Magazine 60+ # 23

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60+

magazine |

Formato A4 | internet livre

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S.Paulo, Maio/2021 - #23

ilustração - M. Conti

Ano II

#23

A consciência dos animais Páginas 37 a 41

A PRESENTE REVISTA TEM COMO FINALIDADE PASSAR INFORMAÇÕES PARA O PUBLICO 60+, SEM CONFLITOS DE INTERESSES E SEM FINS LUCRATIVOS.


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Cada um tem sua história e a liberdade para decidir qual caminho quer seguir, se é hora de mudar de rumo ou continuar lutando pela melhor qualidade de vida possível. Está chegando ou passou dos 60 anos, ou mesmo tem interesse pelo assunto, entre em contato e sugira histórias, cursos, eventos.

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Jornalista Responsável

Manoel Carlos Conti Mtb 67.754 - SP


Editorial seja bem-vindo Manoel Carlos Conti Jornalista

Meu livro de cabeceira há anos é o best-seller internacional “Uma breve história do Mundo” de Geoffrey Blainey e nesse livro existem trechos impressionantes da nossa história, um deles fala de Hipócrates o pai da Medicina. Hipócrates disse uma vez ”As forças naturais que se encontram dentro de nós são as que realmente curam nossas doenças. ” Sempre fico pensando e tenho escrito mais de mil páginas, isso mesmo, mil páginas sobre uma história de minha autoria que entre política, religião, universos, criaturas estranhas de outros mundos, descrevo com ênfase a maior finalidade dessas páginas que é exatamente o que Hipócrates e muitos outros que vieram depois dele falam sobre essa força natural dentro de nós ou a força de um Deus que cada um carrega. Em Lucas 17:20,21 podemos ler: “Sendo Jesus interrogado pelos fariseus sobre quando viria o reino de Deus, respondeu-lhes: O reino de Deus não vem com aparência exterior; nem dirão: Ei-lo aqui! ou: Ei-lo ali! Pois o reino de Deus está dentro de vós”. Luto intensamente com um câncer desde 2016 e hoje, quando escrevo esse editorial para então colocar nossa revista na rede mundial, voltei do médico oncologista que me trata, Dr. Otávio e ele me disse: “você está vencendo, fiquei feliz”. Hipócrates foi contestado mais tarde pela igreja católica, mas depois, a crença desse estudioso grego voltou a reinar e hoje, século XXI, muitos grandes nomes da medicina afirmam que a recuperação da saúde depende muito do estado de ânimo do doente. Eu estou melhorando segundo meu médico e tenho certeza absoluta que além da ajuda científica de remédios, dos conselhos psicológicos e psiquiátricos, meditação e muito mais, meu Deus interior está agindo e meu estado de humor ajuda muito para que a doença se reverta. Nossa revista de Maio está ótima, com matérias intrigantes e culturais, com receitas culinárias espetaculares além de muitas homenagens às mamães. A novidade dessa edição é a coluna do leitor que surge com a ideia de João Alberto, nosso colunista e que nessa sua primeira apresentação ele e sua esposa contam a magnífica história de Fumiko Nishio de 86 anos, imigrante japonesa que trabalha a terra. Boa leitura a todos.

Hipócrates 460 a.C 370 a.C. Chamado de o Pai da Medicina

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60+

magazine Heródoto Barbeiro

CPI do ódio

Páginas 4 e 5

João F. Aranha

A tentação do anel

Páginas 6 a 8

91 dicas que vão agitar sua quarentena

Páginas 9 a 14

Tornar consciente

Páginas 16 e 16

Multiculturalismo

Páginas 18 e 19

Educação, empatia e saúde nas relações

Páginas 19 a 21

Afetações

Páginas 23 e 24

A conexão com o divino e nós

Páginas 25 e 26

Mês de Maio - origem do nome e datas mais importantes

Páginas 27 a 29

Estoy here

Páginas 30 e 31

Rosa Maria

Flávia Muniz - Alma Noturna

Páginas 32 e 33

Katia Vargas

Cuidar de quem cuida

Página 34

Ancestralidade Italiana

Páginas 35 e 36

A consciência dos animais - CAPA

Páginas 37 a 41

Fábio F. de Sá

Uma ótima notícia

Página 42

Thais B. Lima

A importância da estimulação cognitiva para prevenção de sequelas da COVID 19 no cérebro

Página 43

Avosidade: mães de ontem e sempre

Páginas 44 e 45

Silvia Triboni Sérgio Frug Osvaldo Bifulco Malu N. Gomes Sandra R. Schewinsky M.Luiza Conti Malu Alencar Lairtes Temple Vidal

Marisa da Camara Veterinária USP

Katia Brito Martha Karstrup

O homem de bem e a gratidão

Página 46

Colcha de retalhos para contar uma vida

Páginas 47 e 48

Mosaico Picassette - Rio de Janeiro

Páginas 49 e 50

Jane Barreto

Entre cristais e ferros

Páginas 51 a 52

Marly de Souza

O Universo da Literatura

Página 53

Cris Arantes

Meu trilhar nas letras

Página 54

Cida Barica

Manhêeeee

Páginas 55 a 57

Laerte Temple

Mês de Maio

Páginas 58 e 59

Uma contadora de histórias chamada Maria de Lourdes

Páginas 60 e 61

Lenildo Solano

Dia Mundial da Saúde - 7 de Abril

Páginas 63 e 64

Luiz A. Moncau

Meninas já nascem Mães

Página 65 e 66

Manoel Conti

A arte Proto-Renascimento

Páginas 67 e 68

Cida Tamaro

Veganismo - Perguntas e Respostas

Páginas 69 e 70

Cida Castilho

Bolo Homenagem às Mães

Páginas 71 e 72

Ebe Fabra

Receitas culinárias dia das Mães

Páginas 73 a 77

Coluna do Leitor

Dia Mundial da Terra, ou época da colheita de caqui

Páginas 78 a 80

Falante e Fofoca

Sou da realeza

Página 81

Fabíola Furlan João Alberto J. Neto

Tony de Souza


Crônicas do Brasil

CPI do ódio Heródoto Barbeiro Jornalista/Historiador

A abertura da CPI abala as estruturas políticas de Brasília. O temor de um choque entre poderes da república não se limita ao Congresso Nacional. Há quem diga que o presidente pode ser diretamente atingido e o Supremo Tribunal Federal acionado. O foco da CPI é o desvio de verbas federais que deveriam chegar até os estados e municípios. Segundo assessores econômicos do parlamento, milhões são desviados para os bolsos dos políticos e não chegam na ponta principalmente para amparar os hospitais e postos de saúde que andam abarrotados de doentes, muitos atendidos nos corredores. Há casos de pessoas no chão. As UTIs estão lotadas e falta de tudo, especialmente equipamentos mais sofisticados para entubação e tratamento de falta de ar. O escândalo percorre o Brasil e a CPI é uma possibilidade de se descobrir os ladrões do dinheiro pago pelos brasileiros ao chamado cofre público. CPI se sabe como começa, mas ninguém sabe como termina. Este é

o principal temor das bancadas que apoiam o presidente e também a oposição. Afinal a distribuição de verbas é gerida por parlamentares de vários partidos. Há suspeitas que a propina tenha chegado aos bolsos de governadores, ministros, senadores e deputados. Não escapam nem mesmo alguns prefeitos e vereadores. Enfim, todo o castelo político do país parece estar ameaçado de ruir e tudo desaguar nas próximas eleições gerais. Todos querem se reeleger e aparecer na mídia com foto e título de suspeito de corrupção não vai ajudar. Contudo parte da classe política conta com a despolitização do povo que se concretiza com os votos comprados pelos cabos eleitorais pendurados nos gabinetes de Brasília. As empreiteiras movimentam todo o exército de lobistas e advogados para se isentar de qualquer acusação futura, como o de conseguir grandes obras distribuindo propinas à torto e à direito. Não há como barrar a instalação da CPI. Bem que alguns tentaram acusando-a de se transformar em um palanque eleitoral, ameaçar a democracia e misturar culpados com inocentes. Mas como desmentir a delação do assessor responsável pela elaboração das emendas parlamentares que carreiam milhões para os currais eleitorais dos políticos? A

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Fotos: Câmara Federal

partir das denúncias do economista José Carlos Alves dos Santos, integrante da quadrilha e chefe da assessoria técnica da Comissão do Orçamento do Congresso, o Brasil toma ciência da existência da quadrilha apelidada de Anões do Orçamento, capitaneada pelo deputado João Alves. O grupo opera com três fontes de recursos: uma delas é formada pelas propinas pagas pelos prefeitos para incluir uma obra no Orçamento ou conseguir a liberação de uma verba já prevista. A execução dessas tarefas é

realizada pela Seval, uma empresa criada pelo deputado João Alves, que cobra uma “taxa” para fazer o serviço. O deputado se defende e diz que sua polpuda conta bancária se deve ao fato de ter ganho 56 vezes na loteria. Os Anões do Orçamento são punidos, mas alguns escapam da cassação de mandatos e um deles volta ao noticiário como proprietário do bunker de Salvador onde Gedel Vieira Lima estoca no apartamento 51 milhões de reais.

Acordo Obsoleto, Durmo Atualizado www.durmoatualizado.com.br

Seniors ativos, curiosos, empreendedores e eternos aprendizesUm blog com dicas fáceis e diversas desde cortar custo de aquisição de remédios, como tirar uma ideia da cabeça e tornar-se um projeto a aplicativos que facilitem o seu dia a dia. Desenvolvido por Marcelo Thalenberg colunista do Magazine 60+

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Contos II

A tentação do anel João F Aranha

Cidadão e Repórter

Heródoto, não o brilhante colunista que me precede, mas o Pai da História, foi um cronista do seu tempo. Juntou aos seus relatos a poesia épica e, bem antes de Platão e Sócrates, a filosofia. Ao narrar as guerras persas entre os helênicos e os bárbaros, no século VII a.C. Heródoto fez referência, pela primeira vez, a um certo Giges que pertencia a guarda pessoal de Candaules, rei da Lídia, atual Turquia. O rei tinha verdadeira paixão por sua esposa, a quem venerava e considerava mais bela e formosa entre todas as mulheres. Julgando que o encanto da rainha só seria acreditado se alguém pudesse vê-la nua, o rei tenta convencer Giges, seu fiel escudeiro, a entrar sorrateiramente no quarto da esposa, sem que seja percebido. Giges não aceitou a proposta por considerá-la imoral, mas o que era convite se tornou uma ordem e Giges não viu outra saída senão acatar a ordem do rei. Os fatos não ocorreram conforme esperado e a rainha percebeu a trama e no seu furor partiu para a vingança. Seduziu Giges, que mata o rei, casa-se com ela e usurpa o trono

Fragmento do quadro Mistério do anel de Giges Giovani Lutero - 1508/1550 Galleria Borghesi - Roma

.Os nobres reagiram a esta situação e, como era costume na época, resolveram consultar o Oráculo de Delfos que aceitou os fatos ocorridos mas lançou uma maldição que cairá na quinta geração do novo rei, o que de fato viria a ocorrer.

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Se a história tivesse uma moral, com certeza indicaria que busca-se uma desculpa para certos atos, um alívio para a consciência e através do suborno dos deuses aplacar-se a culpa é distanciar-se do temor do castigo. Cerca de 50 anos depois, o dilema de Giges volta a ser referenciado, dessa vez por Platão. No segundo livro de A República, Platão narra um diálogo entre Glauco, seu irmão mais velho, e Sócrates, onde se discute a natureza e a origem da justiça Glauco provoca Sócrates ao dizer que não há porque ser honesto quando não existe ônus, mas só vantagens. Em outras palavras, a justiça é valiosa em si ou é valiosa apenas quando traz benefícios? É nesse ponto que Glauco se refere a um certo Giges, que, como se verá, tem tudo a ver com o relato de Heródoto. O Giges de Platão é um pastor da Lídia que acha um anel de ouro numa fenda aberta durante uma forte tempestade. Ao colocá-lo no dedo e sem que ele mesmo perceba, ao virar o engate do anel para o interior da mão, ele se torna invisível e retornado o anel para sua posição normal volta a ser visível. Logo Giges percebe o poder que o anel lhe confere e através de muitas artimanhas, aproxima-se do palácio, seduz a rainha, conspira com ela a morte do rei e assume o poder. Glauco continua a provocar Sócrates dizendo que se houvesse dois anéis e se o justo recebesse um, o injusto outro, é provável que nenhum fosse de caráter tão firme para perseverar na justiça e para ter a coragem de resistir a tentação de um poder que quase o tornaria um deus junto aos homens. “Por que ser justo nas relações com os outros”, indaga Glauco, “quando se pode não sê-lo e, ao mesmo tempo, desfrutar todas as vantagens disso sem nenhum custo?” Como se percebe, o diálogo parece caminhar para um embate entre a ética e a felicidade, entre os princípios absolutos e os relativos. Os que procuram ser justos são justos em si ou apenas visam parecer ser

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Ilustrração Wikipédia

justos? Tanto Glauco como o outro irmão de Platão, Adimanto, que também intervém na conversa, não se mostram nem a favor nem contra aos argumentos que apresentam. Relatam apenas a “opinião da maioria” e querem desafiar Sócrates a convencê-los do contrário. A resposta de Sócrates ao desafio proposto pelos irmãos de Platão, será longa e completa, ocupando praticamente toda a parte restante de A República. A conversa irá além das questões da ética, entrando no campo da política, da psicologia e, finalmente, na concepção filosófica de Platão sobre a perfeição humana e a sociedade ideal. Platão, nas palavras de Sócrates, admite que mesmo os mais comedidos possuem desejos terríveis, dignos de um caráter selvagem e sem leis e que a mente humana, muitas vezes, é um ambiente hostil às virtudes éticas. No entanto, mantém sua fé, defendendo que a justiça é um bem em si e é indispensável para que a felicidade e a vida plena sejam alcançadas e que é preferível ser vítima de uma injustiça do que cometê-la. Para o homem, enquanto parte do todo, e para a sociedade e os governantes que completam a totalidade, o uso desse anel mágico em nada poderia servir, pois com seu uso ou sem ele, todos deveriam ser o que realmente são, ou seja, convictos de que a felicidade e a plenitude humana são compatíveis com a ética, amparadas nas virtudes e na justiça, tanto no entendimento de nós mesmos quanto no relacionamento com os outros. Então, caro leitor, como reagiremos, eu que vos escrevo e vós que me ledes, se nos depararmos com o anel? Somos um mundo de diferentes e de diferenças, o que pressupõe não haver uma única resposta. Cada um é cada um, mas sempre é bom lembrar que o comportamento é o espelho em que nossa imagem é exibida.

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Mudança de Hábito

91 dicas que vão agitar sua quarentena Silvia Triboni Viajante Sênior e Repórter 60+

Após um ano do início da pandemia da Covid 19, termos à mão 91 ideias do que fazer neste lockdown interminável pode nos ajudar a passarmos esses tempos de forma agradável e criativa. Cientes de que permanecer em nossas casas é uma medida necessária e fundamental para nos protegermos e preservarmos os outros, precisamos estar atentos às eventuais consequências psicológicas que o tempo prolongado em quarentena pode causar. Já há estudos que tratam dessas sequelas, e espero que as autoridades de saúde já estejam trabalhando a respeito. Entretanto, não precisamos ficar esperando soluções externas para que tomemos, jáalgumas atitudes que possam amenizar o tédio, a depressão e o estresse disso tudo. Segundo especialistas, uma boa maneira de evitarmos esse males é nos ocuparmos com atividades criativas, divertidas, instrutivas e produtivas. Mas o que há para fazer em casa, neste tempo ocioso que custa a passar? Encontrei 91 sugestões para ajudar a tornar o nosso tempo em quarentena o mais interessante e divertido possível, as quais agora compartilho na esperança de que aproveitem bastante. 91 ideias do que fazer neste lockdown interminável 1. Inicie um diário ou blog. Escreva sobre o que quiser, inclusive sobre este período estranho em nossa história. Vale do futebol à culinária. 2. Relacione todos os passeios na sua cidade que irá fazer quando estiver liberado para sair. Fazer turismo, mesmo que na nossa cidade, é comprovado que faz muito bem para a

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Fotos: Catraca livre|wikipédia

nossa saúde e nossa longevidade. 3. Atualize sua lista de desejos de viagens, e comece a visitar sites e páginas do Instagram para se inspirar e viajar estando em casa. Este exercício contribui também com nossa saúde cerebral, uma vez que precisamos pesquisar, selecionar, e, por que não, já planejar a sua próxima aventura. Se quiser, posso lhe arrumar uma lista de sites de viagens bem legal. Veja alguns: https://www. almadeviajante.com/ https://www.viagenscinematograficas. com.br/ https://www.integralwoman.com.br/ 4. Escreva poesia. Dedique palavras amorosas para seus entes queridos. De forma livre, sem estrutura específica. Apenas tente! 5. Complete um quebra-cabeça: quanto mais peças, melhor! Tem na internet. 6. Assista a todos os longas metragens que você evitou até agora. Reprise também vale. O Gladiador já assisti umas 3 vezes só nesta quarentena hahahahah Adoro! 7. Faça o download do aplicativo Duolingo, ou de um aplicativo de idiomas, e aprenda sozinho uma língua estrangeira. Já usei e recomendo. Atualmente, faço conversação em inglês, pelo site Speak. Social. Bom e gratuito. 8. Leia os clássicos da literatura brasileira, ou mundial. Com a pandemia, muitas editoras liberaram livros excelentes. 9. Medite. Na internet há vários exercícios de meditação, aplicativos e vídeos do gênero. 10. Mime-se com uma rotina de cuidados com a pele, com os cabelos, unhas, aqueles que você nunca tinha tempo para fazer. Faça máscaras caseiras com frutas e vegetais que fazem bem para a pele e cabelos. 11. Veja fotos e vídeos de filhotes de gatinhos, cachorrinhos. São sempre muito fofos. 12. Monte uma tábua de frios, de queijos, de doces, a mais atraente possível, mas você só pode usar os alimentos que você já tem na geladeira e no armário. 13. Faça artesanato com o que tiver em casa. Vale tudo. Menos com papel higiênico. Só com os rolinhos. 14. Escreva cartas reais para familiares e amigos, para coloca-las no correio quando for possível, é claro. Escreva agradecimentos para pessoas que fizeram o bem a você ao longo de sua história. 15. Aprenda caligrafia. O YouTube pode ajudar. 16. Leia as regras daqueles longos e intensos jogos de tabuleiro que comprou, mas nunca jogou com a família. Incentive a família a brincar. 17. Veja reprises de suas novelas favoritas. Aqui em Portugal tem um canal de televisão repleto de reprises de novelas brasileiras. Agora tenho assistido O Clone. Lembra? 18. Tem um armário em sua casa para onde todo o tupperware vai? Organize e combine as tampas com os recipientes. Se sobrar tampas, faça um artesanato com elas. 19. Experimente todas as suas roupas, separe as que não servem mais, e veja se elas podem deixar outras pessoas felizes ao recebe-las em doação. 20. Melhor ainda, faça o mesmo com objetos, mobílias, eletrônicos que já não usa. Sabe aquela infinidade de cabos e

