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O poder da escolha

CONSULTÓRIO DA MENTE

•MAS ACIMA DE TUDO,

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PODE ESCOLHER!•

É um mundo novo, este em que vivemos agora, e em qualquer cultura ou sociedade a novidade assusta-nos.

Não foi nem há um século que nos abriram as portas da contracepção, dando-nos assim uma nova hipótese de escolha: a possibilidade de escolher não ter filhos. Certamente polémico, este tema mexe com várias facetas do nosso eu: o biológico, a construção do casal, a nossa identidade enquanto seres em família e para a família, o nosso posicionamento social… Afinal, o que acontece agora àquele que tem sido o principal papel da mulher, o papel de mãe?

Seja qual for a sua opinião nesta questão, tente manter a mente aberta e olhar para os prós e contras de ambos os lados.

O QUE NOS LEVA A QUERER SER MÃES?

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Existem inúmeras razões para uma mulher querer ser mãe: queremos transmitir o nosso DNA e manter a linhagem da nossa família, sonhamos com a ideia de construir família com o nosso companheiro, queremos a possibilidade de educar alguém ou simplesmente temos um apelo interior inexplicável. A verdade é que, racionalidades à parte, parece existir um instinto biológico fortíssimo que nos traz essa vontade. Peço antes demais desculpa se este artigo coloca um pouco de parte o papel do homem neste processo, ainda assim é importante mencionar que, não só do ponto de vista

social e emocional mas também biológico, parece existir um forte instinto dentro deles. Mas será realmente assim?

De acordo com a investigação, parece que o biológico só se torna ativo no momento da concepção. Então, o que estará por trás deste desejo, se não é biológico? A resposta está mais uma vez na construção social, quando a sociedade precisava de incentivar as pessoas a terem muitos filhos. Assim, parece que os sentimentos profundos de querer ter um filho têm suas raízes num desejo aprendido de influências sociais e culturais fortes e duradouras - e não biológicas. Se fosse um desejo realmente instintivo, não haveria necessidade de introduzir mensagens sociais ou pressões culturais para nos incentivar.

O que é interessante aqui é perceber que, a partir do momento em que isolamos o instinto biológico, podemos refletir melhor sobre o que move esse nosso desejo interno e refletir verdadeiramente naquilo que queremos “que papel é que pretendo que esta criança venha a desempenhar na minha vida?”.

Podemos perceber o vazio que queremos preencher, se estamos a tentar resolver a nossa relação íntima com um filho, se pretendemos viver através da criança, se todos os nossos amigos estão a dar esse passo e é uma questão de competição, ou tantas outras questões emocionais que possam estar na raiz do desejo e que podem vir a criar problemas a longo-prazo. Esta descoberta interior pode ajudar também a encontrar os nossos pontos fortes e fracos, os nossos maiores receios e as nossas potencialidades, acabando por se evitar decepções a longo prazo, como a chamada depressão pós-parto. Sim,

porque (segundo consta) no momento em que recebemos o nosso bebé nos braços é suposto sentirmo-nos invadidas por uma maravilhosa sensação de amor. O mundo é cor-de-rosa e cheio de felicidade, os amigos e familiares vêm na expectativa de nos encontrar na mais plena alegria e satisfação, com um sorriso nos lábios e os olhos a brilhar. Mas o que é que acontece quando em vez de querermos celebrar só sentimos vontade de chorar?

Ao sermos mães a sociedade ensina que devemos sentir alegria e excitação, não exaustão, ansiedade e decepção, certo? Mas se pensarmos bem, qualquer decisão da nossa vida, seja a escolha de curso ou profissão, do carro ou da casa que compramos, ou até mesmo do nosso companheiro ou marido, nunca é finita em si mesma, podemos sempre alterá-la.

Mas a partir do momento em que somos pais, nunca mais vamos deixar de ser pais. Somos responsáveis pelo bem estar daquele ser até ao fim dos nossos dias, sem férias, folgas ou time-outs. E isso pode ser bastante assustador. Já para não falar de tantos outros receios que invadem as nossas mentes, desde o medo de não saber o que fazer, o medo da criança poder ter algum problema de saúde física ou mental, o medo de não lhes estar a proporcionar as devidas condições ou o medo das mudanças corporais. Tudo isto é de tal forma arrebatador que pode deixar qualquer um completamente petrificado.

Não se fala o suficiente sobre isso, mas a ansiedade, stress, tristeza e mudanças de humor são extremamente comuns na maternidade e não devem ser vistas com maldade. Devemos saber aceitar e tranquilizar as mães, ajudando-as a adaptar-se da melhor forma a esta fase da vida, onde tudo é tão novo.

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