O órgão de informação oficial da Associação Pestalozzi de Goiânia - GO Nº 17, Dezembro de 2011
Tempo de despedida Como preparar os filhos com déficit intelectual para viver sem a companhia dos pais
Deuzely e sua mãe, Maria Niniva
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ASSOCIAÇÃO PESTALOZZI DE GOIÂNIA Entidade considerada de Utilidade Pública Municipal (Lei 4922 de 04/11/74), Estadual (Lei 7935 de 06/06/75) e Federal (Portaria n° 336 de 02/05/00). Endereços: CENTRO DE ATENDIMENTO ESPECIALIZADO PETER PAN - Rua 201 n° 179 Vila Nova - CEP 74643-050 - Goiânia-GO Fone/ Fax: (62) 3515-6700 e 3515-6701 ● CIET PRÓ-LABOR - Pça. da Bíblia n° 2424 Qd. K Lts 3/4 - Vila Santa Isabel - CEP 74055-070 - Goiânia-GO Fone/Fax: (62) 3515-5656 e 3515-5657 ● UNIDADE RENASCER - Rua A n° 561 - Vila Nova CEP 74720-270 Goiânia-GO Fone/Fax: (62) 3515-5666 e 3515-5655 ● DIRETORIA - (62)3515-5659 ● TELEMARKETING (62) 3515-5600 SITE - www.pestalozzigoiania.org.br DIRETORIA EXECUTIVA - Presidente: Maurício Rodrigues Porto; 1ª Tesoureira: Ione de Paula Silveira Marques; 2º Tesoureiro: Waldir Vieira; 1ª Secretária: Renata Tavares Estrêla; 2ª Secretária: Iramar Barreira Morais Lemos. CONSELHO FISCAL - Efetivos: Marlene do Espírito Santo Ferreira, Saulo de Medeiros, Vera Lúcia Batista Felipe; Suplentes: Edmar de Fátima Rodrigues dos Santos, Gracioneta Guimarães de Moura, Francisca Janeide de Sousa Lima. CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO - Maria do Rosário de Fátima Marçal de Almeida, Maria Francisca Pereira dos Santos, Joice Martins de Lima Pereira, Celeste Cordeiro Chagas, Aparecida de Paula Silva, Dalva Naves Pedro, Isolina de Lourdes Rios Assis, Jaci Duarte Pereira da Silva.
Órgão de informação oficial da
Associação Pestalozzi de Goiânia
CONSELHO EDITORIAL - Dirce Pereira Nunes (Unidade Pró-Labor), Jackeline Miranda (Unidade Renascer), Adriana Bahia (Unidade Peter Pan), Zenólia de M. Guimarães Silva (mãe de aluno) e Marlene do Espírito Santo (diretoria). JORNALISTA RESPONSÁVEL - Raquel Pinho - GO 1752 JP. Email: raquelpinho@uol.com.br. EDIÇÃO E DIREÇÃO DE ARTE: Raquel Pinho. REDAÇÃO: Raquel Pinho, Luisa Dias, Marcela Guimarães. FOTO DA CAPA: Marcela Guimarães. REVISÃO: Ludmila Déroulède. DIAGRAMAÇÃO: Neide Ataíde.
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EDITORIAL A Assessoria de Igualdade Racial da Prefeitura de Goiânia - mais conhecida como GT da Paz concedeu a homenagem “Baluartes da Paz” a 78 instituições e personalidades que contribuem com ações efetivas de cultura de paz em nossa capital. Na homenagem, realizada no Tribunal de Justiça do Estado de Goiás, estavam presentes diversos segmentos da sociedade e nós estivemos lá, representando a Associação Pestalozzi de Goiânia.
Eu convido cada leitor a gargalhar com a gente!
Muitos podem indagar qual a nossa relação com a cultura de paz. O conceito de paz é discutido há milênios por filósofos e estudiosos, mas ainda permanece no campo das subjetividades humanas. Paz é a ausência de guerra? É estar bem consigo mesmo? Em 1999, a Organização das Nações Unidas (ONU) criou a Declaração e Programa de Ação sobre uma Cultura de Paz, que definiu como paz “um conjunto de valores, atitudes, tradições, comportamentos e estilos de vida baseados no respeito à vida, no fim da violência e na promoção e prática da não violência por meio da educação, do diálogo e da cooperação...”. Nesse sentido, a paz anda de mãos dadas com a inclusão. Incluir significa aceitar as diferenças e dar as mãos para a diversidade. Há anos a Associação Pestalozzi de Goiânia vem trabalhando nesta direção. Por meio de atendimentos de saúde, projetos de convivência social, de profissionalização, de educação, entre outros, oportunizamos que pessoas com déficit intelectual tenham condições reais de conquistar a autonomia e seu lugar no mundo. Certamente, toda a família pestalozziana está orgulhosa com este título, mas, apesar da relevância da homenagem, o que realmente motiva a seguir nossa caminhada é acompanhar as conquistas de nossos assistidos: cada educando que consegue uma vaga no mercado de trabalho, cada educando que consegue desenvolver atividades de vida diária de forma independente, como comer ou trocar-se sozinho, cada educando que evolui pedagogicamente, cada assistido que consegue evoluções em sua saúde, como a melhora de postura, a assimilação da mastigação, os primeiros passos, mesmo tardios. Conquistas que todos comemoram, para as quais todos sorriem. E daí, advém-me uma definição do que seja paz, ao menos para nós, da Associação Pestalozzi de Goiânia. Paz é sorriso. É a alegria que todos estes assistidos e suas famílias sentem quando dão um passo em sua trajetória rumo à inclusão.
Notas e Eventos
Projeto Esporte e Lazer Inclusivo reúne 500 pessoas na Eseffego Educandos da Pestalozzi se uniram com estudantes convidados para um dia de confraternização regada a muito esporte e lazer. Com o apoio dos acadêmicos de Educação Física da Escola Superior de Educação Física e Fisioterapia de Goiás (Eseffego) e convidados atendidos pela Agência Goiana de Esporte e Lazer (Agel), Centro de Apoio ao Deficiente (CAD) e APAE de Anápolis, os pestalozzianos se divertiram com natação, atletismo, futsal, capoeira, bocha e diversas atividades de lazer e recreação. O evento foi realizado no dia 7 de junho, marcando o encerramento do Projeto Esporte e Lazer Inclusivo, que levou esporte aos educandos, familiares e funcionários nas dependências das unidades da Associação Pestalozzi de Goiânia e Grupo Abadá Capoeira durante apresentação em evento da Eseffego também pela cidade afora, nos parques públicos. O projeto foi implantado com recursos de emenda parlamentar do deputado federal Ronaldo Caiado e aprovado pelo Ministério do Esporte por meio do Programa Esporte e Lazer Na Cidade (PELC) e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SEMEL). Em breve, novo projeto na área esportiva será implantado para agitar novamente a família pestalozziana.
Pestalozzi e Eseffego estendem parceria E por falar em Eseffego, a Associação Pestalozzi de Goiânia comemora mais uma modalidade de parceria com a instituição. Além de disponibilizar estagiários atuantes no atendimento aos educandos, a Eseffego cede espaço para realização dos eventos da Pestalozzi. Uma das disciplinas ministradas é voltada para pessoas com deficiência: a Educação Física para Diversidade. A parceria da instituição é de longa data: desde 1995. Diferente do que publicamos na edição passada da Revista Especial, esse relacionamento e a disponibilização de estagiários ocorre em todas as unidades da Pestalozzi há 16 anos.