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baterias de celulares que você nem usa mais? Pode ter alguma entidade filantrópica que receba em doação. 21. Faça happy hours com quem mora com você, e estreite as relações de amizade. 22. Asse bolos, pães, tortas. Nada como um cheirinho de pão assando em casa para nos remetermos à infância, a bons momentos de nossas histórias. 23. Assista aos filmes que ganharam o Oscar, e outros prêmios, de melhor filme deste ano. 24. Assista a filmes que, segundo os críticos, deveriam ter ganhado os prêmios de melhor filme, mas não ganharam. 25. Faça maratonas de séries da Netflix, ou outro canal semelhante. 26. Deixe o bigode crescer. Ou as costeletas. E veja a reação de quem mora com você. 27. Dizem que Tom Hanks enquanto se recuperava do coronavírus assistiu todos os seus filmes. Assista os filmes de Tom Hanks em homenagem à sua recuperação e ao seu trabalho. 28. Tricote ou faça crochê. 29. Use o Zoom, Jitsi, Skype, WhatsApp, FaceTime ou Google Hangouts para conversar por vídeo com seus familiares e amigos. 30. Experimente fazer aeróbica, zumba, ou ioga em vídeos do You Tube. Considere baixar um aplicativo de condicionamento físico. Tenho usado um da Johnson muito bom. 31. Olhe-se no espelho. Tente fazer um auto-retrato com lápis e papel. 32. Tome um banho de espuma se tiver banheira (bônus: adicione um copo de vinho para se sentir uma celebridade). 33. Faça um coquetel clássico, vale de Blood Mary a Caipirinha. Não esqueça o enfeite. 34.Arrume livros para colorir. Eles não são apenas para crianças e tem alguns na internet. 35. Reserve um tempo para refletir: O que você realizou no último ano? Que objetivos você está estabelecendo para seu futuro? 36. Escreva uma história curta ou comece um romance. 37. Tente reproduzir alguma boa ideia do Pinterest. Tem assuntos de A a Z, que valem a pena serem conferidos. 38. Limpe a sala e acampe com seus familiares usando todos os cobertores, pipoca e filmes de suspense. Netos e filhos vão adorar. 39. De uma vez por todas, conserte a maçaneta quebrada, cole o azulejo solto ou pinte aquela parede feia de sua casa. 40. Faça alongamentos para se sentir atlético. 41. Jogue vídeo games no celular ou computador. Tem alguns bem instrutivos, inclusive para você treinar a língua inglesa. Tenho feito palavras cruzadas em inglês no app Wordscapes. Bem legal. 43. Entreviste seus filhos, netos, pais, avós (por telefone, é claro) e salve o áudio. Você pode criar uma história, um podcast, ou livro em áudio com esse arquivo? 44. Revisite suas fotos antigas e escolha suas favoritas. Faça um livro de fotos ou encomende pela internet versões emolduradas.

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45. Dê uma de Chef e aprenda a cozinhar novas receitas com ingredientes que você talvez nunca tenha usado. Do missô à tahine. Pode ter o seu dia de Cake Boss e fazer um bolo confeitado. Já imaginou que delícia? 46. Crie um arquivo do Google com séries ou filmes que você está assistindo e compartilhe entre familiares e amigos. 47. Faça uma lista de coisas e serviços pelas quais você é grata. Quase nunca lembramos de agradecer os bens materiais ao nosso dispor. Quanta gratidão à internet, à energia elétrica, à nossa cama, cafeteira, água encanada.... Somos felizes por termos acesso a tantas coisas boas. 48. Faça sua própria degustação de qualquer garrafa de vinho, ou cachaça, que você tenha em casa. Invente histórias sobre a sua produção. 49. Trabalhe em seu planejamento financeiro, como explorar se deseja refinanciar seu empréstimo ou maneiras de economizar mais dinheiro. 50. Faça café, mas desta vez estude o grão que você usa, saiba mais sobre o barismo. 51. Compre alimentos, objetos, medicamentos, cartões-presente das lojas e mercados de sua região para ajudar a mantê-los em atividade enquanto estamos em quarentena. 52. Assista filmes de animação. Os clássicos da Disney e os mais atuais. Adoro ver Shrek, Mickey, Cinderela. 53. Escreva um livro com sua família. Escolha um personagem e cada membro escreve um capítulo sobre suas aventuras. Leia em voz alta um para o outro. No final da quarentena poderão publicá-lo. Muito legal! 54. Alterne a leitura da série Harry Potter com seus filhos ou netos, e termine cada um assistindo o filme. 55. Pinte o cabelo de uma nova cor. Ninguém mais precisa ver se você não gostar. 56. Escreva uma peça estrelando seus entes queridos. Realize-o por meio de um aplicativo de vídeo chamada. 57. Torne-se viral (no bom sentido, é claro!), e crie vídeos engraçados sobre a sua quarentena na rede social TikTok. Tenho feito vídeos hilários (pelo menos para mim). Divirto-me muito vendo e tentando repetir as cenas que famosos e usuários têm feito. Os vídeos do Bruce Willis são uma farra. 58. Faça um jantar dançante para você e quem estiver consigo. Elabore um convite. Capriche da arrumação da mesa. Acenda velas. Coloque a sua melhor roupa e aproveite o momento para namorar. 59. Faça uma lista de todos os museus, eventos esportivos e shows que você deseja ver, ou visitar, quando eles finalmente reabrirem. 60. Leia histórias em quadrinhos. Vale aquelas de sua infância. Alguém lembra do Recruta Zero hahahah! 61. Reorganize seus móveis para parecer que sua casa é um espaço totalmente diferente. 62. Pratique embaralhar cartas de baralho como um dealer de pôquer. Esteja pronto para oportunidades de emprego quando todos os cassinos forem abertos. Pelo menos aqui em Portugal

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onde são legais. 63. Organize sua prateleira de especiarias em ordem alfabética. 64. Ensine seu cachorro a fazer novos truques e faça vídeos para o Tik Tok. Lá tem vários de gatinhos, cachorrinhos, calopsitas.... 65. Memorize a tabela periódica. Você nunca sabe quando isso será útil. 66. Encomende e monte alguns móveis. Tempo você tem. 67. Obtenha uma avaliação gratuita de um serviço de streaming e assista o máximo possível antes que ele expire e você tenha que pagar. 68. Inscreva-se para uma nova vaga de emprego. Você tem experiência de trabalho remota agora. 69. Aprenda um novo estilo de dança via YouTube, de dança do ventre a tango vale tudo. E se tiver um par ao seu lado, melhor ainda. 77. Escreva seu testamento, ou suas diretivas antecipadas de vontade, e organize seus negócios. Sim, parece melodramático e mórbido, mas vamos ser sinceros: é uma tarefa que muitos de nós evitamos porque nunca temos tempo. Agora temos. 71. Os carnavais acabaram, mas você ainda pode se fantasiar com o que tiver em casa e improvisar bailes de carnaval. 72. Vá atrás dos Legos da casa. Construa sua casa dentro de sua casa. 73. Assista aos filmes Guerra nas Estrelas. São uns 10, pelas minhas contas. 74. Cultive, hidrate, penteie e ame uma barba. Barba é a moda do momento para os meninos. 75. Abra um canal no You Tube, uma conta no Instagram e Facebook e registre os momentos que queira compartilhar com atuais e novos amigos. 76. Pretendia comprar alguns óculos novos? Experimente alguns bem chamativos e coloridos possíveis de serem comprados online. 77. Tente fazer as coisas com a mão não dominante, desde a escrita até a escovação dos dentes. Prepare-se para ficar frustrado. 78. Quantas palavras por minuto você pode digitar? Veja se você pode ficar mais rápido fazendo um curso de digitação. E, depois, faça competições de quem digita mais rápido com amigos e parentes. 79. Estude história, física, química, álgebra e prepare-se para demonstrar seus conhecimentos em conversas bem diferentes daquelas que tinha anteriormente com seus amigos. Alguns vão ficar espantados. 80. Aprenda origami e presentei seus entes queridos. 81.Trabalhe na sua flexibilidade com aulas de Pilates na internet. 82. Tente falar algumas palavras em francês, russo, árabe, ou japonês, se inspire e planeje sua próxima viagem. 83. Converse com suas plantas. Como elas estão? Verifique se elas estão recebendo a quantidade de luz solar que deveriam receber. Verifique o solo delas. Água se necessário. 84. Condicione profundamente os cabelos e hidrate suas

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mãos. Curta o seu cabelo e mãos macias. 85. Considere fazer doações para ajudar as famílias que lutam para conseguir refeições. 86. Escreva uma paródia. 87. Estude a arte do beatboxing. Aquela arte de reproduzir sons de bateria com a voz, boca e nariz. Não se importe com quem estranhar. O importante é se divertir. 88. Tente se mover em super câmera lenta. Não há problema em rir em velocidade normal. 89. Você sabe que existem dezenas de maneiras de usar um cachecol, mas você o usa apenas de uma maneira? Aprenda as outras maneiras. 90. Faça uma lista de palavras inglesas com cognatos em português. Isso pode facilitar a sua conversação, só não vale o “Embromation”. 91. Experimente um novo tom de batom. Veja quanto tempo o seu parceiro de quarentena leva para perceber. 92. Respire fundo, pelo nariz e pela boca. 93. Durma muito. E sem culpa. Gostou da lista de sugestões? Sentiu falta de alguma atividade criativa e gostosa que você já está fazendo? Então, me conta para que eu possa continuar divulgando dicas do que fazer na quarentena. Divirta-se! E, FIQUE EM CASA! Silvia Triboni Fundadora do projeto Across Seven Seas, Repórter 60+ e Deputy Ambassador na Ageing2.0 Lisbon www.acrosssevenseas. com

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Cultura Geral

Tornar consciente Sergio Frug

Nem vou me arriscar a dar exemplos pessoais numa questão tão delicada quanto a nossa função inconsciente. Tudo isso talvez não passe de fantasia, mas se soubéssemos onde podem dar as raivas, os ódios ou os ressentimentos escondidos, não mais pestanejaríamos em mudar as nossas vidas. Quantas vezes um furtivo olhar de inveja ao carro novo do vizinho não lhe causou desagradáveis dissabores? Que certamente voltarão a nós de forma semelhante. Aí então bradaremos contra a inveja, mas continuaremos sem nos dar conta daquele (nosso mesmo) furtivo olhar. Ao encontrar o corcunda Ephialtes no filme 300, Leônidas não se dá conta de que se deparava com ele próprio em sua polaridade negativa. Do alto da onipotência não percebe que o seu enorme poder vinha também da secura daquele ser deformado. Se em vez de desprezá-lo, o tivesse reconhecido, poderia então dizer: “Venha, Ephialtes, você é o meu Eu invertido. Fique ao meu lado e juntos derrotaremos o poderoso inimigo”. Inimigo, aliás, que nada mais era do que a própria polaridade de Esparta, para onde, em sua sede de honra absoluta, enviava torrencialmente todo o seu desejo oculto de prazer, luxúria e poder incontrolável. Cedo ou tarde, porém, o inconsciente se apresenta. Aproveita o político corrupto como Theron no Conselho de Esparta e faz o seu serviço. Aí muitos choram e se debilitam,

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Foto: osegredo.com.br/divulgação

aproximando-se cada vez mais do seu oposto escondido. Resta apenas recomeçar e esperar que um dia possamos nos libertar dessa dolorosa Samsara. Mas será que adianta apenas esperar? Ou não soa já a hora de nos posicionarmos efetivamente quanto a isso? Diversas disciplinas pregam o exercício da observação de si, das retrospectivas e recapitulações como poderosas ferramentas para o nosso desenvolvimento. Isto é um começo. Observar e rever as nossas relações e os fatos importantes das nossas vidas, em especial aqueles que mais nos incomodaram e analisar os nossos verdadeiros sentimentos, as nossas intenções, os nossos motivos. Mas não gostamos de olhar para a própria corcunda. Achamos impossível encará-la e mais ainda curá-la; mas talvez não seja assim a realidade. Em geral as deformidades são resultados do medo, como a inveja é o resultado do medo de não conseguirmos comprar um carro igual ao do vizinho. O medo se cura com amor. Suavemente, dia a dia, recapitulações e respirações profundas podem levar a paz aonde dói e assim reconstruir o nosso ser oculto. Mas é preciso admitir. “Fiz aquilo por ódio”. “Aquilo outro por medo, e o outro ainda por ressentimento”. Aí posso levar a paz conscientemente junto com o ar dos pulmões e começo então a admitir novos posicionamentos. “Eu quero amar”, “eu quero servir”, “reconheço o meu companheiro ou a minha companheira e não me afastarei deles até o final dos tempos”. Reconheço também o mal que me acompanha e sou grato a ele assim como agradeço ao bem e compreendo que nada é por acaso nessa vida, mas que sou eu mesmo o grande responsável por tudo que há.

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Antropologia

Multiculturalismo Osvaldo B. de Moraes Historiador

Em artigos anteriores abordei aspectos culturais de sociedades, ditas primitivas, consideradas pelo conceito de etnocentrismo, onde até meados do século passado era imposto como padrão cultural nos moldes europeus e que desprezava outras culturas diferenciadas desse padrão. Entretanto, várias culturas expressam, valores, geralmente pautados em tradições passadas e transmitidas por várias gerações e que devem ser reconhecidas pelos seus aspectos peculiares. O amalgamo entre várias culturas de origem étnicas ou compostas de minorias de comportamento, hábitos e religiões diferenciadas constituem o multiculturalismo, que não é simplesmente um conceito nas suas atitudes de aceitação, mas de integração e liberdade de expressão social. Isto implica a análise de como grupos étnicos e de hábitos diferenciados da maioria da sociedade local reivindicam certas demandas próprias. Para tanto devem ser revistas a homogeneidade cultural e o grupo predominante da sociedade não deve se impor a outros minoritários, desprezando suas identidades. O multiculturalismo se pautar no princípio de alteridade, isto é reconhecer o outro dentro nas suas especificações, onde todos devem ser aceitos e ter seu lugar no mesmo patamar da sociedade. A globalização facilitou a mobilidade de grupos étnicos de uma região para outra, trazendo como positivo diferentes culturas no mesmo território. Exemplo, a Suíça que possui quatro idiomas no mesmo território, com vários agregados, mas que permite um desenvolvimento harmônico. Como exemplos negativos do multiculturalismo, podemos citar a Catalunha, que possui idioma próprio, o catalão. e o país Basco também

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Churrasco Norte Am


mericano e Brasileiro

com linguagem e culturas diferenciadas, e que geram permanentemente conflitos dentro da Espanha. O brexit a saída da Grã-Bretanha do mercado comum europeu por interesses econômicos ou por orgulho constitui uma moderna divergência ao multiculturalismo, embora em termos econômicos se assemelha ao resto do continente europeu. Igualmente na história da África observamos vários conflitos entre etnias diferentes. Os exemplos são muitos de conflitos na história, que geraram sentimentos de xenofobia e preconceitos raciais, pela cor, religião, e hábitos diferenciados. O multiculturalismo não é simplesmente um conceito, mas uma atitude relacionada às questões políticas, devendo ser analisado como diferentes grupos étnicos reivindicam certas demandas, principalmente as derivadas de anseios sociais. Embora predominem certas culturas dentro de uma sociedade, o pluralismo deve ser respeitado nos pequenos grupos que possuem valores próprios em seus usos e costumes. Para tanto devem ser revistas políticas que sobrepõe a hegemonia cultural, pela aceitação de grupos minoritários. A colonização europeia nas Américas destruiu em grande parte as culturas dos povos nativos através de invasões em seus territórios ou por impor costumes e sobretudo religiões através das chamadas catequizações. No Brasil a língua portuguesa predominou e afastou outros idiomas nativos, assim como “importou” africanos de várias etnias durante o período de escravidão, mas recebendo em contrapartida desses povos escravizados contribuição para nossa cultura com músicas, danças, culinária e religiões. Outras culturas que contribuíram para a formação de nossa sociedade foram os imigrantes, que igualmente com os de origem africana contribuíram na nossa cultura, principalmente em instalações industriais de porte, comércio, financeiro, além de também enriquecerem nosso vernáculo com novas palavras e introduzirem hábitos religiosos e festivos, aliados à uma riquíssima culinária. Resumindo, o multiculturalismo contribui para o desenvolvimento econômico e social desde que preze a diversidade existente nos vários grupos que interagem a sociedade, permitindo uma igualdade natural dentro de um mesmo patamar.

