Magazine 60+ 19

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60+

magazine Ano II

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Formato A4 | internet livre

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#19

S.Paulo, Janeiro/2021 - #19

* rodapé do índice

2021 chegou

mesmo distantes estaremos juntos com você A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


NOSSOS PARCEIROS

USP 60+

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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GENTIL GIGANTE j o r n a l i s m o

Desde 1993

São Paulo - SP

(11) 9.8890-6403

Fechamento desta Edição

4/1/2021

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*Todas as colunas são de inteira responsabilidade daqueles que a assinam

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Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial Manoel Carlos Conti Jornalista

Já li sobre a vida de muita gente conhecida, Albert Einstein, Gandhi, Salvador Dali, Jesus Cristo, Nelson Mandela, Albert Sabin, Hitler e tantos outros que não poderia enumerá-los todos aqui, não haveria espaço. Uma dessa pessoas foi Charles Chaplin e dessa leitura me lembro bem de uma frase em que ele dizia “Na vida tudo passa. Até os nossos problemas!” Engraçado como uma pequena e simples frase diz tudo e ao mesmo tempo não diz nada. Vamos pegar por exemplo algo que está acontecendo nesse momento, uma Pandemia Mundial espalhada por todo canto por um Vírus que causa danos em nosso sistema respiratório, principalmente nos pulmões, nas glândulas, na temperatura do corpo, coração e por aí vai e se não for bem tratado pode levar o paciente a óbito. Infelizmente só no Brasil já ocorreram quase que 200 mil casos de morte. Chaplin diz na frase, “na vida tudo passa...”. Hoje me pergunto quanto tempo vai demorar para que tudo isso passe. Que vai passar a gente sabe, mas quantos mais precisarão morrer para que esse final chegue? Aí ele continua na frase completando com “Até nossos problemas!” Os problemas podem passar mais sonhos, sabedoria, disposição e vida de tanta gente que se foi nunca mais passam, ao menos para um enorme universo de pessoas que perdeu um parente, um amigo, um conhecido, colega de escola, de trabalho. Chaplin pensou no estado geral das coisas quando disse isso e é difícil entender como pode uma frase generalizar tanto se formos pensar nesse mal que estamos atravessando com tanta certeza como com tanta incerteza. Pelo número de curados que é enormemente maior do que os que não se curaram a frase cai muito bem e deixaram pais sem filho, esposa sem marido, filhos

sem pai, etc. Renato Russo dizia “Se conformar com o fim de uma história é essencial para que você possa começar outra”. Então, como na vida tudo passa, até os problemas, devemos nos conformar com o fim de uma história e isso é essencial para que possa começar outra. Eu sempre penso nos colunistas dessa revista e sei que todos eles, inclusive eu, pensamos na nossa classe e no nosso tal Grupo de Risco. Chegamos a milhares de leitores e recebemos mensagens de todos os cantos do mundo ou falando com os colunistas (os quais são imediatamente informados) e sobre a qualidade de nosso trabalho. Esse mês eu recebi um e-mail muito triste de uma leitora que dizia entre outras coisas: “minha filha se foi com o COVID e ela fazia desenho com o senhor. Já estava num estágio avançado e disse antes de ser hospitalizada que gostaria de fazer um autoretrato com grafite para me dar de presente de Natal”. A vida passou para essa moça e os problemas ficaram para seus entes queridos que devem se conformar com esse final de história para começar uma outra. Fazer o que? Eles estão certos. Mudando para um assunto mais light vamos dizer que nossos colunistas estão todos muito bem e que mesmo sem nos encontrarmos temos trocado ideias sobre pautas, matérias, imagens e tudo que você encontra no Magazine 60+. Iniciamos nosso trabalho em 2019 e já caminhamos para o ano III com muita vontade de passar informações, cultura e notícias para nossos leitores. Gostaríamos muito de ter seus comentários e quem sabe que se tornasse um de nossos colunistas. Nossa ideia e que o leitor que acompanha a revista não precisa ler ela toda e sim acompanhar os artigos de seus autores preferidos e assim, com mais colunistas damos mais opção para que isso ocorra. Desejamos a todos um Feliz 2021 e saibam que nós estamos juntos para fazer a cada mês uma revista mais interessante para você.

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nosso time de colunistas

60+

magazine

Heródoto Barbeiro A previsão de José Páginas 4 e 5

Sandra R. Schewinsky Você estará sempre em mim Páginas 19 a 20

Tony de Souza primeiro dia do ano Página 27

Osvaldo B. de Moraes

João F. Aranha

Rua do Ouvidor A ciência, o Símbolo do senso comum Brasil imperial e o relojoeiro teimoso Páginas 6 a 7 Páginas 8 a 10

Lairtes Temple Vidal Conversê Página 20

Malu N. Gomes Adeus ano velho, feliz ano novo Páginas 22 e 23

Silvia Triboni Neste ano que tal escrever a sua nova Pirâmide de Necessidades

Katia Vargas

Sérgio Frug Como escoServidão lher o Prohumana tetor Solar Páginas 13 e 14 ideal Páginas 11

M.Luiza Conti Alegria

Páginas 15 a 17

Marisa da Camara Merde

Malu Alencar Pensamentos durante a Pandemia

Páginas 24 e 25

Páginas 23

Páginas 25 e 26

Thais B. Lima João Alberto as funções execuJ. Neto Cida Castilho tivas e sua imporMosaico Luiz A. tância para convívio Alda Barista Rosa Maria Intervenções Moncau social e a autonomia Renovando-se Páginas 35 a 36 urbanas III Mistérios de Páginas como Perséfone Páginas 37 e 38 uma brisa 29 a 31 Páginas Páginas 39 e 40 32 a 34

Katia Brito Muito mais que fofas pessoas 60+ são foda Página 41

Laerte Temple Pandemia na varanda Páginas 43 e 44

Cida Barica O que dizer dos sessenta Página 45

Carolina S. Lenildo Solano Conti Gratidão Vó Página 47 Página 46

Jane Barreto Novo Ciclo Página 48

Falante e Fofoca

Ebe Fabra Dicas de Culinária Páginas 49 e 50

Ary Filler Cida Tamaro Reflexões Veganismo Página 51

Manoel Conti A arte Gótica Páginas 52 e 53

Petição Página 54

Páginas 56 e 57

*Sobre a capa dessa edição Muitos outros escrevem ou escreveram para o Magazine 60+. Todos somos amigos e permanecemos juntos seja nesse ou em outros trabalhos. Áqueles que não constaram nessa capa, nossa mais sinceras desculpas uma vez o espaço ser pequeno.


Crônicas do Brasil

Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

Heródoto Barbeiro é âncora e editor-chefe do Jornal da Record News, em multiplataforma

A previsão de José Previsões sempre foram consideradas armas estratégicas dos impérios que se organizaram ao longo da história. No Egito antigo os faraós queriam saber não só como se portaria o Nilo, para abastecer os celeiros, como quais as ameaças futuras de povos invasores do sul ou através da península do Sinai. A história de José ilustra bem essa preocupação com o futuro. O governo, que lidera o Estado, vive no presente. Contudo o que enfrenta no dia a dia é fruto do passado. Do futuro pouco sabe. Os romanos cultuavam o deus Jano, que tinha uma face para o passado e outra para o futuro. Do presente cuidavam os cônsules, ditadores ou imperadores. A sobrevivência do império também dependia das informações que fluíam dentro e fora das fronteiras para que o estado romano estivesse pronto para debelar as dificuldades. Quando elas acontecessem teria que estar preparado e isso só seria possível se tivessem se antecipado, perscrutado o futuro com ou sem método. Toda informação que contribuísse para montar cenários era bem vinda. A ciência organizou os métodos para se avaliar o futuro. As bruxas, magos, adivinhos, cartomantes e outros esotéricos foram para a prateleira da ficção. Contudo as investigações de cientistas sobre questões futuras como pandemia, aquecimento global, finitude das matérias primas custaram a alguns deles perseguições ampliadas pelas redes sociais. Profetas do apocalipse foi o mínimo que viram, ouviram e leram.

A ciência é útil para pesquisar o futuro e quiçá salvar a humanidade. A informação é a base de tudo. Sua busca necessita de isenção e método para que não seja mutilada pela narrativa desta ou daquela ideologia. Uma vez coligida precisa ser analisada por cientistas de todas as áreas uma vez que há um amalgama de dados que ora precisam de um matemático, ora de um historiador, ora de um linguista. A análise é sempre precedida de novas análises, debates até que surja uma síntese que possa ser divulgada para o grande público. Afinal este será o objeto das transformações futuras. Os arquivos digitais estão abarrotados de teses eruditas e monografias acadêmicas sobre os mais diversos assuntos. Entre eles as perspectivas do futuro dos países, regiões, continentes e da própria humanidade. Estão repletas de informações. Por isso os Estados tomam todas as precauções possíveis para manter os segredos considerados estratégicos. Os segredos do futuro são mais valiosos do que os do presente. Afinal qual é a utilidade da inteligência para uma nação se manter no comando do mundo ou almejar chegar lá? A maior parte do que ela coleta fica guardado a sete senhas, criptografadas e longe dos espiões, sejam eles hackers ou funcionários corruptos. O fato é que alguma coisa escapa, e ganha contornos de valiosa informação para construção de cenários ou temas para livros de ficção de espionagem. Os Estados cuidam não só dos seus segredos, mas também divul-

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gam cenários que possam consolidar sua posição de hegemonia, seja lá em que setor for. Há também a intenção de mostrar aos aliados sua pujança, e aos inimigos, sua força. A última edição do relatório da CIA, publicado pela inteligência americana, faz parte desse contexto. Não há fontes, mas há cenários do futuro. Não há divulgação de fatos estratégicos, mas através dele é possível avaliar a direção para onde se dirigem os Estados Unidos

e como se prepara para manter a hegemonia que goza neste início de século. Algumas avaliações virilizaram nas redes sociais, como a previsão de ocorrência de uma pandemia. Quando publicado o Relatório da CIA ninguém dava importância para um assunto tão banal e desproposital. Imagine, um vírus provocar uma crise em plena era da tecnologia…. Se acerta ou erra é uma avaliação dos leitores.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Antropologia

Osvaldo B. de Moraes Historiador

Rua do Ouvidor, símbolo do Brasil Imperial Podemos distinguir várias fases do processo cultural do Brasil desde seu descobrimento, iniciando pelas sociedades nativas, passando pelos colonizadores, o período escravocrata, o acolhimento de imigrantes, a independência, as fases dos dois impérios e as várias mutações sociais advindas pela república. Sede da administração colonial desde 1763 e do império a partir de 1822, o Rio de Janeiro concentrava a maior parte do aparato político-administrativo do Brasil e foi a primeira a se modernizar durante o século XIX e transmitir sua cultura para o resto do País. Alguns pontos da cidade tiveram importância primordial na criatividade de uma nova cultura social da cidade. A rua do Ouvidor, no centro da cidade teve uma importância primordial nessa modernização e se transformou no centro cultural e econômico da época. Essa rua já possuiu outros nomes,

mas o atual foi dado em meados do século XVIII, quando a fazenda real, uma espécie de órgão administrativo da colônia comprou algumas casas e alguns ouvidores da época fixaram residência nela. Os ouvidores eram pessoas escolhidas pelo governador geral para cuidarem da justiça do país, ou seja, eram juízes naquela época. Por essa razão as pessoas passaram a denominar o logradouro como Rua do Ouvidor. Em 1897, o governo brasileiro mudou o nome para Moreira César, mas o povo já havia incorporado a referência anterior e em 1916, o lugar voltou a ser chamado pelo nome mais famoso. O primeiro ouvidor que deu a denominação à rua foi Francisco Berquió da Silveira, famoso na época e fixou sua residência ali, junto à esquina da rua do Carmo. A rua ganhou importância quando a família real se transferiu para o Brasil em Foto - http://jornalcenario.blogspot.com

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1808, e a consequente abertura dos portos promoveu a vinda de muitos comerciantes ao Rio de Janeiro, estabelecendo seus negócios prioritariamente na rua do Ouvidor. Entre os negociantes estabelecidos nessa época os franceses lideraram com seus estabelecimentos. Foi sob a influência francesa que surgiram várias lojas finas de joalherias, de roupas de moda, cabelereiros, cafés, confeitarias, livrarias, lojas de músicas, tornando a rua sinônimo de elegância para a época. Dessa forma, à sombra do desenvolvimento econômico, vicejava uma nova classe média, mesclada com aos de títulos nobiliárquicos, cujos hábitos e preferências seguiam os figurinos de Paris. Para atender a toda essa clientela, o magazine Notre Dame de Paris, a maior casa de negócios do Brasil e talvez da América do Sul, mantinha um sistema de atendimento, semelhante às grandes lojas francesas. O francês, aliás, era a língua oficial dos caixeiros e, ao terminar cada compra, o cliente ouvia sempre um sorridente “Passez à la caisse, s’il vous plait” (“passe no caixa, por favor”). O aparato luxuoso dessa rua irradiou para outros pontos próximos da cidade, como a inauguração da tradicional Confeitaria Colombo, fundada em 1894 na rua Gonçalves Dias e que até hoje exibe seu requinte. A rua do Ouvidor foi a precursora do primeiro cinema, da primeira linha de bondes, do primeiro telefone instalado e a primeira a receber luz elétrica Além do comércio a rua era frequentada por muitos intelectuais que a transformaram em importantes movimentos políticos e intelectuais, pela troca de ideias sobre suas publicações, inclusive promovendo movimentos políticos sobre a abolição da escravidão e até mesmo republicanos. Chegou a possuir 50 livrarias simultaneamente e a Academia Brasileira de Letras teve os primeiros encontros nos seus cafés e livrarias. Muitos jornais nasceram e tiveram suas redações na rua do Ouvidor – Jornal do Comércio, Diário de Notícias e Gazeta de Notícias.

imagem do álbum de gravuras O Rio de Janeiro Pitoresco

Vários expoentes da intelectualidade brasileira eram frequentadores dos cafés e livrarias dessa rua: Olavo Bilac, Coelho Neto, Quintino Bocaiuva, Joaquim Manoel de Macedo, que publicou um livro contando histórias dessa rua, que servia de vitrine para o país e irradiava tudo para o Brasil inteiro Vários escritores da época mencionam essa rua em seus livros, como Lima Barreto e Machado de Assis, que afirmou que se o Rio de Janeiro tivesse um rosto, este seria a Rua do Ouvidor. O escritor não só a retratava em suas obras, como também era frequentador assíduo da rua mais charmosa da cidade, onde além das lojas e das livrarias promovia discussões intelectuais nas suas confeitarias. Hoje a rua não tem mais a importância do passado, embora ainda contenha vários escritórios. É fechada ao tráfego de veículos e tem instalados alguns restaurantes ao ar livre e opções de lazer, como rodas de samba e de chorinhos e músicas contemporâneas. A importância de seu passado demonstra uma difusão cultural de uma época em que mesmo não havendo facilidades das comunicações atuais, permitiu ao Rio de Janeiro absorver muito da cultura europeia e como corolário retransmitir para outros recantos do Brasil. Embora possa parecer que essa rua abraçou o gosto pelo fausto e pelo supérfluo, seu local teve importância na cultura social do País, influenciando a literária brasileira, além de incentivar debates políticos sobre temas importantes, como a abolição da escravatura e até mesmo sobre a proclamação da república, cujos efeitos permanecem até os dias de hoje.

