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fevereiro 2015 | nº 02
O R L A P O R TUÁ UÁRIA SE NV S E REIN VENTA N O M U NDO : B R T s NO N VE ST I NDO E M I NV DA MOBILID A DE
CA ARRO RRO S COMPART IL H AD OS PROJETO PROJET O P I O N E I RO N O B R A SI L CHE G O U P AR A RO MUDAR R O TI N A D O RE CI F E
SUMÁRIO 4
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RECIFE CHEGARÁ AOS 500 ANOS DO JEITO QUE O POVO QUER
PARA ABRIR CAMINHOS
23 MOBILIDADE PARA TODOS
6 8
25 COM QUE MODAL EU VOU?
TECNOLOGIA PODE CONTRIBUIR PARA TORNAR AS CIDADES MAIS HUMANAS
SUSTENTABILIDADE, INCLUSÃO E MELHORIA PARA AS CIDADES
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RECONHECIMENTO INTERNACIONAL
26 CAMINHOS PARA O DEBATE
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CARROS COMPARTILHADOS SÃO A NOVA APOSTA PARA TRANSFORMAR A ROTINA URBANA
EXPEDIENTE
PROJETO GRÁFICO E EDITORIAL
R E P O R TA G E N S
Multi Comunicação Corporativa
Camila Ribas Débora Leão Lindalva Coelho Patrícia Natuska Silvia Baisch
www.multicomunicacao.com
É uma publicação do Projeto Porto Leve do Porto Digital, com distribuição gratuita. Rua do Apolo, 181 - Recife Velho Recife - PE, Brasil | 81 3419.8000 www.portodigital.org
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ORLA PORTUÁRIA DO RECIFE SE REINVENTA
COORDENAÇÃO GERAL
Patrícia Natuska | DRT/PE 3187
PROJETO GRÁFICO EDIÇÃO
Patrícia Natuska
Daniele Torres Manu Duarte
ASSISTENTE DE ARTE
Gibran Gomes F O T O D E C A PA
Beto Oliveira REVISÃO
Consultexto TIRAGEM
2000 exemplares
R E V I S TA m o b I T
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ILUSTRAÇÃO MANU DUARTE
Recife chegará aos 500 anos do jeito que o povo quer Com a responsabilidade de ser a primeira capital do país a completar 500 anos, o Recife começa a desenhar o futuro que quer alcançar.
Secretário Antônio Alexandre diz que modelo antigo não serve mais; é preciso fazer o novo
O aniversário ainda está longe, em 2037, mas a Prefeitura da Cidade já começou a preparar a comem-
paradigmas. O aniversário de 500 anos do Recife serve como referência para
oração. E o melhor: cada morador
discutirmos um projeto de futuro. Esse plano, a médio e longo prazo, é o
pode sugerir o presente, que virá em
planejamento estratégico da cidade, e não de uma gestão”, afirma o secretário
forma de melhorias para a própria
de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife, Antônio Alexandre.
cidade. É dessa forma que vai funcionar o projeto Recife 500 anos, que entrou em ação para construir um planejamento estratégico urbano pa-
Inclusão social e desenvolvimento humano; espaço urbano e mobilidade; desenvolvimento econômico; sustentabilidade ambiental; e serviços públicos. São esses os cinco eixos centrais das intervenções previstas pelo plano. O
ra a capital pernambucana, através
objetivo do projeto é promover a melhoria da qualidade de vida da cidade.
de ativa participação popular.
Nesse desafio, a sociedade tem o papel de sugerir suas ideias, que podem
“Os diversos segmentos que pens-
ser enviadas para o site do projeto. A partir deste ano, através de audiências
am a sociedade têm a clareza de que o atual modelo de desenvolvimento não oferece respostas para a cidade em termos de qualidade de vida. Não há visão de futuro. Existe um consenso de que precisamos de novos
públicas e reuniões administrativas, haverá a coleta e a discussão sobre as novas ideias dos cidadãos recifenses. “Será um modelo de participação através de diversos canais, tanto presenciais como virtuais. O poder público terá o papel de coordenação e geração dos produtos”, explicou Antônio Alexandre. Ainda segundo o secretário, existem ações emergenciais, que precisam ser implantadas dentro dos quatro anos de uma gestão, e outras estruturadoras, que envolvem grandes temas como a mobilidade urbana. “É uma fase de transição: o modelo antigo não serve mais; é preciso fazer o novo”, arrematou. O prefeito Geraldo Julio também comentou sobre a ação: “Nós seremos incentivadores; queremos que toda a população se envolva para que o plano represente o desejo dos recifenses”.
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ANDRÉA RÊGO BARROS / PCR
“O aniversário de 500 anos do Recife serve como referência para discutirmos um projeto de futuro” ANTÔNIO ALEXANDRE
Secretário de Desenvolvimento e Planejamento Urbano do Recife
QUER AJUDAR A
Para garantir que essa festa dê certo daqui para lá, a Prefeitura conta com
PLANEJAR O FUTURO
a parceria da Aries para auxiliar a traçar e percorrer caminhos inovadores e
DO RECIFE?
Prefeitura do Recife na execução do projeto, através da incubação da Agência
estratégicos em busca do Recife de 2037. “O Porto Digital será parceiro da Recife para Inovação e Estratégia (Aries), uma organização social que nasceu
Se você tem alguma ideia para ajudar a melhorar o Recife, escolha um tema e descreva a sugestão no site do projeto. Ela poderá mudar o futuro da cidade em que vive.
para executar o projeto e que perpassa a política”, explica Guilherme Cavalcanti, executivo da agência. O passo a passo do plano de trabalho do Recife 500 Anos envolve, em primeiro lugar, mobilização. Em seguida, construção da visão de futuro com objetivos e metas, elaboração de planos estratégicos e, por fim, sua consoli-
recife500anos.com.br
dação. Serão realizadas pesquisas documentais e qualitativas e análises nas diversas dimensões: social, econômica, ambiental, espacial e institucional. O estudo ainda será complementado por análise comparativa com cidades
SOL PULQUÉRIO
equivalentes. Na prática, após esse primeiro momento de avaliação e diagnóstico da situação, serão definidas as principais diretrizes estratégicas. A partir daí, haverá o processo de escuta e rodadas de debates, para validar ou rever o que foi definido contando com a participação de entidades ligadas à mobilidade e ao urbanismo, entre outras. O resultado será traduzido em projetos, planos de investimentos e diretrizes urbanísticas.
“O Porto Digital será parceiro da Prefeitura do Recife na execução do projeto” G U I L H E R M E C AVA L C A N T I
Gestor da Agência Recife para Inovação e Estratégia - Aries
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“Precisamos criar as bases da Indústria do Futuro” GABRIEL SHIMODA
ENTREVISTA
TECNOLOGIA COMO SOLUÇÃO “A tecnologia tem um papel importante para favorecer a melhoria da qualidade de alternativas de deslocamento. Aqui no Recife, salta aos olhos a crescente invasão das ruas pelos carros. O acesso a crédito, o estímulo do governo à indústria fez com que o número de veículos aumentasse muito nas cidades de médio e grande porte – Recife entre elas. Em paralelo a isso, você não tem um investimento de porte que assegure o crescimento de transporte acessível, seguro, preciso, correto, que lhe dê condições de transporte na hora e local que quiser. A rua estreitou? Não. A rua é a mesma. Mas o número de carros aumentou. E o tempo para entrada de um veículo é muito menor do que o tempo para entrada em funcionamento de um transporte coletivo, que envolve investimentos e infraestrutura. Temos de ter logística e sistemas de controle – e aí entra novamente a tecnologia para gerenciar esses sistemas. É preciso um investimento público de longo prazo e muito intenso para acom-
Pela segunda vez frente à
panhar os outros transportes”.
