Número 15 • Outubro de 2011
De mãos dadas com a comunidade
Dia do Bem Fazer promove cultura do voluntariado e multiplica parcerias a favor do desenvolvimento comunitário
nesta edição Número 15 | Outubro de 2011
3 Editorial 4 Entrevista Maria Helena Guimarães de Castro e Sérgio Haddad apresentam diferentes pontos de vista sobre a questão docente no Brasil
8 Panorama Social Censo Gife, pesquisa bienal sobre o perfil do investimento social privado no Brasil, ganha versão online
10 Infância Diálogo sobre o planejamento do futuro é a base de ações que visam diminuir o número de casos de gravidez entre adolescentes
14 Educação Básica Replicação de boas práticas é a chave para alcançar meta de universalizar o acesso de pessoas com deficiência à escola regular
20 Empreendedorismo Investimento social planejado do ICC e construtora Camargo Corrêa garante continuidade de projetos de geração de renda
24 Voluntariado Dia do Bem Fazer mobiliza milhares de voluntários e incentiva parcerias a favor do desenvolvimento comunitário
33 Cartas 34 Inovações Sustentáveis Construtora Camargo Corrêa lança Plano de Gestão de Carbono com ações para reduzir emissões em 37% até 2020
36 Ações&Parcerias ICC e Oficina de Imagens capacitam Comitês de Desenvolvimento Comunitário para produção de boletins
38 Artigo Mónica Beatriz Galiano, diretora da Iniciativa Brasil, traça um perfil do voluntariado em empresas globais
10 ideal comunitário
editorial
Transformações Em 2009, quando o Grupo Camargo Corrêa comemorou seus 70 anos, idealizamos o Dia do Bem Fazer – evento dedicado ao voluntariado corporativo. A receptividade foi tão grande que ele passou a fazer parte do calendário anual de atividades das empresas do Grupo, porém não imaginávamos que pudesse ter um crescimento tão rápido. O slogan espaço de dois anos e ao chegarmos à terceira edição do Dia do Bem Fazer, podemos notar
uma grande transformação na forma como cada empresa e cada profissional do Grupo
abraçou a ideia de que é possível, com um pouco de altruísmo, sensibilidade e dedicação, contribuir para transformar a realidade das comunidades onde vivemos e trabalhamos.
A incorporação do evento à agenda das empresas tem contribuído também para for-
talecer a relação de seus profissionais, do ICC e das empresas do Grupo com as comuni-
dades onde estão inseridas. A capacidade de articulação e mobilização dos comitês locais tem possibilitado o surpreendente crescimento do número de parceiros a cada edição do
Dia do Bem Fazer. Este ano contamos com a participação efetiva de 630, entre clientes, fornecedores, ONGs, escolas e poder público.
foto: paulo caruá
do evento – “Quem faz hoje muda o amanhã” – mostra-se cada vez mais verdadeiro. No
“O slogan do Dia do Bem Fazer – ‘Quem faz hoje muda o amanhã’ – mostra-se cada vez mais verdadeiro.”
Mais do que isso, o Dia do Bem Fazer foi apropriado pelos voluntários, que, afinal,
são quem de fato promovem mudanças dentro e fora dos seus locais de trabalho. O com-
promisso dos profissionais do Grupo com a transformação social tem se desdobrado em
novas ações e em um forte apoio a outras iniciativas do Instituto Camargo Corrêa, confirmando a vocação do Dia do Bem Fazer de ser um catalisador de mudanças a favor do desenvolvimento comunitário.
Outra forma de promover transformações é o diálogo. A implementação dos progra-
mas e projetos do ICC tem sido acompanhada de um esforço de informar com transparência e de dialogar com todos os atores envolvidos. Um exemplo é o projeto CDC Comunica, resultado de uma parceria com a organização Oficina de Imagens e que tem
dado todo o apoio necessário aos Comitês de Desenvolvimento Comunitário (CDCs) para a produção regular de boletins informativos. Os CDCs são a base da implementação dos programas, especialmente do Infância Ideal, e o fortalecimento de suas ações através
da comunicação é mais um passo na direção de garantir uma comunidade cada vez mais fortalecida e independente nos municípios onde o ICC está presente.
Nesta edição da revista Ideal Comunitário – outro investimento do Instituto na co-
municação com seus parceiros –, destacamos ainda dois temas que merecem atenção: a gravidez na adolescência e a universalização da educação inclusiva. A matéria sobre a
continuidade dos projetos do Instituto nas regiões onde grandes obras já foram concluídas demonstra o compromisso do Grupo Camargo Corrêa em deixar sempre um legado social, de modo a contribuir para a construção de comunidades cada vez mais preparadas e comprometidas com a superação de seus desafios.
Francisco de Assis Azevedo, diretor executivo do Instituto Camargo Corrêa ideal comunitário 3
entrevista foto: Cristiano Costa/Iluminart
Maria Helena Guimarães de Castro e Sérgio Haddad
A questão docente Dois especialistas em educação – Sérgio Haddad e Maria Helena Guimarães de Castro – contribuem com o debate sobre as políticas voltadas para a formação e a motivação dos professores no Brasil
4 ideal comunitário
Não há quem questione que universalizar o acesso à educação e que toda escola ofereça educação de qualidade é uma tarefa urgente. Por isso mesmo, as propostas para lidar com este desafio são várias e tão variadas que, muitas vezes, chegam a parecer antagônicas. Um dos exemplos de como os debates sobre os rumos das políticas educacionais pode ser acalorado envolve, justamente, um dos elementos-chave do sistema educacional: o professor. A adoção de medidas que incluem os resultados dos alunos, escolas e dos próprios professores em avaliações oficiais como critério para a remuneração dos docentes – os chamados bônus por desempenho – motiva embates entre governos e sindicatos e é avaliada de forma bastante diversa por especialistas. Um
foto: Pablo de Sousa/Cia. de Luz
estudo realizado pela organização Rand Corporation colocou mais lenha na fogueira ao apontar a ineficiência das medidas baseadas na meritocracia adotadas pelo governo de Nova York. A pesquisa mostrou que a distribuição de bônus não fez com que o desempenho dos alunos melhorasse. Os professores disseram não se sentirem mais motivados apenas por receber um acréscimo salarial. A questão docente, no entanto, não se restringe apenas à discussão das melhores formas de remuneração. Há o problema da formação de professores, tanto no que diz respeito a quantidade – já que a perspectiva é que, com o aumento da demanda nos vários níveis de ensino, especialmente no Ensino Médio e na Educação Superior, faltem professores em várias áreas – como em relação à qualidade. Para contribuir com a diversidade desse importante debate, Ideal Comunitário convidou dois especialistas para um diá-
logo sobre a questão docente. Sérgio Haddad é economista, doutor em educação e coordenador geral da Ação Educativa, organização que ajudou a fundar em 1994 e que hoje é uma referência tanto na produção de conhecimento acerca das políticas públicas na área da educação e da juventude, como em projetos que promovem os direitos educativos. Maria Helena Guimarães de Castro é socióloga, foi presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas em Educação Anísio Teixeira (Inep) de 1995 a 2001, secretária executiva do Ministério da Educação em 2002 e secretária de Educação do Estado de São Paulo entre 2007 e 2009. Hoje, é coordenadora geral da ONG Parceiros da Educação. Ambos especialistas receberam as mesmas perguntas, respondidas por escrito. Desta forma, as respostas estão reproduzidas tal e qual foram formuladas por Haddad e Maria Helena. Ao debate. ideal comunitário 5
entrevista Maria Helena Guimarães de Castro e Sérgio Haddad
Qual o peso da variável “professor” na equação da educação de qualidade? Maria Helena Guimarães de Castro - Recente estudo internacio-
foto: Pablo de Sousa/Cia. de Luz
nal realizado com dados do Pisa [avaliação feita pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE)] pela [consultoria] Mc Kinsey, sintetiza muito bem a questão quando afirma que “nenhum sistema de ensino é melhor do que seus professores”. Recrutar, formar, dar continuidade à formação, valorizar os professores com uma carreira atraente não é um desafio apenas para o Brasil. Nos processos de reforma educacional que vários países estão vivendo desde final dos anos 80, a formação inicial de professores tem se revelado um fator sobre o qual há pouco consenso. Em consequência, é difícil definir que rumos devem tomar as mudanças necessárias. Em nosso país, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, aprovada em meados dos anos 90, criou novas instituições e cursos para formação inicial dos professores da educação básica em nível superior. A revisão que esses dispositivos legais impuseram explicitou cisões corporativas e diferenças de concepções e de práticas ainda não resolvidas sobre a formação de professores no Brasil. As políticas dedicadas à ampliação do acesso à educação escolar não se detiveram na qualidade dos professores. No entanto, garantido o acesso, nenhum esforço de melhoria qualitativa do ensino pode dispensar professores capazes de promover a aprendizagem dos alunos. Essa constatação remete obrigatoriamente à qualidade dos programas ou cursos de formação docente, inicial ou continuada. O reconhecimento da importância do professor e de sua formação para a qualidade do ensino tem se ampliado muito entre estudiosos e gestores da educação escolar ao redor do mundo. Não há como promover educação de qualidade sem bons professores e, para isso, a formação inicial e a atratividade da carreira aparecem em todos os estudos como fatores decisivos. Sérgio Haddad - Eu diria que não é uma variável, mas sim uma “principável”, e com enorme peso. Sem o/a professor/a, não é possível realizar uma educação com qualidade. Pode haver instrução, informação, mas nunca educação de qualidade. Para que ela possa ocorrer, é necessária também uma relação de qualidade entre “professor/a” e “aluno/a”, base de qualquer princípio de ensino e aprendizagem. 6 ideal comunitário
Uma relação que respeite o diálogo como elemento fundante da aprendizagem e que seja firmada com ênfase na construção e transmissão de conhecimentos, normas e comportamentos. É sua responsabilidade fazer da escola uma comunidade educativa, baseada no espírito cooperativo onde todos aprendem: alunos, professores, funcionários, pais, comunidade. Há décadas, os baixos salários dos docentes estão na berlinda. Hoje, governos estaduais e municipais distribuem bônus por resultados, mas estudos recentemente divulgados apontam a ineficácia de políticas baseadas na meritocracia. O que seria, afinal, uma política salarial eficaz para garantir o interesse e a dedicação dos docentes à tarefa de ensinar? Maria Helena - Os estudos sobre o impacto da valorização do mérito do professor levam a diferentes conclusões. Entre elas, destaca-se a importância da valorização da equipe da escola como um fator positivo, mas não suficiente, para assegurar a qualidade da educação, e uma política salarial eficaz não prescinde da qualidade dos resultados da aprendizagem. É também fundamental estabelecer carreiras atraentes que, além da boa remuneração, assegurem boas condições de trabalho, como a fixação dos docentes numa só escola articulada com regras claras de compromisso do professor com o projeto pedagógico da escola e com os resultados da aprendizagem. A boa escola é aquela onde os alunos aprendem e não há como garantir o direito de aprender a todos os nossos alunos sem professores bem formados, comprometidos e valorizados. Haddad - Uma política salarial eficaz é uma política que garanta o exercício da profissão de educador/a com dignidade. Uma política que garanta a ele ou a ela viver com qualidade , assim como sua família, e em condições de realizar o seu aprimoramento constante, seja por meio de cursos de educação continuada, seja participando de processos sociais e culturais que garantam uma boa compreensão e inserção sobre a realidade em que vive como cidadão ou cidadã. A política de bônus é baseada no conceito “ganham uns x perdem outros”, numa lógica competitiva que não ajuda a valorizar o professorado, mas sim o coloca em uma arena de disputa. Temos que nos comprometer
As políticas educacionais atuais atendem a demanda de formação continuada dos professores? Maria Helena - Estudos feitos a partir do
resultado de avaliações de desempenho dos alunos têm sugerido que a formação do professor em nível superior tem uma relação positiva com o desempenho dos alunos. No entanto, quando se comparam, entre os professores que fizeram curso superior, os egressos de cursos específicos para o magistério e aqueles que fizeram outro curso superior qualquer, não se observa relação positiva maior para os primeiros. Em resumo, alunos com professores especificamente preparados em cursos de formação docente e alunos com professores preparados em qualquer outro curso superior não apresentam diferenças significativas em seu desempenho. Há desinformação, mal entendidos e distorções nas visões em disputa a respeito de onde, como, em quanto tempo, com quais enfoques teóricos e metodológicos deve ser formado o professor da educação básica. O investimento federal nessa área certamente vai atrair uma grande quantidade de propostas e não existem bons modelos de formação devidamente consolidados. Os debates e impasses ocorridos nos fins dos anos 1990 e início dos 2000 colocaram em evidência que a tendência do mundo acadêmico é a de repetir velhos esquemas que vêm se comprovando ineficazes há muito tempo. Em resumo, a formação inicial articulada à didática em sala de aula, tanto nos cursos de pedagogia como nas licenciaturas é seguramente a base da formação docente. A formação continuada é indispensável para o aprimoramento constante dos profissionais da educação, mas não resolve as lacunas deixadas por uma formação inicial de baixa qualidade. Uma política educacional séria deveria fazer uma reforma radical nos cursos de formação inicial de professores, que infelizmente estão distantes do que se passa na escola, na sala de aula. Haddad - Algumas sim, outras nem tanto. O grande problema da formação continuada do/da educador/a não é a necessidade da sua existência, presente em qualquer profissão. O grande
problema está no fato de a formação continuada ter de cumprir a função de substituir a formação básica que não foi realizada com qualidade. E isto a formação continuada não dá conta, pois não nasceu para tal fim e não conta com as condições de tempo e infraestrutura para realizar esta missão. A lógica perversa do sistema é que estes professores que agora estão na escola pública são produtos da própria escola pública, que é o local onde a maioria da população faz a sua educação básica (90%). Portanto, está nas mãos dos profissionais de agora a formação dos profissionais do futuro, que, no longo prazo, determinará a qualidade da escola. Eles não têm culpa da formação que receberam, mas são os responsáveis pela formação básica dos profissionais do futuro. foto: Cristiano Costa/Iluminart
com políticas onde “ganham uns x ganham outros”. Com isto, ganha a educação. Não podemos nos esquecer de que a escola é um local de aprendizagem e vivência de valores.
