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INTRODUÇÃO

A pressão por produção e menor custo cobram valor alto na cadeia produtiva, deteriorando os termos de troca entre produtos e nações mais e menos desenvolvidas. Em detrimento do crescimento acelerado, a preocupação com meio ambiente foi um fator muito pouco explorado e defendido efetivamente. A emissão de gases como o dióxido de carbono (CO2) é considerada uma das causas do efeito estufa, fenômeno que eleva a temperatura global e que causa inúmeros malefícios ao nosso planeta, como derretimento das calotas polares, aumento do níveis dos oceanos e ameaça das mais diversas espécies de nossa fauna e flora. Este quadro que se observa não está presente apenas em um discurso ambientalista raso, mas é uma realidade que impacta diretamente a nossa sobrevivência e de nossos descendentes mais próximos.

Segundo Michael Green (2013) a produção e manejo de aço e cimento voltados à construção civil são responsáveis por aproximadamente 33% da quantidade da emissão global de CO₂. Com o desenvolvimento da economia, uma considerável fatia da população mundial irá buscar a formalização de moradias utilizando estes dois elementos em suas construções, o que torna o cenário deveras preocupante. Na esfera arquitetônica é possível vislumbrar uma saída viável para a diminuição efetiva na emissão de gases estufa: a utilização da madeira. É inteligível uma aparente sensação de retrocesso dada aos largos avanços tecnológicos que se obteve nas últimas décadas. No entanto, a madeira também avançou tecnicamente e desponta atualmente como a melhor opção para a construção civil, haja vista a sua reduzida emissão de CO₂ na sua produção, um gasto de energia bem menor comparado à produção de materiais convencionais e maior resistência e previsibilidade ao fogo.

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No Brasil, há uma grande relutância ao uso da madeira como matriz construtiva, pois há uma percepção de fragilidade com relação à sua resistência, durabilidade e manutenção. Muitos destes pré-conceitos advêm de uma visão antiga e moldada pelo crescimento industrial engendrado a partir da década de 1930, com a expansão das indústrias e siderúrgicas nacionais.

No mundo, todavia, o que se observa é uma tendência mundial na utilização da madeira como aspecto estrutural. De acordo com Galloway (2014), é uma opção de crescente adoção devido ao seu baixo impacto ambiental, uma menor pegada de carbono e o único dos principais materiais de construção que é feito pelo sol e é completamente renovável. Além disso, é uma construção mais rápida e menos custosa, pois utiliza um cronograma mais curto, com utilização de perfis pré-fabricados, ideal para localidades densamente urbanas. No Japão, a utilização do material é uma questão cultural e data de milênios. A técnica de encaixe sem a utilização de pregos e placas metálicas oferta longevidade à edificação, conferindo uma durabilidade de centenas de anos.

O desafio resta na mudança de paradigma vis-à-vis à construção com madeira, explanando os principais benefícios do material e seus impactos, propondo soluções economicamente e tecnicamente viáveis para auxiliar um ideário de maior consciência ambiental no país. A ambição primária deste presente trabalho é a apresentação deste material como elemento construtivo, explanando suas propriedades físicas e mecânicas, benefícios, técnicas - utilizando diversos cases de edificação de madeira no mundo -, para por fim, termos um cabedal de informações que nos permite o desprendimento do pensar automático da construção civil sob a ótica do concreto e do aço na criação de uma alternativa de construção em sistema modular, utilizando a estrutura em madeira e no aproveitamento do material como conceito, matéria e estética.

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