Secretaria de Ciência e Tecnologia de Pernambuco, Lúcia Carvalho Pinto de Melo comenta sobre os desafios de sua nova gestão
BICICLETAS COMPARTILHADAS E CARROS ELÉTRICOS
em questões como mobilidade,
“Projetos como os das bicicletas compartilhadas e dos carros elétricos con-
inovação e novas tecnologias.
tribuem muito para uma mudança, mas não solucionam os problemas. Eles
Nesta entrevista, a secretária fala
não substituem os outros modais, e quem adere precisa superar algumas des-
sobre o que chama de ‘Indústria
vantagens climáticas e estruturais, por exemplo. A população jovem já aceita
do Futuro’ e quais seriam as
melhor a bicicleta e as ciclovias ajudam a disciplinar o respeito aos ciclistas,
bases necessárias a serem
mas numa cidade em que nem uma faixa de pedestre é respeitada, a situação
construídas pela sociedade.
fica difícil. Mesmo assim, elas são o início para uma mudança de cultura. Em muitos países da Europa e também na China as bicicletas são meios de transporte muito usados, não são apenas lazer. E os carros elétricos são uma tecnologia em evolução. Hoje tem-se uma agenda forte de desenvolvimento em veículos híbridos. Nenhuma fonte de energia será soberana. A sociedade começa a exigir outros valores e a sustentabilidade está inserida na agenda das empresas”.
BAIRRO DO RECIFE COMO MODELO “O Bairro do Recife tem características que favorecem sua identificação como modelo de cidade inteligente.Tem um alinhamento da cultura tecnológica, tem o imaginário do ambiente que favorece o uso de tecnologias alternativas. Mobilidade é uma delas”.
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GABRIEL SHIMODA
O TRABALHO DA SECTEC “A secretaria tem uma agenda voltada para apoio e concepção da inovação em toda a cadeia de conhecimento dos arranjos produtivos de Pernambuco e a integração de tecnologias tradicionais com tecnologias modernas. Nesse sentido, toda agenda de promoção de inovação e incorporação de tecnologias está contemplada no ambiente da Secretaria, no âmbito do entendimento do papel da inovação, para que a sociedade compreenda que a adoção de novas tecnologias passa por desenvolvimento, capacitação de pessoas, por aculturamento com relação ao uso dessas tecnologias, e isso se aplica a bicicletas, a trens de alta velocidade, metrô suspenso que anda num fio magnético... Há dezenas de inovações associadas à mobilidade”.
LEGADO DA COPA “Algumas dimensões estão sendo avaliadas. Tivemos legados econômicos importantes, foram gerados novos negócios, foi construída uma estrutura que ligou o Recife à região de São Lourenço da Mata de uma forma muito mais direta do que existia ali. Criou-se uma via expressa, com potencial grande de inclusão de pessoas. Além da construção do estádio e de seu entorno, as cidades se movimentaram para infraestrutura de transporte e se olharmos em um ponto de vista a longo prazo, foi algo positivo. As pessoas se interessaram em aprender novos idiomas, o potencial turístico aumentou, hotéis pequenos ficaram mais bem estruturados. Eventos desse tipo têm essa capacidade de acelerar processos de capacitação e inovação”. GABRIEL SHIMODA
MAIS CULTURA DE INOVAÇÃO “A cultura de inovação talvez seja o
Isso significa usar o conhecimento de forma mais adequada. Isso tem a ver
maior desafio que a SecTec tem hoje.
com talentos, recursos humanos, qualificação de investimentos em Pesquisa
Quando eu cheguei, vim para colo-
e Desenvolvimento, ambientes favoráveis a negócios, segurança jurídica e
car a inovação na linha de frente e a
investimentos do Estado. Pernambuco precisa avançar num pacto pela in-
cultura da inovação ainda é pequena
ovação, integrando governo, empresa e academia. É nesse cenário que a in-
no Brasil. Ela nada mais é do que a
ovação vai prosperar e ter um futuro baseado em conhecimento. É um pacto
capacidade de as empresas gerarem
que a sociedade tem de fazer. Temos que criar as bases do que eu chamo
novas oportunidades a partir do
de “indústria do futuro”, buscando a convergência de tecnologias tradicionais
conhecimento, isso é: melhoria na
com as modernas, a convergência das TICs com as novas áreas, e isso não
produtividade, na competitividade,
é uma agenda isolada. A gente pretende trabalhar de forma conjugada e inte-
maior presença de mercado, integrar
grada com iniciativas também do governo federal, para criar a economia do
as empresas locais nas cadeias de
século 21”.
produção globais... isso é um grande desafio. Cada vez mais os avanços dos países em termos de conquistas econômicas e distributivas passam por maior capacidade de inovação.
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“A gente pretende trabalhar de forma conjugada e integrada para criar a economia do século 21” R E V I S TA m o b I T
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ILUSTRAÇÃO MANU DUARTE
Sustentabilidade, inclusão e melhoria para as cidades ITgreen estimula uso eficiente de recursos Manter o foco em inovação e desen-
e, mais do que isso, como fazer –
volver ações para auxiliar as empre-
práticas que vão além da redução do
sas apoiadas pelo Porto Digital de
consumo de energia durante o uso
forma sustentável – esse é o foco
dos equipamentos eletroeletrônicos,
do ITgreen, projeto que nasceu para
por exemplo. A virtualização de ser-
promover o uso eficiente de recur-
vidores e desktop, o uso de video-
sos pelas empresas de tecnologia.
conferências para realização de re-
As ações são baseadas em quatro
uniões, economia de papel e a des-
É o núcleo do Porto Digital
eixos-temáticos: resíduos de equipa-
tinação correta dos equipamentos
voltado a promoção de
mentos eletroeletrônicos, acessibili-
eletrônicos (doação e reciclagem),
tecnologias da informação
dade digital, formação para inclusão
são alguns dos exemplos.
para o bem-estar
de jovens no mercado de trabalho e
DIVULGAÇÃO
ITgreen
socioambiental. Desta
mobilidade urbana.
forma, atua no estímulo à
Um dos frutos desse trabalho foi a
Social Empresarial (RSE) nas
criação de um Guia de Boas Práti-
empresas do Porto Digital e
cas para a Gestão de TIC Suste-
na promoção de TI inovadoras
ntável que serve como instrumento
para a sustentabilidade
cultura de Responsabilidade
ambiental, social e econômica
de consulta dos empresários e ge-
das cidades.
stores de TI, em especial das empresas do Porto Digital - mas podendo também ser estendido para toda a sociedade. O guia apresenta práticas sustentáveis de TI em forma de recomendações sobre o que fazer
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MATERIAL PARA DOWNLOAD: GUIA DE BOAS PRÁTICAS PARA UMA TIC MAIS SUSTENTÁVEL http://slidesha.re/12stCdV
+ w w w. p o r t o d i g i t a l . o rg
SOL PULQUÉRIO
“A difusão de conhecimento, mobilização social e articulação diminui a distância entre empresários e sociedade numa ação de responsabilidade compartilhada”
AÇÕES
J O A N A S A M PA I O
Gerente de Cooperação e Captação de Recursos
A exposição “História dos Computadores” foi uma das iniciativas que saíram do ambiente do Parque Tecnológico
e
ganharam
outros
cenários. Realizado no Shopping Paço Alfândega, o evento atraiu cerca de 10 mil participantes, dentre os visitantes do Shopping, grupos de alunos de escolas públicas e interessados em TI. “Além da exposição, fizemos uma campanha para promover a conscientização social sobre o consumo e descarte de equipamentos
eletroeletrônicos,
Outro fruto do ITgreen é o Seminário Internacional sobre Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (SIREE), que entrou na quarta edição em setembro de 2014, trazendo como tema a “Gestão de Resíduos Eletroeletrônicos: Uma nova cadeia de valor”. Durante o evento, cerca de 30 profissionais de cinco países compartilharam experiências sobre gestão de resíduos eletroeletrônicos. Entre os presentes estavam a Coordenadora Geral de Análise de Competitividade e Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Beatriz Martins Carneiro, e o Secretário Executivo do Instituto Nacional de Resíduos (INRE), Cristiano Faé Vallejo, que falaram sobre o panorama brasileiro e os desafios do sistema de recuperação.
onde
AMPLIAÇÃO – Além do ITgreen, o Porto Digital promove diversos seminários,
foram arrecadadas quase 350 peças
oficinas e publicações: tudo com o objetivo de incentivar as empresas a ad-
e componentes de REEE. O material
otarem outras ações ligadas à responsabilidade social como parte das suas
foi destinado a um parceiro local, o
estratégias. O próprio Porto Digital utiliza seu Guia de Boas Práticas como
Centro de Recondicionamento de
manual para aquisição, uso e descarte de equipamentos. A organização tam-
Computadores (CRC), que após tri-
bém participa e apoia eventos dessa natureza.
agem os encaminhou para a doação e para projetos de inclusão digital”, lembra Joana Sampaio, Gerente de Cooperação e Captação de Recursos do Porto Digital.