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Aprendizagem na 3ª idade

Educação, empatia e saúde nas relações Malu Navarro Gomes Pedagoga Psicopedagoga Educadora no projeto Feliz Idade

Ao frequentar cursos de Psicopedagogia e em seguida lecionando em diversas universidades alarguei meu conhecimento a respeito do ser humano e a ele dirigi um olhar mais amoroso e compreensivo. Passei a observar a vida humana sob uma óptica diferente daquela que induzia certa rigidez de julgamento sobre o homem e seu processo de aprendizagem. Não compartilhava da visão de certos professores e conteúdos impostos por julgar os alunos incapazes de aprender. Estas reflexões e as dúvidas decorrentes delas me impuseram a decisão honesta e verdadeira de ajudar pessoas que apresentavam dificuldades de aprendizagem a perceber que elas eram seres em formação contínua com potencial de enfrentar, minimizando ou superando, tais obstáculos. Nesse meio tempo, fui apresentada a uma obra, “Tocar, o significado humano da pele”, de Ashley Montagu, desde então um de meus livros de cabeceira, a quem recorro em diversos momentos para entender melhor algumas peculiaridades humanas bem como da sociedade na qual vivemos. “Não pode haver saúde, nem funcionamento pleno, se os sistemas vivos não estiverem ou não mantiverem contatos frequentes”, escreveu José Ângelo Gaiarça, na apresentação da edição brasileira do livro. Circula na Internet um vídeo cujo tema é “Mãozinhas do Amor”, ideia bem-sucedida criada por duas enfermeiras de São Carlos, no Estado de São Paulo: duas luvas, atadas pelos dedos, são enchidas com água morna e colocadas em contato com a mão de pacientes intubados por conta da Co-

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Foto: divulgação

vid-19. O calor emanado das luvas provoca no paciente a sensação de mãos humanas se entrelaçando à sua mão gerando a sensação de conforto e solidariedade necessários para que, mesmo intubado, não se sinta tão isolado daqueles que ama. Algo de extraordinário acontece com esses pacientes: seu tempo de recuperação é acelerado, como se um milagre acontecesse ali à vista de todos. Outros hospitais de São Carlos passaram a usar essa técnica. O contato físico é fundamental para garantir a saúde, o equilíbrio e a harmonia entre os seres humanos. Não é à toa que nos ressentimos tanto do distanciamento social imposto como meio de controlar o contágio da Covid-19. Muitas pessoas procuram compensar a falta de contato pessoal participando de aglomerações tentando superar a solidão. A fantasia de que são suficientemente saudáveis e se encontram imunes a essa doença as faz arriscarem suas vidas e a de seus parentes e amigos. Uma rebeldia descabida numa pandemia como esta que enfrentamos. Não creio que no Brasil cheguemos a adquirir a curto tempo a consciência necessária sobre os limites que importam serem observados a fim de garantirmos o término da ameaça que o coronavírus representa. Não fomos educados a nos sacrificarmos por um bem maior, adiando o prazer de conviver com pessoas com quem, na teoria ou na prática, temos muito a trocar. Associado a essa condição temos a tecnologia digital que nos aproxima das pessoas e fatos de modo artificial. Posso ver e conversar com meus familiares e amigos através de um campo de exposição diminuto: a tela do celular, do tablet ou mesmo do notebook, mas não posso tocá-los, tampouco por eles ser tocado. As notícias de qualquer parte de nossa cidade, país e planeta são obtidas em tempo real, o que provoca um acúmulo de informações que não suportamos assimilar, tamanha é a quantidade de fatos relatados e, muitas vezes, da necessidade de comprovar sua veracidade. As conversas são rápidas e, na maioria das vezes impessoais. Fala-se muito e se diz pouco. Muitos se valem da ausência física para criar momentos de tensão, intrigas e agredir pessoas, instituições sociais, disseminando o ódio e o desamor entre seus “seguidores”. Onde estão a empatia, a sensibilidade e a delicadeza nos relacionamentos? É claro que elas existem e estão por aí. Entretanto, se um dia alguém fizer um estudo do comportamento humano na internet, durante os anos em que durar essa pandemia, não será surpreendente se encontrarmos 50% ou mais de postagens que cultivam a discórdia, a desconfiança, o desrespeito, a desordem e desequilíbrio pessoal e social. O mundo está doente e temo que possamos piorar ainda mais nossa saúde ao desprezarmos a possibilidade de resgatar, entre as pessoas que se encontram próximas, a carícia, a ternura, a amorosidade, o carinho tanto nos gestos como

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nas palavras, nos olhares e pensamentos. Enquanto não nos tornarmos, novamente mais simples e naturais, estaremos fadados a viver essa, no dizer do dr. Gaiarsa, “estranha maldição”. Agiremos e reagiremos predominantemente através de uma óptica distorcida que chamamos, infundadamente, de razão. Não fomos capazes de perceber que a razão só se faz inteira e completa com o auxílio do coração.

Foto: Secretaria de Saúde do Rio de Janeiro

Imagem da semana: enfermeiras colocam água quente um luvas de látex e prendem as mesmas abraçando as mãos de pacientes com COVID 19. A sensação do toque e do carinho faz a diferença.

Malu Navarro Gomes

Especialista em Psicopedagogia e Neuropedagogia Atenção, concentração e memória. Práticas psicopedagógicas conforme necessiades e objetivos específicos Troca de informações, orientações sobre dinâmicas e atividades apropriadas ao idoso. blog: https://blogdafelizidade.blogspot.com + 55 11 93481 1109 email: qualidadedevidaidosos@gmail.com

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Seja um doador mantenedor da nossa revista entre em contato com Manoel Carlos por telefone ou whatsapp (11) 9.8890.6403 seu nome terá um agradecimento (ou não caso prefira) e um destaque na próxima edição

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Divã

A profanação do sagrado! Sandra Regina Schewinsky

Psicóloga - Neuropsicóloga

Lar, Doce lar! Não há lugar como nosso lar! Lar é onde o amor está! Nossa casa é local que nos sentimos protegidos, em que podemos ser nós mesmos, até soltar pum livremente. Mas, de repente em uma velocidade vertiginosa invadiram esse espaço sagrado. A pandemia acelerou e obrigou ao dito Home Office, o que de fato facilitou e possibilitou a continuidade das atividades laborais, manter um pouco da vida no rumo e ter renda. Confesso que no meu caso abriu novas frentes de trabalho, oportunidades e redes sociais que demorariam muito sem o recurso das atividades online. Entretanto, como profissional da saúde mental trago alguns problemas que tenho observado: - Pessoas que trabalham de pijama. O perigo é o próprio abandono da autoimagem que abala a autoestima e tendência ao isolamento total. Sugiro que acorde tome banho, passe batom ou faça a barba e se prepare como se estivesse saindo de casa. - Falta de estimulação para o cérebro: Andar na rua já é uma riqueza de estímulos, temos que calcular distância e aceleração para atravessar as ruas, percebemos que pintaram uma casa de roxo, abriu uma loja e muitas outras coisas. Vale à pena se arrumar, dar uma volta no quarteirão (a pé ou de carro) voltar para casa e começar a trabalhar. Além da estimulação, seu cérebro se organiza e fica preparado para realizar as tarefas. - Isolamento estressante: O trabalho solitário pode ocasionar maior estresse, pois quando estamos no ambiente profissional, sempre tem uma paradinha para um café, comentar o sapato novo do colega, brincar com a derrota do time do outro e muito mais coisa que aparentam ser sem importância, mas na verdade servem como período refratário de relaxamento para o estresse. Faça pausas e tome um café olhando pela janela, combine horário do chá com colegas e façam comidas diferentes para mostrarem e assim mudarem de assunto. - Desorganização: Muita gente tem se perdido nos horários e para cumprir prazos e metas, a impressão é que se tem todo o tempo do mundo e a hora passa e os compromissos ficam atrasados. Tenha uma grade de horários, bem como, um

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check list em que pode dar um OK para cada tarefa finalizada. Caso suas atividades sejam muito complexas, estude o método do TOYOTISMO, em que você gerencia melhor sua produção. - Rotina atrapalhada: A própria vida pessoal pode sofrer danos, alguns se esquecem dos horários das refeições, o ciclo sono-vigília fica totalmente bagunçado e pode gerar problemas de saúde. - Excesso de tela: Muito tempo sentado em frente ao computador gera o sedentarismo que interfere em várias áreas da saúde, aumento de peso, problemas nas articulações e coluna, lesões em membros superiores por esforço repetitivo, mas o cérebro também sofre, acarretando dificuldades de concentração, atenção, memória e socialização. Saía das telas (computador e celular) pelo menos uma hora antes de ir dormir. - Aumento da carga de trabalho: Tanto os gestores como os colaboradores perderam o limite da situação. Alguns chefes acordam muito cedo e já enviam atividades, outros preferem trabalhar até mais tarde, só que é o mesmo funcionário que faz tudo para os dois e assim trabalha full time e ainda está sempre em falta, com a impressão de que não é suficientemente bom. Acerte sua jornada de trabalho com seu gestor e converse sinceramente sobre a carga de esforço mental que lhe é exigida. - Síndrome do Burnout: é o estresse devastador em que a pessoa se sente incapaz de dar conta de tudo, presença de sentimentos depressivos, ansiosos, irritabilidade, alterações de sono e apetite, dores no corpo, até chegar no colapso total. Procure ajuda imediatamente, nesses casos é fundamental a ajuda médica e psicológica, pois pode chegar a morte. - Síndrome de Boreout: é o desinteresse e desmotivação, em que o profissional se sente pouco aproveitado em seu potencial e fica entediado e sem perspectivas. Além da psicoterapia é importante buscar atividades desafiadoras na vida e no trabalho. Estude mais para poder alcançar novas posições profissionais. Comento que nosso lar ficou profanado, pois agora temos que lidar mais ainda com multitarefas, cuidar da casa, das pessoas, de nós e do trabalho tudo no mesmo espaço. Nossa intimidade é olhada por muitos, temos que criar cenários da nossa vida e o limite entre o público e o privado fica cada vez mais tênue. Temos muitas vantagens eu concordo, mas por favor cuidem muito daquilo que é SAGRADO! A coluna Divã agradece a Leyne de Andrade pela sugestão do tema. Sandra Regina Schewinsky Contato: srschewinsky@hotmail.com Facebook: Neuropsicologia Sandra Schewinsky

Foto: charmehaut.com

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Nosso Universo interior

A conexão com o Divino em nós M. Luiza Conti

Desenvolvimento pessoal Life Coach

Obs.: é importante deixar claro que não pretendo nesse texto questionar, criticar ou julgar qualquer crença. Vou chamar o divino de Deus, mas cada pessoa vai se identificar ao seu modo, do seu jeito... “ONDE ESTIVER O SEU CORAÇÃO, ALI ESTARÁ O SEU TESOURO” Antoine de Saint-Exupéry

A ponte entre o divino e a terra é o coração... É através do seu coração que encontrará todas as respostas... O divino habita em nós, está dentro de cada ser, e o movimento para estar com ele é se voltar para dentro e conectar com suas emoções, sentindo quem você é. Essa conexão te dará coerência do que fala, do que faz, conseguindo viver com

O SUPERA é um curso diferente de tudo que você já conhece. Com apenas uma aula semanal de duas horas, você conquista uma mente saudável, com mais concentração, raciocínio, memória, criatividade e autoestima. Estas habilidades melhoram o desempenho na escola, alavancam a carreira e garantem mais qualidade de vida. Encare este desafio e experimente uma forma incrível de viver. Nossa metodologia não tem limite de idade: todo mundo pode viver esta emoção. magazine 60+ #23 - Maio/2021 - pág.25


mais amor, sem julgamentos, respeitando cada um. Procurar o divino externamente não irá nos preencher e muito menos nos mostrar o caminho, já que a busca é de unidade. Não existe uma separação entre nós e o divino, e encontrando essa unidade podemos nos expandir e ter uma melhor compreensão do ser. Tudo já está dentro de nós, inclusive essa conexão, apenas podemos estar esquecidos, basta entendermos que somos parte de um Todo. Deus está na simplicidade, portanto é o simples que vai te ajudar a estar mais perto dessa conexão, como por exemplo, desenhar, tocar instrumentos, orar, meditar, plantar, caminhar, ler, silêncio..., tudo isso faz você estar mais próximo ao Universo, a Deus, ao Divino. Tudo o que estiver fazendo sentido pra você com a sua essência, é sua ligação com Ele. Com isso acabamos percebendo que quando perdemos essa crença ou fé, é quando não acreditamos mais em nós mesmos. Tudo vai depender da importância que dermos a cada coisa. Vamos lembrar de uma árvore, ela tem as raízes, caule, galhos, folhas, flores, e tudo isso faz parte do todo... O oceano são diversas gotas que formam um todo. Assim somos nós, a integração de tudo isso. Somos o reflexo do nosso interior. Sugestões para entrar em contato com o seu interior: - desacelere sua mente, tem barulho demais... - respire com calma - encontre mentalmente seu lugar de paz e esteja nele, você terá um lugar sagrado aí dentro - pergunte o que precisa saber, receba a intuição - espere, tudo tem seu tempo - veja o que está dando certo - medite – ore, sinta o que é melhor pra você - mude alguns hábitos que não fazem mais sentido - esteja aberto ao divino - ame E muitas outras coisas que você mesmo pode acrescentar nessa lista... Você nunca está sozinho! Abra espaço para o Universo...

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Contos I

Mês de Maio

origem do nome e datas mais importantes Malu Alencar Historiadora e Produtora cultural

Maio é um mês especial, comemoramos vários eventos, começando pelo primeiro dia, Dia do Trabalho, e no segundo domingo do mês o Dia das Mães, no 13 de maio a Lei Áurea que consolida a libertação dos escravos e várias outras datas importantes são comemoradas no mês! Maio me faz voltar à infância; como eu gostava desse mês, pois podia demonstrar à minha mãe Luiza o quanto ela era importante para mim e para meus irmãos, escrevia poemas e pequenos contos para ler logo de manhã na mesa do café, lia para ela e toda a família. Como gostava desse momento. Foi o Velho Capitão do Ar, Vicente, meu pai, que me ensinou a beleza desse mês, de como o ar ficava mais ameno, o céu mais estrelado e a luz do sol com um brilho dourado e além das mudanças na natureza contava a passagem do tempo deixando que folhas e frutos amadurecessem e caissem no solo para alimentar a propria terra e os seres vivos, homens e animais. Gostava de voar com Vicente e quanto mais se distanciava da terra chegando perto das nuvens ele me mostrava a beleza do mundo e como éramos pequenos frente a grandeza dessa natureza. Foi meu pai que me fez reverenciar o Outono e o mês de Maio! Tantas lembranças e histórias, resolvi pesquisar a origem do nome Maio, e as comemorações que acontecem no mês: . Origem do nome Maio: Maio: “é o quinto mês do calendário gregoriano e tem 31 dias. O seu nome é derivado da deusa romana Bona Dea da fertilidade. Outras versões apontam que a origem se deve à deusa grega Maya, mãe de Hermes.A origem de seu nome deve-se a Maius (magnus) Júpiter. Pode derivar da deusa romana Maia, também conhecida como Bona Dea, cujo festival os romanos celebraram neste mês que chamaram de Maius. Também pode vir da ninfa Maya, filha de Atlas e Pleione e mãe de Hermes.

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Uma terceira opção de sua origem poderia ser do termo Maius Jupiter, uma redução de maximus, o maior. Devemos ter em mente que, na antiga simbologia dos números, os ímpares representavam o gênero masculino (1º e 3º mês/março-Marte, maio-Júpiter), e os pares são femininos (2º e 4º mês/abril-Natureza, Junho-Juno). Portanto, concluímos que maio vem de Maius Júpiter. Na astrologia o mês de maio, começa com o signo de Touro (até 20 de maio) e termina com o signo de Gêmeos (de 21 de maio adiante) Maio é o mês consagrado à Maria, mãe de Jesus Cristo, segundo a Igreja Católica, com uso particular da devoção do Santo Rosário “ 01/05: Dia do Trabalho: O primeiro dia do mês de maio é considerado feriado em alguns dos países do mundo. A data surgiu em 1886, quando trabalhadores americanos fizeram uma paralisação no dia primeiro de maio para reivindicar melhores condições de trabalho. O movimento se espalhou pelo mundo e, no ano seguinte, trabalhadores de países europeus também decidiram parar por protesto. Em 1889, operários que estavam reunidos em Paris (França) decidiram que a data se tornaria uma homenagem aos trabalhadores que haviam feito greve três anos antes. Milhares de trabalhadores foram às ruas de Chicago (EUA), no dia 1º de maio de 1886, para protestar contra as condições de trabalho desumanas a que eram submetidos e exigir a redução da jornada de 13 para 8 horas diárias. Naquele dia as manifestações movimentaram a cidade, causando a ira dos poderosos. A repressão ao movimento foi dura, com prisões, pessoas feridas e até mesmo trabalhadores mortos nos confrontos entre os operários e a polícia.Em memória dos mártires de Chicago e por tudo o que esse dia significou na luta dos trabalhadores pelos seus direitos, servindo de exemplo para o mundo todo, o dia 1º de Maio foi instituído como o Dia Mundial do Trabalhador. O Dia do Trabalhador no Brasil: No Brasil, o feriado começou por conta da influência de imigrantes europeus, que a partir de 1917 resolveram parar o trabalho para reivindicar direitos. Em 1924, o então presidente Artur Bernardes decretou feriado oficial.Além de ser um dia de descanso, o 1º de maio é uma data com ações voltadas para os trabalhadores. Não por acaso, a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi anunciada no dia 1º de maio de 1943, pelo então presidente Getúlio Vargas. Por muito tempo, o reajuste anual do salário mínimo também acontecia no Dia do Trabalhador. Além do Brasil, cerca de oitenta países consideram o Dia Internacional do Trabalhador um dia de folga, entre eles Portugal, Rússia, Espanha, França e Japão. Os Estados Unidos, onde ocorreu a mobilização que deu origem à data, não reconhecem este dia como feriado. Dia das Mães: 2 domingo de maio Faz tempo que me incomoda a maneira como se comemora o Dia das Mães, um verdadeiro comércio para vender produtos, numa época de pandemia como estamos vivendo neste 2021, fica mais deprimente ainda, pois o mundo está numa crise sanitária e financeira, por não saber a verdadeira origem da data,

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fui pesquisar e achei a verdadeira origem na matéria Luciana Galastri, publicada na Revista Galileu de maio/2014: O Dia das Mães chega com abraços, flores, chocolates, presentes e almoços deliciosos. Mas poucos sabem que a história da data tem seu lado sombrio. E não, estamos falando (só) do apelo capitalista “para vender presentes”. Apesar de Getúlio Vargas só ter oficializado o dia das mães como um feriado no segundo domingo de maio em 1932, pode-se dizer que o processo para o estabelecimento da data começou em 1850 nos EUA, quando uma mulher chamada Ann Reeves Jarvis fundou clubes de trabalho que funcionavam nos chamados “Dia das mães”. A ideia era que as mulheres trabalhassem para melhorar condições sanitárias e diminuíssem a mortalidade infantil. Os mesmos grupos também cuidaram de soldados feridos da Guerra Civil. Nos anos seguintes, Jarvis passou a organizar piqueniques em “Dias das Mães” para encorajar mais mulheres a participarem na política e promover a paz. Mas foi sua filha, Anna Jarvis, que estabeleceu a data como ela é hoje. Anna nunca teve filhos, mas a morte de sua mãe, em 1905, a inspirou a organizar “Dias das Mães” em homenagem a elas. O Dia das Mães deveria ser uma data na qual filhos devem vistiar suas mães e passar o dia com elas, agradecendo pelos esforços que elas fizeram em sua criação. Mas, apesar de algumas cidades adotarem o feriado no segundo domingo de maio, logo os esforços de Jarvis acabaram pendendo para o lado comercial da data, através dos presentes - coisa que Anna considerou uma grande falha. Quando lojas começaram a encorajar a compra de flores e cartões e Anna percebeu seus propósitos capitalistas, ela passou a organizar boicotes e protestos tudo para devolver à data o seu propósito original. Em 1923, ela e seus seguidores invadiram uma confecção na Filadélfia. Ela continuou protestando até 1940 - e em 1948, morreu em um sanatório. Hoje, contrariando os desejos de Jarvis, a data é motivo de alegria não só para mães e filhos como para restaurantes e para o comércio.” (Luciana Galastri) A partir de 1909, Anna Jarvis dedicou-se inteiramente a sua missão de conseguir a oficialização do Dia das Mães. Em 1910, o estado que sua mãe atuou como ativista, a Virgínia Ocidental, tornou o Dia das Mães oficial. Dois anos depois, em 1914, o Congresso norte-americano estabeleceu o segundo domingo de maio como o data para a celebração, e a medida foi ratificada pelo então presidente do país, Woodrow Wilson. A data foi criada exatamente como forma de homenagear todas as mães.

anna jarvis (Foto: Wikimedia Commons)

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Variações in VIVO

Estoy Here Dra. Lairtes Temple Vidal Psicóloga/acupunturista fitoterapeuta

Foto: Colcha feita pela colunista

Comecei a escrever este ainda no México, meados de março, em Playa Del Carmen, enquanto completava quinze dias de quarentena obrigatória com direito - ou melhor, dever pós teste PCR Covid negativo embarcar pros EUA. Exigência do governo americano para não cidadãos, oriundos de regiões perigosas nesses tempos – no caso o Brasil. Primeiro da lista em perigo, bugou. Bugou meu notebook também, e daí interrompi o texto, assim como muita coisa que dantes vinha eu fazendo, agora em compasso de espera, nessa minha odisseia, em quase tudo. Espero duas semanas passarem nessa playa que não é minha. Não invadi. Nadar pode contaminar. Passou. Ufa! Saí sul de outono, cheguei norte de primavera. Na virada no mês, 1 de abril, parece mentira, pisei cá onde estou: Hendersonville-NC. Fazendo o que? Missão mãe upgrade avó. Minha filha terá seu primeiro bebê. O que uma mãe não faz? Dias depois, continuando... Dei um jeito no note, no resto not. Agora vai... Muito ficou por aí, pra trás, no caminho, menos as coisas e pessoas que muito me importam; estas trago comigo em pensamento, ainda mais, hasta la vuelta. Menos é mais. Assim, o pensamento, agitava minha cabeça várias vezes ao dia. Menos coisas na mala, e ela mais leve. Menos correria, mais tempo livre. Menos gente pra ver, falar, escutar..., mais a mim eu tudo me observava. Me ocupando de ser minimalista. Isso é mais. Ter menos o que cuidar, parece agora o que mais apraz. Demais.

