HIBRIDISMO CULTURAL EM DESFILE: AS CORES DA DIÁSPORA E OS DIÁLOGOS INTERARTES NO CARNAVAL CARIOCA Leonardo Augusto Bora 1 Resumo: O artigo investiga, a partir de conceitos como hibridismo cultural e diáspora, o processo criativo que levou a carnavalesca Rosa Magalhães a dialogar com o artista plástico anglo-nigeriano Yinka Shonibare, no desfile de 2012 da escola de samba carioca Unidos de Vila Isabel. O processo de deglutição e ressignificação da obra de Shonibare, no contexto de uma festa popular (o carnaval do Rio de Janeiro), é analisado à luz de autores como Stuart Hall, Néstor Canclini, Félix Guattari e Homi Bhabha.
Palavras-chave: hibridismo, diáspora, carnaval.
1.Ensaio Popularizou-se, ao longo da primeira década dos anos 2000, a expressão “ensaios técnicos”, criada para nomear os desfiles simulados, realizados na Marquês de Sapucaí, entre dezembro e fevereiro, no período conhecido como “pré-carnaval”. Tais ensaios, sem a presença de fantasias e alegorias, teoricamente guardam a função de azeitar as engrenagens das escolas de samba: marcar o tempo das apresentações dos momentos fundamentais dos cortejos, bem como divulgar para o público os sambas e os enredos escolhidos para os desfiles oficiais. Seriam, em síntese, um “termômetro antecipador”, baliza para as futuras apresentações realizadas nas noites de carnaval. Todavia, a crítica carnavalesca muito tem debatido o real papel dos ensaios técnicos, que mais agitam a vida cultural do “mundo do samba” do que simulam algo – não são poucos os casos de ótimos ensaios que resultam em desfiles repletos de complicações. Alguns atribuem as discrepâncias à ausência de fantasias e alegorias e ao público diferenciado que ocupa as arquibancadas (apaixonados torcedores das escolas, uma vez que a entrada é gratuita). Independente das razões, fato é que os ensaios não dão conta das apresentações oficiais nem podem ser tomados por garantia de sucesso ou fracasso: os desfiles à vera escapam de qualquer tentativa de enquadramento preliminar.
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Licenciado em Letras Português-Inglês (PUCPR), Bacharel em Direito (UFPR), Mestre em Teoria Literária (UFRJ) e doutorando (bolsista CNPq) em Teoria Literária (UFRJ). leonardobora@gmail.com