Ações sustentáveis também precisavam ir para as ruas e interferir no dia-adia das pessoas e na forma como elas lidam com sua cidade. E a mobilidade urbana também entrou nessa discussão. Assim foi criado o Centro de Estudos Sobre Tecnologias Aplicadas à Mobilidade Urbana, dentro do Projeto de Mobilidade Urbana do Porto Digital, que é um centro virtual com a finalidade DIVULGAÇÃO
de divulgar, debater e consolidar as soluções nesta área para o Bairro do Recife, através da produção, promoção e difusão de conhecimentos sobre tecnologias da informação aplicadas à mobilidade urbana, transporte público e desenvolvimento sustentável. O Centro será inserido no site do ITgreen. A página funciona como ferramenta de articulação e alimentação de informações para a rede, com divulgação de notícias, acesso às publicações institucionais e a produtos, como o Guia de Boas Práticas.
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Reconhecimento internacional Do Porto Leve ao modelo de gestão – projetos do Porto Digital ganham destaque na IASP
PORTO LEVE Tida como a maior conferência de
Recife foi o cenário escolhido para a 30ª edição da IASP, realizada em outubro
parques tecnológicos no mundo,
de 2013, que abordou o tema “Parques Científicos Modelando Novas Ci-
o encontro da IASP (International
dades”. Dos 120 artigos inscritos, provenientes de 30 países, apenas 22 foram
Association of Science Parks and
selecionados: 14 para as sessões paralelas e oito para a sessão plenária. En-
Areas of Innovation), reúne diversos
tre esses oito estava o artigo escrito por Cidinha Gouveia, gerente de projetos
profissionais da área de tecnologia
do Porto Digital, e Francisco Saboya, presidente do Porto Digital – respectiva-
para discutir projetos, tendências e
mente autora e coautor do artigo. O paper aborda os projetos de mobilidade,
desafios relacionados à área. E por
fazendo uma reflexão sobre a importância de um trânsito livre e seguro para a
mais um ano, o Porto Digital ganha
saúde de uma cidade – destacando o projeto Porto Leve.
destaque no evento. O primeiro veio com o projeto Porto Leve, através da aprovação do artigo “Porto Leve – A Mobility and Safety Intelligent Infrastructure Urban Solution for Porto Digital Technology Park”, apresentado durante a Sessão Plenária do evento, sediado no Recife em 2013. Já em 2014, o Porto Digital não só repetiu a participação na IASP como a ampliou, submetendo quatro novos artigos aprovados para a conferência. Este ano, o evento acontece entre os dias 22 e 25 de setembro em Beijing, na China.
Os autores também afirmam, com o estudo, que o Porto Digital é um dos responsáveis por levar mobilidade, segurança e conforto aos trabalhadores do Parque Tecnológico e arredores. “A ideia do Porto Leve, desde o início, foi gerar mais qualidade de vida e, consequentemente, fazer do Recife uma cidade mais fluida, harmônica. Apresentar esse projeto na plenária significa não apenas estarmos fazendo um trabalho de destaque, mas também de qualidade”, comenta Saboya. A gerente Cidinha acrescenta que as cidades mais “bacanas” de se viver são aquelas que adotam práticas de desenvolvimento econômico, qualidade de vida e preservação ambiental, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. “O Bairro do Recife, por exemplo, passou a ser urbanamente mais desenvolvido, mais cheio de vida. Esse resultado é fruto de um trabalho diário e um esforço coletivo que temos desenvolvido nos últimos anos para toda a sociedade”, afirma. O Porto Leve se estrutura em eixos como a mobilidade, a segurança e a sustentabilidade. O primeiro visa gerar soluções para os problemas relacionados
+
ao trânsito e ao transporte, provocados pelo crescimento desenfreado coSAIBA MAIS: 30ª CONFERÊNCIA MUNDIAL DA IASP (Associação Internacional dos Parques Tecnológicos)
www.iasp2013recife.com
mum a grandes centros urbanos. O segundo trabalha para reduzir a violência urbana e monitorar os veículos que entram e saem do bairro. Por fim, o Centro de Estudos visa motivar a geração de novas ideias de transporte público na área metropolitana do Recife, favorecendo a disseminação de conhecimento e geração de novos negócios relacionados à mobilidade urbana e ao desenvolvimento sustentável.
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“Esse resultado é fruto de um trabalho diário que nós temos desenvolvido nos últimos anos para toda a sociedade” CIDINHA GOUVEIA
Co-autora do artigo do Porto Leve e gerente de projetos do Porto Digital
NOVOS NEGÓCIOS
O Núcleo de Apoio à Gestão de Inovação (NAGI), desenvolvido pelo SOL PULQUÉRIO
Porto Digital há cerca de um ano e meio, gerou o terceiro artigo do PD na IASP 2014. O paper “NAGI Project - The Right Balance between technology and Business development at Porto Digital”, tem autoria
REPETINDO A DOSE
do coordenador do programa, Diogo Catão, e coautoria de Cidinha, Saboya, Polyana e Calheiros. De acordo
Na 31ª edição do congresso da IASP, que ocorreu na cidade de Doha, no
com Diogo, a ideia central do NAGI é
Catar, foi a vez de o modelo de gestão do Porto Digital ganhar a cena. Nesse
entender a cultura econômica do es-
ano, de um total 58 artigos selecionados, quatro foram do Porto Digital. O
tado através dos Arranjos Produtivos
primeiro deles, intitulado “The Porto Digital Management Differentials and its
Locais (APL) e, a partir daí, promover
Contributions to the Ecosystem” foi também escolhido para apresentação de
consultorias e capacitações person-
palestra, ministrada novamente por Cidinha Gouveia. A gerente chegou a ced-
alizadas e contínuas nos setores pro-
er uma entrevista à revista Qatar Today, falando sobre a experiência do Porto
dutivos. “Ter esse reconhecimento
Digital. De acordo com ela, são quatro os principais pilares do PD que fazem
do artigo na IASP é importante não
de seu modelo de gestão um diferencial. “Destacamos a aderência ao modelo
apenas para nós do PD, mas para
Triple Helix (integração entre governo, academia e mercado); a formalização
o próprio projeto e, principalmente,
legal (possibilidade de receber recursos públicos em troca da execução de
para a economia de Pernambuco. O
políticas benéficas à sociedade); o foco em qualidade e a estrutura matricial,
artigo detalha as atividades do NAGI
composta por gerentes funcionais e gerentes de projetos”, explica. O paper
no estado, centralizando a relação
tem novamente Francisco Saboya como coautor, além de Polyana Targino e
entre tecnologia e desenvolvimento”,
Guilherme Calheiros.
afirma Diogo.
O segundo artigo aceito foi o “The Flow of Knowledge connecting academia
Startups - A Conferência também
and market - The Porto Digital Experience”, escrito por Cidinha, Saboya e
destacou o artigo “Startups Contrib-
Polyana, juntamente com Camila Mainara e Ana Paula Almeida. A ideia do tra-
uting to Solve Cities’ Problems: the
balho é apresentar o programa de qualificação de pessoas e empresas a fim
case of Porto Digital”, de autoria de
de aumentar o potencial de desenvolvimento através do conhecimento – daí a
Joana Sampaio, Vítor Andrade, Poly-
aproximação entre o mercado de trabalho e a academia. “O artigo fala da in-
anna Cintra e Adalberto Rodrigues
teração entre o Porto Digital, a academia e o mercado. A própria definição de
Neto. O trabalho detalha a importân-
parque tecnológico tange esta interação e isto não é diferente aqui. Através de
cia das incubadoras Cais do Porto e
seu Programa de Qualificação, o parque realiza capacitações para empresas
Portomídia em abrigar ideias inova-
e pessoas, gerando conhecimento e com isso tornando o ambiente propício
doras para solucionar problemas
à inovação”, acredita Camila.
reais do cotidiano.