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Contos II

João F Aranha

Cidadão e Repórter

Fotos: Enviadas pelo colunista

A ciência, o senso comum e o relojoeiro teimoso Por milhares de anos os homens sobreviveram em função de suas próprias experiências de vida, tentativas de erros e acertos que, ao longo do tempo, se solidificavam e, por tradição, passavam de geração para geração. Este conhecimento, dito ordinário ou vulgar, que independia do conhecimento científico, se preocupava mais com os aspectos de como fazer, como resolver e como produzir. Com o evento das conquistas científicas a partir do século XVII, o senso comum, aos poucos, estava se tornando irrelevante, ilusório e falso. A autoridade da Igreja era suplantada pela razão e pelo rigor dos princípios e das leis científicas, instalando-se um novo poder com uma autoridade muitas vezes arrogante e dogmática que pretendia explicar e resolver os grandes enigmas do universo. O novo paradigma que então surgia, levantava inúmeras questões, sendo a mais recorrente delas aquela que indagava se haveria razões de peso para que o conhecimento vulgar da natureza e da

vida pudesse ser substituído pelo conhecimento científico, produzido por poucos e inacessível à maioria. Um dos mais interessantes embates ocorrido entre um representante do senso comum e a elite cientifica da época, ocorreria na Inglaterra, em 1714. A questão que se apresentava como da maior urgência e importância era a determinação da longitude, fundamental para que houvesse segurança para as embarcações em alto mar, conhecendo-se a localização exata das naus e permitindo que navegassem no rumo certo. Ao observar a passagem do Sol, da Lua e dos planetas por cima do Equador, desde a antiguidade sabia-se que o paralelo de grau zero, a latitude, era fixada pelas leis da natureza. Já a determinação da longitude, principalmente em alto mar, onde não se tem um ponto de referência, era uma questão bastante complicada, cuja solução já perdurava por 400 anos. Enquanto a determinação da latitude está relacionada com os fenômenos físicos, a longitude tem a ver com o tempo. Ora, sabendo-se da hora em que o

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.8


navio zarpou de um porto e determinada hora em que o navio se encontra, consegue-se determinar a longitude. Como a Terra leva 24 horas para dar uma volta sobre si mesma - ou seja, 360 graus uma hora equivale à quinze graus. Dessa forma, cada hora de navegação, à partir do porto, representa quinze graus de longitude para leste ou oeste. Nessa linha de raciocínio um bom relógio poderia resolver o problema. Acontece que a tecnologia existente na época era incipiente. Os melhores relógios costumavam atrasar ou adiantar quinze minutos em cada vinte e quatro horas e o que era pior usavam um sistema de pêndulo que, em alto mar, atrasavam ou adiantavam mais ainda ou costumeiramente paravam de funcionar. Isaac Newton já havia se pronunciado sobre a utilização de relógios para resolver o problema: “quando a longitude se perde no mar, não pode ser recuperada por nenhum tipo de relógio.” E, mais uma vez, apostou na ciência, na certeza

de que “as engrenagens do universo acabariam por prevalecer na tarefa de guiar os navios no mar”. Chocado com a perda recente de toda uma frota que se chocara com rochedos, o parlamento inglês resolveu adotar o que hoje conhecemos como os benefícios da inteligência coletiva. Instituindo um prêmio milionário de vinte mil

libras para quem conseguisse desenvolver um método prático e útil que conseguisse determinar a longitude. Atraído pelo vultoso premio, um obscuro carpinteiro do interior da Inglaterra, John Harrison, criou coragem para submeter seu invento, nada mais que um relógio aperfeiçoado, ao Observatório Real em Greenwich, cujo astrônomo real era o grande dr. Edmond Halley, o descobridor do cometa. Harrison era dotado de um senso prático e criativo que lhe permitia dar o melhor aproveitamento aos materiais que lhe caíssem nas mãos. O relógio de Harrison não era um relógio comum. Ele havia trabalhado nele por quatro anos. Procurou encontrar soluções que dessem ao relógio, além da precisão, uma utilização de materiais que pudessem suportar as agruras dos mares revoltos. A madeira e os metais teriam que ser especiais, assim como as engrenagens. Substituíra a lubrificação por um mecanismo livre de fricção, e os pêndulos, tradicionalmente utilizados nos relógios da época, por um conjunto de molas em balança, aptos a fazerem frente aos maiores vagalhões. Enquanto os melhores relógios da época atrasavam cerca de um minuto por dia, o de Harrison, testado nas mais dificultosas condições atrasava no máximo um único segundo por mês.

John Harrison

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Acontece que Harrison era um perfeccionista. Ao receber um pequeno adiantamento, o carpinteiro que se tornara um relojoeiro retornou para casa e trabalhou por mais cinco anos aperfeiçoando seu invento. A partir daí se iniciaria uma verdadeira batalha entre o teimoso relojoeiro e astrônomos, matemáticos e navegadores de renome para os quais não poderia haver uma resposta mecânica para uma questão relacionada à astronomia. O maior trunfo dos cientistas da época para determinar a longitude era aperfeiçoar o método do relógio celestial, baseado no cálculo do movimento da lua. De um lado cálculos complicadíssimos que dependiam de condições climáticas favoráveis e de outro uma “caixa mágica”, simples e direta que parecia não depender de conhecimento nenhum para funcionar. Enquanto Harrison trabalhava por anos a fio no sentido de cada vez mais tornar seu cronômetro marítimo confiável, os cientistas impunham a ele os mais descabidos obstáculos, visando ganhar tempo para rever suas teorias, utilizar novos instrumentos e obter as informações necessárias para finalmente compreender o relógio celestial. O auge da refrega ocorreria quando o reverendo Nevil Maskelyne assumiria o posto de astrônomo real. Maskelyne, assim como Harrison, era um obstinado. Formado nas melhores escolas da época, o reverendo garantiria a seus pares que encontraria uma solução para a questão da longitude, necessitando apenas de ganhar mais algum tempo. Harrison, por sua vez, não desistia. Velho e cansado viu seu invento ser testado e aprovado nas mais severas condições. Mas o Conselho sempre concluía que as experiências feitas com o cronômetro não eram suficientes para determinar a longitude no mar. Começaria então uma perseguição implacável por parte de Maskelyne contra Harrison. O astrônomo real exigiu que o relojoeiro entregasse todas suas plantas e seus relógios para que ele mesmo os testasse em terra. O máximo que Maskelyne viria ad-

mitir seria considerar o relógio apenas como algo que poderia aprimorar o método da distância lunar mas jamais suplantá-lo. Cansado de tanta injustiça, o filho de Harrison resolve recorrer ao rei George III que se interessava muito pelas ciências. O rei assim se manifestou: “Essas pessoas foram tratadas com crueldade e eu farei com que a justiça lhe seja feita”. O Parlamento então autorizou entregar a Harrison a metade do prêmio que fora estabelecido. Mas o reconhecimento de sua descoberta jamais lhe seria conferido. Comparando-se o cronômetro com o método das distâncias lunares, o primeiro mostrou-se muito mais prático e confiável. Se em 1737 havia apenas um único exemplar do cronômetro marítimo, em 1815 já haviam 5 mil instrumentos sendo utilizados. O Conselho da Longitude foi extinto em 1828 e um relojoeiro obstinado que recusou ser membro da Royal Society foi o responsável pela salvação de milhares de vidas e pela expansão e grandeza do Império Britânico, tendo resolvido a mais importante questão científica dos séculos 17 e 18, uma solução que ficou à espera dos melhores cientistas por quatro séculos. Hoje, graças ao GPS, podemos nos localizar onde quer que estejamos. As redes de satélites que se conectam com estações de controle estão espalhadas por todo globo terrestre num prenúncio de que talvez a ciência tenha vencido o senso comum, o que seria verdade não fosse um pequeno detalhe: Para que tudo isso funcione há necessidade de se instalar em cada satélite um relógio atômico de alta precisão, uma evolução tecnológica daqueles vários artefatos criados por um carpinteiro apaixonado por relógios. Bibliografia: Longitude – Dava Sobel – Companhia de Bolso Os Desbravadores – Felipe Fernandéz-Armesto – Companhia das Letras Um Discurso Sobre as Ciências – Boaventura de Sousa Santos – Edições Afrontamento

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Saúde, Beleza e Bem Estar

Kátia Vargas Lutfi Pileggi

médica dermatologista

Como escolher o protetor solar ideal? Temos ainda as opções com ou sem cor Com: protege a pele contra a radiação solar e a luz visível Sem: protege apenas contra a radiação solar. E qual o melhor filtro? Aquele que você usa! Então escolha o que melhor se adapta a seu tipo de pele e aproveite o verão tomando os devidos cuidados de proteção! E bom verão! Foto: arquivo

Na hora de escolher o Filtro Solar com uma infinidade de marcas, tipos e valores é comum ficarmos com dúvidas. Então para esta edição de verão montei um guia prático para ajudar na hora da escolha. O que seu protetor solar precisa ter? FPS: fator de proteção contra os raios UVB Orientamos para uma proteção adequada fator mínimo 30 PPD: vai mostrar a proteção dos raios UVA, que precisa ser pelo menos 1/3 do FPS Por exemplo se seu filtro for fator 60 ele deve ter um PPD de 20. Ou seja precisamos de um filtro de Amplo espectro, que proteja tanto contra raios UVA quanto UVB. E qual a diferença entre protetores físicos e químicos? O físico forma uma película que reflete o raio solar. Indicado para peles sensíveis e reativas. Enquanto os químicos absorvem os raios minimizando a sua energia. Indicado para todos os tipos de peles . Quanto a textura podemos encontrar: Oil free: ou seja livre de óleo em sua composição. Mais indicado para a pele oleosa e com tendência a acne. Cremoso: mais hidratante, indicado para a pele seca. Toque seco: possui efeito matificante, indicado para peles oleosas e para quem gosta de um creme mais sequinho.

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Baseada em todos esses anos de experiência com pacientes neurológicos, ficou evidente o quanto passar informações de maneira simples e correta para os familiares, pacientes e profissionais sem expertise na área, seria profícuo. Assim, a Dra. Vera e eu escrevemos o livro: Lesão Encefálica Adquirida: o que é importante saber com Ilustrações de Manoel Carlos Conti, nosso editor! Consideramos que no momento atual, com tantos problemas neurológicos (AVC, traumas e tumores) e sequelas do Covid19, seria muito oportuno divulgar as informações do livro, que tenho a honra de compartilhar o link com vocês. https://www.amazon.com.br/s?k=les%C3%A3o+encef%C3%A1lica+adquirida&i=stripbooks&__mk_pt_ BR=%C3%85M%C3%85%C5%BD%C3%95%C3%91&crid=1CV0F7U0VNJ3Y&sprefix=les%C3%A3o+%2Cstripbooks%2C272&ref=nb_sb_ss_i_1_6

Sandra Regina Schewinsky LESÃO ENCEFÁLICA ADQUIRIDA o que é importante saber! Dra. Sandra Regina Schewinsky e Dra. Vera Lucia Rodrigues Alves

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Cultura Geral

Sergio Frug

Servidão humana

Não é à obra de Sommerset Maughan que me refiro, embora tenha já me deleitado com o grande clássico e me identificado com seu “doutor” imperfeito. Refiro-me à conta de seguro saúde que acabo de receber e fico aqui cismando sobre a primeira vez em que me associei a um deles. Tinha um bom salário e fiquei até encantado com a possibilidade de garantir a integridade física por uma (na época) “módica” contribuição mensal. Lembro também outra história que ouvi de meu sogro. Foi sobre o lançamento da Coca-Cola em Buenos Aires em

IO IONÁR C U L O TO REV SCONTO PRODU E DE 50% D EITE APROV

* sujeito a aprovação

meados do século passado. Armaram-se barracas em pontos estratégicos da cidade e distribuía-se gratuitamente aquele delicioso elixir do frescor e da alegria. Santa ingenuidade! Como pequenos peixinhos, simples alevinos, engolimos a isca direitinho. Vivemos engolindo. Volta e meia aparece alguma novidade para nos trazer segurança, prazer ou conforto e lá vamos nós, sem perceber que estamos nos deixando escravizar algumas vezes definitivamente por uma ilusão muito bem concebida.

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Foi assim também com o cigarro, mas felizmente algum tipo de consciência coletiva acabou atuando e entramos num grande movimento planetário para desinstitui-lo. Somos felizes quando a consciência se estabelece. Mas em nosso dia-a-dia atual nos vemos escravizados por um sem número de obrigações e compromissos compulsórios ou não, mas que acabam dominando praticamente a totalidade da nossa energia. Servimos para que então? Massa de manobra; inocentes úteis? Pior é que ninguém está livre. Mesmo os grandes e poderosos “CEO’s” do mundo corporativo vêem-se imbricados nesta teia que amarra a todos nós. Tudo talvez por um dia termos escolhido “sermos servidos” em lugar de “servir”. Mas agora, o que podemos fazer? Alimentar a consciência é sempre bom. Temos meios de ampliar pouco a pouco o processo de conscientização sem fugir das verdades pessoais, assumindo as próprias responsabilidades e coisas que tais. Não é preciso grande esforço, nem

mudanças radicais. Observar diligentemente a nós mesmos com mente aberta e franqueza de coração sempre leva às pequenas mudanças que no momento adequado irão encaminhar as grandes. Vejo também que é preciso tomar cuidado com as “bandeiras”. Não creio que seja arregimentando pessoas em torno de idéias que alcançaremos a nossa verdade. Isso costuma muitas vezes se transformar em fanatismo e servir apenas aos líderes dos movimentos. Não creio que haja solução jogado mídia contra mídia, ou se antepondo frontalmente a tudo que há. O trabalho se faz no silêncio do nosso interior, nos pequenos encontros sensíveis com os amigos, nas inúmeras rodas holísticas que cada vez mais se estabelecem sem propósitos proselitistas, mas seguindo uma intenção firme de unir as pessoas em torno se seus próprios potenciais. Eu que já sonhei em escrever best-sellers sinto-me hoje muito mais útil e feliz escrevendo aqui. E quem sabe assim a Servidão Humana não se transforme um dia na verdadeira Dimensão Humana...

