominada MANA, ao Eu Superior. Já o AKA do Eu Superior fica fora do corpo físico e ligado ao Eu Básico por um cordão de substância etérea, chamado pelos místicos como “cordão de prata’. Eu Básico - UNIHIPILI Em termos místicos, o Eu Básico é uma entidade separada dos outros Eus, sendo a sede das emoções e fabrica a força vital ou MANA, energia que os Kahunas denominavam para seus três Eus. Essa energia vital é captada pelo Eu Básico através da alimentação e do ar da respiração, armazenando-as em seu corpo AKA compartilhando-a com os outros Eus. Pela respiração profunda pode-se acumular uma sobrecarga de MANA para ser usada na mentalização de formas de pensamento fortes e também para recarregar esgotamentos por trabalho físico ou intelectual. O Eu Básico compartilha essa energia com os outros Eus através do cordão etéreo AKA e usada pelo Eu Superior em suas preces.

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Entre suas funções, o Eu Básico é o depositário de todas emoções recebidas pelas impressões sensoriais vindas dos órgãos de sentido, constituindo a sede da memória e onde armazena as formas de pensamentos criados pelo eu médio, devolvendo quando solicitado as informações armazenadas. Na concepção huna, o Eu básico está sempre a disposição de colaborar com o Eu médio, devendo esse conversar com ele e treina-lo através de diálogos mantidos como à uma criança para que ele responda questões duvidosas. Em seus estudos Max Freedom, sugere o uso de um pêndulo para estabelecer esse diálogo com o Eu Básico, desde que se estabeleça um código para as respostas (seria o princípio fundamental no uso da radiestesia). O Eu Básico é quem pode enviar solicitação ao Eu Superior, em forma de prece ou pedido desejado pelo Eu Médio, desde que seja formulado em sentido claro e que possa ser configurado em uma imagem mental, isto é, formulado como se já realizado o pedido. Eu médio – UHANE

MANA

Ilustração: magiadailha.blogspot.com

O termo “uhane” significa “o espirito que fala”. É a parte consciente, intelectual e racional do ser humano e abastece o eu básico com informações sobre o bem ou mal, o certo ou errado. Como é racional, somente ele pode cair no pecado com o intuito de ferir ou magoar alguém intencionalmente. Não possui memória dependendo do arquivo do Eu básico para obter lembranças.

Ele é o professor do eu básico que armazena lembranças, carinhos, como também complexos, temores, ódios e outros fatores emocionais deletérios. O Eu Médio pode transformar a MANA enviada pelo Eu Básico para suprir vontade de enfrentar vícios, abandonar maus hábitos e deletar pensamentos negativos. O Eu Superior ou superconsciente – AUMAKUA Amakua designava “Espirito paternal totalmente confiável” e se conecta com o corpo Eu básico através do cordão AKA e está sempre à disposição quando chamado. Estando em harmonia os três Eus, o Eu Médio pode efetuar um pedido ao eu Superior através do e Eu Básico usando o cordão AKA. Os Kahunas acreditavam que os pedidos solicitados através de preces eram primeiramente moldados pelo Eu Superior em substância AKA, como um modo invisível e depois com o suprimento da energia vital materializava no mundo físico. Desse modo todas as preces passam pelo Eu Superior que pode contatar outras entidades ainda mais elevadas. O Eu Superior poderia ser considerado o anjo guardião do ser humano, encarregando-se nos momentos de sono do corpo físico em carregar os pensamentos, seus temores, desejos e apreensões. Por outro lado, o Eu Superior, usando poder de raciocínio superior ao Eu Médio, poderia realizar curas instantâneas eliminando fatores doentes do corpo físico substituindo-os por matérias sãs e perfeitas. Está sempre pronto a receber nossos pedidos quando solicitado com emoção. Max Freedom, afirma que a maior descoberta do ser humano é a existência de um Eu Superior, que de acordo com a filosofia Huna esse Eu dá orientação automaticamente para as coisas acontecerem de forma certa. As dificuldades são evitadas e a vida transcorre suavemente com felicidade e sucesso.

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Aprendizagem na 3ª idade

Enfrentar doenças ao envelhecer

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga

O ser humano vive um longo processo de desenvolvimento, processo este que atravessa cada instante de sua vida. Nasce dependente de alguém que o acolha, alimente, agasalhe, se relacione com ele, favoreça a experiência de sentir seus contornos e limites físicos, o convide a desvendar o mundo que o cerca e a dele se apropriar, fazendo-se humano. Explorar diferentes realidades, se desafiar, acertar e errar, antecipar caminhos, fazer escolhas, reagir às condições que lhe que são dadas, socializar-se e muito mais faz parte do desenvolvimento harmonioso das pessoas nos seus aspectos físico, cognitivo, psicossocial. E assim, desde criança, o homem aprende a “deixar-se enredar” nesta aventura chamada vida, cria sua identidade, demonstra seu potencial único, inigualável, sua paixão, seus afetos, cresce, desenvolve-se, amadurece. Uma das questões implicadas nesse processo todo é que ao vivê-lo, as pessoas dele não se dão conta, pois estão ocupadas vivendo seu desenvolvimento. Essas vivências nos capacitam, garantem energia e bem estar, saúde, alegria apesar e independentemente dos muitos tropeços que cometemos ao longo do caminho. Por isso, pessoas idosas sentem que há muito ainda a se fazer e que não será a idade, certamente, que lhes freará a energia que ainda possuem. Na juventude e na idade adulta, por conta de compromissos profissionais e ou de compromissos sociais que se assumem, de energias guardadas e não consumidas, muitas pessoas acabam desafiando sua saúde, dela pouco cuidando.

E, evidente, como consequência disso, podem passar por doenças que exigem cuidados especiais e tratamentos prolongados. A vida parece parar naquele diagnóstico médico e, a partir daí, todo o foco dessa pessoa muda. Há uma urgência em viver logo o tratamento e chegar à cura. É preciso dar continuidade à vida, talvez agora com mais prudência e cautela, para não desperdiçá-la. Acabamos encontrando uma força brutal, que nos servirá de suporte para aguentar todo o processo de tratamento rumo ao restabelecimento da saúde. Criamos novos hábitos, passamos a procurar os amigos verdadeiros, nos apegamos à família, encontramos tempo para fazer exercícios físicos, nos alimentamos de forma mais saudável, dormimos em horários regulares, cuidamos de um pet que nos concederá toda a sua atenção e carinho, voltamos a orar. Queremos nos manter vivos, porque há muito ainda a se viver! E, um belo dia, depois de um prolongado tempo de tratamento, recebe-se a notícia de que houve recidiva da doença, o que significa dizer que ela ainda está lá, atuante e que se recomeçará o tratamento, agora em outras bases. Um choque extremo para o paciente e sua família que, bem ou mal se envolveu com todo o processo da doença, apostando na cura e, assim como o paciente, também ela quer retomar sua vida. No caso de um câncer, por exemplo, a recidiva pode ser loco regional, ou seja, na mesma região que se tratou anteriormente ou ser uma recidiva metastática à distância, em local diferente daquele do que foi tratado. Em uma recidiva loco regional, é possível falar-se em uma segunda tentativa de cura, enquanto na metastática, o tratamento adquire um cunho mais paliativo. Mesmo assim, com as medicações disponibilizadas hoje em dia, começa a ser possível pensar-se em cura também para os pacientes do segundo grupo. Algo importante e significativo ocorre nas duas situações de diagnóstico