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O ÇÃ RA ST U IL
NU MA
TE AR DU
Carros compartilhados são a nova aposta para transformar a rotina urbana E se os carros pudessem poluir menos? Se pudessem circular de forma re-
Ação faz parte de projeto que quer estimular outras ações e soluções para melhorar a mobilidade
duzida (mas não menos eficiente), ocupando menos vagas de estacionamento e, ainda, sendo compartilhados mais vezes por pessoas que possuam o mesmo destino? Se os veículos pudessem contornar problemas cotidianos relacionados, principalmente, ao intenso fluxo das ruas, o Recife se tornaria cada vez menos sinônimo de cidade congestionada e mais de espaço para soluções criativas. Foi com essa vontade de tornar a cidade menos travada que o Porto Digital decidiu ampliar a ideia de mobilidade já consolidada pelas bicicletas do Porto Leve e lançar o sistema de carros compartilhados – um projeto inédito no Brasil. A nova ação, desenvolvida pela Serttel, empresa também responsável pelo gerenciamento da tecnologia adotada pelas bicicletas do Porto Leve e Bike PE, quer ajudar a transformar hábitos e contribuir para uma melhoria na mobilidade urbana. Assim como acontece com as bicicletas, os usuários podem destravar os veículos nas estações através de um aplicativo de smartphone ou pelo site. O motorista solicita o carro em uma estação e já antecipa qual
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BETO OLIVEIRA
será a estação de devolução. “A ideia do carro compartilhado é oferecer mais um modal de locomoção e ainda estimular o uso por várias pessoas ao mesmo tempo. O ideal é que ele seja usado para distâncias curtas, entre estações, em um período também curto de tempo”, afirma a gerente do projeto, Cidinha Gouveia. O compartilhamento de carros pensa em vantagens globais para a cidade. Uma delas é a integração de modais. Com a devolução do veículo à estação, o usuário pode completar o trajeto a pé, de bicicleta, ônibus ou metrô, por exemplo. Isso está diretamente relacionado à diminuição dos custos de aquisição e manutenção de carro próprio, além de
“A parceria com o Porto Digital, que
eliminar a preocupação com estacionamentos. O incentivo às caronas, uma
resulta na plataforma Porto Leve de
das ideias centrais do projeto, também é fundamental para diminuir o número
tecnologias para Smart City, tem sido
de pessoas por carro – reduzindo o fluxo das ruas. Países como Estados
de grande importância para a Serttel,
Unidos, Canadá, França e Holanda são alguns dos que já tornaram a ideia do
pois permite desenvolver e testar,
compartilhamento uma realidade.
em escala real, soluções inovadoras para as cidades, potencializando a capacidade de desenvolvimento e comercialização dessas soluções por todo o Brasil, além de resultar em projetos que contribuem para a melhoria da segurança e mobilidade urbana do bairro do Recife Antigo, beneficiando a população”, Ângelo
ILUSTRAÇÃO MANU DUARTE
Leite, presidente da Serttel.
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CARROS ELÉTRICOS O diferencial do serviço adotado no Recife, de forma pioneira, serão os carros elétricos. O Recife foi o primeiro a implantar o sistema e os recursos de travamento ou destravamento por smartphone. Os modelos escolhidos foram os chineses Zd e Zdi, da marca Zhidou. Além de não poluírem o ambiente, os veículos levam vantagem por poderem ser recarregados nas próprias estações. Em seis horas, a bateria é completamente recarregada, podendo rodar até 100 quilômetros quando totalmente cheia. O veículo possui câmbio automático e atinge a velocidade máxima de 80 km/h. Inicialmente, são três carros e três estações disponíveis. Esse número será ampliado ao longo dos meses. Para utilizar o sistema de carros compartilhados, o usuário conta com duas possibilidades: uma é a viagem individual; a outra, com carona. Em ambos os casos é necessário um cadastro prévio. Para viajar sozinho, o usuário interage com o sistema, fazendo uma reserva do carro e informando a estação de origem e de destino do veículo – o que possibilita o destravamento instantâneo do carro. No caso de carona, o destravamento é feito após uma espera de 15 minutos – em caso de aparecer interessados. Nesta situação, o valor da viagem é dividido entre motorista e passageiro. O valor do passe mensal é de R$30. Para viagens comuns, o preço é R$ 20; para viagens divididas, o valor cai para R$ 10 – fazendo com que motorista e passageiro paguem R$ 5. Para cada minuto excedente, é cobrado uma taxa de R$ 0,75. Vale ressaltar que danos materiais e multas são de responsabilidade do usuário.
MAIS CARONAS Um dos objetivos do sistema de carros compartilhados é incentivar a cultura das caronas. Se esticar o braço nas ruas para pedir uma não é uma prática tão comum, solicitar viagens compartilhadas pela internet é uma realidade cada vez mais forte. Grupos específicos nas redes sociais surgiram para a troca de mensagens entre motoristas e caroneiros. O estudante universitário João de Freitas, de 20 anos, é membro de alguns dos grupos de caronas do Recife. Ele conta que a ideia do Porto Digital pode aumentar ainda mais a cultura de dividir viagens. “O que nós vemos o tempo todo nas ruas são carros de cinco lugares sendo ocupados por um motorista. É preciso fortalecer essa cultura de caronas, algo que já dá certo lá fora. Mas é preciso fortalecer também a confiança das pessoas”. O médico Deivid Costa, de 34 anos, utiliza os grupos tanto para oferecer quanto para pedir caronas. Ele comenta que nunca enfrentou problemas de confiança em dividir o veículo com desconhecidos e que, se puder ter acesso aos carros compartilhados, consegue economizar os gastos com manutenção de carro próprio. “Precisamos do deslocamento, não do carro. Gastamos muito com gasolina, conserto, IPVA, limpeza e manutenção. Com a opção de ‘alugar’ um veículo para pequenos trajetos, conseguimos as mesmas vantagens, com custos muito menores”, comenta ele, que se diz animado para experimentar o projeto do Porto Leve.
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A chegada dos carros compartilhados se une a outros programas contemplados por um projeto maior: o Porto Leve, que possui como objetivo integrar soluções múltiplas para a cidade. “Ele é um guarda chuva de soluções, um amplo plano de mobilidade projetado para melhorar não só o deslocamento, mas a segurança e comodidade de trabalhadores, empreendedores, turistas e visitantes que circulam pelo Bairro do Recife”, explica o presidente do Porto Digital, Francisco Saboya. Um dos maiores símbolos do Porto Leve é a implantação das bicicletas compartilhadas, realizadas em janeiro de 2013. O incentivo ao modal vem despertando interesse dos pernambucanos pelo transporte alternativo. O que começou como um projeto piloto, fechado para o centro do Recife, aos poucos se espalhou por outras áreas da Região Metropolitana e fechou parcerias – ganhando mais estações, mais bicicletas, e, claro, mais ciclistas. O funcionamento é simples: o usuário se cadastra no site ou aplicativo e escolhe pagar, com cartão de crédito, uma mensalidade de R$ 10 ou uma diária de R$ 5. Já nas estações, é possível liberar as bikes através de uma ligação para a central de atendimento ou mesmo diretamente do próprio smartphone.