O que é preciso fazer para enfrentar o déficit de professores em vários níveis de ensino? Maria Helena - Este não é um problema exclusivo do Brasil e afeta diferentes sistemas de ensino pelo mundo afora, mesmo em países mais ricos e desenvolvidos do que o nosso. O déficit de professores em vários níveis poderá ser minimizado com uma carreira atraente que desperte o interesse dos melhores alunos e valorize a profissão docente como questão estratégica ao desenvolvimento do país e fortalecimento da democracia. Haddad - Valorizar a carreira do professorado e dar dignidade a ela. Este é o aspecto principal. Deixar de culpabilizar o/a docente por todos os males do ensino brasileiro. Uma vez conquistada esta condição, que vale para todo profissional, estimular o trabalho do professorado nas disciplinas onde há déficit. Isto se faz oferecendo vantagens comparativas frente ao mercado de trabalho, como é o caso de professores nas áreas de exatas ou biológicas no Ensino Médio, por exemplo. Ainda mais em um clima de crescimento do emprego e da renda como o que estamos vivenciando no Brasil. Tais vantagens comparativas devem incluir incentivos de natureza cultural e profissional. Esta mesma lógica deve prevalecer para incentivar o professorado que já está na escola pública a assumir responsabilidades em escolas mais distantes dos grandes centros e para atuar em bairros mais carentes. ideal comunitário 7
panorama social Impacto dos investimentos dos associados ao GIFE, em 2010 24 milhões de brasileiros beneficiados R$ 2 bilhões investidos 82% das instituições investem em educação; 60% em ações para a juventude e 60% na área da cultura (Fonte: Censo Gife 2009-2010)
foto: Gustavo Ferri
Um mapa online do investimento social privado
Investimentos em crianças e adolescentes A proteção às crianças e adolescentes brasileiros contou com um reforço financeiro de peso nos últimos anos. De acordo com dados do Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef), os investimentos público e privado saltaram de R$ 28,9 bilhões (equivalente a 1,25% do PIB), em 2006, para R$ 56,3 bilhões (1,79%), em 2009. A participação do setor privado é bastante significativa. As 945 companhias do programa Empresa Amiga da Criança investiram, no ano de 2010, R$ 4 bilhões em ações sociais que beneficiaram crianças e adolescentes de 315 municípios em 23 estados brasileiros, segundo dados da Fundação Abrinq – Save the Children. 8 ideal comunitário
Criado há 15 anos, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) produz desde 2001 um relatório bienal com os números do Investimento Social Privado (ISP) de seus associados, os maiores investidores privados do Brasil na área social. Nestes dez anos, o Censo Gife tornou-se referência para se conhecer a face social das empresas. Este rico conjunto de dados agora está disponível a todos no Censo Gife Online – www.gife.org.br/censogife. Lançado em agosto, o banco de dados online permite que pesquisadores e outros interessados no tema utilizem os dados já coletados, fazendo novos cruzamentos e gerando informações inéditas sobre o setor. O Gife ainda pretende criar uma plataforma única para reunir informações de todo o investimento social privado brasileiro nos próximos anos. Hoje, a organização concentra informações dos 131 associados, que, juntos, investiram aproximadamente R$ 2 bilhões em programas sociais no ano de 2010, o correspondente a 20% do total destinado por todo o setor privado nacional, de acordo com dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Visão 2020 Uma das funções das estatísticas agora disponibilizadas pelo Gife é possibilitar o planejamento do setor privado em relação aos investimentos sociais. O próprio Grupo, com base na análise histórica dos dados do Censo Gife e contando com a participação da sua rede de organizações, propôs a Visão 2020, definindo diretrizes para a evolução do Investimento Social Privado no Brasil na próxima década. As tendências gerais para o desenvolvimento do ISP até 2020 são três: foco e impacto norteando o planejamento; alianças e parcerias intra e intersetoriais e diversificação dos modelos de organização do ISP. Hoje, de acordo com a análise dos resultados do Censo Gife 2009-2010, o ISP tende à concentração em projetos das próprias organizações que os financiam e também em algumas áreas de atuação, como educação, juventude e cultura. Outra característica do investidor social privado é definir estratégias a partir de indicadores econômicos e sociais, além de considerar um horizonte curto para o desenvolvimento dos projetos que apoia.
foto: Divulgação
NA INTERNET v A cesse o Censo GIFE Online em www.gife.org.br/censogife
Letra Miúda: Avaliações educacionais A Avaliação Brasileira do Final do Ciclo de Alfabetização (Prova
Direto ao ponto
ABC) revelou que 56,1% dos estudantes aprenderam o que era esperado em leitura e 42,8% em matemática, com grande va-
A cada dois anos, desde 2001, o Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife) publica o Censo Gife, revelando o perfil do investidor social privado no país. Andre Degenszajn, gerente de Programas do Gife comenta as características mais perenes e as mudanças verificadas no setor na última década:
riação entre as regiões e as redes de ensino pública e privada. Parceria do movimento Todos Pela Educação com o Instituto Paulo Montenegro/Ibope, a Fundação Cesgranrio e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), a Prova ABC verifica a qualidade da alfabetização das crianças que concluíram o 3º ano (2ª série). Cerca de 6 mil alunos de escolas municipais, estaduais e particulares de todas as capitais do país responderam às provas, aplicadas no primeiro semestre de 2011.
O que os 10 anos de Censo Gife revelam sobre o Investimento Social Privado no Brasil? Há grande heterogeneidade no perfil dos associados do Gife. No entanto, é possível afirmar que o investimento social tem crescido e se tornado parte da cultura das empresas. Um exemplo disso foi a pequena redução no volume investido (5%) pelos associados Gife diante da crise financeira no final de 2008. Em outro contexto, seria esperado que o corte fosse muito maior, se o investimento social fosse considerado algo dispensável à atuação da empresa.
Conheça as outras avaliações nacionais do Ensino Fundamental: Saeb – Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica: Avalia a qualidade do sistema educacional brasileiro a partir de testes padronizados e questionários socioeconômicos aplicados a estudantes do 5º e 9º ano (4ª e 8ª séries) do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio. Enem – Exame Nacional do Ensino Médio: Criado como ava-
E que mudanças ocorreram neste período? Os investidores têm procurado articular mais as ações às políticas públicas. Há avanços também no que se refere à gestão, particularmente na prática da avaliação de projetos e realização de diagnósticos para orientar a estruturação de programas.
liação do nível de aprendizado, foi reformulado para se tornar uma alternativa de processo seletivo para as universidades. Ideb – Índice de Desenvolvimento da Educação Básica: Mede a qualidade de cada escola e de cada rede de ensino. Seu
E o que ainda pode mudar? A importância de dar visibilidade pública ao trabalho realizado e aos recursos empregados ainda não é parte da cultura de muitos institutos e fundações.
resultado é uma nota, calculada com base no desempenho dos estudantes nas avaliações do Inep e nas taxas de aprovação.