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Fotos: Amazon

Não sei quando volto dessa big trip (nada minimalista) nem por onde, nem como volto; nem o que, nem como, muito menos o que como. Tantos temperos. Cada vez sei menos. Sei que meu lindo e saudável netinho nasceu ontem, um dia antes de hoje que é 19 de abril. Dia do índio no Brasil. Here, nesse mesmo dia começou a vacina pra qualquer cidadão acima de 16 anos de idade... Não sei por que, mas as coisas estão assim. Uns com menos, outros com mais. Ainda em minha casa, lá no país perigoso, fiz pro meu neto uma manta de patchwork. Acho que algo dessa mania ficou costurado em mim, pois esse texto teço assim, em partes. Ganhei um notebook novo, presente do meu genro, engenheiro e tecnólogo, com muita classe disse que o meu já era. Claro que adorei a ofensa ao note, pois nesse caso menos elogio é mais alegria. Esse funciona, teclado bom, me adaptei rápido, ao bom é mais fácil, agora escrevo. Escrevo à várias mãos, pois um dia são umas, depois outras. Hora elas são com gel sanitizante, depois hidratante, outra hora com desinfetante. Mãos meladas de leite limpo (o materno), menos limpeza mais pureza. Ora. Nessa correria, outro dia estavam minhas mãos no word do celular. Teclando em letrinhas pequenas na sala de espera do hospital e logo depois no uber, segurando firme com as mãos nas curvas, quando o carro corria menos tentava eu de novo escrever mais umas linhas; uma mão na frente outra atrás - a de trás fazendo figas com os dedos, acidente na pista – nem ligo mais pra revés. Uma mão leva outra, ou lava outra? Só lavo as mãos com sabão. Pra deixar de fazer menos, pra fazer mais. Isso de lavar as mãos e deixar pra lá não é comigo, gosto da mão na massa. Gosto muito do que é feito à mão, mas na contra mão, não meto a mão na cumbuca não. Tantas mãos, todas minhas, e eu sem tempo pra escrever porque o tempo tá me pedindo outras coisas; mesmo assim, to de mãos dadas comigo, não me deixo na mão. Pausei esse texto outra vez. Se um texto tá assim, imagina um livro como seria nesse momento! Deve ser por isso que você só é gente se plantar uma árvore, tiver um filho e escrever um livro. Do princípio ao parto. Por falar nisso, parto maternidade now , again , sabe... fui chamada à dar outra mão. Voltei pro texto, mãos à obra, um tanto flex, ou total flex, me adaptando também ao flat. Minha casa na Serra da Cantareira é de bom tamanho e o terreno melhor ainda. Em menos de um mês fiquei num modesto quarto de hotel uns dias, depois outros tantos num quarto de apê, depois no quarto do hospital. Medindo os passos, nos metros quadrados, três quartos e eu inteira, sem faltar nenhum pedaço. Minimalista integral. Preciso (quando tudo está impreciso) acabar essa escrita pra enviar ao querido editor. O tempo urge e ressurge. Sabe a primavera que citei? Deu um tempinho. Aqui faz frio. Teclo com luvas agasalhando as mãos. Mãos de mãe que se multiplicam, em troca de fraldas, em posição de oração,fazendo aplauso, mexendo panelas, mão na roda, ao volante ou passando rodo no chão, enxaguando o mar e enxugando o sal, nsinando, escrevendo, cozinhando mingau estendendo, acolhendo, embalando naninha Em Maio, e sempre, mãe nunca nega uma mãozinha.

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Falando em escrever

Flávia Muniz Alma noturna FLÁVIA MUNIZ – ALMA NOTURNA Rosa Maria Rodrigues Castello Consultora em Direitos Autorais

Esse é o mês das mães e das noivas...será?? Enfim, chegamos em maio de 2020! Ainda isolados e muitos de nos ainda sem vacina, continuamos aguardando a nossa vez, se cuidando, trabalhando e mantendo a sanidade mental. Falando em escrever tenho o prazer de apresentar a trajetória dessa grande autora e amiga, Flávia Muniz. Estamos nessa jornada há muitos anos, entre livros, direitos autorais, eventos, lançamentos e muita conversa boa. Conheçam um pouco dessa autora, que agora tenho a honra de ser sua Agente Literária para determinados textos, tipo, paradidáticos e didático.

(agradecimento da autora) Rosa Maria Rodrigues Castello, que me fez o convite para esta jornada inesperada, é testemunha do meu caminhar desde o primeiro livro, a primeira ideia, os primeiros anos de aprendizado até os tempos de agora. E lá se vão os anos... A ela, seus parceiros e editores da revista, agradeço a oportunidade de aceitar esta generosa (e arriscada!) oferta, ao dar espaço e voz a quem gosta de falar sobre caminhadas e paisagens. Penso que fui despertada para as histórias muito tempo antes de elas se tornarem necessárias em minha vida. Desde criança, presto atenção aos relatos, ao que se diz, ao que se conta. Fui educada em uma família que gostava de conversar animadamente, de contar o que sabia, presenciou ou ouviu dizer. Quando era criança, passava as férias escolares na fazenda das tias, no interior segue pág.33

Flávia Muniz é escritora de literatura para crianças e jovens. Formada em Pedagogia com especialização em Orientação Educacional pela PUS/SP, tem obras selecionadas pela FAE e pelo PNBE, foi indicada três vezes ao prêmio Jabuti e recebeu, da Associação Paulista dos Críticos de Arte, o prêmio de Melhor Livro Juvenil em 1991, com a obra Viajantes do Infinito. Para saber das andanças da escritora, confira suas obras na web, nos sites das editoras Moderna, Melhoramentos, FTD, SESI entre outras, ou envie uma mensagem pelo Instagram para @flaviamuniz.autora ou Facebook.

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de SP – o que é um presente para qualquer criança! – e pude explorar a natureza, brincar muito e ouvir causos e histórias fantásticas. Havia um clima muito propício ao desenvolvimento da imaginação, da criatividade, e uma aproximação natural com temas interessantes, diante do fogo da lareira, no entardecer, no silêncio de noites escuras de inverno, nas tempestades do campo... Tudo muito propício e intenso para uma criaturinha impressionável como eu, que nunca duvidava da magia que a tudo permeava. Mais tarde, com a vida profissional desabrochando, percebi na sala de aula que sentia prazer em reviver os momentos fantásticos da infância, partilhando histórias com meus alunos, dividindo emoções, fazendo-os ver e sentir além da realidade rotineira, ao considerarem outros mundos e possibilidades. Eu me divertia muito com eles. Sempre tenho saudades da sala de aula... Criança é tudo de bom! Elas renovam nosso jeito de ser e de olhar o mundo. Por elas, e por mim, preservo esse olhar curioso, esse existir frágil e valente, cuja força transborda desafiando os momentos mais improváveis da vida. Muitas histórias foram inspiradas em meus alunos queridos. Também sou filha de outras mídias, de outras linguagens artísticas. Teatro. Música. Cinema. HQs. Os clássicos programas de tevê. E amo muito, mas MUITO MESMO, o cinema. Sou fascinada por histórias pessoais, gente que fez e faz diferença no mundo, cientistas, inventores, artistas, seres humanos dedicados a uma causa. A meu ver, a literatura, como outras artes, exerce na alma o fascínio de somar, tirando, e de acrescentar, subtraindo. Convida-nos a conhecer uma história, um ponto de vista e, por algum tempo, nos mantém como reféns e testemunhas da narrativa, subtraindo-nos da realidade por algumas horas de nossas vidas, para depois, ao término da jornada, lançar-nos a ela novamente, talvez somados, transformados... quem sabe, melhores.

ALGUMAS OBRAS DA FLÁVIA MUNIZ

Rosa Maria Rodrigues Castello Castello Consultoria Editorial rosa.castelloconsultoria@gmail.com + 55 11 99999-1893

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Saúde, Beleza e Bem Estar

Cuidar de quem cuida Kátia Vargas Lutfi Pileggi

médica dermatologista

Nascidas para cuidar, proteger, envolver, amar, ser multitarefas, se cobrando para cumprir com excelência todas elas. E quando falha… a culpa! Quem nunca? Prazer, mamães! Se sintam todas abraçadas, um dia simboliza a data mas expressar esse amor diariamente é o que o faz grande e verdadeiro. E cuidar de quem cuida é o que mais gosto de fazer, porque pequenas coisas parecem acariciar a alma de mulheres que muitas vezes se veem esquecidas atras de afazeres domésticos, trabalhos, e outras mil funções e quantas vezes acabam esquecendo de si mesmas. Quantas não chegam a consulta pra trazer o filho e fala “precisava tanto passar na dermato” e não passa sabe porquê? Porque não se vê como prioridade, tantas vezes não se enxerga, e ter tempo para si e ter vaidade é muitas vezes visto como perda de tempo. Mas não, ter o auto cuidado, aprender se amar, enxergar a mulher que existe em cada mãe, nos deixa ainda mais capaz e plenas para dar nosso melhor ao próximo. Quem de nós não se sente mais poderosa ao vestir uma bela roupa, ou dar um tapa no visual. E por que não? Não tem certo ou errado, Fulana faz botox, Ciclana colocou preenchimento, a minha pergunta é ela tá feliz? Então tá tudo certo, aliás será que não é exatamente isso que você quer fazer? Claro que devemos respeitar os padrões

de beleza, a naturalidade e o processo de envelhecimento que é inerente a vida, mas se podemos retardar ou amenizar os sinais existem inúmeros recursos atualmente para que isso ocorra de maneira NATURAL e satisfatória, com pouca ou quase nenhuma dor. E nunca é tarde para tratar da pele seja facial ou corporal, a tecnologia vem para romper barreiras e ajudar a aliviar os sinais do tempo, começamos a tratar de maneira preventiva cada vez mais mulheres jovens mas há uma grande parcela que fizeram suas primeiras intervenções após 70, 80 anos e sim sempre dá tempo de começar. E começamos e devolvemos muito mais do que um reposicionamento facial, uma melhora de rugas, nosso retorno envolve sorrisos, auto estima, redescobrimento e um olhar de paz com o espelho que talvez não refletisse a imagem que seu cérebro reconhece. Então mamães se amem! Se presenteiem! Doem amor mas se deixem ser amadas! Mulheres mudam o mundo! Mulheres geram a vida! E mesmo quando não estão mais presentes marcam a vida daqueles que deixaram e só por isso também existem dentro de cada um. Feliz dia das mães para todas as Mamães!!! E sim digo sempre pra D. Marlene que ela é a melhor do mundo! E você já falou para sua hoje?

Mãe

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A vida como ela é

Ancestralidade Italiana

Marisa da Camara Terapeuta Energética Radiestesista

Este artigo narra um resumo da história do povo que deixou a Itália ao final do século 19, mais precisamente entre 1870 e 1880. Impossível contar esta história sem emocionar-me e sem associá-la aos meus antepassados. Meus bisavós maternos fizeram parte do que abaixo lhes relato e creio que grande parte da minha paixão pela Europa é devida a essa ancestralidade. Bisneta de italianos e neta de portugueses, que vieram para o Brasil, sinto-me conectada a esses povos, suas culturas e seus costumes e sinto-me honrando meus ancestrais através desse amor e dessas sensações. Vamos aos fatos: A revolução industrial chegou tardiamente na Itália, prejudicando muito a região norte, que vivia fortemente do artesanato. Por sua vez, as batalhas pela unificação italiana tiveram movimentos revolucionários a partir de 1848, fazendo com que a Itália atravessasse um período conturbado até 1870. A coincidência destes fatos, além do problema de superpopulação, culminaram em pobreza, insegurança e fome nos residentes do norte da Itália que, incentivados pelo governo e pela igreja, decidiram emigrar para a América. A escolha pelo Brasil deu-se pela língua, pelos costumes, pelo clima e pela carência que o Brasil tinha de mão de obra barata, com o término da escravidão, além do interesse na miscigenação de raças.

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Fotos: documentário Legado Italiano Netflix - divulgação

A grande beleza na história da emigração Italiana para o Brasil

Foto 1

Foto 2

Foto 3


As difíceis condições vividas por esse povo, que sofreu para livrar-se de seus bens antes de deixar a pátria e viajar praticamente com a roupa do corpo, com suas crianças, para um país distante e que falava outra língua, sensibilizam os mais frívolos corações. Vieram apinhados nos porões de navios, em péssimas condições, enfrentaram surtos de cólera e sarampo, com ocorrência de muitas mortes, tendo seus corpos jogados ao mar, causando muita dor em seus familiares, que tinham que seguir viagem em busca de dias melhores. Essas famílias substituíram a mão de obra escrava das lavouras brasileiras e chegaram até a sofrer discriminações por isso, além da proibição de falarem seus dialetos, como se isso fosse uma escolha. Eles trabalharam unidos, em família, e as refeições, a música e a igreja eram seus principais momentos de alegria e de lazer. Trabalhavam muito, mas tinham um teto para se abrigar e comida à mesa. As famílias que vieram da Itália com algum dinheiro tiveram melhores oportunidades no Rio Grande do Sul, onde puderam comprar um pedaço de terra e conquistar maior independência. As mulheres tiveram papéis muito importantes na reconstrução de vida de suas famílias, pois trabalhavam na roça, com seus maridos e parentes e tinham todas as tarefas do lar aos seus encargos. A família dependia delas para se alimentar, para ter a casa e as roupas limpas. O que há de lindo na história de um povo que tanto sofreu? A superação. Sim. Essa é uma linda história de superação. Meus avós tiveram uma vida um pouco melhor que a de meus bisavós, meus pais um pouco melhor que a de meus avós, e assim sucessivamente até a geração dos meus netos. Eu penso que esse senso de batalha, de busca pela superação e vitória, incorporaram-se ao DNA da família e estamos sempre com “a peteca no ar”, com “a bola em jogo”, sempre em movimento. O que muito me admira é a exuberância de vida que há em cada ser desse povo. A tristeza pode ser imensa, mas estar em família, com os amigos ou à mesa são motivos de alegria, de falatório, de barulho, de muita vida. Isto, em minha opinião, é o grande legado que os italianos deixaram para os brasileiros. É algo pelo qual todo aquele sacrifício valeu a pena. E por falar em legado, não deixem de assistir ao documentário, na Netflix: “LEGADO ITALIANO”. Para quem tem descendência italiana, prepare-se para se emocionar e se encantar, pois seus ancestrais podem ter vivido os fatos ali retratados. LEGADO ITALIANO, documentário da Netflix, que também pode ser visto através do site www.legadoitaliano.com.br

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Papo Animal

Saúde Única, sonhos coletivos FMVZ - USP

Alguma vez você ouviu algo como: “Animais não tem sentimento” ou “Animais são seres irracionais, eles não pensam em nada”? Se sim, muito provavelmente isso te gerou dúvida, principalmente se você já teve ou tem algum animal de estimação em casa e percebeu nele muitos sentimentos, que variam de acordo com as situações, como por exemplo, sentir alegria ao ver alguém, sentir medo ou vontade de brincar e fazer outras coisas que alguém que não sente, não faria. É muito provável também que, em determinado momento, você tenha visto algo e pensado: “Nossa, como meu animal é inteligente, só falta falar”. Com tantas informações que vamos adquirindo ao longo da vida, muitas vezes ficamos sem saber ao certo em quê e no quê acreditar. Você pode se perguntar: “Isso é um fato, ou uma opinião? Será que o que vejo e sei, pelo que vivo, está ou não está certo? O que a ciência diz sobre isso?”. Na edição desse mês, nós, do Projeto Santuário da FMVZ-USP em parceria com a Associação Faça Sua Parte, viemos te responder a pergunta que não quer calar: Os animais não humanos têm sentimento, consciência e são seres dotados de inteligência? Para entendermos melhor como essa dualidade de pensamentos surgiu, é fundamental conhecer um pouco de história. Ao longo da evolução da humanidade, muitos foram os pontos de vista do ser humano - o animal humano, sobre os outros animais – os animais não humanos. Os animais não humanos foram observados, estigmatizados, transformados em símbolos do bem e do mal, em deuses e demônios, inspiraram no ser humano o medo, a ternura, a crueldade, o senso de justiça, a bondade, a maldade, a fé, a incredulidade, foram caçados

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Fotos: arquivo

A consciência dos animais


e se tornaram caçadores, eram vistos como amigos ou inimigos, foram amados e odiados, protegidos e destruídos, usados para os interesses humanos. Esse contraponto de opiniões e sentimentos a respeito dos animais sempre existiu: diversos pensadores e observadores fundamentaram suas ideias, baseadas em cultura, interesses, vivência própria, experimentações, religião e pensamentos filosóficos. Foi na Grécia Antiga que a ruptura entre animais humanos e não humanos começou, gerando uma crise que se estende até hoje na esfera filosófica e moral, o que embasa nossa sociedade atual. Pitágoras alegava que pessoas e animais tinham almas do mesmo tipo, com a ideia central de que “o homem que semeia a morte não pode colher o amor e enquanto assim agir, destruindo sem piedade os animais, nunca terá saúde, alegria e tranquilidade ao seu Espírito”. Aristóteles, por sua vez, alegava que os animais eram seres irracionais, não fazendo parte da mesma escala natural do ser humano e que só existiam para o contentamento humano. Essa visão colocou o ser humano como o centro do mundo (visão antropocêntrica), superior a todos os outros seres, e tem forte influência em toda a sociedade ocidental desde então. René Descartes, considerado o pai da filosofia moderna, trouxe sua visão cartesiana para o comportamento dos animais: esses não passam de máquinas, com ações puramente mecânicas, negando sua racionalidade e também suas emoções. Como máquinas, os animais são capazes de comportamentos considerados complexos, mas incapazes de falar, raciocinar e até mesmo de ter sensações, como a dor. Na interpretação cartesiana aqueles que usavam os animais poderiam fazê-lo sem se preocupar, o que incentivou a vivissecção (dissecação ou operação cirúrgica em animais vivos, para estudo de alguns fenômenos anatômicos e fisiológicos), prática que para muitos ainda pode ser considerada moralmente correta. Rebatendo Descartes, o filósofo francês iluminista François Marie Arouet, mais conhecido pelo pseudônimo Voltaire, afirmava que não era possível usar um animal para estudar fenômenos que poderiam ser transpostos ao ser humano, alegando semelhança, se a esses animais era negado às emoções e sensações. Suas idéias são até hoje uma das maiores bases para os argumentos do movimento antivivisseccionista, uma vez que, se os animais não humanos não são tão semelhantes assim ao ser humano, não deveriam servir como modelos de estudo, e se são semelhantes, merecem a mesma