“A implantação do Porto Leve contribuiu para mostrar às autoridades que modais de transporte mais sustentáveis são possíveis. Levou para a Região Metropolitana do Recife uma solução testada e aprovada nos bairros do Recife, São José e Santo Amaro”
O tempo de permanência com a bicicleta a cada retirada é de 1 hora -, com
DIVULGAÇÃO
DOIS ANOS DE UMA ROTINA MAIS LEVE
LEONARDO GUIMARÃES
intervalo de 15 minutos entre a devolução e uma nova tomada. Caso o tempo
Diretor-executivo do Porto Digital
de uso seja excedido, o usuário paga multa de R$ 5 por hora excedente. As estações onde ficam as bicicletas estão localizadas num perímetro de 4,7 km², com distância máxima de 2,5 km entre elas. O horário de funcionamento é das 6h às 23h.
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O aplicativo do Porto Leve está disponível, gratuitamente, para download nos endereços: portoleve.org portoleve
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SOL PULQUÉRIO
PEDALANDO PARA O TRABALHO
Morando próximo ao Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, o consultor do Porto Digital Eiran Simis, 38 anos, cumpria uma longa jornada até poder começar a trabalhar: saía de casa de bicicleta, com peças de roupa e toalha na mochila, seguia até o Parque de Esculturas, no Recife Antigo, atravessava de barco até o Marco Zero e seguia de bike até o trabalho, onde tomava banho para começar o expediente. Hoje, após a implantação do Porto Leve, a opção pela bicicleta como meio de transporte continua, mas a forma de uso mudou. “Agora eu posso sair de casa de carro ou de ônibus e descer no Cais de Santa Rita. De lá, pego a bicicleta do projeto e sigo até o Bairro do Recife. Além de facilitar a minha logística, hoje eu tenho a opção de decidir como quero
“Agora eu posso sair de casa de carro ou de ônibus e descer no Cais de Santa Rita. De lá, pego a bicicleta do projeto e sigo até o Bairro do Recife.”
me deslocar até lá. Essa é a grande vantagem. Trata-se de uma solução de transporte porque, mesmo eu optando por continuar usando a bicicleta, não
EIRAN SIMIS
Consultor do Porto Digital
tenho que me preocupar com outras coisas, como a mochila com roupas e a manutenção do equipamento, por exemplo”. Os benefícios de disponibilizar para a população um meio de transporte para pequenos percursos, usando uma solução tecnológica sustentável, também foram reconhecidos pelas instâncias governamentais. Tanto que a proposta do Porto Leve inspirou ao menos dois novos projetos já implantados no Estado: o Bike PE e a Ciclofaixa de Turismo e Lazer.
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SAIBA MAIS:
bikepe.com ciclofaixarecife.com.br
FAC. DE DIREITO
CAIS DO PORTO PQE. TREZE DE MAIO
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PÇA. MIGUEL DE CERVAN R. DO LIMA
CINE SÃO LUIZ
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AV. COND
NTES
INTEGRAÇÃO
O Bike PE surgiu por iniciativa da Secretaria Estadual das Cidades, em 2013, também utilizando o aluguel compartilhado de bicicletas. A união dos sistemas dos projetos
tação na Rua Alberto Lundgren e Rua Eduardo Moraes. Em Jaboatão, ficam
do Porto Digital e do Governo do
próximas ao metrô Monte dos Guararapes, à Praça Massangana, nas ime-
Estado possibilitou a expansão dos
diações da Faculdade Guararapes e em frente à Igrejinha de Piedade.
benefícios inclusive para outras ci-
Com a integração dos sistemas, os usuários do Porto Leve que contam com
dades do Grande Recife como Olin-
100 equipamentos, distribuídos em 10 estações, passaram a contar com 80
da e Jaboatão dos Guararapes.
estações e 800 bicicletas. Até o final de 2014, foram contabilizadas mais de
Em Olinda, elas estão espalhadas
80 mil cadastros e 500 mil viagens. O Bike PE tem patrocínio do banco Itaú e
por áreas estratégicas: próxima ao
o sistema também foi desenvolvido pela Serttel.
Mercado Eufrásio Barbosa, na Praça do Carmo, Praça 12 de Março, es-
em
Recife em
Olinda
GRANDE RECIFE
em
Jaboatão OLINDA
RECIFE
JABOATÃO DOS GUARARAPES
PÇA. DA SOLEDADE
DE DA BOA VISTA
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O
C
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LÂ
N
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C
O
UNICAP
PÇA. DO DERBY R. BIONE
PÇA. OSWALDO CRUZ
PÇA. DO ENTRONCAMENTO
INFOGRÁFICO DANIELE TORRES E MANU DUARTE
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Para abrir caminhos Projetos utilizam a tecnologia para solucionar problemas de mobilidade urbana
Muito mais do que jogos, redes sociais e entretenimento em geral, entre os milhões de aplicativos que explodem em downloads a cada minuto no mundo também estão presentes iniciativas sociais voltadas para solucionar problemas do dia a dia. São programas que pensam na cidade e
CITTAMOBI
em seus moradores. Programas que, a partir da tecnologia, contribuem
Que ônibus passa por aqui? Que trajeto ele faz? E quando chega o próx-
para tornar os espaços urbanos mais
imo? Usuários de transporte coletivo passaram anos fazendo essas per-
acessíveis, inclusivos e inovadores.
guntas nas ruas e hoje conseguem ter todas as respostas pelo celular. Essa
E no cotidiano de grandes cidades,
é a intenção do aplicativo Cittamobi que já ultrapassou 800 mil usuários. O
como o Recife, soluções práticas
aplicativo, disponível para Android e iOS fornece horários e previsões em
voltadas para cidadania, educação,
tempo real das linhas de ônibus.
inclusão social e mobilidade, por exemplo, ganham cada vez mais força. A revista mobIT foi atrás de três cases que, de alguma forma, usam a
O aplicativo vem contribuindo para uma transformação na rotina das pessoas. Com o acesso aos horários, às previsões e aos locais de parada, é possível planejar melhor as saídas de casa.
tecnologia para promover soluções
Logo após sua criação, o aplicativo ampliou suas possibilidades de
de mobilidade – todas com raízes no
serviços e passou a mostrar quais são os veículos adaptados para ca-
Porto Digital. Um deles é o Cittamobi,
deirantes, além lançar uma versão para pessoas com deficiência visual, o
um dos aplicativos de maior sucesso
Cittamobi Acessibilidade. Nesse caso, o usuário pode ter acesso a todas
na temática de mobilidade. Outro é
as informações que precise consultar através do serviço de VoiceOver.
o PE Conduz, que usa a tecnologia a serviço da acessibilidade. Também apresentamos a Taximov, um dos pioneiros no serviço de solicitação de táxis por smartphones.
“Apostamos na ampliação com a indicação do percurso dos ônibus depois que criamos a ferramenta para o CittaAcessibilidade. Nele, toda a comunicação com o passageiro é por voz, exatamente para atender ao deficiente visual”, explica Carlos Sampaio, gerente comercial da Cittati, empresa que desenvolveu o CittaBus. Ao todo, 14 municípios já contam com o serviço,incluindo as capitais Re-
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cife (PE), Rio Branco (AC), Maceió (AL), Salvador (BA). SAIBA MAIS:
cittamobi.com.br cittamobi
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PE CONDUZ
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WA L D E M I R FA R I A S
Diretor da Sophia/Urja Social
Waldemir Farias, diretor da Urja Social, acredita que o projeto possui
Mais do que mobilidade urbana, o projeto PE Conduz nasceu pensando tam-
um diferencial entre programas se-
bém em inclusão – e nos caminhos para a acessibilidade. Gerenciado pela
melhantes. “Percebemos há algum
Urja Social (antiga Sophia), empresa com raízes no Porto Digital, o projeto é
tempo que existem no Brasil muitas
responsável pelo transporte porta a porta de pessoas com deficiência e alto
ações voltadas para o social, mas
grau de comprometimento de mobilidade motora. Proporciona o transporte
que são carentes de instrumentos
entre domicílios e centros de saúde ou de lazer, necessários para o tratamento
de controle e gestão, de indicadores
e reabilitação dessas pessoas. O programa é vinculado à Superintendência
de avaliação e de ferramentas tec-
Estadual da Pessoa com Deficiência (SEAD), que faz parte da Secretaria Es-
nológicas que otimizem ou inovem
tadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos (SEDSDH) do Governo
seu processo de operacionalização.
de Pernambuco.