Diretrizes para alimentação saudável em escolas O Senado aprovou, em 30 de agosto, o Projeto de Lei 255/2010, que institui diretrizes para promover a alimentação saudável nas escolas públicas e privadas. De acordo com o texto, o cardápio escolar deve preservar hábitos alimentares regionais e nacionais, incentivar o consumo de frutas, legumes e verduras produzidas em hortas na escola e restringir salgadinhos, doces e frituras. O projeto ainda precisa ser aprovado pela Câmara dos Deputados. Boa parte de seu conteúdo já faz parte de uma
portaria de 2006, editada pelos ministérios da Saúde e da Educação. A transformação destas orientações em lei reforça a medida e dialoga com o que aponta a Pesquisa de Orçamento Familiar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre os hábitos alimentares dos brasileiros. Os dados impressionam negativamente: 90% dos brasileiros consomem frutas, legumes e verduras em quantidade menor do que a indicada pelo Ministério da Saúde. ideal comunitário 9
I n fâ n c i a
Planejando Diminuir o número de casos de gravidez entre adolescentes exige reforçar importância de se ter um plano para o futuro
a vid
VIVÊNCIA Alunos da Escola Municipal José Pedro Filho, em Pedro Leopoldo (MG) participam de oficina do Programa de Educação Afetivo Sexual (Peas)
Nos últimos anos, o Brasil tem registrado a diminuição de casos de gravidez entre adolescentes de 15 a 19 anos. Entre 2003 e 2009, essa redução foi de 20%, conforme dados do Sistema Único de Saúde (SUS) e do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) organizados pela ONG World Vision. A esse dado positivo contrapõe-se outra realidade: na faixa dos 10 aos 14 anos, aumenta não somente a gravidez, mas também o número de mortes de bebês filhos dessas adolescentes. Dados como estes e também a própria forma como se fala sobre gravidez na adolescência mostram que esta é uma questão com várias nuances. Primeiro, é preciso tomar cuidado com palavras como “problema” ou “prevenção”, que remetem à imagem inadequada de doença. Especialistas 10 ideal comunitário
foto: Davi Zocoli
a em sexualidade lembram que a visão negativa do fenômeno é cultural. De acordo com a época ou a cultura local, aceita-se mais ou menos a gravidez nessas faixas etárias. Hoje, a gravidez na adolescência já não tem a mesma aceitação de antigamente, como ocorria com as nossas bisavós e avós na zona rural, integradas a determinado modelo familiar e produtivo. Por outro lado, o que se deve “prevenir” não é a gravidez, em si, como se esta fosse uma doença, mas sim os impactos negativos da paternidade ou maternidade antecipada no plano de vida dos adolescentes e dos familiares. Assim, fica clara a necessidade de levar a esses adolescentes um conjunto de informações
sobre esses impactos, mais do que assustá-los em relação à vida sexual. Mas, independente das dificuldades implicadas, quando o bebê nasce, naturalmente é hora de se celebrar a vida e não de questionar o momento em que os pais conceberam a criança. Ir além da informação A questão da informação a respeito do tema sexualidade também merece uma abordagem menos simplista quando se trata de falar de evitar a gravidez não planejada entre adolescentes. Por exemplo: os jovens de hoje desconhecem a existência de métodos contraceptivos? A resposta é “não”. “Eles têm inforideal comunitário 11
fotos: Davi Zocoli
I n fâ n c i a
SEM TABUS No Peas, adolescentes são instigados a pensar sobre vários temas – incluindo sexualidade e gravidez – que podem interferir nos seus planos para o futuro
12 ideal comunitário
mação sobre os métodos”, avalia a psicóloga Thais Gava, da ONG Ecos, organização especializada em comunicação sobre sexualidade. “Falta ampliar a questão para além do seu uso.” Um problema adicional, no entanto, é lidar com a resistência de certos círculos religiosos à utilização desses recursos. Há ainda os casos em que a gravidez ocorre em contextos negativos – exploração sexual, situações de violência, uso abusivo de drogas. Thais Gava rejeita a associação entre os temas, preocupada com a generalização e com a estigmatização. Mas, de fato, alguns dos casos de gravidez efetivamente estão relacionados a esses contextos, o que dificulta o trabalho educativo. Segundo Thais, os profissionais que lidam com o tema precisam trabalhar mais com base nos direitos da adolescente ou da mulher. E direitos são vários: à saúde e à utilização dos métodos contraceptivos, à educação, ao trabalho, etc. A ONG World Vision (no Brasil, Visão Mundial, com sede no Recife), mantida por instituições evangélicas e presente em mais de 90 países, coloca ênfase no próprio direito à sobrevivência, considerando os números de morte dos bebês e das gestantes. Diante dessas dificuldades e contradições, projetos desenvolvidos pelo Instituto Camargo Corrêa convidam os gestores e educadores a lidar com o tema com delicadeza. Um dos projetos é o Vida Família, em Jacareí (SP), realizado em parceria com a InterCement, o Comitê de Desenvolvimento Comunitário local e a Prefeitura. O objetivo é preparar jovens para serem multiplicadores e agentes de prevenção à gravidez na adolescência. Participam desta formação jovens da Associação Educacional e Assistencial Guri na Roça e do Centro de Atendimento Integral ao Adolescente (Caia) da Secretaria Municipal de Saúde. Outro é o Programa de Educação Afetivo Sexual (Peas), em Pedro Leopoldo (MG). Executado pela organização Integrar em vários municípios de Minas Gerais, Pará e Espírito Santo, a implementação do Peas em Pedro Leopoldo foi feita em parceria entre o ICC, InterCement, Comitê de Desenvolvimento Comunitário e Prefeitura. Projeto de vida Andrea Righi, da Integrar, coordena projetos do Peas em várias cidades. Para ela, ainda se tem uma visão muito assistencial da saúde. “É um grande desafio estabelecer o processo educacional”, afirma. No Peas, os adolescentes ajudam a construir o itinerário pedagógico, junto com a família, cuja característica é ser formada por pais em geral ausentes, com baixa escolaridade, em situações de subemprego. “Os meninos explicam o que vai ser abordado, para que a família possa contribuir. Existe muito tabu”, comenta Andrea. O trabalho é feito em escolas municipais, com alunos do 5º ao 9º ano do Ensino Fundamental. Há uma preocupação em falar dos marcos legais: a Lei Orgânica do SUS, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Declaração Universal dos Direitos Humanos. Os parceiros variam de acordo com o município:
Polícia Militar, Conselho Tutelar, Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Conselhos Regionais de Serviço Social. A metodologia é a mesma nas várias regiões, mas há abordagens específicas de alguns temas. No Pará, por exemplo, trabalha-se com os temas da exploração e da violência sexual. O currículo aborda temas como sexualidade, o Sistema de Garantia de Direitos, a construção sociohistórica do conceito de infância e adolescência, uso abusivo de drogas e, não menos importantes, “empoderamento”, “projeto de vida” e “tomada de decisão”. “A questão não é a gravidez em si, mas a época”, diz Andrea. “É preciso sair do discurso moralista que adolescente não deve ter vida sexual.” Segundo ela, é preciso investir em outras questões, como o planejamento do futuro e a importância de uma preparação para o mercado de trabalho. “Não se trata de proibir a transa, algo até difícil com tantos apelos sensuais e eróticos na mídia, e sim a necessidade de planejar – inclusive a gravidez”, resume. Ela observa que, em alguns casos, a adolescente diz que quer ser mãe e está preparada. “Para elas é bacana, diante da falta de perspectivas de vida”, aponta. Nesse caso, é difícil fazer algo. O mesmo ocorre em Jacareí, conta Luciana Ferreira, da Guri na Roça. Fazer uma história diferente Os jovens da organização Guri na Roça que participam do projeto Vida Família vivem em um bairro pobre, vizinho da Rodovia Presidente Dutra. Muita gente foi para lá fugindo de situações de violência na Grande São Paulo, mas encontraram também um contexto de violência e de assédio dos adolescentes para o trabalho no mundo do tráfico de drogas. O trabalho da Guri na Roça é, justamente, mostrar aos adolescentes que podem fazer uma história diferente. “É uma queda de braço”, avalia Luciana. Ela diz que, durante o tempo em que estão no projeto participando do processo de ensino-aprendizagem, os jovens conseguem perceber que há outras perspectivas para suas vidas. “Quando saem daqui, encontram zilhões de dificuldades e se vêem na circunstância de repetir a história dos pais, reproduzindo o ciclo de miséria”, afirma. A introdução do tema da gravidez na adolescência para este público, através do projeto Vida Família, reforça esta ideia de que é preciso planejar o futuro. A importância dos próprios adolescentes participarem desse processo é significativa, segundo Luciana. Uma das adolescentes atendidas pelo programa em Jacareí ficou grávida aos 15 anos, mas hoje trabalha como multiplicadora do projeto, junto a outros adolescentes. “Ela conta a história dela, o que quer da vida, para onde quer ir”, relata Luciana. Esse recurso faz parte do bloco Histórias de Mim, uma das maneiras de aproximar o projeto pedagógico do cotidiano dos adolescentes. Uma das meninas conseguiu se destacar. Aos 19 anos, abriu uma sorveteria – algo significativo em meio à falta de perspectivas do lugar.
NA INTERNET v Estudo sobre as políticas públicas de proteção à saúde infantil e materna no Brasil: um olhar especial para os filhos de mães adolescentes http://saudeparacriancasprimeiro.org.br/wp-content/ uploads/2011/08/Estudo_VisaoMundial.pdf
Gravidez na adolescência em números 18,9% dos bebês nascidos vivos em 2009 eram filhos de adolescentes de 15 a 19 anos; 0,96% tinham mães de 10 a 14 anos. Na região Norte, o número de casos de gravidez na adolescência é maior: 25,38% dos bebês nascidos em 2009 eram filhos de mães com 15 a 19 anos e 1,59% de meninas de 10 a 14 anos. 42.684 bebês com menos de um ano de idade morreram em 2009 no Brasil; 7.917 eram de adolescentes até 19 anos. 1/4 das relações sexuais entre estudantes do 9º ano do Ensino Fundamental ocorrem sem uso de preservativos. 82,1% dos alunos da rede privada e 80,5% da rede pública informam ter recebido orientação na escola sobre prevenção da gravidez. (Fontes: Síntese de Indicadores Sociais – IBGE/2010; World Vision)
ideal comunitário 13
educação Básica
A hora da
foto: Tati Wexler
inclusão
Troca de experiências é a tarefa do momento para garantir o direito constitucional de estudantes com deficiência frequentarem a escola regular
Exemplo Escola Municipal Amorim Lima, em São Paulo, é uma das práticas em educação inclusiva referendadas pelo Projeto Diversa
14 ideal comunitário
Há algum tempo, pessoas com deficiência frequentarem a escola regular era uma demanda de educadores, mas algo distante da realidade do sistema escolar brasileiro. Muita coisa mudou em uma década. Entre 2000 e 2010, quase todos os 5.497 municípios brasileiros receberam matrículas de alunos especiais. O número de escolas regulares com matrículas de estudantes com deficiência saltou de 13 mil para 85 mil. Um salto de 550%. Ainda há muito por fazer, dizem os especialistas, que, no entanto, comemoram o início do processo de universalização do direito à educação previsto na Constituição de 1988. Uma das tarefas hoje é divulgar as melhores experiências pelo país. Neste mês de outubro, está sendo lançada uma das mais significativas: o projeto Diversa, do Instituto Rodrigo Mendes, com o apoio do Ministério da Educação (MEC). O portal (www.diversa.org.br) produz e compartilha conhecimento – e ações de referência – em educação inclusiva. O Instituto Camargo Corrêa, através do programa Escola Ideal, é um dos parceiros do projeto. A troca de experiências ganha importância na educação inclusiva por conta de um conceito fundamental: o de que cada criança é única, tendo ou não alguma deficiência. Da mesma forma, cada escola e cada região têm as suas características específicas. “São situações para serem conhecidas e
não imitadas”, avalia a professora Maria Tereza Mantoan, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A partir dessa troca, argumenta, os professores e gestores podem desenvolver os projetos nas suas localidades. O Projeto Diversa compartilha inicialmente três experiências bem sucedidas: uma em Rio Branco (AC), outra em Guaporé (RS) e outra em São Paulo (SP). “Ele nasce com a ideia de se olhar a prática nessas escolas e transformá-la em fonte de conhecimento, troca, experiência e reflexão para outro educador, que vive em outra escola suas angústias e necessidades específicas”, diz Rodrigo Mendes. O próprio Mendes convive com a deficiência física – ele é tetraplégico – desde os 19 anos. Logo começou a pintar e, em 1994, criou o instituto com o obje-
tivo de promover uma educação inclusiva por meio da educação e da arte. Tornou-se uma referência no assunto. Descobertas Ao descrever o caso da Escola Estadual de Ensino Fundamental Clarisse Fecury, em Rio Branco (AC), Mendes observa que a diretora não ficou esperando que o Estado criasse a situação ideal. Preferiu desenvolver oportunidades. “A escola não estava pronta e por isso é um caso”, diz o fundador do instituto. “Existe ali uma cultura de trabalho coletivo, em colaboração. A diretora diz que não tem respostas: está ali para aprender com os outros.” A diretora da Escola Municipal Amorim Lima, em São Paulo, Ana Elisa Siqueira, segue na mesma linha. “O trabalho é o de ir descobrindo coisas”, diz. Ela conta que normalmente deixa-se de lado o que está previsto no currículo para aquela turma e que todas as crianças fazem parte dos grupos de trabalho, compostos por cinco estudantes. “Todo mundo aqui é educador de todo mundo”, define. Segundo a diretora, os próprios familiares das crianças com deficiência mudam por completo. “A criança passa a ter um lugar na sociedade. Quantas famílias não as escondem?”
Termos da inclusão EDUCAÇÃO ESPECIAL
cífica. Exemplos: aluno com síndrome de Down; professora com
É uma modalidade transversal a todos os níveis, etapas e demais
surdez; cidadã com deficiência. Outras opções são as expressões
modalidades de ensino.
“que tem” ou “que nasceu com”. Exemplos: pessoas com deficiência; ator que nasceu com síndrome de Down; menina que tem
EDUCAÇÃO INCLUSIVA
uma deficiência auditiva.
Expressão banalizada nos últimos anos e equivocadamente associada apenas à simples presença de estudantes com deficiência
NÃO DISCRIMINAÇÃO
nas escolas comuns, refere-se a uma visão contemporânea de
O princípio da não discriminação impede que qualquer caracte-
educação que entende o direito à educação como direito dispo-
rística, condição ou especificidade da criança seja usada como ar-
nível para toda criança e adolescente, não importa de que modo
gumento para a não garantia do exercício ou gozo de um direito.
se locomova, ande, pense, leia ou não leia, a despeito de sua ori-
Os direitos humanos da criança devem ser respeitados e garan-
gem, religião, temperamento, condição humana.
tidos em qualquer situação. Isso é o que determina o chamado “interesse superior da criança”.
