manuella leboreiro

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cv


manuella ferreira leboreiro 9.8.1987 — uberaba, mg manuleboreiro@gmail.com + 55 11 9 8223 7862 rua itapeva, 220 ap.195, bela vista são paulo, sp, brasil

línguas espanhol fluente inglês avançado francês básico

habilidades 2D autocad, illustrator 3D sketchup, vray, archicad layout indesign edição de imagens photoshop edição de vídeos premiere pacote office modelo físico fotografia

formação 2013 — 2018

arquitetura e urbanismo, escola da cidade, sp graduação

2005 — 2010

administração pública, FGV, sp graduação

2008

business administration com foco em marketing, ESADE, barcelona, esp intercâmbio acadêmico


experiência profissional 2018 — hoje

núcleo de design escola da cidade, sp produção de peças gráficas e fortalecimento da identidade visual da escola. trabalha em parceria com a editora da cidade na elaboração de projetos gráficos para publicações diversas. tem um caráter pedagógico e é coordenado por celso longo e daniel trench

2017

lanza atelier, cidade do méxico, mx colaboração como estagiária em projeto de residência unifamiliar e em maquetes para os concursos: pabellón el eco, que se classificou entre os cinco finalistas, e pabellón kiosko 2018

1,5 meses

3 meses

2016

6 meses

productora, cidade do méxico, mx colaboração como estagiária em projetos do escritório e participação em dois concursos de habitação: cocoa oaxaca e in house CA22, que se classificou em 1º lugar musical Forever Young, teatro raul cortez, sp colaboração como assistente de cenografia na construção do cenário e produção de objetos para o musical. [em cartaz: https://www.facebook.com/ pg/ForeverYoungOMusical/videos/?ref=page_internal]

4 meses

2014

6 meses

livro Era o Hotel Cambridge colaboração como assistente editorial no livro de Carla Caffé sobre o filme de mesmo nome filme Era o Hotel Cambridge colaboração no projeto de direção de arte na contrução da cenografia do filme e levantamento fotográfico. projeto realizado na escola da cidade [trailer: https://vimeo.com/203336440]

2012

mastercard, sp prestação de consultoria em gestão empresarial pela consultoria zexann para a empresa mastercard

2009

bradesco corporate, sp atuação como gerente assistente em relacionamento com empresas clientes

16 meses

30 meses


cursos, workshops, concursos 2019

60 horas

11 meses

6 meses

2018

36 horas

disciplina eletiva arquitetura e performance, escola da cidade, sp monitora. caio riscado e yuri quevedo curso de história da arte, sp rodrigo naves curso modos de produção do espaço na arte contemporânea, FAU USP, sp aluna especial. agnaldo farias curso corpo, ambiente e poética, sesc consolação, sp dança in situ. carmen morais, thais ushirobira e fabíola camargo concurso de cartazes 32º Prêmio Design MCB, sp cartaz selecionado para exposição. equipe com sofia villela concurso 120 hours, oslo, noruega menção honrosa no concurso de estudantes da oslo school of architecture and design. equipe com sofia villela e victoria menezes [https://www.120hours. no/2018/04/the-winners-of-120-hours-2018-are/]

concurso Pabellón del Agua, cidade do méxico, mx menção honrosa para o projeto de pavilhão da água na cidade do méxico. equipe com vitor pissaia, thiago benucci, victoria menezes e arcadio vera [http://www.arquine.com/resultados-del-concurso-pabellon-del-agua/]

2017

curso básico de cerâmica, cidade do méxico, mx taller experimental de ceramica

2016

curso Imagem-Espaço, Cinema e Direção de Arte, sp jean-louis leblanc

1 mês

28 horas


concurso Áreas 40, sp 2º lugar no consurso para requalificação de áreas com velocidade reduzida na área do bairo de santana. equipe com denis ferri, marcelo anaf, guilherme paschoal e luis felipe orlando [http://www.archdaily.com. br/br/790560/conheca-as-ideias-vencedoras-do-concurso-areas-40-do-wri-brasil-cidades-sustentaveis]

2015

16 horas

36 horas

2014

18 horas 6 meses

curso Confrontos, sp teorias e práticas do planejamento urbano ministrado por hugo serra e pedro vada CURA, sp curso de representação arquitetônica curso de fotografia, sp teoria da fotografia. luísa telles Coleção Arquiteturas, sp workshop de registro fotográfico das obras de franz heep e carlos millan para workshop de fotografia. moracy amaral e lauro rocha