Aluno da Renascer dá show musical na Festa Junina “Avião sem asa, fogueira sem brasa, sou eu assim sem você”... Já reconheceu a canção? O aluno Janielton Matias Barbosa Silva encantou a todos com a interpretação deste sucesso da dupla Claudinho e Bochecha no palco da Festa Junina da Associação Pestalozzi de Goiânia. A boa voz e a desinibição do garoto autista de 13 anos surpreenderam familiares, professores, colegas e a comunidade que participaram da festa, revelando uma habilidade que a sua mãe já havia intuído. Deusilene Barbosa Sousa conta que o garoto começou a se interessar por música há algum tempo. Por conta própria, quando assiste a apresentações musicais na TV, anota as letras das músicas por iniciativa própria. “Quando percebi esse interesse, comecei a incentivar”, disse. Janielton já tem até inspiração, Michael Jackson, e se depender do apoio de sua mãe ele também poderá alcançar as estrelas. “Quero que ele continue, que estude e experimente seus potenciais. Eu acredito nele”, comentou a mãe com entusiasmo. Janielton, aspirante a cantor, e sua maior fâ, a mãe Deusilene Barbosa
Terapia comunitária para familiares Ouvir, compartilhar experiências e encontrar soluções. Esses são os objetivos da terapia comunitária dirigida pela vereadora Cidinha Siqueira na Associação Pestalozzi de Goiânia. O encontro ocorre quinzenalmente entre familiares dos educandos CAE Peter Pan. O projeto tem participação gratuita, é aberto a todos os familiares interessados, sendo recomendado pela coordenação. “Todos que participam têm em comum filhos com déficit intelectual e enfrentam dificuldades parecidas. A troca de experiências é importante”, comentou uma das coordenadoras do Peter Pan, Raquel Louredo Soares de Moraes. DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 3
Notas e Eventos
Família Pestalozziana unida: a tradição continua... Escola decorada e recheada de familiares, estudantes, professores e funcionários. Assim foi realizada mais uma tradicional Festa da Família da Associação Pestalozzi de Goiânia, em agosto. A Unidade Renascer foi a sede da festa que reuniu a comunidade pestalozziana de Goiânia. Caldos de feijão, frango e vaca atolada agradaram o paladar dos convidados. Huumm! Os sorrisos tomaram conta da Festa da Família 2011
Pestalozzi sai às ruas contra a dengue Entra ano, sai ano, a dengue continua sendo um dos principais problemas de saúde pública. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que entre 50 a 100 milhões de pessoas se infectem anualmente mundo afora. Em Goiás, as chuvas começaram e este fantasma voltou a rodear nossas comunidades. Preocupado com essa conscientização, o CAE Peter Pan promoveu uma passeata contra a dengue. Ao todo, cerca de 150 alunos, dos turnos de manhã e tarde, saíram pelas imediações da Vila Nova ao lado de um mosquito gigante, ou melhor, um agente da Secretaria Municipal de Saúde fantasiado de Aedes aegypti. Segundo Maria Rita Soares Alcanfor Ximenes, coordenadora da unidade, o objetivo foi lembrar mais uma vez os riscos da doença e as maneiras de prevenção, além de divulgar os trabalhos da Pestalozzi. Alunos do Pró-Labor adoraram a pesca esportiva
Lazer e aprendizado no Dia do Estudante Educandos do CIET Pró-Labor da Associação Pestalozzi de Goiânia comemoraram o Dia do Estudante (11 de agosto) com um dia de lazer no Pesque e Pague Água Verde. Banho de piscina, jogos de futebol, pescaria e um show exclusivo da banda Scalla foram algumas das atrações. Mas como estudantes que são, o passeio também foi uma oportunidade de aprender mais. Uma caminhada educativa foi realizada na trilha da chácara, onde eles aprenderam mais sobre a preservação ambiental. Durante a pescaria, eles descobriram que os peixes também são grandes aliados no combate à dengue, pois alimentam-se das larvas do moquisto Aedes aegypti. 4 | REVISTA ESPECIAL | DEZEMBRO DE 2011
Alunos mostram como gestos simples são eficazes no combate à dengue
Notas e Eventos
Mãos no teclado A Pestalozzi deu início ao Projeto Mãos no Teclado, no CAE Peter Pan, disponibilizando um curso de inclusão digital às mães e acompanhantes dos educandos. As aulas acontecem todas as quartas-feiras, sendo uma oportunidade para que elas conheçam o mundo das redes sociais, da informação instantânea, entre outros benefícios do computador e da internet. Irene Rosa Costa de Oliveira é avó de educando e foi uma das primeiras a se inscrever. “Eu nem sabia ligar um computador e meu sonho é ter um em casa”, comentou a senhora. O projeto está otimizando o uso da sala de informática. Às quartas-feiras, o espaço ficava ocioso em virtude das atividades externas dos educandos. As aulas são gratuitas e as inscrições podem ser feitas na secretaria do CAE Dona Irene Rosa teve contato com o computador pela primeira vez Peter Pan.
Seja o Papai Noel de uma das crianças da Pestalozzi Neste fim de ano, os desejos de Natal das 310 crianças da Pestalozzi estão na árvore natalina do Goiânia Shopping. É que a Pestalozzi foi selecionada para participar do projeto Árvore Solidária deste ano, que recebe cartinhas de Papai Noel, estimula os clientes do shopping a lê-las e a realizar o pedido escrito em uma ou mais delas. As cartinhas estarão disponíveis para “adoção” até o dia 23 de dezembro. Participe!
Doação de 300 brinquedos Em comemoração ao Dia das Crianças, a Associação Pestalozzi de Goiânia recebeu, no último dia 18 de outubro, 300 brinquedos destinados às crianças da Unidade Renascer. Os presentes foram resultados de uma campanha feita pela Secretaria Municipal de Habitação (Smhab) que estimulou a doação de brinquedos por empresas privadas a creches, hospitais e entidades filantrópicas. No total, 15 mil brinquedos foram arrecadados e doados pela campanha.