PESSOA COM DEFICIÊNCIA O mais adequado é utilizar sempre um substantivo seguido da
(Fonte: Site da organização Escola de Gente – Comunicação em In-
preposição “com” mais o adjetivo referente àquela situação espe-
clusão – www.escoladegente.org.br) ideal comunitário 15
Todos juntos Na Escola Amorim Lima, atividades são realizadas em grupos de crianças com e sem deficiência
educação Básica
foto: Tati Wexler
Novas práticas “Educação convencional inviabiliza inclusão”, diz Rodrigo Mendes
16 ideal comunitário
A Amorim Lima é um projeto-piloto do instituto. Junto com a Escola Municipal Alexandre Bacchi, de Guaporé, venceu o prêmio Experiências Educacionais Inclusivas, organizado pelo Ministério da Educação em 2009 – outra referência importante para se pensar em projetos inspiradores. Augusto Galery, coordenador do projeto Diversa, diz ser preciso uma mudança de paradigma em educação, não apenas a criação de um tipo de educação voltado para as pessoas com deficiência. Ele exemplifica isso com um caso de Guaporé. Em uma sala de alfabetização, a professora teceu estratégias para que os alunos relatassem uma história da maneira que fosse possível – com um desenho, por exemplo. Assim, mesmo as crianças que não podiam escrever, por alguma incapacidade resultante da deficiência, puderam participar da mesma atividade que todos os outros. “A educação convencional inviabiliza a educação inclusiva”, resume Rodrigo Mendes. Em busca do ideal O caminho foi longo até se chegar a esses conceitos e para traduzir em lei a não discriminação (veja quadro Termos da Inclusão). A professora Maria Tereza Mantoan louva o trabalho do MEC nessa área. “Vou a eventos no exterior e o Brasil é sempre aplaudido pelo que fez em educação inclusiva.” Ela faz questão de argumentar que não era o caso de se esperar uma situação ideal das escolas para se incluir as crianças. Está se indo atrás agora das soluções (salas multifuncionais, aparelhos para deficiências específicas, formação de professores) exatamente porque os alunos já estão ali. “É um dos melhores projetos da educação brasileira, porque restitui a todas as crianças o gozo
desse direito humano que é o de estarem na escola comum”, diz Maria Tereza. Problemas, claro, existem. O total de pessoas com deficiência até 17 anos é de 2,5 milhões, conforme dados de 2009 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Segundo o MEC, o Brasil tinha cerca de 700 mil estudantes com deficiência na Educação Básica, em 2010. Destes, 484 mil – 69% do total de matriculados – frequentavam as classes do ensino regular. As salas multifuncionais existem hoje em 43% das escolas públicas com alunos deficientes matriculados. A acessibilidade também ainda não é universal. O número de escolas públicas com acessibilidade saltou de 6.770, em 2000, para 28.650, em 2010, mas ainda faltam mais de 100 mil escolas somente no Ensino Fundamental. Exemplo paraibano A situação na Paraíba, por exemplo, ainda deixa muito a desejar, mas de Guarabira vem mais um exemplo para superar esta situação. Ainda não há 100% de acessibilidade nas escolas e não é possível atender toda a procura dos pais, moradores de Guarabira e mais 20 municípios. Mesmo assim, a cidade tornou-se polo em educação inclusiva no estado, atrás somente de João Pessoa e Campina Grande, ainda que seja um município de apenas 55 mil habitantes. O ICC e o Instituto Alpargatas são parceiros da Secretaria de Educação de Guarabira. O secretário adjunto de Educação, Valdir Duarte, conta que a iniciativa de investir em políticas de inclusão decorreu do acidente sofrido por uma ex-primeiradama, Maria de Fátima Paulino, que vi-
foto: Tati Wexler foto: Tati Wexler
Inclusão oficial Retroceder, segundo os especialistas em educação inclusiva, jamais.
ria a ser prefeita do município. Ele conta que as crianças e adolescentes ficavam em casa, sem fazer nada. “As famílias faziam questão de esconder essas pessoas”, conta. Na cidade, nunca houve sequer uma escola de educação especial, como as Apaes. Ele diz com orgulho que muitos jovens estão hoje inseridos no mercado de trabalho. Há ainda grupo de coral, grupo de danças, viagens com as crianças com deficiência. “Não estávamos preparados para o novo, que assusta”, conta Valdir. “Hoje, a gente dissemina política de educação inclusiva e estamos preparando os professores das outras escolas regulares.” Demanda para o atendimento deste público existe em praticamente todos os municípios do país. Em Apiaí e Itaóca (SP), o diagnóstico realizado pelo programa Escola Ideal quando da sua implantação apontou a necessidade de investimento para promover a educação inclusiva nas duas cidades. O ICC e o Instituto Rodrigo Mendes estão encerrando a formatação do Projeto Plural, que terá seu início em outubro. Educadores e gestores das duas cidades participarão de um curso de formação e serão incentivados a elaborar pilotos de iniciativas a favor da inclusão de pessoas com deficiência nas escolas.
Apesar das resistências que se manifestam, justamente, no debate das políticas públicas que caminham nesta direção. Uma delas ocorre no Congresso Nacional. Alguns deputados questionam o texto do Plano Nacional de Educação (Projeto de Lei 8.035, de 2010), ainda nãoaprovado por conta, exatamente, da previsão de universalização da educação inclusiva como uma meta a ser alcançada até 2020. Os opositores temem que as escolas de educação especial – instituições voltadas especificamente para deficientes e superdotados – sejam extintas com o projeto. O próprio fim da Secretaria de Educação Especial do MEC, criticado por ser considerado também uma ameaça a existência desta modalidade de ensino, é louvado por Rodrigo Mendes. A pasta foi absorvida pela Secretaria de Educação Continuada e Alfabetização, hoje comandada pela secretária da antiga pasta, Claudia Pereira Dutra. Para Mendes, foi um avanço. “Faz mais sentido que todos os assuntos sejam discutidos juntos.” Maria Tereza Mantoan é dura com quem se opõe à educação inclusiva. Para ela, falta entender o que é inclusão e direito à educação. “Inclusão não é por os ‘coitadinhos’ na escola, mas dar garantia plena a todos os brasileiros de frequentarem uma única escola sem serem discriminados por qualquer uma de suas características”, afirma. Segundo ela, a luta pela educação inclusiva é contra o abandono intelectual sistemático da população de pessoas com deficiência. “Podia ser mais? Podia, mas, num país como o nosso, isso é tirar leite de pedra.”
ideal comunitário 17
18 ideal comunitรกrio
ideal comunitรกrio 19
empreendedorismo
TUCURUÍ Costureiras receberam capacitação e criaram a Coopcat, que agora investe em unidade de produção própria
Construção Investimento social planejado feito pelo ICC e construtora Camargo Corrêa garante continuidade de projetos de geração de renda mesmo após término de grandes obras
20 ideal comunitário
do futuro Era uma vez um grupo de mulheres, com idades entre 25 e 60 anos, moradoras do município de Tucuruí (PA) – notório por sediar, desde 1984, a maior usina hidrelétrica totalmente brasileira e a quarta do mundo, a Usina Hidrelétrica Tucuruí. Com histórico de dificuldades financeiras, sem perspectiva de futuro melhor, elas viviam de pequenas habilidades manuais e de pequenos serviços diversos. Foi então que a notícia de uma nova e gigantesca obra chegou: a construção das eclusas da hidrelétrica. E, junto com ela, a oportunidade de suas vidas. Identificadas pelo Instituto Camargo Corrêa (ICC), depois de passar por capacitações executadas em parceria com o Sebrae-PA, a ONG Extensão Amazônia e a Prefeitura, essas mulheres tornaram-se costureiras industriais. Agora, unidas pela Cooperativa das Costureiras de Moda e Arte de Tucuruí (Coopcat), todas já usufruem dos benefícios sociais envolvidos e estão lutando para ver seu empreendimento ganhar sustentabilidade comercial. O pano de fundo que possibilitou esta história é a mudança de postura das empresas em relação aos impactos de suas atividades. De um passado em que, por obrigação legal,
foto: Antonio Cícero
apenas se preocupavam em mitigar os impactos negativos sobre a natureza e a vida das comunidades, adotando políticas compensatórias aos danos já causados, o setor privado passou a atuar de maneira pró-ativa, estudando as consequências socioambientais de suas operações, os impactos positivos e negativos desta atuação. No caso de obras de grande porte, as mudanças nas regiões são evidentes e acontecem, muitas vezes, de forma rápida, o que exige mais sensibilidade tanto das empresas que encomendam a obra, quanto da construtora que a realiza. Em toda obra – seja ela um prédio, uma rodovia, a nova unidade de uma indústria ou uma hidrelétrica –, as exigências legais referentes a compensações de caráter socioambiental são de responsabilidade das empresas contratantes. As demandas das comunidades e a preocupação crescente com o desenvolvimento local, no entanto, têm exigido que clientes e construtoras tornem-se parceiras e indutoras de ações que vão além das compensações. No caso da construtora Camargo Corrêa, a renovação de projetos apoiados por ela e pelo programa Futuro Ideal, do Instituto Camargo Corrêa e que incentiva ações que geram oportunidades de inserção no mercado de trabalho, ocorreu em várias localidades. Em Tucuruí, Lucas do Rio Verde (MT), Catalão (GO), Alpestre (RS), Águas do Chapecó e São Carlos (SC) a continuidade dos projetos está ocorrendo mesmo depois de as obras já terem sido concluídas. No Mato Grosso, foi construída uma grande fábrica de processamento de alimentos. Em Catalão, a obra foi a usina hidrelétrica (UHE) Serra do Facão e, no Sul, a UHE Foz do Chapecó. “O timming de uma obra não é exatamente o mesmo do projeto social”, observa Carolina Righi De Stefano, gerente de Responsabilidade Social da construtora Camargo Corrêa. “Geralmente o projeto social demora mais do que a obra. Além disso, a construtora passa e o cliente fica.” Com isso, quando a equipe da construtora já foi embora, o ICC permanece nas localidades acompanhando e dando suporte às ações. Sobretudo em projetos de empreendedorismo e geração de renda, esse acompanhamento ao longo do tempo é considerado fundamental para a sustentabilidade futura. “As condições de melhoria em um território não são implantadas de um dia para o outro, daí a importância da continuidade dos investimentos sociais com preparação dos grupos para assumi-
rem o seu papel pós-saída do investimento”, afirma Lázara de Fátima Hungria, advogada e coordenadora Nacional de Projetos de Desenvolvimento Territorial do Sebrae Nacional. Jovens e mulheres O projeto Tempo de Empreender, que faz parte do programa Futuro Ideal, contabiliza 4.658 beneficiários em nove estados. Foram realizadas ações de formação gerencial, técnica e mercadológica para a gestão de negócios como confecções de moda íntima em Catalão (GO), além do incentivo à agricultura familiar, através da adoção de métodos agroecológicos de produção; trabalho com cristais em Cristalina (GO); de agricultura familiar em Rondônia; de ovinocultura, bovinocultura e apicultura em Santa Catarina e de implantação de unidades de processamento de mandioca, suco de uva e panificação no Rio Grande do Sul. No projeto de geração de renda que abrange os municípios de Lucas do Rio Verde, Tapurah e Nova Mutum (MT) foram executadas ações em três frentes: grupo de viveiros, negócios rurais e incubadora de idéias juvenis. A parceria entre o Sebrae e o ICC apresenta diversas possibilidades para construção ou implantação de empreendimentos coletivos. Na prática, as pessoas são estimuladas a desenvolver pequenos negócios, capazes de gerar renda e criar empregos, fortalecendo e dinamizando as economias locais. “O foco do ICC são projetos que beneficiem jovens e mulheres e que preferencialmente queiram trabalhar em grupo, por meio de cooperativas ou associações”, ressalta Jair Resende, coordenador do programa Futuro Ideal do ICC. Tecendo o futuro Em Tucuruí, o projeto Tempo de Empreender atuou em três frentes: negócios juvenis, horticultura e confecção. Para o público jovem, ofereceu capacitação, formação e acompanhamento a pequenos empreendimentos que já existiam e foram mapeados. O Sebrae local identificou as empresas que possuíam líderes jovens e depois os capacitou. Houve ainda a estruturação agroecológica para a produção de hortaliças, quando foi implantado o sistema Pais (Produção Agroecológica Integrada e Sustentável) para produtores familiares, que também foi utilizado no projeto de Catalão, em Goiás. Atuou-se ainda com a melhora do sistema de organização do grupo de “bacieiras” – mulheres ideal comunitário 21