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médico: a sensação de luto, a proximidade da morte. Energia, disposição, saúde comprometidas nos revelam a fraqueza, a dor da perda do que se tinha e que, sem perceber, as perdemos. Onde foi que errei? O que será de mim e dos que comigo estão? Como farei para sobreviver a essa doença? É comum entrar-se em um estado de prostração e desesperança, característico ao que se sente frente à morte de alguém importante e fundamental em nossas vidas. O fato é que na maioria das vezes as pessoas desconhecem a realidade da doença. A partir do primeiro diagnóstico, correm em busca de informações nas redes sociais, informações frias, teóricas, distantes de sua realidade de dor e desespero. Atendendo às orientações médicas, enfrenta um turbilhão de providências, exames, consultas, sessões de quimioterapia, radioterapia e o que mais se apresentar, deixando-se ser conduzidas pelos especialistas em oncologia sem, muitas vezes, discernir direito o que está acontecendo. Assim, adquirem experiência e conhecimento próprio sobre a doença e o processo de tratamento, das perdas e ganhos que dele resultam. Já, no diagnóstico de recidiva, há conhecimentos acumulados. O choro, desta vez, adquire um significado diferente daquele chorado no primeiro diagnóstico. Conhecemos o longo caminho a

ser percorrido, sabemos avaliar o tempo com maior objetividade e podemos escolher trilhar o caminho com maior leveza de espírito. Viver o luto para não cair em melancolia é uma escolha possível. Enquanto no luto é possível à pessoa separar-se, desligar-se do “objeto perdido”, lamentando sua perda e buscando alternativas para continuar a viver saudavelmente, na melancolia, ela se consome em culpa pelo que perdeu e não consegue reagir positivamente à sua nova realidade, obter esperança nos avanços em direção à cura, guardar lembranças positivas e regeneradoras da realidade que já não existe. Apesar do abatimento característico decorrente do novo diagnóstico, paciente e familiares podem continuar se apoiando mutuamente e, não raro, se for essa a realidade a ser vivida, aprofundam sua amizade, cumplicidade, empatia. Mesmo nas horas mais difíceis, porque certamente haverá dificuldades a se contornar a presença de pessoas especiais garante ao paciente a força necessária para se prosseguir batalhando e à família, a constatação surpreendente de que, muito além da doença, há uma pessoa ainda em desenvolvimento, com seus potenciais únicos e vontade de viver. Saúde, alegria e muito amor. É vida que segue e assim deve ser. Continuaremos abordando esse assunto em outros artigos.

Foto: www.tehrantimes.com

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Diário de um Confinamento

19 de março - dia 1

Ma. Andréa Nogueira

Uma das questões que mais me preocupa é nossa condição emocional e psicológica, suas variações, com a passagem dos dias em confinamento e isolamento social. Mais do que nunca, sei que será preciso ser criativo, buscar dicas práticas (novas ou não) que nos permitam manter a sanidade, a paciência, o prazer. Ressignificar, reestruturar a vida, sua rotina, contatos e tarefas. Sinto as que primeiro me ocorrem: a criação de espaços e canais para o contato pessoal, a descoberta e resgate de ocupações e novas práticas de nos tragam prazer. Eu já comecei a praticar conversas virtuais, de preferência com vídeo, com parentes e amigos. Saber deles, dar notícias, de tempos em tempos. E manter isso como rotina. Outra é procurar nos armários, nos arquivo de computador, escritos e objetos pessoais que possam resgatar as práticas de habilidades já desenvolvidas ou

pesquisar novas (no YouTube, em livros e manuais), que possamos a aprender e desenvolver (sejam manuais, físicas ou intelectuais). O importante é não ficar ‘estagnado’ o dia inteiro, para a prostração não nos tomar de vez. Daí para a depressão, o pânico e os pensamentos mórbidos será mais do que meio caminho andado. O novo, acompanhado de mudanças radicais, sempre nos assusta, causa irritação e impaciência. Mas, não devemos desistir. Teremos que reaprender a viver, a nos comportarmos, amar, comer. Tudo como acontece a um recém-nascido. Teremos dias bons e ruins. Teremos que segurar algumas ‘barras’ sozinhos ou com quem mora conosco. Além de nossas lutas e esforços pessoais, haverá a crise coletiva e de caráter social, as preocupações com aqueles que são pouco ou nada favorecidos. Será a hora de incrementar nossas ações solidárias e pressionar as autoridades públicas, para que ninguém fique sem assistência. Frente a esse desafio, torço pela caminhada de cada um. Serenidade, gente! Por mais paradoxal que nos pareça, embora isolados e distantes uns dos outros, estamos mais do que nunca juntos no enfrentamento desse desafio. Contato: (11) 996734856

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‘Causos’ do Nordeste

A experiência das pedras de sal

Tony de Souza Cineasta

Setembro passou, Outubro e Novembro Já tamo em Dezembro, Meu Deus, que é de nós, Assim fala o pobre, Do seco Nordeste Com medo da peste Da fome feroz A treze do mês Ele fez experiência Perdeu sua crença Nas pedras de sal... (Triste Partida – Patativa do Assaré) Câmara Cascudo diz que a tradição veio de Portugal. Na região do Minho, há muito tempo, o povo já acreditava na experiência. Lá eles chamavam de “As Têmporas de Santa Luzia”. A experiência consiste em colocar na noite de 12 de dezembro, véspera de Santa Luzia, em um prato, seis pedrinhas de sal expostas

numa ordem sequencial, sendo a primeira correspondente ao mês de janeiro, a segunda fevereiro, e assim por diante, deixando o prato ao relento, durante a noite, para pegar o sereno. Na manhã do dia 13 se pega o prato com as pedrinhas e faz a análise. Quanto mais umedecida estiver a pedrinha, mais significa que o inverno naquele mês vai ser bom. Se estiver derretida indica invernão, inundações. Se as pedrinhas estiverem secas, enxutas, é porque vai haver seca. Lembro-me que a minha mãe fazia um remédio que seguia um processo semelhante. Pegava uma cebola, cortava em rodelas, colocava açúcar por cima e deixava de noite no sereno. De manhã nos dava para comer. Cascudo nos lembra ainda de uma experiência registrada nos arredores da região do Porto, em Portugal, que mistura escamas de cebola com de sal de cozinha. Só que é realizada na noite de 31 de dezembro para primeiro de janeiro. Pega-se doze escamas de cebola e coloca-se com a concavidade para cima, e em cada uma delas coloca-se uma pitada de sal de cozinha. Deixa-se ao relento a noite e no dia seguinte se analisa. As escamas em que o sal derreteu, correspondem aos meses de inverno. As escamas em que o sal se cristalizou correspondem aos meses secos.