1 mês

28 Taller Internacional de Arquitectura, cartagena, co workshop Arquitecturas para un recinto amurallado. Uniandes, bogotá

2013

Urban Safari, X Bienal Arquitetura, sp workshop pela Urban Landscape Lab, da escola de arquitetura da universidade de columbia para elaboração de rotas exploratórias na cidade de são paulo e exibição no metrô paraíso

2011

curso básico de fotografia, escola são paulo, sp

1 mês

27 horas 60 horas

pós-graduação em análise e administração do crédito, sp GVPEC, FGV

48 horas

gestão de projetos neurociência aplicada ao consumo novas tendências do marketing e ferramentas ESPM, são paulo

24 horas 15 horas




1

três banheiros três danças

2

abrigo para pesquisadores

3

estufa

4

chidori

5

manifestar: problema e potência do vale do anhangabaú

6

sinalização escola da cidade

7

coleção arquiteturas

8

desenhos e ilustrações



1 três banheiros três danças trabalho de conclusão de curso — 2018 individual orientador: yuri quevedo lugar: são paulo trabalho publicado como ensaio na revista de pesquisa cadernos #7 da escola da cidade — 2019 trabalho selecionado para XII bienal internacional de arquitetura de são paulo — todo dia every day

Diferentes corpos ocupam espaços de diferentes formas. A partir de suas movimentações diárias, podem se tornar importantes instrumento de percepção espacial. Isso possibilita reflexões que propõem outras formas de fazer projeto arquitetônico por meio do diálogo com as demais linguagens, como por exemplo, a dança. Um corpo que ocupa pela primeira vez o espaço de um banheiro desconhecido, um dos lugares mais genéricos e funcionais da casa, é instigado a decifrar as movimentações cotidianas já pré-estabelecidas e produzidas pelo corpo que lá habita. A partir da observação e interação com o espaço, o banheiro pode ser mapeado, conhecido, gerar narrativas e desenhos que refletem outras percepções. Como exercício de adquirir consciência corporal e espacial, o corpo se insere nessa rotina de movimentações e se provoca a partir de ações íntimas em um espaço privado. O espaço do banheiro se torna então palco de investigação e experimentações da relação desses objetos com o corpo que explora.


São 12:11 do dia 7 de novembro. Um S na porta indica a quem supostamente se destina esse banheiro. Estou em um banheiro localizado em um predinho que o Vilanova Artigas, arquiteto modernista brasileiro, projetou na década de 50 no bairro de Santa Cecília. É a segunda vez que entro nele e para mim ainda é um espaço que vai se revelando. De primeira, o que chamou muito a atenção foi o azul quase roxo causado pela luz negra que faz com que todos os tons do banheiro tendam para essa cor. Traz um sentimento de muita serenidade durante o dia. O pé direito é muito alto e, apesar do banheiro não ser muito grande, dá uma sensação de espaço muito amplo. Os detalhes do banheiro e a decoração variam a paleta de cores de forma restrita. O azul, rosa e amarelo prevalecem e o branco serve como plano de fundo e sustenta a claridade desse espaço. O que caracterizam as paredes são os azulejos que medem 15 cm x 15 cm, tamanho facilmente decifrável para um olhar já treinado. São em sua maioria brancos com algumas exceções azuis, que criam uma faixa que coincide com a escala humana que habita esse banheiro, localizada a 1,50 m do chão e percorre por toda a extensão das paredes. Os azulejos sinalizam os 1,80m das paredes do banheiro, quadrado. Diferente dos demais banheiros, o piso é de ardósia, um material muito usado em áreas externas das casas de tempos atrás e que raramente se vê em um banheiro. O piso dá uma sensação de que é um outro lugar, e me traz lembranças de quando criança ficava sentada por horas nesse piso frio do quintal de casa, pensando ainda muito nova, sozinha e com o corpo

