Magazine 60+ #15

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60+

magazine Ano II

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Formato A4 | internet livre

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#15

S.Paulo, Setembro/2020 - #15

Foto: INPE

Geoglifos - mistérios que desafiam a ciência Páginas 24 e 25 A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


NOSSOS PARCEIROS

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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30/08/2020

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*Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam

Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial

Manoel Carlos Conti Jornalista

Um dia desses, procurando matérias sobre a Pandemia em outros países encontrei uma frase enviada pelo meu amigo Koshiro Otani que me intrigou. É essa: “Historicamente, as pandemias forçaram os seres humanos a romper com o passado e imaginar seu mundo de novo. Esta não é diferente. É uma porta entre um mundo e o próximo. Podemos escolher passar por essa porta arrastando as carcaças de nossos preconceitos e ódios, nossa avareza, nossos bancos de dados e ideias mortas, nossos rios mortos e os céus fumacentos que nos acompanham. Ou podemos atravessá-la leves, com pouca bagagem, prontos para imaginar outro mundo. E prontos para lutar por ele. ” (Arundhati Roy - escritora indiana) Curiosamente comecei a observar alguns textos enviados pelos nossos colunistas e percebi uma amplidão, uma vez que eu acho que já existia coisas como essas feitas por todos nós, do estudo sobre outros mundos. Achei artigos sobre a negação que fazemos a outros e a nós mesmos no dia a dia, outro que narra a inteligência coletiva, escreveram sobre uma carta para um mundo novo, a pós constelação, a morte, temida como o fim de tudo, um tudo que não sabemos ao certo qual é, escreveram sobre manter o corpo e coincidentemente sobre formas de preservação e escreveram sobre os caminhos da vida. Achei também matérias como a de nossa capa dessa edição que narra um mistério em nosso mundo tão mexido e remexido, li um exemplo de um de nós que já enfrentou essa doença, sobre um passado com sua vovó, encontrei revolta de militares contra militares num passado nem tão distante, enfim, notei que temos falado a mesma língua que se fala na Índia, na China, na América do Norte, Europa, África que nada mais é do que um pensamento em outros tempos, futuro ou passado. Coincidência ou não, nessa mesma

semana vi novamente o filme “O curioso caso de Benjamin Button” que narra a história de alguém que nasce com uma idade muitíssimo avançada e ao passar do tempo passa a rejuvenescer, até desaparecer como um óvulo não fecundado”. Depois fiquei meditando sobre a frase da Indiana Arundhati e toda sua verdade para mudarmos nossa bagagem que carregamos dentro de nossa memória, seja atual, passada ou pensamentos futuros. Acho que essa é uma tarefa difícil uma vez que o poder nesse mundo pode fazer até que o planeta gire ao contrário. Faz políticos e não políticos desviarem dinheiro, muito dinheiro que poderia salvar vidas nesses tempos, que poderiam não matar mais gente ainda depois de uma explosão em um armazém com 2.750 toneladas de nitrato de amônio o qual ao deflagrar abriu um buraco de 43 metros de profundidade o que equivale mais ou menos a um edifício com 15 andares e além disso deixou 150 mortos, 6 mil feridos e devastou bairros inteiros deixando mais de 300 mil moradores sem abrigo. Há tempos muita gente tem estudado os fenômenos dessa nova Era à qual, acho eu que estamos entrando. A maioria são bons pensamentos e boas pesquisas. Uma delas é que o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais - INPE que descobriu uma estrela anã similar ao tamanho da Terra e que precisa só de 29,5 segundos para dar um giro total em volta de si mesma. Não parece nada para nós que não estudamos esse assunto, mas segundo os pesquisadores dessa descoberta isso poderá melhorar sistemas binários e campos magnéticos que poderão trazer grandes avanços a Física sob condições que não temos ainda em nenhum laboratório do Planeta. É isso. Nos preocupamos muito com uma vacina contra a Pandemia enquanto se ficássemos em casa e/ou usássemos máscaras já seria uma forma de diminuir esse mal. Quem sabe a física nos ajude mais ainda no sentido de olharmos todo esse magnetismo de uma pequenina nova estrela para construirmos algo de novo em nosso pensamento. Pelo visto, essa é a vontade de nossos colunistas. Boa Leitura!

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nosso time de colunistas

60+

magazine

Reuven Heródoto Faingold Barbeiro Presidente sem Urich Schnatt ou Gabrid Partido Zinman? Página 4 Páginas 5, 6, 7e8

Sandra R. Schewinsky Pior do que negar Página 9

João F. Aranha Inteligência coletiva Páginas 10, 11 e 12

Sérgio Jane Barreto Frug Carta para um A Morte novo mundo Transar x Página 20 Páginas Casar 14 e 15 Páginas 13 e 14

Laerte Temple

Thais B. Lima Vera Soubihe Iasmin Galvão

O que acontece pós constelação? Página 16

Silvia Osvaldo B. Triboni Malu N. Katia Vargas de Moraes StartUP VISA Gomes Em tempos Geoglifos - O seu prode Pandemia Mistérios que Enfrentar a jeto de vida como manter desafiam a quimioterapia em Portugal corpo e menciência Páginas Páginas te sãos Páginas 24 e 25 30 e 31 17 e 18 Páginas 21 e 22

Vanessa Bulara Debates sobre a reforma tributária

Malu Alencar

Dra. Lairtes Temple Vidal Ana Luna Páginas 26 e 27 Covid e Eu, Mas não tem um caso ninguém olhanPáginas 29 e 30 do... Brasil, meu Brasil Brasileiro Carolina S. Conti Chuva de bolinhos Página 39

Páginas 42 João Alberto J. Neto Cortes complexos em mosaicos Página 40 e 41

Cida Castilho Errata Página 46

Marcia Castilho O segredo dos Mudras Páginas 43

Luiz A. Moncau

Katia Brito Veteranos das artes se reinventam Páginas 50

A promoção do envelhecimento ativo em tempos de quarentena Páginas 22 e 23

Projeto de Trabalho Grupo 60+ Página 47

M.Luiza Conti

O alienista A jornada da de Machado vida... é cami- de Assis e a nhando que se loucura faz o caminho Páginas Páginas 31 e 32 33 e 34

Anete Z. Faingold

Tony de Souza Tasmânia Estado insuAntonio lar dentro da Francisco - o Austrália maior poeta do Mundo Páginas 45 e 46 Página 44

Manoel Conti A Arte Muçulmana Página 51 e 52

Ma. Andréa Nogueira

Viajem de formatura Páginas 35 e 36 A Revolta dos Sargentos Páginas 37 e 38

Rosa Maria Chão de Cabelos Páginas 48 e 49

Cida Tamaro Lenildo Solano Jamais deixe de sonhar Página 53

Ebe Fabra Dicas de Culinária Página 54

Perguntas e respostas sobre Veganismo Página 55


Crônicas do Brasil

Presidente sem Partido

Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma

O famoso quiromante lê a mão que lhe é estendida. O jovem espera que o mago lhe diga coisas boas como enriquecer, arranjar um bom casamento ou um emprego em uma empresa confiável. Nada disso. Depois de algum tempo lendo as linhas das mão do consulente vaticina “ vejo que você vai fazer uma brilhante carreira política entre outros postos vai ser deputado e depois presidente da república. Vai ser assassinado como o presidente americano Abraham Lincoln em um atentado em uma cidade do interior do Brasil.” Ninguém leva à sério nem a previsão nem as lágrimas que rolam dos olhos do mago. A carreira política do consultado é meteórica e em pouco tempo está às portas do Palácio do Planalto. Brasília é o seu objetivo e a presidência seu sonho maior. Alguém já disse que ser presidente da república é destino, outros dizem que é pura sorte, outros ainda acham que é fruto de uma carreira política passo a passo conquistados com muito apoio, dinheiro e traição. O partido não quer saber do nome dele na eleição presidencial. Nos bastidores é chamado de paranoico, sinistro ou de tendências ditatoriais. Contudo, os partidos não possuem ideologia nem programa de governo. Tem apenas apetite para chegar ao poder, dividir os ministérios com porteira fechada, rifar os cargos no governo federal e negociar com a elite econômica as obras e vantagens que rendem propinas para os áulicos. O resto não importa. É necessário possuir um tema e um slogan que movimentem uma massa de eleitores que não prestam atenção no que realmente se passa atrás do biombo que esconde um verda-

Foto: Brasil Escola

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

deiro bacanal político. Quer um salvador da pátria, o mesmo que está sendo esperado desde os tempos iniciais da república com Antonio Conselheiro, que foi morto e virou herói no sertão do nordeste. Um dia o sertão vai virar mar e o mar vai virar sertão... e aí as coisas vão mudar. Se o pretendente tem o apelo popular necessário para somar os votos e um compromisso com os dirigentes partidários, isso é o que interessa. Não passa pela cabeça de ninguém que ele vá mudar de lado e trair os compromissos assumidos. A previsão do bruxo se completa. Ele diz que o presidente será reeleito, mesmo que o partido que o apoiou o abandone e ele passe a procurar no Congresso Nacional uma base de apoio. Não é difícil com tantas bocas abertas como um cardume desesperado de fome dos benefícios de controlar o Estado. Está liberado pelo partido para escolher o seu colega de chapa, o candidato a vice presidência. Em clima de euforia o povo elege o candidato que tem como mote principal o combate à corrupção. É eleito com 48% dos votos enquanto o candidato apoiado pela esquerda obtém apenas 28 %. A previsão do atentado contra a vida do presidente não se concretiza, alguns até

Jânio Quadros 22º Presidente do Brasil

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dizem que é uma pantomima para angariar apoio popular. Jânio da Silva Quadros é eleito presidente do Brasil e vai governar na nova capital, Brasília. O povo comemora com o hit musical da época :” varre, varre vassourinha/varre varre a bandalheira/que o povo está cansado/de sofrer desta maneira.” O governo anterior deixa o país quebrado, gastou o que pôde e não pode com a nova capital, mas deu início a uma elite de empreiteiros que vai ficar famosa no Brasil.

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Heródoto Barbeiro é editor chefe e ancora do Jornal da Record News em multiplataforma.

Nosso Mundo, Nossa Cultura

Ulrich Schnaft ou Gabriel Zinman? Um SS a serviço do Tzahal

Ulrich Schnaft nasceu em Königsburg, Alemanha, em 1923. Filho de mãe solteira, cedo perdeu seus pais, foi entregue a um orfanato, para finalmente ser adotado por uma família germânica. Durante sua adolescência estudou escola técnica, especializando-se em conserto de máquinas. Encerrados seus estudos secundários em 1941, ainda no auge da 2ª Guerra Mundial, Ulrich foi imediatamente alistado às Waffen SS (Schutzstaffel), as tropas de proteção do partido nazista. O slogan destes soldados, escolhidos pela pureza e superioridade racial era “meine ehre heißt treue”, ou seja, a minha honra é a fidelidade. Adolf Hitler exigia sempre que suas tropas de elite estivessem compostas por cidadãos que tivessem comprovada origem germânica, uma condição física e mental excepcional e que cumprissem à risca as orientações e normas da ideologia nazista. Em junho de 1941, iniciada a Operação Barbarrosa na URSS, o jovem Ulrich Schnaft foi enviado ao front russo, sendo ferido levemente e enviado a um hospital na Alemanha. Uma vez curado de seus ferimentos foi reintegrado ao Wehrmacht e reencaminhado ao campo de batalha, desta vez com a Iugoslávia. Por final de

Foto: Wikipédia

Reuven Faingold Historiador

1944 Schnaft foi feito prisioneiro pelos americanos na Itália. Ficou recluso em uma prisão para detentos de guerra até ser libertado em 1947, sem ser julgado por nenhuma corte, principalmente por estar isento de participar em crimes de guerra. IMIGRANTE ILEGAL (MAAPIL) Depois de libertado, Ulrich Schnaft

Ulrich Schnaft 1923 - ?

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retornou à Alemanha dividindo um quarto em Munique com um judeu. Das conversas mantidas com este judeu (cujo nome é desconhecido), Ulrich tomou conhecimento da existência de várias entidades de benemerência e caridade judaicas; principalmente aquelas que ajudavam financeiramente àqueles sobreviventes do Holocausto. Ainda sob o efeito da miséria econômica e a desordem que reinavam numa Europa destruída e reconquistada pelos aliados, Schnaft decidiu “camuflar-se” de judeu para poder ser sustentado por uma dessas instituições de benemerência judaica. Para isto, declarou-se “filho de mãe alemã e pai judeu”. Seu pai era Julius Zis. Considerado judeu, Schnaft partiu com um grupo de imigrantes ilegais ou “maapilim” rumo ao porto de Marselha no sul da França. Até seu próprio nome ele trocou, adotando o nome de Gabriel Zisman. Por dezembro de 1947, este grupo de jovens sionistas que aguardava em Marselha, saiu no navio “Haganá” rumo à Terra de Israel. O navio foi logo interceptado em alto-mar pelas forças britânicas, que na época dominavam a Palestina mandatória. A política de “Livros Brancos” prevalecia naqueles tempos difíceis. Perplexos, Ulrich Schnaft (Gabriel Zisman) e seus novos amigos foram encaminhados a um acampamento de prisioneiros instalado em Chipre. Em Chipre se alistou na “Haganá”,

grupo de forças judaicas que lutava heroicamente contra os ingleses. Desmontado por completo o acampamento de Chipre, Ulrich volta ao porto de Haifa. Desta vez entra no território e se estabelece no kibutz Kiryat Anavim, granja coletiva fundada por pioneiros do leste europeu em 1920. Lá trabalha e estuda hebraico. Em agosto de 1949 é alistado ao Tzahal, o Exército de Defesa de Israel. Já nas fileiras do Tzahal, Schaft completará um curso básico de oficiais, para depois, atendendo a um pedido seu, ser enviado a morar e trabalhar em um moshav (aldeia agrícola semicoletiva) perto de Ashkelon. Durante sua vida civil nunca se desligou totalmente da vida militar. Procurado pelo comando do exército, volta à vida militar ampliando seus conhecimentos em um curso de oficiais. Terminado o curso será anexado a uma divisão de artilharia. Em 1952 Schnaft fez um pedido para ser efetivado no serviço permanente do Tzahal. Para isto, foi submetido a detalhado interrogatório de segurança que detectou dúvidas em relação à sua identidade. Seus colegas de curso alertaram à cúpula do exército israelense que, certa vez, estando embriagado, Gabriel Zisman mostrou uma foto dele vestindo uniforme das Waffen SS. Schnaft foi rejeitado do cargo solicitado, além de ser libertado imediatamente do Tzahal. ESPIONAGEM PRÓ ÁRABE Após ser libertado do Tzahal, Ulrich

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+ magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.6


Schnaft passou a morar com um casal de amigos alemães em Ashkelon. O marido era uma pessoa idosa e sua mulher bem mais jovem. Atrativo, Gabriel Zisman “conquistou” esta moça, mudando-se ambos para Haifa. Dois anos depois, em 1954, começou o denominado “milagre econômico alemão”. Sem pensar muito, Schnaft solicitou ao cônsul da Alemanha ocidental um visto para ingressar no país, mas lhe foi negado. Durante a conversa, o cônsul teria descoberto que Gabriel Zisman era Ulrich Schnaft. Importante dizer que naqueles primeiros anos de vida, Israel ainda proibia a seus cidadãos de ingressar no país que realizou o Holocausto. Não demorou muito e a jovem mulher, com passaporte alemão, partiu rumo à Alemanha. Com visto rejeitado, pouco dinheiro no bolso e totalmente impossibilitado de adentrar na sua terra natal, Schnaft decide arriscar novamente sua sorte, desta vez no consulado egípcio em Gênova; oferecendo seus conhecimentos militares em troca de dinheiro e um visto definitivo para entrar na Alemanha ocidental. Este cônsul o encaminhou até o adido militar egípcio em Roma, quem ficou fortemente impressionado com sua história de vida. Assim, Ulrich Schnaft viajou a Cairo para ser interrogado pelo alto-comando egípcio. A proposta árabe foi a seguinte: Voltar a Israel, tentar reintegrar-se ao Tzahal para depois espionar a favor do Egito. Ulrich solicitou um curto espaço de tempo para pensar a proposta na Alemanha. Em fevereiro de 1954, com apenas 20 dólares no bolso, viajou a Alemanha. Em Berlim reencontrou sua mulher israelense a quem revelou sua verdadeira identidade e a proposta de espionar a favor dos egípcios. A mulher de Schnaft (que mantinha correspondência com seu antigo marido), contou a ele a história completa acerca da dupla identidade de Ulrich Schnaft. Em 1955, desde a cidade de Ashkelon, o ex-marido encaminhou uma carta ao alto-comando de inteligência do exército de Israel, entregando Gabriel Zisman ou Ulrich Schnaft. Imediatamente, treinados agentes do Mossad foram atrás de Gabriel Zisman ou Ulrich Schnaft e o encontra-

ram em Frankfurt. Vivia oculto, em estado de extrema pobreza. Um dos agentes foi conversar com Schnaft dentro de um clube noturno. Apresentou-se como cidadão europeu e o convidou a almoçar no outro dia. Schnaft aceitou e para este almoço dois agentes foram ao encontro de Ulrich. O segundo era Shmuel Moriah, um judeu do Iraque que nos anos 40 havia sido responsável pela imigração ilegal de membros do movimento sionista iraquiano. Moriah era um homem do “Shin Bet” (Serviço de Inteligência de Israel) emprestado para trabalhar no “Mossad”. Já em Frankfurt, Moriah se apresentou como oficial iraquiano de nome Adnan-Ibn-Adnan. Durante o almoço Shmuel Moriah se apresentou diante de Schnaft como cidadão iraquiano. Encerrado o almoço, justamente na hora de pagar a conta, Moriah deixou cair sua carteira com um documento (feito nos laboratórios do Mossad) que o credenciava como oficial do exército iraquiano. Ao levantar a carteira do chão, Schnaft acreditou estar diante de Adnan-Ibn-Adnan, um militar de alta patente do Iraque. Ulrich Schnaft - convencido de que seu novo amigo era iraquiano - lhe perguntou em tom afável: Como vai comandante? Saiba que eu, Gabriel Zisman, sou oficial do Exército de Defesa de Israel. Demostrando desinteresse, Moriah foi levado por Schnaft até sua casa e lá mostrou numerosas fotografias dele com uniforme do Tzahal. Agora sim, Shmuel Moriah e sua eficiente equipe de espionagem tinham total certeza que Gabriel Zisman era o alemão Ulrich Schnaft, um Waffen SS que entrou a servir no Tzahal. Enquanto observavam as fotos, Moriah lhe sugeriu a Zisman que voltasse a Israel para retomar o exército e agir como espião a favor do “Serviço de Inteligência” iraquiano. Ao ver que Schnaft r e jeitaria a proposta, Moriah lhe ofereceu a Zisman receber uma nova identidade com direito a cirurgia plástica que mudasse inclusive seus rasgos físicos. Logo Ulrich Scnaft se tranquilizou e acreditou que esta poderia ser uma ótima oportunidade de refazer sua vida. Shmuel Moriah e Ulrich Schnaft