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Mudança de Hábito

Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Neste ano que tal escrever a sua nova “Pirâmide de Necessidades”

Está aí um tema que aprecio ler e falar a respeito: “A hierarquia de necessidades”. topo da pirâmide que conhecemos, uma vez que realizei-me na vida pessoal e no trabalho. Entretanto, isso não significa que, hoje, a hierarquia de minhas necessidades de vida após os 60 anos possam estar organizadas como foram previstas por Maslow. É muito mais do que isso: penso que esta famosa pirâmide precisa ser complementada para que faça sentido à minha existência. Concorda?

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Photo by John Moeses Bauan on Unsplash

Talvez seja por causa das lembranças que tenho de minhas aulas na faculdade de Administração nos idos dos anos 70 sobre a famosa pirâmide de Abraham Maslow, em que me imaginava uma mulher madura e plenamente realizada, uma vez que no futuro teria atendidas todas as necessidades do topo da hierarquia das necessidades. A Pirâmide da Hierarquia das Necessidades de Maslow é um esquema que apresenta uma divisão em que as necessidades consideradas de nível mais baixo devem ser satisfeitas antes das necessidades de nível mais alto. Segundo esta teoria, cada indivíduo tem de realizar uma “escalada” hierárquica de necessidades para atingir a sua plena auto-realização, consistentes em:1 – Necessidades fisiológicas; 2- Necessidades de segurança; 3 – Necessidades sociais; 4 – Necessidades de estima e 5 – Necessidades de auto-realização. Quem sabe, eu também goste deste tema pelo fato de após tantas décadas de minha formação, constate que as necessidades organizadas por Maslow requerem novos estudos e registros, tendo em vista as transformações globais e a nova forma de vida das pessoas 60+, totalmente diferente dos adultos mais velhos dos anos 70. Felizmente, aos 63 anos vejo que tive atendidas aquelas necessidades do


Mas, como reescreveríamos e detalharíamos a Hierarquia das Necessidades para o Sênior de hoje?

“Saber que meu conselho pode ser valioso me deu um renovado senso de propósito. Mas, infelizmente, muitos de nós na casa dos cinquenta anos ou mais nos sentimos cada vez mais invisíveis, Está aí uma boa reflexão, a meu como se não tivéssemos muito a oferecer sentir. Reflexão esta que também ocupou ao mundo.” a mente de Chip Conley, um incansável especialista em longevidade. O paradoxo do vigor físico versus a ir Chip Conley, é autor de best-sellers relevância que paira na vida dos 60+ do New York Times, empresário fundador da Joie de Vivre Hospitality, antigo motel que transformou na segunda maior mar- Diz o escritor: “Quando pesquisei ca de hotel boutique da América. quase 200 pessoas de meia-idade so Inspirado pelo trabalho dos famo- bre sua vida e carreira em preparação sos psicólogos Maslow e Frankl, Conley para escrever meu novo livro, Wisdom @ escreveu os livros “PEAK” e “Emotional Work: The Making of a Modern Elder, miEquations”, em que compartilha as res- nha surpresa número um foi a frequência pectivas teorias aplicadas à transforma- com que a palavra “irrelevante” aparecia ção e ressignificado nos negócios e na nas conversas. vida. Seu livro, “Wisdom @ Work: The Uma pessoa descreveu se sentir Making of a Modern Elder”, foi inspirado como uma velha caixa de leite, com a por suas experiências pós-50 anos como data de validade estampada em sua tesmentor e estagiário inesperado no Airb- ta enrugada. Outros pareciam obsoletos nb. como uma velha máquina enferrujada. O conceituado escritor ao atingir Um paradoxo de nosso tempo é 60 anos trouxe à baila esta mesma ques- que desfrutamos de uma saúde melhor tão ao relembrar um de seus artigos no do que nunca, permanecemos vibrantes LinkedIn, em que escreveu sobre “O con- e ativos por mais tempo, mas nos sentiselho que gostaria de ter recebido aos mos cada vez menos relevante.” 10, 20, 30, 40 e 50”. Exercício para reconhecer, apreciar Uma Hierarquia das Necessidades e registrar a sua sabedoria para cada década de vida Pioneiro no desenvolvimento, transformação e capacitação de seniores, no artigo mencionado Conley conta que decidiu organizar seu pensamento sobre a hierarquia de necessidades para cada década da vida, após ter sido consultado por um amigo mais jovem sobre o caminho a seguir. À época, refletiu sobre o que ele poderia ter a dizer a alguém de uma geração mais jovem. Ponderou, inclusive, sobre que tipo de conselho ele mesmo gostaria de ter ouvido aos 40 anos. Ao passo que se sentiu gratificado pela oportunidade de aconselhar alguém mais jovem, constatou que a realidade da maioria dos 60+ não é bem essa – a de ser considerado um mentor:

Mentor hábil e reconhecido que é, Chip Conley não deixaria de nos passar as suas anotações, nem, tampouco, os conselhos que entendeu serem úteis a pessoas de várias gerações. Sugeriu, também, que criássemos o nosso próprio “Livro da Sabedoria” para adicionarmos todas as ideias e observações significativas que surjam em nossas mentes, e que possam ser uteis à nossa vida de agora, e para aqueles que um dia envelhecerão. “Que conselho você daria a uma criança de 10 anos que fosse madura o suficiente para aceitar? Ou para você mesmo, se pudesse viajar no tempo de volta aos 10 anos? Agora, mude para um jovem de 20 anos e dê alguns conselhos sábios. Continue até chegar à sua idade atual.”

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Vamos construir a Pirâmide da Hierarquia das Necessidades para os adultos 60+ Conheça as cinco pirâmides e os conselhos deixados por Chip Conley para cada década de vida até os 50 anos. E, leia o pedido que Chip Conley faz aos Maturis Modern Elders maiores de 60 anos que o aconselhem, construindo uma pirâmide que defina essa década de vida. Podemos preencher a nova pirâmide por meio deste link, e enviá-la à Modern Elder Academy, no e-mail: wisdomwell@modernelderacademy.com. Gostei dos conselhos deixados por Chip e do pedido de aconselhamento que deixou aos adultos mais velhos do que ele. Escreverei a minha nova pirâmide da Hierarquia das Necessidades segundo a década pós 60 anos de vida. E você?

Editora e produtora de conteúdo sobre longevidade e turismo no site Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Fundadora do Projeto Across Seven Seas Também no You Tube, Facebook e Instagram

Projeto Across Seven Seas www.acrosssevenseas.com

Obrigada! Silvia

Triboni

silvia.triboni@gmail.com

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Divã

Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Você estará sempre em mim! O ano começa e apesar de vários planos, no fundo queremos que tudo permaneça igual! Família reunida, os mesmos amigos, o trabalho . . . Mas como fica quando a pessoa que amamos tem outros planos? Como fica quando um filho sai de casa? Gestamos um filho, desenvolvemos um amor que não cabe dentro de nós e tudo o que queremos é que seja feliz! Quando a mãe amamenta seu filho há uma mudança cerebral e varias áreas entram em ação, havendo inclusive aumento da matéria cinzenta (tálamo, giro pré e pós-central e lobo parietal). A oxitocina aumenta a ativação em áreas límbicas motivacionais do cérebro em resposta ao estímulo do contato da mãe com o filho. Assim, o amor ativa áreas de recompensa do cérebro, a imagem do filho fica impregnada na mente e encarnada no corpo para sempre. Damos uma educação para que possa ser independente na vida, aliás, acompanho pais que vivem o drama de ter filhos com problemas e por isso não terão autonomia e eles ficam apavorados de faltarem um dia, é como se não tivessem o direito de morrer! Quando criança, queremos que nosso filho corra, brinque, aprenda e tenha saúde! Quando cresce, desejamos que se saia bem no vestibular, tenha bom emprego e ame! Mas quando nossos sonhos se realizam, aí que dor! A saída de um filho de casa parece que vira nosso mundo de ponta cabeça,

ficamos sem chão para pisar, sensação de traição e o famoso “ninho vazio”. A síndrome do ninho vazio ocorre em função da grande dedicação direcionada ao filho por muitos anos, afazeres da casa, alimentação, rotina de compromissos entre os passeios, festas e até brigas. Nem nos damos conta de como tudo isso nos preenche e como ficamos esvaziados quando muda à configuração do relacionamento. O fenômeno da ativação cerebral do amor explica o motivo pelo qual quando o filho sai de casa parece que foi amputada uma parte de nós, mas a dor deve passar rápida e dar lugar ao orgulho de ter cumprido bem à missão de criar um filho capaz e com coragem de enfrentar as agruras da vida com dignidade. Caso demore mais de um ano para o sofrimento acabar, tente refletir o motivo disso, pois tudo o que se deseja é o sucesso dele e ficar muito triste é um contra senso e pode indicar alguma outra questão mal resolvida, pense a respeito! Aproveite ao máximo as visitas, programe passeios e atividades alegres, evite cobranças e lamurias. Tenha vida própria e seja uma pessoa interessante para que o filho tenha prazer de ficar em sua companhia. Afinal como diz o ditado: “criamos o filho para mundo”, mas ele estará sempre em você! O mesmo se aplica para os netos! Um ótimo 2021, Com amor Sandra

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Foto: @encourline

PS: o presente tema foi solicitado por gazine 60+. Aguardo sugestões de vocês uma leitora que reside na Austrália, o que para os próximos números. demonstra a abrangência da Revista Ma-

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Variações in VIVO

Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta

Conversê

Uma energia pergunta: “ - Ta como?” . A outra responde: “- Vivendo, enfrentando, observando, aprendendo, recordando, sorrindo, assistindo, e assim sigo, seguindo a onda”. Muitos planos eu fazia, afinal sou da década de 60 e tenho anos pela frente. Acho, achava. Se eu tudo pudesse, agora que sei tanto sei (penso diferente do Sócrates), tanta coisa ainda faria; entretanto, essa pandemia trouxe novidades realmente inéditas, além de mais do mesmo. Os planos mudam. Para mim começou em fevereiro, quando em viagem, após seis dias presa sem poder aportar em três países, ocupando uma embarcação que escapou de ficar retida em quarentena, por pouco. Voltei em março. Percebi que deixei um Brasil e encontrei outro. Novas máscaras, pós Carnaval, umas sendo içadas e outras tantas desmoronando. Festa sem anfitrião essa, nem convite nem nada. Ou melhor, tem de tudo, pegou geral, todo o mundo, o mundo todo. Apesar da distância incômoda, saudosa e forçada de pessoas e coisinhas, não reclamo. Se existe um tempo inútil é o da lamentação, e isso fica bem mais notável na atualidade. Fui acometida pelo vírus no meio desse percurso pandêmico; já contei essa historia numa outra edição. Saí da zona de perigo, porém, a zona de perigo não saiu, o caso não ficou no passado, está ainda muito presente, pois, foi após essa experiência que considero viver a pandemia em mim, mais do que antes do ado-

ecer. Mexeu. Meu modo de analogia ao cenário global remete a uma antiga brincadeira de crianças, a da cobra–cega. Pessoas cobertas, que não mostravam o rosto, há tempos (e ainda não né), pessoas que estavam guardadas, escondidas, trancadas algumas, reaparecem nas redes sociais, nos telefonemas, circulando, incógnitas por desconhecimento e não por ocultação, aleatoriamente sem saber pra onde ir, o que fazer ou o que procurar. Tenho dedicado de modo mais generoso minha modesta expertise, sempre que posso prestar esse serviço. Através de feedbacks confirmo bons resultados ao escolher bem palavras e ações, mais que nunca. Doei objetos e pertences pessoais acima do que o faria habitualmente. Praticando o minimalismo melhora. To “Descarteando” ... Preocupo menos, existo mais. O não saber, tal qual Sócrates, pode ajudar nisso também. A Vida crível é incrível.

Quadro Os amantes (1928) René Magritte

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Aprendizagem na 3ª idade

Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga

Adeus ano velho, feliz ano novo

ações rápidas e a determinação de um guerreiro, descartar o que vivemos, seria como virar as costas à vitória iminente. Se calibrarmos nosso olhar e nos voltarmos para os anos que se foram, notaremos que muitos deles, senão todos,

Foto: Adrian Swancar

De 2020 levaremos a certeza, não sem razão, de ter sido um ano atípico. A pandemia transformou nossas vidas obrigando-nos a viver uma reclusão forçada e a buscarmos compartilhar nossos afetos, camaradagem e convivência por meio de recursos digitais não destinados a esse fim. “Que ano foi este? Um ano que não existiu.”, muitos dirão. Será assim que nos recordaremos dele? Não consigo entender que se possa desejar apagar as lembranças que teremos de 2020 justamente por ter sido um período denso e pesado, que ameaçou nossa integridade física, emocional e espiritual, individualmente e também como espécie. Seria o mesmo que desprezar tantas mortes, tanto sofrimento, tantas lutas, como se nada tivesse valido. Considerando que, se chegamos até aqui, sobrevivemos a situações que exigiram re-

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deixaram marcas que os distinguem dos demais e, como cicatrizes, ficaram gravados em nossa lembrança. Alguns anos marcaram nossas vidas e serão lembrados como aqueles em que, por exemplo, realizamos a “viagem de nossos sonhos”. Outros permanecem em nossas lembranças porque fomos promovidos em nosso local de trabalho ou mesmo porque mudamos de emprego. Outros ainda se diferenciaram dos demais pela conquista de um novo e definitivo amor, pelo nascimento dos filhos ou, talvez, dos netinhos. Um animal que se adota e se revela nosso grande amigo e confidente marca nossa vida de tal forma que dificilmente esqueceremos a data em que o encontramos ou fomos por ele escolhidos. O falecimento de parentes e amigos próximos e queridos deixa espaços vazios, lacunas por sua ausência. O surgimento de uma doença pode ter comprometido nossos planos. A tarefa que cabe, então é o retorno ao estado de saúde, algo que poderá ocupar grande parte de nosso tempo e muitos esforços. “Acidentes de percurso”, bem como “metas planejadas e alcançadas” conferem colorido aos dias, meses e anos vividos e marcam nossa existência, não importando que sejam pelas dores, alegrias ou ambas condições. Amigos que nos conhecem e conosco convivem nos dão força com sua amizade, carinho e confiança para enfrentarmos as mais diferentes adversidades e, ao final, comemoram com alegria nossos sucessos ou se solidarizam conosco por eventuais revezes vividos nesse percur-

so. Pais, irmãos e familiares nos estimulam a percorrer caminhos às vezes árduos e complexos, movidos pela fé que os alimenta em relação a nós. A pessoa amada, que nos escolheu e a quem escolhemos para compartilhar nossas vidas, se faz presente de forma especial em todos esses momentos. Por sua ternura, companheirismo e amor infindável, nos transmite esperança em nossa resistência e vontade de viver. Assim, nos ajuda a superarmos os momentos difíceis para então celebrarmos juntos as vitórias conquistadas. Creio que cada ano traz consigo alegrias e tristezas, desafios novos assim como um punhado de dúvidas e, talvez, poucas certezas definitivas. Nos envelhece fisicamente enquanto nos torna mais jovens em espírito e sabedoria. O que importa, o que nos marca, o que fica é a intensidade com que vivemos cada momento, a cor que lhe conferimos e a emoção que sentimos ao nos recordarmos dele. É também o amadurecimento que cada experiência vivida nos provocou e o modo como a ela respondemos. Aprendi, a duras penas, que aquilo que nos emociona são os momentos que enfrentamos com dignidade, que nos ensinaram a viver cada dia a seu tempo, a olharmos para o futuro como uma possibilidade de reafirmar nossas esperanças, aprendermos a conviver com as adversidades e, mesmo assim, nos sentirmos vencedores. Para 2021, o que levaremos e como o receberemos? Novo ano, novas cores, novos tons.