No PE Conduz, contribuímos com a
O atendimento é gratuito e dirigido àqueles que possuem renda familiar inferior a um salário mínimo. Para isso, são 40 veículos espalhados por 29 municípios da Região Metropolitana do Recife, do Agreste e do Sertão. Na média de 12.850 viagens por mês, esses veículos conseguem atender cerca de 450 usuários, que acessam as unidades móveis equipadas com tecnologias capazes de monitorar, em tempo real, a localização e a movimentação dos veículos e dos usuários embarcados e desembarcados.
Várias cidades brasileiras possuem esse serviço em funcionamento mas nenhum possui o nível de tecnologia implementado no PE Conduz.
implantação de um programa social que, ao aliar inovação tecnológica e ferramentas de gestão, supre essas carências e propicia um melhor serviço à população”, afirma. “Várias cidades brasileiras possuem esse serviço em funcionamento. Mas, com o levantamento e as visitas que temos feito em várias cidades, vimos que nenhum possui o nível de tecnologia implantada no PE Conduz. Nem mesmo em São Paulo, onde o serviço funciona desde 1996 e possui mais de 300 veículos em operação”, completa o diretor.
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SAIBA MAIS: DIVULGAÇÃO
peconduz.pe.gov.br
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DIVULGAÇÃO
Apoiar projetos de impacto não é novidade para o Porto Digital. Guilherme Calheiros, diretor de Inovação e Competitividade Empresarial, explica que a casa funciona com base em um plano estratégico que se ramifica em eixos. Dentre eles, destaca-se o de Responsabilidade Social Empresarial, que inclui melhoria da mobilidade urbana, dando suporte a projetos que visam contribuir com a qualidade da vida nas cidades. Essa ajuda pode ser na infraestrutura, acolhendo a empresa ou disponibilizando laboratórios de alta tecnologia; através da qualificação e consultoria profissional; ou ainda financeira, por meio da aceleradora, basta ficar atento às chamadas divulgadas pelo PD. Entre
“O PD pode dar tanto apoio financeiro a projetos, como também através de incubação de empresas nascentes. Para pleitear o suporte, basta ficar atento aos editais.” Diretor de Inovação e Competitividade Empresarial do Porto Digital
as ações, estão ainda destinação correta de resíduos eletroeletrônicos, desenvolvimento de tecnologias acessíveis e capacitação de pessoas com deficiência para inclusão no mercado de trabalho.
TAXIMOV Foi-se o tempo em que as duas úni-
chamaram para executar o projeto
cas maneiras de conseguir um táxi
e facilitar a vida de quem anda de
era na rua, com o braço estendido,
táxi, especialmente empresas, que
ou por telefone. As telas dos smart-
não querem perder tempo de espe-
phones trouxeram novas – e práticas
ra e precisam controlar o fluxo de
– maneiras de contratar o serviço. E
demandas pelo nosso e-voucher”,
para que esse processo se tornasse
explica Urbano Chagas, Gerente de
ainda mais rápido e seguro, alguns
Projetos do CESAR.
ou para menos, localizando os táxis
Em sistemas tradicionais, o ra-
bilidades e diminuindo o tempo de
dio-táxi localiza o passageiro pelos
espera. A localização do taxi e o ma-
Pontos de Atendimento (PA), que
peamento das rotas mais livres são
são áreas geográficas da cidade,
feitas por GPS. Para utilizar o serviço,
dando ao taxista livre a oportunidade
o cliente solicita um táxi acessando o
de ir buscá-lo dentro do seu PA. Ele,
taximov.com.br de qualquer aparel-
entretanto, não pode ultrapassar as
ho com conexão, ou ainda, fazendo
áreas-limite, mesmo que esteja bem
download do aplicativo Taximov para
“As sementes do projeto começaram
perto do destino. No caso do Taxi-
Android ou iOS.
a ser plantadas ainda em 2009.
mov, independentemente da PA em
Idealizado por paulistas que já con-
que está localizado o passageiro, o
heciam o trabalho do CESAR e
sistema traça um raio de cerca de 7
nossas soluções diferenciadas, nos
km, podendo ser alterado para mais
projetos
desenvolveram
sistemas
ágeis e interativos, como é o caso do Taximov. A empresa surgiu em parceria com o CESAR, o Centro de Estudos e Sistemas Avançados do Recife, e atua nas cidades de São Paulo e do Rio de Janeiro – sobretudo para o público empresarial.
mais próximos, ampliando as possi-
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SAIBA MAIS:
taximov.com.br taximov taximov
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ILUSTRAÇÃO MANU DUARTE
Mobilidade para todos Sistema de transporte rápido de ônibus traz mais agilidade e conforto para passageiros, além de dar celeridade ao trânsito do Recife O BRT utiliza veículos mais confortáveis que os convencionais, com maior espaço interno e ar condicionado, que trafegam em faixas exclusivas e possuem infraestrutura diferenciadas nas paradas. Para eles operarem pela Região Metropolitana do Recife (RMR), foram criados dois corredores de tráfego: o Mobilidade urbana é um tema recor-
Leste/Oeste, que liga Camaragibe ao Centro do Recife, e o Norte/ Sul, de Pau-
rente no dia a dia da população
lista até o Centro. O projeto é coordenando pelo Grande Recife Consórcio de
recifense, afinal, o trânsito conges-
Transporte, órgão gestor do Sistema de Transporte Público de Passageiros, e
tionado em muitos horários e em
operado pelos consórcios Conorte e MobiBrasil.
diversos pontos, a dificuldade de encontrar vagas para estacionar e o grande tempo gasto para percorrer pequenos trajetos são entraves rotineiros para quem precisa se deslocar na região, seja de carro, moto ou de ônibus. Mas há luz no fim do túnel e algumas soluções para aumentar a mobilidade na cidade já saíram do papel. É o caso do Porto Leve, sistema de aluguel de bicicletas, que foi ampliado para o Bike PE, e da adoção do modelo BRT (Bus Rapid Transit) ou Transporte Rápido por Ônibus para o transporte coletivo.
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O Conorte é formado pelas empresas Itamaracá, Cidade Alta e Rodotur, responsável pelo corredor Norte/Sul que contempla os municípios de Igarassu, Ilha de Itamaracá, Itapissuma, Araçoiaba, Abreu e Lima, Paulista, Olinda e Recife, numa extensão de 33 quilômetros de via. Já o consórcio MobiBrasil, das empresas CRT e Rodoviária Metropolitana, cuida da operacionalização do corredor Leste/Oeste e beneficia os municípios de São Lourenço da Mata, Camaragibe e a capital, tendo 12 quilômetros de percurso. O novo conceito de transporte público já pode ser observado por quem circula pela região central da RMR. A primeira linha do BRT a circular foi a Camaragibe/Centro, que parte do Terminal Integrado (TI) de Camaragibe, em funcionamento desde junho. Depois, a linha Camaragibe/Derby foi colocada nas ruas. Mais recentemente, o corredor Norte/Sul também entrou em operação com os veículos das linhas TI PE 15/Dantas Barreto e TI Pelópidas Silveira/ Dantas Barreto. E outras linhas ainda serão implantadas em 2015.
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RESULTADOS Para Diego Benevides, da Gerência de Mercado da Itamaracá Transportes, o maior ganho para os usuários é o conforto. “É uma opção mais confortável e rápida, uma vez que os veículos são climatizados e têm outros equipamentos embarcados que geram comodidade. Além dos ônibus pararem em menos pontos do que os das linhas convencionais” avalia. Quem usa o transporte está aprovando a mudança. Wagner Oliveira, estudante universitário de 21 anos, é um dos beneficiados pelo BRT. Desde a implantação do sistema, Wagner utiliza o ônibus da linha Camaragibe/Centro em média cinco vezes por semana para ir ao estágio. A principal vantagem, segundo ele, é que as viagens estão mais rápidas e, como o espaço é mais aconchegante, oferecem mais qualidade no serviço aos passageiros. “Dá até para dormir na viagem”, acrescenta.