encolhido, em questões existenciais bem duras para uma criança. A frieza e sua cor escura colaboram com esse sentimento melancólico e ao mesmo tempo sereno. Mas o corpo está bem. Há uma planta. A espada de são jorge se exibe, pedindo por atenção. Preenche o espaço e se sobrepõe à frieza imposta, trazendo vida, calor, aconchego. Chama por olhares para se mostrar exuberante. Está localizada justamente no meio do banheiro, encostado na quina entre a parede e o vidro do box, separando-os. A privada é branca e tem um formato diferente, olhando de frente parece um vaso de plantas e se complementa esteticamente com a planta. O chuveiro, do outro lado do vidro, é prata e brilha quando é refletido pela luz negra. O piso ainda molhado do box insinua que pela manhã o banheiro já tinha sido palco de sua dança cotidiana ordinária. Ouve-se com clareza gritos de crianças e me atento que somos vizinhos de uma escola infantil. O sentimento de melancolia agora se conflitua com as vozes estridentes das crianças, às vezes parece de desespero, outras vezes que são apenas vozes de diversão. Os objetos que compõem o banheiro estão dispostos de forma despretensiosamente calculada e pensada. São objetos peculiares. Há um bonequinho pelado encaixado pelas pernas no topo do vidro do box e, ao seu lado, um desenho de uma coleção de três que se espalham pelo banheiro. São desenhos de mulheres de calcinha e soutien que têm o rosto tampado e trazem boas lembranças


por serem desenhos de uma amiga da faculdade. Ao mesmo tempo, logo ao lado da privada, há uma foto de uma mulher real, com os seios amostra e o rosto destampado, oposto às dos desenhos. O sorriso amarelo escancara o incômodo da foto, o desconforto de estar naquela posição. Fico sabendo que vem de um sebo de Paris e que a foto é de uma revista erótica de alguns anos atrás. Um quadrinho acima da privada, apoiado em duas torneiras hidráulicas amarelas, chama muito a atenção. O desenho é inocente, infantil. É uma pintura em tela de um por do sol e suas cores se complementam com a paleta do amarelo e azul do banheiro. As demais imagens, que retratam prédios e cidades, indicam o gosto evidente pela arquitetura de quem neste banheiro habita. O cheiro do banheiro é forte de produtos químicos e evidencia que foi limpo recentemente. Mas o cheiro do sabonete também é presente e o conflito é inevitável. Ambos os cheiros já fazem parte de minhas narinas e esse conflito também. A iluminação é presente durante o dia e apesar da única janela estar ao alto, encostada no teto, uma boa quantidade de luz entra. A janela é grande, com caixilho de metal branca e vidro craquelado. Mas pela sua posição no alto da parede, a iluminação é predominante na parte de cima do banheiro, acima da faixa azul dos azulejos, fazendo com que se veja um degrade de luz até o chão e, por ser cinza escuro, intensifica o obscurantismo da parte de baixo do banheiro. Apesar de muitos detalhes comporem as paredes do banheiro, é um espaço minimalista. É um banheiro que não possui um móvel e o único instrumento de apoio é

uma estante metálica pequena, de três andares, que comporta alguns objetos de cuidados pessoais. Na parte de baixo há um rolo de papel higiênico pela metade, que parece ter um uso específico, que não de limpar a bunda. Há também uma nécessaire meio aberta e uma touca. Na primeira estante, estão os objetos de uso mais constante: desodorante, sabonete líquido, escova de dente e pasta, perfume, produtos de barbear, e desentupidor de nariz. Me intriga a tesourinha bem infantil que também compõe essa estante. Fico pensando sua utilidade e imagino que seria útil para aparar a barba ou a franja. Na estante do meio estão perfumes, estoque de desodorantes, shampoo entre crônicas para jovens de clarice linspector, relatos de viagem ao oriente de le corbusier e poesias de ana cristina cesar. Me chamaram muita atenção que esses livros estivessem ali, como que esperando por alguém que sabiamente possa passar seu tempo lendo textos curtos para que a ida ao banheiro não seja tão monótona e a coreografia possa encontrar outros movimentos que saem do padrão cotidiano. São 14:33 e já de saída do banheiro, lavo minhas mãos e percebo o quão pequeno é a pia. Se compõe perfeitamente com um espelho redondo localizado um pouco acima e com o lustre de onde sobressai uma lâmpada muito maior que as que conhecemos comumente, em forma de esfera. Desligo a luz e logo antes, com um último recado, me despeço do banheiro com uma foto que insinua um contexto urbano ao lado do interruptor. Penso que pode ser um recado.




