A herança maldita de FHC – Sérgio Miranda O FMI foi co-gestor da economia do país no último mandato de FHC, que deixou o país quebrado, a inflação alta e o futuro comprometido pela ruína da infra-estrutura, como estradas e energia elétrica.
Não é o julgamento de um homem; é o de um caminho. O neoliberalismo, o pensamento político que serviu de inspiração a Fernando Henrique, é uma corrente poderosa. Não surgiu no Brasil; não empolgou apenas FHC e os políticos e intelectuais que o acompanharam no governo. E nem será derrotado apenas porque ele sai do Planalto. Pode-se dizer que o neoliberalismo tirou do fundo do baú, num contexto histórico preciso, a partir do final da segunda metade dos anos 70, idéias velhas que pareciam ter sido derrotadas pelos avanços socialistas. Essas idéias foram se aprimorando com o governo neofascista de Pinochet no Chile, com seus experimentos com os monetaristas de Milton Friedman, da “Escola de Chicago”; com o governo antitrabalhista e anti-sindical de Margareth Thatcher e seu plano de privatizações, na Inglaterra; e, finalmente, ganharam o mundo com os dois governos de Ronald Reagan (1981-1988) – o operador da recuperação política do império americano que, em meados dos anos 70, fora fragorosamente derrotado pelos guerrilheiros no Vietnã. Fernando Henrique Cardoso é um neoliberal tardio; não foi o primeiro político brasileiro famoso a aderir à onda neoliberal que varreu o mundo já de modo avassalador a partir da queda do Muro de Berlim, em 1989. No segundo turno da eleição presidencial daquele ano, FHC estava do lado oposto: juntou-se à campanha da esquerda para eleger Lula, contra Fernando Collor de Mello. Collor, sim, merece o título de o verdadeiro precursor do neoliberalismo político no País. Foi ele que tornou popular a campanha pela redução do tamanho do Estado, com sua guerra de mídia contra os marajás do serviço público, já antes de ser eleito. Foi Collor que criou o Plano Nacional de Desestatização, nos seus primeiros meses de governo. E foi ele também que, no começo de 1991, com a ajuda de Jorge Bornhausen e Antônio Carlos Magalhães, comandantes do PFL, reorganizou o comando do setor financeiro do Brasil, colocando três financistas essenciais nos postos-chave: Marcílio Marques Moreira como ministro da Economia; Francisco Gros, como presidente do