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PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DA MADEIRA
Neste estudo não vamos nos ater às peculiaridades de cada tipo de madeira e pois as variáveis são inúmeras e divergem do foco inicial. Entretanto, nos cabe apresentar brevemente que dois tipos de categorias que distinguem as madeiras, ainda em PFEIL (2015) :
Madeiras duras : Árvores frondosas (dicotiledôneas da classe angiosperma, com folhas achatadas e largas) de crescimento lento, como peroba, ipê, aroeira, carvalho, etc. Elas têm melhor qualidade e chamadas madeiras “de lei”. Perdem as folhas no outono
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Madeiras macias : Árvores coníferas (classe gimnospermas, com folhas em forma de agulhas ou escamas e sementes agrupadas em forma de cones), de crescimento rápido como pinheiros, pinus e eucalipto. Folhas se mantêm verdes o ano todo.
Podemos observar na figura 7 as seções transversais de uma conífera (a) e uma árvore frondosa (b) que nos indica o nível de dureza da madeira. Se pode analisar que o fato das fibras serem mais fechadas na lâmina da árvore frondosa, contribui para a resistência da mesma versus a da árvore conífera que detém fibras mais abertas, porosas, indicando menor resistência.
Feito o detalhamento acima, podemos supor que o uso global de madeira para estruturas seja maior para as coníferas, devido ao seu custo consideravelmente inferior e sua utilização para serraria e colagem. A resistência desejada para a estrutura é pautada principalmente pela forma de conexão dos finger joints e pelo adesivo de alta aderência para a formação dos blocos de lâminas, sejam elas de fibras paralelas (Glulam) ou cruzadas (CLT).
Fig. 7.
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Segundo PFEIL (2015), a madeira além de ter uma excelente relação de resistência/peso, possibilita a fabricação de produtos industrializados e bom isolamento térmico. Na tabela a seguir (Fig. 9) podemos observar um comparativo da madeira com outros materiais convencionais utilizados na construção civil:
Fig. 9
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Ao entrar no campo de especificações da utilização da madeira como material estrutural, alguns cuidados devem ser tomados, assim como assim o fazem em diretrizes técnicas específicas concernentes ao concreto ou o aço. Na utilização de madeira de modo geral, a atenção à umidade é mister. As vigas maciças devem ser muito bem secas antes de serem montadas - quanto maior umidade menor a resistência -, regra também válida para madeira laminada que devem ter, segundo PFEIL (2015), 8% a 14% de umidade relativa na colagem das peças, tornando-se necessária a utilização de ambientes controlados para não fugir da padronização de qualidade. Além disso, na execução da obra, deve-se sempre proteger a estrutura, como o exemplo de utilizar telhados com avanços de 45º com a projeção da base, além de nunca deixar os pilares em contato com a terra diretamente, utilizando pinos metálicos como na Morada de Canuanã no Tocantins (Fig.10) ou blocos de concreto.
Fig. 10
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Além destas recomendações, como via de regra para finalização de madeiramento maciço, são utilizados óleos e vernizes (Stains) específicos para cada tipo de madeira e de uso, selando os poros da madeira e protegendo contra umidade e pestes. Para madeira laminada, a tecnologia avançou muito no beneficiamento destas estruturas, tornando-as muito mais longevas e resistentes. De acordo com DIAS (2018), em decorrência da grande umidade no Brasil e na proteção frente a insetos xilófagos, em 2013 foi lançada a NBR 16143, que “trata dos preservativos utilizados nas madeiras de acordo com o uso que elas terão. Nessa norma consta qual a porcentagem de preservante que deve ser utilizado para tratar a madeira em cada diferente situação.”.( DIAS, pág.100).
Diversos paradigmas são presentes quando pensamos o uso de estruturas de madeira, mas talvez o questionamento mais frequente é no tocante a incêndios. Naturalmente, é algo ocorrido a todos principalmente quando utilizamos a matéria prima do objeto de estudo para acender a churrasqueira em um evento de domingo. Para tanto, se torna necessário observarmos de perto o que acontece com um tronco quando nele é ateado fogo (fig. 11).
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Fig. 11.
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Contra fungos e insetos xilófagos, a norma prevê o uso de duas substâncias : a CCB (Cobre + Cromo + Boro) e a CCA (Cobre + Cromo + Arsênio). Elas são injetadas na madeira por meio de um sistema de autoclave, em que se retira quase toda a água da madeira por vácuo e se injeta a substância preservante no lugar e, pelo processo de osmose, o produto entra no lugar da água, deixando as peças tratadas.
Comparativamente, todos os elementos construtivos estruturais são combustíveis, porém a lógica por conta do estudo de resistência x incêndio é diferente. Uma viga de aço quando submetida à temperaturas superiores a 600 ºC perde totalmente a sua capacidade de previsibilidade de colapso e resistência, o mesmo acontece com o concreto, sendo que em um incêndio pode-se chegar a 1200 ºC. Com a madeira o efeito segue uma lógica específica. Quando um tronco se incendeia, a combustão age de fora para dentro, carbonizando as partes externas e criando uma crosta de carvão, uma camada incombustível, diminuindo o ar que chega na madeira e , por conseguinte, diminuindo a velocidade de combustão e aumentando a previsibilidade. Em estruturas laminadas de madeira (CLT e GLULAM) o efeito é ainda mais previsível, pois toda a estrutura é calculada, as possíveis patologias de origem são retiradas e são adicionados componentes que permitem maior proteção. DIAS (2018, pág. 105) explica que:
Hoje nós sabemos exatamente quanto tempo demora para um certo tipo de madeira queimar. O Pinus, que é uma madeira utilizada para fabricar o CLT e as vigas de GLULAM queima por volta de 0,7 mm/min. Com esses dados um engenheiro calculista de madeira pode dimensionar a seção da peça estrutural para suportar as cargas solicitantes e aumentar a massa de madeira em volta para queimar e carbonizar o tempo que quiser, ou o tempo que a estrutura solicitar de acordo com o corpo de bombeiros.
Portanto, com todas as variáveis controladas, podemos afirmar que temos a total previsibilidade em cima do comportamento do material, conferindo consideravelmente maior segurança aos usuários da edificação. 23
S S B H U A O G N U I
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Fig. 13.
Este conhecimento já era utilizado pelos japoneses em uma técnica centenária voltada para fachadas chamada de Shou Sugi Ban (Fig. 13) em que consiste em queimar a primeira camada da madeira tornando-a carvão, escovando para retirada de resíduos e passando óleo protetor. Esta técnica advém de um vilarejo de pescadores de Naoshima, uma ilha do Japão em que buscavam dar maior durabilidade para as casas que ficavam expostas à intempéries como a chuva e a maresia. Além de deixar a peça impermeável, o Shou Sugi Ban confere ao material uma proteção contra fungos e insetos, além de deixar esteticamente bem atrativo. Podemos apreciar a aplicação no madeiramento externo de uma residência de 470 m2 projetada pelo Jacobsen Arquitetura localizada no Rio de Janeiro. (Fig.12).