0,68

0,36

0,22 0,175

0,36

medidas em metros

0,40

0,61

0,54

0,79

0,71

planta

0,38


iso


1 espada de são jorge:1 Nome Científico: Sansevieria trifasciata Nomes Populares: Espada-de-são-jorge, Língua-de-sogra, Rabo-de-lagarto, Sansevéria Família: Asparagaceae Categoria: Folhagens, Forrações à Meia Sombra Clima: Equatorial, Subtropical, Tropical Origem: África Altura: 0,4 a 0,6 metros Luminosidade: Meia Sombra, Sol Pleno Ciclo de Vida: Perene elemento ornamental. se adapta facilmente a ambientes internos contanto haja incidência de luz do sol. não suporta muita umidade e portanto o banheiro não é o melhor lugar para ela. 2 livros: passatempo de quem permanece no banheiro por muito tempo. 3 espelho: “reflexo da inteligência ou da palavra celestes fazem surgir o espelho como o símbolo da manifestação que reflete a inteligência criativa. é também o do intelecto divino que reflete a manifestação, criando-a como tal à sua imagem. o espelho não tem como única função refletir uma imagem; tornando-se a alma um espelho perfeito, ela participa da imagem e, através dessa participação, passa por uma transformação. existe, portanto, uma configuração entre o sujeito contemplado e o espelho que o contempla. a alma determina por participar da própria beleza à qual ela se abre2”.elemento importante quando situado em cima da pia. é muito usado para alguém ver a si mesmo enquanto raspa a barba, as axilas, as pernas, a sombrancelha, passa batom, para que a execução da ação ocorra sem contratempos. 4 s:3 é a décima nona letra do alfabeto latino. pode ser também a representação do elemento da tabela científica enxofre, que no latim é sulfur. representa o símbolo de segundos, ponto cardeal sul, representação de abreviatura de substantivo. algumas simbologias: braile

telégrafo óptico

código internacional de sinais localizada na porta de um banheiro, pode querer dizer senhor, senhora, suruba.

5 bonequinho: de plástico. elemento decotativo que compõe os demais. não apresenta gênero e possui somente uma cor, bege, que tenta assemelhar à pele humana. para sua fixação é ideal encaixar suas pernas sobre o vidro de um box. é articulado somente pelas pernas e braços. 6 foto: preta e branca, registra um corpo feminino, magro, com os seios à mostra e o rosto também. parece ser antiga. a expressão facial da mulher exibe certo desconforto com a foto, ao ponto de se achar que foi tirada sob pressão. se assemelha a fotos encontradas em revistas eróticas. 7 desenhos: três elementos decorativos que tem como temática o corpo de mulheres com o rosto tampado. cada desenho tem a predominância de uma cor de fundo: dois deles rosa e outro azul. podem ter um caráter sensual se estiverem em um banheiro. outros dois desenhos representam elementos urbanos e parecem fotos. outro é uma pintura infantil. 8 luz negra:4 pode ser chamada de luz UV-A ou luz ultravioleta. lâmpada que emite luz ultravioleta de onda longa (UV-A) e sem muita luz visível. são essenciais para observação da fluorescência. em ambientes com azulejos brancos, a luz incide nos azulejos e estes refletem uma coloração azulada que toma conta de todo o espaço e todos os objetos que possuem coloração clara. é responsável por caracterizar ambientes frenéticos. 9 piso:5 de ardósia, elemento de rocha metamórfica compacta, de granulação cinza e fina usado geralmente para revestimento de pisos. geralmente é fria, o que gera certo desconforto quando se senta sem roupa. o corpo passa a sentir frio e a tremer. 10 tapete: necessário a presença de dois. usados para secar os pés pós banho e manter o chão do banheiro seco e limpo. 11 banquinho: útil para sentar enquanto se contempla o ambiente. ideal para fazer companhia à quem realiza ações no banheiro.


12

15

17

privada: elemento essencial onde são despejados os excrementos humanos. pode ser utilizada de diversas formas: sentando sobre o assento, estando de pé a sua frente ou estar de pé sobre o assento.

torneira hidráulica: elemento funcional que permite que a água do encanamento localizado dentro da parede do banheiro possa fluir para as torneiras e o chuveiro ou não. útil para apoiar quadros.

lâmina: elemento útil para raspar barbas, pelos das axilas, das pernas, da sombrancelha. é altamente cortante, podendo causar acidentes sem que se perceba. 18 espuma de barbear: elemento utilizado para facilitar o uso da lâmina. pessoas com pouca experiência com o produto tendem a utilizar mais do que o necessário.