Nota do Editor Meu grande amigo Tony de Sousa além de graciosamente escrever os contos nessa revista é cineasta, roteirista, ator e pesquisador acadêmico com mestrado em Comunicação Semiótica, e doutorado em Ciências da Comunicação pela PUC - SP e USP - SP. Professor de roteiro na Faculdade Anhembi Morumbi, dirigiu curtas Magia das Tintas, A Boca do Cinema Paulista, Mary Jane, O Fazedor de Fitas Inacabadas além dos longas Avesso do Avesso e Expresso para Aanhangaba. Autor de vários livros você pode saber mais de Tony em www.tonidesousa.com.br ABAIXO COLOCAMOS AS CAPAS DE ALGUNS DE SEUS LIVROS OS QUAIS PODEM SER ENCONTRADOS NA LIVRARIA CULTURA (com encomenda) ou pelo email do autor tonydesousa@uol.com.br

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Variações in VIVO

Glossário

Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta

Certo é certo, errado é errado, mas tudo pode ser relativo, ou não, sei lá. Estava aqui pensando no significado das palavras. Lembro-me, sempre que esse pensamento vem à cabeça, de um livrinho que certa vez caiu em minhas mãos: “Aforismos”, de Carlos Drummond de Andrade, onde, por exemplo, ele definia adultério como sendo “três pessoas que se engamam”. Opa, Três pessoas que se enganam!!!! Por que será que saiu engAMAM…. ato falho, corretor ortográfico malandro, ou trocadilho inconsciente??

Independente do aqui ocorrido, o que as palavras significam, de fato, pode ser misturado ou diluído na emoção. Como que uma brincadeira de analistas, às vezes dizemos que superego é solúvel em álcool… Sim, por que a pessoa com estado de consciência alterado fica vulnerável e muitas vezes não controla o que diz, e acaba dizendo aquilo que passa na cabeça, sem filtros. Mas e o significado? Não era disso que iria tratar o texto de hoje? Ahh o significado. Temos dicionários pra tirar dúvidas e esclarecer os termos e seus empregos adequados na linguagem. No entanto o significado, muitas vezes, passa a ser aquilo que a pessoa quer que seja. Como assim? Isso mesmo que você entendeu se é que entendeu exatamente como eu aqui escrevo: o significado de uma coisa pra uma pessoa pode ser tão só e exatamente aquilo que ela quer, ou entende,

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Ilustração: thehumanfactor.biz

ou deseja, que seja. Ainda que essa coisa seja uma palavra explícita bem definida em um dicionário, cada um pode ter seu próprio glossário. Sim, seu repertório, sua lei. E é nesse jeito conturbado que se estabelecem muitas relações de diálogo conflitantes. Um mal entendido pode ser fruto de um mal explicado. E um mal explicado pode ser também um mal intencionado. É muito importante saber expressar o que você quer dizer para se fazer claro e compreendido. É também importante procurar saber se o receptor, ou seja, a outra parte no diálogo entendeu corretamente a transmissão do emissor. Isso significa, e aqui sem dúbia interpretação do termo, que muitos problemas de comunicação se dão por erro de feedback. – Penso que o outro entendeu o que eu disse. Mas não. O outro não entendeu. – Ainda que uma das partes se faça bastante clara em sua emissão, a outra parte, mesmo que compreenda a mensagem corretamente, pode escolher entender o que bem quiser de acordo com seus objetivos, situação de contexto, conveniência ou mesmo estado de humor. De novo: como assim?? Sempre digo que ser humano não tem código de barras nem certificado de garantia. Podemos ter controle sobre nossas palavras e atos, mas nem sempre podemos ter controle sobre as conseqüências de nossas palavras e atos. Vamos resumir: As palavras têm significados. Encontramos isso nos dicionários. Dependendo da comunicação não verbal presente nas mensagens as pala-

vras podem ter significados mais complexos, mais subjetivos, e até diferentes da mais pura tradução. Acrescidos da emotividade depositada nas frases, e principalmente nas frases ditas (pois nessas temos a tal comunicação não verbal que as acompanha, a saber: interjeições e impostações vocais, pausas, tom de voz, ritmo no discurso, entre outros modos), os significados originais podem sofrer alterações para além da simples definição. Pronto, confusão armada! Não tem nada de simples na comunicação entre as pessoas, principalmente quando existem disputas com interesses em jogo – os quais, alias, são comumente presentes nas relações interpessoais, e, mais ainda quando vivemos situações de conflitos, sejam individuais ou coletivos. Saber se comunicar bem é essencial e pode minimizar ou até evitar muitos conflitos. Portanto, temos mais chance de sermos bem sucedidos sem conflitos dessa natureza. Conflitos desestabilizam o psiquismo. Se perdurarem, os conflitos trazem seqüelas emocionais que por vezes podem perturbar o sono, estressar a mente e causar doenças psicossomáticas. Em épocas mais conturbadas, serenemos. Busquemos aquele famoso e popular contar até dez, respirar, relaxar, medir o que dizer e filtrar o que escutar. Mais que o significado das palavras procure em você os seus significados e significantes. Se escolha. Escolha a calma em você. Se interesse pelo que interessa a você. Seja você seu amante. Game-se!

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Nosso Universo interior

Entusiasmo

M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal

O QUE É ENTUSIASMO A palavra vem do Grego, e significa ter Deus dentro de si. O Entusiasmo pode vir de dentro, quando você está engajado em alguma atividade e acredita naquilo que pretende fazer, sempre com um objetivo bem definido. Esse entusiasmo gera uma alegria incrível e te impulsiona para frente enfrentando desafios com o intuito de vencer. É uma sensação de que podemos conquistar tudo o que está a nossa volta. Ele pode vir também do externo, quando alguém deixa muito claro a sua capacidade, o seu lado forte e perseverante, motivando-o, e com isso você se sente mais confiante a dar passos com mais determinação, e ir atrás de uma vida que faça mais sentido para você. No entusiasmo você estará atuando sobre a sua felicidade, e consequentemente lidando com suas dificuldades. É bom saber que não somos perfeitos, mas podemos ir nos aperfeiçoando, melhorando e sempre ser hoje mais feliz do que ontem, tendo atitudes mais favoráveis. O entusiasmo é um exercício de mudanças de pensamentos, ou seja, escolher sempre o positivo, evitar lembranças de dores, observar as atitudes dos outros, e atuar no presente para construir um futuro melhor. Quando existe um motivo concreto a ser resolvido, podemos criar pequenas ações possíveis de serem realizadas, até chegar em uma solução, aumentando sua consciência e como consequência o seu entusiasmo, estimulando o seu lado criativo e visualizando outras possibilidades. Pode-se dizer que o entusiasmo é a

força da alma, e se acreditar na sua força vai conseguir tudo o que desejar. Uma idéia sem entusiasmo, não conseguirá ser colocada em prática, ela se perderá no caminho... É necessário sentir entusiasmo para plantar e colher os frutos, e não o contrário. Primeiro agir e depois ver os resultados. Esse é o entusiasmo! Pessoas com entusiasmo são muito intensas, interessadas, sentem paixão pela vida, em aprender e ao realizar coisas, fazendo tudo com bom humor, e não abandonando o caminho que os leva a realização dos seus sonhos. Outra coisa muito importante é que essas pessoas, com o seu entusiasmo, acabam por contribuir muito para tudo que está a sua volta levando energia, levando ainda mais alegria e satisfação, e estimulando alguém ou trabalhos em equipe. As pessoas entusiasmadas em geral tem muito sucesso, porque além de possuírem muita confiança no que fazem, estão sempre indo além, se superando, procurando ou criando coisas novas. Elas dão muito valor ao que tem e não se lamentam pelo que não tem. A diferença de alguém entusiasmado é o valor que dão às suas habilidades e a capacidade de lidar com suas fraque-

“Cada pessoa tem a liberdade de decisão para qual caminho deseja seguir, mas com entusiasmo esse trilhar pode ficar mais leve e até mais fácil...”