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Nosso Universo interior

M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal

Alegria

A alegria é um sentimento de plenitude e satisfação interior Já é conhecido que nosso organismo fabrica endorfina naturalmente, porém podemos ajudar esse processo com exercícios físicos, atividade sexual, lembrar de coisas agradáveis, escutar música, etc... Algumas atitudes também podem incentivar e favorecer a sensação de alegria, como sorrir, abraçar, acariciar entre outras, e muitas vezes as doutrinas que promovem a Fé, permitem também que a gente sinta uma enorme alegria. Podemos dizer que a alegria é um estado de espírito, e que quando acreditamos que cada um de nós é capaz de criar e viver alegremente, isso se torna uma realidade permanente. Nos sentimos mais animados, ousados, criativos, afetuosos e auto confiantes. Para que consigamos nos sentir alegres a maior parte do tempo, é imprescindível deixar de lado todas as coisas negativas que possam interferir no nosso estado de humor. Sabemos que todos temos nossas tristezas, mas não devemos levar adiante esse sentimento, mas sim superá-los rapidamente e voltarmos ao nosso estado de prazer e alegria como meta. Observando as pessoas alegres, constatamos que estas estão sempre mais bem dispostas, tem uma saúde mais estável, conseguem alcançar com mais facilidade seus objetivos, estão normalmente rodeadas de pessoas que pensam como ela, sentem mais prazer, a sua auto-estima é bastante elevada e suas conquistas são muito satisfatórias. Na verdade todo estado de espírito

pode se tornar um hábito, ou seja, ser alegre pode fazer parte de você, da sua capacidade realizadora, dando condições de viver cada momento com inteireza, sentindo-se merecedora de tudo de bom que a alegria pode te dar. A Alegria nos causa efeitos especiais nos capacitando para qualquer realização. Para ser alegre devemos estar confortáveis sendo quem somos, orgulhosos das nossas habilidades e procurar sempre olhar o lado positivo em tudo..., você sempre vai encontrar. Sorria Use palavras positivas Elogie Tenha posturas leves Faça coisas que você mais gosta Caminhe junto a natureza Seja bom ouvinte Não julgue Ouça musica Pratique a gratidão A alegria é contagiante, e o Universo retribui ! ESTAMOS NO INÍCIO DE UM ANO QUE SERÁ MARAVILHOSO, COM ALEGRIA, FÉ, REALIZAÇÕES E MUIIITA SAÚDE! FELIZ - 2021!

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A vida como ela é

Marisa da Camara Consultora Imobiliária Brasil - Portugal

Merde

Assim dizem os franceses, para desejarem “boa sorte!”. O uso do termo, com esse propósito, teve origem no teatro francês. Existe a versão de que um ator, fazendo o trajeto a pé para um teatro, passou por um incêndio, mudou o caminho, se perdeu e, para piorar, pisou em cocô de cavalo, logo à entrada do teatro. Atuou com aquilo grudado em seus sapatos e teve uma brilhante apresentação. Uma outra versão diz que antigamente, no tempo das carruagens, sabia-se que o teatro estava lotado e apresentando um bom espetáculo, pela quantidade de dejetos de cavalos em frente a ele. Seja qual for a versão correta, até os dias de hoje, nos teatros ao redor do mundo, costuma-se dizer “MERDE!” para os atores, para desejar-lhes BOA SORTE! A depender disso, sou o ser mais sortudo da face da terra. Não!!! Nada a ver com aquele enorme monte de cocô de cavalo! Falo de mini montinhos, mas... de gato. Torceu o nariz e a boca, não? Quem conhece o cheiro da ‘coisa’ sabe do que estou falando. Vamos lá! A vizinha tinha uma gata que vinha tomar sol em meu quintal diariamente, por mais que eu a espantasse. Num belo dia, a gata deu à luz sete gatinhos. Com sete dias de vida essa ‘bichanada’ já escalava um muro alto e, de lá, caíam em casa e miavam, sem parar. A vizinha se fazia de desentendida, porque queria doá-los. Já eu, feliz e realizada com filhas e netos crescidinhos, e sem o menor desejo de limpar cocô e xixi

de gatos, a chamava para retirar seus bichanos de casa. Num piscar de olhos os bichinhos cresceram e não saíam de minha casa. Elegeram um vaso de planta comestível para defecarem e depois jogavam toda a terra para fora do vaso, até aparecer a sua raiz. Depois de limpar o vaso e o chão, por vários dias seguidos, levei o vaso para dentro de casa, para acabar com essa situação. Eles, então, sem cerimônia, se adaptaram a outro vaso, grande e pesado, que enfeita a entrada de minha casa. Depois de tanto trocar a terra do vaso e usar de várias artimanhas, mal sucedidas, resolvi colocar pedaços de lenha, pesados, de forma que eles não conseguissem removê-los e ficassem sem espaço para depositarem seus dejetos. Problema resolvido? NÃO!!! Ainda sem cerimônia, eles continuaram a fazer a mesma arte , agora na porta de casa. Há duas semanas, toda arrumada e perfumada, ao sair de casa para uma reunião, quase pisei numa pilha de ‘BOA SORTE!’... Aquilo, rodeado de varejeiras, fedia tanto, apesar do meu delicioso perfume, ironicamente francês, e do uso da máscara. Minha rotina diária passou a ser: tirar os excrementos com a pá, esfregar e desinfetar o chão, a pá e a vassoura e, pronto! O clima já está favorável para a próxima defecada. No dia seguinte mais um monte, e assim sucessivamente, tendendo ao infinito.

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Sem muita esperança, estou telando o portão de casa e acima do muro, por onde passam. Se esse volume e constância de cocô de gatos também significam ‘BOA SORTE!’, obrigada, mas eu passo. Ah! E caso alguém se solidarize

com os bichanos, a vizinha continua querendo doá-los. Eu intermedio, rapidinho, e lhe desejo ‘MERDE!’. Brincadeiras à parte, até porquê isso é um drama e real, desejo-lhe BOA SORTE e muita saúde em 2021.

Contos I

Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Pensamentos durante a Pandemia Esse ano de 2020 foi realmete inusitado, foi porque terminou. Praticamente desde 15 de março estamos em isolamento, estou falando do meu circulo familiar e amizades. No começo fiquei apavorada, não ver netinhos, filhos, familia, bater papo

com amigas e amigos, mas no fundo achei interessante, pois nunca tinha pensado que um dia poderia viver assim, praticamente isolada e quando abrisse a porta, tinha que colocar uma máscara... E o meu sorriso? Como ia ser? E foi um ano de surpresas. Mudan-

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catástrofes ambientais muitas delas promovidas por ações do proprio homem; que as quatro estações do ano aconteçam naturalmente no seu ciclo natural, que a ciência vença a ignorância de alguns políticos, que haja vacina para todos os seres humanos do Planeta Terra, que as Nações Indígenas sejam ouvidas; que não haja mais o preconceito da cor da pele, pois todos somos feitos da mesma matéria prima; que não haja perseguição pela opção sexual; que a natureza seja respeitada: as nascentes de águas, rios, florestas, flora, fauna, aves... todos os animais. Que haja mais Amor, mais Respeito, mais Harmonia, mais Alegria... Que todos tenham um teto para morar. Que todos tenham direito à um leito de hospital para se curar. Que a morte que chegará para todos nós seja amena Que 2020 seja um exemplo de que a Solidariedade é a base de um país saudável. RESUMO de minha experiência: Não sou uma pessoa solitária, mas descobri que gosto de ficar só, que gostei de ouvir o meu silêncio e aprendi a ouvir o silêncio do outro, porque mesmo o silencio é um meio de comunicação. Foto: Arquivo

ça de hábitos. Para quem sempre passou o ano fazendo projetos, vivendo o dia a dia fora de quatro paredes, marcando encontros, participando de reunões, encontros, happy hours, jantares, bates-papos.... derrepente se vê trancafiada em seu casulo, fica complicado. Que mundo é esse? O que aconteceu com o planeta? Que culpa tenho eu desse virus estar rondando seres humanos? Não vou discutir o óbvio. Todos nós vivemos a mesma experiência de nos protegermos desse inimigo que até tem um nome simpático: CORONAVIRUS, uma Coroa de Espinhos. Não vou falar pelos outros vou falar por mim que nunca imaginei que um dia viveria dias, semanas, trancada no meu canto falando por whatsapp, emails, celular e quando a campainha do apartamento toca, antes de abrir a porta o primeiro gesto é colocar uma máscara tapando boca e nariz.... Que roteiro é esse que foi imposto sem discutir as cenas? os personagens, as falas? Que diretor vai estar à frente desse filme? Já sei... é um cara que já ouvi falar, mas não me foi apresentado pessoalmente: o Bom Senso. As cenas foram apresentadas: usar máscaras nas ruas no transporte publico, nos metrôs, onibus, lavar as mãos, isolamento social, evitar aglomeração, respeitar espaços, proibido cumprimentos com beijos e abraços.... Até acho saudável, porque tem pessoas que gostam de agarrar o outro, beijos molhados no rosto, mãos suadas... os orientais são mais cuidadosos, não se tocam e fazem reverencias que é muito mais respeitoso. Se sobreviver a tudo, adotarei esse hábito. E 2021 chegou sem fazer festas, sem rojões, sem fogos de arificios, champanhes estourando, contagem regressiva, gritos, abraços, cantorias, copos cheios brindando outros copos cheios.... Que 2021 chegue de mansinho e vá crescendo na medida do possível, sem

Avenida Paulista em 31/12/2020 as 17:00 hs

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‘Causos’ do Nordeste

Tony de Souza Cineasta

Primeiro dia do ano

Foto: Arquivo

Há quem diga que é o dia dedicado à Fraternidade Humana. Mas de acordo com a ONU, o dia da Fraternidade Humana é 04 de fevereiro. A igreja católica celebra neste dia a circuncisão de Jesus. Há também quem reivindique a data como Dia de São Silvestre, embora o dia de São Silvestre seja 31 de dezembro, último dia do ano. Os santos do dia primeiro de janeiro, são Santa Eufrosina e São Fulgêncio. “ É como a Noite de Natal, Noite de Festa, de comemoração doméstica, mas aos poucos, nas cidades grandes, a vida social encarregou-se de festeja-la nas sedes das associações elegantes, com bebida à meia noite e mesmo o Hino Nacional, entre barulheiras e gritos que devem anunciar todos os benefícios, exceto a tranquilidade, porque esta não pode ser invocada aos berros e sopros de buzina atroadora.” , diz Câmara Cascudo. Câmara Cascudo diz ainda que, de acordo com a tradição, “o que se fizer no primeiro de janeiro será a antevisão,

a profecia, o programa, para os demais dias.” No que me diz respeito, tenho uma superstição de que se não conseguir fazer uma reflexão, um balanço sobre o ano que se finda antes do dia 31 de dezembro, é difícil alguma coisa dar certo no ano seguinte. E nesse balanço eu incluo todas as promessas não cumpridas nos anos anteriores, e faço novas promessas, claro. Mas, voltando ao Câmara Cascudo, ele diz que essa tradição de cuidar de fazer as coisas certas no primeiro dia do ano, veio de Portugal e Espanha. “Os ameríndios e os negros africanos não tinha crença alguma relativa ao Ano-Novo”. É bem provável que “nossa revista” só saia depois do dia primeiro de janeiro. Se você, caro leitor, tiver a sorte de ler essa revista antes do dia primeiro de janeiro, fica o alerta: “Cuidado com o Dia do Ano-Bom!” Procure ter bons pensamentos, Alegria, Paz, Amor. Não se zangue. Não fique triste. Feliz 2021!