7 15 7 7

16

8

5

7 6 3 18 12

13 2

1

17 4

19

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9

19

13 tesourinha: acessório escolar e infantil que pode ser utilizado para aparar a barba ou a franja. útil para outras necessidades do banheiro.

10

pia: elemento importante para auxiliar na higiene. apoio para realizar as funções de barbear, depilar, lavar as mãos, calcinhas, cabelo. garante que toda a espuma de barbear não caia no chão.

14

16

estante metálica: elemento útil para armazenar produtos de higiene pessoal, livros, garrafa de cerveja, camisinha e fósforo.

azulejos: elemento de revestimento de parede propício para banheiros. podem ser de diferentes cores com a função ornamental, inclusive podem delimitar áreas superiores e inferiores do banheiro.


A investigação do corpo no banheiro revela características muito próprias do espaço. A observação começa tímida, com cautela. Um espaço ainda pouco visitado vai deixando de ser estrangeiro a medida que o corpo repousa seu olhar sobre ele. A percepção do espaço em questão se dá a partir de seus aspectos formais tais como a disposição dos elementos, que tipo de funcionalidade estes propõem e que tipo de relação é dada entre eles, que resulta em ações funcionais, cotidianas. Mas não só os aspectos formais orientam a maneira como os movimentos são construídos. As sensações que este espaço provoca também influenciam nas ações que dele originam, caracterizados pela observação a partir da visão, do tato e do olfato, que revela além de composições estéticas, materialidades, texturas, temperaturas, luminosidade e odores. A relação que se faz de ambas as percepções, tanto formais quanto sensoriais, propõe movimentos que ora de complementam e ora se contrapõem. Em um primeiro momento, o espaço se revela sereno e o corpo começa a se desacelerar dos movimentos de uma rotina ordinária que antes realizava com certa intensidade em espaços outros. Se presentifica no banheiro e observa quais funções podem acontecer. Revelá-las requer que a observação aponte os objetos que estão presentes, pois determinam as movimentações que deles são geradas e o agente que as executa. A diversidade de objetos leva a crer que o espaço é mais que um objeto espacial que procura por atuações específicas, ou exercer funções sociais de higiene. Cronologicamente, a medida que o espaço se torna menos estrangeiro, a luz começa a alterar sua poética serena. O banheiro deixa de ter seu sentido funcional e se transforma. Surge uma sala de banho, sala no sentido da palavra, de estar, dependência destinada ao convívio, ao repouso, à leitura. O ambiente passa a ser tomado pela luz azul, intensa, frenética. O banheiro se transforma em um palco de ações que buscam pela demora, pela exaltação, pela experimentação. A experiência no espaço instiga meu corpo explorar tais ações e usar dos objetos presentes, minha ferramenta de movimentações.





maquete 1:100


2 abrigo para pesquisadores metodologia de projeto — 2015 individual orientadores: felipe noto, luis mauro freire, moracy amaral, thiago mendes lugar: serra da cantareira, são paulo

Projeto de um abrigo para quatro pesquisadores ornitólogos na serra da cantareira. A implantação se dá em uma área de floresta densa e por isso foi necessária a escolha de materiais e de uma estrutura modulada e leve que pudesse ser facilmente montada no local. Foi escolhido a madeira pinus para a estrutura e o sistema de encaixe chidori. Chidori é um sistema de articulação encontrado em brinquedos tradicionais da cidade de Hida Takayama, Japão, onde 3 varetas são orientadas em 3 diferentes direções e unidas em um único ponto. Pregos ou cola não são necessários. O projeto busca em seu desenho criar espaços de convívio e trabalho com menor área possível e a transparência que a estrutura proporciona e as diferentes cotas do projeto visam ampliar a capacidade de observação e estudos dos ornitólogos.


encaixe

peças

1 peça a a

b

2

a

b

3

peça b c a

b

4

c a b

5

peça c c a

conexão das peças

conector quadrado pinus

quadrado pinus

2 x 2 x 48 cm

6 x 6 x 240 cm


a

0 0.3

0.9

escritรณrio

2.1


0 0.3

0.9

dormitรณrios

2.1


4.40 m

5.00 m

6.20 m

0 0.3

0.9

cobertura

2.1


0

a

0.3

0.9

2.1



maquete 1:100


3 estufa metodologia de projeto — 2016 individual orientadores: anderson freitas, fabio valentim, vito macchione, joaquin gak lugar: mooca, são paulo

