teu cenário é uma beleza
Sa verde ua maJestade, e rosa por
vera de souza
Quando D. Pedro II ofereceu ao Visconde de Niterói a colina de frondosas mangueiras, logo atrás do palácio imperial da Quinta da Boa Vista, não poderia imaginar que as terras de Francisco de Paula Negreiros Saião Lobato, nome de batismo do visconde, acabariam por se tornar reduto de uma outra nobreza, a da nação mangueirense. Quem diria que foi por obra e graça da realeza que pretos, mulatos e brancos fariam a terra tremer com o rufar dos seus tambores e o repicar dos tamborins. Olha a Mangueira aí, gente!
A principal rua, a Visconde de Niterói, onde hoje se encontra o Palácio do Samba, já abrigou as casas onde viveram Saturnino Gonçalves, Cartola e Carlos Cachaça, fundadores da escola. Mais adiante encontramos a Travessa Saião Lobato, a principal via e que leva ao Buraco Quente, o local de fundação da Estação Primeira de Mangueira. Pouco habitado até meados do século XIX, o morro foi arrendado à viúva do Visconde pelo português Tomás Martins, em 1900. Mar tins era padrinho de um dos fundadores de Mangueira, o grande poeta Carlos Moreira de Castro, o Carlos Cachaça. Naqueles anos, o perfil dos moradores do morro era o de pessoas que procuravam o local pelos baixos aluguéis e também pela excelente localização, também conhecido como a “Petrópolis dos
4 Carioquice
Pobres”. Eram, em sua maioria, descendentes de escravos, famílias recém-chegadas de outros estados, operários, os soldados que tiveram suas casas demolidas na Quinta da Boa Vista e os portugueses que engrossavam esse caldeirão cultural. Na biografia de Carlos Cachaça, publicada pela Funarte, ele diria: “os portugueses eram a salvação do morro. Nas tendinhas vendiam duas batatas, uma cebola, um caneco de arroz, um dente de alho (...), porque comprar um quilo ninguém podia não. Pras viúvas, então, eles fiavam, davam tudo. Até amor e carinho”. Bem próximo, uma tradicional fábrica de chapéus garantia a maioria dos empregos. E ficou conhecida, claro, como a fábrica das mangueiras, para facilitar a localização. Um pouco mais tarde, em 1904, era fundada a Companhia Cerâmica Bra-