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viajaram juntos de Frankfurt a Paris. Moriah, que já conhecia perfeitamente Paris, levou Schnaft a um tour pelos charmosos restaurantes e cafés da cidade das luzes. No Réveillon de 1955 ambos estiveram divertindo-se na famosa boate “Lido”. No dia 01/01/1956 Gabriel Zisman alias Ulrich Schnaft pegou um avião rumo a Israel com passaporte e nome falso. Agora se chamava David Waissberg. Por precaução, durante a viagem, carregava uma caneta que lançava um gás mortal, caso fosse descoberto. CAPTURA E PRISÃO Ao chegar ao aeroporto internacional de Lod, Ulrich Schnaft passou pela revista alfandegária e foi rapidamente pegar um taxi em direção a Tel Aviv. Estava sentado no banco traseiro do taxi, quando dois agentes do “Shin Bet” (Serviço de Inteligência de Israel) pularam com violência dentro do taxi acomodando-se um de cada lado. Imediatamente, um deles perguntou: Como você prefere ser chamado, Gabriel Zisman ou Ulrich Schnaft? O nazista Schnaft foi levado imediatamente ao quartel de interrogatórios do Shabak, localizado em Yaffo. Ele confessou ter participado das Waffen SS, e relatou pormenores de sua atribulada dupla identidade: sua participação nos grupos de elite nazistas, sua viagem a Israel fantasiado de judeu, o serviço militar, os encontros com oficiais egípcios e seus contatos com Adnan-Ibn-Adnan, homem do serviço de informação iraquiano. Os responsáveis pelo interrogatório não revelaram a Schnaft que o oficial iraquiano (Moriah) estava entre seus capturadores.

Os interrogadores do “Shin Bet” (Serviço de Inteligência) hesitaram se denunciavam ou não Ulrich Schnaft por haver informado secretos do Tzahal ao exército egípcio ou por ter vindo até Israel para espionar a favor do serviço de inteligência iraquiano. Finalmente, o então Diretor do Mossad, Isser Harel (19122003), decidiu processá-lo por ter passado secretos aos egípcios. O nazista Urlich Schnaft foi processado no Tribunal Distrital de Tel Aviv por revelar secretos ao inimigo egípcio, recebendo uma sentença final de sete anos de prisão. O SS cumpriu sua pena num cárcere de segurança máxima de Ramle. Durante sua prisão alegou ter mantido amizade com Zeev Eckstein, o atirador assassino de Rudolf Kastner (1906-1957). Depois de cinco anos ele foi libertado, voltou a Frankfurt, e desde então, perderam-se seus rastos. Há uma hipótese bastante remota, (ainda não comprovada), que Gabriel Zisman ou Ulrich Schnaft se converteu em pastor luterano e apoia o Estado de Israel. Difícil saber se ele ainda continua vivo. BIBLIOGRAFIA Kahana, Ephraim: Historical Dictionary of Israeli Intelligence. Scarecrow Press Inc., Lanham MD, May 2006, págs. 246-247. Katzin Miluim Nidon le-Maassar al-Rigul. Maariv. April 18th, 1958 (hebraico). Haber, Eitan & Melman, Yossi: The Spies: Israel’s Counterespionage Wars. Paperback, 2002. Em hebraico: Hameraglim: Parshot Rigul be-Medinat Israel. Hotzaat Sifrei Hemed, 2005, págs. 19-32.

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Divã

Pior do que negar

Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Foto - innovationorigins.com

Freud postulou que a psique humana tenta fugir do desprazer, situações geradoras de ansiedade e sofrimento. Para se proteger de tais ameaças o Ego da pessoa lança mão de mecanismos de defesas, um deles é a negação. Atualmente, em tempos covidários, temos uma profusão de LIVES, WEBSEMINÁRIOS, CURSOS e etc. Nos noticiários também vemos a discussão dos motivos que levam as pessoas não usarem as máscaras ou colocá-las no pescoço e geralmente esse comportamento é atribuído ao processo de negação. Os mecanismos de defesas exigem certo investimento de energia, o de negação, implica na evitação do conflito emocional e ansiedade, há a recusa em reconhecer pensamentos, sentimentos, desejos, impulsos ou fatos considerados conscientemente intoleráveis. Penso eu, que as pessoas que não re-

conhecem o real perigo da pandemia, estão em instancias psíquicas mais primitivas e não se utilizam de mecanismos de defesas, pois o conflito nem ao menos se instala. Amado leitor, não pretendo fazer um texto teórico e muito menos chato, mas não consigo mais calar, rsrsrsrs! Tenho a impressão que existem pessoas que vivem tão centradas em suas “verdades” e crenças que não conseguem absorver os fatos realisticamente. O número de mortes não significa nada enquanto não atingir a família delas. Consideram que noticiar o aumento galopante de contagio é um ato político. Imaginam que as medidas de isolamento são apenas para acabar com a economia e desacreditam nas ações protetivas. Assim, parece-me que as situações ameaçadoras nem ao menos chegam a riscar a consciência de alguns, em que se encontram numa espécie de pensamento mágico de que estão protegidos em suas fortalezas imaginárias. A vida gira em torno de suas necessidades e vontades, logo, dane-se o resto! Por isso, considero que negar inicialmente, pode evoluir para um desenlace satisfatório de conscientização, afinal negação representa uma forma de preservar a coesão mental, enquanto nos outros casos . . .

numa foto atual vemos que ninguém usa máscara num aeroporto

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Contos II

Inteligência Coletiva

João F Aranha

Cidadão e Repórter

No passado, o desenvolvimento das ciências dependia quase que exclusivamente doaparecimento de gênios que trabalhavam isoladamente.Hoje, com a especialização e o amplo alargamento do conhecimento científico etecnológico, é muito raro aparecer um novo Isaac Newton, um Charles Darwin ou um DaVinci. Isto não significa dizer que não há valor no pensamento individual e independente. Ao contrário, não há como ignorar o cabedal de um indivíduo, sua educação, suaexperiência, suas habilidades e sua capacidade de resolver problemas. Convenhamos que face a um conhecimento diferenciado e multidisciplinar, o domínio,teórico ou prático, de uma ciência, uma arte ou uma técnica, tende a ser pontual, caminharpara uma especialização, onde se sabe mais sobre menos assuntos.Ao contrário das formigas os seres humanos agem e tomam decisões de formaindependente. Porém, independência não significa racionalidade ou imparcialidade. Ao errar uma avaliação, o indivíduo pode acarretar consequências desagradáveis para si.Mas, se pertencer a um grupo, mesmo que o seu comportamento seja faccioso e irracional,isto não tornará o coletivo menos inteligente.Em outras palavras, mesmo que haja interações entre os indivíduos baseadas em erros, ogrupo tende a tomar uma decisão coletiva mais inteligente. Quando aconteceu o crack da Bolsa de Nova York, em 1929, que levou o desespero amuitos e a alguns suicídios, houve um espanto geral quando se ficou sabendo que o ator Charles Chaplin - um investidor contumaz - havia vendido suas

ações poucos dias antes daterrível queda. Chaplin explicou que sua atitude não tinha nada de futurologia, e que ele apenas havia tomado sua decisão baseada no que diferentes analistas financeiros diziam que poderia ocorrer a qualquer momento. Não era a opinião de um mas de vários especialistas. O fato comprova que embora sejamos seres autômatos, somos também sociais, aptos a aprender uns com os outros. Cabe aqui uma ressalva importante: inteligência coletiva nada tem a ver com a chamada sabedoria convencional, aquela em que as pessoas costumam aceitar a explicação decomo as coisa são e sempre foram, sem se preocupar em correr riscos, inovando o usando e mudando sua maneira de pensar. Nos tempos atuais, com excesso de informações e com a constante dúvida da veracidade dessas informações, estamos sujeitos, pelo menos dado a insistência e a proliferação, a nos deixarmos influenciar pelo contexto, criando condições para que sejamos mais inteligentes individualmente e coletivamente mais tolos. Dessa forma,a tramitação do conhecimento individual para o coletivo requer que algumas condições sejam obedecidas, propiciando sabedoria na tomada de decisões, por parte de um grupo ou uma sociedade. O primeiro fator é o respeito que deve-se ter à diversidade de opinião (toda opinião deve serconsiderada mesmo as excêntricas); o segundo é independência (que não significa isolamento, mas liberdade de pensamento); o próximo é descentralização (se especializar e trabalhar com conhecimento local) e, finalmente a agregação (capacidade de transformar as avaliações pessoais em acertadas decisões coletivas). Acrescente-se ainda a esses fatores a coordenação (permite ajustar o comportamento dos que têm o mesmo objetivo) e, principalmente, a cooperação (que estabelece a diferença do que é

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viver inteligentemente em sociedade, da simples vida de um bando). Estudos feitos por matemáticos apontam que, na tomada de decisões, a média de opiniões tende a se aproximar da resposta dada pelo membro mais inteligente. A tomada de decisões efetiva e bem sucedida exige que se vá além do momento e dascircunstâncias atuais. Interpretar o futuro não é fácil, mas na medida de que dispomos de muitas informações fidedignas, a tarefa pode ser útil no trato das incertezas futuras. Empresas de seguro e organizações que bancam apostas estão aí para reforçar esse argumento. Vejamos o caso do rio Choluteca que fica em Honduras na América Central. Nos anos 80 os dirigentes hondurenhos, visando integrar duas regiões da acidentadageografia local, propuseram a construção de uma ponte sobre o rio Choluteca. Para tanto o governo construiu uma estrada até a cabeceira da futura ponte e sua continuação no final da nova infraestrutura. Com a intenção de que a ponte fosse um cartão de visitas da recuperação da economia hondurenha, os dirigentes optaram por entregar a construção aos japoneses. As únicas recomendações dadas aos engenheiros japoneses era de que a ponte deveria ser muito bonita mas, ao mesmo tempo, que fosse segura e resistente, pois a região, como se sabe, é palco de violentos furacões e tempestades intensas.Os japone-

ses, por terem vivido muitas experiências similares, são experts em construirobras que resistam aos terremotos tão comuns em seu país. A ponte, construída rapidamente, se transformou num ícone, sendo local de visitação eufanismo. Não muito tempo depois, Honduras sofre as agruras do furacão Mitch, deixando um rastro de destruição, derrubando casas e estabelecimentos comerciais e públicos, além de uma forte inundação que mataria muitos de seus habitantes. O rio Choluteca, como outros do país, transbordou, mas a ponte japonesa resistiu bravamente, aparecendo incólume naquela paisagem devastada. Passado algum tempo, as águas baixaram e como se previra, haveria necessidade de se refazer as estradas de acesso. Eis que surgiu o imponderável: o rio com a cheia e a fúria das águas acabou por cavar um outro canal, mudando seu curso e não correndo mais sob a maravilhosa e resistente ponte.Ele, agora, corria ao lado da ponte deixando a obra completamente sem função. Acidentes e manifestações extremas da natureza existem e, no caso de Honduras, são previsíveis. A resistência da ponte estava nos planos dos governantes e dos construtores. O que teriafalhado então, se é que houve falha na decisão? Ao que parece, ao contratar tecnologia externa especializada, os governantes ignoram oconhecimento vulgar que se tem da natureza e da vida. Dei-

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Foto: Governo Federal de Honduras

A Ponte sobre o Rio Choluteca


A Ponte sobre o Rio Choluteca após o desastre Foto: Governo Federal de Honduras

xaram de trabalhar com oconhecimento local, proveniente de pueblos indígenas que, acostumados com as terríveis enchentes dos rios, praticam o que chamam de agricultura migratória, ou seja, ao habitar zonas ribeirinhas, sabem que estarão sujeitos a constantes inundações e transbordamentos, o que os abriga a sempre se estabelecerem de uma forma provisória e que permita mudanças rápidas do seu habitat. Não é possível saber se a diversidade de opiniões, até mesmo as que pareçam não se basear no conhecimento científico, poderia dar outro rumo à construção ou a viabilidade de se construir essa ponte nesse local, mas de qualquer forma fica a lição de que um problema deve ser enfrentado considerando todos os ângulos possíveis e imagináveis, o que só seconsegue com ampla diversidade em vez de pequenas variações do mesmo conceito. A inteligência coletiva está sendo aplicada em larga escala pela ciência já que é difícil uma pessoa conhecer tudo o que necessita. Este fato torna a colaboração e a cooperação um imperativo, onde cientistas mais conhecidos e produtivos são aqueles que frequentemente trabalham em equipe. Ganhos associativos também ocorrem entre espécies diferen-

tes - processo conhecido como simbiose o que levou os cientistas a se inspirarem no comportamento animal,notadamente nos insetos sociais,formigas e abelhas. Uma colônia, no caso das formigas, resolve de maneira rápida e eficiente os principais problemas de seu cotidiano, de forma coordenada, sem ninguém no comando e sem nenhum controle aparente. Quanto às abelhas, há um processo de avaliação independente e tomada de decisões que consegue transformar opiniões diferentes em escolhas que beneficiam toda a coletividade. Modelos gerados pela observação desses insetos já são aplicados em larga escala nas ciências da computação, os quais, uma vez transformados em algoritmos são traduzidos em linguagem de programação, colaborando desde a implantação de sistemas de distribuiçãode bens até a administração de aeroportos e controle do tráfego aéreo. No dia a dia, na família, no trabalho, na escola, nos clubes e associações que frequentamos, e até mesmo nas inevitáveis reuniões de condomínio, se seguirmos o extraordinário comportamento das abelhas, com certeza tomaremos a melhor decisão, nem que isso importe em abrir mão de nossos interesses individuais em prol dos benefícios das nossas pequenas e grandes colmeias.