O secretário municipal de habitação, Paulo Borges, repassa os brinquedos arrecadados ao presidente Maurício Porto
Semana Nacional do Trânsito
O motorista que passou na Praça da Bíblia durante a terça-feira (20/09) da Semana Nacional do Trânsito encontrou uma surpresa pestalozziana: educandos da Associação Pestalozzi de Goiânia distribuíram panfletos sobre educação no trânsito. Enquanto isso, a banda da Pestalozzi tocava músicas para chamar a atenção e divertir os motoristas e transeuntes da região. Além desta ação, outras atividades foram realizadas nesta semana, como palestras sobre o tema e apresentações artísticas. A programação foi uma parceria com o Programa Educando e Valorizando a Vida da Pestalozzi e UEG juntas em favor da educação Universidade Estadual de Goiás (UEG). no trânsito
Não, não estamos falando de cardiologistas, mas de pessoas como Elisa e Ademildes, que abraçaram o desafio de trabalhar usando a linguagem do coração
Trabalhe na Pestalozzi: temos vagas para especialistas do coração Faz aquela oração pedindo pelo sucesso em mais um dia de trabalho. Liga o computador enquanto prepara a voz para torná-la agradável e atenciosa. Respira buscando concentração: é hora de repassar mentalmente os argumentos a serem utilizados durante o dia. Começa, então, a fazer os telefonemas. Essa é a rotina de Elisa Maria dos Santos e Ademildes Teodoro de Oliveira, operadoras de telemarketing há 11 anos da Associação Pestalozzi de Goiânia. Seu desafio diário é ligar para pessoas e conseguir que elas se esqueçam por alguns instantes de si mesmas, coloquemse no lugar de quem tem déficit intelectual e atendam ao convite da generosidade, da partilha, da doação. “É uma emocionante rotina, que não tem rotina”, define Elisa. Entre humores diversos encontrados, muitos “sim” e “não” são ouvidos. Mas a persistência, outro pré-requisito exigido dos candidados, a alimentam. Deste prato faz parte, ainda, o envolvimento com a causa pestalozziana: promover o desenvolvimento das pessoas com déficit intelectual. “Não tenho palavras para descrever a felicidade que sinto ao vê-los progredindo”, afirmou. Atualmente, aproximadamente 35% das despesas da Associação Pestalozzi de Goiânia são custeadas com as doações dos contribuintes do telemarketing. É para viver esta rotina que as vagas estão abertas. Se você gostou do desafio de levantar recursos para promover a cidadania e a inclusão social de mais de 850 pessoas com déficit intelectual, entre em contato com a Associação Pestalozzi de Goiânia pelo telefone 3515-5600. DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 5
Comportamento
A vida na ampulheta COM O AVANÇO DA MEDICINA E DO ACESSO AOS ATENDIMENTOS DE SAÚDE, PESSOAS COM DÉFICIT INTELECTUAL GANHARAM EM EXPECTATIVA DE VIDA, LANÇANDO UM NOVO DESAFIO PARA A FAMÍLIA: PREPARÁ-LOS PARA UM FUTURO EM QUE OS PAIS NÃO ESTARÃO PRESENTES Marcela Guimarães e Raquel Pinho Ao entrar na casa simples de dona Maria Niniva Fernandes Faria, a leveza desta senhora esconde as aflições pelas quais ela tem passado ao longo da vida. Tamanhas são a simpatia e tranquilidade com que ela nos acolhe em visita, que seria até possível se esquecer do tema de nossa entrevista: o dia em que ela se despedirá da vida. Mãe de oito filhos, criou todos com garra para superar dificuldades financeiras sem a ajuda do marido, que a abandonou quando sua filha caçula tinha apenas dois anos, na década de 70. Ele já sabia que Deuzely Fernandes Gonçalves era “mongolóide”, a nomenclatura da época para a Síndrome de Down. Sozinha, dona Niniva centrou sua vida no amparo a seus filhos, em especial à Deuzely. Não conhecia nada sobre suas limitações, mas o amor nunca lhe faltou. “Eu entendi que era minha missão cuidar dela”, disse. Assim Deuzely foi crescendo, contando sempre com a comida no prato colocada por sua mãe – e a receita de sua preferência, é claro. Na hora do banho, Dona Niniva também estava lá para dar aquele capricho final. Quando veio o tempo da escola, ela chegou a frequentar várias, mas a mãe sempre recuava na primeira dificuldade. “Houve uma vez que ela chegou com alguns machucadinhos. Eu preferi tirá-la da escola, nem fui conversar com a professora”, recorda-se. Foram várias matrículas seguidas de abandonos escolares. Hoje, aos 40 anos, Deuzely olha as fotos dos colegas de sala de uma das escolas por que passou na adolescência e até hoje grunguna seus nomes – sua fala não é nítida. “Ela gostava da escola, mas eu sempre preferi tirá-la porque ficava com medo”, disse. Medo da violência, medo do tratamento das pessoas, medo de que sua filha ficasse desprotegida. Medo que havia adormecido com o passar dos anos, mas que 6 | REVISTA ESPECIAL | DEZEMBRO DE 2011
Deuzely e sua mãe, olhando as fotos do tempo de escola: “devia ter feito diferente”
agora volta como uma tormenta. Mesmo com a idade avançada e as dificuldades de locomoção, a mãe continua inabalável em sua missão diária de colocar a comida no prato, ajudar no banho e em tudo mais que estiver a seu alcance. Porém, agora, carrega no peito a angústia de não saber quem continuará a cuidar de Deuzely quando ela já tiver partido. Quem terá o mesmo carinho, desprendimento e afeto? Mesmo tendo outros filhos, Dona Niniva não alimenta esperanças de que algum deles a acolha. “Eu preferia que Deus a levasse primeiro”, sofre a mãe, ao não enxergar nenhuma luz no fim deste túnel. Para os pais, os filhos nunca crescem e quando eles possuem necessidades especiais esta sensação ganha ainda mais amplitude, levando-os ao erro da superproteção. Com isso, acabam bloqueando o desenvolvimento e a independência de seus filhos e esquecem-se do curso natural da vida: chegará o tempo em que os filhos terão de seguir sua caminhada sozinhos. E aí, o que se pode fazer? Nas últimas décadas, a sobrevida de quem tem déficit intelectual ou síndromes
com repercussão no cognitivo aumentou significativamente graças ao avanço da medicina e também ao acesso aos atendimentos de saúde. Estudos da Apae de São Paulo de 2007 revelam que a expectativa cresceu em 20 anos. Em média eles chegam aos 55 agora. Se antes era mais comum que a morte chegasse para estes filhos antes de chegar a seus pais, a tendência é de uma reversão. Se pudesse voltar atrás, dona Niniva reconhece: teria feito diferente: “Naquela época, eu não tinha tanta informação e prendia a Deuzely pensando que era o melhor para ela”, explicou. Deuzely não se locomove sozinha pela cidade, fala pouco e é dependente. Apesar disso, tem boa saúde e o olhar interessado a tudo que ocorre a sua volta. A chama da sua vida está acesa, apesar de a de sua mãe, aos 82, estar mais perto de se apagar. A lição que fica é a de que é preciso enfrentar os temores e preparar os filhos para o tempo da despedida.