empreendedorismo
foto: Rayssa Coe
foto: Angélica Lüersen
RS e GO Nos dois estados, apoio a agricultores familiares segue após conclusão das obras das usinas Foz do Chapecó e Serra do Facão
22 ideal comunitário
que vendem de porta em porta as hortaliças, muitas delas esposas ou familiares dos próprios produtores. Já o grupo de costureiras, depois de organizado, capacitado e provido da infraestrutura mínima para sua atuação, foi transformado em cooperativa formalizada, a Cooperativa das Costureiras de Moda e Arte de Tucuruí (Coopcat). A segunda etapa do projeto, que começará no final de 2011 e vai até o fim de 2013, ocorrerá em parceria do ICC com a Prefeitura, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), o Sebrae-PA e a ONG Extensão Amazônia. Intitulado Tecendo a Inclusão Tucuruí, o projeto prevê a doação, pela prefeitura, de um terreno onde será erguida uma unidade de produção da cooperativa. “Vamos construir uma unidade de produção, equipá-la, constituir capital de giro, dar apoio e formação na definição da linha de produção e capacitar as costureiras para a gestão do negócio”, explica Jair Resende. Segundo ele, a meta é deixar o grupo completamente estruturado, independente, gerando renda sustentável e com possibilidades de introduzir novos sócios. Hoje o grupo de costureiras de Tucuruí, formado por 32 mulheres entre 20 e 60 anos, é a primeira empresa de confecção formalizada na cidade. A participação da Prefeitura Municipal de Tucuruí vai além da cessão do terreno e se concretiza em outras ações para fortalecer as cooperadas, como a inserção delas em demandas de confecções em grande escala como os uniformes escolares. “A prefeitura está empenhada em participar e fortalecer o projeto”, afirma Roberto Pacheco, secretário de Desenvolvimento Econômico e Sus-
tentável (Sedes) de Tucuruí. Em agosto, as costureiras estavam envolvidas, por exemplo, com a produção dos uniformes para o desfile de 7 de Setembro. Um detalhe interessante é que a futura unidade industrial da Coopcat está sendo projetada para ser uma edificação de padrão arquitetônico que leve em conta os princípios de ambiente ecologicamente confortável, de modo a aproveitar ao máximo os recursos naturais, inclusive com a valorização da iluminação natural. Empresas responsáveis Enquanto as contrapartidas ou compensações legais são ações obrigatórias exigidas por lei, o investimento social privado é a alocação voluntária de recursos privados para benefícios públicos. Ou seja, as empresas se engajam neste tipo de ação por uma decisão particular. “Uma empresa socialmente responsável tem de levar benefícios para toda a comunidade, indo além do que é obrigatório, do que é exigido pelas compensações legais”, afirma Kalil Farran, gerente de Sustentabilidade da construtora Camargo Corrêa. Na construção de uma usina hidrelétrica, além do que é exigido por lei – por exemplo, a capacitação e contratação de operários da região, o inventário das espécies de flora e fauna afetadas, a remoção e realocação das famílias atingidas – análises devem ser feitas não só para apontar os impactos negativos, mas também as oportunidades de desenvolvimento conjunto, considerando os chamados “ativos”, os talentos e recursos que a comunidade tem. Para uma empresa, o fato de contar com institutos ou fundações para planejamento e execução de seus investimentos
fotos: Antonio Cícero
sociais é um grande benefício e garantia da continuidade dos projetos. “Ao estabelecer um instituto ou fundação, a empresa assume um compromisso perante a sociedade e seus stakeholders em adotar uma causa que estabeleceu como objeto de sua contribuição. Com uma boa gestão, cria competências e acumula conhecimento que com certeza fará sua contribuição social ser mais efetiva”, afirma Marcos Kisil, diretor presidente do Instituto para o Desenvolvimento do Investimento Social (Idis). “Os institutos e fundações das empresas são muito bem preparados para promover o desenvolvimento social das comunidades com transferência de empoderamento”, complementa Lázara de Fátima Hungria, do Sebrae Nacional. A participação do ICC nos projetos, em diversas obras pelo país, tem em comum ações de diagnóstico para identificação de grupos para os quais serão desenvolvidos os projetos e de parceiros e executores para articular estes grupos. Além disso, é realizado o acompanhamento de todas as etapas do projeto, quando necessário com propostas de melhorias e alterações nos seus andamentos. “Por fim, garantimos os investimentos, tanto do Instituto como de parceiros, para viabilizar os projetos”, destaca Jair Resende, do ICC. No final das contas, para os beneficiados, como as costureiras da cooperativa de Tucuruí, prevalece o apoio estruturado e contínuo, que permite tecer sonhos como o de Francy Mota, de 38 anos: “Desde os 15 anos eu sonhava em ser uma grande costureira de moda de alta costura. Hoje, eu estou na cooperativa porque ainda não desisti.”
Costurar e crescer Os depoimentos de quatro costureiras de Tucuruí, participantes da Coopcat, demonstram a importância do incentivo ao associativismo e à vocação das pessoas e das regiões como forma de alcançar o desenvolvimento individual e comunitário: MARIA DO CARMO CARNEIRO PEREIRA “Estou aqui pra realizar um sonho: ter o meu ateliê de moda fina, uma loja de roupas feitas por mim. Roupas de festa. Eu acho que costuro muito bem, mas só vou conseguir se for com a cooperativa. Não tenho condições de fazer isso de outra maneira. Minhas condições são muito difíceis, é a única esperança que eu tenho de mudar o futuro da minha família.” FRANCISCA MARIA DOS SANTOS “Tenho três máquinas na minha casa, mas como fico muito tempo disponível para a cooperativa, já evito pegar grandes encomendas. Estou direcionando tudo para a cooperativa. É melhor. Assim, eu ganho o dinheiro junto com as minhas colegas e elas também podem exercitar a arte da costura. Como tenho um pouco de experiência, gosto de ensinar minhas amigas.” LÚCIA DO SOCORRO SOUZA BARBOSA “Eu estou investindo tudo aqui na cooperativa. Largo tudo na minha casa e venho pra cá todos os dias. Eu tenho muitos sonhos aqui dentro. Ainda não sei costurar bem, mas sei que vou aprender aqui. Não é fácil. Eu não sei mexer nessas máquinas, as minhas não são industriais. Mas durante toda a minha vida, não pude dar coisas melhores para os meus filhos. Agora, não importa quanta coisa eu tenha de fazer, eu vou fazer o melhor por causa deles!” MARIA DE LOUDES CORSINO DA COSTA “Eu costuro desde os 12 anos e até hoje vivo disso. Já fiz um monte de coisa na vida, mas foi com a costura que eu criei meus filhos todinhos. Hoje, tenho 60 anos, 8 filhos, noras, 11 netos e bisnetos, todos morando comigo. Eu tenho muita alegria de costurar pra eles! Estou na cooperativa porque quero aprender muita coisa ainda, aperfeiçoar minhas costuras e aumentar a minha renda.” ideal comunitário 23
V o lu n ta r i a d o
Um dia
24 ideal comunitรกrio
foto: Wellington Cordeiro
a mu
Dia do Bem Fazer mobiliza milhares de voluntários em 9 países e impulsiona parcerias e novas ações sociais
itas mãos ITAPERUNA (RJ) Os 168 idosos da Associação Santo Antônio dos Pobres (Asapi) perderam a hora do almoço no dia 21 de agosto. Estavam tão envolvidos com as atividades realizadas pelos 151 voluntários mobilizados pela obra Mineroduto Minas-Rio, realizada pela construtora Camargo Corrêa, que nem perceberam que o horário sagrado das 11h havia passado. Além de atividades lúdicas – inclusive um baile com a banda da Polícia Militar –, foram inauguradas duas novas áreas de convivência para os idosos. “A felicidade estampada nos rostos faz com que esse dia deixe em nós um profundo sentimento de plenitude”, disse Érika Santos (na foto, participando da revitalização do jardim com um idoso), do setor de Meio Ambiente da construtora.
Pelo terceiro ano consecutivo, um domingo de agosto foi marcado na agenda de milhares de profissionais do Grupo Camargo Corrêa como o Dia do Bem Fazer. Em 21 de agosto, eles, suas famílias e amigos dedicaram-se a contribuir voluntariamente para mudar a realidade das comunidades onde vivem ou trabalham em nove diferentes países. Embora seja uma data no calendário e tenha o nome de “dia”, o evento organizado pelo Instituto Camargo Corrêa (ICC) resulta de um rico processo de preparação e desdobra-se em novas ações e projetos. Antes do 21 de agosto chegar, centenas de profissionais organizaram-se em 105 comitês, responsáveis por identificar as demandas locais, planejar as ações ao lado das organizações beneficiadas, buscar parceiros institucionais e mobilizar os voluntários. “O Dia do Bem Fazer é uma maneira de vivenciarmos os nossos valores como empresa – estar presente e ser parceiro da comunidade – não apenas neste dia, mas nos meses de diálogo com as comunidades, de planejamento e de mobilização”, afirma Renata de Camargo Nascimento, vicepresidente do Conselho Deliberativo do ICC e acionista do Grupo Camargo Corrêa. O papel das empresas do Grupo na realização do evento também merece destaque. Segundo o coordenador do programa Ideal Voluntário, do ICC, Flávio Seixas, “quanto maior é o envolvimento das empresas, maior é o número de voluntários engajados, a quantidade e qualidade dos aliados e os recursos mobilizados”. “O Dia do Bem Fazer é uma oportunidade de nos aproximarmos ainda mais das co-
135 ações 18 empresas 9 países - Brasil, Argentina, Espanha, Paraguai, México, Peru, Estados Unidos, Angola e Venezuela 630 parceiros mobilizados
munidades que atendemos, por meio de ações de grande impacto que geram, de forma muito rápida, melhorias importantes para as pessoas envolvidas”, diz Augusto Rodrigues, diretor de Comunicação Empresarial da CPFL Energia. A CPFL, ao lado do Estaleiro Atlântico Sul e da CCR Via Oeste, é uma das estreantes no Dia do Bem Fazer, que este ano contou com 18 empresas do Grupo Camargo Corrêa. Esta oportunidade de fazer o bem tem provocado um envolvimento maior dos profissionais em outras ações voluntárias e nos projetos realizados pelo ICC e pelas empresas do Grupo em todo o país. “O Dia do Bem Fazer é um grande catalisador da participação dos profissionais nas ações sociais mais perenes”, comenta Francisco de Assis Azevedo, diretor executivo do ICC. Para as empresas, este envolvimento dos profissionais muitas vezes impulsiona novas ações. O Grupo CPFL, por exemplo, aproveita o momento de avaliação da participação de 13 unidades no Dia do Bem Fazer para estruturar um novo Programa de Voluntariado. “Todos os números – de comitês formados, de ações realizadas, de beneficiários – apontam para um crescimento consistente. Porém, o que demonstra o comprometimento das pessoas não são as estatísticas, mas a qualidade das ações”, diz Azevedo. Mas os números também atestam esta qualidade: em 2011, o Dia do Bem Fazer contou com 630 parceiros – entre fornecedores das empresas, instituições públicas e organizações locais –, mais que o dobro do registrado no ano passado. Um indício de que este 21 de agosto conseguiu traduzir um dos lemas do ICC: “fazer com” e não “fazer para”. ideal comunitário 25
V o lu n ta r i a d o
foto: Mariana Caramez
SANTOS (SP) Praia lembra sol e calor, mas para o grupo de 40 crianças atendidas pela organização Vale da Benção, de Araçariguama (SP), a ausência de ambos no dia em que viram o mar pela primeira vez não fez nenhuma diferença. Ao chegarem a Praia Grande (SP) depois de mais de 120 quilômetros de viagem, os pequenos correram para água. A animação contagiou os voluntários da regional Baixada Santista da CPFL Energia, que, mesmo tilintando de frio, entraram na brincadeira. “Muitos colegas terminaram o dia dizendo que querem participar de novo no ano que vem”, conta Cláudia Tamada Martins, assistente do Departamento de Serviços de Rede. O passeio incluiu ainda uma visita à Vila Belmiro, sede do Santos Futebol Clube. O craque Paulo Henrique Ganso também contribuiu com o Dia do Bem Fazer: doou uma camisa autografada, que foi rifada entre os profissionais da empresa para levantar parte dos recursos usados na realização da atividade.