A linha férrea se localiza na fronteira de três bairros da Mooca que tiveram consolidações diferentes. É um fator que teve grande influência na formação da malha urbana e no enraizamento dos galpões industriais. A estratégia geral visa integrar essa malha urbana com a cidade, solucionando as grandes quadras existentes. A área de interesse para o projeto está na zona patrimonial tombada no perímetro férreo da mooca, entre a Av. Presidente Wilson, a Rua da Mooca, Rua Borges Figueiredo e a Rua Sarapuí e tem uma condição de espaço deserto, sem atividades de lazer, comércio, vida noturna, tendo a linha férrea como barreia física que corta o bairro em duas parcelas desconectadas. A estufa é criada como uma alternativa de ativação da região. Conta com cinco grandes pavilhões distribuídos pela grande área junto à linha do trem, possibilitando o acesso fluído do pedestre pela área verde criada entre eles. São pavilhões que atraem o olhar de quem caminha, rebaixados 4 metros abaixo da cota zero. Revestidos de vidro, proporcionam conexão visual e física do que acontece dentro. Os pavilhões são destinados à estufa temperada, aviário, estufa para produção de hortaliças e plantas aromáticas, aquário e área de piscina destinada ao banho e lazer e, por fim, a estufa tropical.


0 4

12

implantação

32

72



a

0 4

12

planta + 4.00

32

72


b



0

a

2

4

12

28


estufa tropical

estufa de produção

aviário


piscina

0 4

b

12

aquรกrio

32

estufa temperada

64



4 chidori desenho — 2015 equipe: ana carolina medeiros, glauber triana, lígia zilbersztejn, manuella leboreiro orientadores: alexandre benoit, guile mendes da rocha, marina canhadas lugar: -

O projeto trata de um módulo expositivo utilizando o encaixe chidori que tem como principal vantagem a fácil montagem e transporte da peça além de não ser necessário nenhum tipo de parafuso ou cola para travar. O módulo pode ser utilizado tanto na horizontal como na vertical e, com o encaixe de tampos de madeira, o módulo pode servir como estante, mesa, estrutura para exposição. Foi realizado um protótipo utilizando madeira pinus e foi cortada pela máquina CNC.


2

3

1

1

2

3

quadrado pinus 4 x 4 x 204 cm

quadrado pinus 4 x 4 x 90 cm

quadrado pinus 4 x 4 x 90 cm


planta

planta

elevação lateral

elevação frontal

elevação

0 0.15

0.45

0.9





5 manifestar: problema e potência do vale do anhangabaú estúdio vertical — 2016 equipe: bruna marchiori . fernanda colejo, julia daudén, manuella leboreiro, tiago guimarães orientadora: fernanda barbara lugar: vale do anhangabaú, são paulo

O trabalho faz uma análise sobre o uso do Vale do Anhangabaú desde seu primeiro olhar registrada na história até hoje. O lugar revelou-se como desdobramentos das transformações urbanas e sociais da cidade. Esse local tem em seus primeiros registros a história mística do Anhangá. Após anos, foi terreno para plantação de chá, estrutura viária para trânsito de carros e, uma grande praça aberta, que hoje tem um caráter de abandono, um local ermo. São heterotopias conformadas pelos anos, pelas diversas formas de habitar. O novo uso significativo do vale para a cidade chamamos de virada. Foram identificadas cinco e uma sexta possível virada é ensaiada. Para isso, embasou-se essa investigação em Foucault e na análise da ocupação pelo povo e suas diversas formas de ocupar e manifestar. A análise detém um olhar no que esse ponto geográfico representa, um espaço físico que somente após a apropriação se tornou um lugar com um significado. É exposta em uma publicação e contempla três partes: I. manifestar II. linha do tempo III. virada?


Parque extenso, a enorme área livre intimida os usuários de sua borda a adentrarem. Bancos? Sombra? Inabitado e inóspito, valentes transeuntes caminham sobre ladrilhos viciados pela memória.

michael wesely

cotidiano

manifestação


heterotopia (...) há outros [lugares] que são absolutamente diferentes: lugares que se opõem a todos os outros, destinados, de certo modo a apaga-los, neutralizá-los ou purificá-los. São como contraespaços. As crianças conhecem perfeitamente esses contraespaços, essas utopias localizadas. é o fundo do jardim, com certeza, é com certeza o celeiro, ou melhor ainda, a tenda de índios erguida no meio do celeiro, ou é então - na quinta-feira à tarde - a grande cama dos pais. É nessa grande cama que se descobre o oceano, pois nela se pode nadar entre as cobertas; depois, essa grande cama é também o céu, pois se pode saltar sobre molas; é a floresta, pois pode-se nela esconder-se; é a noite, pois ali se pode virar fantasma entre lenções; é, enfim, o prazer, pois no retorno dos pais, se será punido. Em geral, a heterotopia tem como regra justapor em um lugar real vários espaços que, normalmente, seriam ou deveriam ser incompatíveis. FOCAULT, Michel


início

FAUUSP, 1995. p.21.