TERMINAIS Como Wagner, mais pessoas ainda serão beneficiadas pelo BRT, pois outras estações e terminais estão sendo construídos. Quando estiver todo pronto, o corredor Norte/Sul, que tem os terminais PE 15 (Olinda) e Pelópidas Silveira (Paulista) em funcionamento, vai contar com mais dois terminais integrados, os de Abreu e Lima (ainda em fase de construção) e Igarassu, que será reformado. Os dois pontos de integração vão aumentar o alcance do corredor Norte/Sul e receber os passageiros de toda a região que precisam se deslocar para Recife. Ao todo, serão 28 estações para os veículos. Além do terminal de Camaragibe, o corredor Leste/Oeste terá mais dois novos pontos de integração usando o sistema BRT: serão o II Perimetral (no bairro do Cordeiro) e o da IV Perimetral (no cruzamento com a BR-101, na Iputinga). Junto com esses novos pontos, o ramal da Copa, em São Lourenço, e o terminal da Caxangá serão reformados para atender aos BRTs e completam o corredor. O número final de estações será de 22 ao longo de toda a extensão.
SAIBA MAIS O primeiro sistema BRT foi criado em 1974, na cidade de Curitiba, no Paraná, sendo o Brasil o país pioneiro nessa iniciativa. Hoje, o BRT já é utilizado em mais de 30 países no mundo, englobando todos os continentes. Entre eles, estão Canadá e Estados Unidos, Chile, Equador, Colômbia, China, Índia, México e Coréia do Sul. O sistema tem características especiais como alinhamento do corredor exclusivo no centro da via (para evitar atrasos como acontece no meio fio), o pagamento da tarifa realizado fora do veículo, prioridade dos ônibus nos cruzamentos e as paradas são mais altas dos que as tradicionais, o que oferece mais estabilidade e facilita o embarque. Além disso, são menos poluentes. Na cidade de Bogotá, capital da Colômbia, o TransMilenio, que foi inaugurado em 2000 inspirado pelo modelo curitibano e virou referência para várias cidades, já utiliza ônibus híbridos, movidos a biodiesel e energia elétrica. O sistema conta com 13 mil veículos para transportar, em média, 2,2 milhões de colombianos todos os dias. O planejamento do município é substituir gradativamente os ônibus movidos a diesel por outros com baixa ou zero emissão de poluentes. Em paralelo, a Transmilenio, gerenciadora da rede, também aposta na adoção de veículos articulados, para diminuir o tamanho da frota e manter a capacidade de transporte.
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ORDEM DE CHEGADA BICICLETA PASSO RÁPIDO BICICLETA DOBRÁVEL + METRÔ
MOTO
SKATE BICICLETA PASSO NORMAL RODERICK JORDÃO / AMECICLO
BICICLETA + BARCO
CORREDOR
TÁXI
METRÔ
Com que modal eu vou? Desafio Intermodal propõe discussão sobre mobilidade que envolve tempo, custo, gasto calórico e emissão de poluentes
CARRO
METRÔ + ÔNIBUS
PATINS
ÔNIBUS
DEFICIENTE VISUAL NO TRANSPORTE PÚBLICO
PEDESTRE
Bicicleta, patins, carro, táxi, ôni-
minutos e 51 segundos, seguidos
mas sim o modal que preencha
bus...? Qual modal faria em menor
pelos 23’37’’ do táxi e dos 25’16’’
quesitos práticos, sociais e am-
tempo, com o menor custo e com
da moto. Além da bike elétrica, a
bientais de forma mais equilibra-
menos prejuízo ao meio ambiente
participação inédita da cadeira de
da o possível. Segundo Roderick
um percurso de 10 quilômetros
rodas foi a novidade deste ano.
Jordão, um dos organizadores
entre a Praça da Independência,
O cadeirante Leandro Sousa fez
do evento, o interesse dos par-
no centro da cidade, e o Shopping
parte do percurso com a cadeira e
ticipantes pelo evento revela uma
Recife, em Boa Viagem? O De-
parte de ônibus – um componen-
preocupação cada vez maior pela
safio Intermodal (DIM) do Recife
te da intermodalidade, permitida
mobilidade urbana. “O que eu pu-
realizou essa aposta pelo terceiro
desde a edição do ano anterior.
de perceber é que, apesar da par-
ano consecutivo e consagrou os
Ele levou 1h46 minutos para per-
ticipação popular ser voluntária,
patins como campeões de 2014.
correr o trajeto, mas ficou na 12ª
existe um engajamento forte dos
Amanda Muniz levou 31 minutos
colocação entre os 16, devido às
participantes”, comenta.
e 52 segundos para percorrer o
vantagens nos itens “custo mon-
trajeto. Quatro modais foram mais
etário” e “emissão de poluentes”.
rápidos, mas o que deu a Amanda
Também participaram do desafio os modais: metrô, a combinação
De acordo com a organização,
metrô e skate, o carro, o ônibus,
o DIM busca trazer não só a dis-
a caminhada e a corrida – além
cussão do que é melhor para a
das bicicletas passo rápido, passo
Considerando apenas o tempo,
pessoa, como também para a so-
normal, as bicicletas compartil-
quem levou vantagem foi a bici-
ciedade e o meio ambiente, por
hadas e as integrações das bikes
cleta elétrica (participando pela
isso nem sempre quem vai vencer
com metrô e barco.
primeira vez do DIM), com seus 21
é necessariamente o mais rápido,
o primeiro lugar no ranking foi a pontuação nos outros itens.
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Orla Portuária do Recife se reinventa Local abraça transformação para virar polo de turismo, serviços e lazer, mudando a paisagem da cidade
Mais turismo, mais arte, mais comércio. A orla portuária do Recife, que abrange a área do Marco Zero até o Cais de Santa Rita, está mergulhando em um grande projeto de requalificação que vem mudando a paisagem do centro da cidade. São diferentes empreendimentos que chegam para intensificar a oferta de serviços e lazer, movimentando a economia local e atraindo as pessoas para o Bairro do Recife. O primeiro projeto a ganhar corpo no local é o novo Terminal Marítimo de Passageiros.
balcões de check-in, esteiras para retirada de bagagem, salas de embarque e desembarque, órgãos reguladores e de fiscalização, além de agências de viagens e lojas. No mezanino ficam as casas de câmbio para troca de moedas estrangeiras. De novembro de 2014 até maio de 2015, o Terminal recebe a segunda temporada de cruzeiros. A primeira, vale ressaltar, alcançou 50 mil passageiros, vindos de cerca de 30 embarcações.