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Foto: Princeton Univensity

zas, pois potencializam o que possuem é o impulso.” de bom, traçam metas, planos e estão “Aja com entusiasmo até que vire um sempre abertos a ouvir críticas positivas. hábito.” “Apesar de todas as dificuldades da vida, Deixe o Entusiasmo te levar mais longe... meu chão eu fiz de mola, posso cair toHOJE É UM BOM DIA PARA COMEÇAR! dos os dias e o resultado da minha queda

A História da Arte A Arte Romana - Pinturas (parte III)

Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

Peritos ou amadores que observam as artes nos dias de hoje têm uma tendência bastante grande para perceber que a pintura é um dos mais empolgantes aspectos da arte romana. As obras que nos restam são quase todas murais, provenientes de Pompéia, Herculano, ou de Roma e seus arredores. Foram encontradas belas pinturas de apenas 200 anos aproximadamente desse período romano, mais ou menos desde o século I a.C. até I d.C. Daí para a frente, não sabemos mas muito o que pensar sobre elas. Como não dispomos (ou dispomos muito pouco) de murais Gregos passa a ser muito difícil decifrar se é grego ou romano, ou de outros povos. Os romanos copiaram muitas obras gregas e fizeram vir da Grécia muitos quadros e pintores para então servirem

como professores aos jovens romanos. Por exemplo “Plínio” é uma obra Grega de aproximadamente IV a.C. Nas ruínas de Pompéia foram encontrados vários mosaicos impecavelmente perfeitos, isso data do final do século I a.C. e ali descobriu-se uma figura de Plínio que de tão perfeita podemos duvidar se é ou não uma cópia do original ou o próprio. Outra obra que podemos pegar como exemplo é exatamente o oposto da descrita acima. Trata-se de um pequeno painel de mármore, de Herculano, pintado de uma forma linear e muito delicada representando um grupo formado por 5 mulheres, 2 delas jogando Cucarne (um jogo mais ou menos parecido com dados onde 6 deles tem uma letra e 1 deles tem uma palavra. Era muito comum entre rapazes romanos). Uma inscrição diz que foi pintado por Alexandros de Atenas. Diz também que foi feito no século V a.C. no entanto os testes e a obra parece dizerem ser bem mais atual do que diz a inscrição. Podemos quase afirmar que se trata de uma delicada cópia do original Grego que eram feitas para comercialização nos

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mercados de artes Romanos e muitos colecionadores acabavam arrematando a compra dessas peças. A Paisagem de Odisséia ou Vila de Lívia feita num grande mural mostra que foi feita para uma espécie de decoração. Nele foi deixado de lado a beleza arquitetônica do local e impressiona que quase toda a parede se abre para um delicioso jardim, cheio de flores, árvores com frutos e aves todos com a mesma qualidade do concreto de cor dando uma tridimensão que os objetos estão ao alcance de nossas mãos. Esse tipo de obra passa a ser comum entre os romanos, e em muitos casos podemos encontrar naturezas mortas entre os intrincados nichos e motivos arquitetônicos. Outras muitas pinturas Romanas nos dão a impressão de poderem ser tocadas, com se flutuassem a nossa frente um ilusionismo muitas vezes pintados

por gregos e com isso podemos afirmar que conforme o tempo passava, aqueles pintores professores trazidos da Grécia sabiam além de tudo ensinar e cativar bastante seus alunos com a sua imaginação e seu traço. Muitas situações de movimento dos elementos nessas obras são diretamente ligados aos mais perfeitos clássicos de desenho e arte Grega. Um fato interessante é que as tintas sempre usadas pelos romanos não levavam só ovos mas sim uma boa dose de cera derretida onde os pigmentos eram aplicados. Pelo visto elas eram utilizadas quase todas as vezes no estado quente e isso as fez ter uma grande duração das cores. Esse é um fato só visto nas artes romanas. Na sequencia veremos a bela Arte Bizantina. Ate lá. Fonti: História da Arte/H.W. Janson

Villa de Livia, segunda metade do século I d.C. (V a.C. ?), Rome, Museu Nacional Romano do Palazzo Massimo.

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Dicas de Viagem

Turismo e História na República da Turquia

Anete Z. Faingold Engª. da Computação

arquivo

Desde jovem pensei em viajar para a Turquia com minha mãe, porém naquela época não aconselhavam mulheres viajarem desacompanhadas de alguém do sexo masculino. Depois de anos, viajei a este lugar maravilhoso, acompanhada de meu esposo Reuven. De início, decidimos passear durante 15 dias e focar nossas visitas em dois locais: Istambul e Capadócia. Antes de começar, uma curiosidade!! Meu marido e eu estudamos por espaço de um ano um curso de História da Arte, e uma das matérias versava sobre o Império Bizantino, portanto nada melhor que a distante Turquia para podermos vivenciar esta época tão rica da história. Istambul era a antiga capital de Bizâncio, depois denominada Constantinopla. Ela possuía numerosas igrejas deste período. Na cidade não paramos de visitar museus e monumentos históricos, dentre eles o famoso hipódromo onde havia corridas

de charretes. Istambul está bordeada pelo Bósforo, um estreito que liga o mar Negro ao mar de Mármara e marca o limite dos continentes europeu e asiático. Ali fizemos um belo passeio de barco e pudemos apreciar os palácios, mesquitas e algumas ilhas. Um lugar que queríamos muito visitar era a Igreja ou Basílica de Hagia Sofia, construída pelo Imperador Justiniano, imponente catedral de Constantinopla. Adentramos na úmida cisterna da basílica, e lá nos deparamos com uma enorme cabeça de medusa que ficava cabeça para baixo, sustentando um dos pilares. Depois partimos e adentramos na famosa Mesquita Azul. Fizemos o percurso pela cidade a pé ou utilizávamos o transporte público. Na viagem presenciamos dois shows, um de música turca estilo pop do “Trio Taksim” (dentro da igreja no Palácio de Topkapi) e outro dentro de um hotel; mostrando a dança “Dervish”, feita por dervixes, os sufistas. A dança é feita em círculos, e a mensagem dela é mostrar que “a condição fundamental de nossa existência é girante”. Outro palácio visitado foi o monumental Dolmabahçe. Localizado à beira do Bósforo, é o lugar onde morou e morreu o primeiro Presidente da República Turca, Mustafa Kemal Ataturk.