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consideração moral, onde a dor, o sofrimento e a crueldade devem ser evitadas. Kant, outro filósofo, acreditava que os animais eram seres sem racionalidade e trazia a ideia de que não deveriam ser maltratados, uma vez que o maltrato a um animal levaria ao maltrato a outro ser humano, com a crueldade começando em estágios. Alegava que não tínhamos obrigações para com os animais de forma direta, mas sim de forma indireta, ao nos preocuparmos com a evolução do nosso próprio caráter, onde o estímulo a não maltratar animais não humanos e o de ser benevolente é mais uma autodefesa da espécie humana para evitar atos cruéis de humanos para com humanos, do que uma preocupação com valores e direitos de outras espécies. Jeremy Bentham, filósofo e jurista inglês, confrontou a visão imposta pelo cartesianismo, cunhando a teoria do utilitarismo: “Talvez chegue o dia em que o restante da criação animal venha a adquirir os direitos dos quais jamais poderiam ter sido privados, a não ser pela mão da tirania. Os franceses já descobriram que o escuro da pele não é motivo para que um ser humano seja abandonado, irreparavelmente, aos caprichos de um torturador. É possível que algum dia se reconheça que o número de pernas, a vilosidade da pele, ou a terminação do sacrum são motivos igualmente insuficientes para se abandonar um ser sensível ao mesmo destino. O que mais deveria traçar a linha insuperável? A faculdade da razão, ou, talvez, a capacidade de falar? Mas, para lá de toda comparação possível, um cavalo ou um cão adulto são muito mais racionais, além de bem mais sociáveis, do que um bebê de um dia, uma semana, ou até mesmo um mês. Imaginemos, porém, que as coisas não fossem assim; que importância teria tal fato? A questão não é, eles raciocinam? Eles podem falar? Mas sim, eles podem sofrer?” Bentham demonstrava que todos os seres humanos mereciam a mesma consideração e questionava o porquê não estender essa mesma consideração aos animais não humanos, sem focar na razão, mas sim na capacidade de sofrer. Sua visão desafiou o antropocentrismo e impulsionou o movimento de libertação animal que ocorreu a partir da década de 70. Charles Darwin, com sua publicação “A origem das espécies”, revolucionou o privilégio da racionalidade humana: se animais humanos e não humanos são mais próximos do que imaginávamos, então porquê tanta diferença de consideração moral? Com a idéia de demonstrar que não há uma barreira que não se pode transpor entre o homem e o animal, em suas obras com abundantes observações e relatos de casos que coletou durante décadas de investigação, afirmou que os animais humanos e os animais não humanos compartilham as mesmas emoções, até mesmo as emoções mais complexas: “os animais, assim como o homem, manifestamente sentem prazer e dor, alegria e

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tristeza. Albert Schweitzer, no século XX, se opondo ao antropocentrismo dominante lançou a ideia de “reverência à vida”, onde as outras formas de vida possuem valor independente do ser humano e por obrigação moral devemos atribuir valor a cada ser vivo. No século XX, a teoria e as práticas relacionadas aos animais permaneceram com um grande abismo, mas havia o desejo de ampliar a esfera moral dos animais e esse desejo ecoou e repercutiu não somente nossa relação com os animais mas com o meio ambiente como um todo. Com o passar do tempo, o antropocentrismo foi cedendo lugar a outras ideias, e dessas ideias surgiram a bioética, a ética animal e a ética ambiental. Durante a década de 70, o movimento de libertação animal se intensificou e a UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) proclamou a Declaração Universal dos Direitos dos Animais como uma maneira de conceder igualdade a condição de existência dos animais não humanos e os seres humanos. Com opiniões divergentes, questões éticas e morais levantadas, com o uso e a morte de animais por décadas no mundo, para alimentação, entretenimento, vestimenta, testes para cosméticos e medicamentos, a ciência continuou em busca de resolver o mistério sobre os sentimentos,as emoções e a inteligência animal. Em 07 de julho de 2012, um notável grupo internacional de especialistas das áreas de neurociência cognitiva, neurofarmacologia, neurofisiologia, neuroanatomia e neurociência computacional reuniu-se no Reino Unido, na Universidade de Cambridge, e então trouxeram ao mundo em forma de declaração uma resposta esperada por séculos: “A ausência de um neocórtex não parece impedir que um organismo experimente estados afetivos. Evidências convergentes indicam que animais não humanos têm os substratos neuroanatômicos, neuroquímicos e neurofisiológicos dos estados de consciência juntamente com a capacidade de exibir comportamentos intencionais. Consequentemente, o peso das evidências indica que os humanos não são os únicos a possuir os substratos neurológicos que geram a consciência. Animais não humanos, incluindo todos os mamíferos e aves, e muitas outras criaturas, incluindo os polvos, também possuem esses substratos neurológicos.” A ciência, através da Declaração de Cambridge sobre a consciência animal afirmou o que muitos filósofos e pensadores que defendiam os animais não humanos acreditavam e trás aqui também a resposta para a pergunta do início desta coluna: Os animais não humanos têm sentimento, consciência e são seres dotados de inteligência? SIM, os animais têm sentimento, consciência (percepção dos fenômenos da própria existência) e são seres

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dotados de inteligência, capazes de fazer escolhas. São seres sencientes, capazes de sentir e de serem afetados de forma positiva ou negativa pelas experiências vividas. Agora que você tem essa informação sobre os animais, gostaríamos de considerar algumas coisas: - Os animais são capazes de experimentar alegria e tristeza, dor e prazer, assim devemos evitar que passem por experiências negativas, como medo, dor, fome, tristeza e que sofram, proporcionando sentimentos positivos e uma vida que valha à pena ser vivida. - Procure informações sobre o comportamento da espécie animal que você possui, porque o que é bom para um animal como espécie pode não ser bom para outra espécie e, até dentro da mesma espécie, há variações de acordo com o que foi vivido: observe como seu bichinho reage e se comporta. Desejamos que essa informação tenha sido útil para você e em breve traremos orientações sobre uma ciência muito importante, a ciência do bem estar animal. Agradecemos por ter ficado conosco até aqui, até a próxima! Loren D´Aprile

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Amigo do Idoso

Uma ótima notícia Foto: /inss.net

Fábio Faria de Sá Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária

No mês da ressurreição, o Ministério da Economia rendeu-se a diversas Ações Públicas e editou a portaria que não será computado para o calculo da renda per capita familiar o beneficio previdenciário de até 1 (um) salário mínimo para o BPC/ LOAS. Em diversos processos Judiciais o IOPREV teve êxito em comprovar que apenas um salário mínimo não era suficiente para a sobrevivência de um casal de idosos e/ou deficiente. Na idade avançada ou alguma patologia, os gastos são multiplicados pelo fator da Saúde. Com uma esperança imensa, gostaria de dividir essa noticia com todos, a Portaria nº 1.282 estabelece o os pedidos deverão ser concedidos administrativamente, sem a necessidade de ação judicial como ocorria por anos. Vale ressaltar que os pedidos até de 01/04/2021 ainda serão analisados de forma anterior a Portaria “SANTA”, o que fazer? Desistir do pedido, fazendo o cancelamento e agendando novamente com data posterior. A Vacina esta com o calendário priorizando os idosos, atente-se as datas e cuide-se! Cuidar de nossos idosos é preservar a nossa história. Foto: Ministério da Saúde

Contatos, dúvidas, perguntas: FABIO FARIA DE SÁ Contabilista e Diretor do Instituto de Orientação Previdenciária 11-5015-0500 ou 11 97095-2112 - fdesa@icloud.com

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Benefícios

A importância da estimulação cognitiva para a prevenção de sequelas da COVID-19 no cérebro Thais Bento Lima gerontóloga e colunista do SUPERA Ginástica para o Cérebro

A ciência tem associado que em indivíduos com mais de 50 anos, as sequelas da COVID-19, tem sido mais intensas e tem gerado comprometimento neurológico e assim como, prejuízo nas habilidades mentais, podendo ser um fator de risco para o desenvolvimento de demências, como a Doença de Alzheimer. Especialistas orientam que uma forma de prevenir os danos à saúde ocasionados pelo coronavírus, e evitar que eles sejam permanentes. Uma das alternativas tem sido, a criação ou otimização da reserva cognitiva. E para isso, sabemos que a estimulação cognitiva, popularmente conhecida como exercícios de ginástica para o cérebro, podem atuar como estratégias de otimização da reserva cognitiva. E quais exercícios poderiam ser realizados? Leitura; Jogos de estratégia (xadrez, dama, jogo da velha); treino com o uso do ábaco; jogos de atenção (jogos das diferenças; caça palavras); exercícios de linguagem (ordenação de palavras; elaboração de histórias), e a realização de jogos eletrônicos em plataformas de estimulação cognitiva. Cuide da saúde do seu cérebro, realize atividades de estimulação cognitiva e fortaleça a sua reserva cognitiva, para se proteger de danos do coronavírus e de outras doenças. Profa. Dra. Thais Bento- Doutora em Neurologia Cognitiva pela USP, e docente do curso de Gerontologia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP. Membro da Diretoria da Fotos: Supera Associação Brasileira de Alzheimer- Regional São Paulo.

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Em todas as telas

Avosidade: mães de ontem e sempre Katia Brito Produtora de conteúdo sobre envelhecimento e longevidade

(Reprodução/Instagram)

A data mais marcante de maio é o Dia das Mães. O forte apelo comercial favorece o otimismo dos empresários afetados pela pandemia, mas vai além. É um dia que reafirma um amor diferente de tudo. Nada se compara ao que existe entre uma mãe e um filho, embora haja exemplos da desumanidade de seres que geraram a vida. Foquemos no bem, e neste amoroso pacote, entram as mães de ontem e sempre: as avós. Assim como no dia a dia, na mídia a evolução é contínua e muita coisa mudou desde que as avós eram retratadas com os olhares bondosos da Dona Benta, de Monteiro Lobato. Personagem que saiu dos livros para a TV pelas mãos de grandes atrizes como Zilka Salaberry, que faleceu em 2005 aos 87 anos. Porém, como afirma a gerontologia, são muitas as velhices, o que abre espaço para avós como Dona Benta, e para aquelas que vivem o desafio de aceitar o próprio envelhecer. Infelizmente, “o velho é o outro” ainda é o discurso de muitos, evidenciado principalmente nestes tempos de pandemia. Vamos além do preconceito etário, o idadismo, para falar de quem vive a maturidade, segundo o que chamamos de envelhecimento ativo, com participação, saúde, segurança e aprendizado ao longo da vida. Pessoas ativas com propósito e projetos de vida, porém sem deixar de lado a avosidade, a paixão pelos netos.

Fafá de Belém assumiu os cabelos brancos em suas redes sociais

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E em tempos de pandemia, quando o distanciamento tem sido o único remédio efetivo contra o avanço ainda maior da covid-19, há espaço para o exercício da avosidade à distância. A conexão entre avós e netos se mantém. A tecnologia ainda vista erroneamente como um obstáculo para as pessoas idosas, pode ser e é na verdade um facilitador para este sempre importante encontro entre gerações. Representatividade Na publicidade, as avós ganharam cadeira cativa principalmente quando o assunto é conexão ou a empatia necessária nestes tempos difíceis de pandemia de covid-19. Em casais ou sozinhas, estão sempre presentes para mostrar esta troca de carinho e amor. Mas não é só isso, a idade e a maternidade não são ou não deveriam ser impeditivos para os sonhos femininos. Por isso, elas também estão nas telas conversando com as amigas, exibindo seus cabelos brancos e marcas do tempo nos comerciais de diferentes segmentos, como cosméticos e beleza. Sem falar das famosas como Fafa de Belém, que assumiram os brancos. Assim como começam a ser vistas pelo mercado com novos olhos, atentos a representatividade deste público que cresce e quer seu lugar e voz, as avós precisam conquistar seu lugar de protagonismo nas famílias e na sociedade. Mães de ontem e sempre, elas precisam de tempo e oportunidade para ser o que desejarem, se dedicarem ao cuidado ou não. Afinal, lugar de mulher é onde ela quiser, não importa a idade.

(Divulgação/TV Globo)

Zilka Salaberry deu vida à Dona Benta nos anos 1970

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Minhas histórias, meus sonhos

O homem de bem e a gratidão Martha Kastrup

Ao longo da História, sabemos que antes do surgimento da Escrita, o Velho ou o Ancião era a figura mais importante de sua Aldeia. Era quem contava a história passada, suas lutas de sobrevivência e todas as alegrias vividas por seu povo. Era visto como sábio e guardião da memória social. A Escrita surgiu e, aos poucos, o que era narrado oralmente passou a ser escrito na argila, na pedra, na madeira e no papiro e foram substituindo o Velho contador. E o que foi feito desse Velho? Perdeu seu lugar? Sim, perdeu “esse” lugar, mas há aqueles que apesar da idade continuam a deixar marcas nas vidas dos que se aproximaram dele. O Professor de História, Marcelo de 84 anos é um desses “Velhos inesquecíveis” para sua pequena aldeia de alunos, em Curitiba. Ao longo de 40 anos, marcou com ensinamentos dignos de um mestre modificando as vidas de seus alunos e fazendo deles pessoas do Bem! Com a pandemia, sua aposentadoria foi “minguando” e precisou anunciar a venda de seu “Xodó” – um Fusca verde do ano de 1972! Seus ex-alunos decidiram homenagear o Professor Marcelo e sem ele saber, compraram o Xodó e deram de volta, como gratidão, o presente a quem muito os ensinou! Contrariando a História e mostrando que nossos Velhos continuam fazendo a diferença apesar da Escrita e de toda a tecnologia! O Homem de Bem e a Gratidão são atemporais.

Foto: enviada pela colunista

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Psicologizando o cotidiano

Colcha de retalhos para contar uma vida Fabíola Furlan Psicóloga

Entramos, enfim, no mês de maio - o “mês das mães e das noivas”!!! Impossível não lembrar dos ensinamentos e do tempo que fui filha da mulher mais impressionante que conheci em toda minha vida...minha mãe, Záira ou Dona Zá. Minha mãe era enfermeira. Sua especialidade hoje é conhecida como estomaterapia – (trata-se de uma especialidade destinada ao cuidado de pacientes com feridas agudas ou crônicas, pacientes com drenos). Mas apesar de sua atenção estar nas “feridas do corpo”, sempre se importou com as “feridas da alma” e, falava com muita frequência sobre a aflição e agonia de seus pacientes. Quando eu era criança, ela sempre me falava a importância de nunca esquecermos de nossas origens e, das coisas e fases da vida, pois só entendendo o que passamos e de onde viemos é que poderíamos alcançar uma vida feliz. Acredito que isso tenha influenciado muito na escolha de minha profissão. Sou grata. Infelizmente, minha mãe começou a adoecer muito precocemente. Aos 38 anos já dava sinais de que sua saúde não estava bem. Nos 8 anos seguintes, foram pequenas as repercussões desse adoecer, mas depois tudo passou a ficar mais preocupante e grave. Isso custou a ela inúmeras internações e muitas cirurgias – foi aqui que aos 48 anos teve que parar de trabalhar, algo que ela e todos que trabalhavam com ela lamentaram. Aos 54 anos, após uma dessas cirurgias, teve que usar de forma permanente a cadeira de rodas. A cada ano, mesmo com o agravamento da sua situação clínica, ela sempre se manteve firme, sempre otimista, sempre sorrindo e, nos ensinando sobre o verdadeiro significado da resiliência. Embora tivéssemos buscado por soluções para que ela pudesse voltar a andar, infelizmente foi impossível. Foi nessa época que percebi minha mãe bastante dedicada à um antigo passatempo: a costura. Lembrando que ela era boa nisso, pois era quem costurava os vestidinhos das bonecas que meu pai fabricava e, fez muitas das minhas roupas. Ela adorava guardar retalhos, e era impressionante o volume de sua coleção. Bem, e assim a vida foi seguindo. Meu pai, meu irmão e eu seguimos a vida, sempre ao redor dela, buscando seu sorriso, sua alegria e sua força em lidar com as situações da vida. Nessa vida, então em 1996 anuncie que iria me casar! Confesso que todos ficaram meio de que assustados, surpresos, mas era a vida seguindo. No ano que se seguiu, foi de muito trabalho, arruma daqui, ajusta dali, para que então em 1998 o casório acontecesse e, assim foi. Naquele ritmo alucinante de preparar tudo, de fazer acontecer eu não conseguia mais conversar tanto, nem mesmo passar tanto tempo com ela, mas pude notar que ela