foto: Eudes Santana
IPOJUCA (PE) Tudo ficou mais bonito na Escola Municipal Armando da Costa Brito após o Dia do Bem Fazer. Além da construção de um parquinho, pintura e reforma do prédio realizadas alguns dias antes, no dia 21, dezenas de voluntários do Estaleiro Atlântico Sul dedicaram-se a decorar as paredes com pinturas artísticas. A parceria com o Instituto Embelezze garantiu ainda um dia de beleza para quem estava disposto a também mudar o visual (foto). Foram realizados 187 cortes de cabelos, 60 escovas e 80 maquiagens. Além da aparência, os jovens ainda puderam cuidar do futuro, tirando documentos como a carteira de trabalho e participando de uma conversa motivacional com o presidente do Estaleiro, Agostinho Serafim. Ao todo, 300 voluntários participaram da ação, que contou ainda com a parceria do Grupo de Teatro Adorai e da Prefeitura de Ipojuca. 26 ideal comunitário
foto: Paulo Piracicaba
SOROCABA (SP) Os voluntários da CCR Via Oeste escreveram um capítulo alegre da história das 25 crianças da Casa do Menor de Sorocaba. A instituição, que abriga crianças de 0 a 6 anos que tiveram de ser afastadas das suas famílias por decisão judicial, virou palco de uma festa, com direito a balões, comidinhas e contação de história. A ação, no entanto, começou antes, com a reforma do quadro de luz do prédio e pode se desdobrar em uma nova atividade. Os voluntários estão planejando uma nova festa, desta vez para comemorar o Dia da Criança.
foto: Voluntários
Outros países Cinco empresas do Grupo Camargo Corrêa levaram o Dia do Bem Fazer a oito outros países. Os profissionais de unidades internacionais da Alpargatas, construtora Camargo Corrêa, InterCement Argentina/Loma Negra, InterCement Paraguai e Tavex Corporation realizaram 31 ações em 25 diferentes cidades. As atividades mobilizaram cerca de 2 mil voluntários e 95 parceiros. Em Olavarría, na Argentina (foto), os voluntários trabalharam em várias frentes para reformar duas escolas e uma creche. Membros da comunidade que participaram da ação expressaram com empolgação a gratidão pela mobilização. “Que alegria este dia de trabalho! Um presente da vida!”, registrou a mãe de um dos alunos, Gladys Fonseca. “Obrigada por lembrarem de nossa escola, por nos darem seu domingo e por tanto bom humor”, disse a professora Paola Ragnoli.
ideal comunitário 27
V o lu n ta r i a d o
foto: Eduardo Rocha
IJACI (MG) “Em Ijaci, o Dia do Bem Fazer é uma comemoração com a cidade toda”, descreve Cláudia Fonseca, coordenadora de Recursos Humanos da InterCement – Ijaci e Jacareí. A festa, no entanto, marca compromissos assumidos pelos voluntários da unidade da InterCement muito antes do mês de agosto. Nesta edição do Dia do Bem Fazer, os profissionais participaram da construção da primeira creche do município e da reforma da Brinquedoteca Dona Celina, ambos resultantes de ações do programa Infância Ideal. A entrega simbólica para a comunidade reuniu 3 mil pessoas na rua de lazer montada também pelos voluntários. E a comunidade participou de verdade da festa, com apresentações artísticas como a coreografia protagonizada pela diretora da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), Terezinha de Carvalho, e uma aluna da instituição, que tem deficiência auditiva.
foto: Tati Wexler
SÃO PAULO (SP) A comunidade do Real Parque, na zona sul de São Paulo, foi beneficiada por uma tripla parceria. A ação da sede da InterCement no Dia do Bem Fazer juntouse ao Dia da Cidadania, da SulAmérica, e à ação cidadã anual do projeto Casulo, organização que oferece oportunidades de desenvolvimento pessoal para crianças da comunidade. “Foi uma parceria muito produtiva. A experiência da SulAmérica complementou nossos planos”, comenta Ingrid Fregonez, da Gerência de Sustentabilidade da InterCement. Enquanto os voluntários da seguradora mediam glicose, pressão arterial e ensinavam cuidados com a saúde bucal, os profissionais da InterCement fizeram a limpeza e pintura dos muros externos da Escola Municipal Pero Neto, além de oferecer palestras sobre finanças pessoais e oficinas culturais (foto). “Para nós, o mais importante nesta parceria foi a disposição de todos em ouvir e fazer junto”, comentou Sandra Guarnieri, gerente geral do Casulo. 28 ideal comunitário
fotos: Davi Zocoli
Empresas participantes do Dia do Bem Fazer 2011 • Alpargatas • A-port • Camargo Corrêa Desenvolvimento Imobiliário • Camargo Corrêa S.A • Centro de Soluções Compartilhadas • CCR Via Oeste • Construtora Camargo Corrêa • CPFL Energia • Estaleiro Atlântico Sul
PEDRO LEOPOLDO (MG) “Depois de tudo isso, fomos convidados para desfilar no 7 de Setembro”, conta a coordenadora do comitê do Dia do Bem Fazer na InterCement de Pedro Leopoldo, Mônica Machado, profissional da área de Recursos Humanos. Os números da ação da InterCement de Pedro Leopoldo (MG) são tão grandes como o orgulho de Mônica ao contar a novidade: 1.920 voluntários participaram, no dia 20 de agosto, de 18 frentes de trabalho – entre reformas de escolas, creches, da maternidade municipal, entre outras instituições –, que beneficiaram cerca de 8 mil pessoas. No domingo, 21, as atividades concentraram-se na Escola Heitor Cláudio Sales. Foram muitas as atividades: pintura do pátio da escola (foto), distribuição de mudas e educação ambiental (foto), atendimentos de saúde, apresentações dos alunos. Um dos destaques da festa da cidadania foi a apresentação do palhaço interpretado por Carlos Renan, profissional da InterCement (foto).
• Fazenda Arrossensal Agropecuária e Indústria • HM Engenharia • InterCement • Loma Negra • Tavex Corporation • Malta Vigilância e Segurança • Morro Vermelho Táxi Aéreo • Participações Morro Vermelho • SAO Parking
ideal comunitário 29
V o lu n ta r i a d o
tre os voluntários e a direção do museu. Foram doados um projetor para sessões de filmes, um conjunto de máquina fotográfica, computador e impressora para registrar em fotos as visitas das crianças, mesas e cadeiras para montar uma sala especial para o público infantil. “Nosso objetivo é incentivar as famílias a frequentar o museu”, afirma Gleide Tavares, coordenadora administrativa da obra. No dia 21, os voluntários participaram das atividades com a criançada.
foto: Paulo Caruá
ALCÂNTARA (MA) Embora morem a poucos quilômetros do Museu Histórico de Alcântara, as 40 crianças da Escola Municipal Inácio de Viveiros Raposo nunca haviam tido a oportunidade de conhecer um dos pontos turísticos da cidade. Apenas por isso, a visita feita com 35 profissionais da obra do Projeto Cyclone IV, realizada pela construtora Camargo Corrêa, no Dia do Bem Fazer já seria especial. Mas o grupo também foi o primeiro a beneficiar-se da criação do espaço Criança Cultura, novidade que resultou da associação en-
30 ideal comunitário
foto: Gabriel Gonçalves foto: Célio Messias
FORTALEZA (CE) A área beneficiada pelo Vila do Mar, um projeto de requalificação urbana e socioambiental da Prefeitura de Fortaleza e realizado pela construtora Camargo Corrêa, reúne mais de 360 mil pessoas em uma área de 2,5 km². “É a maior densidade populacional da América Latina”, diz o coordenador socioambiental do projeto Vila do Mar pela construtora, Gustavo Studart Gurgel. Apenas isso já justificaria a mobilização dos 80 voluntários da obra nas ações de construção e inauguração da Praça de Esportes para a comunidade Terra Prometida, uma das incluídas no projeto. A ação vai além: a praça, que inclui um campo de futebol (foto), está localizada dentro da área do quartel da 3ª Companhia da Polícia Militar. “Nossa ideia foi quebrar o paradigma da relação entre polícia e comunidade. Sabemos que, daqui pra frente, depende deles, mas fizemos nossa parte”, comenta Gurgel.
BARRETOS (SP) Os 91 voluntários mobilizados pela HM Engenharia em Barretos trabalharam por semanas para dar nova cara à Creche do Bom Jesus, mantida pela Associação das Damas de Caridade. O playground ganhou um gramado, as mesas da briquedoteca foram reformadas, os muros pintados e até cortinas de fuxico foram feitas especialmente para a creche. No dia 21 de agosto, os profissionais puderam compartilhar o novo espaço com as crianças (foto), além de oferecer recreação e uma palestra motivacional para a equipe de educadoras. “Não vamos parar por aqui: vamos montar um Grupo de Ação Ideal Voluntário (Gaiv) com o objetivo de melhorar a gestão da creche”, conta Mariana Franco Arruda, do departamento de Orçamentos da HM. ideal comunitário 31
foto: Voluntários
V o lu n ta r i a d o
foto: Tati Wexler
foto: Gustavo Moura
Tavex Corporation – Aracaju (SE) As 14 meninas do Lar Infantil Cristo Redentor tiveram uma semana de atividades culturais e esportivas. A biblioteca da instituição também foi reformada
CAMARGO CORRÊA S.A. – São Paulo (SP) Voluntários realizaram dia de lazer para a comunidade Coliseu e equiparam sede da Associação de Moradores
Construtora Camargo Corrêa/Consórcio CCPR/Repar – Araucária (PR) Voluntários participaram de reformas na sede e do plantio da horta da Apae do município
Tavex CORPORATION e Centro de Soluções Compartilhadas – Americana (SP) Na creche Lar Escola Vó Antonieta, voluntários das duas empresas participaram das reformas e da criação da horta escolar
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Alpargatas – João Pessoa (PB) Pintura renovou salas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil em dois Núcleos Meninada, centros de atenção à infância da prefeitura
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Tavex CORPORATION – Paulista (PE) Festa com as crianças comemorou melhorias na Creche da Associação Santa Clara, como a reforma do escovódromo e da sala de música
Centro de Soluções Compartilhadas (CSC) – São Paulo (SP) Na inauguração da nova cozinha e refeitório do lar infantil da Associação Cristã de Casais, os voluntários participaram da hora do lanche
Construtora Camargo Corrêa e CNCC/Rnest – Ipojuca (PE) Readequação do pátio, construção de um quiosque e outra melhorias mudaram a sede da Pastoral da Criança na localidade de Socó
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Construtora Camargo Corrêa – Angola Adequações e melhorias na Escola Kutembo foram comemoradas com dia de brincadeiras para as crianças
foto: Voluntários
foto: Voluntários
V o lu n ta r i a d o
Construtora Camargo Corrêa – Rio de Janeiro (RJ) Cinqüenta voluntários reformaram o parque infantil do Instituto Central do Povo, beneficiando cerca de 350 crianças
Construtora Camargo Corrêa/Ponte do Rio Negro – Manaus (AM) Na Casa Mamãe Margarida, voluntários fizeram brincadeiras para crianças e apresentação de filme para as adolescentes, além da entrega de donativos arrecadados entre os profissionais
Construtora Camargo Corrêa/UHE Batalha – Paracatu (MG) Pintura, reforma da instalação elétrica e doação de equipamentos de ginástica foram algumas das ações na Fazenda Co-Redentores, que atende dependentes químicas