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Ler e criar

Transar X Casar - Uma análise antropo-sociológica do estereótipo masculino

Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

Desde a paquera, até que a morte (ou o divórcio) separe, os verbos casar e transar se afastam num movimento retilíneo uniformemente acelerado e se tornam antônimos. Tem homem que acha que vai transar muito depois de casar e tem mulher pensa que depois de casar quase não precisa transar. Existe mulher para transar e mulher para casar. Mulher para casar não transa sem compromisso e mulher para transar não quer compromisso. Quem procura uma mulher para casar e que adore transar, logo descobrirá que é mais fácil um cego num quarto escuro encontrar um gato preto que não está lá. Clayton é um gênio que entrou no ITA com dezessete anos, formou-se com vinte e dois e aos trinta já era mestre em física e doutor em aerodinâmica espacial, mas nunca namorou. Convidado a trabalhar na NASA, decidiu que não se mudaria para o exterior solteiro. Os amigos disseram que já era hora de se envolver com alguém e ele queria tirar o atraso, transar muito e então casar. Sugeriram frequentar o Altos Papos, evento que rola toda sexta-feira num bar repleto de descolados de alta renda e bom gosto. Ele pesquisou tudo sobre paquera, abordagens e relacionamentos. Criou uma tabela com pontuação de zero a cem em quesitos como beleza, simpatia, cultura, estilo de vida, hobbies etc. Só se casaria com alguém com mais de noventa pontos. Abaixo disso, só para transar. Clayton foi ao Altos Papos, pediu um vinho e

ouviu: - Olá, sou Luiza. Hum! Vi que gosta de vinho. Eu sou fã de Marguerita. - Meu nome é Clayton – respondeu notando que a coisa começou mal. Curiosidade: como você escolhe seus parceiros? - Acredito em almas gêmeas, confluência de constelações e de auras. - Algo contra algoritmo criado por um físico quântico? - Algo o quê? Ah, com licença, minha amiga acabou de chegar. Clayton anotou no Tablet: cortar logo o papo que não tiver futuro. - Ora, ora, um homem de tecnologia! Prazer, meu nome é Marisa. - Oi Marisa, sou Clayton. Acabo de conversar com alguém que confia no esoterismo para escolher parceiros. Você acredita nisso? - Eu não. Sou mais olho no olho. Eu acredito na química, sabe, essa coisa de pele – disse coçando ambos os braços. - Coisa de pele? Cuidado! Pode ser micose, osmose, fimose, sei lá. - Ah? Que horror! Vou circular por aí. Até! Caramba, pensou Clayton. Não entendo nada do que elas falam. Vai ser mais difícil do que imaginei. Foi só abrir a boca e já espantei duas. - Alguém sentado aí? – perguntou a morena alta e simpática. - O lugar está livre – disse olhando para as pernas revestidas pela calça de couro que o excitou, pois cheirava a carro zero quilómetro. - Meu nome é Amanda, e você é? - Clayton. Sabe Amanda, estou confuso. Pensei que a compatibilidade entre as pessoas dependesse de empatia, preferências, mas acho que tem algo mais. Quero me relacionar com alguém com os mesmos gostos que eu, como vinhos, queijos. - EU TAMBÉM! Sou enóloga, mas trabalho com inteligência artificial. - Que legal. Sou engenheiro e físi-

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Pelos critérios de Clayton, atingiu pouco mais de cinquenta pontos, mas o sorriso é encantador, os seios fartos e o traseiro fantástico! Hoje moram em Houston ltemple@uol.com.br Ilustração: Um qubit representado por uma Esfera de Bloch.

co quântico. Adoro viagens e literatura. Gosto de futebol americano e vou morar em Houston. - EU TAMBÉM! Sabia que meu primo é quarterbeck do Houston Texans? Meu pai tem uma queijaria e eu adoro viajar. Minha mãe é escritora e me incentivou a criar um blog sobre viagens. Por falar em compatibilidade, olha só nós dois, cem por cento compatíveis! - Cem por cento não, noventa e nove. Eu sou chegado em mulheres! - Nossa! EU TAM-BÉM! Não é incrível? Coincidência total! Outra anotação no Tablet: cem por cento compatível não é uma opção. Clayton pagou a conta e chamou um Uber compartilhado. No carro conheceu Samira, que não toma bebidas alcoólicas, não come queijo por causa da intolerância à lactose, pouco lê e detesta futebol americano.

CriativA Idade

Carta para um Novo Mundo

Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

Prezado Novo mundo, Hoje acordei com você em meus pensamentos. Seria saudade? não sei...talvez, mas só se tem saudade do que já passou, do que existiu e ficou para trás, do que virá, do futuro, ah não tem como e você ainda não existe. Você existirá num tempo em que pessoas saberão o sentido da palavra liberdade sem viola–lá, estarão junto com ela a empatia, as pessoas não agirão por instintos irracionais, resistirão aos impulsos pelas coisas, equilibrarão suas vontades, serão essencialmente humanas, respeitarão o próximo. Nesse tempo, você terá crianças, elas não conceberão bebês! Brincarão vivendo a infância com dignidade. Não se tornarão vítimas da violência do adulto,

nem se arriscarão a perder sua pureza, devoradas pela maldade. Também serão invulneráveis a crimes hediondos, haverá cuidado com elas. Viverão com a presença da alegria e da leveza, serão criadas com poesia ... elas se encantarão por você Novo Mundo. As coisas serão apenas coisas, ferramentas desenvolvidas pelos homens para facilitarem suas vidas no cotidiano, e não combustível para empoderamento desnecessário nem definirão o status social para validar o que cada um é. As coisas não valerão mais que as pessoas, e nem haverá gente se coisificando, se vendendo avantajando-se na compra de poder e soberba, gerando destruição, . Em você haverá jovens munidos de esperança, conscientes pacificadores, sábios e prudentes! não serão apreciadores de gatilhos que tiram a vida de amigos e colegas da classe escolar, estampando a história de vidas tão cedo roubadas. Eles optarão pela criatividade, a arte, a música, pelo valor da vida. Em você Novo mundo, haverá um tempo de experiências coloridas, em que pessoas se respeitarão independente de sua cor, raça, ou religião. Os pretos serão vistos com igualdade, como os brancos,

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amarelos, vermelhos e toda paleta de cores de peles e bandeiras terá seu valor pela beleza e o brilho compondo o arco íris, no jardins da diversidade. Para você chegarão notícias de cura, a natureza se encarregará de proporcionar e beneficiar quem precisará dela, sem interferência de interesses escusos. Haverá sabedoria para extraírem os elementos eficazes para os corpos necessitados de saúde, a doença não prevalecia. O ar será respirável, as águas límpida e cristalinas. O fogo não destruirá mais, iluminará caminhos e aquecerá os dias mais frios daqueles que congelam sem calor. A terra fértil sem veneno terá tudo que é necessário e o que dela vier será muito bem aproveitado. O alimento será provido naturalmente e a abundância preencherá todos o pratos sem que a escassez amargue o sabor da mesa vazia, trazendo indigestão da fome. Quando alguém se aproximar de você Novo Mundo, desejoso em ameaçar sua identidade, haverá o alerta da consciência e uma defesa potente a seu favor! Logo se levantarão a alegria , junto com a paz, e depois a longanimidade com a

benignidade, seguidos da bondade, a fidelidade virá estará também, a mansidão com o domínio próprio e o amor! Todos aliados que prevalecerão e se fortalecerão em sua defesa e não haverá força nem lei contra nenhum deles . Ah Novo Mundo, em você não haverá mais sinais de fim, de vazios, de morte. Haverá começos, recomeços, plenitude sinais de eternidade . Agora Mundo, desejo recomendar-te à alguns que te esperam ansiosos, desejosos em te conhecer, aqueles que virão depois de mim como posso revelar-te, descrevê-lo para aqueles que te conhecerão? Preciso que você exista, seja Novo, mas não um Novo Normal, apenas Novo mundo, seja real. Passe a existir para que aqueles que foram criados para de você cuidarem, que possam fazê-lo, sem serem engolidos por aquele que te substituiu e está no seu lugar, está destruído, distante de parecer com você. Desejo que fique bem, se cuide, seja cuidado! melhore e seja amado, e cada um tenha orgulho de ser e existir em você.

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Constelações

O que acontece pós constelação

Iasmin Galvão

Após passar por uma sessão de Constelação Familiar aguarde e confie. Mas não espere simplesmente um milagre! Aqui na terra, onde estamos vivos, temos questões para serem trabalhadas e que sempre se repetem em nossa vida. A Constelação é um processo profundo que contribui para que você se mantenha no seu próprio lugar, em seu próprio caminho. É algo muito profundo que entra em movimento dentro de você e do sistema do qual você faz parte. A primeira mudança observada será interna e vai mexer com dores e sofrimentos relacionados à família. Já as mudanças externas poderão acontecer de forma rápida, em até em uma semana, ou demorar até um ano ou dois para se revelarem na pessoa constelada ou nos membros da família. Depende da abertura e da maturidade no momento que se inicia o novo movimento. A reconciliação e o reconhecimento do lugar de cada um no sistema familiar são o grande alvo de uma Constelação. Nossa vida é como um rio e até uma pequena mudança pode transformar o curso da água. Isso ocorre até mesmo independentemente do nosso desejo. Confie que aquilo que você viu na Constelação, vai produzir novas imagens dentro de você. E essas imagens ajudarão a perceber tudo aquilo que antes não entendia. Terminando a Constelação, o constelado pode se sentir um pouco exausto, ter dor de cabeça, moleza no corpo, uma certa prostração, entre outros sintomas. Além disso, a questão em andamento pode até piorar — e só depois melhorar. O nosso inconsciente é como uma “caixa preta”, repleta de senti-

Contatos: Vera: 11999904833 E-mail verasoubihe @outlook.com Iasmin iasmingalvão@uol.com.br

Foto: naturam.com.br

Vera Soubihe

mentos e crenças negativas. O método da Constelação é muito eficaz para abri-la. Por isso no início a ferida pode doer muito e piorar até que seja curada. Após a Constelação, olhe para tudo com reverência confiando nas forças advindas do seu sistema energético, do qual faz parte a família. Com a Constelação, nos sentirmos diferentes, e passamos a ter novas atitudes com os que estão à nossa volta. Eles, por sua vez, começam a ter sentimentos diferentes dos que tinham, uma vez que já este método atua no inconsciente do coletivo familiar. Se estamos conectados, sentimos mais, se não estivermos, sentimos menos. Mas sempre acontecem resultados. Não existe modificação sem entrarmos em contato com as nossas “sombras”, ou seja, os sentimentos ruins. O que devemos fazer é acolhê-las e aceitá-las. Quando guardamos para nós esses sentimentos, eles podem se transformar em doenças somatizadas. E se trouxermos para o consciente o que estava no inconsciente, algo modifica dentro de cada um. Com a nova consciência para a vida a mudança não é só mental, mas mais ampla. Permaneça em sintonia com o destino de todos. Energia e êxito virão se você voltar para ao seu lar sentindo-se ligado a todas as forças que atuam na sua vida. Vale a pena fazer uma Constelação!

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Mudança de Hábito

StartUP VISA - o seu projeto de vida em Portugal

Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Já pensou em iniciar uma nova carreira no empreendedorismo? Ou em internacionalizar oseu projeto atual em Portugal? As notícias são boas. Saiba mais sobre o StartUP Visa. A cada ano Portugal tem se posicionado mais e mais como um relevante pólo de desenvolvimento, inovação e criatividade no cenário do empreendedorismo tecnológico europeu. Incentivos fiscais, concursos para seleção e aceleração de projetos, congressos internacionais gigantescos com a presença de investidores, empresários aptos a criarem e ampliarem seus projetos em Portugal, são apenas algumas das ações do governo português para atrair empresários interessados na internacionalização de seus negócios e consequentemente, potencializar o crescimento inteligente, inclusivo, sustentável da economia nacional. Em face disso, aceleradoras e incubadoras de tecnologia participam deste movimento, como parte da engrenagem que impulsiona o crescimento do país e atrai olhares de investidores de todo o mundo.Para viabilizar tais propósitos, Portugal oferece, também, um programa com três tipos de vistos de entrada para empreendedores estabelecerem seus negócios na nação portuguesa, incluída a possibilidade de residência no país. Um desses vistos é o StartUPVISA. O que é o StartUP Visa em Portugal? O StartUP Visa em Portugal faz parte de um pacote de ações lançado em 2016 pelo Governo Português, chamado de Estratégia Nacional para o Empreen-

dedorismo. Acolhe empreendedores estrangeiros que pretendam desenvolver um projeto de empreendedorismo e/ou inovação em Portugal, com vista à internacionalização de seu negócio é à concessão de visto de residência ou autorização de residência. O programa começa com um processo inicial de certificação das incubadoras que possam abrigar e apoiar esses empreendedores estrangeiros na criação e instalação de suas startups. Posteriormente a fase de autorização de residência em Portugal é concedida a esses empreendedores. Este programa é realizado pela Agência para a Competitividade e Inovação (IAPMEI), responsável pela análise, seleção e certificação dos pedidos. Mediante uma parceria com uma rede nacional de incubadoras certificadas, uma vez selecionada, a sua startup ficará sediada fisicamente a uma delas durante a fase inicial noStartUP Visa Portugal. Quem pode solicitar O StartUP Visa em Portugal pode ser solicitado pelos fundadores de startups inovadoras que não sejam da União Europeia ou que não tiveram residência regular recentemente em países do Espaço Schengen. (​https:// consuladoportugalsp.org.br/lista-dos-paises-que-pertencem-ao-espaco-schengen/​). Há idade máxima para solicitar o StartUP VISA? Não. A inscrição no programa StartUp Visa não tem idade limite. A idade mínima para inscrição no programa é de 18 (dezoito) anos. Como solicitar o StartUP VISA. O processo de solicitação é totalmente digital e burocrático, e requer alguma habilidade em coleta de informações importantes para a diagnose do potencial de sua startup, valendo a pena contar com alguém que tenha mais facilidade com este tipo de procedimento para fazer a aplicação.Como é o processo de candidatura? A candidatura ao StartUp Visa de-

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corre em duas fases. Na primeira fase o empreendedor deverá iniciar o processo preenchendo todos os campos de identificação e descrição do projeto e dos empreendedores, devendo fazer o upload dos documentos exigidos. Vantagens do StartUP Visa. Há uma série de benefícios no pedido do Start UP Visa Portugal. Veja só:* Seu projeto fará parte da rede Startup Portugal, e será incubado em uma empresa portuguesa;* Terá vantagens fiscais e financeiras, como isenção de impostos, captação deinvestimentos com maiores prazos de pagamento e diversos outros apoios.* Quem tem aprovado o Start UP Visa em Portugal pode solicitar o visto para que os membros da família morem junto em Portugal.

Legislação relacionada- Despacho Normativo n.º4/2018, de 2 de fevereiro Portaria n.º 344/2017, de 13 de novembro alterada pela Portaria n.º 275/2018, de 04 de outubro Fontes: https://www.iapmei.pt/Paginas/StartUP-Visa-pt.aspxIIhttps://www.portugal.gov.pt/download-ficheiros/ficheiro. aspx?v=69851482-748e-4d8f-b87d-b738c1e24677 Fundadora do Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com Também no You Tube, Facebook e Instagram

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Foto: Divulgação


VAMOS APRENDER DESENHO DURAÇÃO DO CURSO - 3 MESES CONTEÚDO - COMPOSIÇÃO, LUZ E SOMBRA, ANATOMIA E PERSPECTIVA - LOCAL - PELA INTERNET - APLICATIVO ZOOM MATERIAL: 1 BLOCO DE PAPEL LAY OUT A4 1 LÁPIS 6B E 1 HB - UMA RÉGUA DE 30 CM. HORÁRIO/DIA 1 - TODA 2ª DAS 10 ÀS 11:30 HS.- E DAS 15 ÀS 16:30 HS. HORÁRIO/DIA 2 - TODA 6ª DAS 10 ÀS 11:30 HS.- E DAS 15 ÀS 16:30 HS. VALOR - R$ 100,00/MÊS FAREMOS UM GRUPO DE WHATSAPP SÓ PARA NOS COMUNICARMOS DE DÚVIDAS E MOSTRA DOS TRABALHOS (NÃO SERÁ POSTADO NADA ALÉM DISSO) INÍCIO DAS AULAS - SETEMBRO e/ou assim que completarmos uma turma com no mínimo 6 alunos

Dúvidas e Propostas Manoel (11) 9.8890.6403 todos que pretendem fazer o curso peço que me enviem um whatsapp para eu começar a formação do grupo IDADE MÍNIMA 11 ANOS

60+

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Sergio Frug

“Morreu porque viveu”.– disse o rabino no enterro da minha tia-avó, noventa e seis anos, pode-se dizer que muito bem vividos. Parecia quase uma festa, comentei com uma de suas filhas alguns dias após. Ela adorava festas. Mas a morte nos surpreende, mesmo quando “quase festejada” como essa. É impressionante como a evidência mais garantida que há nos surpreende. Gostamos de alimentar crenças ilusórias tipo não falar na morte, se possível não pensar na morte e acabar surpreendidos quando ela chega. Sensato seria nos prepararmos. Aliás, praticamente em todas as tradições humanas os ritos fúnebres consistem em guiar o espírito recém desencarnado para o caminho apropriado. Mas também é verdade que isso não vem funcionando, já que vivemos em meio a uma quantidade indescritível de espíritos perdidos. Obsessores, dizem alguns, falsas personalidades, dizem outros; ou comandos, ou demônios, “almas penadas”, enfim, imagens destituídas de consistência, mas que se apegam à vida e tratam de vampirizar-nos, assumindo muitas vezes o domínio das pessoas cuja valorização do ego torna o Ser vulnerável. Mostram-se também como gênios. Criam psicopatas, assim como criam doenças terríveis e ficam ali se aquecendo enquanto há vida no corpo quase perdido de olhos esbugalhados... Sensato seria nos prepararmos. O budismo tibetano é uma grande escola, assim como o kardecismo contribui bastante para a compreensão da vida após a morte e a conscientização dos espíritos inumeráveis que vagam entre as dimensões. Com certeza há muitos grupos envol-

vidos nessa empreitada, mas por enquanto não passam de sementes a serem regadas, cuidadas e disseminadas até florescer definitivamente numa grande mudança cultural. A cultura do “ver para crer” não lida com o desconhecido e assim o desconhecido lida com ela como quer. Fazemos o jogo do adversário, gabando-nos de possuir ciência e religião impecáveis, mas nos permitimos ser muitas vezes completamente dominados por energias espúrias que servem apenas a si mesmas, espelhando e espalhando o tipo de atitude que o nosso ego exaltado adora manifestar. Ainda que ninguém tenha até hoje voltado da morte, temos as nossas sensações. Sabemos que morte é renascimento, assim como sabemos que a natureza se renova da própria matéria decomposta. A consciência como fica não sabemos, mas sensato seria nos prepararmos para morrer conscientes e sábios em vez de sedados, surpreendidos ou adormecidos. Mortos de medo do que é morrer. Temos que encontrar meios de libertar os espíritos perdidos, ou nunca seremos capazes de administrar adequadamente a nossa vida tanto individual como social. E sensato seria estarmos bem despertos e conscientes no momento sublime da mudança dimensional. Preparados para ouvir os cânticos e seguir as luzes, bem como faria um experiente piloto da aviação comercial... Foto: revistacarpediem.com