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A comida Turca em geral é uma delícia, pode-se comer nos lugares com tranquilidade sem se preocupar com a higiene, recomendando os famosos mezzes, pequenas porções de diversas comidas típicas. Na parte alta de Istambul fica Istiklal, um local repleto de restaurantes e barzinhos. Na maioria dos locais não servem bebida alcoólica, por motivos religiosos. Na Turquia é oportuno vestir roupas recatadas, e para as mulheres (se estiverem de mangas curtas) recomendamos levar um xale para poder ingressar nas mesquitas. Visitamos ainda a sinagoga e o bairro típico judaico. O “Grande Bazar” de Istambul e o “Bazar das Especiarias” com mais de 3.600 lojinhas/barraquinhas são imperdíveis. Cores e aromas impregnam os visitantes a toda hora. Depois de 7 dias encerramos nossa visita à capital Istambul, partindo de ônibus rumo a Capadócia. Estávamos concretizando um verdadeiro sonho: casas e hotéis encravados nas montanhas, como se fossem cavernas. Para vocês terem uma noção do encanto que nos causou, mudamos nossa viagem e decidimos não conhecer Ankara para poder aproveitar melhor

este exótico lugar. Na Capadócia fizemos um passeio de balão, realmente impressionante passear por cima desta região que muito se parece com a lua, repleta de montanhas nuas de rochas vulcânicas nuas com buracos. Estes efeitos são chamados de “chaminés de fada”, porque tem a forma de um chapéu pontiagudo. Na época do Império Bizantino, os cristãos construíram pequenas igrejas nos buracos, abrigando-se dentro delas. Alguns delas inclusive serviram de moradias para seus habitantes. Pode-se passear pelas basílicas observando restos de afrescos. Lá contratamos um guia com carro, conhecemos lugares espetaculares, inclusive descemos num buraco em que os primeiros cristãos se escondiam. Eles, mantinham uma porta toda em pedra que também servia como uma espécie de “guilhotina” para matar inimigos. Ao fechar-se abruptamente a porta esmagava a pessoa que estava passando pela entrada. Finalizando, não visite a Turquia às pressas, tome seu tempo; afinal trata-se de um país antigo, repleto de história, natureza, ótima comida e muito encanto.

Reutilizando materiais

Mosaico de São Bento do Sapucaí II

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Na edição passada discorri sobre obras de mosaico situadas em São Bento do Sapucaí. Obras dignas de se conhecer, obras ao estilo Gaudí, ou Picaciette. Não são poucos os artistas que poderíamos destacar nessa cidade, mas nessa edição vou falar sobre um artista natural da região, meu caro Nico Ferreira. Antônio Ferreira dos Santos - Nico Ferrera, 50 anos, motoqueiro, profissão: artista. Seguiu por um bom tempo a profissão do pai como pedreiro e participou

do projeto da Capelinha de Mosaico, próximo ao centro da cidade. Amante de desenho e fotografia (principalmente quando as máquinas fotográficas eram com filme de rolo), descobriu a beleza dos azulejos coloridos e, consequentemente, a aptidão pelo mosaico. Suas obras retratam bastante a região e sua cidade querida, onde quase nasceu (sua mãe foi dá-lo à luz em Campos de Jordão e voltou logo) e, com desenhos próprios, acentua seu amor pela fotografia em reflexos de paisagens e motivos rurais, valendo-se de formas arredondadas, como se a ‘alma’ daquilo que representa fizesse parte da sua arte. Como o sentido religioso é muito forte na cidade, é de sua autoria também alguns painéis (ainda incompletos) simbolizando algumas das estações da Via Crucis, em algumas ruas da cidade. Os desenhos são de autoria pró-

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pria, mas está sempre aberto a alguma encomenda especial e sempre dá dicas a quem está começando, como: “Tem de acreditar em si mesmo para fazer qualquer tipo de trabalho” e o sentimento no começo de cada trabalho é baseado no provérbio: ”O caminho não existe, mas passa a existir quando se começa a andar”. Como todo artista, o sentimento maior, em qualquer tipo de arte, é o de que o melhor ainda está por vir, então, tudo tende a ser aprimorado e cada obra terminada deve sempre ser olhada com o sentimento crítico, para perceber as falhas (às vezes só aos nossos olhos) e aprender com elas, fazendo o próximo trabalho ser cada vez melhor. Até mais... Referências: https://www.facebook. com/NicoFerreraMosaicos https://www. saobentodosapucai.sp.gov.br/site/artistas/#nico-ferreira

Contato: (13) 99608-6600 marcialexj@gmail.com

Diagramação, Reportagem, Fotografia, Desenho, Entrevistas, Propagandas, Folders, Folhetos, Identificação Visual, Montagem de livros e Revistas

Desde 1993

(11) 9.8890-6403 magazine 60+ #13 - Julho /2020 - pág.38


Empreendedor/Tecnologia

Internet ruim? Conheça os equipamentos de sua casa e os limites de tráfego

Marcelo Thalenberg Empreendedor escreve artigos sobre tecnologia

Em tempo de pandemia e uso intensivo de internet conheça o que você contratou e os limites de cada aparelho:

e Wifi em geral tem as letras B, G, N, ou AC que significam a banda máxima do aparelho. 3- Qual o limite das placas de rede de seu PC? Não sabe, veja a etiqueta no verso e pesquise na internet a característica do seu PC. 4- Qual o limite do Wifi do seu smartphone? Não sabe pesquise o modelo do celular na internet e saiba a característica do seu aparelho. Conclusão: Nenhum aparelho pode ter o Wifi ou a conexão de rede com a capacidade menor do que a contratada da operadora ou desperdiçará a velocidade/ banda de internet Há mais pontos a serem estudados, mas sem os dados acima nada pode ser feito para melhorar, o tempo de colocar bombril na antena de televisão não existe mais! Em breve curso para leigos, conheça e resolva os problemas de sua internet.

O tutorial mostra os principais componentes desde seu contratocom a operadora ao limites do seu smatphone paraseu conhecimento de capacidades e pontos de engarrafamento do sistema em apenas 4 perguntas: 1- Qual a velocidade máxima e mínima de internet que contratou de seu provedor? Não sabe, ligue e confirme com o SAC da empresa e anote. 2- Qual o limite de velocidade do seu roteador é menor do que você conMarcelo Thalenberg , é editor do blog tratou? Como saber? Veja a etiqueta do Roteador www.durmoatualizado.com.br

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Em todas as telas

O amor tem idade? E cor?

Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Como você está aproveitando seu tempo neste período de distanciamento social? Eu, além de manter atualizado o blog Nova Maturidade, ajudar meu filho de dez anos com as atividades da escola, confesso que estou vendo a reprise de novelas. Nesta coluna destaco um casal que chamou minha atenção na trama de “Novo Mundo”, exibida originalmente em 2017 e que atualmente ocupa o horário das seis na Globo. A novela de Thereza Falcão e Alessandro Marson tem como pano de fundo a colonização do Brasil, começando com a chegada da princesa Leopoldina (Letícia Colin) da Áustria para o casamento com Dom Pedro (Caio Castro). Do país europeu também chega o negociante Wolfgang, vivido pelo experiente ator Jonas Bloch, então com 78 anos. A vida do austríaco se transforma quando conhece

a escrava Diara, interpretada pela atriz Sheron Menezzes, do alto dos seus 33 anos. Jonas e Sheron dão vida a um amoroso casal intergeracional e, principalmente, interracial. Situação que traz importantes questionamentos sobre o preconceito etário e o racismo. Será que, no Brasil colonial ou mesmo nos dias atuais, a sociedade realmente aceita o relacionamento entre um homem velho e uma mulher jovem, sem julgamentos, sem pensar que há algum interesse que os une? E entre pessoas diferentes - ele rico, ela pobre; ele branco, ela preta? Infelizmente há segmentos da sociedade que se pautam por julgamentos prévios, pré-conceitos sobre o que conhece e o que acha que conhece. Uma novela pode ser só entretenimento, e você pode pensar que eu perco meu tempo com este passatempo tão antigo, mas é preciso expandir os horizontes, olhar para além dos romances e das tramas por vezes inacreditáveis. Lembro aqui também do esforço feito por Diara para se enquadrar, se sentir pertencente ao mundo do marido. Primeiro com roupas extravagantes, como um casaco de pele no calor brasileiro. Porém, aos poucos, ela se percebe e se aceita como realmente é. O figurino muda e surgem vestidos e turbantes que destacam suas raízes africanas. Foto: divulgação GShow

Jonas Block (78) e Sheron Menezzes (33)

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O casal na novela se une pelo amor e por uma causa maior: a libertação dos escravos, promovendo fugas de senzalas e construindo o próprio quilombo. Esta união é inclusive coroada na novela com a chegada de um filho, aproveitando que a atriz na época estava realmente grávida. Pouco tempo depois do fim das gravações nasceu o filho de Sheron, Benjamin.

que muitos têm sobre o peso que os velhos são para a economia e para a vida em sociedade. Não é só lá fora que vidas são sufocadas por puro preconceito, aqui também.

E quem detém a força para uma transformação real em nossa sociedade? Apenas nós mesmos, refletindo sobre nossas ações, nossos julgamentos que parecem Mas qual seria o final desse casal no acontecer de forma tão natural, quase mundo real? Talvez não tão romântico, intuitiva. É uma questão maior que a gae quem sabe influenciado por precon- rantia de direitos e a equidade social, é ceitos o amor nem se concretizasse. In- uma mudança cultural urgente que prefelizmente o racismo persiste no Brasil, cisa acelerar o passo. está enraizado, assim como a certeza

Vida Saudável

Se tornar Vegano - como começar 1 1 1 1 1 1

colher colher colher colher colher colher

Cida Tammaro Adm. de Empresas

chá de farinha de linhaça chá de flocos de amaranto chá de farinha de arroz café de óleo de coco chá de canela em pó café de melado de cana

Modo de fazer a massa Amasse ½ banana, e acrescente os outros ingredientes. Despeje a massa em uma frigideira antiaderente, já aquecida. Deixe 1 minuto no fogo, depois vire com cuidado, e deixe mais 40 segundos. Modo de fazer a calda de banana Corte a outra metade da banana em pedaços pequenos, e leve à mesma frigideira com um fiozinho de água. Mexa e deixe reduzir, por 1 minuto, para caramelizar com a própria frutose da banana. Sirva com a panqueca. Fontes de referencia - Alana Rox - Kristy Turner Arquivo

Se você está querendo ser vegetariano/vegano, faça a transição aos poucos, tire um elemento de origem animal por vez, e vá incorporando outros alimentos em sua dieta. Fazendo a mudança em seu ritmo, será mais fácil, mantê-la a longo prazo. Não seja muito rude, com você. Ser vegano/vegetariano, não significa ser perfeito. Significa viver de modo mais saudável e humanitário. Com o tempo, você se adapta melhor. Vá em alguns restaurantes veganos, e procure receitas desse tipo. Existe um vasto material na internet. Se sinta à vontade nessa culinária e, não deixe de ousar. Errar, também é uma forma de aprender. Hoje passarei receita, para que você perceba, como é simples, ir entrando nesse mundo.

de de de de de de

PANQUECA DE BANANA COM CALDA Tempo de preparo – 5 minutos Ingredientes 1 banana prata

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Histórias da vida

Aventureiras e destemidas

Maria Izilda Sincorá

Gosto bastante de viajar e tenho algumas amigas com quem sempre viajo. Conhecemos alguns lugares maravilhosos que marcaram muito, talvez pelo fato de sermos um pouco aventureiras e “destemidas”. Em 2018 fizemos uma viagem com um grupo que já conhecíamos. Fomos conhecer um pouco da Dinamarca, Suécia, Finlândia, Noruega. Foi tudo muito bom e muito proveitoso e nos divertimos muito. Começamos pela Dinamarca, país muito lindo, andamos muiiiiiiito a pé e de barco, conhecemos a casa (que é um prédio) mais estreita do mundo, fomos conhecer, também Christiania, conhecida como a “Cidade Livre” que é uma comunidade independente e auto gestionada, localizada na cidade de Copenhague, tem cerca de 850 habitantes. É um local bastante pitoresco e não se pode fotografar no local. É uma “cidade” realmente livre onde há locais próprios para o uso da maconha. Já na entrada, vimos algumas barraquinhas vendendo artesanato e fomos ver. Encontramos um brasileiro que vive no local a muitos anos e que nos contou um pouco da história de Christiania e nos “orientou” como fazer a visita no local. Valeu muito a pena, pois pudemos observar residências sem muros e cerca, muito respeito e muito legal como local turístico. Continuamos nossa viagem observando o respeito que os cidadãos têm entre si. Pudemos observar crianças pequenas indo para suas escolas sozinhas, andando a pé. Vimos plantações de maçãs e peras sem cerca alguma. Vimos em algumas caminhadas maçãs ensacadinhas colocadas em cercas e ao perguntarmos para o guia, a nossa surpresa: é