Colonial. Cadernos de Pesquisa do LAP No 08.

Urbanismo no Brasil, Primeira parte: Período

REIS FILHO, Nestor Goulart. Notas sobre o

extremamente urbanísticos partidos

semelhantes.”

tinham

pontos de apoio ao sistema de dominação e defesa,

vale à retaguarda e conventos dispostos como

bordas das respectivas encostas, com um pequeno

extremamente sítios em implantadas

semelhantes. Instaladas sobre colinas, junto às

foram

Salvador, e modesta vila de São Paulo, no Planalto,

como culturais. A principal cidade, que era

seus sítios padrões que só podem ser explicados

“Na fase inicial, os núcleos urbanos repetiam em

a visão do colonizador

São Paulo de Piratininga +20 a +25 metros dos fundos de vale

águas do mau espírito do anhangá

Quais fatores permitiram as viradas tomarem parte na história? A virada é tomada como uma resposta aos movimentos concretos, e historicamente, como a síntese de um embate entre o olhar dos agentes institucionalizados de transformação do espaço. Mas, o que propomos é, nesta conjuntura, tentar observar como uma virada pode vir não só de cima, dos mesmos movimentos que sempre conduziram a transformação e expansão da cidade, mas também daqueles que usufruem dela, portanto, a parte da população que a habita de uma maneira contemporânea e urbana.

os jesuítas, a colina histórica e o vale Neste contexto primordial o Vale do A fundação da cidade de São Paulo em Anhangabaú já fica sugerido como formador 1554 pelos padres jesuítas portugueses desta escolha portuguesa por seu local timeline vale anhangabaú: viradas remonta a uma colonização típica lusitana primeiro, o que significa que sua presença e suas colônias. Os territórios ocupados no na história da cidade representa, quem sabe, momento inaugural do que viria a se construir uma das mais antigas preexistências na como cidade tem características específicas discussão da cidade, um elemento natural deste tipo de dominação que sempre que desses ser considerado nas A cidadecolonizadora, como vemos hoje étivera vítima

a frente da c “ A face leste da coli

do Tamanduateí, de “frente” da c

até a metade do visão de São Paulo

interior ou do lito encosta. Era també

e é aquele implantado - quasedo sempre tomadas de decisão dos e agentes do desenho agentes, capital como urbanista, sobre pontos altos do relevo, próximos aos urbano, o relevo primeiro de São Paulo. segue suas regras até o limite: a expansão rios - e portanto, vales - nas colinas, que indiscriminada e irrefreada. representavam um sistema estratégico de

que chegavam as canoas que naveg alimentavam os q na várzea do Carm

organização espacial e controle da terra.

da cidade era ba comunicavam a pa várzea (…)”


Mas, podemos propor uma inversão, dar à cidade sua autonomia por direito. Se mudarmos o ponto de referência, a cidade aparece no território antes pela ocupação espontânea e informal do que com a prédeterminação de quem governa aquele território. A virada não existe nem antes nem depois de uma transformação concreta, ela anuncia o novo sentido que o espaço já contém em si, em seus signos e ocupações. As manifestações, no entanto, que ocorreram no Vale do Anhangabaú, são exceções fabulosas, destacadas do uso cotidiano dali. Devemos apreender os sentidos que existem nas manifestações, considerálos como são, únicos, especiais, e capturar a potência que o Vale tem como espaço. Entender que a experiência da manifestação indica o potencial do manifestar do Vale, mas diariamente é onde existem as maiores falhas e deve se transformar os modos de habitar. Criar essa ponte indissociável entre a experiência sensível da manifestação e o habitar cotidiano do Vale é o que conduzirá a nova virada para esse espaço. Os atuais elementos no local limitam não só o habitar cotidiano como a potência das manifestações. Eliminar a limitação do espaço com seu significado atual de fundo de vale, de um obstáculo a ser superado.