A Morte

Cultura Geral

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Saúde, Beleza e Bem Estar

Em tempos de Pandemia como manter corpo e mente sãos

médica dermatologista

Amigos leitores é um imenso prazer dividir com vocês este espaço, para trazer conteúdo de beleza, saúde e bem estar, espero corresponder a altura a confiança que me foi depositada, me sinto honrada. Primeiramente, vou me apresentar, meu nome é Kátia Vargas Lutfi Pileggi, médica dermatologista pela SBD, pós graduada em estética (SBME), nutrologia(ABRAN) e acupuntura (CMBA). Sou mãe do Guilherme, Fernando e Vinícius, meus 3 mosqueteiros e da Cacau minha filha de 4 patas que me dá mais trabalho que os 3 juntos, agradeço meu marido Paulo Eduardo que é meu parceiro em orquestrar tudo isso. Acredito que devemos cuidar do indivíduo como um todo, afinal, somos resultado dos nossos hábitos, os bons e ruins, e nossas escolhas refletem de maneira decisiva no nosso ser. A boa notícia é que fazemos escolhas diariamente. Então defina sua meta e crie caminhos para alcançar seus objetivos. Nestes tempos de pandemia, principalmente, manter mente e corpo sãos é um exercício diário. A pele por ser o maior órgão do corpo e suas alterações estão intimamente relacionadas a fatores emocionais e podemos notar um aumento na frequência ou agravamento de algumas doenças dermatológicas. Dentre as mais frequentes estão as dermatites alérgicas e de contato irritativo, causando desconforto e muitas vezes lesões na pele. O uso crônico, mas necessário, de

Foto: Divulgação

Kátia Vargas Lutfi Pileggi

álcool em gel, e sabonetes tem causado ressecamento e irritações em nossas mãos, então deixarei algumas dicas para amenizar. Se tiver a opção de lavar as mãos com água e sabão ao invés de álcool, dê preferencia, e esse sabonete deve ser mais hidratante de preferencia sem perfume, mas caso tenha que usar o álcool, procure alguns que tenham partículas hidratantes, atualmente já existem produtos com essas características. Como opção ainda, está o uso de luvas descartáveis, preferencialmente sem talco, quando for sair de casa para ambientes com maior circulação de pessoas, como farmácias e mercados. Em épocas mais frias, também é comum os banhos ficarem mais quentes, devemos evitar banhos muito prolongados e de temperaturas mais elevadas, além de procurar não usar buchas,

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e ao sair do banho crie o hábito de sempre usar hidratantes específicos para seu tipo de pele. De preferencia àqueles sem perfume para diminuir a chance de alergias e irritações. Uma pele mais hidratada é uma também mais íntegra, o que diminui a chance de ressecamento e consequentemente lesões. Por acreditar no equilíbrio como sendo o segredo de uma vida saudável, lembre-se de tomar bastante água, ter uma dieta saudável, praticar ati-

vidade física respeitando seu corpo e escolha uma atividade que lhe traga prazer para cuidar da sua mente. Tomando medidas preventivas você terá uma pele e uma vida mais saudável. Prevenção é sempre o melhor remédio! Kátia Vargas Lutfi Pileggi - Clinica Kauai - @clinicakauai - (11) 5180.2223 - Medical Center Saúde - @medicalcentersaude (11) 5058.7490

Benefícios

A promoção do envelhecimento ativo em tempos de quarentena

Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

Sabe-se hoje, que o processo de envelhecimento é vínculado às melhores condições de vida, como o acesso às imunizações, às melhores condições de saneamento básico, ao avanço tecnológico para tratamento em saúde, aspectos estes por exemplo, que refletem no aumento da expectativa de vida de um país. O envelhecimento demográfico no cenário brasileiro, embora expressivo e em expansão, é ainda um tradutor da necessidade de maiores investimentos em programas para se envelhecer com dignidade e com melhores condições de saúde. Neste contexto da maior expectativa de vida, você já se perguntou, o que é envelhecer ativamente? Em 2002, a Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgou um documento intitulado envelhecimento ativo, como um desafio para as nações do mundo promoverem a qualidade de vida nas diferentes culturas. Neste documento, A OMS define o conceito de envelhecimento ativo, como um proces-

so de otimização das oportunidades em saúde, de acesso à serviços, de participação e de segurança, com o objetivo de melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas. Mais recentenamente o aprendizado ao longo da vida, foi outro aspecto, incorporado aos pilares do envelhecimento ativo. Ou seja, promover o acesso à aprendizagem e à educação para individuos é uma forma de pensar na promoção de um envelhecimento saudável. Importante reforçar, que o envelhecimento ativo, não é um termo sinônimo e isolado de estar fisicamente ativo, mas como dito anteriormente, pois caracteriza um processo de envelhecimento com oportunidades, atividades e significados. Envolve apresentarmos uma maior participação social em nossa comunidade, possuindo a promoção do bem-estar físico, psicológico e social. Ou seja, o envelhecimento ativo é um conceito de múltiplas faces, que engloba os aspectos de promoção de saúde. Mas como podemos promover o envelhecimento ativo em tempos de quarentena? - Quando temos o conhecimento adequado do que é uma doença e de como previní-la, estamos nos protegendo, e promovendo o pilar do aprendizado ao longo da vida. Se conseguirmos tomar os cuidados necessários para nos proteger contra a COVID-19 podemos ter a saúde física, que proporcionará o bem-estar

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mental e social; - Evitar a automedicação, quando sentimos os sintomas de uma doença respiratória, como a COVID-19, é uma forma de promover a saúde, pois ao contrário do que pensamos a automedicação tem efeitos adversos, e cada organismos reage de um modo a um mesmo medicamento; - Por meio do autocuidado, para fortalecer o nosso sistema imunológico, com o acesso a uma boa alimentação, às práticas de atividades físicas, boa qualidade do sono, teremos participação social na comunidade e segurança, não deixando que o COVID-19 se espalhe cada vez mais; - Quando estamos exercitando o nosso cérebro, com atividades intelectuais como as do SUPERA por exemplo, estamos promovendo o pilar do aprendizado ao longo da vida; - Se possuirmos um ambiente organizado e com acessibilidade, não deixando tapetes soltos pela casa, objetos em excesso em determinados cômodos, não subindo de modo arriscado em bancos e cadeiras, minimizamos o risco de eventos

de quedas e estamos praticando o pilar da segurança; Desta forma observa-se que mesmo em tempos de quarentena, a saúde, a segurança, a participação social e a aprendizagem ao longo da vida podem ser promovidas, com mudanças de atitudes e de comportamentamentos, que compõe um estilo de vida saudável. Agora que você já sabe o que é envelhecimento ativo, que tal refletir sobre a importância de promover a sua saúde com os devidos cuidados em tempos de quarentena? Referências consultadas: Envelhecimento ativo: uma política de saúde / World Health Organization; tradução Suzana Gontijo. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005. 60p.: il. Envelhecimento Ativo: Um Marco Político em Resposta à Revolução da Longevidade / Centro Internacional de Longevidade Brasil. 1ª edição – Rio de Janeiro, RJ, Brasil

“não deixe

Foto: simplesdecoracao.com.br dicas para evitar acidentes em casa Divulgação

tapetes soltos pela casa, objetos em excesso em determinados cômodos, não subindo de modo arriscado para tropeço em bancos e cadeiras

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Antropologia

Geoglifos - Mistérios que desafiam a ciência

Osvaldo B. de Moraes Historiador

-se ainda que outras centenas de geoglifos poderão ser descobertos, já que vários são cobertos por vegetação, o que impede suas visualizações por meio de satélites. O valor histórico desses desenhos, como o a representação de um quadrado com um círculo, ocupando uma área de 20 quilômetros no Acre, implica a curiosidade antropológica de seu significado. A construção foi feita através de escavações de valas profundas, calculando-se sua construção entre um período de mil à dois mil e quinhentos anos atrás. O debate cientifico está focado na tentativa de se encontrar a funcionalidade dessas gigantescas estruturas. Procurando-se a praticidade dessas escavações, tenta-se descobrir se eram objetos para fornecer recursos hídricos ou facilidades em plantações. Especula-se ainda que poderiam ter como objetivo um propósito religioso servindo de cerimonial para oferendas a deuses.

Foto: NASA

Um dos mistérios mais discutidos na Amazônia, incluindo regiões do Peru, são os chamados geoglifos, que são enormes figuras feitas no chão, possíveis vistas do alto e construídas através da colocação de pedras acumuladas para formar estruturas de desenhos, na maioria geométricos. Estima-se que no Brasil haja mais de 500 geoglifos, concentrados principalmente no Acre, mas também nos estados do Amazonas e Rondônia. Suas origens remontam à ocupação pré-colombianas. Pesquisas mais recentes revelam também mais de 80 sítios localizados no Mato Grosso, ampliando a distribuição de geoglifos no território brasileiro. Estima-

Capa

Geoglifos em Nazca - Perú

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Historicamente essas regiões foram ocupadas por diferentes etnias indígenas, com diferenciação cultural e diferentes usos de materiais, como vestígios encontrados como vasilhames cerâmicos. A datação por meio de Carbono 14 sobre restos de carvão e outros elementos encontrados nesses sítios trazem divergências no estabelecimento da datação, variando entre 550 e 950 d.C. ou até mesmo 500 anos a.C. Alimentando ainda o mistério desses desenhos, foram encontrados também em Nazca, no Peru 50 desenhos geoglifos. As controvérsias sobre a origem e a funcionalidade dessas figuras se ampliam, sendo que alguns pesquisadores aceitam como um calendário, enquanto outros admitem como observatório astronômico e até a suposição mais ousada de formas de comunicação com seres extraterrestres. A civilização de Nazca, famosa pelas linhas de desenhos foram originadas pela cultura Paracas, que é uma pré-incaica surgida na costa sul do Peru e descoberta em julho de 1925, pelo arqueólogo peruano Júlio C. Tello e deve remontar mais de 2,7 mil anos Portanto, pesquisadores do Projeto Paracas admitem que esses geoglifos são dos mais antigos dos até hoje conhecidos e estão localizados em um local conhecido como Pampa de Nazca. Essas figuras incrementam os mistérios desses geoglifos, já que representam figuras humanas e animais, diferente de outras que apresentavam somente figuras geométricas. Em muitos casos, as novas figuras formam conjuntos de seres humanos ou um guerreiro perto de um animal Portanto, essas novas figuras com representação antropomórfica indicam significados distintos, e propõem novos estudos das sociedades que as cercam. Presume-se que os habitantes daquele local desenhavam essas imensas figuras, invisíveis a olho nu na superfície, para que só os desuses pudessem ver e atender aquilo que necessitassem. Como nas pesquisas foram encon-

trados desenhos como baleias, peixes e plantas aquáticas, além de conchas, intui-se que os desejos fossem relacionados com água. Ainda na região do Peru, encontram-se geoglifos relacionados aos incas com forma de espirais. Para esses casos presume-se que representavam um sistema de canais subterrâneos para canalizar, via declive, o envio de água para regiões desérticas. Voltando ao Brasil, na região entre os estados de Santa Catarina e Paraná encontram-se também figuras como machados e aves, cotidianas da cultura inca e chegando aos estados do Sul do Brasil através de remanescente ramificação do famoso Caminho de Peabiru(*) que ligava o oeste andino ao leste brasileiro. Ao longo desse caminho já foram identificados sítios arqueológicos com vestígios de habitações utilizadas provavelmente quando os indígenas estavam em trânsito. E em alguns trechos havia sinalização com inscrições rupestres, mapas e símbolos astronômicos de origem indígena. Pelo o que foi pesquisado até agora sobre esses geoglifos constata-se que ainda há muitos mistérios no mundo a serem desvendados em torno de hábitos, costumes e misticismo de várias sociedades ditas como primitivas, mas que desafiam em sua cultura a ciência. (*) Significado de Peabiru da língua tupi-guarani = Pé (caminho) e abiru (amassado), logo Caminho Gramado Amassado (*)

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Direitos

Debates sobre a reforma tributária

Vanessa Bulara

Advogada tributarista Consultora

Na coluna neste mês, vamos falar das atualidades e pontos polêmicos da reforma tributária brasileira, em especial o que tem sido debatido, quais são as atuais propostas legais já apresentadas, porém pendentes de aprovação e qual o papel prático dessas propostas na vida econômica dos contribuintes brasileiros. Há muito se discute (e de fato se reconhece) que o sistema de tributação no Brasil é muito complexo, de difícil compreensão até para técnicos, continuamente alterado como “colcha de retalhos” e altamente regressivo, o que quer dizer nada justo socialmente, sobretudo para tributos de consumo, na medida em que ricos e pobres recolhem o mesmo tributo sobre o mesmo produto. O menos favorecido, ao adquirir no mercado, um produto alimentício ou de higiene, pagará o mesmo valor de tributo sobre o consumo que o consumidor da classe A. Nada coerente do ponto de vista econômico e social. Em termos mundiais, a tributação consiste em duas formas de capturar a riqueza gerada. Uma é tributando o lucro e a renda, seja das empresas ou das pessoas físicas e a segunda, tributando produto e serviço em si, conforme a cadeia de produção. 1. O que se tem debatido: Atualmente, estão vigentes três propostas, sendo que duas tratam exclusivamente de tributos sobre o consumo incidentes nos produtos e serviços (tributação indireta) e, uma que trata da tributação sobre a receita bruta acrescida de valor agregado (tributo indireto). Porém, nada relacionado a lucro, especificamente, que seria a denominada tributação direta. Nas propostas existentes, a ideia é erradicar os tributos indiretos atualmen-

te vigentes, substituindo-os por (i) um imposto sobre bens e serviços (chamado IBS), nos moldes dos impostos sobre valor agregado (no consumo) cobrados na maioria dos países desenvolvidos; e (ii) um imposto específico sobre alguns bens e serviços (chamado Imposto Seletivo), e (iii) uma terceira proposta que além da incidência sobre o consumo, pretende unificar mais um tributo que é o atual Pis e Cofins (que hoje se paga sobre a receita bruta, sobre a folha de salários e sobre a importação), denominado CBS – Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços. Para uma compreensão mais abrangente, abaixo segue um pequeno resumo com as principais características e diferenças entre as três propostas. 2. Atuais propostas apresentadas: a - IBS – há duas PECs (proposta de emenda constitucional) nºs 110/2019 e 45/2019 Quais tributos pretende substituir PEC 110: são substituídos nove tributos, o IPI, IOF, PIS, Pasep, Cofins, CIDE-Combustíveis, Salário-Educação, ICMS, ISS; PEC 45: são substituídos cinco tributos, o IPI, PIS, Cofins, ICMS, ISS Alíquota % PEC110 a alíquota é nacional, mas varia cf o bem ou serviço; PEC 45 a alíquota é a mesma para bens e serviços destinados a determinado Município, mas a tributação não é uniforme em todo território nacional, visto que cada Município/Estado pode fixar sua alíquota. O que será tributado Receita bruta da venda de bens e serviços Partilha da arrecadação partilhado entre União, Estados, Distrito Federal e Municípios cf. a emenda constitucional b - Imposto Seletivo – previsto também nas duas PECs acima nºs 110/2019 e 45/2019 Quais tributos pretende substituir ou engloba PEC 110 - operações com petróleo e seus derivados, combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros e outros produtos do fumo, energia elétrica, serviços de tele-

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comunicações a que se refere o art. 21, XI, da Constituição Federal, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, e veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos, além de outras matérias como: c - extinção da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), sendo sua base incorporada ao Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ), (ii) transferência do Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), da competência estadual para a federal, com a arrecadação integralmente destinada aos Municípios, d - ampliação da base de incidência do Imposto sobre Propriedade de Veículo Automotor (IPVA), para incluir aeronaves e embarcações, com a arrecadação integralmente destinada aos Municípios, (iv) autorização de criação de adicional do IBS para financiar a previdência social, e - criação de fundos estadual e municipal para reduzir a disparidade da receita per capita entre os Estados e Municípios, com recursos destinados a investimentos em infraestrutura. PEC 45- incidirá sobre determinados bens, serviços ou direitos com o objetivo de desestimular o consumo (como cigarros e bebidas), cuja lista será divulgada posteriormente. Alíquota % A ser definida em lei posterior O que será tributado PEC 110 – cf. citado acima, operações com petróleo e seus derivados, combustíveis e lubrificantes de qualquer origem, gás natural, cigarros e outros produtos do fumo, energia elétrica, serviços de telecomunicações a que se refere o art. 21, XI, da Constituição Federal, bebidas alcoólicas e não alcoólicas, e veículos automotores novos, terrestres, aquáticos e aéreos, PEC 45 – já citado acima, incidirá sobre determinados bens, serviços ou direitos com o objetivo de desestimular o consumo (como cigarros e bebidas), cuja lista

será divulgada posteriormente. Partilha da arrecadação Mesmo critério do IBS I - CBS (projeto de lei 3887/2020) Quais tributos pretende substituir 05 tributos federais: i. Cofins sobre receita, II. Cofins importação, III. Pis sobre receita, IV. Pis importação, v. Pis sobre folha de salários Alíquota % alíquota geral de 12%; alíquota será 5,8% sem apropriação de crédito para entidades financeiras. O que será tributado O valor agregado ao produto ou ao serviço, ou seja, a receita bruta (mais multas e encargos) e não mais sobre todas as receitas. Partilha da arrecadação É tributo federal apenas Entendendo o papel prático no cotidiano dos contribuintes. Nenhuma das atuais propostas tem recebido elogios por parte de acadêmicos e estudiosos da tributação. Ao contrário, todas as três propostas têm sido objeto de críticas relevantes, no sentido de que na prática, não ensejam uma efetiva reforma favorável à sociedade em geral. Como exemplo, apontam-se fragilidades em relação à falta de um estudo econômico demonstrando que a reforma não irá aumentar a carga tributária atual, o prejuízo ao consumidor que será o verdadeiro contribuinte na medida em que o ônus financeiro será dele ao adquirir os bens e serviços objeto da tributação, o aumento da alíquota de empresas, hoje tributadas pelo lucro presumido em PIS e COFINS a 3,65%, que passariam a pagar 12% (pela proposta da CBS), além de outras. Em resumo, a tão falada reforma tributária se vier, embasada nas propostas acima, não será tão festejada. Seguimos aguardando.