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Alpargatas – Carpina (PE) Oitenta voluntários realizaram melhorias físicas – como pintura externa e interna – e diversas atividades em um abrigo que atende 16 idosos
foto: Voluntários
foto: Voluntários
InterCement – Jacareí (SP) Os voluntários comemoraram o fim da reforma da Bebeteca da Creche Jardim das Indústrias, espaço de leitura para crianças de 0 a 5 anos
Construtora Camargo Corrêa/Mineroduto Minas-Rio – Abre Campo (MG) Voluntários reformaram a Escola Hélio Pereira Lima, um dos principais equipamentos sociais da comunidade Córrego das Flechas
Construtora Camargo Corrêa/Consórcio Ferrosul – Santa Helena de Goiás (GO) Uma festa com os idosos o Lar São Vicente de Paulo celebrou a doação de equipamentos, colchões novos, instrumentos musicais e aparelho de DVD
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Fazenda Arrossensal – Nortelândia (MT) No Lar das Crianças de Nortelândia, foi construído um muro e feita a reforma do pátio, garantido espaço para recreação das crianças
foto: Voluntários
foto: Voluntários
V o lu n ta r i a d o
Participações Morro Vermelho – São Paulo (SP) Em parceria com o Shopping Jardim Sul, foi reformado o parquinho do Lar Escola Cairbar Schutel, que também recebeu doações de material de limpeza e higiene
InterCement – Cabo de Santo Agostinho A creche do Centro Comunitário Alto dos Índios ganhou um espaço recreativo. Na inauguração, os voluntários brincaram com as crianças
Morro Vermelho Táxi Aéreo – São Paulo (SP) Voluntários doaram colchões e realizaram brincadeiras, teatro e um horta de garrafa pet na Associação Maria Helen Drexel
foto: Voluntários
foto: Voluntários
Construtora Camargo Corrêa / Projeto Rio Colorado Argentina Enquanto crianças participavam de uma festa, a Escuela Especial 3, em Cinco Saltos, ganhava um novo páteo de recreação
cartas
Sou bibliotecária do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), gostaria de receber regularmente a revista Ideal Comunitário, para fazer parte do nosso acervo. Célia Parra São Paulo-SP
Este espaço está aberto a opiniões, sugestões e debates a respeito de reportagens publicadas na revista Ideal Comunitário, do Instituto Camargo Corrêa. O e-mail de contato é instituto@ institutocamargocorrea.org.br
Recebemos dois exemplares da revista Ideal Comunitário na Escola de Assistência Jurídica (EASJUR) e parabenizamos pela iniciativa que, certamente, será de grande valia para a troca de experiências e desenvolvimento de comunidades solidárias. Sara Vanessa Aparecida e Sousa Brasília-DF
Tive acesso a uns dois exemplares da revista Ideal Comunitário, por sinal, muito bons, mas não a recebo periodicamente. Ficaria muito feliz de poder receber novos exemplares e fazer parte dessa rede. Na oportunidade, quero parabenizar pelo trabalho desenvolvido na publicação. Andréa Righi Belo Horizonte-MG Excelente trabalho e conteúdo. Já os divulgamos ao nosso time da construtora Camargo Corrêa aqui do Peru. Parabéns a toda equipe. Fernando Henrique Teixeira Cajamarca - Peru
Escola Ideal é um dos finalistas do Prêmio LIF 2011 O ICC recebe com orgulho o reconhecimento de suas ações pela Câmara França-Brasil No dia 27 de setembro, o programa Escola Ideal do Instituto Camargo Corrêa foi reconhecido como um dos três projetos destaque na categoria Apoio às Comunidades Locais do Prêmio LIF (Liberdade, Igualdade, Fraternidade) 2011, promovido pela Câmara de Comércio França-Brasil. “Ser reconhecido pela Câmara de Comércio França-Brasil como uma ação de apoio às comunidades locais é uma grande honra para o Escola Ideal”, resume Toni Niccolini, coordenador do programa. O LIF premia três ações como finalistas em cada uma das suas três categorias – Apoio às Comunidades Locais, Preservação e Proteção dos Recursos Naturais e Público
Interno. O Escola Ideal foi escolhido entre outros 56 projetos inscritos em sua categoria, ao lado do Programa Visão em Ação, da Unimed Paulistana (premiado na final), e Unindo Forças, da Fundação Alphaville. O Escola Ideal está presente em 440 escolas de 14 municípios que atendem 77 mil alunos. Niccolini lembra que o trabalho é fruto de muitas parcerias, envolve toda a rede pública de educação dos municípios e desenvolve ações junto com as empresas do Grupo Camargo Corrêa, profissionais voluntários, com outras ONGs e universidades. “É assim, a muitas mãos, que trabalhamos e estamos comemorando esta premiação”, explica. ideal comunitário 33
inovações sustentáveis
Menos carbono no ar Construtora Camargo Corrêa lança Plano de Gestão de Carbono e compromete-se em reduzir em 37% emissão de gases de efeito estufa até 2020
foto: Divulgação
COMPENSAÇÃO UHE Serra do Facão (GO) conta com viveiro de mudas
Principais causadoras do aquecimento global e das mudanças climáticas, as emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) deixaram de ser assunto somente de especialistas. Cada vez mais, a chamada “pegada de carbono”, ou seja, a quantidade de dióxido de carbono (CO2) produzida nas atividades cotidianas torna-se uma reflexão obrigatória para as pessoas e uma obrigação legal para as indústrias. Nas diversas empresas do Grupo Camargo Corrêa, iniciativas relacionadas às emissões de GEE surgiram ao longo do tempo. Em 2009, o tema ganhou status estratégico, com o lançamento da Agenda Climática do Grupo, estabelecendo o posicionamento e definindo linhas de ação. Em sintonia com esta estratégia e antecipando-se à regulamentação da Política Nacional de Mudanças Climáticas (PNMC) – instituída pela Lei 12.187 em dezembro de 2009 – a construtora Camargo Corrêa realizou o Inventário de Emissões de GEE em suas obras durante 2009 e 2010. Com isso, foi possível dimensionar suas emissões e planejar ações para reduzi-las e compensá-las. Em seu Plano de Gestão de Carbono, a construtora assume o compromisso de reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa em 21% até 2016. Até 2020, o objetivo é derrubar as emissões em 37%. Os resultados iniciais são animadores: em relação aos anos anteriores, em 2010 houve redução de 7,2% das emissões nas obras da construtora. “O resultado foi extremamente positivo, pois mostramos que as ações de redução são inerentes a cada processo”, observa Ricardo Sampaio Fernandes, da Gerência Executiva de Sustentabilidade da construtora. “Muitas vezes, são ações simples, que demandam certo investimento, mas exigem muito mais a força de vontade dos profissionais para melhorar as ações do dia a dia.” Primeiros passos As primeiras ações da construtora na gestão de carbono começaram em 2007, na obra da Usina Hidrelétrica (UHE) Foz do Chapecó, na divisa do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Lá, foi realizado o primeiro inventário e definida a metodologia de quantificação. No ano seguinte, outras cinco obras de diferentes tipos – rodovia, industrial, hidrelétrica, gasoduto e edificações – foram inventariadas. Já em 2009, a quantificação foi realizada em todas as obras sob controle operacional da construtora, num total de 32 empreendimentos. Em 2010, o processo teve continuidade quantificando também as emissões de 32 obras. “Agora, em 2011, o processo é online, através de um software que os responsáveis nas obras acessam para colocar suas informações”, relata Fernandes. Dentro do plano da construtora Camargo Corrêa foi elaborado um Guia para Gestão de Carbono nas Obras. Nele, são listadas 17 ações simples de serem
34 ideal comunitário
realizadas e que, se cumpridas, permitirão atingir e até superar as metas estabelecidas. As medidas incluem optar, sempre que possível – e, claro, em condições de prazos e custos adequados – por modais ferroviários e aquáticos ou quaisquer planos de logística que representem menor consumo de combustível fóssil. Outra ação sugerida é reaproveitar e reciclar os Resíduos de Construção e Demolição (RCD) em todas as obras. E, ainda, adotar práticas de redução do consumo de energia nos escritórios. A garantia de que as obras realizarão as ações foi uma preocupação constante durante a elaboração de todo o material. Por esta razão, o guia prioriza ações que, além de diminuir as emissões, também geram economia de custos e aumento de produtividade. Há exemplos de bons resultados em várias obras. Na UHE Foz do Chapecó, testes com a utilização do biodiesel B20 comprovaram sua eficácia nos equipamentos antes movidos a diesel comum. Com a troca, deixaram de ser emitidas sete toneladas de CO2. A partir desta experiência, todos os equipamentos da construtora poderão receber o B20, onde houver a oferta desse combustível. Outra ação importante foi o treinamento de operadores de caminhões na obra da UHE Jirau, que reduziu em 6% o consumo de combustível. Já na UHE Serra do Facão, com a
utilização de cimento com alto teor de escória, 41 mil toneladas de CO2 deixaram de ser emitidas. Boa influência O processo de conscientização e sensibilização dos profissionais é constante. Projetos e programas para capacitação de mão de obra abordam as mudanças climáticas. Além disso, o tema passou a fazer parte das atividades de integração de cada profissional que entra na construtora. “Tivemos uma ótima surpresa com os bons resultados alcançados em razão do engajamento dos profissionais e do conhecimento de que a gestão de carbono está diretamente ligada às atividades das obras”, destaca Ricardo Sampaio Fernandes. Um dos objetivos da empresa agora é influenciar prestadores de serviço e toda a cadeia de fornecedores. Através do projeto Parcerias para a Sustentabilidade, que há três anos realiza encontros entre a construtora e seus fornecedores para fomentar as discussões sobre todos os temas referentes à sustentabilidade, pretende-se sensibilizar toda a cadeia produtiva para a gestão das emissões de carbono. O passo seguinte será influenciar as demais empresas do Grupo Camargo Corrêa. “A construtora tem o importante papel de mostrar para todo o Grupo que isso é possível e deve fazer parte da gestão ambiental de cada empresa”, comenta Fernandes.
foto: Divulgação
Plano de Gestão de Carbono O que é
sões realizadas num determinado período
Documento da construtora Camargo Corrêa
de tempo.
que apresenta os compromissos de redução de emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE)
Componentes do plano
alinhados à Política Nacional de Mudanças
Programa de Gestão de Carbono - Envolve o
Climáticas (PNMC) e à Agenda Climática do
inventário e a identificação de projetos com
Grupo Camargo Corrêa.
potencial de redução dessas emissões. Programa de Treinamento dos Gestores - Pla-
Meta
nejamento estratégico para engajamento
Reduzir em 21% as emissões até o ano de
de gestores, tanto das obras, quanto da área
2016. Até 2020, a redução deve chegar a 37%.
corporativa. O principal componente deste programa é o Guia para Gestão de Carbono
Primeiro passo
nas Obras, um material que permite a cada
A realização de um Inventário de Emissões
obra a aplicação das diretrizes e projetos do
de GEE, que é a quantificação das emis-
ideal comunitário Plano de Gestão de Carbono.
