JORNAL NON PARK Edição 1/1
O drama dos catadores sem lixo
A preocupação de Joana Santos com seu futuro não difere da grande maioria dos catadores do Aterro de Gramacho. A coleta seletiva que Caxias quer implantar deve absorver 400 pessoas. Um projeto da UFRJ poderá aproveitar cerca de 300 catadores num galpão do Mercado São Sebastião.
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MPF: lixão de Gramacho ainda é uma ameaça
Aluna | Manuela Múller
Orientador | Otávio Leonídio
1978-2012
E D I TO R I A L Esta edição do primeiro e único exemplar Non Park pretende ser um anexo, do livro referente ao projeto do mesmo nome. O Estado do Rio de Janeiro conviveu durante décadas com o maior depósito de restos e dejetos da América Latina. Este foi alimentados pelos municípios da Baixada Fluminense e, notadamente, pela capital do Estado- O município do Rio de Janeiro. Esta edição realizou uma coletânea de artigos e reportagens que foram “catadas” nas publicações do Jornal O Globo, sobre questões relativas ao extinto lixão (e depois aterro controlado) de Jardim Gramacho. Os concretos e devastadores impactos da instalação do lixão/aterro controlado, encontra neste exemplar o olhar assustado de um ex-catador, sobre a tragédia social que se abateu na sua comunidade. É o relato dos acontecimentos que toca à voz de um de seus muitos protagonistas. Alguns pontos encontrados nas matérias, depõe significativamente sobre as medidas implementadas após o fim das atividades do aterro controlado. Vê-se que essas decisões, de caráter assistencialista, foram incapazes sequer de maquiar as profundas necessidades daqueles trabalhadores, deixando-os em pleno desamparo. Essas catações, como o leitor verá, são fragmentos de uma história
de dor, mas também de organização da comunidade. O grave crime concebido pelo poder público, como solução de um problema , encontra no meio ambiente a sua outra vitima, basta imaginar as consequência produzidas na Baia de Guanabara. Essas notícias, denunciam o empasse cultural e histórico que perpassa as políticas públicas para a preservação da natureza e dignidade humana. As informações divergentes entre matérias mostram a indefinição, falta de documentação e clareza sobre os fatos, datas e história do lugar. A justificativa da escolha de apresentação, através do jornal e do livro, se da a partir do paradoxo, muito presente no pensamento do Non Park, entre o descartável e o permanente. Tendo em vista que o jornal tem, por sua própria natureza, um caráter descartável, o livro é o seu contraponto, pois perdura por gerações. Entende-se o território, no qual o Non Park se desenvolve, como o cemitério de coisas descartadas pela sociedade de consumo. Por outro lado, propõe-se que seja uma incubadora de novas atividades. Destaca-se assim a importância dessas oposições, pois ao invés de se anularem se complementam, como o jornal e o livro.
Implantado em 1976 e fechado no fim de junho de 2012, o Aterro Sanitário de Jardim Gramacho, em Duque de Caxias, continua sendo uma ameaça ao ambiente. Por conta dos 36 anos de lançamento ininterrupto do lixo da região metropolitana por lá, baseado num relatório do Conselho Regional de Engenharia (Crea), o Ministério Público federal (MPF) em São João de Meriti move ação civil pública com pedido de liminar exigindo o monitoramento rigoroso do aterro. Pagina 5
Tumulto ao apagar as luzes Mesmo após desativação do aterro, depósitos clandestinos continuam recebendo lixo - O lixão oficial acabou, mas a sub- África não. Infelizmente, existe uma cumplicidade entre os antigos catadores e esses depósitos clandestinos. há uma economia informal que precisa ser combatida. Não adianta o Inea fechar galpões sem licença, se a prefeitura de Caxias não retomar aquele território.Temos muitos projetos para Jardim Gramaho, mas precisamos esperar o novo prefeito assumir. - O bairro é uma área de mangue, área de preservação permanente (APP). São terras da Secretaria de Patrimonio da União (SPU) e do INCRA , que devem passar por uma regularização fundiária. Pagina 9
C U LT U R A Filme de Vik Muniz mostra projeto do artista no Jardim Gramacho Pagina 11
Os catadores do Aterro de Gramacho, em Duque de Caxias, que será oficialmente fechado amanhã, enfrentaram ontem uma grande confusão para retirar o cartão da Caixa Econômica Federal que dará direito às indenizações pelo encerramento das atividades no local. Centenas de trabalhadores formaram uma longa fila no encontro do CIEP da
O B T UÁ R I O Estamira
região, ponto escolhido para distribuicão dos cartões. Irritados com a demora no atendimento, os catadores começaram a protestar, o que provocou tumulto. Policiais militares intervieram e pelo menos um deles chegou a exibir uma pistola para o alto, a fim de intimidar a multidão. Pagina 12
E C O LO G I A
A catadora de lixo que ganhou as telas de cinema
Manguezal é recuperado e volta a atrair animais junto ao aterro sanitário de Gramacho
Nasceu em 7 de abril de 1941 na Fazenda Jenipapo. Foi protagonista do documentário que levava seu nome, Ëstamira”2005, dirigido pelo cineasta Marcos Prado. Pagina 12
Quem já esteve na área de 1,3 milão de metros quadrados - dos quais 220 mil replantados pelo Projeto de Recuperação do Manguezal de Gramacho- voltou de lá com a impressão de ter descoberto um pequeno milagre no meio do lixo. Pagina 12