O ato de se pular as sete ondas no réveillon é uma homenagem à orixá das águas e do mar, Iemanjá. Nota da Edição

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ANUNCIE COM A GENTE PREÇO BAIXO E UM GRANDE ALCANCE Seja um doador mantenedor da nossa revista entre em contato com Manoel Carlos por telefone ou whatsapp (11) 9.8890.6403 seu nome terá um agradecimento (ou não caso prefira) e um destaque na próxima edição

60+

magazine

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Benefícios

Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

As funções executivas: e sua importância para o convívio social e a autonomia Na década de 1980, acreditava-se que as funções executivas fossem um sistema denominado atencional com a função de ser uma habilidade mental supervisora, baseada em dois processos complementares, onde um sistema atuaria na seleção e o outro no controle de ações a serem executadas. Um mecanismo de contenção seria responsável pelo controle automático em atividades rotineiras e outro sistema atencional supervisor seria responsável pelo controle consciente em situações caracterizadas como novas atividades. A principal característica das funções executivas é ser um grupo de habilidades com a função de organização temporal do comportamento dirigido a objetivos específicos na rotina. Esta organização é alcançada pela coordenação conjunta e hierárquica de três habilidades mentais, que são: a) a memória de trabalho, b) a atenção motora (preparação para a ação), c) e o chamado controle inibitório, características estas que colocam as Funções executivas como um dos aspectos mais complexos da cognição humana. De forma mais específica, o funcionamento executivo é responsável pela capacidade de executarmos o planejamento e o desenvolvimento de estratégias para atingirmos metas, o que requer flexibilidade de comportamento, além de estarem relacionadas ao raciocínio abstrato, às características de personalida-

de, e à teoria da mente, sendo estas duas últimas características pertencentes a um componente do nosso cérebro que é chamada de cognição social. As funções executivas são de extrema importância para o controle das habilidades mentais, funcionando como um maestro que ordena quando outras funções iniciarão ou cessarão as suas atividades, do ponto de vista anatômico, estão situadas na região do cérebro do córtex pré-frontal, ou lobos frontais, ou seja, na parte frontal da estrutura do cérebro. O desempenho das habilidades de Funções Executivas está relacionado à capacidade do indivíduo que envelhece em tomar decisões apropriadas em seu cotidiano, exibir um julgamento adequado em determinadas situações e em manter uma vida independente e com autonomia mantida. Prejuízos em subcomponentes das Funções Executivas, como no planejamento, tomada de decisão, organização e flexibilidade, afetam diretamente adultos ao longo do envelhecimento, podendo ocasionar dificuldades na realização de atividades de vida diária e no manejo de suas finanças. Estudos destacam que a disfunção executiva ou seja os prejuízos no funcionamento executivo, podem sofrer impactos de quadros de depressão, dos sintomas depressivos e de outras doenças mentais na população idosa. Estas afirmações se basearam na realização de

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estudos sobre o sistema executivo e foram desenhadas a partir de observações de pacientes que sofreram danos ao lobo frontal. Os pacientes exibiam ações e estratégias desorganizadas para as tarefas diárias de sua rotina, embora parecessem executar normalmente tarefas relacionadas com outras habilidades mentais, como a memória, a aprendizagem, a linguagem e o raciocínio. O caso mais clássico das neurociências que nos fez estudar este conjunto de habilidades cognitivas responsáveis pela tomada de decisões, conduta e regras sociais e para a autonomia das nossas ações cotidianas, foi de um operário norte americano chamado Phineas Gage. Quando em 1848, aos seus 25 anos, teve seu cérebro pré-frontal trespassado por uma barra de metal. Não perdeu nem os sentidos nem as funções cerebrais de fala, memória e locomoção. Após a retirada do objeto, recuperou-se fisicamente por completo, mas comportava-se de forma contraditória ao seu comportamento anterior. Passou a apresentar um conjunto de características que, hoje, chamaríamos de antissociais (desconsideração pelas convenções sociais – como senso de reciprocidade – e princípios éticos), além

de uma incapacidade para planejar ações em prol de sua sobrevivência. No decorrer dos anos, muitos pesquisadores contribuíram para a melhor compreensão do funcionamento executivo e das particularidades que nos diferenciam dos demais animais na Terra, em que conseguiu-se afirmar, que o cérebro humano apresenta dentre alguns dos seus diferenciais um sistema engenhoso que coordenasse as demais habilidades mentais. Importante refletirmos que assim como podemos treinar a memória e a atenção por exemplo, também podemos treinas as funções executivas, visando gerar ganhos para este grupo de habilidades mentais e a manutenção da autonomia e da independência no decorrer dos anos de vida. A seguir indicamos algumas atividades aos quais você pode realizar para exercitar as funções executivas, visando assim otimizar o desempenho deste grupo de habilidades e promover uma longevidade com autonomia e independência por mais tempo: - Exercício de ordenação de palavras, em que deve descobrir as palavras que se pode formar, trabalhando com as letras embaralhadas;

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- Exercício de ordenação de palavras de frases desordenadas, para formar uma frase com sentindo; - Treino de tarefas de fluência verbal como o jogo do STOP, trabalhando fluência verbal com restrição categórica e fonológica. Em que o participar tem que pensar em itens como frutas, flores, animais, nomes próprios com uma determinada letra. - Exercícios de interpretação de ditados populares, visando estimular a habilidade de abstração, ou seja, a habilidade de interpretação de metáforas; - Interpretação de emoções de faces de pessoas, visando treinar a habilidade de cognição social; - Jogos de estratégias como xadrez; Jogo da Velha e jogos virtuais, como os

disponíveis na Plataforma do Supera online. Agora que você já sabe o que são as funções executivas e como funcionam, exercite as suas habilidades e mantenha no decorrer dos anos, o bom funcionamento cognitivo, para a promoção da longevidade. Literatura consultada: Lezak MD, Howieson DB, Loring DW. Neuropsychological assessment. Oxford University Press, 2004. Miller EK, Wallis JD. Executive function and high-order cognition: definition and neural substrates. Encyclopedia of neuroscience 4:99-104, 2009.

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Falando em escrever

Rosa Maria Rodrigues Castello Consultora em Direitos Autorais

Renovando-se, como Perséfone Maria Cristina Castilho Costa nasceu em São Paulo. Estudou Ciências Sociais e dedicou-se à Sociologia da Arte, área em que se especializou e obteve título de mestre e doutora com teses que analisavam a arte brasileira. Foi Superintendente Cultural do então Instituto Cultural Itaú e assessora Especial do Secretário da Cultura de São Paulo Ricardo Ohtake. Tomou contato com outros meios de expressão como vídeo, cinema e informática. Tornou-se docente da Escola de Comunicação e Artes (USP) e, posteriormente, Professora Titular de Comunicação e Cultura. Tornou-se Psicanalista, tendo se formado pelo Instituto Brasileiro de Ciência e Psicanálise – IBCP. É autora de mais de 30 livros, em 1986 lançou o livro didático Sociologia: introdução à ciência da sociedade, em São Paulo, pela Editora Moderna, está na 5ª. Edição, um grande sucesso de vendas até hoje. Como psicanalista publicou Luto, Ritos e memória: a experiência da dor da perda humana no passado e no presente, pela Editora Artesã. Eu tive a honra de trabalhar com a Cristina Costa de 1991 até 2016. Coordenou várias coleções de livros para jovens leitores com diversos temas e muita gente boa reunida. Foi um período maravilhoso de muito trabalho e conhecimento. Hoje estamos em outros projetos, mas ainda com o mesmo propósito, trabalhar com o público 60+ Cristina, criou e coordena o Projeto Envelhescência acessível no endereço http://projetornvelhescencia.com.br. Convidei Cristina para participar e

ela aceitou o meu convite para escrever na minha coluna “Falando em Escrever”, um texto para a sobre renovação. Tenho certeza que vocês irão gostar do “RENOVANDO”, boa leitura.

Cristina Costa Gosto muito de começar minhas palestras e artigos com um conto ou um mito. Nesta matéria não será diferente. Vou iniciar falando de uma personagem

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mitológica - Perséfone. Para quem não se lembra, na mitologia grega, Perséfone era filha de Zeus e Deméter, deusa responsável pelas colheitas e pela fertilidade. Tornou-se uma jovem encantadora que despertava paixões, mas Deméter, enciumada, escondia a filha de seus pretendentes. Foi assim que, Hades, o deus dos infernos, resolveu raptá-la quando, distraída, ela colhia flores para as ninfas. Levou-a para seus domínios e fez dela sua esposa e rainha. A mãe procurou-a por toda parte e sem encontra-la caiu em profunda tristeza, descuidando-se de fazer nascer as plantas e as flores e deixando o mundo em uma longa estiagem. Finalmente, descendo aos infernos, encontrou a filha que, a essas alturas, já se encontrava instalada como rainha dos mundos dos mortos. Diante disso, fez-se um pacto com Hades – Deméter passaria metade do ano com o marido nas profundezas dos mundos subterrâneos e a outra metade com sua mãe, Deméter. Assim, teve início a sucessão de estações do ano – quando Deméter estava com a mãe, esta cuidava do mundo e cobria a natureza de fertilidade e explosão de vida – a primavera e o verão. Quando Deméter recolhia-se ao reino de Hades, vinha um período de frio e escassez – o outono e o inverno. Esse mito é importante porque ele explica exatamente esse ritmo do tempo mítico e da natureza em que as condições de vida, a aparência do planeta, as emoções que desperta e as esperanças que engendra parecem, ao mesmo tempo, se repetir e se renovar. Estamos sempre aguardando as estações, sabendo que, como no ano anterior, estaremos a certa distância do sol, com dias mais claros ou mais escuros, mais friagem ou mais calor, mais vontade de brincar e sorrir ou, ao contrário, de nos recolher e abrigar. Essa sensação é boa de que, apesar de tudo, como nos mitos, tudo volta a ser como era e como sempre foi. É ela que nos dá certo sentido de perenidade e de um eterno retorno. Mas, por outro lado, vem a sensação de renovação, de que alguma coisa que não aconteceu como prevíamos ou que esperávamos, poderá, enfim, suceder.

É por essa ambiguidade que as mudanças de estações do ano são tão comemoradas – estamos sempre aguardando quando o frio acaba ou quando o calor diminui, quando as flores desabrocham ou quando é tempo de migração das aves. Mesmo em um mundo adaptado às novas tecnologias, com tempos virtuais, a poesia dos ciclos das estações permanece dentro de cada um de nós. É por isso também que a passagem do inverno rigoroso, no hemisfério norte, para os tempos mais amenos da primavera foi aproveitada pelas religiões para as grandes comemorações sagradas e para as festas de início de ano, quando se comemora a continuidade da vida e a renovação das energias, desejos e anseios. Por saber de toda a importância dessas comemorações é que escrevo este artigo para dizer que, na verdade, a vida está repleta de ciclos e renovações, de continuidades e de superações. Temos as estações do ano e aquelas de desenvolvimento psíquico e biológico – a infância, a adolescência, a maturidade e a velhice. Cada uma delas com suas flores e suas estiagens, com perdas e ganhos, com esperanças e lutos. E por saber disso, tenho me dedicado a estudar a vida das pessoas com mais de sessenta anos para saber como se dá essa força de renovação e descoberta. Trata-se do Projeto En-

Estátuas de Perséfone e Hades no Museu Arqueológico de Heraklion, Creta - Grécia

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velhescência em que entrevisto pessoas longevas que alimentam planos para o futuro. São histórias lindas, como a de Tereza que depois de ser empregada doméstica e operária por décadas, aos 71 anos, viúva, mãe de um filho e avó, decidiu abrir seu próprio negócio – o brechó Luar Chic – onde não só se renova como renova roupas e objetos que coloca à venda. Há a história de Universo, um homem de 85 anos, nadador desde a infância que, depois de um acidente com o filho que o deixou hemiplégico, tornou-se fisioterapeuta e treinador de atletas paraolímpicos nas piscinas públicas. Assim acode ao filho e a outros nadadores. E, mais, acumulou medalhas de competições na sua categoria. Maria Bernadete, a Dona Dete, veio da Bahia ainda menina, trabalhou em casas de família e, depois de casada, teve uma confecção de roupas com o marido. Viúva, começou a participar de movimentos sociais que defendiam mulheres vítimas de violência. Sua vida tomou outro rumo e, aos 78 anos, milita entre os tra-

balhadores sem teto. Norival Pacheco, tem 80 anos, foi um cabeleireiro inovador que cuidou de muitas cabeças famosas até ter dois AVCs (Acidente Vascular Cerebral) quando começou a reunir anotações feitas ao longo de toda a vida em um livro sobre a arte de cortar e pentear. Já publicou dois livros, um deles há um ano. Assim, o Projeto Envelhescência está cheio de depoimentos que narram uma vida de renovação, mostrando que a capacidade de superar as dificuldades e viver novas primaveras não tem idade. Como Perséfone, estamos, às vezes, em meio a intensa primavera e, outras vezes, reinando nos mundos infernais. Mas é por acreditar que tudo muda, tudo passa e se renova que podemos, nesse grande ciclo que é a envelhescência, reunir o que aprendemos, o que herdamos, o que acumulamos, para novos saltos e novos sonhos. Cristina Costa – Socióloga, professora e psicanalista. http://www.projetoenvelhescencia.com.br/

SOBRE A e-EDITORA Criada em 2020, a e-Editora reúne um grupo de profissionais de várias áreas em torno de um propósito comum: registrar a história dos bairros de São Paulo a partir da perspectiva dos que estão na faixa etária 80+. Quem muito viveu muito tem a contar. A partir dessa premissa, somos movidos pelo sentido de urgência. Nossos entrevistados podem levar com eles traços da história de suas vidas, sem que seja possível recuperar essas reminiscências até agora escondidas. Somos jornalistas, engenheiros, advogados, economistas, administradores, além de contarmos com outras expertises. Reunimo-nos remotamente há meses, com o propósito de construir esse registro histórico, proporcionar a sinergia comunitária e intergeracional, bem como estimular o cuidado com o entorno e o meio ambiente nos bairros. Nossa intenção é dar vez e voz a essa população longeva, valorizar as suas histórias enfatizando a real contribuição na formação da identidade e da cultura de São Paulo. Saiba mais, acesse o nosso site https://e-editora.com.br/quem-somos/

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Nosso cafézinho

Cida Castilho Barista

Alda Barista Hoje vou falar de uma figuraça, a Alda Barroso, conhecida como Alda Barista. Alda foi para faculdade Senac de Minas Gerais com seus 54 anos, cursar administração com habilitação em hotelaria de 2004 a 2008. Fazia parte da grade curricular um plano de negócio, e ela escolheu o “Estudo de viabilidade de uma Cafeteria”. Em férias da faculdade, veio para São Paulo fazer curso do Senac de Barista. Durante o curso, apaixonou-se pelo processo do café, pelos trabalhos envolventes que ele proporciona, os treinamentos, consultorias e muito mais. No curso conheceu a professora Conccetta, autora do livro “SOU BARISTA”. Concetta que também atua como consultora em gastronomia na empresa JHC Consultoria e é jurada certificada do Concurso Nacional de Barista inspirou Alda, que em conversa com a professora, manifestou seu desejo de realizar o mesmo trabalho de Concetta em Belo Horizonte, e assim fez. Ao voltar para Belo Horizonte já começou a traçar seus objetivos. Para fazer seu primeiro trabalho se associou a Arquiteta Ana Salum, onde teve a oportunidade de “traçar” o espaço do barista, com tudo que é necessário para o desempenho do profissional e deleite dos frequentadores. Mostrou plena aptidão para o negócio e a partir daí, estimulada pelo seu desempenho, resolveu aumentar seu conhecimento fazendo vários cursos complementares no segmento do café, como: classificação do café, degustação, torra, latte art, cafés filtrados. E Alda não para de se atualizar nesse mercado tão fascinante.