35
ações&parcerias
Diálogo com a comunidade Com projeto CDC Comunica, membros dos Comitês de Desenvolvimento Comunitário criam boletins para divulgar suas atividades e ampliam horizontes para suas ações
O que são os Comitês de Desenvolvimento Comunitário (CDC)? Os CDCs são grupos de mobilização social que diagnosticam e desenham os projetos a serem desenvolvidos nas áreas da infância, educação, geração de trabalho e renda, dentro dos pilares dos programas do Instituto Camargo Corrêa. Os comitês reúnem representantes das empresas do Grupo Camargo Corrêa, de instituições públicas e de organizações locais. Nos municípios onde o CDC Comunica está sendo realizado, participam dos comitês a InterCement e a construtora Camargo Corrêa. 36 ideal comunitário
“Para as crianças, sempre dizemos ‘não faça isso, não faça aquilo’, mas não adianta só criticar: temos que sugerir coisas para elas fazerem e se desenvolverem”, comenta Regiani Sabino da Silva, que tem três filhos e há dez anos é voluntária da Pastoral da Criança de Porto de Galinhas, em Pernambuco. Com as comunidades, explica, não é diferente: informação positiva gera ação positiva. Como participante do Comitê de Desenvolvimento Comunitário de Ipojuca (PE) – criado a partir da implementação do programa Infância Ideal no município e que reúne organizações públicas e privadas para desenvolver ações em favor da garantia dos direitos da infância e da adolescência (veja quadro) –, Regiani está aprendendo a disseminar este tipo de informação. Através do projeto CDC Comunica, resultado da parceria entre o Instituto Camargo Corrêa (ICC) e a organização Oficina de Imagens, o comitê de Ipojuca e de outros oito municípios estão produzindo boletins para divulgar suas atividades. Tudo isso para, justamente, gerar ações positivas em favor das crianças e adolescentes em cada localidade. “É diferente daquelas reportagens sobre nossos problemas que assistimos ou lemos por aí. A gente fala do problema, mas com um compromisso de transformação”, diz Eva Costa Silva, do CDC de Juruti (PA). O projeto CDC Comunica parte do princípio de que o diálogo com a comunidade é fundamental para fortalecer o trabalho dos Comitês. Este ano, o projeto está sendo implantado em nove municípios. Em Ijaci (MG), Juruti (PA), Bodoquena (MS) e Ipojuca (PE), os comitês lançaram uma edição dos respectivos boletins. Os CDCs de Cabo de Santo Agostinho (PE), Apiaí (SP), Santana de Paraíso (MG), Jacareí (SP) e Pedro Leopoldo (MG) já chegaram à segunda edição. Boas notícias São os membros dos comitês os responsáveis por realizar os boletins. Para isso, recebem uma capacitação, a cargo da Oficina de Imagens. A organização, especializada em projetos de comunicação na área da educação, infância e adolescência, realiza uma oficina de formação sobre princípios básicos do jornalismo impresso: o que é notícia, os cuidados que precisam ser tomados com a informação para deixar a opinião de lado e não exagerar os fatos e como escrever um texto
PUBLICADOS Nove municípios já publicaram boletins do CDC Comunica
NA INTERNET v L eia os boletins já publicados pelos CDCs no link http://www.institutocamargocorrea.org.br/Paginas/biblioteca.aspx
jornalístico. Os participantes dos CDCs recebem ainda um guia que explica a importância da comunicação, gêneros jornalísticos, como produzir uma matéria, dicas de redação e fotografia. O material serve de referência na hora de realizar os boletins. Cada publicação é criada considerando o contexto dos comitês. Os profissionais da Oficina de Imagens e os CDCs definem um perfil editorial específico para cada boletim. Daí para frente, os membros dos comitês escolhem um nome para o boletim, discutem a pauta de cada número, apuram e escrevem as matérias, sempre com o apoio da organização e do ICC. “Nos tornamos jornalistas que só divulgam boas notícias”, define Aline Cristina Barbosa, do CDC de Jacareí. O projeto começou a ser implementado em fevereiro deste ano, e no mesmo mês, o CDC de Apiaí inaugurou a série de boletins com o CDC em Foco. Na capa, a manchete “Já nos conhece?” refletiu uma demanda que, segundo Lia de Camargo Ferreira, membro do comitê, já fazia parte das preocupações do grupo: fazer suas ações serem conhecidas pela comunidade. Lia conta que o comitê chegou a pensar em várias opções de divulgação e, por isso, recebeu com muita disposição o projeto CDC Comunica. Desde então, já foram publicados 12 boletins, com 8 páginas cada, somando um total de 13.200 exemplares já distribuídos. As publicações, que agora saem de quatro em quatro meses, a partir do próximo ano serão trimestrais. A ideia do projeto é capacitar os CDCs para tornarem-se independentes em todas as etapas da produção. Segundo Filipe Motta, jornalista da Oficina de Imagens, a perspectiva atual é que isso ocorra em um ano e meio. Ele avalia que tanto os textos quanto a produção das imagens já melhoraram bastante. “Eles nos mostraram o caminho das pedras”, diz Regiani, de Ipojuca. “Não é um pessoal que tem só o olhar da comunicação em si: eles falam a mesma língua que a gente”, resume Juraci Andrade de Lima, do CDC de Juruti. Distribuição Depois de corrigido e revisado, a Oficina de Imagens comanda a impressão dos boletins e o envio para os CDCs. No início, eram mil exemplares para cada município. Desde julho, a impressão foi ampliada para 1.200 cópias.
Destas, 200 são enviadas para os outros CDCs. Assim, o projeto também aumenta o intercâmbio entre os comitês. Além dessa prática, uma atividade realizada durante o 4º seminário Rede de Cidades pela Defesa dos Direitos da Infância, evento anual de encontro dos CDCs do programa Infância Ideal, promoveu a troca de relatos sobre a produção do boletim. O seminário ocorreu entre os dias 21 e 24 de setembro em Jacareí. A distribuição dos outros mil exemplares de cada boletim fica a cargo dos CDCs. Cada um usa uma metodologia específica, considerando a estrutura do comitê, o público de interesse e o tamanho do município. Em alguns casos, já há uma demanda explícita. Em Juruti, o Centro de Referência de Assistência Social, um parceiro do grupo, distribuiu o boletim no Encontro Nacional do Clubinho da Tartaruga, organização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), realizado em agosto. Uma vez distribuídos, os boletins plantam boas notícias e estas já dão frutos. O comitê de Apiaí, por exemplo, recebeu uma menção honrosa na Câmara Municipal, elogiando o papel do comitê, da InterCement e da Camargo Corrêa, ganhou novos voluntários e ampliou a parceria com o Rotary Club. Em Santana do Paraíso, o CDC recebeu mensagens da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg) e de universidades locais parabenizando o comitê pelo seu trabalho. Para Juraci Andrade Lima, do CDC de Juruti, além de novas parcerias, a disseminação da informação facilita a aprovação e aplicação de projetos em âmbito político. ideal comunitário 37
artigo Mónica Beatriz Galiano
foto: DivulgaçÃo
Voluntariado nas empresas globais: o estado da arte
Mónica Beatriz Galiano é diretora da Iniciativa Brasil. Junto com Kenn Allen e Sarah Hayes, foi pesquisadora sênior do estudo Global Companies Volunteering Globally, do Global Corporate Volunteer Council (GCVC), lançado em junho de 2011. O informe completo pode ser acessado em www.gcvcresearch.org
Colaboradores de empresas doam seu tempo, talento e energia para fazer uma diferença visível no mundo 38 ideal comunitário
Todos os dias, no mundo todo, centenas de milhares de colaboradores de empresas doam seu tempo, talento e energia para fazer uma diferença visível no mundo. Até mesmo a crise global parece ter fortalecido o voluntariado empresarial, já que surgem cada vez mais iniciativas criativas para responder às necessidades básicas de pessoas que estão desempregadas ou em situação vulnerável. Em pesquisa recente entrevistamos 48 companhias globais, e apresentamos aqui algumas conclusões sobre as características encontradas: Impacto Focalizado Cada vez mais, as empresas estão buscando concentrar os esforços de seus voluntários em prioridades globais específicas, alavancando os seus recursos – humanos, financeiros, em espécie – para ganhar escala e aumentar seu impacto, mas as diferenças culturais moldam e adaptam o voluntariado empresarial às realidades locais, o que gera uma tensão contínua. Variações regionais e culturais • Os países árabes e africanos se encontram nos primeiros estágios de estruturação de seus próprios modelos; as diferentes abordagens culturais consideram a ação comunitária como componente natural da vida. • A região Ásia-Pacífico é uma verdadeira colméia de frenética atividade: modelos locais surgem rapidamente enquanto modelos ocidentais vão sendo adaptados. • A Europa se caracteriza pela diversidade de conceitos; a solução de problemas sociais é vista como responsabilidade principal do Estado e não dos cidadãos. • Na América Latina enfatiza-se a mudança social e o desenvolvimento de uma cidadania ativa; no voluntariado latino-americano, o ideal é de transformação.
• A América do Norte é a região mais madura, que está aprendendo como globalizar seus programas e adotar e adaptar ideias de outras regiões ao mesmo tempo em que continua inovando. As armadilhas de ser um recurso estratégico À medida que o voluntariado empresarial se torna mais reconhecido pelo seu valor para a empresa, seu principal propósito pode começar a servir mais aos interesses dos negócios do que aos interesses da comunidade – especialmente quando eles são usados como parte de uma estratégia global de engajamento dos empregados. No mantra “o que é bom para a comunidade é bom para os funcionários e para a empresa”, o equilíbrio entre estes três benefícios revela-se delicado e nada fácil de atingir. O que está na moda? Sempre existirá a “melhor coisa que todos deveríamos estar fazendo”. Atualmente são o skillbased volunteerism (voluntariado baseado em competências) e o cross-borders (voluntariado internacional). Porém, nem todas as empresas deveriam querer adotar todas as novidades. Embora seja melhor fazer algo do que não fazer nada, tentar fazer tudo não é necessariamente a melhor solução. E quais são as melhores práticas? Não existe o “melhor modo” de fazer voluntariado empresarial. A natureza e o alcance dos programas dependem das situações; baseiam-se na cultura e nas prioridades da empresa, na natureza dos negócios ou da força de trabalho, nas realidades das comunidades onde cada companhia atua mas, sobretudo, nos objetivos que perseguem. Melhor para quem? Melhor do que o quê? Abaixo, então, as tão populares melhores práticas! O mundo todo começa a falar agora de práticas inspiradoras e nós assinamos embaixo.
expediente
CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO DA CAMARGO CORRÊA S.A. Presidente: Vitor Hallack Vice-presidentes: A.C. Reuter, Carlos Pires Oliveira Dias e Luiz Roberto Ortiz Nascimento ConselHo Deliberativo do instituto camargo corrêa Presidente: Rosana Camargo de Arruda Botelho Vice-presidente: Renata de Camargo Nascimento Conselheiros: Angelo Fuchs, Antonio Miguel Marques, Carla Duprat, Daniela Camargo Botelho de Abreu Pereira, Elisa Camargo de Arruda Botelho, Francisco Tancredi, Gabriella Camargo Nascimento Palaia, José Édison Barros Franco, Luiza Nascimento Cruz, Márcio Utsch, Maria Regina Camargo Pires Ribeiro do Valle, Maria Tereza Pires Oliveira Dias Graziano, Olga Colpo, Raphael Antonio Nogueira de Freitas, Ricardo Fonseca de Mendonça Lima e Vitor Hallack Instituto Camargo Corrêa Presidente do Grupo Camargo Corrêa e do Instituto: Vitor Hallack Diretor executivo: Francisco de Assis Azevedo Superintendente: João Teixeira Pires Coordenador administrativo: Leonardo Giardini Coordenadora de comunicação: Clarissa Kowalski Coordenadores de programas: Flávio Seixas , Jair Resende, Juliana Di Thomazo e Toni Niccolini Analistas de projetos: Ariane Duarte, Felipe Furini, Gisele Pennella e Lívia Guimarães Assistente administrativo: Bárbara Gomes Estagiária de comunicação: Mariana Ramos de Baère Estagiária de projetos: Letícia Berchielli REVISTA IDEAL COMUNITÁRIO Comitê editorial Carla Duprat, Clarissa Kowalski, Francisco de Assis Azevedo, João Teixeira Pires, João Ricardo Auler, Kalil Cury Filho, Luiza Nascimento Cruz, Marcello D’Angelo, Mauricio Esposito, Olga Colpo, Ricardo Mastroti, Sunara Avamilano e Veet Vivarta
Arte Carolina König – studio1101 CAPA Paulo Caruá – foto impressão Leograf COMUNICAÇÃO DO GRUPO CAMARGO CORRÊA CAMARGO CORRÊA S.A. Marcello D’Angelo, Mauricio Esposito, Cecilia Paula Costa Mello Rosner, Cintia Mesquita de Vasconcelos, Elaine Pimenta e Sunara Avamilano Alpargatas Cássia Navarro INTERCEMENT Fernanda Guerra ENGENHARIA E CONSTRUÇÃO Denise Pragana e Amanda Lucindo TAVEX CORPORATION Andrea Shimada e Bianca Kapsevicius Gonçalves
Entre em Contato Opiniões, dúvidas e sugestões sobre a revista Ideal Comunitário: Rua Funchal, 160, São Paulo, CEP 04551-903 www.institutocamargocorrea.org.br Tel.: (11) 3841-4922 Fax: (11) 3841-5894 e-mail: instituto@institutocamargocorrea.org.br
Produção Editorial Máquina Public Relations EDITORA Cristina Charão
Realização
Parceiro
Texto Alceu Luís Castilho, Bernadete Costa, Cristina Charão, Giselle Godoi e Rosângela Rezende
ideal comunitário 11
Profissionais do projeto Cyclone IV, da construtora Camargo Corrêa, realizam atividade no Museu Histórico de Alcântara para incentivar crianças do município a frequentar a instituição; parceria com o museu resultou na criação de um espaço especial para o público infantil