LAÇOS FRATERNAIS Em algumas famílias, os laços fraternais incentivados desde a infância garantem a segurança e os cuidados do irmão com déficit intelectual após a morte dos pais. É o caso de Terezinha Jacinto, 58 anos. Ela também possui Síndrome de Down. Cresceu e passou a maior parte da vida em uma fazenda no interior de Goiás. Não frequentou a escola na infância, precisa de ajuda para tomar banho, se vestir e para sair de casa. A única atividade que a mãe conseguiu ensinar-lhe foi uma técnica artesanal para fazer tapetes. Somente em 1984, com a morte da mãe, é que Terezinha mudou-se para uma cidade do interior. Por dez anos, ela viveu com um dos irmãos e o pai. Em 1994, com o falecimento do patriarca, sua irmã mais próxima, Benedita, decidiu acolhê-la de vez em Goiânia. “A orientação que minha mãe deu era para Terezinha ficar comigo por eu ter ajudado a cuidar a vida toda”, comentou. Em meio às recordações, ela se lembra dos já longínquos dias de infância onde corria e cuidava de Terezinha. “Minha mãe forrava um tapete de couro no chão da sala e colocava a Terezinha sentada. Como ela não tinha firmeza, eu ficava em volta dela protegendo-a do tombo”. Nesta nova etapa, o cuidado e o amor só aumentaram. “Já não consigo imaginar Terezinha fora de minha vida”, contou a irmã, que não se preocupa com o futuro. Além de suas filhas, Terezinha é querida por todos os tios e sobrinhos. “Tenho certeza de que se um dia eu não estiver mais aqui, ela não será desamparada”, contou. A amizade entre irmãos estimulada ainda na infância também garantiu companhia para Joseane de Bastos Pinheiro, que
Terezinha: acolhida pela irmã se diverte com o sobrinho-neto e é a alegria da casa
Joseane (direita): mais independência após a morte da mãe (na foto) graças ao estímulo de sua irmã, a nova cuidadora
tem déficit intelectual, após a morte de sua mãe. Quem deixou esta missão para a irmã mais velha foi também a matriarca. “Certo dia, minha mãe me chamou até o quarto. Ela já estava idosa e lutava contra um derrame. Sentei ao seu lado na cama e ela perguntou: “E a Joseane, minha filha? Quem vai ficar com ela?”. Quem contou esta história foi Josenilde, a irmã de Joseane, que assumiu as responsabilidades da caçula. As duas são as mais novas no total de nove irmãos e, por isso, sempre foram ligadas uma a outra. “Andávamos juntas para todos os lados e até nossos vestidinhos eram iguais”, revelou. A própria Joseane relembra da época que iam juntas para a escola, quando sua dificuldade de aprendizagem foi descoberta. Mesmo com o ritmo mais devagar, as brincadeiras e o auxílio da irmã mais velha permitiram que ela fosse alfabetizada. “Tínhamos uma amiga que possuía quadro negro e nós brincávamos de escolinha”, comentou. Na fase adulta, enquanto a mãe teve
saúde, supervisionou a filha com uma dose extra de proteção, mas nos últimos dez anos de vida ficou doente, levando Josenilde a assumir os cuidados sobre a irmã, e precisou ensiná-la a ser mais independente por força das circunstâncias. “Como trabalho muito, aqui em casa todos têm a sua parte. Assim como minha filha e meu sobrinho que moram comigo, a Joseane também tem suas responsabilidades domésticas”, contou Josenilde. Joseane aprendeu a andar de ônibus e assumiu mais tarefas domésticas, coisas que a mãe não permitia fazer enquanto estava no comando da educação da filha. Hoje, enquanto a irmã trabalha, Joseane cuida da casa e faz comida. Da missão de conquistar a autonomia faz parte também a Associação Pestalozzi de Goiânia. Tanto Joseane quanto Terezinha participam das atividades oferecidas, o que certamente tem contribuído com seu desenvolvimento. RECOMENDAÇÕES PARA A FAMÍLIA A promoção da independência é a recomendação da psicóloga Elisa Fernandes. Independentemente de situações emergenciais, como aconteceu com Joseane, a autonomia é a melhor contribuição que os pais podem dar a seus filhos com déficit intelectual, desde a mais tenra idade. “Quem superprotege está subestimando a capacidade do filho. O ideal é observar até onde o filho pode chegar, dando-lhe oportunidades”, diz. Outra dica é permitir que os filhos convivam com outras pessoas de sua confiança e estabeleçam novos vínculos. “É assim que o novo cuidador vai aparecer naturalmente, na medida em que os pais deixarem isso acontecer”. Ela assegura que a partir destes passos, no decorrer da vida, os pais vão se sentir mais seguros e mais tranquilos. E o futuro passará a ser menos enigmático e mais leve e florido. DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 7
ASSEGURE OS DIREITOS DE SEU FILHO
A Revista Especial conversou com o promotor de Justiça Maurício Alexandre Gebrim, coordenador do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Cidadão (CAODHC) do Ministério Público do Estado de Goiás, sobre os direitos que seu filho com déficit intelectual possuirá após o seu falecimento. O CAODHC foi criado em março deste ano e é responsável por articular políticas de defesa dos direitos das pessoas com deficiência, pessoas em situação de risco e idosos, entre outras. sionistas, esse benefício pode ser transferido para o filho. Para isso, o curador deve levar os documentos do pai ou mãe falecido, o número do benefício que este possuía, os documentos que comprovam que a pessoa com deficiência foi interditada e o termo de curatela ao posto do INSS e fazer a solicitação de pensão. Então obedece-se aos trâmites internos do INSS.
1 Quais são os direitos de uma pessoa com déficit intelectual órfã de pai e mãe? Onde ela pode procurar ajuda para garantir os seus direitos? As pessoas com déficit intelectual possuem os mesmos direitos que qualquer outro cidadão, com o acréscimo de uma proteção especial do Estado devido a essa condição. Para assegurar isto, nós temos uma rede de proteção que deve ser utilizada. Quem precisa pode contar tanto com o Ministério Público, Secretarias de Assistência Social (em nível estadual e municipal) quanto com instituições como a Pestalozzi. 2 Como é feita a interdição do filho com déficit intelectual? Qual a importância deste instrumento? A pessoa maior de 18 anos que é portadora do déficit intelectual deve ser interditada por meio de processo judicial. Conforme o artigo 1.768 do Código Civil Brasileiro, quem pode requerer a interdição são os pais, o cônjuge ou algum parente ou o Ministério Público por meio do promotor de Justiça. Realizar a ação de interdição significa declarar que a pessoa não consegue, por si só, participar de todos os atos da vida e é necessário nomear alguém que a represente, ou seja, o curador. 3 Quais as diferenças entre tutela e curatela? Tutela é o encargo dado a um adulto para cuidar de uma criança ou adolescente menor de 18 anos que perderam os pais ou quando estes encontram-se ausentes. Ele é responsável por proteger, zelar, guardar, orientar e administrar os bens (Art. 1777 do Código Civil) destas crianças até que elas atinjam a maioridade. Curatela é destinada à proteção de pessoas judicialmente declaradas incapazes, ou seja, que tenham sido interditadas. As atribuições do curador são as mesmas do tutor e ambos têm direito a requerer remuneração para exercer esse cargo. 4 Como ficam os direitos hereditários
Dr. Maurício Alexandre Gebrim
das pessoas com déficit intelectual com a morte dos pais? Este filho vai herdar como qualquer outro. A diferença é que por ser uma pessoa interditada, a administração desses bens será feita pelo curador. Este não pode desfazer desses bens sem autorização judicial, além de prestar contas anualmente do que está fazendo com esses bens que foram recebidos.
5 Com a morte dos pais, quem fica responsável pelo filho com déficit intelectual caso não exista a figura do curador estabelecida? Em primeiro aspecto, o Estado é responsável por meio da rede de atendimento. Mas é necessário que se promova a interdição e nomeie algum parente ou um terceiro que demonstre afeto pela pessoa com deficiência como curador. Caso não haja essa figura, o Estado assume em definitivo a responsabilidade por esse incapaz e o encaminha para uma entidade de acolhimento. 6 Se os pais têm aposentadoria ou pensões do INSS, o filho com déficit intelectual pode continuar a receber estes benefícios após o falecimento dos progenitores? No caso de pais aposentados ou pen-
7 No caso da pensão, quando o filho já recebe da mãe e o pai morre, ele passa a receber as duas pensões? Sim, é permitida essa acumulação de duas pensões por morte no caso de falecimento do pai e da mãe, desde que estes sejam segurados do INSS. 8 A justiça pode mudar o curador ou tutor em caso de uso indevido dos bens ou maus tratos? Como? Nós temos duas formas de pedir a substituição do curador. Tem a substituição voluntária, nos casos em que não há maus tratos nem dilapidação dos bens. Isso ocorre quando a pessoa não quer mais o cargo de curador e solicita à Justiça que a substitua. Caso haja maus tratos ou má administração dos bens do curatelado, abre-se um processo com esse nome e esclarece-se por que aquela pessoa tem que ser removida daquela função. 9 Quais as orientações do Ministério Público aos pais que têm filho com déficit intelectual para assegurar os direitos deste filho, em caso de morte? O melhor que se faz é já deixar alguém indicado para cuidar dessa pessoa. Há a possibilidade de se indicar um curador em caso de falecimento, de fazer um inventário e nele apontar quem seria o administrador dos bens e de deixar as orientações em um testamento. Não temos o dom de prever o futuro; é necessário buscar esta pessoa o quanto antes. Caso não encontre, ou não exista, aconselho aos pais a procurarem os órgãos do Estado responsáveis por cuidar dessas pessoas e deixar de sobreaviso a situação.
