“Um canto libertário” contra “o preconceito racial”: um desfile da Nenê de Vila Matilde e do Paraíso

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“UM CANTO LIBERTÁRIO” CONTRA “O PRECONCEITO RACIAL”: UM DESFILE DA NENÊ DE VILA MATILDE E DO PARAÍSO DO TUIUTI E O COMBATE AO RACISMO EM SALA DE AULA. EMERSON PORTO FERREIRA1

Resumo O seguinte artigo tem como proposta articular dois desfiles e sambas de duas escolas de samba, uma de São Paulo e outra do Rio de Janeiro, como fonte histórica para a discussão de racismo e desigualdade social, e as proximidades entre o carnaval e o discurso histórico, a serem debatidos em sala de aula. A seguinte apresentação é um desdobramento da pesquisa de mestrado na PUC-SP, no Programa de Educação: História, Política, Sociedade, sobre os sambas afro-brasileiros da Nenê de Vila Matilde, como um recurso para mediação ao ensino de história em sala de aula na discussão da Lei 10.639/03. Entendemos que a música, e aqui a música popular, seja um importante campo a ser explorado no ensino de história devido ao seu caráter imaginativo e simbólico, existente em suas letras e na sua produção. No caso da escola de samba, o próprio desfile e sua simbologia são fortes representações de uma prática de “ouviver” ouvir e viver, que atingem a escuta na emoção, na intelectualidade. Trazemos a discussão dois desfiles: o da Nenê de Vila Matilde, escola da Zona Leste de São Paulo, de 2013 sobre a busca de igualdade tendo como ponto de partida a Revolta dos Búzios, e a busca de direitos dos diversos movimentos sociais no Brasil; e o samba da Paraiso do Tuiuti de 2018, escola do morro de São Cristóvão, que abordou a problemática do trabalho escravo e das permanências de tal prática em nossa sociedade, que se refletem no atual contexto de golpe e de retiradas de direitos do atual (des) governo brasileiro. Sendo assim, os dois sambas se complementam em suas narrativas, uma vez que a busca da liberdade é um canto libertário a ser buscado, para a quebra do cativeiro social ainda enfrentado pelo negro em sociedade. Os dois desfiles agem como uma força que transita entre o conhecimento acadêmico e o escolar, como um conhecimento de um grupo de origem negra, na produção de um currículo transgressor, para abordar, alertar e denunciar o racismo em sala de aula. Palavras-Chave: Escola de Samba, samba enredo, racismo, ensino de história.

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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), Mestre em Educação, financiamento CNPq.


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