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Variações in VIVO

Covid e Eu, um caso

Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta

Mais uma vez tenho a oportunidade de redigir neste magazine eletrônico. Há três meses quando escolhi o nome-título de minha coluna, Variações in Vivo, fazendo uma brincadeira alusiva ao fato de sermos seres sujeitos a variações no laboratório da vida, bem como por lidar aqui com temas relativos ao variado universo da Psicologia, mal sabia eu que trataria este assunto hoje. Durante o mês de julho apresentei alguns sintomas que foram bem desagradáveis, apesar da dádiva de não precisar hospitalização. Assim como muitas pessoas, acabei contaminada pelo corona vírus, e, diferente do fatídico resultado ocorrido, pelo mesmo acometimento, com outras tantas pessoas, cá estou eu a escrever. Um limiar tênue entre ficar firme e perder a calma revezava o pensamento, face ao mal estar que sentia. Já fiquei doente antes, claro, só que de enfermidades mapeadas e conhecidas pelas ciências. Sem saber como se daria essa infecção sistêmica em meu organismo, desde o diagnóstico, passando pelo início do tratamento até o momento em que me senti fora do risco pior, sem poder fazer nada que me era tão habitual, exceto tomar as medicações e zelar pela alimentação, verificar sinais vitais periodicamente ao dia, e repouso, além do total isolamento social, escolhi ser minha única e melhor companhia, portanto tive muito tempo pra pensar e conversar comigo mesma. Corriqueiramente brincam com os profissionais da minha especialidade dizendo que cuidamos de loucos. Tem uma frase que circula por aí: “... prefiro os loucos que os hipócritas, pois quanto mais

se é um, menos se é o outro”. Não faz diferença quem proclamou a máxima, se alguém importante ou anônimo. Há um outro rifão: “...de médico, poeta e louco, todo mundo tem um pouco”. Digo pra vocês que estatuo as duas frases; além de outras que também versam sobre essa loucura que não é patológica e sim cotidiana, tal como fuga da sanidade temporária à qual estamos todos sujeitos, embora às vezes isto possa ser momentaneamente necessário e salutar, no entanto esclareço: já não era, tampouco fiquei louca, pois não falei sozinha, falei comigo! E quero aqui revelar os segredos dessa conversa: Pensava bastante na música de um inquieto compositor que morreu em outubro passado, Walter Franco: “Tudo é uma questão de manter a Mente Quieta, a Espinha Ereta e o Coração Tranqüilo”. Ahh essa melodia não saia de mim, não só da minha cabeça, de mim toda, já que a infecção é sistêmica, tudo em mim também é! Como um mantra recorrente a canção lá estava marcando compassadamente meu ritmo de vida. Gosto de música e entendo um pouco. Já toquei alguns instrumentos, toquei em orquestra sinfônica também. Isso do ritmo é visceral. O primeiro som que o bebê ouve é o ritmado pulsar do coração. A duração das figuras musicais foi mensurada por Pitágoras sabia? Música contempla sentimento intangível e métrica pautada, emoção e razão, e muitas outras coisas. Existe um antigo desenho de animação chamado “Donald no País da Matemágica” que ilustra isso. Daí eu falava assim pra mim: é matemático, é cartesiano, se não dá pra ter controle emocional sobre essa dor constante, essa falta de apetite, essa falta de olfato, essa coisa esquisita de às vezes não saber o que está se passando, tontura, enjôo, seja racional e deixe a lógica agir. A lógica se apresentava na letra da música que citei. Ela vinha e fazia todo o sentido emocional. Sim!!! Lógica emocional. E marcava o ponto: - “ Fica firme”.

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Nesse diálogo comigo mesma a Mente Quieta desdobrava em: pense bem, pense calma, pense felicidade, por um pouco do tempo não pense, mas se pensar, pense gostosuras. Daí vinha a Espinha Ereta multiplicada em: não se entregue, levante, faça só coisas prazerosas agora, faça pouco, faça nada, faça o que não canse, faça o que fizer que te faça feliz, durma. Ai tem a parte do Coração Tranqüilo, putz difícil, em terra de coração não se pisa. De novo o diálogo urgia, duas cabeças pensam melhor que uma. Então falava comigo mesma lembrando a mim que: se não rola, desenrola. O que

os olhos não vêem o coração não sente. Você não o vê. Não sinta. Esse caso é meteórico. Passageiro da agonia, não queira segurá-lo consigo, conosco, comigo. Let it be. A ressaca impera, ainda restam algumas seqüelas, que como memórias de um relacionamento ruim vão se diluindo de mansinho. Sempre que me complico nisso, converso comigo outra vez, cantarolo a música-mantra e sigo na fé. Tivemos um caso transitório, eu não me apeguei a ele, só estimei a mim. Um caso que não deixa saudade. Foi bem melhor assim!

Aprendizagem na 3ª idade

Enfrentar a Quimioterapia

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga

Ninguém passa impune pela quimioterapia. Cansaço generalizado, falta de energia, taquicardia, fôlego curto, olheiras profundas, a impossibilidade de continuar as atividades rotineiras das quais tanto nos orgulhávamos, tudo parece ficar em segundo plano, à espera de melhores dias. A quimioterapia é um recurso do qual se valem médicos, admitindo como necessário um protocolo a ser seguido para contornar o desconforto que o tratamento oferece, talvez mesmo, para justificar esse desconforto como algo previsível. Um protocolo a ser seguido por médicos, enfermeiros e demais profissionais enquanto se aguarda a cura do câncer. Assim,

de certa forma os pacientes vão ensinando à equipe médica muito do que acontece durante o tratamento e, em contrapartida, a equipe nos acompanha, acalma e ensina sobre como contornar o mal estar que se faz presente. Imunidade é uma meta a ser atingida: para isso é preciso comer regularmente e bem, dormir pelo menos 8 horas por noite, fazer exercícios físicos moderados para criar massa muscular e não sofrer quedas. Porém, como fazer tudo isso se na maior parte do tempo, falta-nos resistência? Quem passa pela quimioterapia sabe que em algum momento não poderá se submeter à sessão, por não apresentar número de plaquetas razoável no hemograma. A perspectiva de interromper as quimios para tomar Granulokine, uma injeção subcutânea que nos faz recuperar nossa imunidade é muito frustrante. Ao mesmo tempo, quando se faz o tratamento em dias regulares, acabamos conhecendo pessoas que também se encontram na mesma situação e, mesmo com o distanciamento necessário a se observar, muitas infor-

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mações são trocadas e as amizades ampliadas e consolidadas. Algumas dessas pessoas são verdadeiras guerreiras e dedicam seu tempo a ajudar outros pacientes a entender parte dos procedimentos a que já passaram: foi assim que fiquei sabendo da possibilidade de se usar prótese não permanente, que ONGs criam e modelam tais próteses com perfeição, assim como perucas para quem prefere não mostrar sua calvície... Saber sobre essas alternativas facilita a conversa que se terá com o cirurgião e amplia possibilidades de negociação. Parece bobagem, mas a auto estima, o amor próprio, a feminilidade, tudo o que a mídia nos impõe nessas horas possui uma força assustadora e pode nos fazer fracassar frente a nós mesmas. E este é um momento de ressignificação e aprendizagem. Não pode ser desperdiçado. Tenho uma amiga muito querida que em 2011 descobriu-se com câncer de mama. Fez o tratamento com Tamoxifeno – um hormônio que ainda não possui sua eficácia comprovada. Em 2015 teve

metástase pulmonar e hepática. Em seguida, teve metástase óssea. Em 2016 fez nova quimio e é considerada paciente paliativa, o que significa ser portadora de doença cuja cura não existe. Ainda. O objetivo maior do tratamento, nestes casos, é buscar qualidade de vida para se ganhar tempo e, quem sabe, viver a cura da doença. Católica, diariamente, às 18 horas, faz suas orações. “Sei que tenho um Pai que me ama. A fé dá sustento, mas não é ela que irá definir se você irá viver ou morrer”. Outras pessoas que conheci são movidas pela fé. Conheci uma moça que desde 2009 até recentemente, brigou com o câncer, recidivas, metástases. Para fazer o tratamento, seu marido, muitas vezes a carregava no colo, pois ela não conseguia se sustentar sozinha. No entanto, ela não se entregou, pelo contrário, foi uma lutadora feroz. Era ela o esteio, a pilastra mestre da família. Infelizmente, não presenciou a cura do câncer. Deixou marido e filho pré adolescente que precisarão de apoio profissional psicológico para poderem se reorganizar e assumir sua condição. Aos três, meu respeito incondicional.

Nosso Universo interior

A jornada da vida... é caminhando que se faz o caminho

M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal

A correria do dia a dia nos torna pouco sensíveis a observação, e vamos vivendo ligados no automático, com isso, perdemos o melhor da vida que é apreciar o caminho, a chance de aprender e poder ajustar a velocidade... Muitas vezes não sabemos nem dizer se passamos por uma árvore florida, ou ouvimos o cantar de um pássaro..., nosso olhar está sempre voltado para o fim e não para o meio, sem enxergar todas as possibilidades que estão a nossa volta, disponíveis para cada um. Nossos momentos são feitos de es-

colhas, e seguir o caminho prestando atenção aos detalhes pode fazer toda a diferença, pode nos levar a lugares incríveis, mudar as direções, conhecer novas pessoas, ajudar alguém que não conheça, proporcionar mais alegria no seu dia..., temos infinitas coisas a serem apreciadas. É desafiador percorrer um caminho sem pressa e dar os passos necessários para o aprendizado e crescimento, porque durante essa estrada poderemos enfrentar decepções, frustrações, desencontros, solidão, e também podemos nos deparar com novas idéias, novos sabores, e até novas formas de pensamentos. Se estivermos atentos quando estivermos percorrendo o caminho, quando chegarmos ao objetivo veremos que nossa bagagem poderá estar mais leve, fomos soltando o medo, as incertezas, as inseguranças... e adquirindo leveza, bem estar e amor por nós mesmos, e talvez aquele lugar tão esperado para chegar pode já não

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fazer mais sentido, e então faremos um novo caminho que pode ser mais importante do que o nosso próprio sonho. Em geral encontramos a felicidade nos passos dados, no invisível, porque ela é feita de pequenos momentos e não na linha de chegada, a felicidade está onde nos sentimos melhores. Ser feliz é agora. Aprenda a ser feliz caminhando... Pense que é a forma que percorreremos o caminho que serão adquiridos os aprendizados para compor a nossa história. Onde não há movimento, tudo permanecerá absolutamente igual. Basta um passo para você não estar no mesmo lugar. “Façamos da interrupção um caminho novo, da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sonho uma ponte e da procura um encontro.” Fernando Sabino “A HISTÓRIA DOS 2 BALDES Uma vez existia uma menina que morava no topo de uma montanha, ela cuidava da casa e todos os dias ela tinha que descer a montanha para pegar água no rio. Ela tinha 2 potes que amarrava um em cada pedaço de bambu para ela poder carregar nos ombros. Com o tempo um dos potes de água acabou fazendo uma pequena rachadura, ela deu uma olhada mas decidiu que ainda dava para usar o pote, e então todos os dias a menina carregava os dois potes até la embaixo no rio, enchia eles de

água e subia a montanha com eles apoiados nos ombros com a ajuda do bambu. Sempre que chegava em casa o pote rachado tinha perdido metade da água enquanto o outro pote continuava cheio. O pote rachado olhava para o pote cheio e começou a se sentir inútil, envergonhado. O tempo foi passando até que um dia ele resolveu falar com a menina... ele disse, moça me desculpe pelas minhas imperfeições, a rachadura em mim me tornou inútil e eu não sirvo para mais nada. A menina explicou: Pote você não prestou atenção no caminho, olhe a sua volta. Quando estavam voltando para casa o pote rachado observou atentamente o caminho e pela primeira vez o pote olhou para fora, para o que estava a sua volta, e viu que do seu lado do caminho lindas flores estavam crescendo enquanto o outro lado estava seco. Quando a moça chegou perguntou: você observou que as flores estão apenas do seu lado do caminho... Eu sempre soube das suas rachaduras, mas aproveitei isso para dar água para as flores no caminho. O pote rachado se encheu de alegria, e percebeu que ele era uma benção para as flores e plantas ao longo do caminho. Somos únicos. O mundo a nossa volta é muito interessante e podemos apreciar a cor das borboletas. Somos únicos no Universo inteiro, uma linda combinação... Cada um tem a sua história e cada um segue o seu caminho...” Foto: Divulgação

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Diário de um Confinamento

O Alienista de Machado de Assis e a loucura

Ma. Andréa Nogueira

Machado de Assis é um dos escritores brasileiros mais célebres, por sua crítica social dos costumes e leis morais de sua época, pela elegância e estilo sofisticado de sua escrita. Na sua obra, tem saliência a novela “O Alienista”, que trata com ironia fina e sarcasmo o cientificismo positivista da época. Foi publicada na forma de folhetim, no jornal A Estação (Rio de Janeiro), de 15 de outubro de 1881 a 15 de março de 1882. Nesta entrevista ficcional, concedida post mortem, ele nos fala sobre a temática da loucura e seus limites, o cientificismo positivista, temas tratados com cores fortes na obra, e também sobre o preconceito racial e a marginalização do negro ainda presentes em nossa sociedade. O que teria o ‘bruxo do Cosme Velho’ a nos dizer sobre essas questões críticas? Vamos, então, à entrevista.

Foto: cartacapital.com.br

Entrevistador - A temática da loucura está presente nessa e também em outras de suas obras – como em “Anjo Rafael”

(1869) e “Quincas Borba” (1891). Qual a razão de sua insistência no tema? Machado de Assis - A marginalização sempre foi uma questão central para mim. E entre os marginalizados, os loucos. Os manuais de psicólogos e psiquiatras da minha época, antes de reabilitar sujeitos mentalmente disfuncionais, eram verdadeiros mecanismos de justificação da aniquilação se não psicológica, ao menos física, dos indivíduos indesejáveis. A minha preocupação, à época, era com o crescimento desmedido dos asilos e das intervenções dos alienistas. Do positivismo científico que dominava a corte carioca. Entrevistador – Quais são, em sua opinião, os limites entre sanidade e loucura¿ Sabemos os de Bacamarte, protagonista de “O alienista”: “Demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia”. E para o senhor? Machado - Seria uma grande estultice afirmar que os tidos como normais não apresentam a dualidade de condições de sanidade. Somos um misto de bem e mal, de inquietude e paz, de equilíbrio e instabilidade. É inviável se definir a loucura. Uma obsessão de Bacamarte catalogar os casos de loucura. É preciso refletir sobre os critérios cientificistas para demarcação dos territórios entre a razão e loucura. Eu inverto a questão “o que seria a loucura” para “o que é válido no discurso sobre