Para receber mais orientações, ligue no Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos e do Cidadão – 3243-8200. Para fazer denúncias, disque 100 8 | REVISTA ESPECIAL | DEZEMBRO DE 2011
Comunidade parceira
De portas abertas para o contribuinte O telefone toca e na linha alguém chama o ouvinte para colaborar com a Associação Pestalozzi de Goiânia. Muitas pessoas não conhecem o trabalho desenvolvido, mas acreditam no que ouvem do operador de telemarketing da instituição e se tornam colaboradores. Para dar uma resposta a esta confiança, a Pestalozzi está realizando eventos de relacionamento com que contribuintes. Dois momentos já foram realizados, nos dias 30 de junho e 27 de setembro passados. Eles foram recebidos na sede administrativa da Associação Pestalozzi de Goiânia e recepcionados pelo presidente da instituição, Maurício Porto. Esta foi a ocasião de convidados e operadores conhecerem-se pessoalmente, além de ser uma oportunidade para a Pestalozzi apresentar o trabalho com mais detalhes. O empresário Rafael Sebba foi um dos contribuintes recebidos. Ele conheceu a Pestalozzi por meio de um dos operadores de telemarketing e há cerca de três anos contribui mensalmente. “Eu possuía a vontade de doar e a oportunidade apareceu por meio de uma ligação”, contou. Essa foi a primeira vez que ele foi pessoalmente à instituição. Outra participante, a estudante de gastronomia, Cássia Maria Teixeira, é contribuinte
O presidente Maurício Porto apresentou os ideais e os atendimentos oferecidos pela Pestalozzi
há quatro anos e também não conhecia de perto a instituição. Ela ficou surpresa com a quantidade de serviços oferecidos pela Pestalozzi e saiu de lá com planos de dedicar-se a algum trabalho dentro da instituição. “Sempre quis ser voluntária em alguma instituição filantrópica. Como vi que aqui são ministradas aulas de culinária, minha área, pretendo ajudar”, contou emocionada. EMPRESAS TAMBÉM SE ENVOLVEM Em busca de relacionamento, inclusão e novos parceiros, o setor de telemarketing da Associação Pestalozzi de Goiânia também está promovendo encontros de relacionamentos nas empresas. O Colégio Metropolitano realizou ação educativa entre os alunos em benefício da Associação Pestalozzi de Goiânia. Os estudantes participaram de uma gincana para arrecadar alimentos e roupas para a instituição. A ação incluiu também a visita de uma comissão de alunos e professores à unidade de saúde da instituição, em agosto, oportunidade em que puderam conhecer melhor a realidade das pessoas com deficiência. “Ficamos com a impressão do belo trabalho feito pela Pestalozzi e saímos de lá com a intenção de nos envolver mais”, comentou o diretor do colégio.
Comitiva do Colégio Metropolitano encontrou-se com as crianças da Pestalozzi
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Saber que o dinheiro doado é bem aplicado e que as pessoas são bem tratadas é uma sensação muito gratificante”. Phenix Rocha Dourado
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Contribuo porque meu coração diz para ajudar. Depois que conheci de perto, tive certeza da seriedade da Pestalozzi e mais vontade de ajudar”. Ana Carolina Nascimento
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Ao conhecer onde a doação é aplicada, senti que é um grande investimento nos educandos da Pestalozzi e familiares. Mesmo que pareça pouco, o que doamos vira muito”. Aurélio Pereira Melo, da Locatur Turismo e Transporte
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Muitas pessoas não doam porque não acreditam nas informações passadas ao telefone. Por isso, esse momento é importante. É quando o contribuinte vê tudo que é feito, o que dá credibilidade, empolgação e vontade de ajudar mais”. Cássia Maria Teixeira DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 9
Saúde
Boa postura: difícil, mas possível VEJA POR QUE MANTER O CORPO MAIS ALINHADO POSSÍVEL AJUDA NO DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM PARALISIA CEREBRAL Marcela Guimarães Na hora do almoço ou do jantar, além de dar a comida para sua filha, a mãe Weslene Alves de Nogueira tem outra tarefa: sentar a menina corretamente, com os joelhos formando um ângulo de 90°, pés firmes na cadeira e cabeça alinhada. Essa rotina pode ser uma tarefa complicada de se executar caso a criança tenha paralisia cerebral, como é o caso de Júlia Nogueira de Araújo, hoje com 7 anos. Porém, Weslene já entendeu que manter a postura ao se sentar, por exemplo, é um requisito importante para o desenvolvimento de quem tem esta encefalopatia. A boa postura é uma atividade que permite
A boa postura ajudou no desenvolvimento de Júlia Nogueira
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o alinhamento biomecânico, ou seja, a capacidade que um indivíduo tem de manter-se contra a gravidade e executar movimentação ativa do corpo. O alinhamento postural é fundamental para a realização de tarefas simples e essenciais como comer e respirar adequadamente. “As crianças que possuem paralisia cerebral têm o esquema esquelético e muscular alterados e por isso não conseguem ficar com o corpo na postura correta e isso dificulta a realização de atividades básicas como engolir”, explicou a fisioterapeuta Rachel do Prado Cabral, que atende na Unidade Renascer da Associação Pestalozzi de Goiânia. Lá, o alinhamento é trabalhado integrado com as áreas de fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional. Também fisioterapeuta na Unidade Renascer, Adriana Japson Campos conta que exercícios como sentar, rolar e ficar de pé são realizados repetidamente para proporcionar experiências e ensinar a criança movimentos corretos. “Estimulamos cada um a manter a melhor postura possível. Tentamos flexionar e estender o braço, sentar, engatinhar e outros movimentos que são praticados por crianças de acordo com a idade”, comentou. Além disso, as mães ou os cuidadores são orientados a repetir os movimentos em casa. Weslene, por exemplo, conta que sua filha Júlia frequenta a Pestalozzi há cinco anos e ela sempre procurou seguir todas as orientações dos profissionais da saúde da instituição. “Na hora de realizar alguma atividade com Júlia, sempre procuro deixá-la nas posições corretas”, comentou a mãe. Para auxiliá-la neste caminho, a terapia ocupacional trabalha com a rotina de vida diária, ou seja, com atividades como banho, deslocamento e brincadeiras comuns no dia a dia da criança, estando, em tudo isso, incluído o bom posicionamento do corpo. A terapeuta ocupacional Jackeli-
ne Oliveira do Vale Cunha conta que o diálogo com cada mãe permite adaptar a rotina para proporcionar maior conforto na realização de tarefas e a correção da postura da criança. “Ensinamos como alinhar o filho numa postura que fica melhor para carregá-lo, para dar-lhe banho e para alimentá-lo”, explicou. “Quando ela está alinhada adequadamente, ela se senta melhor, alimenta-se melhor, amplia o campo visual e, como consequência, melhora nas atividades diárias”, explicou. Nesses detalhes do dia a dia, a adesão das mães é inteiramente ligada aos resultados alcançados nas terapias. “Quanto mais grave a lesão for, mais difícil será para a mãe deixar a criança alinhada para atividades como alimentação e na utilização de aparelhos fisioterápicos, mas isso não pode impedi-las de seguir com o tratamento”, alertou Rachel do Prado Cabral. Porém, ela garante que os esforços valem a pena. O esforço de manter o alinhamento biomecânico previne doenças, como a cifose e a escoliose, e deformações. A mamãe Weslene Alves de Nogueira revelou que a filha tinha grande dificuldade de engolir os alimentos por causa da postura abaixada que Júlia possuía. Na fonoaudiologia, os movimentos para mastigação e deglutição também são focos de atuação. “Se um paciente tem dificuldades motoras, isso inclui também a região oral. Uma criança que está com a cabeça abaixada não consegue engolir direito e isso gera problemas diversos, entre eles a anemia”, explicou a fonoaudióloga Stael Pacheco. Hoje, com toda persistência, a pequena Júlia superou esta dificuldade. “Corrigir a postura da criança é um processo demorado. É preciso ter muita persistência e seguir todas as orientações”, contou Weslene. Geni Magalhães de Assis, mãe de Francisco Jhonnatan Assis da Silva, de três anos, também notou melhora em seu filho. Preocupada, ela procura sempre manter o filho sentado corretamente na cadeira de rodas, mesmo que a musculatura rígida, consequência da paralisia cerebral, dificulte. O resultado ela já colhe no dia a dia: “ele está se movimentando cada vez melhor e até brinca mais”, comentou a mãe.