Todo esse seu envolvimento com o mundo do café trouxe oportunidades para ela, como, ser juíza sensorial de campeonatos de barista por cinco anos e instrutora da SCA (Specialty Coffee Association) A consultoria também faz parte de suas atividades, e é um diferencial para todas as cafeterias, porque ela viabiliza o trabalho dos Baristas ou atendentes, deixando tudo mais confortável para o desenvolvimento das atividades dentro do ambiente profissional. Em hora de grande movimento, tudo se torna mais rápido, e tudo se desenvolve harmoniosamente para atender o nosso bem mais precioso que é o cliente. Paralelamente começou a fazer treinamentos para futuros Baristas profissionais visando aprimorar esse mercado de trabalho. No início ela utilizou-se dos recursos em vídeos, em que eu participei, quando fiz os cursos “Treinamento básico de Barista” e “Como montar e operar uma cafeteira” no CPT (Centro de Produções Técnicas de Viçosa). Não nos conhecemos pessoalmente, mas nossa conexão foi feita através dos vídeos utilizados em seus treinamentos e através de suas postagens nas redes sociais, onde sou sua seguidora. Alda nos encanta com suas belas postagens apresentando bolos artesanais e fofos, no requinte de lindas xícaras de café, onde a bebida é servida com leite vaporizado finalizando com latte art, deixando tudo muito harmonioso em um ambiente encantador. Hoje Alda tem 69 anos. Isso mesmo! 69 anos e tem muita energia e dis-

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posição para realizar as suas consultorias, treinamentos e servir ao povo de Belo Horizonte seu cafezinho. Em 2018, Alda concedeu uma entrevista à revista “Cafés de Rondônia” onde foi publicada a receita de seu bolo mais famoso: bolo de café Robusta com chocolate, que é, um convite a um cafezinho. Nessa ocasião ela declarou: “Difícil é resistir a um bolo de café com chocolate. Harmonia perfeita. Um ótimo acompanhamento para um café recém-preparado. A proposta aqui é que sinta o sabor intenso do café 100% robusta1, que com um teor de cafeína superior, confere a esta receita o sabor marcante desta espécie de café. Fazer bolo, para mim, é um exercício de repetição. Às vezes os primeiros ficam a desejar. Porém não desamine. Com o tempo, se gostar do que faz, as boas surpresas virão, principalmente, quando começar a ouvir os elogios dos convidados. A ideia desta receita é para ser acompanhado de um delicioso café... feito na hora. “Combinação perfeita e irresistível.” Abaixo essa receita de enorme sucesso. Aproveitem porque é maravilhoso!

01 xícara de açúcar e vá colocando as gemas (uma a uma) batendo até ficar fofo e esbranquiçado. Em seguida o óleo com a batedeira em movimento. Desligue a batedeira e adicione, aos poucos, a farinha de trigo misturada com o chocolate, intercalando com o café frio. Após envolva as claras em neve delicadamente. Por último o fermento em pó. Coloque a massa em uma forma redonda, de buraco, untada e esfarinhada, (com chocolate), e leve ao forno na temperatura de 180 graus por cerca de 50 a 50 minutos. Após esfriar, desenforme, faça uma calda de chocolate, despeje por cima do bolo e decore com grãozinho de café que mais parece uma joia. A calda de chocolate é feita com 01 xícara de café, 02 colheres de açúcar, 04 colheres de chocolate em pó, 01 colher de manteiga. Leve ao fogo até engrossar ao ponto desejado. Cida Castilho - 9 9914 8868 youtube/cidacastilho@cidacastilho_blend blendespecial@gmail.com

Bolo de Café Robusta com Chocolate (adaptada por Alda – Barista) Ingredientes 04 ovos ¾ xícara de chá de óleo 01 e ½ xícara de chá de açúcar 01 xícara de chá de chocolate em pó (usei o Nestlé 50%) 01 xícara de café, 100% robusta*, coado ou “espresso” (sem açúcar) e frio 02 xícaras de farinha de trigo peneirada 01 pitata de sal 01 pitada de bicarbonato 01 colher de sopa de fermento em pó Preparo Numa vasilha misture a farinha de trigo com chocolate em pó, a pitada de sal e bicarbonato. Bata as claras em neve separadamente. Quando estiver quase no ponto de neve, acrescente ½ xícara de açúcar, até a consistência de um merengue e reserve. Na batedeira coloque

1. Robusta é uma variedade do coffea canéphora. Coffea canéphora é uma espécie de café originária da África Ocidental. Conhecido pelo amargor, adstringência e usado em muitos blends e café solúvel.

Nota do Editor Artigo repetido com as correções

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Reutilizando materiais

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Fotos: enviadas pelo colunista

Mosaico - Intervenções Urbanas IV Há 6 anos atrás, minha esposa se encantou com uma postagem de Solange Piffer e aproveitou a ocasião para matricular-se em dois cursos que seriam ministrados por ela em São Paulo. Um desses cursos foi feito no atelier de Gabriel Guyrá. Tudo terminou excelentemente bem, com contatos mantidos e queixos caídos pelos resultados. Nessa época, Gabriel Guyrá, artista renomado e senhor de uma criatividade incrível, estava em contato com as artistas Simone Berton e Regina Shahini, formando o embrião do que foi batizado mais tarde de Mosaico Paulista. Desse encontro nasceu o SP Map’s Project, cuja ideia básica era realizar um mural com mapas no formato do Estado de São Paulo, onde os artistas poderiam se expressar com temas livres, que seriam instalados em um muro de grande visibilidade na cidade de São Paulo. Esse comunicado, com todas as exigências necessárias, foi colocado nas redes sociais, cuja participação foi aberta nacional e

internacionalmente e na impossibilidade de levar pessoalmente, os mapas seriam enviados pelo correio. E os mapas foram chegando. Até a data da instalação foram contabilizados 399 mapas de todo o Brasil e de alguns países. Nesse caso, tecnicamente falando, não existe uma limitação sobre o motivo da obra, porque a limitação é o próprio formato de cada peça. A criação é livre. Uma peça com tamanho diferente já fica fora do contexto justamente porque não encaixa com as outras na hora da montagem. Todas as peças foram checadas, e as que acabaram divergindo também foram aproveitadas, mas fora do quadro maior. O mural foi montado na Praça Edgard Thomaz de Carvalho, situada na esquina da Av. Brasil com a Rua Gabriel Monteiro da Silva, iniciando em 29/11/2016 e terminado em 30/11/2016. Foi uma grande festa, com vários artistas reunidos, ajudando-se mutual-

Fraguimento do Projeto SP Maps

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mente, dando dicas, tirando fotos, raspando tinta na parede para descobrir outra grande obra praticamente esquecida pela cidade (projeto mil muros). Há semanas atrás, passando de carro pelo local, registramos que a praça e os murais estão bem conservados, e até rolou uma saudadezinha daqueles dias. O formato dos mapas foi escolhido por ser um dos símbolos representativos da cidade de São Paulo, conforme já relatado em artigos anteriores, criado por Mirtes Bernardes, vencedora de um concurso da Prefeitura de São Paulo sobre

padrão para as ruas da cidade. Hoje, dia 18/12/2020, enquanto estou escrevendo esse artigo, ficamos sabendo do seu falecimento nesta data. A artista vai, mas seu símbolo fica. E o fato de ter tido a oportunidade de eternizar esse símbolo me trás um sentimento de dever cumprido, sentimento que deve fazer parte de cada um que fez ou faz parte desse grupo chamado Mosaico Paulista.

Obrigado Mirtes Bernardes! Até mais...

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Mensagens

Luiz Arnaldo Moncau

Mistérios de uma brisa Nuvens esparsas enfeitavam o azul do céu no fim da tarde ensolarada. Não estavam paradas, como estiveram na maior parte do dia. Não. Elas deslizavam suavemente sob aquele manto azul, que de tanto azul quase incomodava os olhos. E uma brisa gostosa refrescava a menina de vestido laranja, que pelo gramado voltava depois dos folguedos e risadas no sítio vizinho. Passarinhos em revoada bailavam, deslizavam na brisa como faziam cisnes em lagos de águas tranquilas. Ah! Quantos mistérios haveria naquela brisa silenciosa e calma, enquanto cochilava o Senhor dos Ventos. A brisa passara pelo coreto da pequena cidade, e como era domingo, trazia consigo o brilho no olhar e os sons acelerados do coração da mocinha que, encantada, ouvia as aventuras contadas por seu bem querer. A brisa tinha esse poder, essa magia de captar as imagens, os sons, as emoções de distraídos viventes daqueles sertões, para depois despejá-los delicadamente sobre os campos na esperança fugaz de serem por alguém colhidos. O

Senhor das Brisas sorria feliz ao carregar consigo as batidas mais fortes daquele coração enamorado, sons e emoções que se misturavam com as risadas dos folguedos da menina de vestido laranja. Aqueles sons, emoções, imagens e tanto mais, ele sabia, viajariam consigo pelas páginas do tempo, dos séculos, pois não se apagariam nunca. A brisa também sentiu o sentimento ruim da mocinha que de longe fitava o coreto, a raiva de um casal brigando, e tantas amarguras mais. Aqueles sentimentos também viajariam no tempo, mas a brisa não os colheria. Essa tarefa pertencia ao Senhor dos Ventos e das Tempestades. Adiante na colina, sentado numa pedra, a brisa reconheceu a silhueta do velho índio de eras passadas, quieto, imóvel, absorvendo sereno as emoções que ela carregava enquanto acariciava a copa das árvores. Sim, ele colhia em sua sabedoria os sentimentos presentes na brisa. O Senhor da Brisa, por um momento, sentiu uma certa tristeza, pois sabia que tempos depois a civilização viria e não teriam mais tempo para uma brisa ouvir. Foto: www.joaomedeiros.com

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A noite chegara. A luz e o crepitar de madeira queimando desviaram as atenções da brisa. Lá estava a menina, agora de vestido branco, banho tomado, lacinhos de fita nos cabelos, caminhando sob as bandeirolas em direção à fogueira. A menina olhou a colina, e julgou ter visto um índio imóvel em uma pedra sentado. A brisa, como fazia todos os anos, abriria suas portas para deixar cair sobre a terra os sons e sentimentos que captara em seu viajar. Quem sabe pudessem entendê-los uns poucos viventes de corações abertos.

O sereno da noite afastara o calor e disfarçadamente dava de beber às pétalas das flores. O velho índio entrou em sua tenda, os netos dormiam na rede, seus passos acariciavam o chão. Beijou os pequenos e os cobriu com uma manta de sonhos. Estrelas brincavam no céu. Era meia noite. Um novo ano começava a despertar... A menina mulher, pensativa ao pé da fogueira, sentiu algo e apurou os sentidos. O que diziam as mensagens da brisa?

CHÃO DE CABELOS – A história de sucesso do cabelereiro do século XX Autor: Pacheco – Norival Pacheco Prefácio de Ignácio de Loyola Brandão ISBN 978-65-81379-00-1 Lançado em 19 de janeiro de 2020 – em seu aniversário de 80 anos – com mais de 150 pessoas num lindo domingo de verão.

Ficou interessado!! Venha conhecer a trajetória de vida desse profissional de beleza, que teve a honra de cuidar dos cabelos de muita gente famosa, como Chico Anisio, Jô Soares, Tony Ramos, muita gente interessante que ainda hoje vai ao seu salão.

O livro poderá ser adquirido por R$ 42,00 até 31 de dezembro de 2020, através do e-mail : vendas.castelloeditorial@gmail.com Nosso site https://www.castelloeditorial.com.br/

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Em todas as telas

Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

Um novo ano começa e o que mais me lembro é de um repórter falando das primeiras pessoas vacinadas na Inglaterra em dezembro, vovozinhos e vovozinhas de 80, 90 anos. Só faltou chamar de fofos. E como me disseram uma vez: não são pessoas fofas, são pessoas foda! Peço desculpas pelo termo, mas infantilizar quem é pioneiro em um ato tão importante diante da pandemia de Covid-19 e tudo que ocorreu em 2021 – distanciamento social, isolamento, mortes, adoecimento - deve ser crime em algum lugar... Imagine as histórias de alguém que já viveu 90 anos ou mais e é retratada como a primeira vovozinha que recebeu a vacina, próximo a comemoração de seu aniversário. Uma mulher que pode nem ter tido filhos ou ter tido um ou muitos deles, ter uma família grande ou não, ter se dedicado à família ou a uma carreira, ou aos dois, quem sabe? E pela forma abordada pela Imprensa em geral nunca vamos saber. Cada pessoa tem uma história interessante para contar, e isso não é apagado com a idade ou limitado por ela. Na vida vamos ganhando novos papéis, mas nossas vivências e experiências não se apagam ao ser a mãe de alguém, a esposa, a tia, ainda mais a avó. É preciso abrir espaço, dar voz aos 60+ para que suas histórias motivem outros a se abrir também e quem sabe buscar novos caminhos, não apenas idosos, mas também inspirar jovens e crianças. Que este novo ano traga esse novo olhar para o envelhecimento e a longevidade, enxergando não apenas um promissor mercado consumidor, mas pessoas, histórias de vida.

Crédito imagem: Imagem de pasja1000 por Pixabay

Muito mais que fofas, pessoas 60+ são foda!

Estimular o protagonismo das pessoas idosas é fundamental. São seres plenamente capazes de manifestar sua vontade, suas opiniões e lutar pelo que acreditam, aqui estão os 60+ do Magazine para provar. Companheiros especiais na trajetória dessa revista digital que já comemorou seu primeiro aniversário. Todo conhecimento, memórias e vivências dos 60+ podem contribuir para que erros não se repitam, para que outras histórias sejam construídas com mais dignidade e menos desigualdades. Sempre há tanto para contar, por mais que você ache que sua vida não foi ou é tão interessante assim. Que o novo ano nos traga a saúde e restaure a convivência que ficou para trás em 2020. A esperança é grande com as vacinas contra a Covid-19 sendo aplicadas e chegando a parcelas importantes da população. Porém, além da crise sanitária e econômica, há muitos outros desafios a serem vencidos, como abrir espaço para que todos tenham sua voz, independente da idade que tenham, e não como pessoas fofas, mas como pessoas foda!

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VAMOS APRENDER DESENHO NAS FÉRIAS? DURAÇÃO DO CURSO - 2 MESES CONTEÚDO - COMPOSIÇÃO, LUZ E SOMBRA, ANATOMIA E PERSPECTIVA - LOCAL - PELA INTERNET - APLICATIVO ZOOM MATERIAL: 1 BLOCO DE PAPEL LAY OUT A4 1 LÁPIS 6B E 1 HB - UMA RÉGUA DE 30 CM.