que a colheita foi muito farta e as frutas que caem no chão, e ainda estão boas, são colocadas assim para quem necessitar ou quiser, pegar. Uma outra coisa interessante que pude observar nesta viagem, foi que toda casa tem um abajur ou castiçal nas janelas é que quando faz muito frio e neva, as pessoas acendem para que todos possam ver que naquela casa vive alguém e numa possível emergência, possam ser socorridas. Códigos de sobrevivência. Mais coisas no caminho...NEVE. A coisa mais linda que já vi. Estávamos no ônibus, nos deslocando a neve começou o motorista diante de nosso entusiasmo parou e todos nós (21 pessoas, talvez) saímos para dar as boas vindas a neve e a nova estação. Para mim foi indescritível! Uma outra coisa que me fascinou, foi a coloração das árvores e plantas verde, verde amarelado, amarelo, laranja, vermelho. Durante todo o trajeto pudemos observar isso. O respeito com a natureza, nesses países é imensa! Continuamos a viagem. FIORDES NORUEGUESES, sem comentários. Beleza sobrenatural. Fez com que me sentisse um grãozinho de areia. Cada dia, uma nova aventura, novas descobertas. Em Estocolmo, nossa GRANDE aventura. Fomos passear com o grupo. Todos com mapa e endereço do hotel. Num determinado momento, como o combinado, ficamos livre de permanecer no “grupão”. As quatro aventureiras, com mais duas agregadas, ficamos passeando pelo lado “velho” da cidade, sabendo após explicação do guia, que para chegarmos ao hotel seria muito fácil. Bastava seguir sempre em frente, determinada rua, que na verdade era um calçadão, virar à esquerda, depois a direita, a esquerda novamente.... que chegaríamos. Achamos muito legal, porque assim poderíamos ir onde quiséssemos sem ficar “presas”. Assim fizemos. Passeamos bastante e num determinado momento, achamos por bem

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Foto: arquivo da colunista

tomar o rumo do hotel. Andamos pelo calçadão, entramos e saímos de lojas, e seguimos o mapa. Vira, anda 2 quadras. Não deu certo. Vamos tentar novamente. - Nossa acho que já passamos por aqui. - Vamos ver no mapa. - Nossa acho que estamos perdidas. - Vamos ver se encontramos alguém para perguntar. Já começava escurecer. Nisso vimos um ponto de ônibus com um ônibus parado... e fomos lá pedir informações. Era uma motorista, muito simpática, e nós no nosso inglês, tentamos explicar para ela nossa situação. A motorista disse que sabia onde ficava o hotel e nos deixaria lá. Daí mais um detalhe não tínhamos o ticket ou o dinheiro local, porque no dia seguinte logo cedo, sairíamos de Estocolmo. A motorista compreensiva, nos disse que tudo bem, nos levaria assim mesmo. Quando o ônibus começou a se movimentar, percebemos que estava indo para o lado oposto para onde deveríamos ir. Fomos falar com a motorista e por sorte como tinha uma outra pessoa no ônibus que nos entendeu melhor e comentou que na cidade havia 2 hotéis com o mesmo nome um onde estávamos e outro bem no centro da cidade. Agradecemos a “carona”, descemos e daí estávamos mais perdidas ainda. O que fazer, olhar o mapa. Depois de verificarmos, resolvemos seguir uma direção que era a mais correta. Começamos a descer uma rua cheia de prédios... ninguém na rua... já estava escuro. Percebemos que estávamos sendo seguidas.... a pessoa, um homem começou a gritar e correr atrás de nós. Corremos rua abaixo, procurando um lugar para nos esconder. Ele chegou a agarrar a mochila de uma de nossas amigas, mas por intervenção de outra, largou. Vimos um mercadinho e todas nós 6 entramos gritando HELP! As pessoas do mercado nos olharam assustadas...... Daí tentamos explicar o que havia acontecido. Estávamos em pânico! O homem que correu atrás de nós continuava na porta do supermercado, nos acusando de ter roubado a mochila dele.

Estocolmo Após algum tempo o gerente do mercado fez com que o homem fosse embora, e disse que nos acompanharia...... achei que ele nos levaria até o hotel, mas, não nos levou até uma parte da rua, meio quarteirão talvez e se despediu. O que fazer, seguir orientações das pessoas do mercado e...olhar o mapa. Andamos bastante, e como dessa vez estávamos apreensivas (eu estava com um baita medo) parecia que tudo era surreal. Depois de caminharmos um “pouco” nossas amigas agregadas resolveram pegar um taxi. Fui com elas... Chegamos ao hotel, com a promessa de não comentarmos com ninguém o ocorrido... Minha grande preocupação depois, foi que eu estava no hotel e as que preferiram vir a pé não chegavam... Enfim chegaram. Alguém que não sei quem, quebrou a promessa e na hora do jantar, todos já sabiam e comentavam. Depois do acontecido e já mais calmas, rimos muito! Até o final da viagem éramos o grupo HELP ! E como viajantes aventureiras, continuamos planejando novas viagens. Índia, aí vamos nós após a pandemia passar!

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Dicas de Saúde Física e Mental

Vamos exercitar os olhos? Marcia Castilho Instrutora de hatha yoga. Yoga terapia hormonal e meditação para pessoas e empresas. Programa bem estar e yoga em cia.

Fotos: Enviadas pela colunista

2.Agora olhe 10x pra direita e 10x pra esquerda alternadamente sem mexer a cabeça. Feche os olhos pra relaxar.

Nossos olhos precisam muito de manutenção pois estamos muitas vezes nosso olhar está limitado a telas de TV e celulares, bem como expostos em demasia a luzes artificiais. Vamos praticar? Sente-se confortavelmente numa cadeira ou tapetinho. Faça 3 respirações profundas e as acompanhe mentalmente. 1. Mantendo os ombros e o pescoço eretos e a cabeça firme no lugar olhe 10x pra cima o mais longe que conseguir e 10x para baixo como se quisesse enxergar a sua barriga. Feche os olhos pra relaxar.

Pronto. Viu como é fácil manter a saúde dos seus olhos? Faça todos os dias. Incorpore estes exercícios na sua rotina, no seu dia a dia.

Até a próxima edição.

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Ana Luna Cabelo Branco Crônicas do Cotidiano

Ana Luna Graduada em Letras

Nossa! Tenho como certo que somos resultado de nossos pensamentos, vibrações e energias. Houve uma época que só se falava no “Segredo”. E a meu ver o segredo é você atrair o kairó para sua vida. Sim, aconteceu comigo muitas vezes. Nunca fiquei sem ajuda. Sempre atrai a energia boa. O posicionamento mental faz a diferença. Saia do automático como dizem, ouse sonhar. Pense no que deseja mas quietinho, atraindo, como uma oração. Isso não significa que tudo virá a seus pés, mas com certeza terá mais motivação. Seja seu kairó. Faça acontecer. Que esses momentos de pandemia nos faça crescer. Lembre-se que precisamos do outro. Se vier um pensamento ruim, mude o foco e principalmente, não fique falando dos seus problemas. Veja como solucioná-los. E tenha FÉ, não importa qual sua religião. Cante sempre que puder! Muitos kairós para VOCÊ.