criança segure e solte objetos, quanto na perna, auxiliando na postura dos pés. Uma mesa adaptada, encaixada em volta da cadeira de rodas, também ajuda nas mais variadas atividades. Dá firmeza para a criança brincar, comer e apoiar as mãozinhas. E por falar nisso, outro ponto importante é a postura correta na cadeira de rodas. A fisioterapeuta Adriana explicou que a postura também deve ser adequada a possibilidades e necessidades do cadeirante. “Se a criança não tiver controle do tronco, o encosto deve ser mais alto; se ela não tiver o controle do pescoço, a cadeira deve ter apoio para a cabeça”, explicou. Atenta, Geni Magalhães de Assis, a mamãe de Francisco, conta que já está na hora de trocar a cadeira de seu pequeno. Ele cresceu e o encosto da cabeça já não é adequado para seu tamanho. “Já estou providenciando uma nova para que ele tenha conforto e eu segurança de que ele está bem posicionado”, comentou a mãe.
DOENÇAS DA MÁ POSTURA Manter-se durante muito tempo com o corpo curvado ou torto gera problemas na coluna vertebral de qualquer pessoa. Imagine, então, para aqueles que possuem paralisia cerebral e vivem o tempo todo em posições inadequadas? Por isso, o esforço para posicionar bem essas crianças em seu cotidiano previne o surgimento das doenças explicadas abaixo. Cifose - É o aumento anormal da concavidade anterior da coluna vertebral. A má postura e o condicionamento físico insuficiente são as principais causas dessa deformidade. Escoliose - É a curvatura lateral da coluna vertebral. A progressão dessa curvatura na escoliose depende, em grande parte, da idade que ela inicia e do tamanho da curvatura durante o período de crescimento na adolescência, onde o crescimento desta curva ocorre numa velocidade maior. O tratamento fisioterápico usando alongamentos e respiração são essenciais para a melhora do quadro. Fonte: http://www.sobiologia.com.br
Francisco usa a mesa adaptada à cadeira para brincar e se alimentar corretamente
EQUIPAMENTOS O uso adequado de aparelhos ajuda a posicionar braços e pernas estendidos e firmes. Um deles é a órtese, uma tala utilizada para manter o alinhamento da articulação desses membros. Ela pode ser colocada tanto na mão, permitindo que a DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 11
Educação
Janelas para o conhecimento CASOS ESPECIAIS E DIFERENCIADOS RECEBEM O APOIO DO PROGRAMA DE ENSINO ESPECIALIZADO (PEE), QUE BUSCA DESCORTINAR O MUNDO PARA OS SEUS ALUNOS Luisa Dias Uma educação de qualidade para os filhos é o desejo da maioria dos pais. Ao confiar à escola a formação de suas crianças, eles esperam que o conhecimento e as relações interpessoais as auxiliem no seu desenvolvimento. Para quem tem filhos com deficiência intelectual, o desejo não é diferente e, a cada ano, na época da matrícula, renovam-se as esperanças de que a educação formal acolha as necessidades de quem precisa de atenção especial. Mas, e quando a escola está muito aquém dos que os alunos precisam? Se a idade já se torna um obstáculo, a falta de autonomia é um entrave ou o comportamento dos colegas é preconceituoso, o que devem fazer os pais? Desistir é palavra que está longe do vocabulário de muitos deles, que preferem outras opções a abandonar o desejo de vê-los desenvolvidos. É esta esperança que faz com que Joseilde Ribeiro de Moraes Silva, 33, pegue diariamente seis ônibus para acompanhar a filha Samara, 14, às aulas do Programa de Ensino Especializado (PEE) do Centro de Atendimento Especial Peter Pan. Até o começo do ano, Samara estudava em uma escola estadual da rede regular, depois de passar por muitas outras instituições. Frequentava as aulas do 9º ano, apesar de ainda não ser letrada. Enquanto as meninas da sua idade queriam falar sobre os meninos, ela queria brincar e, por isso, era rejeitada. Por causa dos seguidos episódios de preconceito, Samara chegou a ficar quatro meses sem ir à escola no ano passado. Era só a mãe ceder um pouco para que ela conseguisse o direito de não sair de casa. Com a ida para a Pestalozzi, a realidade mudou. “Aqui ela encontrou crianças como ela. Sente-se acolhida e está crescendo. O que eu quero para a Samara 12 | REVISTA ESPECIAL | DEZEMBRO DE 2011
é o que toda mãe quer. Quero que ela seja feliz”, conta Joseilde. Na aula de culinária, Samara tem pouco mais de seis colegas com quem divide a missão de aprender a ter autonomia no ambiente da cozinha. Mas ela gosta de dividir o fogão com a amiga Wediane, com quem brinca na hora do recreio e para quem faz pose na hora da reportagem. Sobre as aulas, ela enumera as que mais gosta: computação, natação, música e passeio. A última é a preferida da maioria dos colegas, porque lhes mostra o mundo que muitas vezes não puderam conhecer. Vão à feira, ao camelódromo, ao terminal e à praça para poder aprender como funcionam estes ambientes sociais. Todas as aulas fazem parte da proposta curricular do Programa de Ensino Especializado. Com 132 alunos divididos em dois turnos e em 12 turmas, o PEE funciona de segunda a sexta e se torna a única opção para quem possui limitação intelectual mais acentuada do que a média de educandos da Pestalozzi e dificuldades para se adaptar à inclusão social prevista no decreto 3.298/99. São jovens e adultos que ainda não possuem todas as habilidades sociais e adaptativas e não encontram nas escolas regulares o apoio necessário para se tornar autônomos. A coordenadora pedagógica do PEE, Maria Rita Soares Alcânfor Ximenes, valendo-se dos dizeres do consagrado autor Rubem Alves, afirma que as aulas na Pestalozzi “ensinam o aluno a ver”. “É claro que queremos levar este aluno para a rede regular, mas ele precisa antes de uma leitura de mundo. Ensinamos aqui o uso funcional da leitura e da escrita que serão decisivos na construção de um ser autônomo”. Os alunos do PEE têm idade a partir de 14 anos e recebem na sala de aula a mesma orientação de responsabilidade
e respeito dos frequentadores das escolas regulares. Mas, para além do quadro negro, é trabalhado o desenvolvimento dos níveis afetivo, cognitivo, sociocultural e psicomotor. “Nós buscamos incentivar este educando a tomar consciência de si próprio e do próximo, a valorizar-se, aceitar-se e assim saber que faz parte da nossa sociedade”, afirma a diretora do CAE Peter Pan, Adriana Bahia. O programa funciona desde 1974, mas só ganhou alunos com o passar do tempo. “Antigamente, as famílias escondiam os jovens com deficiência intelectual. Com a inclusão social, estas famílias passaram a buscar oportunidades para os seus filhos”, conta. A parceria família/escola é um diferencial da unidade, que prima pela participação dos pais e dos irmãos no dia a dia
EIXOS TEMÁTICOS PRIORIZAM A SOCIALIZAÇÃO Para o PEE, foi criado um programa curricular que desenvolve conteúdos coerentes com a Política Educacional do Estado. Os conteúdos, de acordo com a diretora do CAE Peter Pan, Adriana Bahia, seguem eixos temáticos que valorizam a socialização do educando. Em sala de aula, eles aprendem sobre Identidade e Cidadania, Meio Ambiente e Saúde,
Para Samara e Eduardo o mundo agora está aberto ao conhecimento
Conhecendo e Construindo Cultura e Goiânia, minha cidade. As ações pedagógicas desenvolvidas em sala de aula ou nos momentos extraclasse contam com discussões em grupo, levantamento de dados, troca de experiências e visitas socioeducativas. Na sala de aula, o desafio é constante. Há oito anos no Peter Pan, a professora Marly Freitas se entrega diariamente ao exercício de perceber nas diferenças as pequenas brechas que fazem dos seus alunos pessoas cada vez mais independentes. No caso do educando Eduardo, ele cresceu e ganhou habilidades que o tornaram apto para a rede regular. “O que percebemos com estes alunos é que, apesar das dificuldades, eles sempre podem nos surpreender”, afirma a professora.