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sempre estava costurando e, essa atividade fazia muito bem a ela. Enfim, o dia de fazer a mudança havia chegado. Quase que sem me permitir sentir um aperto no coração, eu bravamente fui tirando minhas roupas, pegando livros, sapatos e outras coisas minhas e, colocando tudo no meu Gol Prata. Quando não cabia mais nada, fui até cozinha, atraída pelo cheiro do café e do bolo que ela havia acabado de fazer, eis que encontro no colo dela um embrulho lindo, feito com extremo capricho e com fitas de organza. Minha mãe, sentada em sua cadeira de rodas, me estende o embrulho e diz que se trata de uma colcha de retalhos!!! Ela sabia que eu amava esse tipo de trabalho. Nessa hora, e emoção veio, eu abracei minha mãe, com o embrulho ainda fechado e não sei dizer por quanto tempo eu permaneci ali, naquele abraço sentindo o cheiro do perfume que ela usava, sentindo nosso coração acelerado, o silencio de nossas lágrimas...quando me desprendi daquele enlace, minha mãe me olhou com aqueles olhos verdes que ela tinha, e me disse que naquela colcha havia uma surpresa e, que esperava que eu fosse capaz de descobrir qual era. Quando cheguei em minha casa, liguei para ela, na intenção de que ela me dissesse, logo, qual era a tal surpresa, mas ela não contou. Esse mistério passou a ser motivo de muitas rodas de conversa, tema de churrascos, aposta entre familiares e, nada, nunca descobrimos. Veio 1999, 2000, 2001 e nada de eu descobrir. Quando eu ficava muito tempo sem falar sobre o mistério da colcha, ela perguntava, quando não era eu quem tentava suborná-la para tentar saber, mas não. E passou 2002, 2003 e nada. Em 2004 a saúde de minha mãe sofreu uma piora significativa, e então em uma consulta com o médico que a acompanhava veio aquela conversa que iria mexer demais conosco: a situação era muito delicada e, ela não suportaria fazer um cateterismo. Assim a orientação foi: agora é pensar em qualidade de vida, usar os remédios, e seguir com a vida. Eu e ela saímos da consulta e passamos um tempo olhando os jardins do Hospital onde estávamos, quando ela interrompe o silencio e diz: “filha anota aí as coisas que eu ainda quero fazer, vamos tomar um café naquela cafeteria que você sempre vai?” Sem saber, naquele momento eu estava iniciando um processo de cuidados paliativos com minha mãe e, foi exatamente esse processo que me fez entender a importância de oferecer assistência paliativa para alguém fora de possibilidades terapêuticas – o que mais tarde se tornou o foco de meu trabalho. Bem, mas voltando ao nosso tema, a colcha de retalhos, acreditem...nada de eu descobrir sobre o tal mistério da colcha. No decorrer de 2004 até agosto de 2005 vivemos intensamente todos os momentos: viajamos, fomos para um Hotel Fazenda, alugamos um apartamento na Praia, entramos no mar (entramos no mar!), demos uma volta num monomotor, ficamos na sacada vendo o mar até o dia amanhecer, conversamos muito. Então em setembro, as coisas foram piorando e em outubro ela se foi. Levou com ela muito de nossa alegria e nos deixou muitas lições e amor. Eu caí num misto de tristeza, dor, luto, gratidão e saudade que seria impossível de descrever. Houve dias de eu chorar até não ter forças. No dia exato em que completou um mês de sua partida, eu no auge da saudade, resolvi colocar na cama a colcha de retalhos. Assim que a estendi na cama, algo disparou meu coração....eu olhando com os olhos ainda cansados de chorar, eu enfim descobri o mistério: a colcha de retalhos havia sido feita com pequenos pedaços de panos tirados das roupas “da minha vida”, que usei em diversas fases da minha vida, desde o primeiro vestidinho, passando por meus uniformes até chegar a um pedacinho da barra do vestido que usei no dia do meu noivado. O segredo da colcha de retalhos é que ela contava, em retalhos, minha vida, para que eu nunca me esquecesse de quem havia sido até o momento em que saí da casa dos meus pais e, constitui minha família. Confesso que me atrasei para entregar a matéria desse mês...parei por algumas vezes para enxugar as lágrimas e, agora ao finalizar, só me ocorre um desfecho: Mãe eu vou te amar por toda minha vida e, enquanto eu respirar vou lembrar de você. Um beijo onde quer que você esteja. Feliz dia das mães para todas!!!

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Reutilizando materiais

Mosaico Picassette Rio de Janeiro Fotos: enviadas pelo colunista

João Alberto J. Neto Analista de sistemas

Muitas histórias são lembradas enquanto persiste essa quarentena, ou período de pandemia mundial. Há muita coisa para lembrar, justamente para fazer o exercício de não esquecer. Eu estava relendo algumas colunas anteriores e, ao ler o que escrevi na primeira edição dessa revista, lembrei-me de uma pessoa que conheci anos atrás no atelier Morada do Mosaico, dando aula de corujas em picassiette. Relembrando, picassiette é uma técnica de mosaico que se faz com pedaços de louças, dando formas em alto relevo, formando obras belíssimas. O nome é Andréa Olighon, 52 anos, carioca, moradora no Rio de Janeiro. Formada em publicidade e propaganda, desde cedo aprendeu a ter ligação extrema com uma forma de arte, o ‘como fazer’. Paixão antiga: pegar o velho para transformar em novo. Ela encara qualquer coisa, como patchwork, mosaico, tapeçaria, restauração de coisas antigas. Em um determinado momento difícil viu nas redes sociais uma máscara em picassiette feita em uma frigideira velha e se apaixonou. – “A obra era de Solange e Alexandre Piffer e era linda”. Entrou em contato com os artistas e ficou sabendo que eles estavam com uma aula prevista para o Rio de Janeiro. Imediatamente se inscreveu. A paixão foi tão grande que os próprios mestres perguntaram se ela tinha certeza de que era a primeira vez que ela fazia aquele trabalho - “ Me senti como se tivesse fazendo aquele tipo de trabalho a minha vida inteira, tamanha foi a interação “ . A partir desse curso, foi encontrando alternativas,

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aprimorando e aplicando essa técnica. Apesar de tudo que faz, nunca aprendeu a desenhar, mas ela dá uma dica interessante como alternativa: selecione o desenho, projete na parede e copie. O tamanho vai depender da distância que você colocar o projetor. Moradora em um condomínio perto da mata, ela própria decorou sua sala de trabalho com suas obras. – “Exceto a mesa, que foi um presente do meu marido, tudo o mais eu mesma criei, reformei ou arrumei”. Tão bacana ficou que, indicada por duas amigas, recebeu um convite para participar de um programa na Rede Globo, chamado “É de Casa”, apresentado pela Patrícia Poeta, que rendeu uma participação mais efetiva como especialista em arte. Como tudo muda, ao terminar o contrato com a tv, sentiu as dificuldades que o público passava para adquirir suas obras e resolveu envolver a sua sala em outro projeto, o ‘Café com Arte’, que consistia servir um café estilo colonial das 9 às 13 hs, em meio às obras de arte, com inscrição e pagamento virtual e capacidade para até 60 pessoas. Foi um estrondoso sucesso, chegando a figurar em um guia de dicas de lugares que valiam a pena conhecerem na cidade, fornecido pela Prefeitura do Rio de Janeiro. Foi tanto sucesso que começou a incomodar a vizinhança. Com a chegada da pandemia, a perda do seu pai pela covid-19 e por pertencer ao grupo de risco, o projeto foi suspenso momentaneamente, com planos futuros de recomeçar em outro lugar. Atualmente a artista faz lives nas redes sociais ensinando as técnicas que domina. Procura gerar expectativa nas pessoas para buscar algo mais completo, ativando a curiosidade, pois ela acha que o conhecimento sempre deve ser compartilhado e, quanto mais se compartilha, maior é a vontade de buscar coisas novas. É uma história de vida empreendedora, sempre em busca de conhecimento, técnicas novas, mantendo sempre ativa a imaginação, criatividade e vencendo os obstáculos e se sobrepondo às dificuldades que a vida nos impõe. Não é tão incomum encontrarmos uma técnica que nos proporcione a sensação de que nascemos unicamente para fazer aquilo, mas temos sempre de correr atrás para encontrar esse ideal. Como diria Ferreira Gullar – “A arte existe porque a vida não basta” -. Até mais...

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CriativA Idade

Entre cristais e ferros Jane Barreto Psicopedagoga e Arteterapeuta

Pequenos brilhantes deixados lá trás. Heróis seguem avante, partindo, sem voz Opacos atentos, desejam seguir, Aqueles que foram, deixaram de vir... Distantes, bem perto, sim abrem futuro! traduzem aos novos, sinais de esperança sem pressa, em frente, olham os olhares Com mãos enrugadas, cabeças erguidas Despedem-se agora, valentes bem vindos Cristais que se fazem de toda pureza, Na fragilidade, se veem logo adiante Revelam olhares curiosos, atentos Deixaram saudades, memórias de vidas Histórias preciosas, caminhos que abrem Espaço, vitórias, buscarão lembranças... memorias que ensinam, que a falta de algo, pode ser pouco, mas muito já fora diante do tudo e o nada que tinham

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a dignidade lhes contemplaria, se os ecos das falas ficassem em brilho.. Cabeças erguidas, ternuras e lagrimas... mostraram valores e preços distinguem-se... Viveram com menos e se tornaram mais Fortes serenos, que encaram o medo sábios meninos, brincantes, guerreiros Passaram no tempo, ficaram na história Agora os pequenos, precisam de força Que venham as ferragens, fazer suas pontes Preciosos cristais herdando suas fontes... A arte traz a vida e indica os caminhos, para que não roubem a essência da humanidade! e alimente a alma com sensibilidade, que inspira e encanta todas as idade..., retratando a história dos que são herdeiros e herança.

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Falando em leitura

O Universo da Literatura Marly de Souza C. Almeida Pres. da Academia Contemporânea de Letras

Ao falarmos de Literatura, não dá para deixarmos de lado sua origem. O primeiro passo é entender o que é Literatura. “A Literatura é a técnica de compor e expor textos escritos, em prosa ou em verso, de acordo com princípios teóricos e práticos; o exercício dessa técnica ou da eloquência e poesia. A palavra Literatura vem do latim “litteris” que significa “Letras”, e possivelmente uma tradução do grego grammatikee. Em latim, literatura significa uma instrução ou um conjunto de saberes ou habilidades de escrever e ler bem, e se relaciona com as técnicas da gramática, da retórica e da poética. Por extensão, se refere especificamente à arte ou ofício de escrever.” (Wikipédia) Tudo é texto, mas nem todo texto escrito é literário. Até a interpretação de uma obra de arte tem texto. Muitos textos têm a função específica de informar, apresentando linguagem objetiva, clara, concisa, e pretende noticiar o leitor a respeito de um determinado assunto. Não há a preocupação com o lirismo, efeito emocional no leitor, ou com as palavras rebuscadas para remeter o leitor à simbologia, metáforas, ou beleza artística de uma expressão estética. Exemplos de alguns textos não literários: notícias, artigos jornalísticos, artigos acadêmicos, textos didáticos, publicitários, como propagandas, textos científicos, as receitas de culinária, os manuais, etc. Por sua vez, os textos literários não têm função absoluta e definitiva, mas se preocupa com a função estética. Nesse contexto, tudo o que é escrito reporta-se ao belo, à arte, à ficção. O escritor tem a obrigação de informar, mas com uma escrita poética, dentro de um sentido conotativo, figurado. A emoção se faz presente. O texto literário pretende criar um vínculo entre o escritor e o leitor, muitas vezes, envolvendo-o empaticamente, fazendo com que o leitor se sinta parte integrante da história; em outras vezes, o texto envolverá o leitor a conhecer um mundo diferente do seu. Assim vemos nos autores clássicos, também, nos contemporâneos, de determinadas épocas e regiões, com estilos e gêneros diferentes. Por meio dos textos literários é possível encontrarmos filosofias de vida com base nas nossas próprias histórias ou histórias vividas por outrem em determinado contexto social. De qualquer forma, os lados sensível, reflexivo e humano se fazem presentes.

Foto: querobolsa.com.br - divulgação

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Buscando palavras

Meu trilhar nas letras Cris Arantes Escritora da Academia Contemporânea de Letras

Meu nome é Maria Cristina Arantes. Atendo pelo pseudônimo literário de Cris Arantes. Sou admiradora das histórias de vida, da luta das pessoas para sobreviver e acalentar seus sonhos. Dedico-me à escrita faz pouco tempo. Observo o cotidiano nas cidades e países que visito, serve de material para os meus contos, que antes eu engavetava. Fiz aulas de violão e comecei musicar os meus poemas. Na época me apresentava com o Grupo Musical Mosaico, em vários eventos e praças. Foi nesse espaço que me descobri enamorada pela poesia. Comecei a publicá-las nas redes sociais. Também participo do Grupo Recordando, cantamos músicas antigas para idosos em Casas de Repouso. Um dia fui prestigiar uma amiga, que estava lançando um livro, num Sarau e o microfone era aberto, li um poema meu, fui aplaudida e fiquei irremediavelmente apaixonada por esse caminho, escrever e mostrar um pouco da minha alma, meus sentimentos, meus amores. Essa foi a mola mestra que me impulsionou a continuar. Hoje escrevo, coloco melodia em alguns poemas e os distribuo por esse mundo de Deus. Participo de muitos saraus. Já participei de doze Antologias, várias revistas e vários jornais e de alguns concursos literários. Assim vou trilhando o meu caminho na música e na literatura, com muito amor. Tenho uma vasta Coletânea de poemas, dizem que preciso fazer meu livro solo, quero estar com tempo para fazê-lo com todo o cuidado e dedicação, afinal um livro que a gente faz é como um filho que foi parido do coração. Por estar nesse caminho literário, tive a honra de ser convidada para fazer parte da Academia Contemporânea de Letras, a ACL. Minha posse se deu no dia 23/03/2019. Sou membro atuante e participo de todas as atividades propostas por ela. Coletâneas, dos lançamentos das mesmas. A primeira foi na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em 2019. A segunda já estávamos na Pandemia. Participo do Grupo Lupa no Facebook (oficina de escrita), de atividades literárias em escolas, festas tradicionais que a ACL é convidada, por exemplo: a BrooklinFest, uma festa tradicional alemã. Participei da oficina de escrita no IFESP. E atendo a convocação para todas as reuniões presenciais e/ou virtuais, no momento só on-line. Muita coisa a ACL ainda tem por fazer e muito a crescer.

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Só uma mensagem

Manhêeeeee

“Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei! Maria, Maria É dom, uma certa Magia Uma força que nos alerta Uma Mulher que merece viver e amar Como outra qualquer do planeta. ”

Foto: site oficial

Cida Barica e Dna. Maria

Maria, esse era seu nome, mas para seus 8 filhos era chamada de MANHÊEEE. Sabe-se lá, quantas vezes ao dia ouvia esse chamado. Pacientemente atendia cada um deles, nos pedidos mais absurdos. Maria, Maria, de Milton Nascimento, era seu hino. Sabia aguentar! Sofria de insônia e enxaqueca desde novinha, contava ela. Antes das 5 horas da manhã pulava da cama e ia passar a roupa dos seus rebentos e marido. Quando todos acordavam a pilha de roupa já estava passada, o café, o leite e o pão fresco, estavam na mesa. E para aqueles que se encontravam mais debilitados na saúde, ainda preparava uma vitamina extra ou no mínimo um ovo cru com limão descido pela goela abaixo, uma energia a mais na correria que seus filhos enfrentariam na escola ou no trabalho. ...” É preciso ter força, raça, gana sempre” A sua retaguarda era incrível, tornou-se o centro das vidas independentes de seus filhos, ela vivia em casa e eles na rua. Conhecia a manha e a cólera de cada um. Sabia de todas as suas qualidades e não temia o futuro deles, mas sim a segurança. Sua missão era proporcionar um porto seguro para todos. Era como uma galinha, até todos voltarem para o ninho ela não relaxava. Se alguém se afastasse demais ela se preocupava, pois sabia das fraquezas de cada um e onde se perderiam de si mesmos. “Quem traz no corpo a marca Maria, Maria

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Milton em 201 ber o troféu da Prêmio da Mús


14, após recea 25ª edição do sica Brasileira.

Mistura a dor e alegria ”... Suas crias foram o centro de sua vida, uma vida cheia de luta, não havia descanso, mas ela tinha o dom de ser feliz. Sua felicidade vinha de dentro, da experiência de transformar fatos difíceis com tolerância, amor e muita resignação. Quem estivesse ao seu lado, amigos ou familiares, recebia uma pitada de sua sabedoria para lidar com situações adversas. Evitava passar vibrações negativas, apenas emitia sua opinião com uma dose extra de realidade. Não era sonhadora, e não gostava de grandes ideais ou mudanças. Confiava na vida construída e ganha diariamente, de forma racional, planejada. Toda escolha tem consequência, aceitava a lei universal do retorno espontaneamente. Na sua casa sempre cabia mais um, era uma casa sempre cheia. Criou um lar onde todos tinham responsabilidades, senso de organização e limpeza, tudo para casa funcionar. Ela oferecia às visitas o que tinha com muita alegria e não luxo e todos ficavam gratos. Aliás, o marido era bem parceiro nesse sentido. “Mas é preciso ter manha, ter graça e sonho sempre Quem traz na pele essa marca Possui a estranha mania De ter fé na vida. ” Tinha uma energia danada, encaminhou cada um de filhos com amor e se orgulhava deles. E eles retribuíram a sua dedicação até o ultimo dia de sua vida, que para ela foi a melhor, era feliz e queria chegar aos 100 anos, ao menos. A cabeça dela acompanhava as mudanças, que viu ao seu redor, no século 20 e 21. Ora se adaptando, ora tecendo uma crítica bem-humorada as novidades. Aquela menina de 9 anos, que foi galopando em seu cavalinho, ao lado de sua família em mudança da Bahia para Minas e depois aos 15 anos para o interior de São Paulo, estava disposta a novas conquistas e, desde a juventude, já sabia que os desafios seriam grandes sempre. Agarrou as oportunidades da vida para se desenvolver, primeiro para proteger seus pais, depois seus filhos. Aos 90 anos dizia “quando eu ficar velha”, ou seja, dependente, não quero dar trabalho para ninguém. Quando ia ao médico não gostava de ser tratada como criança, ou que o médico não se dirigisse a ela, apenas ao acompanhante. Mesmo com idade avançada dificilmente caia num golpe. Quando se tratava de apelo de dinheiro, ela conhecia bem seus sobrinhos, filhos e netos, sabia que não iram pedir dinheiro para ela por telefone ou por terceiros. Apesar de educada, desconfiava de papo furado com de estranhos. Conversava com estranhos, mas se via que aquilo não acabava ela caia fora rapidinho. Mas a idade chega e os filhos vão enchendo de cuidados a Manhêeeee.

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Quando alguém perguntava como estava a vida de viúva, se vivia bem? Ela respondia que o marido havia lhe deixado 8 fazendas. Depois explicava que eram os 8 filhos. Essa querida Maria foi minha mãe e eu sua caçula. Fomos muito próximas, mas não grudadas, a não ser quando a vida assim solicitou. Queria ela toda para mim, mas ela me mostrou diversas vezes que ela pertencia a sua família, a cada um de seus filhos. Nunca se afastaria de nenhum deles, amava cada um deles e só era feliz com todos. Ela me mostrou o caminho e teve paciência comigo, até eu pegar a estrada da minha vida, e foi muito bom. Gratidão eterna! Partiu dessa vida, com quase 95 anos, fraquinha no leito do hospital, pouco desperta, mas com o espírito atento a necessidade de nos ensinar a despedir. Esperou que todos os filhos e netos a visitassem naquele domingo, para depois renascer no mundo de Deus. Sua ultima lição foi nos colocar todos juntos, para ouvir do médico a situação precária de sua saúde, a fim de compreender e aceitar do fim da matéria. Isso aconteceu em um Domingo de Páscoa, um dia de renovação e continuidade da vida. “Ah! Hei! Ah! Hei! Ah! Hei!

