O carnaval é o ópio do “povo”: sociabilidade negra e cultura popular no carnaval de rua de Bagé (RS)

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O CARNAVAL É O ÓPIO DO “POVO”: SOCIABILIDADE NEGRA E CULTURA POPULAR NO CARNAVAL DE RUA DE BAGÉ RS Rafael Rosa da Silva1

Resumo: No Brasil, há inúmeros estudos que versam sobre a temática do carnaval. Estes trabalhos nos mostram a importância que estes estudos representam para que possamos compreender não só a dinâmica que esta por trás deste período, como também as diversas práticas que inúmeros sujeitos empreendem no campo das manifestações culturais Brasil a fora. Cada vez mais percebemos a importância de trabalharmos no campo da multidisciplinaridade, pois assim conseguiremos realizar diversos apontamentos a respeito do carnaval sem cair em um debate engessado. Na cidade de Bagé, interior do Rio Grande do Sul e fronteira com o Uruguai, inúmeros sujeitos participam ativamente do período momesco. Percebe-se um movimentando nas quais diversas comunidades existentes na cidade empreendem, se deslocando de seus territórios e ocupando a região central da cidade para a prática carnavalesca, construindo um espaço de sociabilidade negra. Percebendo a carência de estudos que versem a respeito do carnaval interiorano e o processo de invisibilidade que os sujeitos negros e negras sofreram na historiografia a respeito da identidade gaúcha, este trabalho se propõe a discutir acerca dos Blocos Burlescos de Bagé, festa de cunho popular, buscando empreender uma análise que costure com conceitos sobre a temática da cultura popular, tema que ainda é debatido no campo da multidisciplinaridade. Palavras-chave: Cultura popular; Carnaval de rua; Sociabilidade negra; Bagé. Introdução Na área das ciências sociais, o debate em torno do conceito de cultura foi abordado e revisitado por uma série de autores. Estes conceitos adentraram, ao logo dos anos no campo da multidisciplinaridade, onde se percebe uma disputa de cunho intelectual acerca desta temática tão complexa e importante. O carnaval de rua de Bagé, cidade da campanha gaúcha, apresenta-se como um campo propício para este debate. Tendo esta festa um caráter popular, diversos apontamentos podem ser empreendidos, como no campo histórico, antropológico e sociológico. Desde os cordões e blocos negros da década de 1920 2 até os Blocos Burlescos, Carnavalescos e Escolas de Samba que ainda ocupam as comunidades e ruas 1

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Cultura e Territorialidades da Universidade Federal Fluminense (PPCULT-UFF) e bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Bacharel em Produção e Política Cultural na Universidade Federal do Pampa – UNIPAMPA/ Jaguarão RS, Brasil. rafa_rosasilva@hotmail.com 2 O Jornal O Teimoso relata uma passeata realizada pelo Cordão Carnavalesco As Teimosas pelas ruas de Bagé. (O Teimoso, 22/01/1928).


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