Sempre ouvi a expressão a hora é agora. Kairós, na mitologia grega, é o Deus do tempo oportuno. O momento certo. O tempo de deus. A coisa certa na hora certa. Ah! Se estivesse a nosso alcance saber cada kairó de nossas vidas! Nascer e morrer. Entre uma fase e outra há risos, choros, sono, insônia, alegrias, tristezas, doenças, saúde, viagens, esperanças. Uma vida. Todas as emoções. Um livro inteiro. Vida e morte. Cada kairó, bingo! Não esperávamos a pandemia. Uma doença no mundo inteiro , no mesmo momento. Sem kairó. E de repente, fomos envolvidos em um período difícil. Todo mundo. Todos juntos. Todos sofrendo. “Vem, vamos embora, que esperar não é Todos na expectativa. Sempre pensei que atraímos os saber, quem sabe faz a hora, não espera acontecer...” Geraldo Vandré. acontecimentos. Foto: Inst.Brasileiro de Coaching

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Mensagens para leitura e meditação É o lindo Pantanal De rica vegetação Colorida de aves Que entoam belas canções. Lenildo Solano Professor

Baías de Sinhá Mariana E de Chacororé Portos Jofre e Cercado No turístico Poconé. É mesmo formidável A beleza regional Um presente de Deus O magnífico Pantanal.

Do jacaré, tuiuiú, capivara Onça pintada, cobras e peixes Como o pacu, pera, pintado Da piranha que dá afrodisíaco caldo. Patrimônio Natural Mundial Com mil estórias de pescadores Imagens que encantam nossa vista A sorrirem para o turista. – É o lindo Pantanal para ser contemplado e preservado!

É o lindo Pantanal

Foto: Blog do colunista

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Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Entramos no inverno! Este início do mês já estamos tendo dias frios. Como é gostoso o inverno (eu gosto), ficamos mais aninhados, o apetite vive aguçado. Já levantamos e queremos logo um cafezinho bem quentinho, um café com leite ou um belo chocolate quente (bem calórico, mas que é bom, é!). É época de sopas, caldos, consomé, canja, feijoada, pratos bem consistentes, como uma polenta mole (angu) com um ragu de carne ou frango caipira! Massas suculentas! No inverno ficamos mais juntinhos daqueles que amamos, quer na mesa com a família ou assistindo a um bom filme na TV ... que delícia! Hoje vou dar uma receita que pode ser prato único agora no inverno ... ou com um arrozinho fresquinho! ABOBRINHA GRATINADA Ingredientes: 2 abobrinhas (pode ser também berinjelas) 2 tomates em cubinhos 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina 2 colheres de sopa de farinha de trigo 1/2 litro de leite noz-moscada a gosto 1/2 kg de carne moída 1 xícara de molho de tomate 200 g de mozarela ralada ou fatiada alho, cebola, cheiro-verde e sal a gosto Modo de fazer Parte 1 Tire as extremidades da abobrinha (ou berinjela). Corte-as ao meio e em 3 ou 4 partes no sentido longitudinal. Pegue uma frigideira aderente e coloque um fio de óleo (azeite) e grelhe-as dos 2

lados, vá colocando em 1 prato com papel-toalha para retirar toda a oleosidade, coloque-as fazendo 1 camada em refratário. Parte 2 Preparo da carne moída: Coloque um fio de óleo ou azeite, doure o alho e a cebola. Acrescente a carne moída e vá mexendo até que fique seca, acrescente sal a gosto e outros temperos que goste. Coloque os tomates em cubos, refogue uns minutinhos e acrescente o molho. Quando levantar fervura, desligue e acrescente o cheiro-verde. Pegue o refratário que está com as abobrinhas e cubra-as com a carne moída com o molho. Faça outra camada de abobrinhas e outra de carne. Parte 3 Molho branco Numa panela acrescente 2 colheres de sopa de manteiga ou margarina e deixe derreter. Coloque em seguida 2 colheres de sopa de farinha de trigo e não pare de mexer até ficar bem homogênea, coloque o leite e a noz-moscada, sal e continue a mexer sem parar até desgrudar do fundo da panela. Parte 4 Despeje o molho branco por cima da carne moída. Coloque também a mozarela e leve ao forno preaquecido a 180ºC até gratinar. O ideal é colocar no forno em banho maria para não pegar no fundo. ( mais ou menos de 15 a 20 minutos). Bom apetite!

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Nosso cafézinho

Cafeteria das antigas

Cida Castilho Barista

As pessoas que tem oportunidade de viajar e conhecer pontos turísticos importantes pelo mundo, podem colocar em seu roteiro passeios em cafeterias clássicas e famosas e conhecerem os seus diferenciais tanto no atendimento como nos diferenciais serviços. Em algumas cafeterias os serviços são diferenciados, umas trazem cafés do mundo e oferecem de varias formas para degustar, seja ele; filtrado, na french press, na bialete no espresso, enfim apresentações que valem a pena conhecer e aprender com que cada um tem para passar.A ação do Barista que irá fazer o seu melhor para os clientes, mostrando como fazer e degustar uma bebida gourmet ou especial. Inclui em suas apresentações bebidas a base de café como; shakes, doces e drinques de sabores inegualáveis. Na edição anterior falamos de Cafeterias famosas. Nesta edição, quero continuar a mostrar pelo menos 2 cafeterias que são exóticas e curiosas, cada uma com serviço diferente para nos oferecer em troca do consumo de um bom café e um serviço de Barista. Vamos lá! Selecionei 2 cafeterias luxuosas de alta gastronomia, e que vai ajudar ao profundo apreciador da bebida se apaixonar cada vez mais. São elas: 1- Café Majestic - Fica na segunda maior cidade do país que encontramos o mais deslumbrante de todos os cafés da nação e um dos mais atraentes do mundo. Começando na fachada e acabando no seu interior, o Café Majestic continua a ser um belo cenário para eventos culturais, sendo mais do que apenas uma atração turística. O Café Majestic (cidade do Porto), conti-

nua a fazer jus ao seu nome com uma maravilhosa atmosfera Belle Epoque na sala principal e um atraente jardim de inverno. Rua Santa Catarina, 112 Cidade: PORTO – Portugal 2 – Cafeteria Johan & Nyströn. Vamos a uma cafeteria diferente em ESTOCOLMO. Eles trazem cafés do mundo inteiro para ser degustado em um só ambiente, ou seja; Johan & Nyströn. E o maior orgulho dos brasileiros é que em vários blends (mistura de grãos) tem nosso produto brasileiro. Além da degustação dos cafés, vamos conhecer um café de fermentação fria (cold Brew). Cold Brew é confeccionado de forma leve para poder apreciar todas as características da bebida. No tempo de 15 horas é o tempo que o café leva para ser filtrado a frio e engarrafado. Estamos falando de um café gotejado. De presente vocês conseguem perceber todas as nuances do café, ou seja; notas frutadas, lembrando laranja ou cereja, ou notas mais quentes como chocolate e avelã. Eles utilizam matéria prima de classe mundial, utilizando uma torra leve para conservar seus predicados. Informações site Johan & Nystrom Espero que estejam gostando, porque vou trazer para as próximas edições outros cafés.

Café Majestic - Cidade do Porto Cida Castilho Barista Senior (011) 99914 8868 Cidacampos52@gmail.com

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informe publicitário

O Cidadão e Repórter é um movimento social que desenvolve e transmite informações relacionadas a cidadania levando aos leitores e seguidores, a visão de repórteres 60+, baseada na nossa vivência e experiência e na divulgação e defesa dos princípios da democracia e da livre expressão.


Desde 1993

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(11) 9.8890-6403 contihq@hotmail.com


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