Machado de Assis 1839 - 1908

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a loucura”. Entrevistador – Em O Alienista, a dúvida entre o que é loucura e sanidade perpassa toda a obra. Qual foi seu intento com isso? Machado - Levar o leitor a fazer a crítica e refletir sobre essas categorias do comportamento humano. Assim, eu o autorizo a duvidar sobre as verdades acerca da razão e da insensatez. E quanto à loucura, leva-lo a perceber o incômodo, o preconceito e função desse fenômeno. Entrevistador - Em determinado momento do livro, Bacamarte percebe que havia falhas em suas concepções anteriores e decreta o inverso do que pregara até então. Estaria ele recuperando a lucidez? Machado - Não se trata de um ataque de lucidez do personagem, pelo contrário. Ele percebe que o germe da loucura prospera porque já habita em todos, sendo ele o único exemplar são da humanidade. Mas, isso não abala sua fé na ciência, antes a reforça, pois ela é investigação constante. Como último paradigma clínico, ele resolve internar-se fazendo de si próprio objeto na busca da cura para a loucura. Ele se autodenomina referência não mais para o estudo da loucura, mas para o estudo da perfeição das faculdades mentais. Sua teoria é controversa. Entrevistador – É possível afirmar que, através da figura de Bacamarte, a obra faz uma crítica severa à ciência? Machado - Não só à ciência, mas ao perigo de se atribuir a um único homem um poder dessa natureza: o de classificar indivíduos segundo o seu critério e tolher a liberdade das pessoas, mesmo que em nome da ciência. Exemplifico citando Nuno de Andrade, diretor do Hospício Dom Pedro II entre 1881 e 1882, no Rio de Janeiro, para quem o “médico é, sem a menor contestação, o único competente para determinar o gênero de trabalho que pode convir ao alienado”. Não podemos superestimar nenhum dogma, nem filosófico, religioso, científico, sobe a pena de cometermos crimes con-

tra a humanidade. Isso sim é a destrutiva loucura. O choque de interesses narrado no meu livro denota a disputa ideológica que ocorria no momento, em que a ciência ganhava cada vez mais espaço na explicação de fenômenos antes elucidados apenas pela Igreja. Bacamarte cujo universo era a ciência, me serviu de caricatura ao despotismo cientificista daquele século, à psicologia sanitarista dominante, como representantes das ideias positivistas reinantes. Tanto que o personagem decide fechar-se na Casa Verde, apesar dos apelos contrários da mulher e dos amigos, entregando-se ao estudo e à cura de si mesmo até sua morte. Entrevistador - O senhor foi também vítima de preconceitos, ao longo de sua vida. O que pode nos falar sobre isso? Machado - Escrever esse livro foi uma forma de denunciar a estigmatização de certos grupos da população e entre eles me incluo. Fui vítima de inúmeros preconceitos, tanto pela cor de minha pele, como por ser epilético e ter ambição literária, vindo de origem modesta. Entrevistador - Como o senhor reage ao epíteto ‘bruxo do Cosme Velho’, que surgiu a partir do poema “Ao bruxo, com amor”, escrito por Drummond de Andrade, em sua homenagem? Machado - Foi gentileza da parte dele essa sua declaração de apreço. Mas na verdade, prefiro a pecha de ‘fantasma camarada’ que certos escritores brasileiros, vindos depois de mim, me imputam como fosse eu um peso que paira sobre suas costas, no momento da criação. (*) “Em certa casa da Rua Cosme Velho (que se abre no vazio) venho visitar-te; e me recebes na sala trajestada com simplicidade onde pensamentos idos e vividos perdem o amarelo de novo interrogando o céu e a noite. - Drummond de Andrade, no poema “Ao bruxo, com amor”. Referências: Revista Psicologia e Saúde versão On-line ISSN 2177-093X Rev. Psicol. Saúde vol.6 no. 1 Campo Grande jun. 2014 Pepsic – Periódicos Eletrônicos em Psicologia

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Contos I

Viagem de formatura

Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Como tudo começou.... Estudava no Colégio Santa Maria de Assis/SP, minha classe era pequena, poucas alunas mas éramos muito unidas e rebeldes. Decidimos que nossa formatura seria diferente, nada de festa ou jantar, mas uma viagem. Depois de muita discussão, escolhemos conhecer Brasilia, a nova capital do Brasil e antecipamos a comemoração para o segundo semestre de 1963, pois a formatura aconteceria no ano seguinte, em dezembro de 1964. Uma aventura para todas nós, alunas do 2o ano do Magistério do Sta Maria. Uma viagem cortando os estados de São Paulo, Minhas Gerais, Rio de Janeiro, Goiás. Na Capital Federal ficamos hospedadas no Brasília Palace Hotel e as Irmãs no Hospital Sarah Kubitschek. Era a primeira vez que ficava num hotel sem a supervisão dos meus pais... liberdade! Estava me sentindo dentro de um filme de Hollywood, aliás todas nós. Vestido de festa, sapato de salto alto e podíamos fumar com piteira, como se fossemos atrizes famosas! Foi nessa viagem que comecei a fumar. Rodamos por todos os pontos importantes de Brasilia, fiquei impressionada com as longas avenidas sem quarteirões demarcados, tudo muito diferente das cidades que conhecia, os prédios pareciam caixotes de cimento. Tive a sensação que estava numa cidade de extraterrestres. Palácio do Planalto, os Ministérios.... Não tinha árvores nas avenidas, tampouco gente caminhando pelas ruas. Passamos os dias 10 e 11 visitando os pontos mais importantes da capital e

na manhã de 12 de setembro rumaríamos para São Paulo. Mala arrumada, ansiosa para voltar e contar as maravilhas das praias de Icaraí em Niteroi, das montanhas de ferro que cruzamos nas estradas de Minas Gerais e da estranha sensação de viver em Brasilia, uma cidade vazia. Mas na madrugada de 12 de setembro fomos acordadas por barulhos estranhos, parecia o ruído de motores e rodas de tratores enormes, que não eram de carros ou algo similar, resolvemos levantar e olhar pela janela do hotel, foi um susto. Eram tanques de guerra que passavam em frente ao hotel, muitos tanques, uma cena de guerra. Totalmente desnorteadas e com muito medo, esperamos o amanhecer para saber o que estava acontecendo. Descemos para o café da manhã assustadas, fomos direto para a portaria. - Senhor, o que aconteceu na madrugada, barulho estranho, não conseguimos dormir, olhamos pela janela e vimos tanques de guerra passando em frente do hotel. - Também não sabemos o que acontece, mas recebemos ordens de não deixar nenhum hóspede sair.... parece que tem uma revolução. - Revolução? Nós vamos morrer aqui e ninguém vai saber? - Fiquem tranquilas, assim que soubermos o que realmente acontece, avisaremos vocês. Mas por favor, não saiam do hotel, fiquem por aqui. - Como vamos voltar para casa? Passamos o dia 12 de setembro conversando com os poucos hóspedes que ficaram no hotel, resolvemos aproveitar a piscina, o bar, conhecer a boate e caminhar pelo hotel.... afinal, era uma grande aventura. Não tínhamos noticias de nada, mas lembrei que meu pai tinha anotado um telefone de um amigo caso precisasse de ajuda. Ao mesmo tempo que tinhamos medo, estávamos felizes, longe da tutela das irmãs. Ninguém podia sair nas ruas. Dia livre!! Liguei para o amigo do meu pai, o deputado Ranieri Mazzilli e contei que

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estávamos muito assustadas, sem saber como fazer para sair de Brasília. O deputado foi extremamente gentil e me disse: - Não se preocupe, vou ajuda-las. Mas afinal o que vieram fazer aqui? - Viagem de formatura, queríamos conhecer Brasília, a nova capital... hoje voltaríamos para São Paulo. Dei a nossa direção e o endereço das Irmãs no Sarah Kubitschek.

- Amanhã vou pedir proteção para que possam partir. Não se preocupe e avise o Vicente, diga-lhe que mando um abraço. No dia 13 de setembro, nosso ônibus foi escoltado por batedores e saímos de Brasília, mal tinha idéia que estava no meio de um fato histórico: a Revolta dos Sargentos, pouco conhecida, mas acho que vale a pena contar.... Eu estava lá!!!!

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História

12 de Setembro de 1963: A revolta dos Sargentos

por: Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

A Revolta dos Sargentos, foi uma rebelião promovida por cabos, sargentos e suboficiais, sobretudo da Força Aérea e da Marinha do Brasil, em 12 de setembro de 1963, em Brasilia, motivada pela decisão do Supremo Tribunal Federal de reafirmar a inelegibilidade dos praças para os órgãos. A Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1946, ou Constituição de 1946, foi a quinta constituição brasileira, sua quarta republicana e terceira de caráter republicano-democrático, promulgada após a queda do Estado Novo em 1945. Um texto redemocratizador, a Carta de 1946 espelhava a derrocada dos regimes totalitários na Europa e o retorno, ainda que tênue, dos valores liberais no mundo. De certo modo, ela tratou de restabelecer os valores democráticos e republicanos da Constituição de 1934, como a liberdades de expressão e as eleições diretas para os principais cargos do Executivo e Legislativo, e de instituir alguns novos preceitos, como a ampliação do voto feminino para todas as mulheres e a inviolabilidade dos sigilos postais. No entanto, indicando tendências centralistas do Poder Executivo, esta Constituição também manteve algumas prerrogativas do período getulista, a exemplo do corporativismo sindical. Sua vigência durou até a Constituição de 1967, mas, na prática, ela virou “letra

Fotos: Brasil Escola morta” nas mãos dos governantes militares logo após o Golpe de 1964. A Carta de 1946 proibia, embora de forma pouco explícita, que os chamados graduados das forças armadas (sargentos, suboficiais e cabos) exercessem mandato parlamentar em nível municipal, estadual ou federal. Nesse sentido, o direito à elegibilidade foi o móvel principal das campanhas da categoria. Durante o mandato deJoão Goulart (1961-1964), o movimento dos sargentos foi fortalecido devido a sua participação, durante agosto e setembro de 1961, na campanha da legalidade, que garantira sua posse na presidência da República. Além disso, o movimento apoiava as reformas de base (agrária, urbana, educacional, constitucional etc.) preconizadas pelo governo. Em 1962, os sargentos do então Estado da Guanabara, de São Paulo e do Rio Grande do Sul indicaram candidatos próprios para concorrer à Câmara Federal, às Assembleias Legislativas e às Câmaras de Vereadores no pleito de outubro. Se na Guanabara, o sargento do Exército Antônio Garcia Filho elegeu-se deputado federal e, apesar do impedimento constitucional, tomou posse em 1º de fevereiro de 1963, no Rio Grande do Sul e em São Paulo, os candidatos eleitos – respectivamente, Aimoré Zoch Cavalheiro e Edgar Nogueira Borges, ambos sargentos do Exército - foram impedidos de assumir seus mandatos de deputado

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estadual e vereador. A questão da elegibilidade mobilizou a classe em 1963. No dia 12 de maio, cerca de mil graduados reuniram-se na cidade do Rio de Janeiro para discutir a situação. Durante a reunião, o subtenente Gelci Rodrigues Correia declarou que a categoria não podia se comprometer a defender a ordem reinante no país, pois ela “beneficia uns poucos privilegiados” e referiu-se à possibilidade dos graduados “lançarem mão de seus instrumentos de trabalho... para exigir as reformas de base do governo federal”. Em 23 de maio, o ministro da Guerra Amauri Kruel puniu Gelci com trinta dias de prisão. No dia 11 de setembro, o Supremo Tribunal Federal confirmou a sentença do Tribunal Regional Eleitoral gaúcho acerca do impedimento da posse do sargento Aimoré, o que implicava em que os sargentos, suboficiais e cabos eram declarados, definitivamente, inelegíveis.

deputado Clóvis Mota, foi recolhido ao DFSP. Os rebeldes, chefiados pelo sargento da Aeronáutica Antônio de Prestes Paula, receberam o apoio dos deputados Sérgio Magalhães, Neiva Moreira, Lamartine Távora, Marco Antônio Coelho, Henrique Oest e Emanuel Waissman, que compareceram à Base Aérea em nome da Frente Parlamentar Nacionalista. Um grupo de 150 cabos e sargentos tentou ocupar o Ministério da Aeronáutica, mas a recusa da guarda de plantão do edifício em aderir forçou-os a se retirarem. O presidente Goulart encontrava-se fora de Brasília, em visita à cidade de Pelotas - RS, mas cerca de 12 horas depois da eclosão, o levante, ressentindo-se de qualquer tipo de organização, esse foi sufocado por tropas do Exército, cujos graduados, com exceção de dois ou três sargentos, não haviam aderido à rebelião. No dia 13, o sargento Prestes de Paula foi preso pela Polícia do Exército. O número total de detidos chegou a 536, sendo 284 da Aeronáutica e 252 da Marinha. Os prisioneiros foram mandados para o Rio, onde foram alojados em um barco presídio, ancorado na Baía de Guanabara. Suspeitos de terem participado do planejamento da rebelião, os principais líderes do movimento dos sargentos foram, imediatamente, presos no Rio, em São Paulo e no Rio Grande do Sul. Foi instaurado um Inquérito PoliBrasília sob o controle dos rebeldes cial-Militar - IPM na 2ª Auditoria do Exército, em São Paulo. Deflagrada a rebelião na madrugada do Em 19 de março de 1964, os 19 india 12, cerca de seiscentos graduados da diciados no IPM, todos sargentos, foram Aeronáutica e da Marinha apoderaram- condenados a quatro anos de prisão. -se dos prédios do Departamento Federal de Segurança Pública - DFSP, da Estação Referências Central de Rádio-Patrulha, do Ministério «A revolta dos sargentos - CPDOC - FGV». da Marinha, da Rádio Nacional e do De«Revolta dos Sargentos: a importância partamento de Telefones Urbanos e Inte- histórica de um movimento pouco lemrurbanos - DTUI. brado - Jornal Opção». As comunicações de Brasília com o «Arquivo conta o dia de 1963 em que 630 resto do país foram cortadas. Vários ofi- militares sitiaram Brasília - O Globo». ciais foram presos e levados para a Base «Rebelião em Brasília - Acervo Folha de Aérea de Brasília, foco da sublevação, S.Paulo». «Militares de esquerda: particionde, também, ficou detido o ministro pação política e engajamento na luta ardo STF Vítor Nunes Leal. O presidente, mada - Wilma Antunes Maciel» em exercício, da Câmara dos Deputados,

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O que aprendi com minha vó

Chuva de bolinhos

Carolina Conti Jornalista

Bolinho Marrom Ingredientes: 2 1/2 xícaras de farinha de trigo 3 ovos 1 xícara de açúcar 1 xícara de leite 1 colher de chá de fermento em pó 3 colheres de sopa de açúcar 1 colher de sopa de canela Modo de preparo: Misture todos os ingredientes até ficar uma massa mole e homogênea. Em uma panela com o óleo bem quente e com a ajuda de uma colher, vá colocando as bolinhas de bolinho. Quando dourarem, as retire. Polvilhe com açúcar e canela e sirva.

Foto: arquivo

A gente chegava sempre tarde pro almoço pronto. Molho no ponto, água fervida, a massa à espera. Faltava o frango. Então, a vó me pegava pela mão e o caminho curto até a vendinha da esquina da Padre Antônio, ficava comprido por conta da farra. Uma conversa com o passarinho, a frutinha madura na árvore, e a parada obrigatória no jardim da branca de neve: “ó lá, Ló, aquele ali continua zangado...”. Eu adorava. Menos por eles, os anões, e mais pelas balas que ganhava da dona da casa e dos bonecos de gesso. Na volta: “nossa, como demoraram!”. “Pois é, a venda estava muito cheia...” Mesa pequena pra tanta gente, esgotando os bancos extras. Macarronada, frango, queijo, pão e, depois, Faustão na tevê de tubo e conversa no sofá, enquanto meu pai roncava na poltrona amarela. No meio da tarde, o cheirinho do café e o tilintar das tigelas e panelas na cozinha. Prenúncio de uma alegria chamada “bolinho marrom”. A maioria das pessoas o conhece como bolinho de chuva, mas a vó batizou de marrom, o que caía bem porque era

da cor de sua pele e tão doce quanto ela. Além de a gente também comer nos dias de sol. Eu acompanhava a feitura dessa delícia de perto e vibrava – em especial – em dois grandes momentos. O primeiro, era quando ela mexia as gemas com o garfo tão rápido que elas viravam um redemoinho divertido dentro do recipiente e, o segundo, quando dava a mim a incumbência de polvilhar os bolinhos fritos com açúcar e canela e servir às pessoas o que “tínhamos feito juntas”. Era uma chuva de bolinhos, mas daquelas de verão que acabam logo. Família italiana e de glutões. Não havia segunda rodada, ainda bem que espertamente tínhamos salvo nossa parte antes de levar o prato à sala. Hoje é domingo e já teve macarrão. Agora, tô sentindo um perfume de café....só falta uma coisa! Vamos de bolinho?