DURAÇÃO - 2 MESES - JANEIRO E FEVEREIRO HORÁRIOS TURMA 1 - TODA 3ª E 5ª DAS 15:00 ÀS 17:00 HS TURMA 2 - TODA 2ª E 4ª DAS 10:00 ÀS 12:00 HS (AULAS CONTÍNUAS OU SEJA, APÓS INICIADO O CURSO MAIS NINGUÉM ENTRA) FAREMOS UM GRUPO DE WHATSAPP DE CADA GRUPO SÓ PARA NOS COMUNICARMOS DE DÚVIDAS E MOSTRA DOS TRABALHOS (NÃO SERÁ POSTADO NADA ALÉM DISSO)

INÍCIO DAS AULAS - 11 DE JANEIRO DE 2021 VALOR - R$ 250,00/MÊS

Dúvidas e Propostas Manoel (11) 9.8890.6403 todos que pretendem fazer o curso peço que me enviem um whatsapp para eu começar a formação do grupo IDADE MÍNIMA 10 ANOS magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.42


Ler e criar

Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

Pandemia na varanda

Domingo de sol, temperatura amena, isolamento social no sétimo mês. Festas e aglomerações continuam proibidas, mas não o almoço em família. A sacada de meu apartamento, no edifício Jatobá, não é grande o suficiente para homework, nem dispõe de vidraça e cortina para proteção de chuva e sol. Tem apenas uma pequena mesa, duas cadeiras e alguns vasos. Pego o jornal, caipirinha, amendoim e me sento para curtir a bela manhã. Os moradores do King George Castle, do outro lado da rua, aproveitam o lindo dia nas amplas varandas gourmet, todas face norte, trajando shorts, camisetas e até biquinis. Do edifício Jatobá é impossível não ver e ouvir a ruidosa orgia gastroetílica. Eu acho que cada imobiliária tem uma bússola diferente. Nos anúncios, noventa por cento dos imóveis são face norte, mais favorável ao sol. Só não dizem qual das faces é voltada para o norte, nem a qual norte se referem: magnético, geográfico ou do croqui. Sabem que ninguém confere. Mesmo em tempos de pandemia, status social e exibição de sinais de riqueza contam muito. O ser humano é vaidoso e morar em um apartamento no valorizado King George Castle massageia os egos mais exigentes. Nas varandas gourmet, muito riso, música, conversas em voz alta, carvão queimando, whisky, vinho e cerveja. Tudo superlativo, só para chamar a atenção. Comportamento típico de galinha quando bota ovo e cacareja para anunciar. Mas chamar a atenção de quem? Ora, dos vi-

zinhos do outro lado da rua! Ambos os prédios têm quinze andares e apartamentos com a mesma área, mas o edifício Jatobá, bem mais antigo, não tem varanda gourmet, nem nome chique. Para o síndico do King George Castle, é um prédio de apartamentos como outro qualquer. Uma habitação, simples e sem glamour. Segundo um morador, pós-graduado no Google, varanda gourmet é espaçosa, tem churrasqueira e pia. Apesar da fumaça e do cheiro de carvão que demora dias para desaparecer, varanda gourmet é chique, é sinônimo de status. Por isso o imóvel é muito mais caro. Não é para qualquer um. Soube que algumas pessoas se enterram em financiamento só por causa da tal varanda gourmet e da necessidade de exibir posição social. Compram com dinheiro que não têm, pouco usam, mas adoram esnobar o cunhado, o parente invejoso e o pessoal do edifício Jatobá. Varanda gourmet afaga o ego. De repente, a tranquilidade daquela manhã é interrompida por uma viatura do Resgate, seguida por outra da PM, ambas com o giroflex piscando, indo e vindo, indo e vindo, até pararem em frente à portaria do King George Castle. Curiosidade de ambos os lados da rua, respiração contida, silêncio nas sacadas e nas varandas gourmet. Paramédicos e policiais são recebidos e guiados pelo seu Antônio, o zelador, e entram no King George. Interrompo a leitura do jornal e observo com atenção o suspense e o silêncio. Passados uns vinte minutos, a maca sobre rodas reaparece, mas não é possível identificar o corpo coberto por

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Dona Maria José esfaqueou seu Jaime no pescoço. Alívio geral. Voltaram as bebidas, os risos, o som, os petiscos, os biquinis e demais símbolos de status nas varandas gourmet. Afinal, era uma linda manhã ensolarada. ltemple@uol.com.br

Foto: http://www.portalunderground.com

lençol. Os moradores se entreolham e cochicham. Da varanda gourmet do apto 31, alguém gritou: seu Antônio, é Corona Vírus? Apavorou geral. Garrafas e petiscos recolhidos, crianças para dentro, idosos se benzem, até surgir uma mulher de boné, cabisbaixa, escoltada por dois policiais e ocultando as algemas. Curiosidade no ar. O zelador percebeu o clima e tentou tranquilizar os condôminos: calma gente, não é Covid não. É briga de casal.

A manchete do blog diz:

Festa Varanda traz muita música boa com acesso livre para o público e sem classificação

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Só uma mensagem

Cida Barica

“O que dizer dos sessenta” Nasci nos anos sessenta. Entre meus 15 e 17 anos, com um grupo de amigos, nos divertiamos tocando violão e cantando. Fazíamos isso em parques e era uma alegria contagiante. Entendemos que poderiamos contagiar pessoas em situações sociais desfavoráveis e fomos à abrigos de idosos e crianças. Para as crianças usávamos fantasias, a minha era uma estilizada de palhaço. Acho que fomos os primeiros doutores da alegria, isso entre 1976, 77. Pode ser, né? Resolvemos também cantar pros solitários de Sampa. Fomos para Praça da Sé. Não havia ‘nóia’, e sim muitas pessoas que iam pra lá, com objetivo de compartilhar suas identidades. Grupos de nordestinos, grupos do interior paulista, de outras partes do Brasil. Havia vendedores de elixir, grupos religiosos, mágicos. Havia de tudo um pouco. Cantávamos ali para contagiar de alegria e abrandar a solidão de alguns. Num desses passeios à Praça da Sé, decidimos marcar um encontro ali, no início do novo século XXI. Exatamente no ano 2000, independente do que acontecesse conosco. Parece até que adivinhamos, que não nos veríamos mais, pelo menos por um bom tempo. Iríamos entrar no tempo da juventude combativa e rumar à vida dos adultos, com outros vínculos, com outras tribos. Nem mesmos os amores da adolescência conseguiram seguir juntos. 2000 chegou , o mundo não acabou, o pacto não rolou e a vida adulta aos pouco se tornou mais estressante do que combativa. E para manter o ritmo do co-

ração e da vida ativa, a gente passa a trazer mais qualidade de vida aos anos que ainda virão. E contamos com “ uma menina/o que mora dentro do coração” e que insiste em nos encantar. A gente a vê nos olhares, nos espelhos, na disposição pra uma boa batalha. Mas o relógio continua correr e vamos dando conta do recado da vida: uma dor a mais aqui, uma perda profunda ali. Até que um dia a gente acorda e, como diz Arnaldo Antunes naquela musica, “ Não vou me adaptar”, “eu não caibo mais na roupa que eu cabia, eu não tenho mais a cara que eu tinha”. Você se olha e pensa que foi uma noite mal dormida, um excesso do fim de semana, a pandemia, mas um dia você entende, se passaram 20 anos de novo. 2021 me aguarda, estarei transitando para segunda metade da vida. Preciso conectar essa realidade com minha nova cara, novos conteúdos e recursos. Acostumar a não ouvir mais “voce não mudou nada” para “ voce tá bem”, “sua pressão é de menina” e olha que isso será um super elogio. “Será que vou me adaptar”, Arnaldo? Conto com a menina de Milton Nascimento, para me dar a mão.

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O que aprendi com minha vó

Carolina Conti Jornalista

Uma fazenda no interior de São Paulo, um casarão e uma festa chique. Lembro pouco: prato de entrada, prato de meio, prato de saída, prato que não acabava mais. Um deles uma massa verde diferente do que eu conhecia como macarrão. Era o casamento de algum parente, coisa de primo do tio da irmã... Eu devia ter uns 5, 6 anos. E isso ainda me acompanha. O Wally Salomão, poeta, tem uma frase famosa que é assim: “a memória é uma ilha de edição.” Verdade. Por que nos lembramos de algumas coisas e de outras não? O que traz mais colorido e vida a determinadas passagens, enquanto as demais são cortadas do filme-arquivo? Isso dá pano pra manga, mas não vem ao caso agora. O fato é que estávamos eu e a vó na escada de poucos degraus do lado de fora do casarão. Minha cabeça pendendo, sempre procurando o colo, até que ela se voltou pra mim e disse: “Eu sou a única negra aqui.” Ouvi como qualquer outra coisa que saía dos seus lábios, tudo era meio mágico, fantástico. Da minha perspectiva ela figurava grande. Eu virava a cabeça pra cima e, encantada, atentava às expressões do rosto emoldurado pelo céu. Mas não alcancei o que me contava com essa frase, não tinha condições de sequer tocar os pés do sofrimento que ela carregava. Ainda não tenho. E não terei. Sabe que era muito comum que a vovó engasgasse no meio de um almoço familiar? Há uma explicação de que isso acontecia porque ela tinha a entrada da boca do esôfago menor e quando não

Arte - Magazine 60+

mastigava bem os alimentos eles paravam no meio do caminho. Mas penso que outra coisa tirava o ar da vovó. Ela era a única negra sentada à mesa. E isso não lhe caía bem. Mesmo depois de 50 anos da sua chegada à casa dos meus avós paternos, que a contrataram para trabalhar como faxineira e cozinheira. Mesmo depois da morte precoce deles dois e da incumbência que ela abraçou de educar para a vida, não para o mercado, quatro crianças que não eram seus filhos. Mesmo depois de ser chamada de vó por mim, pelo meu irmão e pela minha prima. Nós três, brancos. A escada. Ela me disse “eu sou a única negra aqui” numa escada. Num degrau abaixo do nível do casarão. O casarão para onde a gente olhava. Debaixo e de fora. George Floyd morreu por asfixia. Miguel lançou-se ao vento atrás da mãe, que estava na calçada do prédio de alto padrão Nos dois, o ar. O ar que você, vovó, foi tomar naquele dia pra me contar a dor que te sufocava.

magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.46


Mensagens para leitura e meditação

Lenildo Solano Professor

Gratidão Na família, no lar aprendemos as de muita saúde, paz e alegria para todos primeiras lições, os primeiros ensina- nós! Vejamos um poema: mentos, principalmente, os que definirão, contribuirão para a formação do nosGratidão, gratidão Senhor! so caráter, do nosso valor ético, moral e espiritual. com toda humildade Como produto do meio em que vivemos, somos influenciados e contagianosso Amado Senhor, dos com ações e reações alheias, que absorvemos ou não para a nossa vivência. agradecemos por sentir Com os princípios religiosos, o aprender a orar, a respeitar, a amar e o apreço, a ação do Vosso amor. perdoar tornamos pessoas mais dóceis, simples e equilibradas, pois temos a fé, a Em tudo que olhamos esperança, a confiança de caminharmos e alcançarmos os nobres e sadios objetipara frente, para os lados e para o alto vos de luz e de vitórias em nossas vidas. Desde criança aprendemos a pedir sentimos a Vossa presença e a agradecer ao nosso Pai Criador pela benção da vida ao amanhecer de cada dia estendendo-nos os braços. e antes de adormecer felizes agradecemos pelas experiências adquiridas no dia. A vida que nos oferece Como viver é um processo continuo de aprender e ensinar ´logo com tudo de saúde e de oportunidades somamos conhecimentos e experiências, que nos levarão ao amadurecimento, escom força, fé e coragem tágio de ações com mais sabedoria e prudência. buscamos a almejada felicidade. O espirito de gratidão, de solidariedade e de fraternidade intensificam Muito obrigado, muito obrigado no período do Natal e de Novo Ano; com toda convicção dizemos que são mais indizemos do fundo do coração tenso devido a pandemia, que está servindo para reflexão e valorização destes À Deus, a família e aos amigos valores morais e espirituais. Não poderíamos deixar de mencionossa sincera gratidão! nar, destacar a gratidão dos filhos para com os seus pais, que é obrigação, é cristão e o nosso agradecimento por mais um ano transcorrido e que o novo seja

magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.47


CriativA Idade

Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

Novo Ciclo Vivemos um tempo, De abraços escassos, Vontades sem espaço... Dúvidas, medos, anseios, desordem Distantes presenças se encontram em imagens... A voz silencia, clama, se cala Anseia e procura, caminhos, viagens... É hora! que tempos... longos dia e muitas noite Descanso em falta, insônia é fato A calma se perde, a sombra chegou Na dor surge o alivio, No colo o abrigo Em gesto alivia Consolo que vinga. Passado marcado, futuro que vêm Presente chegou! A estrela avisou, o anjo cantou, O mundo mudou, amor já nasceu.. Nem crença, Nem sorte Esperança? que forte Renovo da vida, Ternura que traz Paz se refaz, A cura chegou!!! Que as palavras soltas ao vento sejam parte do canto, da historia que teremos a contar no futuro do agora que já chegará.

magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.48


Receitas Fáceis

Ebe Fabra Chef de Gastronomia

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA

Chegamos a 2021. amostra das delícias que vem pela frente. O ano passado foi um ano atípico Sirva esta sopinha gelada em copiem nossas vidas e está continuando em nhos de cachaça ou tacinhas de licor. 2021. Mas temos que agradecer por que até agora estamos ilesos. E com tudo isso acontecendo, vamos dando um jeito novo em nossa vida, aprendendo a nos adequar ao novo. Janeiro, mês calorento, apesar das chuvas, então serão receitas leves e geladas!

Vamos começar com um Gaspacho com melancia. Tempo de Preparo: 15 minutos + tempo de geladeira - 4 porções Ingredientes 3 xícaras de suco de tomate 3 colheres (sopa) de azeite extravirgem 3 tomates sem pele nem sementes 1 cebola pequena picada 1 pepino sem casca nem sementes 1 pimentão verde picado 1 dente de alho 1 colher (chá) de açúcar sal e molho de pimenta a gosto 200g de melancia picada e qualquer outra fruta vermelha pra decorar

DELÍCIA DE MORTADELA (TROUXINHAS) Tempo de preparo: 15 minutos 20 unidades Ingredientes 5 fatias de pão de fôrma 3 colheres (sopa) de maionese 6 colheres (sopa) de pistache moído 150g de mortadela fatiada 20 talos de cebolinha aferventados

Modo de fazer

Modo de fazer

No liquidificador, bata em alta velocidade todos os ingredientes até obter uma mistura homogênea. Transfira para uma jarra e leve à geladeira por 1 hora. Sirva em copinhos decorados com a melancia e a outra fruta. O capricho se revela nos detalhes. Receba os amigos para dar uma

Com um cortador ou a boca de um cálice faça rodelas do pão de fôrma com 2 cm de diâmetro. Espalhe a maionese em um dos lados do pão e passe no pistache moído. Coloque uma rodela de pão no centro de cada mortadela. Amarre com a cebolinha, formando uma trouxinha e sirva.

magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.49


Deixe o petisco magrinho, trocando a mortadela convencional pela versão light, sem cubos de gordura.