dos educandos. “Buscamos fazer com que esta família acredite na potencialidade do seu filho, pois muitas ou protegem demais ou abandonam. A parceria é fundamental para mediar e orientar esta relação”, explica Maria Rita. Quando a união entre a instituição e os familiares acontece, os alunos se tornam mais seguros para progredir. “Temos casos em que conseguimos retornar um jovem para a escola regular e isso é muito bom. É sinal de que ele atingiu a maturidade suficiente para ampliar os seus próprios caminhos”, afirma Adriana Bahia. Foi assim que Eduardo, 23, voltou para a sala de aula na Escola Municipal Getulino Artiaga. Acompanhado pela mãe Kátia Melo Miranda Rocha, o jovem frequentou a Pestalozzi por mais de dez anos e, com o aval dos professores, seguiu para o desafio da inclusão social. “O meu sonho é vê-lo alfabetizado. Então, estamos lutando para isso”. Eduardo
O Programa de Ensino Especializado possui 132 alunos divididos em dois turnos e em 12 turmas e é atualmente a única opção para quem possui limitação intelectual mais acentuada do que a média dos outros educandos da Pestalozzi e dificuldades para se adaptar à inclusão social prevista no decreto 3.298/99. continua a frequentar a instituição, mas somente o programa de Apoio Educacional. Agora, é na escola regular que ele busca abrir as janelas para conhecer e participar de um novo mundo. DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 13
Profissionalização
Vagas fantasmas MERCADO OFERECE VAGAS DE EMPREGO PARA PESSOAS COM DEFICIÊNCIA DETERMINADAS PELA LEI DE COTAS, MAS NÃO SE ADÉQUA À INCLUSÃO SOCIAL QUE MOTIVOU A CRIAÇÃO DA LEI. FALTAM CANDIDATOS PARA A EXIGENTE LISTA DAS EMPRESAS Luisa Dias Edimila Camargo tem 24 anos e está na sua segunda experiência no mercado de trabalho. Há um ano é auxiliar de escritório na indústria da Creme Mel em Goiânia. A história seria como a da maioria dos jovens, não fosse um detalhe: a moça tem déficit intelectual e enfrentou mais barreiras para conquistar este espaço no mundo corporativo. A Associação Pestalozzi de Goiânia já conseguiu inserir 130 pessoas no mercado de trabalho nos últimos 10 anos. Do total, 79 educandos permanecem empregados. Edmila faz parte destes números, sendo uma das poucas que conseguiram uma função administrativa. Outro contraste é o número de vagas preenchidas pela Pestalozzi, considerado pequeno em relação ao total de vagas disponíveis no mercado. Só em setembro, existiam 174 vagas em aberto para pessoas com deficiência em Goiás, segundo o Sistema Nacional de Empregos (Sine). Lá existem postos para auxiliar na indústria e no comércio, assistente administrativo, auxiliar em serviços gerais, recepcionista e até auxiliar de caixa, vagas que nem a Pestalozzi nem as outras entidades, que possuem centros de preparação profissional para pessoas com déficit intelectual, estão conseguindo ocupar com seus educandos. POR QUE AS PESSOAS COM DÉFICIT INTELECTUAL NÃO OCUPAM ESTAS VAGAS? Uma coisa é certa: “a resistência ao perfil das pessoas com déficit intelectual para ocupar vagas administrativas ainda é grande”, já percebeu a psicopedagoga Daniela Cristina Fernandes França, colaboradora do projeto de captação de vagas, inserção e acompanhamento no mercado de trabalho dos educandos do Pró-Labor – unidade da Pestalozzi responsável pela capacitação e inserção do aluno no mercado de trabalho. Em sua avaliação, a preocupação de parte das organizações não é criar oportunidades às pessoas com deficiência, mas somente cumprir a lei 8.213/91, que exige que empresas com mais de 100 funcionários tenham um percentual de colaboradores com deficiência. “É preciso que o mercado acredite nestes profissionais com os seus limites, porque senão a inclusão não acontece de fato e resume-se apenas a um registro nas estatísticas”, defende. O diretor do Pró-Labor, José Agtônio Guedes Dantas, explica que há vários fatores que levam à existên14 | REVISTA ESPECIAL | DEZEMBRO DE 2011
PROVIDÊNCIAS TOMADAS Desde 1999, a procuradora do Trabalho Janilda Guimarães de Lima tem se dedicado à defesa das pessoas com deficiência. Contabiliza já ter notificado mais de 430 empresas a contratarem pessoas com deficiência, na capital. “Hoje, as empresas não têm coragem de negar a vaga, mas ainda têm um comportamento como se não desejassem a presença das pessoas com deficiência”, explica ela. Segundo a doutora Janilda, a maior resistência está na contratação do público com
Raquel Pinho
déficit intelectual. Por isso, a atuação do Ministério Público do Trabalho tem sido na busca pela adequação das funções e pela criação das vagas específicas para cada tipo de deficiência. Para a procuradora, atualmente, o mercado de trabalho, no geral, tornou-se muito exigente e há uma dificuldade de todos os profissionais em se adaptarem às demandas. “O empregador quer um trabalhador qualificado, criativo, com desempenho máximo, flexível e com alto rendimento. Profissionais sem deficiência têm dificuldade em atender a este padrão, imagine para quem tem limites diferentes. O mercado de trabalho está perverso”, afirma. Para combater as vagas fantasmas, a Procuradoria do Trabalho tem realizado diversas ações de conscientização e também de fiscalização junto ao mercado de trabalho. “Não temos tolerado as vagas que são criadas em locais onde as pessoas com déficit intelectual não irão se adaptar. Muitas vezes, os contratantes exigem rapidez e produtividade incompatíveis com o perfil do contratado, o que causa adoecimento e afastamento desnecessário desta pessoa do local de trabalho”, afirma a procuradora. Na contramão deste tipo de conduta, há aquelas empresas que fazem o inverso, explica a procuradora: só oferecem funções com nível mais limitado de tarefa e responsabilidade. “Isso porque não acreditam nas pessoas com déficit intelectual. Poucas empresas têm contratado por causa da consciência social e porque respeitam a diversidade. É lastimável, porque grande parte se adequa só por causa da lei”. Enquanto isso, Edmila contraria as estatísticas, revelando-se um exemplo de que a limitação intelectual não anula as possibilidades. No dia a dia, empenha-se para atender aos pedidos do chefe na conferência de notas e na digitação de documentos. “Sou muito feliz aqui, onde fiz amigos, e sou bem tratada. Participo de treinamentos e sei