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Reutilizando materiais

Cortes complexos em mosaico

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Umas das técnicas mais aprimoradas é o chamado “corte perfeito”, ou “corte complexo”, onde muitos artistas se utilizam de outras ferramentas para conseguir um ajuste ou “fabricar” a peça necessária para determinado trabalho. É possível fazê-lo só com o torquês, sem recorrer a outras ferramentas? Produzir uma tessela com corte côncavo, convexo, curvo, reto, com reentrância, ou reto, como se fosse cortado a máquina? A resposta é SIM. Para conseguir esse é preciso muita sensibilidade e técnica, conforme ensina em seus cursos o mosaicista desse mês: Luciano Torres Magalhães, 52 anos, natural de Recife. Até onde pode chegar um auxiliar de construção civil, franzino e sem recursos, que vê a vida ir passando, passando, sem muitas opções e, repentinamente, percebe a oportunidade passar a dois passos e agarra-a com unhas e dentes, vendo ali uma oportunidade? Uma oportunidade e um conselho foram suficientes para esse caminho ser trilhado. História à parte, a frase “Você pode mudar sua vida fazendo isso” foi determinante ao demonstrar a uma patroa que ele poderia fazer algo em mosaico, semelhante a uma peça que ele viu ao acaso e demonstrou, se valendo das horas de almoço. A partir dessa frase, juntando com uma experiência antiga, a trajetória sempre foi de superação, ajuda de amigos, vontade de inovar e se jogar para o mundo, num mundo que não tem fronteiras. Lutou e percebeu as necessidades incomuns no mercado e especializou-se em

fazer cortes pouco comuns com a torquês. Produziu, divulgou trabalhos nas redes sociais, foi questionado e com base nesses questionamentos demonstrou a sua capacidade. Pela inovação surgiu o primeiro curso e a partir daí não parou mais. Essa história, com mais detalhes, foi contada pela revista Mosaico na Rede, editada por Magaly Foriano, com link ao final da coluna. Como sua técnica é caracterizada pelo uso da torquês, lançou sua própria marca de torquês, mais leve e eficiente para esse tipo de trabalho. Normalmente o ato de quebrar um pedaço de azulejo nos remete a uma ação violenta. Pega a torquês, coloca num pedaço de azulejo, dá-lhe uma mordida com as pinças da ferramenta e a quebra, com a incidência da força. Para se valer da técnica de corte perfeito, o projeto começa muito antes, e as peças necessárias, com tamanho e forma, já foram pré-definidas. Dessa forma, a arte já começa na maneira de cortar, onde a peça é desenhada a caneta no azulejo e recortada aos poucos, quase carinhosamente, tomando aos poucos a forma necessária, para depois ser colada no local exato, obedecendo ao encaixe da peça recortada anteriormente, até que o quebra-cabeças seja inteiramente formado. É um trabalho delicado e às vezes moroso, conforme os preceitos de quem procura fazer um trabalho perfeito. Eu acho que em todas as experiências que tive com mosaico, essa é a que mais se pode ouvir: “Não quebre, pelo amor de Deus”, ou, “PQP vou ter de fazer outra”, ou, “Eu acho que vou me matar”, nos casos de peças que se quebram por falta de habilidade ou mesmo por defeitos no material, mas também se houve: “Viva, consegui!”, ou “Finalmente acertei o corte!”, e, finalmente: “Acabei e ficou lindo!“. Podemos dizer que nesse curso, a

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vontade de acertar os detalhes e conseguir se superar a cada complexidade são ações e sentimentos comuns aos participantes. Sentimentos que remetem à vida e, da mesma forma, a cada curso o sentimento do professor é de missão cumprida, pois essa foi a vida que levou até ali - Superação. Atualmente Luciano está fazendo parceria com uma velha conhecida nossa, já citada nessa coluna, Lia Pereira, do Atelier Garagem da Vovó e, nessa época de pandemia, ambos ministram cursos online. Sempre destaquei nessa coluna que o artista sempre percebe a arte em qualquer lugar, mesmo sem saber o nome daquilo que está vendo. A vida se encarrega de mostrar o caminho e cabe ao artista, unicamente a ele, a decisão de segui-lo, não importando sexo ou idade. Os benefícios da arte devem ser observados e conquistados, com experiência, determinação e empreendorismo. Até mais... Referências: https://www.facebook. com/luciano.torresguimaraes.7 https:// www.facebook.com/ateliegaragemdavovo http://www.mosaiconarede.com.br/ noticias.php

Detalhes do trabalho de Luciano Torres Magalhães

Fotos: divulgação - enviadas pelo colunista

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Ana Luna Cabelo Branco Crônicas do Cotidiano

Mas não tem ninguém olhando... Brasil, meu Brasil Brasileiro...

Ana Luna Graduada em Letras

Foto: divulgação

“Não tem ninguém olhando” foi o que um comerciante em uma feira em São Paulo ouviu de um assíduo freguês ao ver que não havia mais degustação por conta da pandemia. Me deixa experimentar ? Colocar o cinto de segurança sem fechar só para não ser multado. Colocar a máscara no queixo.... Tentar entrar na frente nas filas.... Passar com farol vermelho.... Resistir às leis, Recentemente muita gente se inscreveu no auxílio pandemia sem ter necessidade. Brasil, meu Brasil brasileiro.... Não acreditei quando ouvi que super faturaram os respiradouros para o Covid... O que ? Não. Por favor não. Não. Saqueiam caminhões tombados... Não apenas os grandes empresários e políticos muitas vezes são corruptos.

Corrupção pode estar bem mais perto. Usar carteirinha de estudante sem ser um. Olha só ! A vaga do idoso ou vagas para deficientes. Lamentável. Não usar máscara porque ninguém vai me dizer o que eu devo usar. Hã? Bater o ponto por outro. Que feio . Ou aquele dedinho de silicone que profissionais usavam, lembram? Engenhoso para o mal. Usar a senha da Netflix. Pode ???? E usar o cartão acima de 60 da mãe para não pagar no metrô ? Ai que vergonha.... São mentiras. São atos ilícitos que se usa durante a vida para a famosa Lei Própria. Vamos mudar. Dar exemplo a quem está por perto. Chamar à atenção . Ficar atento. Agir sempre como se estivéssemos com todos olhando. Não importa o motivo. A primeira vez que fui à Itália, percebi que cada um vai lá e carimba o tíquete da passagem. Sem ninguém cobrar. É a obrigação do cidadão fazer isso. Já pensaram isso aqui ? Que pena.... Algo há de mudar. Vamos sair dessa. Brasil, meu Brasil brasileiro....

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Dicas de Saúde Física e Mental

O segredo dos Mudras Marcia Castilho Instrutora de hatha yoga. Yoga terapia hormonal e meditação para pessoas e empresas. Programa bem estar e yoga em cia.

Mudras são gestos geralmente com as mãos e dedos que têm um significado, ou melhor, uma função. Eles são gestos simbólicos. Em todas as culturas estamos continuamente fazendo mudras como por exemplo os mudras com mão como “pare” ou “tchau”. No Yoga existem mudras que influenciam em nossa respiração e em nossas meditações mas também controlam funções do sistema nervoso pela união de terminais nervosos do simpático e parasimpático. Eles são gestos simbólicos de união de duas dualidades como espiritual e física , prâna solar e prâna lunar. JNANI MUDRA:para executá-lo unimos indicadores e polegares com isso ativamos área do pulmões e metabolismo. Este mudrá também realiza favorece a circulação e concentração de energia prânica em nosso corpo sem que ela se perca.

Fotos: Enviadas pela colunista

Jnani Mudra : o dedo indicador toca a ponta do dedo polegar. Ativa a região baixa dos pulmões e órgãos abdominais. Jnani mudra médio:o indicador toca a articulação média e ativa área média dos pulmões e metabolismo. Jnani mudra fechado: o indicador toca a base do polegar ativando a região alta dos pulmões e facilita a meditação. PRANA NADI MUDRA: para executá-lo fechamos os dedos das mãos sobre os polegares.Este é um potente concentra de energia.

São muitos os outros mudras existentes, mas hoje eu trouxe alguns para que vocês pudessem ter uma idéia do que são e de como funcionam. Acesse o Instagram: @divinayoga.santos ou fale diretamente comigo pelo celular: (13)99608-6600.

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‘Causos’ do Nordeste

Antonio Francisco, o maior poeta do mundo!

Tony de Souza Cineasta

Antonio Francisco é apenas três anos mais velho que eu, mas na minha adolescência, ele já era uma lenda lá em Mossoró, nossa cidade. O cara se metia a fazer tudo e conseguia com perfeição. Era atleta, corria a pé e de bicicleta, jogava bola, era sapateiro, sabia fazer tijolo, telha, pião, mexer com madeira, ferro, sabia tocar, cantar, fazer qualquer coisa. Mas o que mais me encantava era sua fama de estrategista. O responsável por fazer Antonio Francisco se tornar uma lenda para mim foi Tonho de Capitão. Esse cara me contou inúmeras vezes as lutas que ganhou contra as gangues de vários bairros de Mossoró, orientado por Antonio Francisco. As gangues se enfretavam nas ruas, e cada um levava um bisaco cheio de seixos que catavam no rio. As lutas eram na base da pedrada. A turma de Tonho de Capitão tinha uma gangue inimiga. Uma espécie de turma da Zona Norte do HQ de Luluzinha e Bolinha. Eram garotos mais velhos, que

saiam de seus bairros, em busca de briga nos outros bairros. Tonho morava no Alto da Conceição e Antonio Francisco na Lagoa do Mato. Tonho conseguiu que ele aceitasse ser o conselheiro de sua turma. E assim com as orientações de Antonio Francisco Tonho nunca perdeu uma briga. E como Antonio Francisco se tornou o rei do cordel? Antes de mais nada, devo dizer, que ele conseguiu isso porque possui algo fundamental a todo grande artista. O espírito aventureiro. Como Almeida Garret que viajou por Portugal e escreveu “Viagnes na Minha Terra”, Antonio Francisco viajou o Rio Grande do Norte inteiro numa bicicleta. Conheceu cada recanto de nossa terra. Só se aventurou na literatura aos 46 anos. Assim como Miguel de Cervantes, primeiro viveu suas aventuras e depois, já maduro, dedicou-se a arte de escrever. Por merecimento ocupou a cadeira que pertencia a Patativa do Assaré, na A cademia Brasileira de Literatura de Cordel. Começou com um poema chamado “Meu Sonho” em 1995 e não parou mais de sonhar. Sensibilidade, vivencia, experiência, aliados aos estudos, mesmo com idade avançada fez graduação em história, são os elementos que levaram o poeta Braulio Bessa a considera-lo o maior poeta do mundo. Viva Antonio Francisco!

Antônio Francisco Teixeira de Melo

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Dicas de Viagem

Ilha da Tasmânia, Estado insular dentro da Austrália

Anete Z. Faingold Engª. da Computação

A Tasmânia é grande, tem quase 70 mil quilômetros quadrados, metade da ilha é composta de reservas naturais. Pode-se ir de carro desde Sydney, com o navio “Spirit” da Tasmânia. São mais ou menos 12 horas de navio em direção à Antártica. Nós optamos por ir de avião de Sydney até Launceston. Chegando lá alugamos um carro para poder visitar todas as cidadezinhas e locais turísticos. A ilha é conhecida como o “celeiro da Austrália”, muito cultivo, criação de ostras, fazendas de gado e vinícolas. Viajando pelas estradas ao anoitecer devemos ter um cuidado especial, os cangurus e wombats saem e começam a cruzar as pistas. É uma verdadeira loucura, parece um enxame de cangurus pulando a toda hora. Havíamos visto algumas placas e não entendemos o significado, mas no primeiro entardecer percebemos o que as placas queriam dizer. Os cangurus saltam e o carro facilmente os atropela. Outra dica importante: aonde encontrar posto de gasolina complete o tanque, pois tem locais sem um posto sequer e assim, nós quase ficamos sem combustível. Nesta enorme ilha australiana chegaram os primeiros “convicts” ou prisioneiros da Grã Bretanha. Todos passavam por uma triagem, alguns ficavam e outros eram levados para a Ilha principal, Austrália. Pode-se visitar algumas prisões e sítios da época, um deles o Port Arthur, um cárcere que se iniciou em 1830, sendo o maior e mais antigo presídio da Austrália. Hoje é patrimônio nacional da UNESCO.

A natureza da Tasmânia é deslumbrante e apesar de termos ido no verão não faz tanto calor. Para conhecer toda a ilha a estadia recomendada é de 10 a 15 dias, optamos por ficar 10 dias. Alugando um carro tínhamos a liberdade de ver todos os lugares sem pressa. Fomos até uma fazenda de morangos, colhemos morangos e compramos nossa própria colheita. Visitamos fazendas de criação de salmão, ostras, criação de cabras e fabricação de laticínios, fazendas repletas de lavanda e papoula. Não poderia faltar a visita a parques, na entrada preenchemos um caderno com o horário de entrada e na saída dávamos baixa, uma maneira interessante para saber se alguém se perdeu na trilha. Na Tasmânia existem 21 parques, nós escolhemos alguns deles. Fomos passear em um zoológico, vimos animais típicos da ilha e o famoso “demônio da Tasmânia”, que atualmente está em extinção. Estes animais adquiriram uma doença na boca e muitos acabaram morrendo. Percorremos de carro a “Great Ocean Drive”, no caminho parávamos em todos os cantos. Ficamos em hotéis simples e muito bem equipados. Certo dia fiquei com vontade de comer ovos e vi uma placa direcionando a uma fazenda, onde havia um cartaz: ovos por AU$2. Seguimos a estradinha da placa, chegamos a uma fazenda com tudo aberto, batemos palmas, gritamos e nada… ninguém se encontrava no local. Ali, num pequeno recinto encontramos uma mesa com caixas de ovos, chegamos à conclusão que era para pegar os ovos e deixar o dinheiro. E assim o fizemos, foi uma experiência e tanto. Comemos os ovos com um prazer enorme. A última cidade que visitamos foi Hobart, a capital e maior cidade da Tasmânia. Lá visitamos o museu Mona (Museum of Modern National Art), passamos o dia neste museu e posso dizer que realmente vale cada segundo. Depois de visitar o interior, ficamos na parte externa

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ERRATA

Foto: Meio Ambiente da Austrália

sentados em puffs escutando uma boa música e lanchando. O visual externo do museu bordeando o mar é extasiante. Não tenha pressa de se deliciar a cada momento nesta maravilhosa ilha, comendo ostras harmonizadas com um ótimo vinho branco local, comendo as melhores cerejas e visitando lugares com paisagens únicas, de tirar o fôlego. Confesso que uma das experiências mais impressionantes foi quando passamos de carro por uma estrada na qual avistávamos o mar dos dois lados. A nossa viagem terminou em Hobart e então pegamos o avião de volta para Sydney.

Nosso cafézinho

nos? Resposta correta - Onde atuo como instrutora, BaresSP*, o curso é de dois dias, porém 90% do curso é aula prática e focado nas principais técnicas de extração Cida Castilho do café e no melhor resultado na xícara. Barista *Havíamos colocado SENAC Na edição anterior de nº 14 cometemos Pedimos desculpas pela nossa falha a Bia um erro de digitação e assim, segue a Sobral e aos nossos leitores ERRATA do mesmo. Cida Castilho Barista Senior Perguntamos - E aqui no Brasil, tem al(011) 99914 8868 gum curso que se assemelha aos italiaCidacampos52@gmail.com

A artista do Café Na próxima edição apresentaremos um Suplemento Especial sobre Valéria Vidigal, a artista do café. Seguem alguns quadros dessa artista:

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Lembranças que falam

Projeto do Grupo “Trabalho 60 mais”

Luiz Arnaldo Moncau

É impossível falarmos do projeto “Lembranças que Falam” sem antes falar do Grupo Trabalho 60+, que surgiu em fevereiro de 2017 e nunca interrompeu seus encontros semanais presenciais. Um grupo aberto, inclusivo, em busca de trabalho cooperativo, prazeroso e com justa remuneração. Juntos, buscamos somar nossas múltiplas vivências e experiências na realização de projetos e apoio a iniciativas que tragam uma nova perspectiva de vida. Essa soma de nossas vivências, experiências e histórias atingem um patamar de excelência de vidas: pessoal, profissional e social. Com o advento da Covid 19, nosso grupo não perdeu nem sua vitalidade nem a vontade de seus membros de participar e fazer coisas novas. Enfrentamos o desafio, desenvolvemos novas habilidades na área de tecnologia, e até crescemos, pois hoje temos cerca de 25 reuniões semanais virtuais envolvendo diversas iniciativas e atividades, mais de 300 membros ativos e quase 3.000 seguidores nas redes sociais. Com as reuniões virtuais novos membros, distantes fisicamente e mesmo fora do Brasil se juntaram a nós, pois nos orgulhamos de estarmos abertos e prontos a acolher novas presenças. Foi em uma dessas reuniões que um dos membros perguntou: “Puxa vida, estava vendo fotografias antigas, e gostaria tanto que seus personagens pudessem falar das emoções ou alegrias daquele momento. Ver uma foto minha ainda pequeno e ouvir minha mãe falando.” Pronto! A faísca de uma ideia diferente, tão comum em nossos encontros, logo virou uma chama. Um novo grupo se formou, e fomos atrás da tecnologia que possibilitasse materializar essa ideia.

Sabemos que nosso olhar 60+ faz uma diferença enorme. Só nessa idade sabemos o valor das lembranças, porque as temos e são muitas. Só nós temos essa sabedoria, para ouvir uma pessoa interessada mostrar uma foto que a princípio nada diz, e ao mesmo tempo ouvir uma gravação na qual ela fala o quanto e porque aquele momento marcou aquele dia. Ficamos imaginando, daqui a 20 ou 30 anos, um garoto ou rapaz pegar uma foto de uma reunião infantil, e ouvir a voz de seu avô ou avó contando a arte que seu pai criança fizera naquela festa. E assim surgiu o “Lembranças que Falam”, um projeto que faz as fotos deixarem de ser frias e distantes para ganharem Vida! Fomos atrás da tecnologia, apanhamos, mas aprendemos a dominá-la, pois para surpresa de muitos somos uma nova geração de idosos, que nada teme, nada precisa provar, e que ainda tem muito a fazer e conquistar. Essa é apenas uma das muitas iniciativas surgidas no Trabalho 60+. Pequenas coisas que enchem de alegria e orgulho nossos dias, nosso prazer de viver, fazer, compartilhar. “Vem junto” é um de nossos lemas. Vem junto, traga suas ideias e seus sonhos, ou participe de um dos muitos sonhos nossos que se tornaram realidade. Vem e ilumine seu olhar, seu viver. www.trabalho60mais.com.br

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Falando em escrever

Chão de Cabelos

Rosa Maria Rodrigues Castello Consultora em Direitos Autorais

Norival Pacheco da Silva, nascido em São Paulo, no meio da década de 50, exatamente em 55, iniciou-se na profissão. Com 15 anos começou a cortar cabelo e fazer barba oficialmente, pois só tinha 3 anos de barbearia, onde aos poucos foi introduzindo melhorias em relação a higiene estética, privacidade e impondo novas ideias, inclusive a mais simples de lavar os cabelos antes do corte, que não era hábito de muitos, técnicas novas de corte, presença de mulheres no salão, também outra situação que não ocorria pelo comportamento dos homens. Com tudo isso veio a primeira conquista, ou seja, o campeonato das Américas, depois aparicões na tv, jornais e revistas, mudando o conceito do povo e notando que as pessoas também queriam um novo sistema de salão. E ai senti a vontade muito grande que eu tinha de falar pra todo mundo que eu tinha conseguido mudar o salão de barbeiro, porém não via como fazer isso. Daí então comecei a escrever para

que um dia fosse conhecida toda essa mudança. Nunca parei de escrever sobre a profissão, até que, juntando de tudo, deu nesta história, nessa trajetória profissional cheia de assuntos, cheia de técnicas, de fotos, de conhecimentos adquiridos ao longo desses 40 anos. Editor: Esse é apenas um pedaço daquilo que você pode encontrar no livro Chão de Cabelos - A história de sucesso do caleireiro do século XX - Editora Pacheco.