2 colheres (sopa) cebola picada 2 colheres (sopa) de manteiga 100g de cuscuz marroquino hidratado conforme as instruções da embalagem 1/2 cenoura cortada em cubinhos 2 colheres (sopa) de salsinha picada 1 colher (sopa) de azeite extravirgem suco de 1 limão sal e pimenta vermelha ( dedo-de-moça) picada a gosto 4 colheres (sopa) de amêndoa laminada torrada ciboulette e miniagrião para decorar Modo de fazer Em uma panela, frite a cebola na manteiga até murchar. Adicione ao cuscuz hidratado. Afervente a cenoura em cubinhos até ficar ao dente. Acrescente a cenoura e a salsinha. Tempere com o azeite, o suco de limão, sal e pimenta vermelha a gosto. Junte as lâminas de amêndoa, decore com a ciboulette e miniagrião e sirva.

Fotos: enviadas pela colunista

CUSCUZ COM CENOURA E AMÊNDOA Tempo de preparo: 15 minutos 4 porções Ingredientes

SOBREMESA: COMPOTA DE BANANA E PÁPRICA DOCE Tempo de preparo: 15 minutos 3 porções Ingredientes 1 xícara de açúcar 1/2 xícara de água 1 colher (chá) de essência de baunilha 1 colher (chá) de páprica doce 1 colher (sopa) de conhaque 5 bananas-nanicas cortadas em rodelas Modo de fazer Em uma panela, em fogo alto, junte todos os ingredientes, exceto a banana. Cozinhe por 10 minutos mexendo de vez em quando. Acrescente a banana e cozinhe por mais 5 minutos. Dica: Fica delicioso com pudim de leite condensado ou sorvete de coco. Se quiser dar um toque mais exótico à receita e deixá-la agridoce, troque-a pela páprica picante - dose e quantidade a gosto. Meus queridos aproveitem esses dias maravilhosos que virão e até a próxima com receitas de dar água na boca.

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Vida Saudável

Cida Tammaro Adm. de Empresas

Reflexões - Veganismo

Segue receita de Molho de Tahine Ótima opção para jogar em cima de toda comida, ou salada. Ingredientes

- 1 colher de chá de vinagre de maçã - 1 pitada de sal - 1 tâmara - 1 colher de sobremesa de mostarda dijon. - 1 colher de sopa de tahine - ½ limão (sumo) Modo de preparo - bata todos os ingredientes. - talvez precise um pouco de água para ajudar a bater. Vá adicionando aos poucos (pois você consegue sempre colocar mais mas, não consegue remover a água) - invés de tâmara, pode usar o melado de cana de açúcar, ou melado de tâmara. O importante, é ter algo doce, para equilibrar a acidez FELIZ ANO NOVO, COM MUITAS BENÇÃOS A TODOS NÓS. Fonte @receitas_veganas_simples @bichopriguiça Foto: www.receitasnarede.com

Vamos refletir um pouco. Estamos no começo de um novo ano, e podemos considerar algumas idéias. Nem sempre conseguimos mudar de uma hora para outra, um costume, uma alimentação que nos acompanhou durante uma vida. Você não precisa ser vegano, para lutar pelos direitos dos animais, para diminuir o consumo de carne, nem para se importar ou ter empatia. Você não precisa se sentir obrigado a levantar uma bandeira, se não estiver pronto. Você não precisa ser o lixo, para diminuir a produção do mesmo. Faça sempre, o que estiver ao seu alcance, para causas que você gostaria de apoiar. Não se preocupe por não estar pronto. Voce não precisa ser vegano, mas pode parar de comer carne todos os dias, duas vezes por dia. Voce pode parar de fazer churrasco, para toda visita que chega em sua casa. Voce pode aderir à segunda sem carne. Pode preferir comprar um shampoo e uma maquiagem, livre de crueldade, Toda pequena mudança positiva, faz muita diferença. Todo pequeno passo, traz junto uma mudança conjunta gigante

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A História da Arte Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

A arte Gótica Às vezes é difícil imaginar ou estudar o que aconteceu na história principalmente quando ela ocorreu há muitos séculos. Conforme nos aproximamos de nossos tempos adquirimos mais dados e mais informações visuais e descritas desses acontecimentos. Logicamente percebemos que muito se perde com o tempo. Por volta de 1150 o estilo Gótico era bastante pequeno e se resumia a província de Ile-de-France (isto é, Paris e seus arredores). Passados apenas 1 século a Europa ficara Gótica, da Sicília a Islândia. Mais ou menos em 1450, a área gótica começa a diminuir quando a Itália já estava de fora desse processo e no século XVI o estilo ficou reduzido a quase nada. O Gótico começou pela arquitetura quando construíram grandes catedrais e fortificações utilizando o arco em forma de ogiva que pode suportar centenas de vezes o peso do arco romano. A pintura por sua vez, atingiu o apogeu criador entre 1300 e 1500 principalmente na Itália. Na arquitetura um dos pontos mais influentes foi o crescimento das regiões não rurais. A França já contava com enormes metrópoles e Paris fez sentir esse crescimento não só na área econômica e política mas também noutras esferas; os bispos e o clero urbano ganharam nova influência; as escolas catedrais e as universidades ocuparam o lugar dos mosteiros como centros do saber e as artes em geral acabaram culminando também nessas grandes catedrais. Junto com a arquitetura das catedrais surgiram uma enormidade de esculturas de santos, de passagens bíblicas,

de representações das batalhas santas, sacrifícios, milagres e muita coisa que foi esculpida em vários tipos de pedra e se tornaram monumentos que contam muito da vida da época. Na pintura podemos destacar os vitrais os quais foram aparecendo com lentidão ante o avanço da arquitetura. Quando se fala em pintura dessa época não podemos deixar de citar Giotto (1267?-1336/7), um artista de têmpera acentuadamente audaz e emotiva. Como florentino, herdou o sentido de escala monumental que aprendeu com seu mestre Duccio. Uma das qualidades de Giotto foi a forma particularmente maravilhosa em que trabalhava sobre enormes paredes. Nessa época os artistas se utilizavam de têmpera, uma tinta fabricada com ovos e as cores não permaneciam tão majestosas por muito tempo, contudo, as obras de Giotto tem um efeito mais poderoso e nos faz sentir perto ou dentro dos acontecimentos retratados. Como ele obtinha esse efeito extraordinário? Diferente de outros artistas da época, Giotto começava sempre suas obras pelo primeiro plano colocando as figuras principais um pouco abaixo da metade do espaço todo. Numa espécie de perspectiva ele pintava esse primeiro plano como se fosse visto de cima, em quase todas suas obras se vê a parte de cima das cabeças, das auréolas, coroas e o volume utilizando negro as cores, aplicando nos materiais e pessoas em primeiro plano davam a impressão que estes estavam vivos, saindo da obra. Depois disso ele realizava a pintura

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ponto, depois outro. Giotto pelo contrário fazia sua obra para ser vista como um todo, como se estivéssemos dentro da cena retratada. Na próxima edição veremos de várias formas a Arte do Renascimento. Serão contos fabulosos. Até lá.

Foto: Diretoria de Turismo de Paris

do fundo em tons e cores pouco mais suaves que faziam mais realce às imagens de 1º plano. É importante repararmos que quando observamos uma pintura de Duccio ou de seus contemporâneos, elas nos fazem ver a obra em ‘prestações’... primeiro um

Catedral de Notre Dame - Paris

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Falante e Fofoca

VAI EMBORA ANO RUIM...

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Ary Filler

O coletivo “Trabalho60mais” vem se caracterizando ha quase 4 anos, como um grupo aberto, inclusivo, colaborativo, e que procura inserir os seniores em atividades produtivas, atraves do desenvolvimento de novos formatos de trabalho, produtos, servicos, e projetos. Nos ultimos seis meses, alem de nossas tradicionais reunioes institucionais semanais, que antes do virus eram 100% presenciais, acabamos criando uma serie de novas iniciativas virtuais, que visam prototipar possiveis negocios, fornecendo diversas opcoes de saude, convivencia, aprendizado, bem estar, e cultura; e que hoje abrangem entre 10 a 15 temas. Durante uma das reunioes do C.I.S., que eh a Celula de Inteligencia Senior, em julho desse ano, aonde sempre temos um espaco totalmente aberto para reflexoes, dentro do conceito do “livre pensar”, surgiu uma constatacao: a de que em nosso mundo atual inteiramente volatil, incerto, complexo, e ambiguo, o conceito de flexibilidade e principalmente de “facilitacao” da vida cotidiana como um todo, se tornou um

imperativo, para que nossa existencia possa ser minimamente suportavel, dentro de um novo ambiente opressivo, de confinamento e solidao. Nesse exato momento, tivemos um rapido “insight”, ou seja, o de que nos ultimos seis meses, somente se tornou possivel tanto a grande expansao organica do nosso grupo, como tambem a nossa propria integridade fisica, mental e emocional, porque temos em grande parte de nossos componentes, o “injusto privilegio socio-economico” de possuirmos uma razoavel banda larga de conexao a Internet em nossas residencias, o que inclusive nos permitiu realizar mais de 300 reunioes nesse periodo. Conscientes de que isso nao acontece na maior parte da populacao Brasileira, onde o terrivel fosso de desigualdades eh cada vez maior, e acoes de cidadania se tornam urgentes; ao mesmo tempo em que essa “pre-condicao tecnologica para poder acessar tudo” sera cada vez mais fundamental, optamos por deflagrar essa Peticao-Manifesto.

PETIÇÃO-MANIFESTO PARA EXPANSÃO ACELERADA DA BANDA LARGA RESIDENCIAL NO BRASIL QUESTÃO DE CIDADANIA E SOBREVIVÊNCIA! Momento atual: 2020, o mundo mudou! Está extremamente volátil, complexo e incerto, como nunca antes na historia da humanidade. Mas uma certeza todos nós temos: A de que o mundo será cada vez mais CONECTADO! O dia a dia das pessoas, em todas as suas atividades, passou a depender de uma infraestrutura básica, conhecida como “Comunicação Digital em Rede”. Para tal, necessitamos de uma internet conectada por banda larga, de alta qualidade, universal, disponível e acessível para toda a nossa população, principalmente na questão de custo. No atual cenário de pandemia esta moderna ferramenta é absolutamente essencial, pois todos já “sentiram na pele” o quanto dependem, e cada vez mais dependerão, dessa tecnologia para realizar praticamente tudo no seu dia a dia. Desde comprar remédios sem sair de casa, adquirir todo tipo de material e produtos em lojas; comprar alimentos básicos e até refeições por aplicativos; pagar as suas contas

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mensais e fazertransferências; trabalhar em casa no modelo de “Home Office”;possibilitar que as crianças e os jovens realizem os seus estudos em escolas e faculdades; preservar a saúde emocional das pessoas por meio do entretenimento; auxiliar na comunicação entre familiares deprimidos e isolados, como avós e netos que somente se falam pela rede; e muito mais. O triste e o mais vergonhoso para nós brasileiros, é que todas essas possibilidades estão sendo negadas à maior parte da população do pais!! E existe uma questão ainda mais especifica: Para o imenso e crescente público composto por cidadãos seniores, os chamados “60mais”, assim como os milhões de pessoasque possuem algum problema sério de saúde, a questäo se mostra muito mais grave, aguda e urgente, pois inclusive as novas opções de consultas oferecidas por telemedicina, que são importantissimas, também dependem de uma boa, estável e rápida conexão de banda larga para serem eficazes. Ressaltamos que neste caso,trata-se de uma reivindicação para atendimento no curto prazo, pois ela se reveste de um caráter humanitário, uma demanda Justa e absolutamente fundamental; que busca preservar a qualidade de vida de uma grande parcela da nossa população, historicamente desassistida, e também podemos afirmar sem receio, basicamente excluídal!! A questão é preocupante, grave e aguda. Estamos no campo da sobrevivência, concreta, real. Nesse sentido, nossa meta para expanso da Banda Larga Residencial, que Consideramos ousada, porém viável, contém 5 parâmetros básicos: 1. Alcançar no prazo de um ano, 2. 80% de nossa população 3. Fornecendo uma velocidade de 30Mbps, no minimo 4. E um pacote de dados mensais de 100gigas; 5. Dentro de um custo socialmente aceitável,que devera ficar em torno de R$30,00 a R$50,00 mensais. Sabemos que não se trata de um desafio simples, frugal, ou de fácil implantação, mas ele tem que começar a ser considerado e estruturado imediatamente! A nação pede por essa iniciativa de grande impacto social, fundamentada no conceito de INCLUSAO; onde todos ganham,sejam os cidadãos e suas familias, as escolas, comércio, indústria, serviços, administração pública e oos governos! Portanto, solicitamos aos vereadores, deputados, senadores, autoridades de todas as esferas governamentais do pais, e a ANATEL, que percebam a dimensão do problema, e o enorme alcance social da solução proposta inclusive com repercussões positivas e concretas tanto no aumento do emprego, como na renda da população. Desse modo, propomos considerar vários caminhos: desde estímulos fiscais para as empresas, novas leis de apoio, subsídios setorizados, contrapartidas especiais, compensações temporárias, investimentos e parcerias público-privadas; assim como redução de impostos para as operadoras, e uso correto dos fundos de telecomunicações existentes Enfim, todas as opções devem ser estudadas com pragmatismo, mas implantadas rapidamente, para que possamos superar esse importante entrave estrutural da nossa sociedade, e assim conduzir o pais e os seus cidadãos a um patamar mais justo e desenvolvido. Segue abaixo a relação das assinaturas das entidades e pessoas da sociedade que apóiam este movimento cívico, onde pretendemos recolher 1 milhão de assinaturas, ou mais.

Copie o link abaixo, cole no navegador da internet, responda e o mais importante, veja se eles te enviarão um email para confirmação, confirme e compartilhe.

http://bit.ly/trabalho60maisbandalarga magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.57


informe publicitário

O Cidadão e Repórter é um movimento social que desenvolve e transmite informações relacionadas a cidadania levando aos leitores e seguidores, a visão de repórteres 60+, baseada na nossa vivência e experiência e na divulgação e defesa dos princípios da democracia e da livre expressão. magazine 60+ #19 - Janeiro/2021 - pág.58


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