Dra. Janilda: tolerância zero para o mercado de trabalho perverso Divulgação
cia de vagas fantasmas, ou seja, oportunidades oferecidas pelo mercado de trabalho sem a efetiva ocupação pelas pessoas com deficiência. “Em primeiro lugar, existem os perfis inadequados para nosso público”, diz. Ele cita, como exemplo, a oferta de uma empresa para uma vaga de motorista de veículos pesados. Uma pessoa com déficit intelectual não consegue tirar a carteira. “São vagas impossíveis de serem ocupadas”, diz. Retirando os casos impossíveis, ele admite que as entidades ainda não têm condições de atender à demanda do mercado, por isso elas estão ociosas. “Não conseguimos atender nem mesmo à demanda por vagas operacionais porque não se capacitam os educandos na velocidade que o mercado exige. Cada pessoa com déficit intelecutal tem seu tempo de desenvolvimento e nós não podemos definir um tempo de formação”, explica. Ainda assim, o diretor considera pertinente a discussão sobre as vagas administrativas para pessoas com déficit intelectual. “Atualmente, o processo de inclusão educacional está evoluindo e hoje nosso público já caminha para esta direção. Tanto é que, no próximo ano, inauguraremos no Pró-Labor a primeira sala de capacitação profissional de auxiliar administrativo e iniciaremos um trabalho de sensibilização nas empresas”, diz.
Edimila orgulha-se por ter conquistado função administrativa na Creme Mel
que sou importante no que faço”, garante a profissional. Para ela, a formação obtida na Associação Pestalozzi de Goiânia aliada à oportunidade oferecida pela Creme Mel trouxe a esperança de ir além dos limites impostos pela sua condição. “Quero fazer uma faculdade e crescer aqui dentro”, faz planos. O sonho já ganha esboço com a escolha da especialidade – Serviço Social – e com a economia do salário. Ela já está fazendo uma poupança para pagar a universidade. Inteligente essa moça, não? (com Raquel Pinho)
CHANCES DOBRADAS Se o mercado nem sempre oferece vagas reais, outro empecilho à empregabilidade é a resistência das famílias dos educandos. Até o final de agosto a legislação tirava delas o Benefício da Prestação Continuada (BPC), pago pelo Governo Federal por meio da Secretaria de Assistência Social, se fossem formalmente empregadas. Com isso, muitos pais não deixavam os filhos ingressarem no mercado de trabalho ou se tornar um microempreendedor individual.
Mas agora isso não deverá ser mais um problema. Em setembro, a presidenta Dilma Rousseff sancionou a lei 12.470/11 que autoriza pessoas com deficiência a trabalharem sem perder o direito ao BPC. A partir de agora, o beneficiário pode ingressar no mercado de trabalho e ter o benefício suspenso temporariamente, que retornará caso o emprego não se consolide. Outra alteração na lei permite que pessoas com deficiência contratadas na condição de aprendizes continuem recebendo o
BPC junto com a remuneração salarial durante o período do contrato. Ainda mais importante para as pessoas com deficiência é que, a partir da nova lei, as pensões pelo INSS pagas aos filhos ou irmãos com deficiência intelectual serão mantidas, mesmo após o seu ingresso no mercado, inclusive as acumulativas de pai e mãe. Durante o vínculo empregatício, as pensões serão reduzidas em 30% e voltam a ter valor total, no caso de desemprego. DEZEMBRO DE 2011 | REVISTA ESPECIAL | 15
Comunidade parceira
Estes são os parceiros da Associação Pestalozzi de Goiânia AGRADECIMENTOS ESPECIAIS PARA:
(62) 3204-1522
Veneza’s Place ● Dermobrazil Comércio, Indústria e Manipulação de Fórmulas Magistrais Ltda. – Sannyday Cosméticos ● Instituto Flamboyant Social ● OVG – Organização das Voluntárias de Goiás ● Instituto Metropolitano ● Tribunal de Justiça de Goiás – TJGO ● Tribunal Regional do Trabalho – TRT 18ª Região ● Lacel Laticínios Ceres Ltda. – Leites Manacá ● CMTC – Companhia Metropolitana de Transportes Coletivos ● Vereadora Cidinha Ciqueira ● Pesque Pague Água Verde ● Banda Scalla ● Aderivaldo Alves Vilela ● Conselho Regional de Farmácia de Goiás ● Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Irrigação ● Tribunal Regional Eleitoral de Goiás - TREGO ● CONAB ● SESI – Clube Antonio Ferreira Pacheco ● Supermercado Leve ● Supermercado Pratiko ● Faculdade de Tecnologia Senac Goiás ● Faculdade de Tecnologia Senai de Desenvolvimento Gerencial ● Programa Mesa Brasil-SESC ● Chácara Trilha do Peixe ● Secretaria Municipal de Habitação ● Doação da comunidade com cesta básica ● Familiares de alunos e funcionários que têm contribuído com doações diversas ● GEM – Agroindustrial e Comercial Ltda. (Fubá e Milharina) ● Centro Estadual de Apoio ao Deficiente ● Clube dos Oficiais ● Secretaria Municipal de Esporte e Lazer ● Escola de Circo - Laheto ● Decoradora Cecília ● Francisco Ximenes ● As famílias do Rei, Rainha, Príncipe e Princesa da Unidade CAE Peter Pan ● Beatriz Rosa Carvalho Porto ● Leilamar Silva e Artiaga ● Vladimir Gomes Barbosa ● Telles Bufet ● Funcionários da WDTA Tecnologia em Automação Ltda. ● Talita Bezerra Gomes ● Lázara Maria Penha Rodrigues
O seu telefone vai tocar É provável que você esteja ocupado. E quem hoje tem tempo para alguma coisa? Menino chorando, chefe cobrando, marido chamando. Vivemos um tempo de obrigações. Mas lembremo-nos de uma coisa: a essência da vida não são as tarefas, são as pessoas e os bons sentimentos. Estamos ligando porque tem gente aqui na Pestalozzi que precisa de você. Mais de 700 pessoas com déficit intelectual dependem de sua contribuição para continuar recebendo atendimentos de saúde, educação e profissionalização para, assim, conquistar sua cidadania. Por isso, quando a gente lhe ligar, pare um pouquinho ao que é essencial na vida: o exercício do amor.
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Faça sua doação:
3515 5600 A Associação Pestalozzi de Goiânia mantém um serviço de telemarketing para captação de recursos. As doações financeiras da comunidade mantêm quase metade das despesas. Junte-se a nós, dê também a sua contribuição e venha fazer parte da Comunidade Pestalozziana de Goiânia.