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.48

segue


Um pouco sobre nossa nova colunista

Rosa Maria Rodrigues Castello é profissional do livro, mãe, avó e atualmente em algumas frentes de trabalho. Consultora na Castello Consultoria Editorial atuando no mercado de livros há mais de 30 anos, possui graduação em Administração de Empresas pela Universidade São Judas. Possui sólida experiência em desenvolvimento de carreira em gestão de pessoas e processos com ênfase no segmento editorial, mais especificamente na área de Direitos Autorais. Na Editora Moderna trabalhou com questões de gestão e coordenação de processos de reestruturação e profissionalização da área de Direitos Autorais cuidando da gestão de documentações referentes aos editais dos Programas de Governo junto ao MEC (didáticos e paradidáticos) no que tange aos autores, elaboradores e colaboradores. Coordenou a entrada de originais de obras gerais, participou e colaborou para a implantação do Sistema Editorial, Sistemas de Licenciamento e Autorizações de Textos (textos em geral, além de autorização para a tradução das obras para o Braile e Libras). Também foi responsável pelo relacionamento com autores (cerca de 500 autores), agentes literários, herdeiros e sucessores, controle de prazos, elaboração e conferência de contratos de edição e cessão de direitos autorais, licenciamento de textos de livros didáticos, de literatura e prestação de contas e pagamentos aos detentores de direitos. Foi responsável pela criação do curso “A gestão do direito autoral: controle de direitos, licenciamento e organização práticas dos dados” pela Universidade do Livro da Editora da Unesp lecionado em setembro de 2017. Para 2018 será lançado em breve o curso “As Principais Dúvidas na Gestão de Direitos Autorais”. Fui uma das fundadoras da CIVM - Comissão Interna de Voluntariado, na Editora Moderna. Durante cerca de 10 anos participei ativamente das ações de voluntariado com e de sustentabilidade. Criamos várias ações e campanhas para reaproveitamento de papel, incentivamos os colaboradores a compartilharem suas

habilidades junto algumas instituições do entorno da empresa e também em campanhas Nacionais https://www.facebook.com/ModernaCIVM/ Atualmente faz parte do Grupo 60+. ‘Tenho, desde 2017 participado de cursos como: Empreendedorismo 60+ no Sebrae, na Fatec-Ipiranga participou do Curso Marketing Digital para Iniciantes, SESC Av. Paulista o curso Reporte 60+, participa, desde jan. 2020, como membro da criação da e-Editora , um Negócio de Impacto Social que conta com apoio da Unibes Cultural e é ligada ao coletivo Trabalho60+. Está produzindo e-books sobre a história de todos os bairros da cidade de São Paulo, pelo olhar de quem mais viveu neles, os cidadãos 80+.

www.castelloeditorial.com.br

Seja um doador mantenedor da nossa revista entre em contato com Manoel Carlos por telefone ou whatsapp (11) 9.8890.6403 seu nome terá (ou não se preferir) um agradecimento e um destaque na próxima edição

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.49


Em todas as telas

Veteranos das artes como Lima Duarte, se reinventam nas redes sociais

Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Sempre se reinventando e buscando novos caminhos, veteranos das artes e de outros segmentos estão migrando para os canais online como é o caso do jornalista Cid Moreira (@ocidmoreira - Instagram), de 92 anos, e os atores Ary Fontoura, 87, e Lima Duarte, 90. Bom humor, vivências e experiência de vida é o que eles trazem para as redes sociais. Cid, ou “Cidão”, tem mais de 700 mil seguidores no Instagram, e Ary Fontoura passou de 1,5 milhões. Lima Duarte ainda está começando seu canal oficial no YouTube, com quase cinco mil inscritos. Com certeza pessoas com muita história para contar. Bom humor é principalmente a marca de Ary Fontoura, que no ano passado foi destaque na novela A Dona do Pedaço, com direito a um triângulo amoroso com Suely Franco, 80, e Nivea Maria, 73 anos. Destaque aqui, porém, para Lima Duarte que no ano passado estrelou o curta-metragem A Volta para a Casa, escrito e dirigido por Diego Freitas. Em poucos minutos se fala do abandono de pessoas idosas em instituições de longa permanência, que vivenciam a solidão no momento em que mais precisam de acolhimento. O curta-metragem fez parte da mostra A Poética da Velhice, com cinco produções com a temática dos desafios do envelhecimento exibidas no site do Itaú Cultural. Produções sobre desemprego e novos caminhos (Pela Janela), acumulação (Acúmulo), luto (Submarino) e o tempo diferente do sertão mineiro (Girimunho). Voltando para casa com Lima Duarte, o marceneiro Plínio divide seu momento com o jardineiro Anselmo, vivido por Gui-

lherme Rodio, também responsável pelo argumento da produção. Eles compartilham o caminho para casa, criando e resgatando memórias. Youtuber Também em seu canal oficial o ator compartilha suas memórias e vivências, como sua paixão pelo escritor João Guimarães Rosa. Em dos vídeos, ele lembra que o escritor foi cônsul-adjunto e em Hamburgo, na Alemanha, e com a esposa Aracy, conseguiu vistos para judeus entrarem no Brasil. Importante ação que será retratada em uma série. Os vídeos de Lima me fizeram recordar sua homenagem ao amigo Flávio Migliaccio, ator de 85 anos que que se despediu do mundo em maio. A frase de abertura do vídeo era “Eu te entendo” e discorreu sobre o trabalho dos dois, e de tantos outros grandes nomes do teatro, para destacar o povo brasileiro em cena. Segundo ele, atualmente 1964 nos ronda, há uma devastação dos velhos e “os que lavam as mãos o fazem em uma bacia de sangue”. Trecho de Os Fuzis da Senhora Carrar, de Bertolt Brecht. Não vamos lavar as mãos, vamos combater o preconceito etário, valorizar as pessoas idosas que ainda têm tanto a contribuir com a sociedade. Que os 60+ sejam cada vez mais protagonistas de suas histórias, não só no mundo da ficção, das artes, mas, principalmente, no mundo real.

Veteranos das artes, como Lima Duarte, se reinventam nas redes sociais (foto: Divulgação)

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.50


A História da Arte A Arte Muçulmana

Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

A incrível rapidez com que o Islame cresceu através do Oriente e Norte da África continua a ser um dos maiores fenômenos da História do Mundo. Os mandamentos éticos do Islame também são fundamentalmente semelhantes ao Judaísmo e o Cristianismo. A grande diferença é que o Islame não exigem um sacerdócio; cada Muçulmano tem igual acesso a Alá e suas obrigações são: a oração a certas horas do dia, a esmola, o jejum e uma peregrinação a Meca. Todos são como irmãos, membros de uma grande comunidade. O maior destaque da arte Muçulmana são os mosaicos e as grande Mesquitas e suas maravilhosas colunas em meio a uma decoração com cores sem precedentes. Em muitos desse mosaicos vemos a representação principalmente de paisagens

como na Grande Mesquita de Damasco (foto abaixo). Construída de 706 a 715 d.C. os mosaicos são de vidro de origem bizantina. Como citamos, outro tesouro da arte Islame são as lindas colunas e arcos, além da arquitetura das grandes construções. A Mesquita de Al Haram (A Mesquita Sagrada) – Mecca, Arábia Saudita, é a mesquita mais importante para os muçulmanos e também a maior do mundo, com seus mais de 400 mil m². No centro do pátio fica a Caaba, onde está guardado a Pedra Negra, a relíquia mais sagrada do Islã, talvez um fragmento de meteorito que, segundo a tradição, seria um presente de Alá aos homens. A Índia é o maior país Islâmico em todo Mundo que possui o maior número de muçulmanos e não é um país árabe, abrigando mais de 170 milhões de islâmicos (lembrando que esse montante perfaz apenas 16% da população total desse país). Ali, localiza-se uma das obras arquitetônicas mais conhecidas, o Taj Mahal (Foto a direita). Em 1993, foi eleito como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO, e é

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.51


hoje um importante destino turístico. Recentemente, alguns setores sunitas reclamaram para si a propriedade do edifício, baseando-se de que se trata do mausoléu de uma mulher desposada por um membro deste culto islâmico. O governo indiano rejeitou a reclamação considerando-a mal fundamentada, já que o Taj Mahal é propriedade de toda a nação indiana. Cada seção do jardim é dividida por caminhos em 16 canteiros de flores, com um tanque central de mármore a meio caminho entre a entrada e o mausoléu, que devolve a imagem reflectida do edifício. O complexo está limitado por três lados por um muro em pedra vermelha. Após os muros, existem vários mausoléus secundários, incluindo os das demais viúvas de Xá Jahan e do servente favorito de Mumtaz. Estes edifícios, construídos principalmente com pedra vermelha, são típicos

dos edifícios funerários mogóis da época. A sala central do Taj Mahal apresenta uma decoração que vai para além das técnicas tradicionais, e aparenta com formas mais elevadas da arte manual, como a ourivesaria e a joalharia. Aqui o material usado para as incrustações já não é mármore ou jade, mas sim gemas preciosas e semipreciosas. Cada elemento decorativo do exterior foi redefinido mediante a forma das joias. A sala principal contém ainda os cenotáfios de Mumtaz e Xá Jahan, obras-primas de artesanato, sem precedentes na época. Enfim, a Arte Muçulmana é envolvente e recheada de cores e de maravilhosas pinturas em suas construções. Mais para frente iremos falar um pouco mais da arte nessa região do mundo. Fonti: História da Arte/H.W. Janson

Foto: Por WestportWiki - Obra do próprio, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=23263506

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Desde 1993

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magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.52


Mensagens para leitura e meditação Jamais deixemos de sonhar

Lenildo Solano Professor

O que Deus dá ninguém tira, o que Deus constrói ninguém destrói, o que Deus abre ninguém fecha, o que Deus levanta ninguém derruba. Vamos sim sonhar, projetar coisas boas, preparar e buscar com fé e perseverança. Caso não dê certo recuemos e preparemos para que com mais determinação, mantendo firmeza e confiança, busquemos novamente. Jamais deixemos de sonhar! O sonho nos revitaliza, dá-nos sentido a viver com mais alegria e esperança. Devemos lembrar sempre de que a preguiça não deverá constar em nosso plano de vida. Portando fé e confiança em nossas metas! Pedindo licença a todos queremos narrar a nossa simples experiência e que possa servir de contribuição para nossa reflexão: A vida é o melhor presente que temos e que devemos cuidar com qualidade e carinho; procurando estar convivendo com outros, se possível, nunca sozinhos. Ela nos surpreende com oportunidades, audaciosos desafios e tentações. Mas com coragem, fé, esperança e otimismo devemos encarar pois, se ela nos provocou é porque acredita em nosso potencial para vencermos os desafios e superarmos as tentações. Nunca é tarde, estejamos disto convictos para iniciarmos ou darmos sequência aos sonhos ainda não realizados. Tocar um instrumento, escrever um livreto, aprender a nadar e uma nova língua, ou mesmo compor e cantar uma música, fazer trabalho voluntário; até encontrar a sua cara metade que está faltando no coração.

Digo tudo isto com satisfação visto que, após trinta e sete anos lecionando, aposentei-me e todos os meus sonhos e desafios transformei em conquistas, entre eles escrevi vinte livretos para compartilhar com familiares e amigos. Agradecemos ao estimado Manoel Carlos e a todos por conceder-nos mais este motivo de conhecimento e de experiência, escrever para esta conceituada revista! (65) 99985-6656 www.lenildosolano.com.br Cuiabá/MT

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.53


Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

Que tal darmos uma viajada? ENTAO, ATENÇÃO, PASSAGEIROS, APERTEM OS CINTOS E BOA VIAGEM! Que tal viajar pelo mundo sem sair de casa? Escolha seu destino, pode ser o nosso BRAZILZÃO que tem uma enorme variedade de Cultura Gastronômica, pois eles serão o seu passaporte Convide a sua família, os amigos para esta aventura, e dirija-se ao portão de embarque, que hoje será a sua COZINHA. Reúna no carrinho alguns dos ingredientes que você pensou para preparar o seu prato. Inspira-se em um prato típico da localidade e realize esse passeio imaginário graças à culinária, que acumula características da história, cultura, geografia, clima e costumes de uma região e seus habitantes. Mas a experiência não para por aí. Além do sabor, o prazer vem também de curiosidades e detalhes gastronômicos. Por que a França é a terra dos queijos? Por que a Itália é o paraíso das massas? Por que a Argentina tem a carne mais famosa do mundo? Pesquise na internet ou em livros de viagem, e peça para as crianças lerem em voz alta o que foi encontrado enquanto os adultos cozinham. Além de uma refeição deliciosa, poderá surgir na família um novo jeito de convívio saudável e criativo! Bora lá! A receita desta edição será: ATUM CONTEMPORÂNEO Os ingredientes pra você pôr no carrinho... 1 kg de Atum alho cru a gosto sal a gosto

2 folhas de louro pimenta-do-reino a gosto 1/2 limão azeite pra grelhar (1colher de sopa) gergelim preto e branco COMO FAZER: Pegue o Atum e tempere a gosto com um pouco de alho cru triturado, sal e pimenta-do-reino. Esprema o limão em todo o Atum. Pegue uma frigideira grande, deixe aquecer bem, coloque o azeite e deixe dourar bem de um lado, mais ou menos 5 minutos, pegue uma espátula e vire do outro lado. Sele, doure bem do outro lado, mais ou menos 5 minutos também. Depois de selados, grelhados os dois lados, retire o Atum da frigideira e coloque no recipiente que irá servir. Coloque em cima do Atum o gergelim preto e branco e decore como quiser. Você pode servir este Atum quente ou frio. MOLHO PARA ACOMPANHAR: 1/2 xicara de Vinagre Balsâmico 1/4 de xícara de shoyo 1/2 pimenta dedo de moça sem sementes, bem picadinha 1 colher de sopa bem cheia de cheiro-verde bem picadinho Se servir frio é só misturar num bowl todos os ingredientes. Se quiser servir quente, faça a redução do vinagre balsâmico com o shoyo...é só levar ao fogo médio, vá mexendo até ir diminuindo, aí misture todos os ingredientes restantes. Se quiser, faça um cuscuz marroquino para acompanhar. BOM APETITE!!!!

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.54


Vida Saudável

Perguntas e respostas sobre veganismo

Cida Tammaro Adm. de Empresas PERGUNTA – Se todos fossem veganos, todos os animais morreriam de qualquer forma, então porque não comê-los? RESPOSTA - O veganismo veio para conscientizar e salvar, os animais futuros. Os que já nasceram infelizmente, vai ficar para o corte. Impossível todos virarem veganos tão cedo. PERGUNTA – Quais os bichos que os veganos aprovariam que fossem mortos? RESPOSTA – Cada inseto, cada animal, está contribuindo de alguma forma para o bem estar ecológico do planeta. Somente os humanos, que afirmam ser a espécie mais inteligente, não estão fazendo isso. PERGUNTA – Mas as plantas sentem dor, porque vocês não respeitam também? RESPOSTA – Se a pessoa acha que as plantas sentem dor...você está convidado a assistir 30 minutos de um abate animal, e 30 minutos de uma colheita de plantas. PERGUNTA – Se você estivesse em uma ilha deserta, preso com um porco, você o comeria? RESPOSTA – Isso é muito improvável. Mas, se você vivesse em um país desenvolvido com acesso a deliciosas comidas de origem vegetal, você ainda mataria o porco? Segue uma receita vegana, que é uma pasta síria chamada, que é vegana.

MUHAMMARA Ingredientes: 3 pimentões vermelhos 1 xícara de chá de nozes 4 colheres de sopa de farinha de rosca 1 dente de alho descascado 1 colher de sopa de melaço de romã ou melaço de cana ½ limão (caldo) ½ colher de chá de cominho em pó 1 colher de chá de páprica 2 colheres de sopa de azeite Pimenta calabresa a gosto Salsinha para decorar. Modo de fazer Coloque o pimentão no forno, até ele estar totalmente tostado, e retire a casca dele. Toste levemente a farinha de rosca, e as nozes. Pegue todos esses ingredientes e coloque no processador, ou liquidificador. Bata tudo e sirva com torradinhas, ou como acompanhamento de entradas Fontes Carol Destro Instagram @pecadovegano @veggiebrasil

magazine 60+ #15 - Setembro /2020 - pág.55


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O Cidadão e Repórter é um movimento social que desenvolve e transmite informações relacionadas a cidadania levando aos leitores e seguidores, a visão de repórteres 60+, baseada na nossa vivência e experiência e na divulgação e defesa dos princípios da democracia e da livre expressão.


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