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Humor

Mês de Maio Laerte Temple Doutor em Ciências Sociais Relações Internacionais

Laerte Temple ltemple@uol.com.br Maio é o mês das mães e das noivas. Antigamente, as mulheres namoravam, noivavam, casavam e depois se tornavam mães, nessa ordem, mas a nova cultura psico-sócio-ginecológica#meetoo#elenão bagunçou tudo e hoje não mais existe sequência lógica. É tudo ilógico. Relacionamentos e filhos, são como bilhetes de loteria. Não basta torcer. Para ser premiado, precisa ter sorte. Conheço pessoas que namoraram anos a fio e o casamento durou pouco mais que mandato de presidente boliviano. Também sei de gente cujo namoro foi mais rápido que ejaculação precoce e viveram felizes por décadas. Alguns relacionamentos terminam bem, outros duram para sempre. Quanto os filhos, nem pai nem mãe sabe no que aquela coisinha fofa que sorri com a boca, olhos e bochechas a cada carinho vai se tornar quando crescer. Alguns terão sucesso. Outros terão de trabalhar. Não existe data dedicada às pessoas que buscam nova união – o “Dia do tente outra vez” – dedicado às pessoas esperançosas. É preciso cria-la. Gervásio, três casamentos fracassados no currículo e nenhum filho, perdeu a esperança de uma relação duradoura e tornar-se pai. A primeira esposa o trocou pela massagista, a segunda decidiu seguir carreira de atriz pornô e a terceira, ou o terceiro, era trans, e ele demorou anos para descobrir. Desistiu da busca pelo amor perfeito e caiu na gandaia. Josinelson e Amarilda, casados e felizes há 25 anos, vivem incentivando o amigo e sócio Gervásio a baixar um novo aplicativo de paqueras para o público sênior, gente madura e bem formada. Querem que ele esqueça as garotas do Tinder, 25 ou 30 anos mais jovens, e conheça alguém de sua faixa etária, de bom nível social e com quem possam compartilhar bons momentos.

Foto: ricmais.com.br divulgação

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De tanto insistirem, Gervásio baixou o aplicativo e conheceu e várias mulheres interessantes. Após encontros, cafés e jantares, três se destacaram. Elas também se interessaram por ele e Gervásio pediu ajuda a Josinelson e Amarilda. Tinha algumas dúvidas e não queria errar na escolha. Certa noite, visitou os amigos, mostrou fotos das pretendidas, discorreu sobre o perfil de cada uma e comentou os encontros. A Rosa Maria, é uma mulher muito bonita. Foi mãe solteira aos 17 anos, tem 3 filhos, os pais não assumiram e ela criou o trio sozinha. Nunca se casou e agora, com a prole adulta, quer um companheiro firme. O mais velho criou uma Startup e ganha muito bem. A filha do meio formou-se em pedagogia, leciona num colégio particular e casou-se com um dentista bem sucedido. O caçula é problemático. Formou-se em química, abandonou o ótimo emprego e hoje produz meta-anfetamina para traficantes do bairro, mas está rico. - Muitas mães têm filhos desajustados, mas se você se mantiver longe do garoto, a Rosa pode ser uma esposa incrível – disse Amarilda. A Silvana é extrovertida e simpática. Foi casada por 20 anos, até que o marido decidiu assumir e casou com o motorista. Vive bem com a grana que herdou dos pais. O ex-marido levou chifre e suicidou-se. Tem dois filhos: um é ginecologista famoso e o outro, após trabalhar anos como gerente de uma concessionária, montou um desmanche clandestino e é receptador de carros roubados. Ganha muito, mas semana sim, semana não, vai preso. - Pela foto parece ser muito simpática e denota carência afetiva. O importante é que ela o ame e saiba como te fazer feliz – completou a esposa do sócio – O outro filho não é problema seu. A Domitila é viúva de fazendeiro, de quem herdou uma boa grana. Muito bonita, excelente forma física, veste-se bem, é poliglota e viajada, usa joias caras, sapatos e bolsa de grife. O irmão trabalha com obras públicas, um dos filhos é deputado, o outro vereador e o pai é Ministro do STF. Astuta e perspicaz, Amarilda, refletiu e concluiu: - Gervásio, nós amamos você e queremos que encontre uma ótima companheira. Sinceramente, escolha a Rosa ou a Silvana. Ambas parecem ótimas pessoas e têm tudo para dar certo. Agora, viúva de fazendeiro, tudo bem, mas irmã de empreiteiro, mãe de políticos e filha de Ministro do STF, ninguém merece! Fuja dela o quando antes. Troque de telefone e delete essa mulher de suas redes sociais.

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Foto: folhadevilhena.com.br divulgação


‘Causos’ do Nordeste

Uma contadora de histórias chamada Maria de Lourdes Tony de Sousa Cineasta

Na nossa casa, até concluirmos o ensino de primeiro grau, não havia livros. O primeiro livro importante que apareceu chamava-se “Livro de Admissão aos Ginásios”. Era um livro de capa amarronzada com faixas vermelhas e letras pretas. Pela primeira vez eu vi uma história escrita num livro. Até então só conhecia os cordéis que meu pai comprava, e como não sabia ler, pedia para gente ler até ele decorar. E as histórias que mamãe nos contava não eram lidas em livros. Ela as guardava todas na memória. Engraçado que eu não tinha curiosidade de saber como elas surgiram. Minha mãe sabia uma variedade imensa delas. Eu supunha que ela havia ouvido do pai e da mãe, talvez dos avós. O fato é que minha mãe tinha o dom de conta-las. Porque como sabemos, não adianta só conhecer a história. É preciso saber conta-la. Na minha infância, não havia luz elétrica na nossa cidade. Depois de muito tempo apareceu um motor de usina que acendia as luzes no início da noite e antes das 22 horas desligava. A luz das lamparinas a querosene criavam um clima perfeito para as histórias de trancoso, os contos maravilhosos sobre reis e rainhas, príncipes e princesas, lugares encantados. E tudo era contado oralmente de memória. Quando comecei a me interessar por leitura de livros não perdi o hábito de decorar o que eu gostava. Decorei vários trechos de livros como o que cito abaixo: “A tarde ia morrendo. O sol declinava no horizonte e deitava-se sobre as grandes florestas, que iluminava com seus últimos raios.

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A luz frouxa e suave do ocaso, deslizando pela verde alcatifa, enrolava-se como ondas de ouro e de púrpura sobre a folhagem das árvores. Os espinhos silvestres desatavam as flores alvas e delicadas; o uricuri abria as suas palmas mais novas, para receber no seu cálice o orvalho da noite. Os animais retardados procuravam a pousada, enquanto a juriti, chamando a companheira, soltava os arrulhos doces e saudosos com que se despede do dia. Um concerto de notas graves saudava o por-do-sol e confundia-se com o rumor da cascata que parecia quebrar a aspereza de sua queda e ceder à doce influência da tarde. Era Ave-Maria.” (“A Prece” de José de Alencar, um dos textos do livro de “Admissão aos Ginásios”. )

divulgação

Antes de conhecer o trabalho criterioso do meu conterrâneo Luiz da Câmara Cascudo, um dos mais importantes pesquisadores do folclore e da cultura do nosso povo, achava que minha mãe era uma das poucas pessoas a conhecerem essas histórias. Descobri, primeiro, que Câmara Cascudo também as conhecia. Depois, que outros pesquisadores como Aurélio Buarque de Holanda e Paulo Rónai estavam em busca de saber a origem delas. Nos dois volumes de “Uma antologia do conto mundial”, há vários contos que se assemelham aos do repertório da minha mãe. E essas descobertas foram se ampliando quando li “Fabulas Italianas” de Ítalo Calvino e “103 contos de fadas” de Angela Carter. Como falei, minha mãe tinha muito talento para contar essas histórias. Ela sempre dava um jeito de terminar a história com uma festa. E ela era convidada para essa festa. E na festa havia sempre muita comida e muitos doces. Ela dava um jeito de encher um pote de doces para trazer para casa. Mas no caminho o pote de doces caia e estragava todos. Não sobrava nenhum.

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Mensagens para leitura e meditação

Dia Mundial da Saúde - 7 de abril Lenildo Solano Professor

Homenagem aos profissionais da Saúde

As palavras saúde e morte nunca foram tão ditas quanto em nossa atualidade; saúde é privilégio, consequência de seriedade no trato e na precaução e morte, hoje sempre é vítima da corona vírus, por consequência da intransigência, da ignorância, do comodismo e pela falta de respeito e de amor por si e por outros. Mas pedimos por misericórdia divina para que possamos sentir seguros, alegres e confiantes, em especial, pedimos pelos profissionais da área da saúde e afins força e coragem para desempenharem esta divina missão de salvar vidas. Ser professor e ser da saúde não é só profissão é, acima de tudo, uma missão! Comemorou em 07 de abril, o Dia Mundial da Saúde, que tem como principal objetivo conscientizar as pessoas sobre a importância da preservação da saúde para ter uma melhor qualidade de vida. Novos horizontes abrem-se com a vacinação e que esta pandemia sirva, realmente, para a nossa reflexão e consequente mudança para melhor; mais humildade, fé, esperança, solidariedade e amor. - Que o mestre Jesus, médico dos médicos, possa nos libertar dessa pandemia, de outras doenças e dores ocultas! Não há como falarmos de saúde, de vida sem lembrarmos das nossas queridas mães. Aqui uma simples homenagem a todas elas:

MÃE, A NOSSA HEROÍNA É o sonho da maioria ou de toda mulher

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http://pastoraldasaudec


usar da sua missão

VAMOS APRENDER DESENHO?

sendo mantedora da criação Cocriadora da humanidade nesta obra divina de amor ser mãe, dar à luz

CURSO ON LINE VIA ZOOM SAIA DA MESMICE DESSA PANDEMIA VAMOS VER NO CURSO BÁSICO COMPOSIÇÃO, LUZ E SOMBRA, ANATOMIA E PERSPECTIVA

sob o desígnio do Pai Criador

MATERIAL: 1 BLOCO DE PAPEL LAY OUT A4, 1 BLOCO DE PAPEL CANSON A4, 1 LÁPIS 6B E 1 HB - UMA RÉGUA DE 30 CM.e BORRACHA

Mãe, a nossa heroína

TURMA 1 - TODA 2ª E 3ª DAS 10:00 ÀS 11:00 HS TURMA 2 - TODA 2ª E 3ª DAS 15:00 ÀS 16:00 HS TURMA 3 - ÓTIMA PARA QUEM TRABALHA DE DIA TODA 3ª DAS 18:30 ÀS 19:30 HS

companheira e confidente para ela não existe entre os filhos trato diferente Dedica a sua atenção seu carinho, ternura e amor de forma verdadeira legítima e incondicional.

Ilustração: cnbb.com.br

- Que Nossa Mãe Maria Santíssima

INÍCIO DAS AULAS AO COMPLETAR UMA TURMA DE NO MÍNIMO 4 ALUNOS VALOR - R$ 150,00/MÊS

Dúvidas e Propostas Manoel (whatsapp) (11) 9.8890.6403 IDADE MÍNIMA 10 ANOS

encha o coração de todas elas com saúde, fé, esperança e dos filhos muita gratidão!

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Mensagens

Meninas já nascem Mães Luiz Arnaldo Moncau

Ser Mãe não pode ser apenas o nome que damos a quem gerou um filho. Não, impossível. Mãe é muito mais que o ato físico de dar à luz ou adotar um filho uma ou filha. É um dom, uma virtude, um modo de ser e sentir, um não sei quê que a mulher traz dentro de si. Ela tem o DNA de Mãe desde seu nascimento. Meninos brincam com seus carrinhos bonecos e games de luta, jogam futebol e quase sempre voltam sujos e até machucados. Meninas brincam com suas bonecas, casinhas, comidinhas imaginárias que trazem para a gente experimentar com uma xicrinha de chá vazia de líquidos, mas cheia de sonhos. Suas bonecas não são seres inanimados. Elas as chamam pelo nome, penteiam seus cabelos, trocam suas roupinhas, conversam com elas. Elas cuidam de suas bonecas. Desde pequenas elas cuidam, elas protegem. Quando estão com as amiguinhas brincam diferente. Correm e fazem algazarras, mas só às vezes. No mais do tempo conversam, cochicham, compartilham segredos, falam das outras meninas e dos meninos. Falam bem ou falam mal, mas falam, falam sem parar, às vezes todas ao mesmo tempo, o que desespera os meninos. Comentam os quase namoros, a sandália diferente da amiga, que talvez lhes provoque uma inveja que não demonstram. Falam de quem gostam e de quem não gostam.

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Foto: free Unplash - Nathan Dumlao

Confiantes, voltam para casa sempre arrumadas, a alma cheia de estórias para contar e sonhos para sonhar. Ao chegar contam e vibram com emoção, coisa rara para os meninos. As emoções e a intuição precedem seu raciocínio. Meninos voltam para casa sem nada falar ou reparar, vão correndo para seus quartos e brinquedos. Meninas chegam, notam a nova planta na sala, e sem mesmo olhar, percebem e perguntam: mamãe, por que você está triste? E antes que a mãe responda, lhe entregam seu abraço, muitas vezes sem nada perguntar ou dizer. Sofrem quando veem uma dor, uma injustiça. Amam mesmo sem encontrar o amor, e precisam ser amadas. Percebem de imediato que algo aconteceu. Notam coisas visíveis, mas também as invisíveis, notam sentimentos que inutilmente tentamos delas esconder, embora saibam como ninguém esconder os seus. Se a mãe recebe amigas, elas conseguem absolutamente do nada, sentir o que não foi dito, e cochichar: mamãe, por que fulana não gosta de você? Conseguem ler o tom de voz, os olhares, intuem sentimentos. Impossível não lhes abrir o coração pois, quando seguras, chegam de coração aberto. Elas nos acolhem, nos compreendem, nos desvendam. Têm um jeito de conseguir que deixa os meninos furiosos. Meninos argumentam, discutem, podem até ter razão, mas nem sempre conseguem o que querem. Meninas não discutem muito, esperam o momento, o jeito, as palavras certas, até encontrarem uma fresta em nossas resistências. E com sua meiguice de meninas, lutam, não desistem nunca. Melhor não discutir com elas, guerreiras perigosas com armas invisíveis que lutam pelo que querem ou defendem. Acho que até têm pena e mesmo raiva da lógica inútil dos meninos. São meninas, dão cores e esperança ao mundo. São imprescindíveis. Meninos podem aprender a serem Pais. Meninas já nascem Mães.

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A História da Arte

A arte do Proto-Renascimento A pintura

Manoel Carlos Conti Artista Plástico Jornalista

Antes de considerarmos a pintura Florentina, é preciso analisar o desenvolvimento da arte no Proto-Renascimento no norte da Itália. (Esse período foi de resgate da arte clássica, de valores esquecidos durante a Idade Média, a arte passa a ser valorizada, considerada produção intelectual, diferenciada do artesanato). O estilo internacional prolongou-se na pintura e na escultura até meados do século XV e a arquitetura manteve um forte sabor gótico com castelos e fortificações mais robustas frente as invasões inimigas. Com os mestres florentinos trabalhando muito o novo estilo penetrava em Venea e na cidade vizinha de Pádua logo após 1420. Fra Fillipo Lippi, Ucello e Castagno haviam ali trabalhado vez ou outra mas o mais importante local era Donatello que permaneceu ali por muitos anos. Com a atuação desse grande mestre chegaram Masaccio e Mantegna sendo esse último (dizem) ter sido o mais importante pintor do Proto-Ranascimento. Era um gênio que aos 17 anos conseguia completar obras sozinho. Sua maior realização foram os afrescos da Igreja dos Eremitani em Pádua a qual foi quase totalmente destruída por uma bomba em 1944, uma perda irreparável para a pintura.

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São Sebastião de Andrea Mantegna Kunsthistoriches Museun - Viena


A veneração de Mantegna pelos restos visíveis da antiguidade mostra a sua relação com os sábios humanistas da Universidade de Pádua (os quais demonstravam a mesma reverência a cada palavra da literatura antiga). Nenhum outro pintor florentino recebeu tamanha atitude. Notamos que não só Masaccio, mas também Mantegna e outros vários artistas passaram a ver a enorme importância do desenho para depois a finalização da obra, e o mais interessante é que tais desenhos eram trabalhados em nus talvez para uma perfeição nas proporções. Outra característica é que esses grandes artistas ainda não davam tanta importância a luz e as cores, no entanto, mais tarde, notamos que isso era um erro, eles estudavam sim tanto luz como cores como podemos ver nos frescos de Pádua. Nessas obras podemos ver que os primeiros planos têm a característica de ênfase aos personagens, sem muita cor e luz porém, no fundo vemos uma paisagem maravilhosamente aérea e um céu de azul profundo com delicadíssimas nuvens brancas. Toda essa cena é iluminada com a luz de um sol que está se pondo gerando mais ainda o sofrimento do santo que está a morrer. Na próxima edição veremos o Renascimento Pleno na Itália. Até lá.