diagrama de problemas: barreiras


Mesmo com a identificação da exceção fabulosa que exacerba o sentido do manifestar no Vale do Anhangabaú, nota-se que a situação atual em termos de desenho e de deslocamento em relação à cidade ficam explícitos nessa tentativa de ocupação. As manifestações de 2016 escancaram a incompatibilidade da laje-parque com uma vocação pública. Elas revelam que o Vale não pode, tal como está hoje, cumprir o papel de palco do exercício cívico em seu sentido pleno. Todas as indicações de caminhos e, sobretudo, a compreensão de que o Vale do Anhangabaú foi apontado num momento focal como potência, revelam ainda, no entanto, que a nova virada está anunciada para o local. A eminência desse momento deixa clara a impossibilidade hoje de entender o que está por vir.

diagrama de ocupação do vale: manifestação

diagrama de potencialização do vale


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publicação http://ev.escoladacidade.org/portfolio/g28-2/



6 sinalização escola da cidade núcleo de design escola da cidade — 2019 equipe: mateus tenuta, anita solitrenick coordenadores: celso longo e daniel trench Projeto de sinalização para o edifício da escola da cidade, faculdade de arquitetura e urbanismo. O projeto é pensado a partir da ideia de bandeiras de perfil metálico com informações gravadas em serigrafia branca que sinalizam os espaços do edifício.


escola da cidade

cursos livres escola da cidade

faculdade de arquitetura e urbanismo

arquitetura paulista na 21.4 — 30.6

a escola itinerante da escola da cidade em são paulo

9h30

organização estúdio artigas

seminário internacional sesc / escola da cidade

habita cidade

arquitetura de exceção:

artista gráfico no nascido em formou-se arquitetura e trabalha e com livros

andrés al sandov as

o pavilhão do brasil na expo'70 osaka paulo mendes da rocha

ilustrações em escala

ambiental

processo seletivo 2019

arquitetura é forma de conhecer

etur arquitpel de pa

.

.

inauguração da galeria de arquitetura

27.10.2018

.

inscrições até 5.6

inscrições 20.8 — 10.12

11—12.9 17h—19h

provas 11.12 — 13.12

rua general jardim, 65

+info ec.edu.br

realização: desenho: bruna canepa

10

inscrições até 27.4 16.7 — 29.7 ec.edu.br

painéis de informações no acesso do edifício chapa metálica. perfil em “c”

t2

arquitetura é forma de conhecer desenho: bruna canepa

.

.

arquitetura paulista na

.

realização:

t1

21.4 — 30.6

a escola itinerante da escola da cidade em são paulo

9h30

organização estúdio artigas

t6

painel de informações nos andares chapa metálica. perfil em “c”

t3

detalhe perfil metálico

0 0.6

1.2

2.4

escola da cidade


editora

comunicação elevadores serigrafica branca fosca tubo de aço carbono retangular 2400 x 120 x 60 mm

0

0.6

1.2

2.4

núcleo de design


comunicação em bandeira serigrafia branca gravada em tubo de aço carbono retangular 600 x 120 x 60 mm

0

0.15

0.3

0.6


sala de aula estúdio núcleo de design editora da cidade

4

identificação andares serigrafia branca em porta metálica

núcleo de design

identificação vinil de recorte 0

0.3

0.6

1.2



7 coleção arquitetura orientadores: moracy amaral, lauro rocha lugar: são paulo

Registro fotográfico das obras do arquiteto Franz Heep e Carlos Millan na cidade de São Paulo durante o ano de 2014 e contribuição fotográfica para edição do livro. Coleção arquiteturas trata-se de livros realizados pela escola da cidade, que expõe a produção contemporânea de arquitetos importantes no cenário da arquitetura latinoamericana com trabalhos até então pouco divulgados.

foto por Luiz Eduardo Solano


franz heep



carlos millan




8 desenhos e ilustrações Desenhos de observação e ilustrações didgitais realizados entre 2013 e 2017.










Ilustração realizada do caminho em construção no espaço livre exercício único — 2017 equipe: ana carolina medeiros, bruno rissardo, clarissa mohany, glauber triana, isabella rosa, luiz felipe orlando, manuella leboreiro lugar: associação mutirão filhos da terra, são paulo



manuleboreiro@gmail.com +55 11 98223 7862


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