O Terminal funciona no antigo Armazém 7, no Bairro do Recife, que passou um ano e oito meses sendo reformado e ganhou um desenho inovador, ousando a assimetria das armações metálicas da fachada. Dentro dele está a Sala Pernambuco - um espaço designado para entrada e saída de passageiros e visitantes ao prédio, fazendo a ponte entre o interior da construção e as ruas do bairro. São 23,4 mil m² de terreno, com 7,9 mil m² de área construída e uma estrutura semelhante à de um aeroporto. O terminal conta ainda com nove
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PORTO MAIS VIVO Além do novo Terminal Marítimo, outros projetos estão crescendo no entorno. Um deles é o museu Cais do Sertão, erguido no antigo Armazém 10. O espaço faz homenagem a Luiz Gonzaga, abrigando uma vasta obra relacionada ao
“Estamos transformando a área no novo cartão postal da cidade”
Rei do Baião – incluindo um acervo sonoro remasterizado em plataformas digitais. Além das exposições, o espaço também promove apresentações culturais e palestras. Já os antigos Armazéns 12 e 13 receberam um ousado projeto arquitetônico que conta com bares, restaurantes, café e sorveteria. Trata-se do empreendimento Armazéns do Porto, inserido no Projeto Porto Novo Recife. É o primeiro estabelecimento da categoria de shopping center especializado em entreten-
ROGÉRIO LEÃO
imento no estado. Chegaram por lá empresas como Bar Devassa, Downtown
Presidente do Porto do Recife
Pier, Café São Braz, Creps, Fri Sabor, Go! Temakeria, Laça Burguer Prime, Recife Câmbio, Rock n’ Ribbs, Açaí Concept e Seu Boteco. O projeto pretende lançar ainda um estabelecimento empresarial, um hotel
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SAIBA MAIS:
www.portodorecife.pe.gov.br
quatro estrelas, uma marina internacional e um centro de convenções prevendo investimentos de R$ 225 milhões, numa área total de 32.341 mil m². “A revitalização dos armazéns que já estavam desativados na área não operacional do Porto do Recife faz parte de um grande projeto de requalificação e reurbanização de áreas nobres dos bairros do Recife e São José. Os armazéns renovados e as novas obras dialogam com o ‘velho’ Recife e enriquecem as opções de lazer, cultura, comércio e turismo da cidade”, diz o presidente do Porto do Recife, Olavo de Andrade Lima Neto. w w w. p o r t o d i g i t a l . o rg
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Caminhos para o debate mobIT focou em soluções para mobilidade urbana e desafios para as cidades Como será o deslocamento de pessoas, produtos e serviços nas cidades do futuro? O que fazer para não perder energia, tempo, dinheiro e criatividade diante
Para conhecer e debater o que foi feito em algumas delas, o Porto Digital reuniu um time de peso para o I Seminário Internacional de Mobilidade (mobIT), realizado em 2013. Entre eles, especialistas internacionais e nacionais em transporte e tecnologia, pesquisadores, técnicos em transporte público e gestores, todos reunidos em um grande debate e apresentando suas experiências. Ao todo, foram dez palestras, além de painéis de discussão ao final de cada ciclo, debatendo temas amplos envolvendo desenvolvimento sustentável e inteligente, acessibilidade e inovações tecnológicas e tendo como foco principal a discussão sobre a cidade e a diversidade modal. Confira alguns assuntos pinçados das apresentações dos palestrantes:
da falta de mobilidade? São perguntas feitas todos os dias por pesquisadores,
JOHN G. JUNG
especialistas, governantes, empresários, e até eu e você. Se por um lado essas
*PRESIDENTE DO CANADIAN URBAN INSTITUTE
questões são alvo de preocupação, por outro têm reunido boas ideias e despertado o interesse de comunidades em todo o mundo. Algumas cidades já fizeram a lição de casa e viraram objetos de desejo na busca por qualidade de vida e satisfação.
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Trouxe a experiência exitosa do Canadá em comunidades inteligentes e o desafio de reter os talentos em suas comunidades. As pessoas migram em busca de qualidade de vida e levam seus potenciais de inovação. Lembrou que mobilidade não envolve só pessoas, mas bens, serviços e resíduos. Citou as 12 cidades que tem características de comunidade inteligente, com exemplos de política de estimulo à educação, incentivo ao desenvolvimento pela arte e cultura, inovação aberta e boa governança.
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MARTINO TRAN *PROFESSOR DE OXFORD, INGLATERRA
Especialista em inovação tecnológica, energia sustentável e sistemas de transporte, falou sobre os impactos futuros de novas tecnologias nas cidades. Alertou para a preocupação não apenas com o uso do transporte público, mas com o tipo de energia que os veículos vão usar no nos próximos anos, que fará diferença na hora do próprio usuário fazer suas escolhas.
MAURÍCIO BROINIZI *SECRETÁRIO EXECUTIVO DA REDE SOCIAL BRASILEIRA POR CIDADES JUSTAS E SUSTENTÁVEIS
Apresentou o programa Cidades Sustentáveis, apontando para os 12 eixos temáticos analisados como indicadores para melhorar a vida nos centros urbanos. Mostrou exemplos de cidades no Brasil e no mundo. Falou da ação do movimento junto às prefeituras, que já conta com mais de 200 adesões, entre elas prefeituras de 20 capitais e 53% das cidades com mais de 200 mil habitantes.
ULI SEHER *ARQUITETO E PROFESSOR DA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO DE TOULOUSE, FRANÇA
Destacou o poder de atração das cidades e a necessidade de aproveitar melhor os espaços públicos promovendo a integração com a cultura do local. Enfatizou a importância de priorizar o transporte público e ações em benefício da mobilidade coletiva, destacando exemplos de cidades que usam os mais variados modais. Apresentou exemplo de cidades francesas que resolveram problemas dividindo as cidades em polos. Citou a importância de manter o equilíbrio entre ambiente público e o privado.
JORDI PARDO *ARQUEÓLOGO ESPANHOL
Apresentou o projeto 22@, implantado na cidade de Barcelona, que representou uma renovação urbana a partir da construção de um polo tecnológico em uma área degradada na cidade. O projeto a transformou em um espaço agradável para se trabalhar e conviver, com impulso da cultura e economia criativa. Fez um paralelo com o que pode ser feito no Bairro do Recife, onde está o parque tecnológico do Porto Digital.
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CRAIG NELSON *ESPECIALISTA EM SISTEMAS DE TRANSPORTE INTELIGENTES E DESENVOLVEDOR DE FERRAMENTAS SOBRE MOBILIDADE NA WEB
Mostrou como as redes sociais podem ajudar a disseminar informações e como isso pode melhorar a mobilidade. Falou da tendência de personalizar os aplicativos e reunir os dados em um só lugar, além de sermos smart travellers (viajantes inteligentes). Para ele, as pessoas vão se munir de informação cada vez mais, buscando qual o melhor meio de transporte a ser utilizado, qual o melhor caminho e se há trafego. Também falou do aumento do processo no qual as próprias pessoas alimentam essas informações.
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CAIO FONTANA *PROFESSOR DE PÓS-GRADUAÇÃO DE ENGENHARIA DE TRANSPORTES DA ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
Falou sobre Sistemas Inteligentes de Transporte e aplicações práticas, como monitoramento das vias, semáforos inteligentes, e iniciativas como pedágio Sem Parar, BRTs e monotrilhos, todos em São Paulo, tipos de comunicação e dispositivos embarcados. “A Tecnologia é uma ferramenta importante para a mobilidade. Não há como conceber um corredor de transporte sem monitoramento das viagens em tempo real, por exemplo”, revelou.
NATÁLIA GARCIA *CRIADORA DO CIDADESPARAPESSOAS.COM
Experiência pessoal da paulistana que trocou o carro pela bicicleta, redescobriu a cidade e criou um blog para contar suas histórias. Depois resolveu percorrer algumas cidades do mundo de bike e ver o que os moradores fizeram para melhorar as suas cidades.
WALDIR PERES *SUPERINTENDENTE DE GESTÃO DA AGÊNCIA METROPOLITANA DE TRANSPORTES URBANOS DO RIO DE JANEIRO
Mostrou a experiência do Rio de Janeiro com a ampliação da rede de transporte público existente, como metrô e trem, e adoção de novos modais, como o BRT, com uso de corredores exclusos para ônibus. Também falou da estratégia para receber eventos de grande concentração de pessoas e o bilhete único.
ÂNGELO LEITE
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DANIEL VALENÇA
*PRESIDENTE DA EMPRESA SERTTEL
*OBSERVATÓRIO DO RECIFE
Mostrou diversos exemplos de tecnologia e soluções de tráfego e compartilhamento de bicicletas produzida pela empresa Serttel, que faz parte do Porto Digital e exporta soluções para várias cidades no Brasil e no mundo.
Boas Práticas de Mobilidade, estímulo à educação cidadã, racionalização do uso do automóvel e valorização do pedestre, do transporte público, e das bicicletas. Abordou ações para chamar a atenção da sociedade para a discussão sobre mobilidade urbana, como o Desafio Intermodal, que acontece em algumas cidades do Brasil, e a Vaga Viva, onde pelo menos 8 bicicletas são colocadas na vaga de estacionamento de um carro, mostrando quanto de espaço ele ocupa nas vias.
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ANÚNCIO PREFEITURA DO RECIFE
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