Obra de Masaccio ‘O Pagamento do Tributo’, Capela Bran - Bulgária e o usoda linha do horizonte e do ponto de fuga para a perspectiva magazine 60+ #23 - Maio/2021 - pág.68


Vida Saudável

Veganismo

Perguntas e Respostas Cida Tammaro Adm. de Empresas

- Existem evidências, para saber se veganismo é saudável para crianças? - Sim. A posição do maior corpo de nutricionistas do mundo, a “Academy of nutrition and dietects”, dizem que uma dieta dieta vegana bem planejada, é apropriada para todos os estágios do ciclo da vida, incluindo infância, lactação e gravidez. - Quais alimentos consumir, para se obter cálcio? - Feijão azuki, feijão branco, chia, limão, brócolis, couve, laranja, aveia, espinafre, linhaça, gergelim, grão de bico, tangerina, graviola, algas, amêndoas, amendoim, castanha de caju, gergelim, verduras verde escuras, cruas dê preferência, milho, arroz integral. - A respeito das plantas, elas sentem dor? - Plantas não sentem dor. Elas não possuem sistema nervoso central - Como obter cálcio de uma forma adequada? - Nas refeições ricas em cálcio, evitar comer espinafre, acelga, cacau. Eles atrapalham a absorção. A soja ajuda muito na absorção. Não exagerar na proteína nessa hora pois, muita proteína, pode causar eliminação de cálcio na urina, assim como o sal. Tomar sol, para absorção da vitamina D, também é importante para o metabolismo. - Como substituir alimentos por opções veganas? LEITE DE VACA Leite de soja, leite de arroz, leite de amêndoas, leite de amendoim, leite de castanhas, leite de coco. CARNES Feijões, lentilha, grão de bico, soja, carne de soja, carne vegetal, seitan. OVOS Tofu mexido. Para receitas, linhaça, chia e banana MEL

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melado de cana, agave, mel de cacau, mapee syrup QUEIJOS Queijos vegetais, homus, guacamole, requeijão de inhame - Porque consumir animais acaba com o planeta? - Mudança climática: A pecuária, produz mais gases do efeito estufa, do que todos os transportes municiais juntos. Poluição da água: Principal causa da poluição da água no mundo. Destruição da floresta: Principal causa da destruição das florestas do mundo. Consumo de água: Responsavel por 1/3 do consumo de água potável do mundo, comparado a 8% do uso doméstico. Fome mundial: Pecuária consome até 50% dos grãos mundiais. Uso do solo: Ocupa 45% de todo solo livre de gelo. RECEITA VEGANA Manjar de coco Ingredientes - 1 litro de leite vegetal - 2 vidros de leite de coco(400 ml) - 1 pacote de 100 gramas de coco ralado seco - 2 xícaras de açúcar - 2/3 xícara de amido de milho - óleo de coco para untar - 1 lata de ameixa em calda Preparo - leve todos os ingredientes ao fogo médio, mexendo sempre, até ferver e engrossar - despeje na forma untada com óleo, é passada em água fria, e leve à geladeira até firmar. - desenforme e sirva com calda decorada com ameixas. Sugestão de filme Professor Polvo - Netflix Fontes : Conspiração.FAO.ONN Veganovitor Canalvegflix Pecadovegano

Fotos: dmaisveganfood.com

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Nosso cafézinho

Bolo

homenagem às mães Cida Castilho Barista

Venho homenagear todas as mamães a moda antiga, onde as mamães eram chamadas de “Rainha do Lar”. Tem uma música que Agnaldo Timoteo e Angela Maria cantavam juntos e que era uma música escolhida por mim para cantar para minha mãe em “Dia das Mães”, e que fala da Rainha do lar. Trecho da música “mamãe” Ela é a dona de tudo Ela é a rainha do lar Ela vale mais para mim Que o céu, que a terra, que o mar...... Para continuar a ver letra e música, acesse Youtube: https:// yout.be/-700FbncWLQ Parabéns às mamães hoje e sempre! Para completar a homenagem, uma receita de bolo de iogurte e maracujá enviada por Alda Barista, consultora de Belo Horizonte e Barista, nos presenteou com a receita e imagem de um bolo de maracujá. E junto com o bolo, vamos saborear um cafezinho feito com todo capricho! Bolo de Maracujá Fofinho Receita adaptada por @aldabarista Xícara medida de 240ml Massa

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4 ovos 1 e ½ xícara de açúcar ¾ de xícara de óleo (usei de milho) 1 xícara de suco de maracujá 2 ½ xícaras de farinha de trigo peneirada juntamente com 1 colher (sopa) de fermento em pó e uma pitada de sal. Na batedeira, bater as claras em neve. Sempre batendo, adicione ½ xícara de açúcar aos poucos. Fica parecendo um merengue. Separe. Na batedeira coloque o açúcar e adicione as gemas uma a uma até ficar fofo. Incorpore o óleo em fio. Desligue a batedeira. Adicione 1/3 do suco de maracujá. Em seguida incorpore a farinha de trigo aos poucos alternando com o suco de maracujá, finalizando com a farinha de trigo. Por último as claras em neve e incorpore à massa em duas etapas. (metade, metade). Prepare a calda – opcional. Despeje esta massa numa forma de buraco de 24cm (+-), (massa volumosa) bem untada e enfarinhada e leve para assar em forno preaquecido a 180˚C (+-) por cerca de 35 a 40 minutos ou até ficar bem corado. Faça o teste do palito. Tire do forno e espere amornar uns 10 minutos para desenformar. Calda (opcional) 1 xícara de suco de maracujá coado ¾ de xícara de açúcar Coloque tudo numa panelinha e misture. Leve ao fogo e deixe ferver. Vá retirando a espuma branca que aparecer na superfície e deixe apurar até engrossar levemente. Tire do fogo, espere amornar e despeje sobre o bolo.

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Receitas Fáceis

DICAS DE EBE FABRA NA COZINHA MÃE Ebe Fabra Chef de Gastronomia

No dia mais bonito do ano, mostre à sua mãe como ela é importante pra você! Mulher tem missão De criar comunhão Trazer laços e união Mulher missão de ser mãe De ser forte e guerreira Feminina e companheira

Ela luta por seus ideais Desistir dos sonhos...jamais De um tudo ela é capaz Dueto: Mella Alves e Cidinha Cassiano Mãe é Mãe. Ponto final. Não existe outra igual!

Dia das Mães é a oportunidade perfeita para expressarmos todo o nosso carinho às Mães de nossa família. Neste momento mais do que nunca as manifestações de afeto vāo dar a elas a certeza de seu valor, gerando alegria e felicidade. Se ao receberem seus mimos elas disserem a frase clássica “ não precisava”, saiba que é puro charminho. Não há Mãe neste mundo que não aprecie gestos de carinho e de reconhecimento. Feliz Dia das Mães!!

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Bora fazer uns pratos pra alegrar sua Mãe... ENTRADA Bruschettta de Cogumelo com Molho de Gorgonzola foto à esquerda Tempo de Preparo: 20 minutos Rendimento: 15 unidades Para o Molho 1 cx de creme de leite 250 g de queijo Gorgonzola picado 1 colher (sopa) de vinagre de vinho branco sal a gosto 1 1/2 colher(sopa) de endro picado Para a Bruschetta 1 baguete de pão italiano fatiada (ou outro pão de sua preferência) 1/4 de cebola picada 2 colheres (sopa) de azeite 200 g de cogumelo-de-paris fatiado 1/2 taça de vinho branco seco 1 punhado de salsinha e cebolinha picadas sal a gosto Prepare o Molho Bata o creme de leite e o gorgonzola no liquidificador até formar um creme. Acrescente o vinagre branco, batendo. Tempere com sal se achar necessário. Transfira para uma vasilha, junte o endro e mexa para incorporar. Cubra com papel-filme e reserve na geladeira. Prepare a Bruschetta Em uma assadeira, leve as fatias de pão ao forno a 180°C até que torrem ligeiramente. Reserve. Em uma panela, em fogo médio, doure a cebola no azeite. Acrescente o cogumelo e refogue até começar a soltar líquido. Adicione o vinho e mexa. Junte as ervas e o sal. Distribua a mistura entre as fatias de pão e sirva com o molho por cima ou à parte. Salada de folhas verdes com amêndoa torrada e molho de mostarda (foto à esquerda) Tempo de Preparo: 15 minutos Rendimento: 10 porções Ingredientes: 1 xícara (café) de mostarda 2 colheres (sopa) de mostarda Dijon 1/2 xícara (chá) de azeite 1 colher (sopa) de mel suco de 1 limão

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2 copos de iogurte integral sal a gosto 1 colher (sobremesa) de manteiga em temperatura ambiente 1 colher (sopa) de açúcar 1/2 xícara (chá) de amêndoa ( ou outra castanha de sua preferência) 1 maço de rúcula 1 pé de alface americana 100 g de queijo de cabra cortado em lascas Modo de fazer: Em uma vasilha, misture bem as mostardas, o azeite, o mel, o suco de limão, o iogurte e sal. Reserve. Em uma frigideira com a manteiga e o açúcar, torre as amêndoas, em fogo médio, por três minutos. Reserve. Disponha as folhas em uma saladeira ou distribua em bowls. Acrescente as amêndoas e finalize com o queijo de cabra. Sirva com o molho. PRATO PRINCIPAL LOMBO DE PORCO AO LEITE (foto a Direita) Ingredientes: 1 lombo de porco de 2 kg (sem gordura) Sal pimenta-do-reino (moída na hora) 50 g de manteiga 5 dentes de alho descascados folhas de sálvia fresca 1 1/2 litro de leite casca de 2 limões 1 colher (sopa) de azeite Modo de fazer: Tempere generosamente o lombo, de todos os lados. Em uma caçarola com tampa, esquente o azeite e deixe corar de todos os lados...selar...retire da panela o lombo e remova o excesso de gordura, caso tenha ainda. Derreta a manteiga, junte o alho partido ao meio, com as folhas de sálvia e, antes que o alho fique corado, volte o lombo à panela. Adicione leite quente, o suficiente para quase cobrir o lombo, junte a casca dos limões. Quando começar a ferver, abaixe o fogo e tampe a panela, deixando cozinhar, sem mexer, por quase 90 minutos. Quando o lombo estiver cozido, retire-o cuidadosamente da caçarola, deixe esfriar um pouco pra não esfarelar e fatie. Coloque por cima o leite, que estará talhado, em pequenos pedaços (grumos). Se preferir, coe o molho. Um arroz branco acompanha bem!!

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Receita de Sérgio Arno. ACOMPANHAMENTO PARA O LOMBO BATATA AO FORNO COM VINAGRE BALSÂMICO E TOMILHO Ingredientes: 1 1/2 kg de batatas descascadas 700 g de cebola 225 g de manteiga sal pimenta-do-reino (moída na hora) 1 maço (grande) de tomilho fresco 160 ml de vinagre balsâmico Modo de preparo: Esquente o forno a 200°C. Corte as cebolas (já descascadas) e as batatas ao meio (ambas no sentido vertical) e fatie-as em pedaços de aproximadamente 1 cm de espessura. Derreta a manteiga em uma panela com tampa (que possa ir ao forno posteriormente) e junte as batatas. Frite por cerca de 10 minutos, até que fiquem douradas. Tempere com sal e pimenta, junte o tomilho e adicione metade da quantidade do vinagre balsâmico. Cubra a panela com folha de alumínio e leve ao forno, preaquecido, por 20 minutos. Tire o papel-alumínio e junte o restante do vinagre. Deixe no forno por mais 20 ou 30 minutos. As batatas devem ficar bem crocantes e coradas, assim como o tomilho. Receita de Sérgio Arno. E como não poderia faltar...pra adoçar a Mamãe...vamos a uma belíssima sobremesa... Musse com avelãs (foto a Esquerda) Ingredientes: 2 1/2 copos (americano) de açúcar de confeiteiro (250 g) 250 g de manteiga sem sal, em temperatura ambiente 6 gemas 250 g de chocolate ao leite picado (derretido em banho-maria ou no microondas em potência alta por cerca de 2 minutos com meio copo (americano) de café forte) 250 g de avelãs torradas, secas e moídas (moa as avelãs no processador ou liquidificador na tecla pulsar) 250 g de creme de leite fresco (batido em ponto de chantilly) 4 claras em neve chocolate ralado e cerejas em calda pra enfeitar ( pode ser morangos) Modo de preparar: Bata bem o açúcar e a manteiga até obter um creme claro. Sem parar de bater, acrescente as gemas e o chocolate. Des-

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ligue a batedeira e junte as avelãs, o creme de leite (chantilly) e as claras batidas em ponto de neve,(delicadamente para que não percam o volume). Despeje numa forma com furo no meio, untada com óleo e molhada com água. Leve à geladeira por no mínimo 4 horas. Desenforme a musse, decore com as raspas do chocolate, as cerejas ou morangos.

Feliz dia a todas as Mães!!!!!! Aguardem mais informações nas próximas edições

Informe Publicitário

ESPETÁCULO MUSICAL: “MISS BRASIL 60+ PODE” Realização do Projeto: UPTV de São Bernardo do Campo. Texto e Direção Beneh Mendes (Estreia outubro de 21) Beneh Mendes: Mestre das Terapias do Bambu Sagrado (Arte do Não Sofrer). Terapeuta como Acupunturista, Medicina Complementar e Coach de Saúde e Bem-estar/USP. - Profissional de Teatro desde 1970 com 54 produções como: Produtor/ diretor / Ator e Autor. Espetáculos como: Dzi Croquettes / Secos e Molhados / Pano de Boca / Filhos de Kennedy / Ópera do Malandro / Édipo Rei / Drummond – A Poesia de uma Vida / e outros. - Atualmente: Dirigindo o espetáculo “Das Mãos do Imperador”, com estreia para maio.

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COLUNA DO LEITOR

A CADA EDIÇÃO PUBLICAREMOS UM ARTIGO, DESENHO, POESIA, PINTURA, ETC. DE NOSSOS LEITORES. NÃO HAVERÁ ESCOLHA E AS PUBLICAÇÕES FUTURAS SERÃO FEITAS POR ORDEM DE CHEGADA A REDAÇÃO. ESSA PUBLICAÇÃO PODERÁ OCUPAR 3 PÁGINAS E AS FOTOS (CASO TENHA) DEVERÃO SER ENVIADAS PELO AUTOR COM O CRÉDITO DE QUEM A FEZ. A PUBLICAÇÃO TEM DE SER ORIGINAL E NUNCA PUBLICADA, ENVIADA EM EMAIL PRÓPRIO DO AUTOR. NÃO ACEEITAREMOS TEXTOS OU SEJA O QUE FOR SOBRE POLÍTICA, RELIGIÃO OU COM FOTOS E/OU HISTÓRIAS DE CRIANÇAS. VAMOS INCENTIVAR NOSSOS PARENTES, AMIGOS E LEITORES

Dia Mundial da Terra, ou época da colheita de caqui O dia 22 de abril foi instituído como o Dia Mundial da Terra. A data surgiu nos Estados Unidos na década de 1970, quando o Senador Gaylord Nelson organizou o primeiro protesto nacional contra a poluição, mas só a partir dos anos 90 outros países também passaram a celebrar a data. Dia da Terra, dia da conservação ambiental, época de colher os últimos caquis do ano em um pequeno sítio no município de Piedade, SP. Muitos de nós, que vivemos na cidade, não fazemos ideia do quão complicada é a tarefa ou a arte de plantar. Pensamos que quando o fruto nasce é só colher e vender, ou pode ser que achemos entre nós alguns que não fazem ideia do que é uma árvore cheia de frutos, ou, ainda, nem sabem como os frutos nascem. O pequeno produtor sofre um bocado para prover os alimentos essenciais que consumimos. Como os pequenos produtores são muitos, como fazer para seu produto ter destaque? Dentre muitas coisas, a qualidade é um dos principais diferenciais. Peguei o exemplo do caqui devido à minha familiaridade com essa fruta – pois minha

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sogra é uma pequena produtora – e por ele representar bem o que quero dizer sobre “um bom padrão de qualidade” e esse é o motivo pelo qual homenageio uma senhorinha que colhe os melhores caquis que já comi. Fumiko Nishio, quase 87 anos, japonesa (língua em que ela se expressa melhor), não tem empregados ou ajudantes, até porque não daria certo. Afinal, vieram do Japão na década de 1960 para serem donos do próprio nariz, como dizia o falecido marido. Ela cuida de absolutamente tudo. Tudo é feito no seu tempo e à sua maneira. Às vezes é eletricista, às vezes encanadora, mas na maior parte do tempo é a mãe dos caquis. Ela acha graça quando lhe falam – “Agora que a colheita acabou, pode descansar, né?” – e responde – “Não, agora é que começa o serviço mais importante!”. As árvores nos deram os frutos, então temos de dar uma dose especial de adubo em agradecimento e, sempre que a chuva demorar a chegar, irrigar – o que significa ligar a bomba e verificar vazamentos nos velhos encanamentos, além de averiguar se os esguichos estão funcionando em cada uma das 130 árvores, pois é comum as formigas fazerem ninhos, entupindo as saídas de água. Enquanto as árvores ‘dormem’, peladas e sem folhas, a tarefa é lavar cada uma delas com jato d’ água e raspar o caule para tirar qualquer tipo de praga que queira se instalar. Enquanto isso, o mato cresce e tem de ser cortado periodicamente. Quando se acham prontas, recebem mais adubos e começam a despontar os primeiros brotos, que devem ser posicionados de maneira a darem bons frutos no próximo ano. Aos poucos, as folhas voltam a nascer e o cenário vai mudando. Todas as árvores são inspecionadas e podadas (uma ciência à parte). Florescem e os primeiros frutos começam a surgir. Nessa época, meados do mês de novembro, os cuidados redobram. Os frutos têm de ser selecionados e classificados ainda bebês. Os não classificados são retirados para que os pouquíssimos eleitos possam crescer fortes e saudáveis. O trabalho é constante, pois o mato continua crescendo e tendo de ser cortado. O adubo, para ser mais eficiente, tem de ser colocado no período certo, assim como os nutrientes específicos que o fruto vai precisar em cada fase para crescerem fortes e adquirirem a formação correta. A segunda quinzena de dezembro é a época de ensacar cada fruto, tarefa esta que será acrescida aos de-

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mais cuidados que continuam a exigir atenção. Finalmente está chegando a época da colheita. Os caquis do tipo Tokyo Gosho, também chamado “precoce”, estarão bons para serem colhidos no final de fevereiro, enquanto os do tipo Fuyu, entre março e maio. Tentei resumir em pequenos quatro parágrafos a saga de um ano de trabalho. A nossa homenageada nos daria uma lição durante horas somente sobre a quantidade de folhas que uma árvore deve ter para cada fruto crescer saudável. Morando sozinha desde que ficou viúva há 10 anos, faz todas essas tarefas sozinha, além de escrever, pesquisar, examinar à noite os caminhos de formiga saúva, marcar as entradas das tocas para cuidar delas nos dias seguintes. Ela, pesando por volta de 40 quilos, chega a transportar em seu carrinho de mão, sacos de 25 quilos (por vez) roça acima para, em um dia, espalhar na base das árvores 200 quilos de adubo. Tanto o adubo foliar quanto o produto utilizado no controle de pragas é produzido por ela mesma, somente com insumos orgânicos, resultado de décadas de observação prática e pesquisa. Há quase duas décadas Dona Fumiko não utiliza agrotóxicos – eis a razão desta homenagem no Dia Mundial da Terra. O resultado de tudo isso é um caqui grande (peso médio de 400 g), excepcionalmente suculento e doce – que esperamos poder saborear ainda muitas vezes, já que todos os anos Dona Fumiko reconhece algum problema no seu cultivo, que promete corrigir no outro ciclo, melhorando ainda mais a qualidade de seus “filhos”. Texto escrito por João Alberto Jorge Neto, revisado por Sunao Nishio, médica formada pela USP e, principalmente, filha da Sra. Fumiko Nishio. Referências: tjpr.jus.br/web/gestao-ambiental/ calendario-ambiental

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Falante e Fofóca

TOMEI A MESMA VACINA DA RAINHA... AGORA SOU DA REALEZA!!

Nota do Editor: Caros Leitores e Colunistas. Temos tido bastante sucesso em nossos artigos mas, poderíamos fazer mais coisas, mais atrações, por exemplo: COLUNA DE HORÓSCOPO DE MENTIRA (bem divertido), MODA NA 3ª IDADE, ARTESANATO, TRABALHOS PARA SEREM VENDIDOS, etc. Falem com seus amigos a peçam para me ligarem... quem sabe teremos nossa Revista cada vez melhor.

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Dica de presente para o Dia das Mães Sua Mãe e toda família vão dar boas risadas com as histórias do nosso colunista Laerte Temple Pedido com o próprio Laerte email: ltemple@uol.com.br

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magazine 60+ #22 - Maio/2021 - segunda capa


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